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I.

Conceitos relacionados com a Psicologia do Idoso


II. Noção de Desenvolvimento
III. Os oito ciclos de vida de Erikson
IV. Envelhecimento Psicológico
V. Características do envelhecimento: mudanças biológicas,

cognitivas, psicomotoras e na personalidade


VI. Mitos relacionados com a velhice
VII. O envelhecimento bem sucedido
VIII. Perdas: o luto normal vs patológico
IX. A Dependência
X. Problemas das Pessoas Idosas: doença de Alzheimer, demência

vascular, depressão, ansiedade, esquecimentos não patológicos e

perturbação confusonal
XI. Sexualidade nos Idosos
XII. Análise da transição em que vivem
XIII. Relações laborais
XIV. Bem - Estar
XV. Relações sociais: relações interpessoais e redes de apoio
XVI. Uma vida saudável

DEFINIÇÃO DE ALGUNS CONCEITOS

Gerontologia: O sufixo ologia diz respeito ao estudo de alguma coisa.


O prefixo ger refere-se à velhice.
Portanto, a gerontologia dedica-se ao estudo da velhice.

Geriatria: é uma palavra com o mesmo prefixo, mas com o sufixo iatria,
apontando para o sentido de médico ou tratamento. Em consequência, a
geriatria dedica-se ao tratamento das perturbações da velhice (Brink, 1983).
Velhice: apresenta-se como ciclo de vida e enquanto período sujeito a
situações particulares de crise ou doença. Em termos cronológicos, podemos
situar o seu início a partir dos 65 anos de idade (65-74: jovens velhos ou
terceira idade; 75 e mais: velhos-velhos ou quarta idade).

O interesse e preocupação da gerontologia com os problemas


associados à velhice, tem vindo a intensificar-se ao longo dos tempos, em
parte devido ao aumento dos idosos. No início deste século, apenas 5% da
população europeia tinha uma idade superior 65 anos. Hoje este número
atinge os 15%, um terço dos quais tem mais de 75 anos de idade e
espera-se que esta proporção continue (Gelder, Gath, Mayou & Cohen,
1996).
De notar, que a alteração na estrutura da população não se deve
unicamente ao aumento da longevidade, mas também ao facto de se
registarem menos óbitos entre jovens e adultos de meia-idade.

Envelhecimento: refere-se ao processo de declínio das capacidades e


funções, que ocorre nos últimos anos de idade (Pitt, 1986) e que conduz à
diminuição da capacidade de adaptação e resposta aos factores de stress
internos e externos (hall e tal, 1997). Algumas das perdas inerentes à terceira
idade, podem-se transformar em crises susceptíveis de acompanhamento
clínico. Estas situações relacionam-se frequentemente com a alteração do
status, diminuição do rendimento, situações de dependência, perda de cônjuge
e amigos, (des)ajustamento à doença, diminuição da saúde, angústia perante a
morte…
Assim, as perdas, cada vez mais marcadas e constantes, passam a
adquirir um peso especial na modelação da qualidade de vida, à medida que
diminui a confiança em si e auto-estima. Especialmente nas sociedades
ocidentais, o idoso deixa de ter um papel definido, levando ao aumento dos
sentimentos de inutilidade, desenraizamento e da prevalência de sintomas
depressivos. Mesmo os corpos mais bem cuidados começam a enfraquecer,
tornando-se cada vez mais difícil manter o controlo e a força.

As pessoas modificam com a idade e esta passagem do tempo


sobre as coisas e sobre as pessoas denomina-se como envelhecimento.
A evolução do tempo não é igual para todos, nem afecta de forma
igual em todas as nossas capacidades. Deste modo, o envelhecimento é
um processo diferencial.

«Em cada ano que avança no crescimento (…) Há perdas, há lutos a


fazer, mas há novos investimentos que são igualmente fonte de prazer e
reforço da Identidade.
Não sejamos demasiado nostálgicos… para não favorecermos
regressões, mas não sejamos demasiado apressados para que não fiquem
lacunas por preencher».

Celeste Malpique

Questões para uma reflexão…

1. Qual será a definição de desenvolvimento?


2. O que é crescer?
3. Apenas existem situações boas na vida? Ou também há más?
Conclusões:

1. O desenvolvimento é definido como uma progressiva e contínua


mudança no organismo desde o nascimento até à morte;
2. Desenvolvimento é crescimento;
3. Desenvolvimento implica modificações na forma e integração de partes
do corpo em órgãos funcionais;
4. Desenvolvimento é maturação ou o aparecimento de padrões
fundamentais, não aprendidos, do comportamento.

A própria noção de desenvolvimento traz em si a noção de mudança,


de transformação, de globalidade!!!

DEFINIÇÃO DE DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento refere-se ao processo de construção de um


organismo como sistema de acção, através da estruturação vs diferenciação
psicológica e comportamental (Thines & Lempereur, 1984). Existe, pois, uma
estrutura de personalidade, que se transforma ao longo do tempo de modo
progressivo, diferencial e globalizante, o que implica que se encontre uma
divisão desse contínuo em parcelas menores e mais específicas (Tavares &
Alçarão, 1990).
As questões de psicopatologia do desenvolvimento infantil relacionam-se
frequentemente com desfasamentos entre as estruturas pessoais e a ordem
temporal.
As concepções da psicopatologia do desenvolvimento e suas aplicações
à infância e ciclos de vida posteriores, são particularmente relevantes.
Sabemos que existe uma variação individual na capacidade de permanecer
saudável face aos factores de stress. Alguns indivíduos desenvolvem
perturbações psicológicas, em resultado da exposição a situações pouco
stressantes, enquanto outros permanecem bem, apesar de se sujeitarem a
situações graves e intensas (Goldberg & Huxley, 1996).
O desencadear, o curso e a remissão de sintomas depende de uma
complexa teia de relações, estabelecidas a nível biopsicossocial (Cohen-Cole &
Levinson, 1994). Perez & Farrant (cit in Goldberg & Huxley, 1996) identificam
três sistemas relacionados: sistema nervoso central, neuroendócrino e
imunitário, responsáveis pela adaptação do indivíduo ao meio. A regulação
deste equilíbrio depende do diálogo entre os diferentes níveis, sendo
influenciado pelas reacções emocionais de stress e ambiente social.
Liberman (1993) apresenta o modelo do stress-vulnerabilidade-
confronto-competência, explicam-se as questões relativas à saúde e doença,
em função de uma interacção entre factores de vulnerabilidade
(psicobiológicos), stressores socioambientais, protectores e facilitadores, que
actuam sobre o indivíduo e o meio.
Factores de Risco
- As vulnerabilidades referem-se a alterações duradouras, presentes
antes, durante e depois dos episódios de doença. Os stressores são
acontecimentos transitórios, que exigem adaptações por parte do indivíduo e
que põem em causa as suas capacidades de resolver problemas Liberman
(1993). Na população em geral, vários factores de risco podem ser
identificados:
 Nível fisiológico (genético e reactividade emocional);
 Personalidade (pouca força emocional, baixa auto-estima);
 Familiar (perda dos pais, falta de cuidados parentais, abuso
infantil);
 Relacionamento social (discórdia conjugal, pouco apoio social);
 Adversidade social

Factores de Resiliência
– São factores protectores ou moderadores, de âmbito ambiental e
pessoal, que amortecem o impacto do stress e reduzem a possibilidade de vir a
adoecer. Assim, determinam quando é que um dado nível de vulnerabilidade
pode transformar-se em sintoma (Liberman (1993). Os factores que diminuem
a vulnerabilidade ou que tornam as pessoas resilientes, não são
necessariamente os opostos dos que contribuem para a vulnerabilidade. Para
desenvolver resiliência, o indivíduo deve ter:
 A experiência de respostas emocionais estáveis, seguras, de
sucesso e realização;
 A própria forma como os pais lidam com o stress, influencia a
maneira da criança responder aos desafios;
 A qualidade do desempenho parental e a relação conjugal
também influenciam.

Existe uma relação entre crenças sobre saúde e os próprios


comportamentos de saúde. Assim, crenças e atitudes erradas, relativamente à
saúde, podem transformar-se, num risco acrescido de adoecer.

Segundo a concepção desenvolvimentalista de Erik & Erikson (1997), a


terceira idade caracteriza-se pelo aparecimento de dois grupos de tendências
opostas integridade vs desespero e sabedoria vs desgosto.

ERIKSON E AS OITO IDADES DO CICLO DE


VIDA

Para Erik Erikson, existe um plano potencial de desenvolvimento


definido segundo uma sequência de oito idades do ciclo de vida, atravessadas
por crises psicossociais.

O termo crise não é perspectivado com carácter dramático, mas…


«(…) para designar um ponto decisivo e necessário, um momento crucial,
quando o desenvolvimento tem de optar por uma ou outra direcção, escolhe
este ou aquele rumo, mobilizando recursos de crescimento, recuperação e
nova diferenciação» (Erikson, E. H., Identidade, juventude e crise, 1976).

CONFIANÇA VERSUS DESCONFIANÇA


(0 – 18 meses)

Nesta idade, a criança vai aprender o que é ter ou não confiança. Esta
confiança está muito relacionada com a interacção do bebé com a mãe.
Embora esta idade corresponda à fase oral freudiana, ultrapassa-a. A criança,
neste período, aprende a ter ou a não ter confiança, partindo da relação com a
mãe.
«As mães criam nos filhos um sentimento de confiança através daquele
tipo de tratamento que na sua qualidade combina o cuidado sensível das
necessidades individuais da criança e um firme sentimento de fidedignidade
pessoal dentro do arcaboiço do estilo de vida da sua cultura. Isso cria na
criança a base para um sentimento de identidade que mais tarde combinará um
sentimento de ser «aceitável», de ser ela mesma, e de se converter no que os
demais confiam que chegará a ser».
Erikson, 1976

AUTONOMIA VERSUS DÚVIDA E


VERGONHA
(18 meses - 3anos)
Este período é dominado pela contradição entre a autonomia e o
exercício de uma vontade própria, e o seu versus negativo, constituído pela
dúvida e vergonha de quem se pode «expor» demasiado quando ainda se é
tão dependente. A criança precisa de poder experimentar e de se sentir
protegida no processo de autonomização.
A problemática desta idade corresponde à fase anal freudiana.
As virtudes básicas que resultam desta crise são a força de vontade e o
auto-controlo.

INICIATIVA VERSUS CULPA


(3 – 6 ANOS)

Retoma-se a problemática da fase anterior de forma mais amadurecida.


Esta idade relaciona-se com a fase fálica da psicanálise, pois as
crianças estão interessadas pelas diferenças sexuais e têm um ego que se
relaciona com os outros de forma muito intrusiva.
A culpa é descrita como interiorizada.

«O perigo dessa etapa é um sentimento de culpa relacionado com os


objectivos visados e os actos iniciados no próprio gozo exuberante do novo
poder locomotor e mental (…)».

«Mostra-se mais ela mesma, mais terna, desimpedida e mais arguta no


seu raciocínio, mais estimulada e estimulante. Está em plena posse de um
excelente de energia que lhes permite esquecer rapidamente os fracassos e
avizinhar-se do que parece desejável (ainda que também pareça incerto e até
perigoso) com um endereço invariável e mais preciso. A iniciativa soma à
autonomia a capacidade de empreender, de planear e de «atacar» uma tarefa
pelo gosto de ser activo e de estar em movimento».
INDÚSTRIA VERSUS INFERIORIDADE
(6 – 12 anos)

Erikson utiliza a palavra indústria no sentido de produtividade, de


desenvolvimento, de competência. Nesta fase fazem-se várias importantes
aprendizagens sociais.
É uma fase de grande actividade que a diferencia da latência descrita
por Freud.
A escola tem por função ensinar o «padrão de acção da sua sociedade».
O versus negativo é o sentimento de inferioridade e de inadequação que
lhe advém de não se sentir segura nas suas capacidades ou de não se sentir
reconhecida nem segura no seu papel no grupo social a que pertence.
As virtudes básicas que resultam desta crise são a capacidade e o
método.

IDENTIDADE VERSUS DIFUSÃO/


CONFUSÃO
(12 – 18/20 anos)

É a idade onde, na vertente positiva, o adolescente vai adquirir uma


identidade pessoal e psicossocial, isto é, entende a sua singularidade, o seu
papel no mundo.
As fases anteriores deixam marcas que influenciarão a forma como se
vivência esta crise. O adolescente vai perceber-se numa perspectiva histórica.
O versus negativo refere os aspectos de confusão de quem ainda não se
encontrou a si próprio, não sabe o que quer e tem dificuldade em fazer opções.
As virtudes básicas que resultam desta crise são a fidelidade e a devoção.

INTIMIDADE VERSUS ISOLAMENTO


(18/20 – 30 e tal anos)

É a idade de jovem adulto que, com uma identidade assumida, poderá


criar relação de intimidade com o(s) outro(s).

«Assim, o adulto jovem, que emerge da busca e persistência numa


identidade, anseia e dispõe-se a fundir a sua identidade com a de outros. Está
preparado para a intimidade, isto é, a capacidade de se confiar a filiações e
associações concretas e de desenvolver a força ética necessária para ser fiel a
essas ligações, mesmo que elas imponham sacrifícios e compromissos
significativos».

A vertente negativa é o isolamento de quem não consegue partilhar


afectos com intimidade nas relações privilegiadas.
As virtudes básicas desta crise são o amor e a filiação.

GENERATIVIDADE VERSUS
ESTAGNAÇÃO
(30 – 60 e tal anos)

A generatividade é a fase de afirmação pessoal e de desenvolvimento


das potencialidades do ego, nomeadamente no mundo do trabalho e de
interesse pelos outros.
A pessoa sente-se madura para transmitir mensagens às gerações
seguintes. Ter filhos é, frequentemente, um desejo que se insere nesta relação
com o mundo.
A vertente positiva é o sentimento de que se tem coisas interessantes a
passar às gerações vindouras. A vertente negativa é a centração nos seus
interesses próprios e superficiais, a estagnação.
As virtudes básicas que resultam desta crise são o cuidado e a
produção.

INTEGRIDADE VERSUS DESEPERO


(depois dos 65 anos)

Quando se considera positivo o que se viveu e se compreende a nossa


existência ao longo das várias idades, faz-se «… a integração cumulativa do
ego». «Embora ciente da relatividade dos diversos estilos de vida que deram
significado ao esforço humano, o possuidor de integridade está preparado para
defender a dignidade do seu próprio estilo de vida contra todas as ameaças
físicas e económicas.
O desespero é a vertente negativa que advém quando se renega a vida,
mas se sabe que já não se pode recomeçar uma nova existência.
As virtudes básicas que resultam desta crise são a sabedoria e a
renúncia.
FACTORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO

A velocidade do envelhecimento depende da variabilidade destes


acontecimentos externos, bem como da resiliência e de factores reparadores.
Neste processo, alguns idosos desenvolvem ciclos de vida negativa, levando-
os a adoptar um papel doente e dependente, enquanto outros apresentam
ciclos positivos.

Ciclos negativos são constituídos por: diminuição das capacidades


físicas, mentais ou sociais  rótulo de incapacidade pelas instituições de
prestação de cuidados  desenvolvimento do papel de doente ou dependente
e negligência de capacidades  auto-reconhecimento da doença ou
incapacidade.

O ciclo positivo implica: manutenção de uma vida confortável 


segurança emocional e suporte  manutenção dos papéis sociais (definido
como «capaz»)  manutenção das possibilidades de desenvolvimento (Hall et
al., 1997).

Apesar de um número significativo de idosos gozar de saúde física e


mental, bem como de relativa independência, mesmo em idades avançadas,
verificamos declínios nalgumas áreas.
Entre os acontecimentos que mais afectam a qualidade de vida,
destaca-se a deterioração física e mental, a reforma e as perdas (Fallowfield,
1993).
Em termos mais específicos, podem-se identificar os seguintes factores
de risco e resiliência:
Factor de risco – ao nível da saúde física é comum o aumento da
existência das doenças crónicas-degenerativas, da comorbilidade, das
perturbações sensoriais e da intensificação dos efeitos secundários da
medicação.
Em termos psicológicos, deve-se ter em atenção o funcionamento
cognitivo, frequentemente prejudicado pela presença de doenças físicas. A
capacidade da memória de trabalho está diminuída, apesar de se conservar a
evocação para acontecimentos pessoais significativos e a psicomotricidade
apresenta tendência à lentificação. Na psicopatologia, o risco relativo em
adoecer com perturbação demencial, está aumentando. No que se refere às
circunstâncias sociais, destaca-se o facto de alguns idosos terem laços
familiares pobres ou inexistentes e apresentarem redes de suporte social
deficitárias. A situação financeira é muitas vezes precária e acompanhada pela
deterioração das condições habitacionais, de comodidade e qualidade de vida.

Factores de resiliência: as necessidades básicas e vulnerabilidade dos


idosos nãos são substancialmente diferentes das da população em geral.
Contudo, podem-se identificar factores protectores da saúde física como, a
nutrição, abrigo, conforto e asseio.
Em termos psicossociais a resiliência pode estar relacionada com o
credo religioso e frequência com que o idoso vai à igreja; a possibilidade de
exercer uma actividade laboral, voluntária e/ou recreativa, ajustada às suas
capacidades; adequação dos programas de reabilitação, no sentido de
compensarem perdas específicas e protegerem contra o aparecimento de
comorbilidade; oportunidades de socialização e disponibilidade de redes de
suporte social; oferta de informação adequada às necessidades terceira idade;
programas de educação em diversas áreas (saúde, cultura, tempos livres,
actividades domésticas); políticas de segurança social, de acordo com as
necessidades económicas e de saúde desta população.

Ao idoso falta, não apenas o espaço, mas o lugar no imaginário e na


simbolização cultural. Através de uma intervenção social, cívica e ética, mais
madura, torna-se urgente re-dimensionar o papel e a função daquele que deve
ser considerado pai por duas vezes – o idoso.

Devemos reconhecer que qualquer actividade humana implica uma


ponderação em termos de custo-benefício. Se parece correcto que o caminho
deve ser o da prevenção da doença, da promoção e da educação para a
saúde, também sabemos que grande parte das actividades em que estamos
envolvidos diariamente, envolvem riscos potenciais (alimentação, condução,
trabalho, lazer).

ENVELHECIMENTO PSICOLÓGICO

O envelhecimento psicológico denomina-se como o efeito e a acção da


passagem do tempo sobre as distintas funções psicológicas. A forma como
percebemos a realidade e a entendemos, a forma como a sentimos e
valorizamos esta relação com os demais e a maneiras como nos comportamos
na mesma. A personalidade, as funções cognitivas, a capacidade
sensoperceptiva e a psicomotricidade, a capacidade de aprendizagem, a
criatividade, a comunicação, a interacção social e a psicoafectividade serão
algumas das componentes principais do ser humano em qualquer momento do
ciclo vital.
Todos morremos um dia, devido a alguma coisa e, como
consequência, o número total de mortes não se pode alterar – uma por
pessoa.

Por esse mesmo motivo, aquilo que parece importante é que seja a
vida a ganhar anos e não os anos a ganharem a vida.

A visão da psicologia do envelhecimento inicialmente…

A psicologia do envelhecimento, inicialmente era definida como a


psicologia da deterioração. O modelo da deterioração das capacidades físicas
e psicológicas. Tudo se via como uma decadência final, apenas nos
centrávamos nas perdas desta etapa final.

Alguns autores falam de uma psicologia pre-depressiva, na qual se


encontravam inúmeras semelhanças entre os idosos e os deprimidos. Ambos
tinham padrões semelhantes de confrontação com a morte. A depressão é a
perturbação mais frequente nos idosos.
A Tríade cognitiva de Beck – visão negativa de nós mesmos, do mundo
e do futuro é o modelo que explica a depressão.

Estudos actuais (Rodriguez et al, 1996) revelam que uma grande parte
de idosos continua a sentir-se bem, continua percepcionando a vida como
agradável e como capazes de fazer frente de forma adequada às exigências do
meio. Também se verifica que um dos problemas principais referidos é o
sentimento de tristeza e depressão, especialmente nas mulheres.

As situações especialmente críticas para o bem-estar são:


 A percepção de que se está a envelhecer, isto é, as
mudanças negativas na auto-imagem e auto-estima;
 A sensação se isolamento social;
 As possíveis perdas e saudade;
 O sentimento de inutilidade e a confrontação com a morte.

CARACTERÍSTICAS DO ENVELHECIMENTO

Entre as mudanças biológicas convém destacar a diminuição das


capacidades sensoriais.
As modificações nas capacidades de visão, audição e tacto causam
dificuldades e modificação na percepção:
do mundo,
de si próprio
e dos outros,
bem como na interpretação da realidade e do comportamento.

Enquanto que as mudanças motoras, o aumento da fadiga, problemas


com as artroses a diminuição da capacidade motora causam uma diminuição
da autonomia funcional.
Relativamente às mudanças cerebrais, são de realçar a memória, a
aprendizagem, a cognição, são funções afectadas pelas alterações nas células
cerebrais.
Um cérebro de um idoso tem menos 10% de peso que a de um jovem
de 20 anos. Mas as mudanças não afectam todas as partes cerebrais de forma
igual, sendo o córtex mais afectado que o tronco cerebral pela perda de células
cerebrais. Parece que o papel hormonal dos neurotransmissores e outros
elementos fisiológicos são os responsáveis pelas modificações no decurso dos
anos (Cohen, 1991).
As mudanças principais são a redução volumétrica, o estreitamento das
circunvalações, a perda de neurónios corticais, a perda de arborização e
dendritos, o que supõe uma diminuição da sinapse com consequências na área
cognitiva.

As funções cognitivas são as funções e processos do indivíduo, nas


quais ele recebe, armazena e processa a informação relativa ao mesmo e aos
demais. Entre estas funções destacam-se a atenção, a percepção, a memória,
a orientação e o juízo.
Memória:
É a função cognitiva mais importante. Em relação
às mudanças globais nas funções intelectuais dos
idosos, a memória tem um papel cada vez mais
importante. É caracterizada como básica para a
resolução de problemas e para a adaptação ao meio.

Não obstante, é importante diferenciar vários tipos de memória, como


evoluem e como são afectados de maneira diferente pela idade. Tal implica
que não se fale em deterioração da memória.

Memória primária
Refere-se aos momentos, nos quais o sentido, o percebido e o
experimentado estão todavia no foco da atenção consciente. Não existe
deterioração com a idade, mas se ocorrem interferências ou se é exigido uma
reorganização do material a recordar pioram os resultados.

De quantas coisas nós nos recordamos quando não levamos a lista de


compras? E de quantas se recorda um idoso?

Memória secundária
Intervêm no momento, no qual se processou a informação e se pode
recuperar. Requer um processamento mais profundo. Na velhice torna-se
sobretudo mais difícil recordar quando se pede uma recordação livre ou
quando a complexidade do material aumenta.

Memória a longo prazo


Nesta ocorre pouca deterioração com a idade. É muito importante para a
adaptação e satisfação na vida. A reminiscência como capacidade e habilidade
de recordar situações passadas pode ter um papel muito importante como
imunizador da depressão.

Que fazíamos quando tínhamos vinte anos? Quem eram os nossos


companheiros de trabalho?

Memória a curto prazo


Este tipo de memória apresenta mais deterioração com a idade.
Encontram-se problemas no registo e processamento da
informação.

A aquisição da informação em meios não familiares e/ou as condições


destes e situações exigentes vão provocar piores resultados, contudo o
significado do material e a atmosfera envolvente vão favorecer o lembrar. Bem
como, a organização do material e o desenvolvimento de estratégias
mediacionais permitem resultados melhores.
O nível de processamento de informação pode ter que ver com a
melhoria da recordação.

Memória sensorial
Este tipo de memória é designado como um armazém de memória a
muito curto prazo que recolhe informação a um nível pré-perceptual, sensorial:
visual, auditivo. Nos jovens o tempo de duração da memória é maior.

Metamemória
Designa a forma como cada pessoa percebe a sua memória. Nos idosos
ocorre o fenómeno de retroalimentação ou feedback e auto-justificação das
dificuldades na execução.
«Tenho má memória porque já sou velho, é normal».
PROBLEMAS DE MEMÒRIA

Sentimento de perca de controlo sobre o


próprio comportamento

Atribuição à idade

Execução pior

Pode também ocorrer uma percepção subjectiva da diminuição da


capacidade, a qual se pode reflectir num medo de a perder. Em determinadas
ocasiões, nas quais o idoso se torna muito ansioso perante a perda de
memória, deverá se tentar relativizar a importância da perda através de
frases como «a mim também me ocorre, é normal».
Os idosos parecem que são menos capazes de realizar um juízo quando
estão preparados para recordar itens e parecem que sobrestimam o número de
palavras que poderão recordar. É muito importante estarem motivados para a
realização da tarefa.

Entre as queixas mais frequentes que escutamos na prática diária


podemos nomear:
1. Esquecimento de situações quotidiana tais como fazer algo e
não ter feito, não saber onde se deixou um determinado
objecto, o que é que eu ia fazer agora;
2. Dificuldade para recordar nova informação;
3. Fenómeno da palavra debaixo da língua;
4. Perder o fio da conversa.

Estas queixas estão frequentemente relacionadas com a distractibilidade


e com as funções cognitivas, como a atenção ou a capacidade de
aprendizagem.

APRENDIZAGEM

Na velhice, a aprendizagem está condicionada por um estereótipo,


segundo o qual os idosos têm muita dificuldade para aprender coisas novas.
Quando esta crença existe entre os profissionais e prestadores de cuidados
aos idosos, esta causa um impacto negativo no indivíduo que recebe os
cuidados. Este pode, inclusive apresentar uma realização pior das tarefas
diárias e maior dependência, podendo mesmo até funcionar como profecias
auto-confirmatórias, que geram involuntariamente o efeito previsto.
Contrariando esta perspectiva, diversas investigações e a prática diária
com idosos demonstram que nos idosos existe uma plasticidade intelectual
e de conduta, isto é, a capacidade de aprender, de gerar estratégias
substitutas para iniciar a aprendizagem.
Os idosos necessitam de um tempo de reacção mais largo, sendo isto
observado em situações como uma entrevista a um idoso, a condução de
veículos, entre outros.
Podem ter dificuldades na utilização de algumas técnicas de
aprendizagem, como a associação e a visualização. Por conseguinte, verifica-
se uma tendência para serem mais precavidos, talvez por medo de falhar?
Pode-se afirmar que na aprendizagem, como na memória, a maior
dificuldade se encontra na complexidade, rapidez e abstracção e resultados
priores em problemas de resolução.
Alguns factores que influenciam a aprendizagem:

 Motivação;
 Tendência a reaprender;
 Associação, repetição e reforço;
 Transferência.

Alguns princípios de aprendizagem que devemos reter para


intervirmos com idosos:

A aprendizagem deve ser activa. Realizar uma


actividade/experimentar favorece os resultados.
Deve-se promover a análise da situação e a relação com
situações externas análogas.
Deve-se promover informação acerca dos resultados: que acções
são adequadas e quais as que não são, que efeitos se produzem,
etc.
A duração do intervalo entre a conduta e a consequência deve ser
breve: reforço imediato.
Os comportamentos que não provocam consequências (negativas
e/ou positivas) tendem a ser eliminados.
As situações livres de ansiedade favorecem a aprendizagem,
todavia as ansiógenicas dificultam.
As causas externas estão mediatizadas pelos factores internos,
por isso devemos sempre individualizar a aprendizagem.

Funcionamento Intelectual

Os factores influentes no funcionamento intelectual são: a escolarização,


a actividade profissional, a estimulação cognitiva, o estado de saúde psíquica e
física, as perdas sensoriais, os aspectos biográficos e de personalidade, a
motivação e a relevância do material utilizado.

Com a idade diminui a inteligência fluida, isto é a agilidade mental, a


capacidade de resolução em situações novas, a muito curto-prazo. No entanto,
a inteligência cristalizada melhora, pois é baseada nos conhecimentos
adquiridos, na experiência e na capacidade de juízo.
Os idosos apresentam uma lentidão maior na solução de problemas e na
elaboração de informações e em tempo de reacção ás tarefas.
A capacidade verbal diminui menos que a capacidade motora. Em geral,
as capacidades dependentes da memória imediata diminuem mais que as que
não têm influência temporal.

RESUMINDO:

Mantém-se
A compreensão
A capacidade de juízo
O vocabulário
Os conhecimentos gerais
Diminui
A memória
A atenção
A concentração
A rapidez de reacção
A assimilação

As mudanças rápidas no rendimento cognitivo são um indicador


significativo da deterioração física ou psíquica, pelo que exigirão atenção.

CRIATIVIDADE

O gerar novas ideias, perguntas e respostas às mesmas é mais alta nos


jovens, sobretudo nos muito jovens, mas especialmente em relação à
descoberta das mesmas. No entanto, quanto ao desenvolvimento e
implicações da tal descoberta, isto já não acontece. Pois, esta capacidade
continua invariável a qualquer idade.

LINGUAGEM
Algumas características:
 Tendência a usar frases mais longas e mais complexas;
 Erro semântico», tendência a circunlóquios, alteração de tema,
recordam o que disseram, mas custa recordar «quem», disse o
«quê» e a «quem»;
 Diminuição da discriminação e compreensão da linguagem falada
Diminui a capacidade de nominalizacão.
CARACTERÍSTICAS PSICOMOTORAS

Entre as alterações mais importantes na capacidade motora destacam-


se:
 Lentidão;
 Atenuação de reflexos;
 Transtornos do equilíbrio;
 Transtornos do conhecimento do próprio corpo;
 Transtornos da execução de actos voluntários;
 Diminui a capacidade de conhecimento perceptivo e de
identificação;
 Transtornos da escrita: diminuição do pulso, dimensões,
continuidade, grafia e direcção mais descendente.

É importante também referir as alterações nas articulações e ossos, que


podem provocar osteoporose e osteoartrite num número significativo de idosos,
especialmente no feminino.

PERSONALIDADE

Durante vários anos perspectivava-se a personalidade dos idosos


constituída por características de reacções débeis e uma diminuição da
actividade social, uma redução de interesses, de orientação até ao alcançar
dos objectivos e de iniciativa.

Posteriormente, a deterioração foi substituída por alteração/mudanças.


No entanto, estudos longitudinais afirmam que a ideia de estabilidade da
personalidade como característico da desenvolvimento adulto. Tal ideia indica
que os anos não alteram a personalidade (Costa & McRaf 1980).
Reestruturação afectiva

Erikson define a evolução da personalidade pelo conflito entre


generatividade vs estagnação.

O mais importante será ao chegar à velhice, aceitar o que se


realizou ao longo da vida, aceitando os êxitos e assumindo os fracassos.

MITOS RELACIONADOS COM A VELHICE

O estudo da sociedade, nomeadamente das sociedades antigas, revela-


nos, tal como nos refere Robert (1994) que «a atitude face aos velhos variou
consoante o contexto económico.
Ao longo da história, o respeito pelo
ancião dependia, frequentemente, do estado
dos recursos.
A imagem forte do antepassado
venerável, reverenciado pela família,
pressupõe, com efeito, condições materiais
convenientes e uma colheita abundante. Em caso de penúria ou de
necessidade prolongadas, susceptíveis de ameaçar a sobrevivência da
comunidade, a eliminação das bocas inúteis entra facilmente nos costumes».
A interpretação da história do atendimento dos idosos facilmente nos
revela que o respeito pelas pessoas idosas, incluindo o respeito pelos pais,
nem sempre teve a devida atenção. Alguns princípios do darwinismo,
associado ao instinto de assegurar prioritariamente, a sobrevivência dos
indivíduos jovens, terão conduzido ao favorecimento dos mais aptos à
reprodução da espécie. Deste modo, verificamos que se tem protegido
essencialmente a saúde materno-infantil.
Talvez, devido ao desconhecimento do processo de envelhecimento, os
mitos que mantemos relativamente aos idosos são numerosos.
Manifestam-se por frases, por expressões feitas ou por eufemismos e
têm a ver, exclusivamente, com a idade. Por exemplo, «ela tem um ar jovem
para a idade». Os mitos escondem muitas vezes a hostilidade. Utilizados em
excesso, impedem que se estabeleçam contactos verdadeiros com os idosos.
A maior parte dos sinónimos da palavra «velho» (antigo, ancião,
ultrapassado, decrépito, idoso, grisalho, primitivo, venerável, senil e outros) tem
uma conotação negativa e paternalista. Estes aspectos são limitativos, uma vez
que ilustram apenas certas dimensões do envelhecimento, contribuindo, dessa
forma, para manter os estereótipos, os mitos, as crenças e as ideias pré-
concebidas.

Trabalho para reflexão…

1 - Que tipo de mitos conhecem?


2 - Quais os mitos acerca dos idosos?

Estudos realizados identificam sete mitos face aos idosos:

 «A maioria dos idosos é senil ou doente».


A senilidade, sem ligação específica ao envelhecimento, descreve os
sintomas de uma doença degenerativa do sistema nervoso. A maior parte dos
idosos não é mentalmente perturbada e apenas 4 a 5% dos idosos com 65 ou
mais anos estão institucionalizados… esta proporção aumenta ligeiramente
depois dos 75 anos e, sobretudo, depois dos 85. O envelhecimento normal não
afecta as faculdades mentais de uma forma previsível.

 «A maior parte dos idosos é infeliz».


Verifica-se que o nível de satisfação de vida dos idosos é relativamente
elevado… comparável ao dos adultos.
 «No que se refere ao trabalho, os idosos não são tão produtivos
como os jovens».
Os trabalhadores idosos têm uma taxa de absentismo menos elevada,
têm menos acidentes e um rendimento mais constante.

 «A maior parte dos idosos está doente e tem necessidade de


ajuda para as suas necessidades quotidianas».
Este mito sobre a dependência, é um dos mais persistentes. A
dependência não é de forma alguma sinónimo de terceira idade, pelo contrário
faz parte das diversas fases da vida de cada um de nós.

 «Os idosos mantém obstinadamente os seus hábitos de vida, são


conservadores e incapazes de mudar».
É verdade que as pessoas, quando envelhecem, são mais estáveis; mas
os idosos não recusam totalmente a mudança. Quando surgem situações
novas, são capazes de se adaptar a elas, tal como as outras pessoas.

 «Todos os idosos se assemelham».


Isto é falso. À medida que o ser humano envelhece, diferencia-se dos
outros sob diversos aspectos (humor, personalidade, modo de vida, filosofia
pessoal, etc.).

 «A maioria dos idosos está isolada e sofre de solidão».


Os estudos evidenciam que um grande número de idosos mantém elos
de amizade, permanece em contacto estreito com a família e participa
regularmente em actividades sociais. No entanto, os estudos sobre a solidão e
o isolamento social são contraditórios.

Busse defende que o envelhecimento bem sucedido era possível se a


pessoa desenvolvesse uma atitude adequada e lidasse efectivamente com as
quatro maiores queixas associadas ao envelhecimento, queixas que ainda hoje
existem:
 «A primeira queixa era que a sociedade excluía o idoso dos
trabalhos importantes».

 «A segunda queixa era que o envelhecimento abala a força física


e reduz o valor do indivíduo».

 «A terceira queixa era que o envelhecimento impede ou reduz os


prazeres sensuais, particularmente o prazer sexual».

 «A velhice traz consigo crescente ansiedade sobre a morte».

Em suma, os mitos estão muitas vezes ligados ao desconhecimento do


processo do envelhecimento; a velhice encontra-se frequentemente ligada à
doença, ao egoísmo, à impotência sexual, à rigidez de carácter, etc… Deste
modo, negam o seu processo de crescimento e os impedem de reconhecer as
suas potencialidades.

Acreditar que se vai modificar alguma coisa no envelhecimento dos


indivíduos, sem mudar nada no tipo de sociedade em que eles vivem, é
ilógico e ilusório.

VELHICE COM SUCESSO

A partir dos anos 80 mudou-se o objecto de estudo


e substituiu-se o conceito de velhice normal pelo de
velhice com êxito.
Procurou-se conhecer quais são os limites de
funcionamento na velhice e as condições que permitem a
manutenção do funcionamento.
Considerou-se a velhice com êxito como uma combinação vital pessoal,
resistência, flexibilidade adaptativa, autonomia e controlo, integridade e boa
adaptação da pessoa ao ambiente. Outros autores sugerem a inclusão de
indicadores de funcionamento biológico (longevidade e saúde biológica),
funcionamento psicológico (saúde mental) e aspectos positivos do ser humano
(eficácia cognitiva, competência social, satisfação com a vida, entre outras).
Outros autores propuseram unicamente critérios individuais de uma velhice
com êxito: ausência de deterioração cognitiva, a independência.

Em suma, assume-se que as pessoas estão imersas num processo


contínuo de adaptação ao longo de toda a vida, mediante três processos que
actuam entre si: a selecção, a optimização e a compensação.

A selecção significa:
O processo de especialização que se realiza nas diferentes áreas de
funcionamento do indivíduo e que permite desenvolver-se ao longo da vida.
Implica restrição, mas também significa adaptação.

A optimização implica:
O indivíduo move-se na direcção de procurar um funcionamento melhor
possível num número concreto de áreas de vida. Exemplo: quando ocorre a
deterioração de algumas capacidades cognitivas, emerge um grande nível de
plasticidade no indivíduo para melhorar as capacidades.

A compensação faz referência:


Aos idosos que alteram as suas estratégias a fim de compensar os
défices. Exemplo: a compensação implica utilizar elementos da conduta
(ajudas externas de memória - agenda), da cognição ou tecnológicas.

Em resumo, este modelo pressupõe que a pessoa, em qualquer idade


se especializa em áreas distintas de funcionamento, capacidades, dependendo
da sua trajectória vital, dos interesses, valores, hábitos, saúde e das suas
capacidades de reservas. Na velhice, este é mais frequente e activo.
Reflexão

Nos idosos, à medida que a percepção do tempo vai mudando, uma


vez que o tempo restante é menor que o vivido, aumenta a tendência para
a auto-reflexão e reminiscência.

Rigidez Caracterial

Um estereotipo social muito generalizado é o da rigidez caracterial,


sendo este um mecanismo para fazer face às dificuldades de confronto com as
mudanças. Antes da diminuição das capacidades de realizar novas
aprendizagens se daria a formação de rotinas para fazer frente ao medo das
mudanças, provocando assim uma rigidez defensiva.

PERDAS E LUTO

Nesta etapa do ciclo vital aumenta de forma considerável a possibilidade


da ocorrência de perdas vitais significativas e da viuvez, que é a crise mais
prejudicial do ciclo vital. Acontecem perdas reais como a viuvez, a perda física
de amigos, a perda física do emprego e perdas simbólicas como a perda do
papel profissional.

O ser humano faz face a estas perdas através do processo denominado


luto, mecanismo adaptativo que permite superar a dor e impacto psicológico
que provoca a perda.

Bowlby define várias fases neste processo:


 Embotamento afectivo;
 Ânsia e busca da figura perdida;
 Desorganização e desesperança;
 Reorganização.

Nem sempre este processo se realiza de maneira adequada e pode


causar problemas, deste modo torna-se necessário assinalar alguns dos
sintomas do luto patológico.

Luto normal

No luto normal existe uma causa desencadeadora, estão presentes os


sintomas como a tristeza e retraimento e ocorre uma aceitação da perda sem
reprovação.
Tudo isto desenvolve-se num processo constituído por várias fases:

Fases

1ª Fase
Duração de várias semanas e inicia-se após a morte do ente querido.

 Abalo e cepticismo;
 Mostra-se ausente e confuso;
 Relações frias e distantes;
 Instaura-se uma barreira contra a dor;
 Estado possível de dor aguda:
- Moléstias orgânicas de tipo nervoso;
- Sensação de rigidez, vazio estomacal, cansaço muscular;
- Sensação constante de mal-estar e tensão;
- Sentimento de culpabilidade;
- Eventual hostilidade face a familiares e amigos;
- Inquietude e dispersão nas tarefas.
2ª Fase

Inicia-se após três semanas e dura aproximadamente um ano.

 Recordação obsessiva do falecido;


 Aceitação paulatina da realidade da perda;
 Reacções de dor repentinas e fortes;
 Necessidade de relacionar-se com as demais pessoas.

3ª Fase

A partir do segundo ano.

 O sujeito adapta-se à perda do seu querido;


 Consciência da inutilidade de refugiar-se no passado;
 Melhora as suas relações familiares e sociais;
 Maturação do significado da própria vida.
Luto patológico

Os sintomas que podem geralmente acontecer no luto patológico são os


seguintes:

 A não-aceitação da perda;
 Reprovação face ao exterior e/ou a si próprio;
 Referência demasiada ao objecto perdido;
 A dor mantém-se durante anos;
 A resposta emocional atrasa-se durante meses ou anos;
 Eventuais perturbações psicossomáticas;
 Mudanças bruscas entre calma e irritabilidade;
 Desorganização;
 Finalmente, estado de depressão agitada;
 Insónia, auto-desvalorização, auto-recriminações, auto punição;
 Sintomas hipocondríacos e/ou fóbicos;
 Enjoos e cefaleias;
 Sintomas de identificação com a doença do falecido;
 Incapacidade de recompor-se e necessidade de ajuda
terapêutica.

Questiona-se se existe realmente um processo composto por fases ou


como descreveu Worden (1982), que estrutura o processo do luto como:

 Aceitar a realidade da morte.


 Experimentar o pesar.
 Adaptação a uma nova vida.
 Capacidade de amar novamente.

DEPENDÊNCIA
A maior parte dos cuidados prestados aos mais idosos são assumidos
pelos familiares mais chegados. Deste modo, estes realizam o apoio informal e
a protecção social.

Definição de dependência:

A principal consequência da perda da autonomia pessoal é a


necessidade do indivíduo de ser ajudado e apoiado para se ajustar ao seu
meio e interaccionar-se com ele.

Temos então, quatro tipos de dependência:

1. Dependência económica:
Quando se deixa de ser um membro activo economicamente e laboralmente e
torna-se alguém inactivo e dependente economicamente.
2. Dependência física:
Perda do controlo das suas funções corporais e da interacção com os
elementos físicos do ambiente.

3. Dependência social:
Associada à perda de pessoas e relações significativas para o indivíduo.

4. Dependência mental:
Quando o indivíduo perde a sua capacidade para resolver os seus
problemas e tomar decisões.

Muitas vezes designamos o termo dependência como «incapacidade


funcional» em relação às actividades da vida diária. Mais concretamente ao
conjunto de actividades diárias que se realizam para se viver de forma
autónoma e integrada no seu meio ambiente e cumprir com o seu papel social.
Deste modo, um indivíduo com incapacidades é alguém que apresenta
limitações na realização de uma ou mais destas actividades e que depende de
outras pessoas para a sua concretização.

Será então a perda da autonomia pessoal.

A dependência deverá ser entendida segundo três conceitos fundamentais:


a multidimensionalidade, a multicausalidade e a multifuncionalidade.

A multidimensionalidade transmite a noção de dependência como tendo


múltiplos domínios: mental, físico, económico…, bem como qualquer
combinação dos referidos.

A multicausalidade, transmite que dependência não é sinónimo de velhice.


Todas as pessoas idosas não são dependentes e por conseguinte há pessoas
dependentes que não são idosas. Todos os factores, desde os biológicos como
socioculturais, económicos e ambientais tomam um papel na emergência e
manutenção da dependência.
A multifuncionalidade considera a dependência como algo negativo nas
sociedades ocidentais. A dependência pode ter uma função adaptativa.

PROBLEMAS NAS PESSOAS IDOSAS

PERTURBAÇÕES NA VELHICE
DEMÊNCIA DE ALZHEIMER

Maior número de casos no sexo feminino (em proporção de 3/1 para os


homens).

Causa da doença – desconhecida.

Curso da doença – início gradual e depois lentamente progressivo


caracterizado por um declínio cognitivo contínuo (o doente não tem
consciência da sua deterioração e elabora esquemas para se adaptar a
todos os problemas que surjam). Duração da doença entre 10 e 12 anos.

Duração média da doença: cerca de 10 a 12 anos.

Forma mais comum de demência;

Tendência familiar;

Causa alterações funcionais.

DEMÊNCIA VASCULAR

Segunda causa mais frequente de demência.

Maior número de casos no sexo masculino.

Causa da doença – resulta do somatório de estragos causados no cérebro


por enfartes cerebrais de maior ou menor tamanho, em maior ou menor
número e em diferentes localizações cerebrais.
Curso da doença – inicio súbito (por vezes relacionado com a ocorrência de
um acidente vascular cerebral) e evolução em degraus. O quadro clínico varia
consoante as áreas cerebrais afectadas.

Duração média da doença – depende da evolução do quadro clínico.

Personalidade relativamente bem preservada, com maior consciência da


doença.

As características não cognitivas são a disfunção urinária, as perturbações


da marcha e os sintomas parkinsónicos tais como face inexpressiva e rigidez
dos membros.

Sintomatologia neurológica (afasia ou hemiplegia) costuma estar presente


em certos momentos do curso da doença.

Memória: primária e de evocação – não se modifica.


Sensorial e de fixação- diminui. Tempo de Reacção: torna-se mais lento

Inteligência: cristalizada – não se modifica. Fluida – diminui.

As semelhanças…

Deterioração / perda geral das funções corticais superiores:


- Memória
- Capacidade para enfrentar as exigências da vida quotidiana
- Capacidade para executar funções cerebrais (relacionadas com os 5 sentidos:
paladar, olfacto, visão, audição e tacto) e motoras
- Capacidade para manter um comportamento social adequado

As diferenças…
DEMÊNCIA DE ALZHEIMER
Alterações cognitivas mais pronunciadas (nos seguintes níveis: maior
dificuldade no entendimento ou transmissão de ideias através da linguagem
(leitura ou escrita); menor capacidade para desenvolver actividades motoras,
maior incapacidade para reconhecer ou identificar objectos; maior dificuldade
na execução de funções de planeamento, organização e de abstracção).
Menor consciência da doença.

DEMÊNCIA VASCULAR
Alterações cognitivas menos pronunciadas, isto é, seguem um curso
flutuante (com períodos de exacerbação e períodos de estacionamento) e a
deterioração é escalonada. Por exemplo, a memória pode estar profundamente
afectada enquanto que o pensamento, a capacidade de argumentação e de
processamento da informação, podem estar minimamente diminuídas.
Presença de características não cognitivas:
- Disfunção urinária
- Perturbações da marcha (dificuldades a andar)
- Sintomas parkinsónicos (face sem expressão e rigidez dos membros)

Presença de sintomatologia neurológica:


- Dificuldade no entendimento ou transmissão de ideias através da linguagem
(leitura ou escrita)
- Hemiplegia ou hemiparesia

Maior consciência da doença (personalidade relativamente bem preservada).

AS TRÊS FASES DA DEMÊNCIA DE ALZHEIMER

FASE I

Sintomas ligeiros e muitas vezes negligenciados:


A. Perda de memória (designadamente de acontecimentos
recentes).
B. Desorientação no tempo (incapacidade para se situar no ano e
data em curso).
C. Desorientação no espaço (incapacidade para reconhecer locais
familiares - exemplo está em casa mas não sabe onde se
encontra).
D. Perda de iniciativa.
E. Dificuldade em encontrar as palavras
F. Perda do sentido crítico.
G. Alterações da personalidade
H. Dificuldades no cálculo.
I. Perda ou desarrumação de objectos.
J. Repetição das perguntas ou afirmações.
Muitas pessoas ficam assustadas, embaraçadas e depremidas com
estas mudanças iniciais.

FASE II

Sintomas e problemas marcantes que impedem muitas das actividades


normais do dia-a-dia.

A. Lapsos de memória significativos (exemplos: para nomes dos


membros da família).
B. Diminuição da auto-suficiência (exemplo. Necessita de ajuda para
se lavar, vestir, etc).
C. Perde-se facilmente.
D. Agravações dos problemas de linguagem, as palavras são
utilizadas de forma cada vez mais desapropriada.
E. Dificuldades na comunicação.
F. Alterações da personalidade.
G. Podem confundir o dia com a noite.
H. Tornam-se agitados.
I. Deambulam, podem ter delírios e alucinações.

FASE III

Dependência total. As perturbações cognitivas fazem-se acompanhar de


uma decadência física significativa.

A. Dificuldade na alimentação, mesmo com ajuda.


B. Incapacidade para reconhecer os amigos e a família.
C. Dificuldade em se movimentar.
D. Incontinência.
E. Comportamento significativamente anormal.
F. Dificuldade de compreensão.
G. Desenvolvem mutismo.
H. Ficam acamados.

PSICOPATOLOGIAS MAIS FREQUENTES

Ansiedade
Dor crónica
Delirium
Demência
Depressão
Disfunções sexuais
Perturbações do Sono
Abuso de Substâncias

ESQUECIMENTOS NÃO PATOLÓGICOS


São as falhas de memória de uma pessoa normal cujas faculdades são
comparáveis às de uma população da mesma idade e do mesmo nível cultural.
São esquecimentos momentâneos, cuja informação geralmente é acessível
noutro momento. Aparecem problemas de memória a curto prazo e aumentam
as queixas de memória, como se explicita no relativo às características
psicológicos dos maiores. Estes problemas podem chegar a ser disfuncionais
para o sujeito e criar ansiedade importante, que deve ser tratada
conjuntamente com as funções cognitivas, que podem estar afectadas. Influir
no que o sujeito denomina de problemas de memória, como são a diminuição
da atenção e as dificuldades na concentração.
Os esquecimentos que se englobam podem ser prevenidos e
remediados através da participação num programa de entretenimento da
memória, que apresenta técnicas e novos recursos e favorece o exercício e a
prática destas capacidades.

PERTURBAÇÃO CONFUSONAL

Perturbação caracterizada por um comportamento caótico num marco


angustioso a nível subjectivo e falta de claridade no pensamento.
São factores desencadeantes os traumatismos psicológicos (sucessos
vitais de grande impacto para o sujeito), os factores orgânicos cerebrais e
sistémicos, como doenças cardiovasculares de tipo insuficiência
cardiovascular, processos metabólicos, infecções, neoplasias e intoxicações.
O quadro clínico é de desenvolvimento brusco e repentino, geralmente
até pode aparecer um estado prévio de perplexidade e ansiedade, passando
logo a estados de falta de consciência, com percepções imprecisas que dão
lugar a interpretações delirantes. Aparece desorientação tempo-espacial,
podem aparecer alucinações visuais e auditivas, são típicas da ansiedade e
agitação, assim como a incapacidade para manter a atenção e concentração. A
consciência está nublada, a vigilância reduzida, pelo que o risco de sofrer
acidentes aumenta. A memória está afectada especialmente no registro e
recordação.
Dá-se um ciclo vicioso entre a perda de controlo e ansiedade com uma
retroalimentação contínua entre ambas.

PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE

A ansiedade é um estado de alerta exagerado por uma sensação de


perigo não reconhecido e que se caracteriza por um aumento da tensão
muscular (rigidez, sentir um aperto), manifestações neurovegetativas (suor,
boca seca) e sensação subjectivo de perigo, excessiva preocupação,
inquietude (nervosismo) e dificuldades de concentração – atenção e alterações
do sono (dificuldade em adormecer, acordar demasiadamente cedo ou acordar
várias vezes). A pessoa tem consciência, mas escapa-se a seu controlo, o que
provoca mal-estar, por exemplo «os nervos».
É importante diferenciar a ansiedade do medo; no primeiro caso não se
identifica a fonte, ou a emoção é desproporcionada, todavia no segundo caso o
perigo e a causa são reconhecidos.
O diagnóstico diferencial é feito através da discriminação se existe uma
patologia orgânica ou é funcional, explora-se a possível existência de uma
doença que pode gerar a perturbação ansiosa, como o hipertiroidismo ou a
hipoglicemia. Deve-se explorar também a existência de factores sociais ou
eventos vitais stressantes, como a mudança de casa, hospitalização e
problemas económicos. Também a depressão pode gerar crises de angústia,
normalmente de carácter angústia.

DEMÊNCIA

A demência é o resultado de uma doença cerebral crónica progressiva,


que interfere com a vida diária.

«…A Demência consiste na deterioração geral das funções corticais


superiores que incluem: a memória, a capacidade para enfrentar as exigências
da vida quotidiana e executar funções sensoriais e motoras, a capacidade para
manter um comportamento social adequada às circunstâncias e que evidencie
o controlo das reacções emocionais – sem qualquer deterioração do sentido de
«consciência». Na maioria dos casos, é uma doença irreversível e progressiva.

CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DE DEMÊNCIA


(DSM-IV)

A. Presença de múltiplos défices cognitivos:


1. Deterioração da memória.
2. Um ou mais dos seguintes défices: afasia, apraxia, agnosia, alteração do
desempenho.
B. Deficiências significativas no funcionamento laboral ou social e
diminuição importante do nível prévio de actividade.
C. Início gradual e deterioração cognitiva contínua.
D. Os défices não aparecem exclusivamente no decurso de um delirium.
E. A alteração não é explicada pela presença de outros distúrbios
psiquiátricos.

Causas da Demência:
Conhecida.
Exemplo. Traumatismo craniano; infecções do sistema nervoso – encefalite,
meningite; Doenças vasculares Cerebrais; Doenças endócrinas – hipo e
hipertiroidiso; Intoxicação – álcool, etc

Desconhecida, primárias ou degenerativas

Que não se acompanham de outros sinais neurológicos, além de demência


(exemplo: doença de alzheimer; doença de Pick; Demência Frontal).

Que se acompanham de outros sinais neurológicos (exemplo: Doença de


Parkinson; Coreia de Huntington; Doença de Corpos de Lewy).

CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DA DEPRESSÃO NO IDOSO

SINTOMAS INICIAIS RELATIVAMENTE INESPECÍFICOS:


Astenia; Perturbações do sono; Tristeza e Ansiedade; Desinteresse por hábitos
e/ou prazeres habituais.

SINTOMAS MAIS ESPECÍFICOS


Decorrentes da depressão do Humor: tristeza patológica, pessimismo,
desinteresse vários, ideação suicida, «anestesia afectiva», culpabilidade, auto-
desvalorização, ideias de incurabilidade, ruína.

DECORRENTES DA LENTIFICAÇÃO MOTORA


Indecisão, perturbação da atenção e concentração, renúncia social.

SINTOMAS SOMÁTICOS
Anergia; Obstipação; Insónias iniciais e terminais; Diminuição da libido;
Variação diurna do humor.

PARTICULARIDADES ASSOCIADAS À DEPRESSÃO NO IDOSO

Desencadeantes Sócio-pessoais
- Luto
- Dano Material
- Doença familiar
- Reforma

Factores Predisponentes
- Idade
- Personalidade
- Maior vulnerabilidade biológica
- Possibilidade de outras patologias associadas
- Patoplastia própria da idade

Em resumo…
DEPRESSÃO

Começo: preciso
Conduta: triste, inibido ou agitado
Orientação: orientado ou diz «não sei»
Memória. Falhas, diz «não sei»
Pensamento: lento, culpa, ruína, doença
Crítica. Consciência da doença
Somática: anorexia, cefaleias, insónia
Disfasia: ausentes
Dispraxia: ausentes

DEMÊNCIA

Começo: impreciso
Conduta: indiferente
Orientação: desorientado
Memória. Memória recente alterada
Pensamento: pobre, confabulações
Crítica: justifica, minimiza falhas
Somática: sem sintomas somáticos
Disfasia: presentes
Dispraxia: presentes

SINTOMATOLOGIA QUE ORIENTA A UM DIAGNÓSTICO DE


DEMÊNCIA

1. Memória a memória recente está afectada: «que ia fazer???», também a


memória a longo prazo se deteriora, a diferença das falhas de memória.
Os problemas de memória se devem diferenciar dos problemas de
atenção, mais próprios das depressões.
2. Mudanças na personalidade: dá-se uma exacerbação e uma maior
rigidez de capacidades prévias, ou uma mudança radical nos mesmos.
Podem aparecer rudeza, falta de tacto e diminuição da capacidade de
auto-controlo.
3. Deterioração dos hábitos sociais, por exemplo na comida e nos hábitos
de auto-cuidado e asseio.
4. Apatia e agressividade manifestam-se sobretudo na comunicação não
verbal.
5. Dificuldades para o pensamento abstracto e o funcionamento intelectual:
custa entender coisas que até agora se entendia bem, necessita de mais
tempo para entender, recusa enfrentar situações desconhecidas e
apresenta uma diminuição e dificuldade no funcionamento social.
6. Desorientação tempo-espacial: pode descobrir-se o problema, por
exemplo quando não encontra o caminho para casa onde está algo…
levantar-se a meio da noite.
7. Tendência a caminhar insistentemente: pode apresentar-se tanto em
casa como fora e acentuar-se durante a noite. As vezes se põe em
marcha padrões válidos anteriormente, como preparar-se para ir
trabalhar.
8. Insónia que pode aparecer associada a sonolência diurna.
9. Incontinência: inicialmente é vesical e em fases mais avançadas
estomacal.
10. Perturbações delirantes e alucinações: podem aparecer delírios
paranóides de prejuízo e persecução, (exemplo acusações que os
outros o roubaram, o que justifica a perda de algum objecto).
11. Sintomatologia depressiva: aparece nas primeiras fases como resultado
da consciência do défice. É muito importante o diagnóstico diferencial
entre depressão e demência.
12. apraxia: dificuldade de manipulação, como por exemplo não poder
apertar os botões.
13. Perturbações de linguagem: aparece afasia, dificuldade para se fazer
entender, problemas de discurso, incoerência nas verbalizações,
fenómenos perseverativos, ausência de controlo real sobre as
verbalizações.
14. agnosia: dificuldade no reconhecimento e por tanto erros na distinção de
objectos, sons, cores, etc. denomina-se somatognosia quando são as
partes do corpo, e prosopagnosia quando o reconhecimento de caras
familiares, algo muito ansiogenico para os cuidadores.

FASES DA DEMÊNCIA

1ª Fase inicial

Frequentemente se detectar: múltiplas queixas físicas difusas, alteração


do estado de animo: irritabilidade, depressão, perda de interesse. Exacerbação
ou rigidificação de capacidades prévias. Perda de vigor e interesse,
egocentrismo, perda de hábitos sociais e diminuição no auto-cuidado pessoal.

2ª Fase

É uma fase todavia leve, mas de maior deterioração, caracterizada por


importantes lacunas na memoria, afectando em particular a memória recente,
estando conservada a memória a longo prazo. A pessoa apresenta dúvidas
marcadas em suas respostas verbais. Quando não pode recordar o nome ou
acontecimentos recentes surge a fabulação, a que trata de dissimular suas
falhas. Desorienta-se no tempo, esquece as portas, muda objectos de sítio e
depois diz que foram roubados.

3ª Fase:

Nesta fase de enfermidade, a desintegração da personalidade é quase


completa. Encontra-se totalmente desorientado no tempo e no espaço. Torna-
se impossível manter uma conversa coerente. Embora parece estar a dizer
coisas com normalidade, imediatamente esquece o que acaba de dizer.
Incapacidade em levar a cabo de forma correcta as actividades quotidianas. A
pessoa começa a deambular sem finalidade concreta, sobretudo no fim da
tarde e à noite.
4ª Fase:

É a fase terminal da enfermidade, a deterioração física e mental tornam-


se muito evidentes e finalmente é incapaz de mudar. Perdeu-se toda a
capacidade de comunicação, não se reconhece os membros mais próximos da
família. É comum também a perda de controlo de esfíncteres. A pessoa precisa
de cuidados por outro para fazer a sua higiene pessoal e dar-lhe comida na
boca. Com frequência apresenta dificuldades para a deglutição, perde peso
mais rapidamente e se torna mais susceptível ás infecções.

SEXUALIDADE NOS IDOSOS

Confort (1985) afirmou que a resposta sexual humana na velhice é


normal, se não estiver afectada por doenças psíquicas, ansiedade ou
expectativas sociais, que são o principal factor da diminuição da conduta
sexual.
Uma das variáveis mais relevantes na conduta sexual e afectiva é a
disponibilidade da parceira, especialmente nas mulheres.
O interesse sexual no passado, a própria experiência, a frequência e
disfrute são os principais predictores do comportamento sexual actual, bem
como o estado de saúde e as modificações fisiológicas que ocorrem com a
idade.
Na mulher convém destacar as alterações hormonais que provocam
diminuição de lubrificação e portanto maior dificuldade de penetração e maior
risco de infecções vaginais. Não há alteração na obtenção do orgasmo.
No homem convém assinalar que custa mais obter erecção e aumenta o
período refractário. A sexualidade em qualquer época da vida supõe um
aspecto muito reforçante para os seres humanos e estas modificações
fisiológicas e as expectativas sociais não devem ser negativas para reduzir um
aspecto tão importante na vida afectiva dos idosos.

Trabalho acerca dos mitos sobre a sexualidade nos idosos…

Algumas conclusões:
1 - «O sexo não é importante nos idosos. Não se deve mostrar interesse»
2 - «As pessoas de idade não são sexualmente desejáveis».
3 - «Os idosos não têm desejo sexual».
4 - «Os idosos não são sexualmente capazes».

A sexualidade é algo mais amplo do que a genitalidade, podem-se


aproveitar as modificações fisiológicas adaptando-se a elas e que se deve
potenciar o aspecto comunicacional e afectivo na relação íntima nos idosos.

Para que esta ocorra normalmente deverão estar presentes algumas


condições:
Aceitação da imagem corporal;
Aceitação das mudanças que se produzem com a idade;
Auto-estima;
Desejo e interesse sexual;
Comunicação;
Vínculos afectivos, necessidade de relações intimas.

Também influenciam, a nível social: estereótipos e crenças, os


acontecimentos importantes: casamento e viuvez e as crenças religiosas.
Na área da saúde influenciam:
Especificidade da resposta sexual nas doenças cardiovasculares,
hipertensão;
Perturbações funcionais, prostata;
Perturbações articulares como artrite;
Estados depressivos ou de ansiedade;
Utilização de fármacos que podem interferir na resposta sexual
(impotência);
Controlo de hábitos nocivos como o abuso de substâncias, álcool.

A nível ambiental influenciam:


Possibilitar os meios par o desenvolvimento pessoal, sexual e social;
Adequação de espaços como a habitação;
Disponibilidade de horários tarde, noite;
Educação e intervenção nas dimensões social; pessoal…

ANÁLISE DA TRANSIÇÃO EM QUE VIVEM

O Idoso na sociedade actual


De acordo com valente (1993), em certas sociedades actuais, entre as
quais se inclui a portuguesa, a velhice assume uma identidade própria, onde os
idosos se encontram colectivamente identificados como um grupo etário com
direito a prestações financeiras, de certo modo como contrapartida à perda do
estatuto de membro activo, dependentes financeiramente da sociedade e
representando um sub-capital humano.

Adaptação à velhice
Segundo Hurlock a actividade, as lembranças positivas, a liberdade
sobre os estilos de vida, as atitudes realistas sobre as mudanças físicas e
psíquicas, a aceitação de si próprio, a participação continuada em actividades
gratificantes, a sua aceitação por parte da sociedade, a saúde e condições
socio-económicas suficientes, a falta de preocupações e o contacto com gente
de outras idades são factores que favorecem o bem-estar e a satisfação na
velhice.

Bem-estar subjectivo - Satisfação - estado cognitivo


Alegria – estado emocional
Felicidade – associação entre ambos

Três componentes:
Satisfação;
Experiência frequente de estados emocionais positivos;
Ausência de depressão e outros estados negativos.

Capacidade funcional e autonomia do idoso


Os aspectos básicos para que o idoso continue sendo independente e
consiga manter um nível de vida similar ao que tem tido até este momento:
Orientação temporal, espacial e pessoal.
Capacidade para cozinhar e alimentar-se autonomamente.
Capacidade para tomar banho, duche e assear-se sem ajuda.
Capacidade para se vestir sem necessidade de ajuda.
Ser capaz de manter a limpeza da casa.
Ter controlo de esfíncteres.
Capacidade de mobilidade na casa, de deitar-se, levantar-se…
Capacidade de subir e descer escadas.
Não correr riscos de acidentes, especialmente incêndios.
Capacidade para sair de casa e fazer compras.
Dispor de dinheiro próprio e saber administrá-lo.
Capacidade de seguir instruções, por exemplo prescrições médicas,
fármacos.
Manter relações sociais que podem ajudar em caso de necessidade, por
exemplo vizinhos…

Relações familiares
As relações familiares têm um papel primordial no sentimento de bem-
estar psicológico. Nos idosos dá-se um processo de reestruturação familiar
motivado pela saída dos filhos, a incorporação de novos membros ou perdas.
Torna-se necessário repensar os valores tradicionais da família, sendo
esta uma medida importante para minimizar um grande número de
preocupações com que nos debatemos colectivamente. Para Grande (1994),
«a transmissão intergeracional dos saberes e dos comportamentos foi o
processo que permitiu à humanidade chegar aos nossos dias com o modelo de
organização que lhe conhecemos».

RELAÇÕES LABORAIS

«(…) depois, o meu filho vendeu a quinta e olhe… eu agora ando por aí aos paus. Quer
dizer, aos paus não, mas aborreço-me, sinto-me fechada porque não é hábito. (…) É por isso
que não estou à vontade, não tenho liberdade».
(Srª Joana, 78 anos, não institucionalizada)
«Tinha ali um quintal, ia à janela e gostava de ver aquilo tudo bem arranjado. Comecei
a amanhar aquilo e tinha lá, o ano passado, um bocado de tomate que era uma coisa linda».
(Sr. André, 84 anos, institucionalizado)

Neste caso, o idoso viu-se confrontado com a destruição de um pequeno


quintal (que cultivava na própria instituição), devido a interesses individuais que
se sobrepuseram ao seu trabalho. Apesar de ter havido o cuidado de explicar
as razões que levaram os responsáveis instituicionais a ter aquela atitude, o
idoso sentiu-se desrespeitado e agredido.
Apesar dos idosos que residem na comunidade terem mais facilidade
para se envolverem na realização de tarefas domésticas, ou no cultivo dos
seus quintais, verificamos que não existem diferenças significativas em relação
aos idosos institucionalizados que procuram igualmente manter uma actividade
que contribua para o seu bem-estar e seja entendida pelos outros como
proveitosa.
Aparentemente, o factor que mais contribui para a inactividade é a perda
de autonomia física ou mental que lhes cria, por vezes, um sentimento de
inutilidade. Nota-se que quando os idosos perdem destreza manual e a força
física que lhes permitia desenvolver actividades ligadas à agricultura, ao
espaço doméstico ou à costura, dificilmente se conseguem adaptar a novas
tarefas, aderir a conformismo quando sentem que, fisicamente, surgiram
limitações que os impedem de fazer aquilo para que foram treinados e no qual
investiram todas as suas potencialidades ao longo da vida.
A nível institucional, as actividades de ocupação são mais limitadas, uma
vez que o espaço é partilhado e organizado segundo normas e esquemas de
trabalho que nem sempre se compadecem com o ritmo, necessariamente mais
lento, dos idosos. Este, em especial as mulheres, procuram cuidar dos seus
objectos pessoais e do seu quarto, por forma a preservar alguma da sua
privacidade.

«A Dra. A. disse-me: - A Sra. Dulcina enquanto puder fazer a sua cama fá-la – pois
muito bem! Até é conveniente a gente ir fazendo alguma coisa, agora quando não puder de
todo… de maneira que eu sempre fiz a minha cama. Agora eu passo muito mal à noite e de
manhã, quando me levanto, tenho muita dor e elas querem logo de manhã pôr tudo em ordem,
fazer as camas, e eu disse: - eu não me importo de fazer a cama mas têm de me dar tempo
para isso – elas fazem uma cama num segundo e às vezes não ficava à minha vontade e até
parece que me magoava».
(Srª Dulcina, 85 anos, institucionalizada)

Os idosos que residem na comunidade têm, aparentemente, mais


oportunidade para manterem as suas ocupações normais; nos casos em que
vivem sozinhos, continuam a gerir a economia doméstica e noutros casos,
apesar de terem um papel secundário nessa gestão, continuam a desenvolver
tarefas de limpeza, tratamento de roupas e confecções de refeições. No caso
específico das mulheres, a costura e os lavores ocupam um lugar importante
no seu quotidiano. No caso específico de um idoso do sexo masculino, existe
uma grande dedicação às actividades agrícolas. Algumas destas ocupações
permitem aos idosos auferir de alguns rendimentos com os quais
complementam as reformas, que considera, na maior parte dos casos
reduzidas.

Viver bem após reforma!!!

Objectivos
Tomar consciência das mudanças. Consequência.
Oferecer e destacar os aspectos positivos da reforma.
Sensibilizar para hábitos e estilos de vida saudáveis.
Adquirir e melhorar capacidades e destrezas de relação, de planificação
e de resolução de problemas.
Informar sobre aspectos de interesse particular e geral.

BEM-ESTAR
É necessário a criação de condições para manter os idosos em
actividade, mesmo sendo reformados. Natário (1992), refere que «o
envelhecimento da população é uma aspiração natural de qualquer sociedade
e, depois de esta continuamente desenvolver esforços no sentido de prolongar
a vida humana, então oferecer as condições adequadas aos idosos para viver
com bem-estar, é um importante desafio que se coloca a toda a sociedade».

Programa de terapia ocupacional

Consiste na realização de actividades físicas e psíquicas, encaminhadas


a melhorar a recuperação de doenças físicas ou psíquicas ou como meio
construtivo de ocupação de tempo livre – aumentar o bem – estar.

Objectivos

Melhorar a força muscular;


Melhorar a coordenação;
Melhorar o estado psicofísico da pessoa e potenciar as suas
capacidades;
Estimular a criação de hobbies e novas formas de ocupação de tempo
livre;
Desenvolver actividades de auto-ajuda e de vida quotidiana;
Evitar ou retardar a dependência.

Tipos de terapia educacional


Educacional
Exemplos: A higiene, vestuário, alimentação, a comunicação, etc.

Recreativa
Exemplos: Conferências, cursos.

Ergoterapia
Exemplos: Costura, carpintaria – prática de um trabalho ou ofício.

Deve-se ter atenção com algumas características negativas que podem


aparecer nos idosos para os alterar:
Falta de decisão e motivação. Falta de confiança em si mesmo. Perdas
sensoriais, especialmente da visão. Solidão e isolamento. Dependência familiar
e institucional.

RELAÇÕES SOCIAIS, RELAÇÕES INTERPESSOAIS E


REDES DE APOIO

O apoio social é o conjunto de relações interpessoais que implicam


afecto e apoio emocional (sentir-se querido, intimidade, confiança,
disponibilidade), instrumental (ajudas domésticas, cuidados) e informacional
(busca de informação, conselho), bem como afirmação pessoal a partir desta
relação.

Apoio emocional
Sentimentos de ser amado.
Sentimentos de pertinência.
Sentimentos de intimidade.
Sentimento de poder confiar em alguém.
Importante para manter a saúde e bem-estar.
A perda de apoio emocional tem um efeito negativo na saúde.
O apoio emocional aumenta a auto-estima, porque a pessoa se sente
valorizada e aceite pelos demais.
Previne todos os problemas que implica a falta de auto-estima.
O ter-se que compartilhar as situações stressantes faz com que estas
sejam relativizadas, o qual reduz a ameaça percebida dos eventos vitais
stressantes.

Apoio instrumental
Ajuda directa a algum serviço (ajudas domésticas, dar objectos,
solucionar problemas…).
Relaciona-se com o bem-estar porque diminui a sobrecarga de alguma
tarefa…
É muito efectivo quando o que recebe ajuda a entende como adequada,
mas não deve o receptor sentir ameaçada a sua liberdade ou sentir-se em
dúvida.

Apoio informacional
Processo de busca de informação, conselho, guia… que ajuda as
pessoas a resolver os seus problemas.
É difícil, por vezes, separa-lo do apoio emocional, pois o conselho pode
ser percebido como expressão de carinho, preocupação pelos demais, etc.

A hipótese do efeito amortecedor refere que o apoio social tem um efeito


protector na pessoa sobre as possíveis influências negativas dos sucessos ou
câmbios vitais stressantes, pelo que se entende que o apoio social preserva a
saúde da pessoa ao minimizar a incidência do stress.

Efeitos do apoio social

1 - Fomenta a saúde e o bem-estar independentemente do stress.


2- Hipotetizam-se diferentes mecanismos:
Elevando a moral e o sentimento de bem-estar.
Ajuda a evitar experiências negativas ou a preveni-las.
Cria na pessoa um sentimento de poder ter ajuda em caso de
necessidade. Tal implica um aumento de auto-estima, estabilidade e
sentimentos de controlo.
3 – Aumento de sensação de predictabilidade, estabilidade e controlo.
4 – Apoio social e saúde relacionados linearmente e independentemente
do stress.
5 – Efeito amortecedor do stress. Facilitando os processos de
afrontamento e adaptação, reduzindo as possibilidades de doença física e
mental.

Efeitos secundários:
1. Promove sentimentos psicológicos de pertencia a uma
comunidade.
2. Proporciona sentido se identidade pessoal e reduz a ambiguidade
sobre o mundo e proporciona bases para realizar selecções na vida.
3. Solidariedade grupal.
4. Treina estratégias de confrontamento com os problemas diários.
5. Proporciona uma rede de relações.

Como aumentar as relações sociais:

Potenciar as relações sociais, aumentar a quantidade e frequência de


interacções nas pessoas que as tenham limitadas (ampliando os espaços e
momentos associados) e melhorar a qualidade das mesmas.
Possibilitar o câmbio daquelas ideias que perspectivam as relações
como algo problemático, produzidas por generalizações de conflitos concretos.
Motivar as pessoas mais apáticas e pouco participativas, incluindo-as
em processos grupais que exigem actividade e fornecem reforço positivo.
Proteger a saúde e prevenir a aparição de perturbações depressivas.
Aumentar o bem-estar e a satisfação vital.
Melhorar a auto-estima e o controlo percebido sobre as relações
interpessoais.
Melhorar o confronto com acontecimentos dolorosos, perda de familiares
e amigos.
Adequar as condições do contexto e ambiente para favorecer os
contactos sociais, a intimidade…

Criação de grupos sociais; grupos musicais

UMA VIDA SAUDÁVEL

Relação pessoa cuidadora - pessoa idosa dependente

Devemos ter em presente algumas ideias-


base relativamente aos idosos:

Têm as mesmas necessidades e


direitos que qualquer pessoa;
Respeito pela diferença: individualidade;
Há que trata-los como adultos.

Condições para melhorar a comunicação entre ambos:

Falar de maneira clara;


Utilizar todos os sentidos (olfacto, visão, tacto, gosto, audição);
Utilizar o contacto visual para manter a atenção;
Utilizar o ambiente como facilitador;
Frases simples e curtas;
Animar e reforçar respostas e repetições;
Atender a qualquer necessidade como demonstração de interesse.
Ideias para proporcionar uma relação orientadora

Recordar-lhes quem são. Tratá-los pelo nome.


Recordar-lhes onde estão, que dia é, se é manhã ou de tarde, dia da
semana…
Falar-lhes do que estão a fazer (vamos comer a carne, que é o segundo
prato de hoje).
Informar-se acerca de tudo o que se vai fazer para reduzir a ansiedade,
como, com quem, onde…
Fomentar relações de confiança.
Fomentar o humor.
Evitar agressividade, gritos, acções violentas.
Não fomentar confusão.
Pedir-lhes para fazer apenas aquelas coisas que conseguem.
Fomentar a conversação, sempre situando-se no tempo e no espaço
(como hoje é quinta, amanhã na sexta-feira às 10h vamos sair).
Falar com tom e volume adequado.
Falar no positivo.
Reforçar e estimular comportamentos autónomos, na medida das suas
capacidades, e evitar situações stressantes: vestir-se, andar, comer, falar e
qualquer resposta positiva (reforçar é igual a elogiar, dizer que está bem,
apoiar mediante expressões corporais, mediante linguagem não verbal.
Atenção à linguagem não verbal, tanto do idoso como do cuidador
(gestos, tom de voz…).
Em caso de confusão ou agressividade não mostrar agressividade
também. Actuar com tranquilidade e oferecer apoio para que o idoso se
tranquilize.

Recomendações para a prestação de cuidados de idosos com demência


Na demência existe uma redução progressiva da capacidade para
pensar, recordar, aprender e raciocinar, que com a passagem do tempo conduz
a uma incapacidade para cuidar de si mesmo e tomar decisões.

As actividades de cada dia

Procure que o paciente se mantenha numa rotina de actividades fixa e


ordenada, tentar que o idoso as realize autonomamente ou ajudá-lo a
completar suas acções.

Higiene e vestuário: Deixar a roupa ordenada. É melhor se for cómoda e fácil


de vestir.

In(continência): Se é incontinente, estabeleça um horário fixo para ir ao quarto


de banho (cada duas a três horas e sempre antes de adormecer).

Comida: Evite que se distraia. Escolha algo que se possa comer facilmente
com colher, a mão (fruta).

Exercício: Os passeios diários favorecem o descanso e previne doenças. Se


não pode caminhar, deve realizar exercícios na cama. Em fases de
incapacidade avançada ou inactividade: estimulação passiva, massagens…

Actividades: Tente manter aquelas actividades que tiveram e têm interesse


durante a vida por exemplo relacionado com o seu trabalho.

Sonho: Evitar as sestas (adormecimentos) durante o dia (somente uma sesta).


Geralmente, levantam-se de noite, quando de dia dormem muito.
Ideias chave para fazer frente aos problemas
A atitude da família deve ser de contínuo estimulo e ânimo para que
continue a manter as dificuldades que tem, mas não exija demasiado para não
expor a fracassos.
Mantenha o idoso em contacto com os seus familiares e amigos, ajude a
identificá-los e estimule a sua participação nas conversações. Empregue frases
curtas, assinale os objectos que falam. Se comete erros é preferível mudar de
tema ou corregir, mas evitando fazer comentários negativos diante do idoso.
A perda de memória do idoso pode conduzir a que este repita muitas
vezes a mesma pergunta, esquecendo rapidamente da resposta. A sua casa,
cara dos seus familiares podem resultar como novas todos os dias. É
importante orientar os idosos várias vezes ao dia relativamente ao tempo (hora,
dia, estação, ano), lugar (domicilio, cidade) e relacioná-lo com as rotinas diárias
(por exemplo: vamos jantar que são 21H).
É útil colocar relógios, calendários, recordações pessoais. Os objectos
pessoais devem guardar-se sempre em lugares fixos.
O idoso pode estar agressivo, insultar ou acusar a família. Às vezes é
uma forma de expressar a sua infelicidade e angústia pela perda constante da
memória; outras vezes pode estar aterrorizado ao não entender o que se passa
em seu redor. Não interprete como algo pessoal, tente acalmá-lo, se não
consegue abandone um pouco o local. Se vê ou escuta coisas estranhas,
tranquilize o idoso, mas não se comporte como ele. Se o idoso grita, tente
verificar se repete sempre a mesma situação para tentar evitá-la. Preste mais
atenção aos momentos de calma para estimular as condutas positivas.
Se deambula durante o dia ou de noite sem rumo fixo procurando
lugares, pessoas e objectos, tente que o idoso fixe a atenção noutra coisa,
distraia-o, ou então acompanho-o e ajude-o a encontrar o caminho de volta.
Elimine os obstáculos que podem favorecer as quedas. Se tenta sair para a rua
instale fechaduras pouco acessíveis e assegure-se de que o idoso leva sempre
consigo uma identificação pessoal.

CONSELHOS PARA UM ENVELHECIMENTO


SAUDÁVEL

Saia de casa, não se asilo em sua casa.


Não se isole da sociedade, procure novas amizades e relações ou
fomente as que possui.
Participe na vida familiar. As relações com os seus filhos, esposa, entre
outros… podem ter modificado com os anos, mais poderão ser mais
satisfatórias.
Integre ou participe em associações ou actividades recreativas.
Tente modificar certas atitudes rígidas.
Procure interessar-se mais pela informação relativa à comunidade,
povo, Estado. Não se acostume à pobreza de ausência de notícias. Recorde
que uma pessoa sem informação é uma pessoa sem opinião.
Continue a ler e a escrever com regularidade.
Jogue com os demais e não somente às cartas. Anime-se a manter e
aprender novas actividades lúdicas e recreativas.
Fomente agora que pode as suas anteriores inquietudes culturais
artísticas e culturais e se não as tiver, agora é o momento de aprender: pintura,
desenho, cerâmica, música…
Desenvolva colecções.
Aproveite para viajar.
Seja optimista, veja o lado positivo das coisas.
Reúna-se com os seus amigos, família, vizinhos.
Qualquer desculpa é boa para sair à rua.
Acostume-se a alguma actividade física, como um passeio. No início, se
sentirá cansado, é normal. O organismo irá por se habituar ao esforço.
Quando lhe falem, procure escutar. Notará que a sua memória aumenta.
Tenha relações e fale com gente de diferentes idades, diferentes estilos,
sexo… aprende-se muito com eles.
Desenvolva a sua imaginação.
Exercite-se mentalmente: leia, comente as notícias com alguém,
pergunte-se pela razão das coisas.
Se tem algum défice sensorial, corrija-o através de óculos, bengala, etc,
podem ser de grande ajuda.
Periodicamente pergunte-se a si próprio pelas suas atitudes, pelo seu
estilo de vida… está satisfeito? Gostaria de mudar?
É importante que mantenha uma dieta variada. Coma sempre na
companhia de alguém.
Se está obeso ou com baixo peso, consulte o seu médico.
Se tem algum problema, não pense que esses problemas são
inevitáveis na sua idade. Podem-se evitar.
Defenda os seus direitos como cidadão.
Disfrute do ócio e do tempo livre. Encontre actividades agradáveis que
produzem satisfação.
Se não consegue resolver os seus problemas, procure ajude
especializada.
Expresse seus sentimentos, interesses, dúvidas… a essas pessoas com
que tem uma relação pessoal mais estreita. Familiares e amigos ou um
profissional.
Após a reforma procure novos interesses, actividades, etc.
Tenha cuidado com os acidentes, caídas, etc. Reduza os riscos.
Evite hábitos prejudiciais para a saúde como fumar ou beber. Se lhe
custa prescindir dos mesmos, reduza-os ao máximo.
Preste atenção à sua higiene e auto-cuidado pessoal.
Se tem problemas depressivos: cansaço constante, ansiedade,
sensação de perda de interesse e satisfação vital, tristeza, insónia, sentimento
de não valer nada, autocrítica… não espere que passe o tempo e se torne
mais grave, procure ajuda.
Se está nervoso, procure relaxar-se. Pense em que situações se sente
realmente nervoso e procure evitá-las. A prática de exercício físico e a
manutenção de relações influenciam positivamente.
Não faça auto-medicação e tome sob prescrição médica.
Procure sentir-se bem consigo próprio. Expresse seus sentimentos,
aceite as coisas que tiveram lugar na sua vida e retire a importância aos
fracassos. Veja-se a si próprio, à sua família e amigos como o mais valioso que
possui.
Pense em quantas coisas da sua vida diária lhe podem trazer satisfação
e bem-estar. Disfrute delas muito mais.
Se considera que há muitas coisas para mudar e melhorar na
sociedade, procure formas e maneiras de influenciar na sua mudança. Todos
podemos provocar pequenas mudanças.
As relações sexuais são muito satisfatórias e importantes. Influenciam
muito positivamente na saúde quer psíquica, quer física.
Veja o futuro, viva o presente e recorde o passado.
Conte a sua história, suas recordações, etc. aos demais.
Procure fazer coisas novas.
Procure controlar seus pensamentos, não se deixe levar por
pensamentos negativos.
Em vez de se comparar com os demais, olhe para si próprio.
Fale no positivo.
Use sentido de humor, este faz com que se veja as coisas com mais
optimismo. Ria-se de si próprio, de vez em quando.
Seja flexível.
Seja objectivo consigo mesmo. Não se auto-critique, pelo menos
excessivamente.
A visão preconceituosa e negativa que prevalece na nossa
sociedade, reflecte-se nos livros para crianças, nos textos escolares, nos
romances e muitas vezes nos mass media: jornais, rádio e televisão.
Deste modo, aquela imagem negativa está constantemente a ser
reforçada. As expectativas negativas que esta situação acarreta tornam o
grupo de idosos como um grupo social problemático. Como resultado
disso, envelhecer torna-se por si só, um problema. Assim, a velhice
torna-se num período traumatizante e negativo.

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