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Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez

patologia da Nutrição e Dietoterapia II 

Nutrição em Indivíduos Vivendo com HIV

Histórico do HIV/AIDS Epidemiologia

A  AIDS  é  uma  doença  relativamente  nova,  se  formos  Atualmente,  estima-se  que  38  milhões  de  pessoas 
pensar  que  os  primeiros  casos  surgiram  em  1981/82,  estão vivendo com HIV no mundo.  
com  a  incidência  de  tumores  raros  em  indivíduos 
homossexuais,  associados  a  estados  graves  de 
depressão imunológica, 
Em  1984,  Montagnier  isolou  o  vírus  do  HIV  e 
progrediu,  em  1987  o  primeiro  medicamento 
desenvolvido,  que  foi  o  AZT.  Em  1990  já  haviam  8 
milhões  de  pessoas  no  mundo  com  a  doença  e  em 
1996,  a  Lei  Sarney  permitiu  a  distribuição  de  ARV 
(antirretrovirais) pelo SUS, o que ocorre até hoje. 
Em  2010  foi  desenvolvido  o  Truvada,  que  reduz  o   
risco de infecção pelo HIV.  →  Grande  concentração  de  contaminação  em  países 
da África. 
→  87%  das  pessoas  que  possuem  o  vírus  sabem 
que  possuem,  o  resto  não.  59%  possuem  o  vírus  de 
forma indetectável, apresentando baixo contágio. 
→  A  população  que  apresentam  maior  risco  de 
contaminação:  28x  maior  em  homens  gays,  pessoas 
que  usam  drogas  injetáveis  22x  maior,  mulheres 
profissionais  de  sexo  13x  maior  e  mulheres 
transexuais 13x maior. 
  →  Meninas  e  mulheres  são  mais  da  metade  dos  38 
  milhões de pessoas vivendo com HIV.  
1993:​ Brasil passa a fabricar AZT  →  Meta  para  2030  é  focar  nesses  grupos  de 
1996:​ Lei Sarney distribuição ARV pelo SUS  maiores riscos. 
 
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importante.  Indivíduos  com  HIV  têm  19%  mais  chances 


HIV X COVID 19 de adquirir TB. 
Em  2018,  10  milhões  de  pessoas  adquiriram  a 
No  contexto  da  pandemia  de  COVID  19  no  Brasil,  Tuberculose  e  1,5  milhão  morreram,  sendo  a  principal 
existem muitas pessoas vivendo com HIV. Preocupa-se  causa de morte nos pacientes com HIV. 
com  o  número  de  pessoas  que  tiveram  acesso  aos  Pessoas  com  HIV  precisam  estar  em  constante 
medicamentos  anti-retrovirais  devido  ao  lockdown  (que  rastreamento para tuberculose. 
se  mostrou  reduzido),  também  com  o  estresse  e   
saúde  mental  dessas  pessoas  durante  esse  período.  Formas de Transmissão
Também  preocupa-se  se  a  contaminação  de  pessoas 
HIV+  seriam  mais  afetadas  pelo  vírus, mas nada nesse  A  maioria  das  infecções  pelo  HIV-1  ocorre  por  meio 
sentido foi comprovado.  das  mucosas  do  trato  genital  ou  retal  durante  a 
relação sexual. 
 
Nas primeiras horas após a infecção pela via sexual, o 
HIV  e  células  infectadas  atravessam  a  barreira  da 
mucosa, permitindo que o vírus se estabeleça no local 
de  entrada  e  continue  infectando  linfócitos  T-CD4+, 
além de macrófagos e células dendríticas. 

   
  Obs.:  o  sangue  menstrual  também  pode  transmitir  o 
  vírus do HIV. 
HIV X Tuberculose Conceito

A  Tuberculose  era  erradicada  até  o  aparecimento  do  O  HIV  1  é  um  retrovírus  que  infecta  e  depleta  os 
HIV,  tendo  retornado  com  uma  prevalência  bastante  linfócitos  e  outras  células que apresentam a proteína 
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CD4  em  sua  superfície.  A  proteína  CD4  é  onde  o   


vírus vai ancorar no linfócito T.  Primeiro  vemos  o  vírus  e  o  gp120  se  ligando  ao 
  receptor  CD4.  Co-fatores,  como  o  CCR5  irão  ajudar 
A  infecção  leva  a  linfopenia  (redução  dos  linfócitos,  nessa entrada. 
pois  uma  vez  que  o  vírus entra e se multiplica e ele  Então  ocorre  a  fusão,  o  vírus  libera  o  seu  conteúdo 
mata  o  linfócito)  levando  a  depleção  das células TCD4  intracelular  dentro  do  linfócito  T,  a  enzima 
e  redução  da  imunidade  celular.  Deixando  o  sujeito  transcriptase  reversa  faz  a  cópia  do  DNA  (de  forma 
suscetível a doenças oportunistas e neoplasias.   reversa,  RNA  para  DNA),  ocorre  a  importação  desse 
  material  para  o  núcleo,  a  integrase  fará  a  integração 
Estrutura do vírus:  do  DNA  pró-viral,  terá  a  cópia, conformação de novas 
proteínas  virais,  formando  uma  nova  partícula  viral  e 
um  novo  vírus  que  fará  brotamento e é liberado para 
o  sangue  e  amadurece  para,  então,  infectar  novos 
linfócitos T. 
 
  Soroconversão  →  aproximadamente  3-5  semanas 
  após a infecção (presença de anticorpos). 
Os  testes  para  diagnóstico  de  HIV  identificam  Muito  importante  no  paciente  com  HIV  o 
diferentes estruturas.  monitoramento  do  Linfócito  TCD  4+  e  também  a 
A  proteína  de  membrana gp120 é quem irá ancorar no  contagem  da  carga  viral,  pois  dá  uma  dimensão  do 
receptor CD4 do linfócito.   quanto a infecção está avançada no indivíduo. 
Por  ser  um  retrovírus,  carrega  RNA.  A  enzima   
transcriptase  reversa  será  importante  para  copiar  o  Estágios da Doença por HIV
RNA. 
  Primeiro Estágio - Síndrome Retroviral Aguda 
Como ocorre a infecção:   Infecção aguda por HIV: 
❑  Tempo  entre  exposição  e  sintomas  :  2  a  4 
semanas;  Nesse  estágio,  as  pessoas  normalmente  não 
sabem que estão contaminadas. 
❑  Síndrome  Retroviral  Aguda  (SRA),  que  se 
apresenta  geralmente  entre  a  primeira  e  terceira 
semana após a infecção. 
❑  Achados  clínicos  de  SRA  incluem  febre,  cefaleia, 
astenia,  adenopatia,  faringite,  exantema  e  mialgia.  São 
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sintomas  de  viroses  comuns,  por  isso  não  há  um   


rastreamento para HIV.  Estágio 4 - SIDA / AIDS 
❑ A SRA é autolimitada e a maior parte dos sinais e  Se  até  o  estágio  3  a  pessoa  não  entrar  em 
sintomas  desaparece  em  três  a  quatro  semanas.  tratamento a doença progride para a AIDS/SIDA.  
Linfadenopatia,  letargia  e  astenia  podem  persistir  por   
vários meses.  Diagnóstico  reservado  a pessoas com pelo menos uma 
condição  clínica  bem  definida  potencialmente  fatal  e 
ligada à imunossupressão por HIV. 
 
Nos  estágios  anteriores,  lê-se no prontuário "paciente 
 
Estágio  2-  Infecção  assintomática  por HIV – Latência  portador  do  vírus  HIV".  Ao  ler  no  prontuário  que  o 
clínica  paciente  está  com  AIDS,  é  porque  ele  já  tem  as 
  doenças definidoras da AIDS, estando em um estágio já 
❏ Grande  interação  entre  as  células  de  defesa  e  as  avançado da doença. 
constantes e rápidas mutações do vírus;   
  Aparecimento  de  infecções  oportunistas  e  neoplasias 
❏ Exame  físico  costuma  ser  normal,  exceto  pela  são definidoras da AIDS. 
 
linfadenopatia​,  que  pode  persistir  após  a  infecção 
Infecções  oportunistas  destacam-se:  pneumocistose, 
aguda. 
neurotoxoplasmose,  tuberculose  pulmonar  atípica  ou 
 
disseminada,  meningite  criptocócica  e  retinite  por 
❏ Esse período pode durar anos. 
citomegalovírus. 
 
 
Estágio 3- Fase oligossintomática: 
Se  durante  o estágio 2 o indivíduo tiver o diagnóstico  As  neoplasias  mais  comuns  são  Sarcoma  de  Kaposi 

e  iniciar  o  tratamento  a  doença  estabiliza  e  não  (SK),  linfoma  não  Hodgkin e câncer de colo uterino, em 

progride  para  o  estágio  3,  ficando  com  a  carga  viral  mulheres  jovens,  também  são  doenças  definidoras  da 

indetectável.  AIDS.  A  contagem  de  LT-CD4+  está  abaixo  de  200 

A medida que a infecção progride:  céls/mm3, na maioria das vezes. 

❑  Sintomas  constitucionais  (febre  baixa,  perda   

ponderal,  sudorese  noturna,  fadiga),  diarreia  crônica,  HIV  pode  causar  doenças  por  dano  direto  a  certos 

cefaleia,  alterações  neurológicas,  infecções  bacterianas  órgãos  por  processos  inflamatórios,  tais  como 

(pneumonia,  sinusite,  bronquite)  e lesões orais, como a  miocardiopatia, nefropatia e neuropatias. 

leucoplasia oral pilosa, candidíase e herpes zoster.   


 
❑  Nesse  período,  já  é  possível  encontrar  diminuição 
 
na contagem de LT CD4. 
 
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Sarcoma de Kaposi:  Cerca  de  40%  das transmissões são feitas a partir de 


  pessoas que não sabem de seu diagnóstico. 
As  lesões  são  rosadas,  vermelhas,  purpúreas  ou   
castanhas.  Nos indivíduos de cor negra, algumas lesões 
são muito escuras, quase negras. 
 

 
 
“Janela imunológica”-​ intervalo entre a infecção e a 
detecção  de  anticorpos  por  técnicas  laboratoriais. 
Neste  período,  as  provas  sorológicas  podem  ser 
falso-negativas.  
Esse  é  o  teste  para  o  anticorpo,  mas  existem 
testes,  como  os  de  4∘  geração  que  procuram  o 
antígeno do HIV. 
   
Obs.:  Pessoas  que  aderem  ao  tratamento  e  estão  em  Realização  de  dois  testes:  triagem  e  confirmatório 
uso  da  TARV  (terapia  anti-retroviral)  tem  um  Objetivo:​ aumentar o valor preditivo positivo (VPP) de 
controle  muito  bom  da  doença  e  não  apresentam  um resultado reagente no teste de triagem 
esses sintomas.   
Obs².:  A  leucoplasia  pilórica  é  um  dos  cânceres  que  O ideal: 
podem ser identificado nos estágios iniciais.  • Primeiro teste: sempre o mais sensível 
  •  Segundo  teste:  mais  específico  (eliminar 
Diagnóstico falso-positivos) 
 
O  diagnóstico  precoce  do  HIV  e  o  tratamento  da  O  indivíduo  que  apresentar  resultados  reagentes  em 
infecção  é  a  maior  prevenção  para  novas  dois  testes  deverá  ser  encaminhada  para  consulta 
transmissões  e  a  maior  garantia  de  expectativa  de  médica  na  qual  deverá  ser  solicitado  o  teste  para 
vida e perspectiva de qualidade de vida.  quantificação  de  carga  viral  e  contagem  de  linfócitos 
  TCD4/CD8. 
 
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Profilaxia pré-exposição x Profilaxia


pós-exposição
A  profilaxia  pré-exposição  (PrEP)  é  para  grupos  de 
riscos  que  estão  expostos  a  uma maior chance de se 
contaminar  pelo  vírus,  é  um  medicamento  (cápsula) 
para ser tomado todos os dias, 
Profilaxia  pós-exposição  é  uma  emergência, como sexo 
sem  proteção,  violência sexual ou acidente de trabalho. 
Deve  ser  tomada  até  72h  após  o  incidente  e  por 
  durante 28 dias. 
 
Testes Rápidos para o Diagnóstico do HIV: 
 
Resultado em até 30 minutos: 
• Amostra de sangue obtida por punção venosa; 
•  Amostra  de  sangue  obtida  a  partir punção da polpa 
digital; 
• Amostras de fluido oral; 
 
Possui  uma  taxa  de  falso  negativos  (resultado 
negativo  em  quem  tem  o  vírus)  em  até  12%  das 
infecções agudas.   
 
Situações  ideais  para  a  realização  do  teste  rápido 
como rastreio de HIV: 
•  Populações  que  moram  em  locais  de  difícil  acesso  à 
saúde; 
•  Gestantes  em  trabalho  de  parto  que  não fizeram o 
acompanhamento no 
pré-natal; 
• Situações de acidentes no trabalho; 
•Populações  com  risco  sociais  com  grande possibilidade 
de perda de seguimento. 
 
 
 
 
 
 
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Terapia Antirretroviral Altamente Ativa (HAART) 
O  paciente  sem  o  uso da TARV se infecta, apresenta 
a  infecção  aguda,  cai  um  pouco  e,  ao  longo dos anos, 
entra  na latência clínica, que é um período de equilíbrio 
(aparecem  novas  partículas  virais,  mas  também  morre 
linfócito  T),  mas  chega  uma  hora  que  a  quantidade  da 
carga  viral  começa  a  aumentar  muito,  até  o  indivíduo 
entrar no diagnóstico da AIDS. 
 
O  indivíduo que faz o uso da TARV terá a redução da 
carga viral a níveis indetectáveis.  
Undetctable = Untrasmittable. 

 
 
Quando indicar a TARV? 
O  início  imediato  da  terapia  antirretroviral  está 
recomendado  para  todas  as  PVHIV  independentemente 
do  seu  estágio  clínico  e/ou  imunológico  (A1).  Isso  foi 
um grande avanço nos últimos anos. 
 
 
Terapia Anti-retroviral (TARV) 

 
Mesmo  se  não  houver  possibilidade  de  fazer  a 
contagem  de  TCD4+,  inicia-se  logo  o  TARV,  uma  vez 
iniciado ele não pode ser interrompido. 
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Por  isso  que  é  chamado  de  coquetel.  É  um 


agrupamento  de  medicamentos  que  tem  como objetivo 
alcançar  diversas  fases  de  replicação  do  HIV  no 
linfócito T. 
 

 
A  TARV  está  indicada  para  toda  gestante  infectada 
pelo  HIV,  independentemente  de  critérios  clínicos  e 
imunológicos,  e  não  deverá  ser  suspensa  após  o 
 
parto, independentemente do nível de LT-CD4+. 
 

 
   
A  imagem  acima  mostra  o  esquema  de  ação  dos 
medicamentos.  Temos  os  medicamentos  inibidores  de 
integrase,  que  impedem  que  o  pró-vírus se integre ao 
DNA  humano.  Os  inibidores  de  protease,  que  impedem 
a  produção  de novas cópias de células infectadas pelo 
 
HIV.  Os  inibidores  de  fusão  inibem  a  entrada  do  HIV à 
 
célula  do  linfócito  TCD4.  Os  inibidores  de 
Interação Medicamento / Alimento
transcriptase  reversa  nucleosídeo  e  inibidores  de 
transcriptase  reversa  não-nucleosídeos.  O  primeiro  O Ministério da Saúde liberou a última tabela em 2006, 
tem  ação  na  enzima  da  transcriptase  reversa  (que  sendo  um  pouco  antiga.  Alguns  medicamentos  devem 
faz  a  cópia  do  RNA  em  DNA  defeituoso)  e  o  ser  consumidos  com  e  sem  alimentos,  por  exemplo,  o 
não-nucleosídeo  bloqueia  diretamente  a  ação da enzima  Abacavir,  com  alimento,  pode  diminuir  a  irritação  GI. 
e impede a multiplicação do vírus.  Didanosina  30  min  antes  ou  2h  após  a  refeição, 
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aumentando  a  eficácia,  absorção  e  biodisponibilidade  do   


medicamento.  É  importante que o nutricionista adeque  ❏ Dislipidemia 
o  plano  alimentar  de acordo com os medicamentos que  Ocorre em aproximadamente 70% dos pacientes. 
o paciente faz uso.   
Os  medicamento  riscados  na  tabela  abaixo  não  estão  ✓ ↑ Colesterol Total; 
mais sendo comercializados.  ✓ ↑ LDL Colesterol; 
  ✓ ↑ Triglicerídeos; 
Síndrome da Lipodistrofia do HIV ✓ ↓ HDL colesterol. 
(SLHIV)   
  ❏ Alterações Glicêmicas 
❏ Pacientes  tratados  com  terapia   
anti-retroviral  de  alta  potência  (HAART)-  ✓Glicemia  de  jejum  >  100  mg/dl/ADA*  (normal  70-99 
terapia  combinada  estão  sujeitos  à  mg/dL); 
lipodistrofia;   
  ✓Intolerância  à  glicose:  glicemia  2h  após  sobrecarga 
❏ Risco  aumenta  duração  do  tratamento,  a  oral  com  glicose  >140  mg/dl/ADA*  (normal  até 
idade  do  paciente  e  o  nível  de  139mg/dL); 
imunodeficiência;   
  O  diagnóstico  do  diabetes  é  feito  com  valores  de 
❏   Efeito  colateral  da  terapia  com  IP  e  alguns  glicemia  de  jejum  maiores  ou iguais a 126mg/dL ou de 
inibidores da transcriptase reversa (NRTIs).  glicemia  duas  horas  após  uma  refeição  maiores  ou 
  iguais a 200mg/dL 
 
Tratamento
 
  •  Mudanças  no  estilo  de  vida  (exercício  físico, 
IMPACTO DA LIPODISTROFIA:  orientação nutricional) 
• Pode ocorrer discriminação pelos alterações corporais;  •  REdução  na  exposição  aos  ARV  (modificação  da 
• Alteração da imagem corporal;  TARV  somente  indicado  para  a  lipoatrofia  associada 
•  Problemas psicológicos, depressão (podem cursar com  aos ITRN - AZT); 
resistência ao medicamento TARV)  •  Tratamento  farmacológico  para  as  alterações 
•  Redução  da  aderência  à  medicação  (resistência  ao  metabólicas  (fitato  e  estadina  para  aumento  de 
medicamento e mutação do vírus, fazendo com que ele  colesterol) 
pare  de  responder  ao  medicamento  posteriormente.  é  •  Tratamentos  cirúrgicos  para  reconstituição  das 
um paciente com o controle da doença mais difícil)  reservas adiposas. 
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Componentes da Avaliação Nutricional 


 
Pesquisa  de  Fatores  de  Risco  Cardiovascular: 
Tabagismo,  hábitos  alimentares,  HAS,  dislipidemia,  DM, 
sedentarismo e antecedente familiar p/ DCV* 
 
* Identificar e corrigir modificáveis; 
 
Avaliação do Estado Nutricional
Fisiopatologia da Síndrome da
A) Antropometria 
Lipodistrofia
• Peso corporal; 
• Estatura; 
• IMC; 
• Circunferência de Cintura; 
• Circunferência do pescoço. 
 
  B) Bioquímica: 
Lembrando  que  a  LPL  está  no  endotélio  captando  Avaliação das Alterações Metabólicas: 
triglicerídeos  para  dentro  do  tecido  adiposo.  Portanto,  Lipídios: CT, HDL-C, LDL-C, TG; 
a  inibição  faz  com  que  mais  gordura  circule  no   
sangue.  Já  o  GLUT4  vai  para  a  membrana  fazer  a  Perfil  lipídico:  a  cada  3-4  meses  ou  após  modificação 
captação  de  glicose  e  sua  inibição  faz  com  que  a  na utilização da TARV 
entrada  de  glicose  na  célula  seja menor, aumentando a   
glicemia.  Além  disso,  esses  medicamentos  levam  à  •Ácido úrico** 
alteração na diferenciação de adipócitos.  **  Acompanhar  efeitos  colaterais  de  estatinas,fibratos, 

  hipoglicemiantes orais 
Monitorando a Síndrome da Lipodistrofia do HIV:   
  C) Avaliação Clínica: 
Avaliação dos fatores de risco  • Pressão Arterial; 
  • Pesquisa de sinais clínicos de lipodistrofia 
❏   Realizar  avaliação  antes  da  introdução  da   

TARV e anualmente durante a TARV estável;  D) Avaliação das Alterações Metabólicas: 


Glicemia: 
 
Perfil  glicêmico:  a  cada  3-4  meses  ou  após 
modificação na utilização da TARV. 
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  aliada  às  consequências  da  infecção  aumentam  as 


Tratamento da Síndrome da Lipodistrofia chances de desenvolver sarcopenia. 
do HIV  
Então  a  sarcopenia,  de  forma  geral  vai  aumentar  o 
✓ Hipolipemiantes/hipoglicemiantes;  acúmulo  de  gordura  no  músculo  o  que  vai  diminuir  a 
✓Tratamento  nutricional-  Utilizar  critérios  do  capacidade funcional do músculo (força).  
NCEP/sociedade  brasileira  de  Cardiologia  para  população   
em geral; 
 
✓ Atividade física. 
Esperado: Melhora do perfil metabólico. 
 
Sarcopenia: 

 
O  Ministério  da  Saúde  apresenta  uma  manual  de 
recomendações  para  a  prática  de  atividades  físicas 
para pessoas vivendo com HIV e AIDS. 
 
O  guia  orienta  a prática de, no mínimo, 30 minutos de 
atividade  física  moderada  (cinco  dias  por  semana)  ou 
de  20  minutos  de  atividade  intensa  (três  dias 
semanais). 
Esses  hábitos  levam  à  melhora  marcadores 
inflamatórios, metabólicos e cardiovasculares. 
→  O  envelhecimento contribui para o desenvolvimento 
 
de sarcopenia no HIV.  
Avaliação do Estado Nutricional 
→  Ativação  crônica  do  sistema  imune  pela  presença 
 
do vírus favorece uma disfunção mitocondrial aumenta 
Considerar na investigação: 
o  catabolismo  de  proteína  muscular  e  também 
✓ Lipodistrofia (pode ser central ou periférica) 
aumenta o acúmulo de gordura no músculo. 
✓  Desnutrição  (apesar  de  ter  acúmulo  de  gordura 
→  Além  disso, não ter uma alimentação adequada com 
em regiões) 
baixo  consumo  de  proteína e deficiência de vitamina D 
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✓  Sarcopenia  (baixa  quantidade  de  massa  magra  e  ao  volume  total  de  gordura  no  organismo 
FORÇA,  que  pode  atrapalhar  nas  atividades  diárias  saudável; 
como preparar o alimento etc)  ✓  DCT:  Atenção  P<10!  Chama  atenção  para 
✓  Sobrepeso/obesidade  (podem  complicar  ainda  mais  Lipoatrofia. 
as  alterações  metabólicas  do  paciente,  e  o  remédio   
pode causar um aumento de peso)  ATENÇÃO  DCT:  Lipodistrofia  ocorre  redistribuição  da 
  gordura  com  diminuição  do  tecido  adiposo  subcutâneo 
❏ A  OMS  recomenda  avaliação  rotineira  desse  e acúmulo de gordura no compartimento visceral. 
paciente;  “No  HIV  os  efeitos  negativos  da   
desnutrição  são  comumente  evitáveis,  mas  Parâmetros de Adiposidade Corporal: 
não facilmente reversíveis”  ❏ Perímetro  da  cintura  –  adiposidade  visceral  – 
  RI.  Quanto  mais  alto,  provavelmente  maior  a 
❏ A  American  Dietetic  Association  (ADA)  resistência à insulina. 
preconiza  intervenção  nutricional  logo após o   
diagnóstico.  ❏ RCQ,  relação cintura/estatura = preditores de 
  risco DCV. 
1- Avaliação antropométrica:   
  Lipoatrofia < P10; 
✓ Realizado no momento do diagnóstico;  Lipohipertrofia central: RCQ> 0,95 H e >0,85 M 
 
✓ Anual ou semestral nos assintomáticos; 
✓ 2-6 vezes/ano sintomáticos. 
 
❏ IMC (OMS, 1998); 
 
 
 
PARÂMETROS DE MASSA MAGRA 
 
•  Circunferência  Muscular  do  Braço  –  ​atenção  <  P10! 
Pode  indicar  depleção  de  massa  magra,  assim  como  o 
parâmetro de força. 
•  Perímetro  da  Panturrilha  –  pacientes  >  60  anos; 
  Depleção: PP<31 cm 
 
•  Ângulo  de  fase  –  redução  dos  valores  associados 
❏ Dobras  cutâneas:  Medem  quantidade  de tecido 
com progressão da doença e mortalidade 
adiposo subcutâneo → diretamente associada 
 
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2- Avaliação Laboratorial  Tratamento Nutricional 


   
❑  Hemograma:  anemia  por  efeito  colateral  de  Objetivos: 
fármacos.  ✓  Reduzir  complicações  e  os  sintomas  de  infecções 
❑ Perfil Lipídico:  oportunistas; 
✓ TG: Podem estar elevados pelo uso dos TARV;  ✓  Os  efeitos  colaterais  de  drogas  que  interfiram na 
✓  CT:  ↑  por  hábitos  alimentares  inadequados  ou  ingestão e absorção de nutrientes; 
lipodistrofia (monitorar frações: LDL-c, CT, HDL-c);  ✓ Melhorar a qualidade de vida dos pacientes. 
❑ Glicemia;   
❑ Hemoglobina glicada.  PROJETO DIRETRIZES: 
 
 
3- Avaliação Clínica 
 
 
❑  Avaliar  sinais  e  sintomas  de  deficiência,  história 
clínica, intercorrências; 
❑  Observar  interações  fármaco-nutrientes:  doses, 
recomendações,  efeitos  colaterais  e  interação  com 
nutrição. 
❑  Semiologia  nutricional  (avaliar  olhos,  cabeça, 
 
bochecha…). 
 
 
O  paciente  em  uso  de  TARV  é  assintomático.  Então 
4- Avaliação dietética 
muitas  vezes  não  é  necessário  ofertar  as 35 kcal. É 
 
possível  ofertar  30  e  avaliar  se  o  estado  nutricional 
❑  Verificar  a  ingestão  alimentar  (lista  de  frequência 
se mantém adequado. 
de consumo alimentar e registro alimentar de 3 dias); 
 
❑  Comparar  adequação  VET  ingerido  com  VET 
Fase  aguda  normalmente  ocorre  no  paciente  que  ou 
prescrito; 
não faz a TARV ou não está aderente à TARV. Nesse 
❑ Listar alimentos de melhor aceitação; 
caso, o aporte proteico é aumentado. 
❑ Verificar uso de suplementos sem indicação. 
 
❑ Verificar uso de dietas da moda. 
Carboidratos: 
 
•  45-60%  do  VET  –  LDL-c  acima  da  meta  ou  com 
presença co-morbidades; 
• 50-60% LDL-c dentro da meta; 
 
Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez

❏   Priorizar  carboidratos  complexos  e  fibras:   


auxiliar  na  saciedade,  controle  glicêmico  e  da  Orienta  o  uso  de  óleo  de  peixe  quando TG> 500mg/dL 
síntese endógena de TG.  e  HDL  <40mg/dL,  objetivando  de  forma  complementar 
  ao tratamento com fibratos. ​Porém não define a dose! 
Lipídios:   
  American Heart Association: 
❏   25-35%  VET:  LDL-c  dentro  ou  fora  da  ❏ Comer  peixes  gordos  (atum,  arenque,  salmão, 
meta;  sardinha): duas vezes/semana; 
  ❏ Recomendação  da  American  Heart  Association 
❏   No  caso  de  má  absorção  manifestada  por  para  prevenção  de  ​DCV=  2  a  4g  EPA  + 
diarreia  prolongada  -  dieta  hipolipídica,  usar  DHA/dia​.  O  nutricionista  encontra  essa  faixa 
TCM se ultrapassar 30 dias;  para  trabalhar.  Claro,  priorizando  sempre  a 
  alimentação. 
 
Vitaminas e Minerais: 
❏   Plano  alimentar  contemplando  DRI  vitaminas 
e minerais. para todas. 
❏   100%  RDIs  Vitamina  A,  B  e  C,  zinco  e 
selênio (Projeto Diretrizes, 2011). 
 
Deficiência de micronutrientes  
•  Micronutrientes  →  componentes  essenciais  do 
  sistema imune 
Projeto Diretrizes (HIV), 2011:  •  Associadas  à  piora  do  sistema  imune  (↓  CD4), 
Suplementação  com  ácido  graxo  ômega-3  reduz  progressão da doença, maior mortalidade 
triglicérides  sérico  e  ácido  araquidônico  na  fração  dos  • Prevalência variada 
fosfolipídios  e  parece  diminuir  a  lipogênese  associada  •  Causas:  aumento  do  metabolismo,  má  absorção, 
com a síndrome metabólica.  inadequada ingestão alimentar 
   
Dosagem de Ômega-3 
Vitamina  A:  deficiência  associada  à  transmissão 
vertical HIV (resultados conflitantes) 
 
B1,  B2,  B3,  B6,  B9,  B12:  ingestão  e  níveis  séricos 
  associados à sobrevida 
Protocolo  Clínico  e  Diretrizes  Terapêuticas  para  o   
Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos (MS, 2013): 
Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez

C  e  E:  ​deficiência  associada  a  estresse  oxidativo  => 


replicação viral 
   
Zinco:  deficiência  associada  ao  aparecimento  de   
infecções oportunistas  2) Afecções na Cavidade Oral 
  ❑  Consistência  de  acordo  com  aceitação-  L,  SL  ou 
Selênio:​ deficiência associada à maior replicação viral  pastosa; 
  ❑ ↓ Sal; 
Líquidos:  ❑  Excluir  alimentos  e  preparações  ácidas,  temperos 
❏ 30-35 mL/Kg/dia;  picantes, bebidas gasosas; 
❏ Febre: ↑ ≈ 250mL a cada grau;  ❑ Evitar temperaturas extremas. 
❏   Uso  de  ARV-sensação  de   
xerostomia/indinavir- cálculos renais  ✓  Indicar  os  alimentos  preferidos  para  estimular  o 
  apetite; 
  ✓ Realizar pequenas refeições, várias vezes ao dia; 
Recomendações Nutricionais nas  
Complicações do HIV / AIDS  
3) Náuseas e Vômitos 
TRATAMENTO NA DIARRÉIA EM PVHIV  ❑  Preferir  alimentos  salgados  e  secos:  torradas, 
 
cream cracker e cereais; 
1) Diarréia 
❑  Alimentos  de  mais  fácil  digestão:  batatas  cozidas, 
❑ Tratar causa; 
arroz, frango, iogurte, maça, pêra, banana; 
❑ Continuar se alimentando; 
❑ Fracionar as refeições (5-6 refeições/dia 
❑ Ingerir bastante líquidos reidratação); 
❑ Mastigar bem os alimentos 
 
Projeto Diretrizes, 2011:   
A  suplementação  via  oral  com  30  g  de  glutamina  por  ✓  Não  ingerir  líquidos  durante  as  refeições - agrava 
dia  reduz  a  gravidade  da  diarreia  associada  ao  a náusea; 
tratamento  com  inibidor  de  protease  em  pacientes  ✓  ​Evitar:  alimentos  gordurosos,  cafeína  (ex:  café, 
com HIV/AIDS.  chá), excesso de condimentos e álcool; 
✓ Comer em ambiente tranquilo e agradável. 
 
4)  Boca  seca  (xerostomia)  e  dor  ao  deglutir 
(odinofagia) 
❑ Xerostomia comum na AIDS e dificulta a ingestão. 
Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez

❑  Consumir  alimentos  macios  e  amassados:  abóbora,  Recomenda-se  abstinência  de  carnes  cruas  ou  mal 
abacate,  mamão papaia, iogurte, banana, sopa, creme de  passadas e peixes crus; 
vegetais;   
❑ Beber água gelada, suco e sopas.  Ovos  devem  ser  bem  cozidos,  não  consumir  ovo 
  quente,  pochê  e  qualquer  preparação  contendo  ovos 
EVITAR:  crus. 
❑ Alimentos muito salgados;   
❑ Alimentos que precisam de muita mastigação. Ex:   
vegetais crus;   
   
OBS:  Presença  de  cândida-  ↓  Consumo  de  açúcar,   
mel e doces- podem agravar o quadro.   
   
Segurança Alimentar   
   
Essas  questões se aderem ao paciente que não faz o   
uso da TARV.   
   
Devido à vulnerabilidade das pessoas com depressão   
imunológica  (linfócito  T  CD4  <  200  cel/mm)  aos   
patógenos  provenientes  dos  alimentos  e  da  água,  a   
segurança destes é uma preocupação;   
   
Pessoas  com  HIV→  Instruir  nas  práticas  de   
segurança para alimentos e água em casa   
Evitar realizar refeições fora do domicílio!!!   
   
Usar  somente  água  mineral  ou  filtrada,  quando  não   
for possível deve ser fervida e clorada;    
   
Legumes,  verduras  e  fruta  devem  ser  lavados  em   
água  corrente  e  deixados  de  molho  em solução clorada   
por cerca de 15 minutos;   
   
 

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