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Ruído Contínuo ou Intermitente

O ruído é um dos principais agentes físicos presentes nos ambientes de


trabalho, em diversos tipos de instalações industriais ou atividades
profissionais.

Por sua enorme ocorrência e visto que os efeitos à saúde dos indivíduos
são consideráveis, é um dos maiores focos de atenção dos Higienistas e
profissionais voltados para a segurança e a saúde do trabalhador.

A1) SOM
Por definição, som é uma variação da pressão atmosférica capaz de
sensibilizar o ouvido humano.

Veja o diapasão:

 Amplitude da onda,
 Comprimento da onda, e
 Tempo de duração dessa onda.
BARULHO (ou RUÍDO)
Por definição, barulho é quando o som chega no ouvido humano de forma
destorcida resultando em incômodo.

NÍVEL DE PRESSÃO SONORA (PA) – DECIBEL (dB)


Como os sons podem incluir uma gama muito grande de variação de pressão
sonora, que vai de 20 μPa até 200 μPa (Pa é a unidade Pascal), seria pouco
prática a construção de instrumentos para a indicação direta da pressão
sonora.

Para contornar essa questão, foi criada a escala logarítmica de relação de


grandezas, denominada decibel – dB.

Uma outra definição de Som a seguir;

Som é a oscilação da pressão que nosso ouvido consegue detectar.

O menor valor de pressão sonora que o ser humano consegue perceber


(ouvir) é 20 µPa ou 0,000020 Pa.

O maior valor de pressão sonora que o ser humano pode suportar é 200 Pa
(ou 200 x 106 µPa).

Para facilitar a vida de todos, foi criado o dB, com a seguinte fórmula;

NPS = 20 x log (P/Po)

O decibel não é uma unidade em si, mas sim uma relação adimensional
definida pela equação acima.

Onde;
NPS = nível de pressão sonora (dB)
Po = pressão sonora de referência (menor pressão = 20 µPa)
P = pressão sonora encontrada no ambiente
1 Pa = 106 µPa

Pascal é uma unidade de pressão definida como a aplicação de uma força


distribuída sobre uma área:
A unidade de medida da pressão é newton por metro quadrado (N/m²). A
pressão pode também ser exercida entre dois sólidos. No caso dos fluídos o
newton por metro quadrado é também denominado pascal (Pa).

Comprovação;

1) Cálculo do dB para 20 µPa:


NPS = 20 x log P/Po = 20 x log 20/20 = 20 x log 1 = 20 x 0 = 0

2) Cálculo do dB para 200 Pa (200 x 106 µPa):


NPS = 20 x log 200 x 106/20 = 20 x log 10 x 106 = 20 x log 107
= 20 x 7 = 140

Portanto, o espectro de ruído em µPa é de 20 µPa a 200 Pa (ou 200 x 106 µPa)
ou em dB, de 0 a 140.

0 dB  limiar de audibilidade
140 dB  limiar de dor
CURVAS DE PONDERAÇÃO OU DE COMPENSAÇÃO
O anexo 1 da NR-15 determina os limites de tolerância em função da máxima
exposição diária permissível;

Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em dB com


instrumento de medição de nível de pressão sonora operando no circuito de
compensação “A” e circuito de resposta lenta “SLOW”.

As leituras obtidas nas medições devem ser feitas próximas ao ouvido do


trabalhador.

Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de


tolerância fixados no quadro acima.

Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário (entre 2 níveis


da tabela), será considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao
nível imediatamente mais elevado.

Por exemplo;
Nível de ruído de 97 dB(A), que não está na tabela, será considerada para fins
de tempo de exposição o nível 98 dB(A), e portanto, o tempo de exposição
será 1 hora e 15 minutos.

A máxima exposição é de 115 dB(A) para trabalhadores que não estiverem


adequadamente protegidos, e nesse caso, a situação é considerada de “
risco grave e iminente”.
Cabe lembrar, que a taxa de incremento de duplicação de dose (q) no
quadro acima (NR-15) é 5, que significa que a cada 5 dB(A) no aumento do
nível de pressão sonora, o tempo máximo permitido cai pela metade. Quando q
é 5, o nível médio de ruído é dado em nível médio (Lavg).

Mas algumas publicações (NHO-01 da Fundacentro, por exemplo) definem o


valor de q como sendo 3, significando que a cada 3 dB(A) no aumento do
nível de pressão sonora, o tempo máximo permitido cai pela metade, e nesse
caso, o nível médio de ruído é dado em nível equivalente (Leq).

DOSE
Cada limite de exposição fixa um tempo máximo de exposição para
determinado nível de ruído, porém sabe-se que praticamente não existem
tarefas profissionais nas quais o trabalhador é exposto a um único e
perfeitamente constante nível de ruído durante a jornada.

O que ocorre são exposições por tempos variados a níveis de ruído


variados.
Para quantificar tais exposições, utiliza-se o conceito de DOSE, resultando em
uma ponderação para cada situação acústica diferente, de acordo com o tempo
de exposição e o tempo máximo permitido, de forma cumulativa na jornada.
Calcula-se a DOSE de ruído da seguinte forma;

D = T1/P1 + T2/P2 + T3/P3 + ...........+ Tn/Pn

Onde;
D = dose de ruído
T = tempo de exposição a um determinado nível (1, 2, 3,....., n)
P = tempo de exposição permitido pela legislação para o mesmo nível (1, 2,
3,...., n)

Se o valor da DOSE for menor ou igual a 1 (ou 100%), a exposição é


admissível, mas se o valor da DOSE for maior que 1 (ou 100%), a exposição
ultrapassou o limite de tolerância, sendo inadmissível a sua exposição.

Exposições inaceitáveis denotam risco potencial de surdez ocupacional e


exigem medidas imediatas de controle.
EXEMPLOS
a) Se o tempo de avaliação do ruído for em 6h30min para uma dose obtida
de 87%, qual a dose projetada para 8h?

6h30min = 6,5 horas decimais


6, 5  87
8,0  Dose (8h)
D(8h) = 87x8/6,5 – 107%  Dose p/ 8h é 107%

Como D>100%, a atividade é insalubre.


b) Numa empresa, a exposição do Operador é a seguinte;
Nível de ruído na zona auditiva Tempo de exposição
85 dB(A) 4h
95 dB(A) 1h
68 dB(A) 1h
90 dB(A) 2h

D = 4/8 + 1/2 + 1/0 + 2/4 = 0,5 + 0,5 + 0 + 0,5 = 1,5 (ou 150%)

Como D>100%, a atividade é insalubre.

Se o resultado da Dose fosse menor de 100%, a atividade seria salubre.


Ruído de Impacto

O anexo 2 da NR-15 determina os limites de tolerância para ruído de impacto.

Entende-se por ruído de impacto, aquele que apresenta picos de energia


acústica de duração inferior a 1 segundo, a intervalos superiores a 1 segundo.

Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de


nível de pressão sonora operando no circuito linear e circuito de resposta
para impacto.
As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de
tolerância para ruído de impacto será de 130 dB e nos intervalos entre os
picos, o ruído existente deverá ser avaliado como ruído contínuo.

Em caso de não se dispor de medidor do nível de pressão sonora com circuito


de resposta para impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta
rápida – “FAST” e circuito de compensação “C”. Neste caso, o limite de
tolerância será de 120 dB(C).

As atividades ou operações que exponham os trabalhadores sem proteção


adequada, a níveis de ruído de impacto superiores a 140 dB (Linear),
medidos do circuito de resposta para impacto, ou superiores a 130 dB(C),
medidos no circuito de resposta rápida – “FAST”, oferecerão risco grave e
iminente.

Monitoramento de Ruído (ambiental)

Dosimetria de Ruído (pessoal)


Dosimetria de Ruído (pessoal)

Protetor Auditivo
Atenuação por protetor

1. Método longo (análise de frequência)


1. Método simplificado (valor único  NRR)
É a subtração direta do nível de pressão sonora do nº do NRR do
protetor auditivo em uso
2. Método corrigido (norma ANSI S-12.6 – 1984)

3. Método direto (sem correção) (norma ANSI 12.6 – 1997B)


Exercícios de atenuação por protetores auriculares
1) Método simplificado:

Exemplo
NRR do protetor auricular = 29
NPS recebida pelo funcionário = 86,9 dB(A)

NPS recebido c/ o protetor auc. = 57,9 dB(A)

2) Método corrigido (ANSI S-12.6-1994):

Exemplo
Fator de correção para o NRR:
o 25% para o concha
o 50% para o de inserção auto moldável
o 70% para os outros protetores

Se usar o protetor tipo concha marca MSA, modelo MARK V


o NRR = 27 dB (dado do fabricante)
o NRRsf= 18 dB (dado do fabricante

Se La = 90,0 dB(A), NRR = 27 dB e usuário de concha;


Fator de correção do protetor concha 25%

NRRsf = [NRR x (100-fator correção)/100] - 7


NRRsf = [27 x (100-25)/100] – 7 = [27 x 0,75] – 7
NRRsf = 13,25 dB

La = nível do ambiente
Lp = nível com proteção

Lp = La – NRRsf
Lp = 90 – 13,25
Lp = 76,75 dB(A)

3) Método direto (ANSI 12.6-1997B):


NPSc = NPS (em dB(A)) – NRRsf

NPSc = nível de pressão sonora com proteção


NPSa = nível de do ambiente
NRRsf= nível de proteção dado pelo fabricante
Exemplo
Se NPS amb= 90,0 dB(A)
NRRsf = 18,0

NPSc = 90 – 18 = 72 dB(A)
NPSc = 72 dB(A)
Nível médio de ruído (Lavg ou Leq)
É o nível ponderado sobre o período de medição que pode ser
considerado como nível de pressão sonora contínuo, em regime
permanente, que produza DOSE de exposição equivalente ao ruído real
flutuante, no mesmo período de tempo.

Quando q=5  Lavg = 16,61 x log (D x 8/T) + 85

Quando q=3  Leq = 10 x log (D x 8/T) + 85

Onde;
D = dose de ruído em fração decimal (dividir o resultado em % por 100)
T = tempo de amostragem (em horas decimais)

Tabela de combinação de níveis de decibéis

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