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Manual - Psicologia Do Idoso
Manual - Psicologia Do Idoso
perturbação confusonal
XI. Sexualidade nos Idosos
XII. Análise da transição em que vivem
XIII. Relações laborais
XIV. Bem - Estar
XV. Relações sociais: relações interpessoais e redes de apoio
XVI. Uma vida saudável
Geriatria: é uma palavra com o mesmo prefixo, mas com o sufixo iatria,
apontando para o sentido de médico ou tratamento. Em consequência, a
geriatria dedica-se ao tratamento das perturbações da velhice (Brink, 1983).
Velhice: apresenta-se como ciclo de vida e enquanto período sujeito a
situações particulares de crise ou doença. Em termos cronológicos, podemos
situar o seu início a partir dos 65 anos de idade (65-74: jovens velhos ou
terceira idade; 75 e mais: velhos-velhos ou quarta idade).
Celeste Malpique
DEFINIÇÃO DE DESENVOLVIMENTO
Factores de Resiliência
– São factores protectores ou moderadores, de âmbito ambiental e
pessoal, que amortecem o impacto do stress e reduzem a possibilidade de vir a
adoecer. Assim, determinam quando é que um dado nível de vulnerabilidade
pode transformar-se em sintoma (Liberman (1993). Os factores que diminuem
a vulnerabilidade ou que tornam as pessoas resilientes, não são
necessariamente os opostos dos que contribuem para a vulnerabilidade. Para
desenvolver resiliência, o indivíduo deve ter:
A experiência de respostas emocionais estáveis, seguras, de
sucesso e realização;
A própria forma como os pais lidam com o stress, influencia a
maneira da criança responder aos desafios;
A qualidade do desempenho parental e a relação conjugal
também influenciam.
Nesta idade, a criança vai aprender o que é ter ou não confiança. Esta
confiança está muito relacionada com a interacção do bebé com a mãe.
Embora esta idade corresponda à fase oral freudiana, ultrapassa-a. A criança,
neste período, aprende a ter ou a não ter confiança, partindo da relação com a
mãe.
«As mães criam nos filhos um sentimento de confiança através daquele
tipo de tratamento que na sua qualidade combina o cuidado sensível das
necessidades individuais da criança e um firme sentimento de fidedignidade
pessoal dentro do arcaboiço do estilo de vida da sua cultura. Isso cria na
criança a base para um sentimento de identidade que mais tarde combinará um
sentimento de ser «aceitável», de ser ela mesma, e de se converter no que os
demais confiam que chegará a ser».
Erikson, 1976
GENERATIVIDADE VERSUS
ESTAGNAÇÃO
(30 – 60 e tal anos)
ENVELHECIMENTO PSICOLÓGICO
Por esse mesmo motivo, aquilo que parece importante é que seja a
vida a ganhar anos e não os anos a ganharem a vida.
Estudos actuais (Rodriguez et al, 1996) revelam que uma grande parte
de idosos continua a sentir-se bem, continua percepcionando a vida como
agradável e como capazes de fazer frente de forma adequada às exigências do
meio. Também se verifica que um dos problemas principais referidos é o
sentimento de tristeza e depressão, especialmente nas mulheres.
CARACTERÍSTICAS DO ENVELHECIMENTO
Memória primária
Refere-se aos momentos, nos quais o sentido, o percebido e o
experimentado estão todavia no foco da atenção consciente. Não existe
deterioração com a idade, mas se ocorrem interferências ou se é exigido uma
reorganização do material a recordar pioram os resultados.
Memória secundária
Intervêm no momento, no qual se processou a informação e se pode
recuperar. Requer um processamento mais profundo. Na velhice torna-se
sobretudo mais difícil recordar quando se pede uma recordação livre ou
quando a complexidade do material aumenta.
Memória sensorial
Este tipo de memória é designado como um armazém de memória a
muito curto prazo que recolhe informação a um nível pré-perceptual, sensorial:
visual, auditivo. Nos jovens o tempo de duração da memória é maior.
Metamemória
Designa a forma como cada pessoa percebe a sua memória. Nos idosos
ocorre o fenómeno de retroalimentação ou feedback e auto-justificação das
dificuldades na execução.
«Tenho má memória porque já sou velho, é normal».
PROBLEMAS DE MEMÒRIA
Atribuição à idade
Execução pior
APRENDIZAGEM
Motivação;
Tendência a reaprender;
Associação, repetição e reforço;
Transferência.
Funcionamento Intelectual
RESUMINDO:
Mantém-se
A compreensão
A capacidade de juízo
O vocabulário
Os conhecimentos gerais
Diminui
A memória
A atenção
A concentração
A rapidez de reacção
A assimilação
CRIATIVIDADE
LINGUAGEM
Algumas características:
Tendência a usar frases mais longas e mais complexas;
Erro semântico», tendência a circunlóquios, alteração de tema,
recordam o que disseram, mas custa recordar «quem», disse o
«quê» e a «quem»;
Diminuição da discriminação e compreensão da linguagem falada
Diminui a capacidade de nominalizacão.
CARACTERÍSTICAS PSICOMOTORAS
PERSONALIDADE
A selecção significa:
O processo de especialização que se realiza nas diferentes áreas de
funcionamento do indivíduo e que permite desenvolver-se ao longo da vida.
Implica restrição, mas também significa adaptação.
A optimização implica:
O indivíduo move-se na direcção de procurar um funcionamento melhor
possível num número concreto de áreas de vida. Exemplo: quando ocorre a
deterioração de algumas capacidades cognitivas, emerge um grande nível de
plasticidade no indivíduo para melhorar as capacidades.
Rigidez Caracterial
PERDAS E LUTO
Luto normal
Fases
1ª Fase
Duração de várias semanas e inicia-se após a morte do ente querido.
Abalo e cepticismo;
Mostra-se ausente e confuso;
Relações frias e distantes;
Instaura-se uma barreira contra a dor;
Estado possível de dor aguda:
- Moléstias orgânicas de tipo nervoso;
- Sensação de rigidez, vazio estomacal, cansaço muscular;
- Sensação constante de mal-estar e tensão;
- Sentimento de culpabilidade;
- Eventual hostilidade face a familiares e amigos;
- Inquietude e dispersão nas tarefas.
2ª Fase
3ª Fase
A não-aceitação da perda;
Reprovação face ao exterior e/ou a si próprio;
Referência demasiada ao objecto perdido;
A dor mantém-se durante anos;
A resposta emocional atrasa-se durante meses ou anos;
Eventuais perturbações psicossomáticas;
Mudanças bruscas entre calma e irritabilidade;
Desorganização;
Finalmente, estado de depressão agitada;
Insónia, auto-desvalorização, auto-recriminações, auto punição;
Sintomas hipocondríacos e/ou fóbicos;
Enjoos e cefaleias;
Sintomas de identificação com a doença do falecido;
Incapacidade de recompor-se e necessidade de ajuda
terapêutica.
DEPENDÊNCIA
A maior parte dos cuidados prestados aos mais idosos são assumidos
pelos familiares mais chegados. Deste modo, estes realizam o apoio informal e
a protecção social.
Definição de dependência:
1. Dependência económica:
Quando se deixa de ser um membro activo economicamente e laboralmente e
torna-se alguém inactivo e dependente economicamente.
2. Dependência física:
Perda do controlo das suas funções corporais e da interacção com os
elementos físicos do ambiente.
3. Dependência social:
Associada à perda de pessoas e relações significativas para o indivíduo.
4. Dependência mental:
Quando o indivíduo perde a sua capacidade para resolver os seus
problemas e tomar decisões.
PERTURBAÇÕES NA VELHICE
DEMÊNCIA DE ALZHEIMER
Tendência familiar;
DEMÊNCIA VASCULAR
As semelhanças…
As diferenças…
DEMÊNCIA DE ALZHEIMER
Alterações cognitivas mais pronunciadas (nos seguintes níveis: maior
dificuldade no entendimento ou transmissão de ideias através da linguagem
(leitura ou escrita); menor capacidade para desenvolver actividades motoras,
maior incapacidade para reconhecer ou identificar objectos; maior dificuldade
na execução de funções de planeamento, organização e de abstracção).
Menor consciência da doença.
DEMÊNCIA VASCULAR
Alterações cognitivas menos pronunciadas, isto é, seguem um curso
flutuante (com períodos de exacerbação e períodos de estacionamento) e a
deterioração é escalonada. Por exemplo, a memória pode estar profundamente
afectada enquanto que o pensamento, a capacidade de argumentação e de
processamento da informação, podem estar minimamente diminuídas.
Presença de características não cognitivas:
- Disfunção urinária
- Perturbações da marcha (dificuldades a andar)
- Sintomas parkinsónicos (face sem expressão e rigidez dos membros)
FASE I
FASE II
FASE III
Ansiedade
Dor crónica
Delirium
Demência
Depressão
Disfunções sexuais
Perturbações do Sono
Abuso de Substâncias
PERTURBAÇÃO CONFUSONAL
PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE
DEMÊNCIA
Causas da Demência:
Conhecida.
Exemplo. Traumatismo craniano; infecções do sistema nervoso – encefalite,
meningite; Doenças vasculares Cerebrais; Doenças endócrinas – hipo e
hipertiroidiso; Intoxicação – álcool, etc
SINTOMAS SOMÁTICOS
Anergia; Obstipação; Insónias iniciais e terminais; Diminuição da libido;
Variação diurna do humor.
Desencadeantes Sócio-pessoais
- Luto
- Dano Material
- Doença familiar
- Reforma
Factores Predisponentes
- Idade
- Personalidade
- Maior vulnerabilidade biológica
- Possibilidade de outras patologias associadas
- Patoplastia própria da idade
Em resumo…
DEPRESSÃO
Começo: preciso
Conduta: triste, inibido ou agitado
Orientação: orientado ou diz «não sei»
Memória. Falhas, diz «não sei»
Pensamento: lento, culpa, ruína, doença
Crítica. Consciência da doença
Somática: anorexia, cefaleias, insónia
Disfasia: ausentes
Dispraxia: ausentes
DEMÊNCIA
Começo: impreciso
Conduta: indiferente
Orientação: desorientado
Memória. Memória recente alterada
Pensamento: pobre, confabulações
Crítica: justifica, minimiza falhas
Somática: sem sintomas somáticos
Disfasia: presentes
Dispraxia: presentes
FASES DA DEMÊNCIA
1ª Fase inicial
2ª Fase
3ª Fase:
Algumas conclusões:
1 - «O sexo não é importante nos idosos. Não se deve mostrar interesse»
2 - «As pessoas de idade não são sexualmente desejáveis».
3 - «Os idosos não têm desejo sexual».
4 - «Os idosos não são sexualmente capazes».
Adaptação à velhice
Segundo Hurlock a actividade, as lembranças positivas, a liberdade
sobre os estilos de vida, as atitudes realistas sobre as mudanças físicas e
psíquicas, a aceitação de si próprio, a participação continuada em actividades
gratificantes, a sua aceitação por parte da sociedade, a saúde e condições
socio-económicas suficientes, a falta de preocupações e o contacto com gente
de outras idades são factores que favorecem o bem-estar e a satisfação na
velhice.
Três componentes:
Satisfação;
Experiência frequente de estados emocionais positivos;
Ausência de depressão e outros estados negativos.
Relações familiares
As relações familiares têm um papel primordial no sentimento de bem-
estar psicológico. Nos idosos dá-se um processo de reestruturação familiar
motivado pela saída dos filhos, a incorporação de novos membros ou perdas.
Torna-se necessário repensar os valores tradicionais da família, sendo
esta uma medida importante para minimizar um grande número de
preocupações com que nos debatemos colectivamente. Para Grande (1994),
«a transmissão intergeracional dos saberes e dos comportamentos foi o
processo que permitiu à humanidade chegar aos nossos dias com o modelo de
organização que lhe conhecemos».
RELAÇÕES LABORAIS
«(…) depois, o meu filho vendeu a quinta e olhe… eu agora ando por aí aos paus. Quer
dizer, aos paus não, mas aborreço-me, sinto-me fechada porque não é hábito. (…) É por isso
que não estou à vontade, não tenho liberdade».
(Srª Joana, 78 anos, não institucionalizada)
«Tinha ali um quintal, ia à janela e gostava de ver aquilo tudo bem arranjado. Comecei
a amanhar aquilo e tinha lá, o ano passado, um bocado de tomate que era uma coisa linda».
(Sr. André, 84 anos, institucionalizado)
«A Dra. A. disse-me: - A Sra. Dulcina enquanto puder fazer a sua cama fá-la – pois
muito bem! Até é conveniente a gente ir fazendo alguma coisa, agora quando não puder de
todo… de maneira que eu sempre fiz a minha cama. Agora eu passo muito mal à noite e de
manhã, quando me levanto, tenho muita dor e elas querem logo de manhã pôr tudo em ordem,
fazer as camas, e eu disse: - eu não me importo de fazer a cama mas têm de me dar tempo
para isso – elas fazem uma cama num segundo e às vezes não ficava à minha vontade e até
parece que me magoava».
(Srª Dulcina, 85 anos, institucionalizada)
Objectivos
Tomar consciência das mudanças. Consequência.
Oferecer e destacar os aspectos positivos da reforma.
Sensibilizar para hábitos e estilos de vida saudáveis.
Adquirir e melhorar capacidades e destrezas de relação, de planificação
e de resolução de problemas.
Informar sobre aspectos de interesse particular e geral.
BEM-ESTAR
É necessário a criação de condições para manter os idosos em
actividade, mesmo sendo reformados. Natário (1992), refere que «o
envelhecimento da população é uma aspiração natural de qualquer sociedade
e, depois de esta continuamente desenvolver esforços no sentido de prolongar
a vida humana, então oferecer as condições adequadas aos idosos para viver
com bem-estar, é um importante desafio que se coloca a toda a sociedade».
Objectivos
Recreativa
Exemplos: Conferências, cursos.
Ergoterapia
Exemplos: Costura, carpintaria – prática de um trabalho ou ofício.
Apoio emocional
Sentimentos de ser amado.
Sentimentos de pertinência.
Sentimentos de intimidade.
Sentimento de poder confiar em alguém.
Importante para manter a saúde e bem-estar.
A perda de apoio emocional tem um efeito negativo na saúde.
O apoio emocional aumenta a auto-estima, porque a pessoa se sente
valorizada e aceite pelos demais.
Previne todos os problemas que implica a falta de auto-estima.
O ter-se que compartilhar as situações stressantes faz com que estas
sejam relativizadas, o qual reduz a ameaça percebida dos eventos vitais
stressantes.
Apoio instrumental
Ajuda directa a algum serviço (ajudas domésticas, dar objectos,
solucionar problemas…).
Relaciona-se com o bem-estar porque diminui a sobrecarga de alguma
tarefa…
É muito efectivo quando o que recebe ajuda a entende como adequada,
mas não deve o receptor sentir ameaçada a sua liberdade ou sentir-se em
dúvida.
Apoio informacional
Processo de busca de informação, conselho, guia… que ajuda as
pessoas a resolver os seus problemas.
É difícil, por vezes, separa-lo do apoio emocional, pois o conselho pode
ser percebido como expressão de carinho, preocupação pelos demais, etc.
Efeitos secundários:
1. Promove sentimentos psicológicos de pertencia a uma
comunidade.
2. Proporciona sentido se identidade pessoal e reduz a ambiguidade
sobre o mundo e proporciona bases para realizar selecções na vida.
3. Solidariedade grupal.
4. Treina estratégias de confrontamento com os problemas diários.
5. Proporciona uma rede de relações.
Comida: Evite que se distraia. Escolha algo que se possa comer facilmente
com colher, a mão (fruta).