Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / CCHLA / DECOM

2017.2
COM 0206 HISTÓRIA E LEGISLAÇÃO DO JORNALISMO PROFESSORA: Socorro Veloso

Aluno: Henrique Alberto Mendes

Leitura e Análise de Conteúdo Agência Saiba Mais


Reportagem
Os procedimentos tradicionais do jornalismo são notadamente utilizados na produção
das reportagens, como o lide presente em todos os textos noticiosos analisados, o título
sucinto e apelativo à leitura, com verbos no presente, denotando a preocupação com a
atualidade, já que a agencia publica diariamente.
A matéria MPF NÃO VÊ DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA E ARQUIVA PROCESSO
CONTRA ESCOLA DA UFRN, assinada por Rafael Duarte na sexta (29), traz todas as
características da produção noticiosa convencional, sem, no entanto, deixar de se
aprofundar por meio de entrevistas com o máximo de fontes envolvidas possível, diante
do tema extremamente importante: o projeto Escola Sem Partido, do deputado Rogério
Marinho, sendo colocado em prática contra professores do Núcleo de Educação Infantil
da UFRN. A discussão se insere exatamente no eixo temático em que foi encaixada,
“Democracia”, em risco.
As reportagens e entrevistas, estruturadas sobre os eixos temáticos “Democracia”
“Cidadania” “Transparência” e “Cultura”, vêm tocando em pontos cabais que
permeiam o debate (e o interesse) público na atualidade, como a contundente entrevista
do domingo (1), com o sociólogo Emanuel Evangelista sobre a desigualdade social, e
não a corrupção, ser o principal problema no Brasil.
Observando mais criticamente, talvez algumas entrevistas pudessem ser melhor
revisadas, eliminando algumas marcas de oralidade que possam atrapalhar a “limpeza”
do texto, como é o caso da entrevista com João Pedro Stédile do MST do dia 3 de
setembro, não que isso tenha prejudicado a compreensão dos relevantes temas
abordados ali.
Ainda na sessão “Cidadania”, destaco a cobertura feita pela Saiba Mais dos bizarros
desdobramentos do caso envolvendo o dono da Riachuelo e trabalhadores no interior do
estado. É louvável a acurácia com que os meninos têm conduzido a apuração dos fatos
que levaram ao processo instaurado contra Flávio Rocha com destaque para a entrevista
PGT VÊ MACHISMO EM ATAQUES DE FLÁVIO ROCHA, com o procurador geral do
trabalho Ronaldo Fleury, publicada no último dia 24.
Na sessão “Transparência” a agencia traz reportagens investigativas e jornalismo
baseado em dados, onde destaca-se a matéria OS POLÍTICOS, OS PARTIDOS, OS
INQUÉRITOS E AS INVESTIGAÇÕES, do dia 12, que traz infográficos muito claros
sobre os inquéritos respondidos pelos parlamentares potiguares no STF. Serviço público
da maior importância.
Destaque para a agradável identidade visual e as excelentes ilustrações dos perfis
entrevistados, feitas por Gabriel Novaes.
Opinião
A Saiba Mais proclama que é fomentada por parceiros colabores, dentre os quais estão o
professor e historiador Durval Muniz, a militante dos direitos humanos Laíssa Costa, e a
mulher trans Leilane Assunção, do movimento LGBT e do Ciclo de Debates
Antiproibicionistas da UFRN. Só a trajetória biográfica e o lugar de fala de cada um dos
colunistas já revelam a importância de se ter um espaço onde suas opiniões poderão ser
lidas.
A coluna de estreia de Leilane Assunção O DESAFIO DE ROMPER AS BARREIRAS
DA UNIVERSIDADE E FALAR PARA MUITOS sintetiza bem o que representa, na
minha opinião, a Saiba Mais: a difusão, pilar do jornalismo postulado por Otto Groth, é
tratada de maneira a levar ao público leitor, que está além da restrita comunidade
acadêmica, um ponto de vista progressista dos assuntos de interesse público.
Nas duas últimas quintas a colunista discutiu a dicotomia mais presente na opinião
pública atualmente, liberdade de expressão x liberdade de opressão. A historiadora traz
pontos de muita relevância sobre as polemicas envolvendo a exposição “Queermuseu” e
a chamada “cura gay”.
O renomado Durval Muniz escreve aos domingos e sua última coluna , TRABALHO:
DIREITO OU FAVOR?, foi mais uma aula de História, e das boas. Numa perspectiva
que considero extremamente importante, que é a do jornalismo especializado e
educativo, o professor lançou luz sobre as deturpações em torno do conceito de trabalho
na sociedade atual. Neste momento de onda reformista ladeada com a inércia da
população diante da retirada de direitos, ler e compartilhar o que explicou Muniz na
Saiba Mais é necessário, é urgente.
Em se tratando de um dos maiores acadêmicos do estado, o texto de Muniz pode
parecer denso à primeira vista, mas na verdade ele tem uma escrita bastante alegórica e
acessível, sendo o caso de, talvez, a edição estabelecer uma paragrafação que dite um
ritmo mais suave para a leitura dos textos.
Já a coluna de Laíssa Costa adota um tom mais intimista, de se dirigir direto ao público,
“eu” para “você”, não deixando de trazer discussões também muito densas como na
coluna IMORALIDADE, da última terça-feira (3) em que ela aborda de maneira sagaz
uma série de problemas éticos que permeiam as nossas relações sociais e políticas
atuais.
O poeta Adriano de Sousa nos deixou, na segunda (2), com uma reflexão breve e
contundente acerca da religiosidade, indispensável para o feriado no texto sobre os
MÁRTIRES.
Linha Editorial
Além dos gabaritados colunistas que colaboram com a Saiba Mais, o projeto é tocado
por Iano Flávio, Osmany Lima, Rafael Duarte e Vlademir Alexandre, todos
profissionais da área da comunicação.
Na sessão “ Quem Somos” do site, os criadores do coletivo em torno do qual se
estrutura a agência assinalam que são independentes e sem fins lucrativos, tendo como
missão dar voz as “narrativas silenciadas”, em prol da defesa da livre informação, dos
direitos humanos e do interesse público.
Pelo já exposto, acredito que não só o conteúdo é fiel ao que se propõem os
idealizadores da Saiba Mais, como também acredito, do ponto de vista de quem ainda
está conhecendo a realidade do RN, que é de suma importância a afirmação de um
veículo com um viés ideológico alternativo ao da grande imprensa comercial local.

Você também pode gostar