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Diretor: PEDRO CATALLO

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A IDÉIA É COMO A GOTA D'ÁGUA. PODE REFLETIR A IMENSIDADE. Correspondência: Caixa Postal 5739
> São Paulo
ANO I NÚMERO 6 SÃO PAULO, JULHO DE 1967 PREÇO NCr$ 0,20

FABRICANTES DE GUERRA
Ê muito comum ouvirmos tados Unidos e Inglaterra. tes em cada país, encrustados ras têm o cuidado de deixar gunda passaram-se pouco Quando um pacato cidadão
dizer que a História nunca se Sempre essas velhas matro- nos meandros governamen- que uma geração de jovens mais de vinte anos. E da se- que nunca pensara em matar
repete e freqüentemente adu- nas a incendiarem o mundo ! tais, nos parlamentos e nos amadureça e que outras este- gunda guerra mundial para a ninguém, entra para a caser-
zem, como «sólido» argumen- Enquanto que os árabes e so- ministérios, especialmente os jam em pleno sazonamento terceira, que já está cientifi- na, tem que abandonar to-
to, aquela imagem infantil e bretudo o Egito e a Síria, são que se relacionam com o mi- para então provocar e orde- camente e calculadamente pre- das as suas cogitações pacifis-
descolorida de que «cada mi- abastecidos pela União Sovié- litarismo. É uma rede de nar as matanças coletivas que parada, medeiam, também, tas e preparar-se para apren-
nuto que passa as coisas já tica, a velha raposa que, sob bandidos internacionais que hão de consumir as toneladas pouco mais de vinte anos. der a matar. Ali chegando
não são as mesmas. Não sa- o manto do socialismo, põe em mercadejam com as vidas hu- de armas sigilosamente arma- Precisamente o tempo neces- não tem outra alternativa se-
bemos em que setor da vida prática o imperialismo mais manas como se estas fossem zenadas. O grau de sadismo sário para que as novas gera- não a de esquecer completa-
prática tem aplicação essa ções de moços estejam aptas mente aquele mandamento
simplista conclusão. Mas, o para serem esvisceradas nos que diz : NÃO MATARÁS.
que é certo é que, ao longo da cruentos campos de batalhas. Põe-se-lhe nas mãos estranhas
história a humana, encontra- Isto é velho na história hu- ferramentas que tem que
mos acontecimentos que se re- mana e continua se repetindo aprender a manejar com des-
petem sempre, sistematica- em nossos dias com a mesma treza e maestria. E quanto
mente, com os mesmos princi- precisão, com o mesmo signi- mais destro e arrojado fôr
pios, os mesmos arrazoados e ficado, com os mesmos intui- nessa macabra profissão de
as mesmas finalidades. As tos e finahdades. E quando matar gente, calculada e im-
guerras, por exemplo, são as guerras terminam, nin- punemente, mais honrosa se-
umia constante na trajetória guém ganhou nada, todos per- rá a sua situação e até a gló-
universal e, embora superfi- deram;. Apenas salvaram-se ria lhe poderá sorrir.
cialmente possam aparentar os poderosos fabricantes de Quando a psicologia aplica-
divergências de motivações e armas, que, apuradas as ver- da, a psiquiatria, a psicaná-
seu conteúdo político e eco- dades, são os verdadeiros e lise e outros ramos da ciência
nômico nivela-as todas. diretos responsáveis dos gran- médica, desdobram-se no es-
Não somos movidos, em des morticínios coletivos. Os forço continuado de recons-
nosso consueto comentário, donos das indústrias bélicas truir individualidades, de re-
por pruridos de sabedoria his- são verdadeiras potências den- compor desajustados, de res-
tórica. Longe estamos disso e tro das potências ; eles não tabelecer caracteres, de res-
desde já resignamos quadquer fazem, somente armas, fabri- taurar, em suma, a persona-
desafio. O que, deveras, nos cam também partidos políti- lidade humana tão desperso-
aparvalha é o cinismo voraz, cos, fazem deputados, elegem nalizada pelas profundas ma-
destruidor, dos fabricantes de governos que irão exportar zelas sociais, é incrível e inad-
armas que nunca desanimam ou importar armamentos e missível que se continue a
na produção macabra dessais preparar guerras para vender macerar, a distorcer, a defor-
ferramentas mortiferEis e, os volumosos estoques de ar- mar, a delicada e tênue alma
também, a revoltante indife- mas que já se encontram de- humana, com a repulsiva arte
rença dos povos que não li- vidamente encaixotadas, per- de matar. É mister que as
gam a mínima importância feitamente calibradas, esme- gerações modernas se movam
ao meticuloso preparo dessas radamente polidas e prontas decididamente no sentido irre-
matanças coletivas. Não se para estraçalhar vidas huma- versível de abolir definitiva-
pode imaginar maior tragédia nas. Na indústria da morte, mente todos os tipos de guer-
para um povo do que uma cada aparelho bélico que dali ras, quer sejam parciais ou
declaração de guerra. As pio- sair, tem que ter a precisão mundiais. Essa mocidade ir-
res coisas do mundo aconte- reverente e infrene, que exte-
cem nessas beligerantes épo- matemática de não errar o rioriza o seu descontentamen-
cas que obedecem a sórdidos alvo e quanto maior fôr o es-
trago que possa causar, mais to através de modas descon-
planejamentos friamente con- certantes, de músicas e cantos
cebidos. E apesar de tudo meritória será a sua aprova- febricitantes, e que, entretan-
isso, estas coisas se repetem 'Cemitério das Nações Unidas' Fruto dos Fabricantes de guerra ção. Todo esse aparelhéunen-
to, fica indiferente à tremen-
com uma precisão quase ma- to feito com tanto capricho
e esmero, não tem outra víti- da fogueira universal que ve-
temática, e os povos nelas desavergonhado e a mais es- pipocas. A vida de um gar. que corre nas veias destes fe- lhos caducos já estão prepa-
participam sempre, entusiàs- ma como se fosse um rico
pantosa e sanguinária ditadu- . boso jovem, cheio de vigor e rozes espécimens deve che- manjar. E se um soldado, rando, deve voltar a sua aten-
tícamente, tomando partido ção para este crime coletivo,
previamente determinado pe- ra. É óbvio o interesse que saúde, ciosamente criado pe- gar ao sui)erlativo incontrolá- levado por sentimento huma-
essas exportadoras de armas los pais, está pendente de uma nitário, (procurasse desviar as antes que seja tarde demais.
los escusos interêteses dos fa- vel da ciêincía, pois, de outra A máquina de triturar vidas
bricantes de material bélico. têm nos conflitos armados do bala que está sendo fabrica- forma, estariam^ recluídos em balas era lugar de alojá-las no humanas já está preparada.
Num relatório amplamente Vietnã, do Oriente Médio e da não se sabe onde e nem severos manicômios. corpo do inimigo, certamen-
te seria severamente punido A indústria da guerra traba-
divulgado na França mostra nas monstruosas catástrofes quando, mas que está a êle lha a todo vapor. Cuidado
que Israel recebe seus arma- bélicas mundiais. Esses pro- destinada através de guerrais A História se repete, sim ou fuzilado talvez. Daí se
senhores ! Desde a primeira conclui que a arte de matar moços !
mentos da parte ocidental, vocadores de sangueiras hu- cronomètricamenté prepara-
principalmente da França, Es- manas têm seus representan- das. Os fabricantes de guer- guerra mundial • para a se- começa nos quartéis. Pedro Catallo

Aíinal, que somos!? (Um prefácio deMonteiro Lobato)


Continuação do n.o anterior — Uma só, — evoluir. esse Deus tem, porque saiu do recebem com sinceríssimos tas já é um Deus de Bondade cias dos nossos "eus" desen-
E, pois, a intuição de Sün- misticismo do macho humano e "graças a Deus" qualquer coi- e Infmita Misericórdia. É an- carnados, que já tem alcançado
Sündartará, a Ignorante, dis- dartará ensinou ao "guru" a o macho humano sempre puxou sa de inabitual que aconteça. tropomórfico, porque bondade e o mais alto grau da evolução
se um dia a um"guru" seu um tempo três coisas supremas: todas as brasas para a sua sar- Se numa sessão de "fenômenos misericórdia são qualidades hu- que lhes é própria. Quer dizer
amigo, que andava cheio de a Sob. evivência, a Divindade e dinha. E tem figura humana físicos" a força do médium faz manas. E ainda não de todo que a Lei da Evolução alcança
pensamentos de morte material; o Fim. porque o homem nada pode que a corneta ou o pandeiro liberto da marca antiga. A fa- também Deus. Leva Deus, do
"Deves ver-te como de fato és: — A Sobrevivência eu com- conceber acima ou além de si íosíorecente se ergam no ar em mosa Prece de Charitas apare- odiento Jeová bíblico a uma
um espírito em roupagem ter- preendo o que é, mas, a Di- próprio. Fossem os homens levitação, o coro de "Graças a ce em muitas sessões reciladas espécie de generosa e larga
rena. A verdadeira pessoa, o vindade? leões e Deus teria a magestosa Deus", que sai de todas as bo- com uma pequena alteração tí- Opinião Pública Universal.
"eu" que és, não é este teu juba. E se o homem fosse mi- cas, é a própria unção vocali- pica: "O tú que podes com um Uma espécie de Consciência
— O status de Deus. Cósmica, formada pela fusão de
corpo, como eu não sou este nhoca. Deus seria um minho- zada. sopro abrasar toda a terra". O
meu corpo — coisas frágeis e — E que é Deus? prestígio de Jeová ainda trans- todas as consciências individu-
cão. A Divindade Suprema en- Para aquela gente ali reuni-
sofredoras. Somos espíritos — Uma emanação de nós tre os negros da África tem a parece nesse Deus com possibi- ais já livres da roupagem ter-
mesmos em nossa totalidade es- da. Deus ainda é um Ditador rena e já numa altíssima "es-
imortais e divinos. Portes e pele negra; já os demônios Invisível, Onipotente e Onisci- lidades abrasadoras. E, por-
inalteráveis. Sempre tendentes piritual. O Deus comum, an- africanos são alvos de pele e tanto, cumpre adorá-lo e te- tação de repouso" do processo
a melhorar, a aperfeiçoar, a trcpomórfico, feito à imagem e ente, relembrativo dos deuses
louros. Na multiplicidade da da antigüidade Estes não sa- mô-lo, mantê-lo afastado de evolutivo.
apurar nossas qualidades. Es- semelhança do homem, é uma idéia que fazemos de Deus, Nas sociedades humanas te-
criação tão pobre que faz sor- biam viver sem a permanente qualquer irritação por intermé-
tamos neste momento em mis- persiste irredutível o antropo- fumigação de suas celestiais na- dio de continuas lisonjas. Daí mo- a opinião pffnlica — voz
são aqui na terra, que não sa- rir. Não há qualidade ou de- morfismo, como persistiria o da nossa consciência coletiva —
feito humano que esse Deus rinas com o cheiro de carne o coro de "Graças a Deus",
bemos qual seja, mas que fi- lombricimorfismo se fôssemos assada dos animais queimados numilíssimos e sinceríssimos, voz de uma soma. Quando o
nalmente será para o nosso não tenha. Vêmo-lo odiento co- minhocas. desvario alemão permitiu o
mo um racista, no feroz Jeová nas aras de sacrifícios. Ou do arrancados do imo da alma.
bem" sangue quente das vitimas. Para o filósofo êsse coro não é crime de Hitler, essa consciên-
Sündartará era uma bailarina bíblico Aparece sadista como O Deus dos espíritas é leito
estritamente à imagem dos di- Eram eminentemente olfativos. mais que a evolução da fumaça cia coletiva Fe ergueu e "abia-
indiana reencarnada, toda ins- um Inquisidor dominicano, no sou" a Afemanha, como Jeová
Deus de Felipa II. E no Mo- retores de "sessões de carida- O Moloch de Cartago dava pre- e do sangue dos .sacrifícios, ou
tinto e intuições, e o "guru" ferência ao odor dos assados da medrosa genuflexão do ser- abrasou as cidades de Gomorra
um sábio que ainda não alcan- loch dos cartaginenses témo-lo de". Êsse Deus dos espíritas é
um em Allan Kardec, o trans- infantis. No "Nazareno" de vo diante dum perigoso Gengis- e Sodoma. De degrau em de-
çara o doce Nirvana do per- como precursor dos "maestros
de torturas" de Buchenwald.. formador do cristianismo em Sholem Aech há uma prodigio- Khan onipotente, com a más- grau êsse Deus Social ascende
feito ceticismo, pois, ainda sa descrição — duma cena sa- a Deus Universal. Os nossos
afirmava e negava. Jugava-se A ciência ensina, com a tre- espiritismo. Já viria um pou- cara da bondade no rosto.
menda rigidez de quem diz e co em Flamniarion, o astrôno- crlficial de crianças. O Deus Mas a ciência e a filosofia "eus" desencarnados e já eiar
c'ominador de todas as ciências Católico da Espanha de Felipe altíssimos estágios de evolução,
e prtes — mas foi aprender a prova, que o Deus comum, e mo que na gravitação das es- vão levemente invadindo os
ainda universal, é puro antro- feras via o desígnio dum "Jon- II, queria a fumaça dos judeus domínios teológicos e aperfei- fundem-se num todo Divino:
coir-a suprema com a bailarina e mouros torturados no "Que- numa consciência Universal.
que nada sabia: "Somos imor- pomorfismo É uma idealização gleur Supremo". E é outro çoando a idéia de Deus. Para
do homem com todas as suas para a massa dos freqüentado- madero" de Sevilha. alguém Deus não passa de uma
tais e divinos".
— E a missão? qua idades e defeitos, Até sexo res das sessões espiritas, que O Deus moderno dos espíri- sombra ou fusão das consciên- Continua na pághia 2

ATA ^^^^

unesp^ Cedap
Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa
Faculdade de Ciências e Letras de Assis
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AUTORITARISMO
ERICH FROMM biològicamente condicionada
pela sobrevivência dos mais
A iperversão masoquista,
com sua fruição intencional e
domasoquistas em crianças
pequenas, presumiu que o sa-
deste trabalho) de que as
pessoas masoquistas estão to-
ginal de insignificância. Co-
mo podemos entender isto ?
Continuação do n.o anterior aptos, a sede de poder foi ex- consciente da dor ou humi- domasoquismo fosse um «im- madas por um terror à soli- Podemos imaginar que ao tor-
plicada como parte da nature- lhação, atraiu a atenção dos pulso parcial» que regular- dão e à insignificância. Fre- nar pior um medo a pessoa
za humana, que não admite psicólogos e escritores antes mente aparece no desenvolvi- qüentemente este sentimento está tentando remediá-lo ? É
Para muitos observadores, não é consciente; muitas ve- isto, com efeito, o que o ma-
o sadismo pareceu menos des- outra explicação além da ovi- do caráter masoquista (ou mento do instinto sexual. Jul-
masoquismo moral). Cada gou que as tendências sado- zes é disfarçado por senti- soquista faz. Enquanto eu
concertante do que o mstso- dente. mentos compensatórios de me debato entre meu desejo
quismo. O íato de alguém Os anelos masoquistas, con- vez mais, porém, foi sendo masoquistas nos adultos se
reconhecido quão de perto as devam a uma fixação de evo- eminência e perfeição. Contu- de ser independente e forte e
querer magoar ou dominar tudo, as tendências dirigidas do, se penetrarmos suficiente- meu sentimento de insignifi-
outros assemeliiava-se, se não contra o próprio eu, sempre tendências masoquistas que lução psicossexual da pessoa
descrevemos inicialmente são em um plano primitivo ou a mente a fundo na dinâmica cância ou impotência, vejo-me
necessariamente «bom», pelo pareceram enigma. Como se inconsciente dessas pessoas, enredado em um conflito
menos assaz natural. Quer se poderia entender o fato de afins da perversão sexual, e uma ulterior regressão a este.
que ambos os tipos de maso- Mais tarde, Freud ficou cada encontraremos infalivelmente atormentador. Se consigo re-
trate da esposa, do íilho, de que houvesse gente que não aqueles sentimentos. O indi- duzir meu ego individual a
um auxiliar, de um garcão ou só fazia questão de menos- quismo são essencialmente vez mais convencido da im-
um único fenômeno. portância daqueles fenômenos víduo sente-se «livre» no sen- nada, se posso vencer a cons-
de um mendigo na rua, há prezar-se, debilitar-se e ma- tido negativo, isto é, sozinho ciência de minha independên-
um sentimento de «amor» è goar-se, como ainda gostasse a que deu o nome de maso-
Certos psicólogos supuse- quismo moral, uma tendência com seu eu e enfrentando um cia como indivíduo, posso li-
até de gratidão por esses ob- de fazer isso? O' fenômeno ram que desde que há pes- mundo estranho e hostil.
do masoquismo não será uma para sofrer não fisica porém vrar-me desse conflito. Sen-
jetos de sua dominação. Êle soas que querem submeter-se tir-me absolutamente mesqui-
pode imaginar que quer do- contradição de toda a nossa mentalmente. Êle salientou Nesta situação, para citar
e sofrer deve haver um «ins- também o fato de que as ten- uma eloqüente descrição de nho e inerme é um modo de
minar as vidas deles ipelo fato imagem do psiquismo huma- tinto» que tenha este mesmo
no como sendo voltado para dências masoquistas e sádicas Dostoiévslíi, em «Os Irmãos alcançar tal meta ; outro é
de amá-los muito; na verda- objetivo. Sociólogos, como ficar acabrunhado pela dor e
de, êle. os ama porque os do- o prazer e conservação indi- são sempre encontradas jun- Karamazov», êle não tem «ne-
Vieriíand, chegaram à mesma tas a despeito de sua aparen- pela agonia, e outro ainda é
mina. *Êlc os suborna por vidual? Como se pode expli- conclusão. O primeiro a en- nhuma necessidade mais pre-
car que alguns hom.ens sejam te contradição. Sem embar- mente do que a de encontrar ser dominado pelos efeitos da
meio de coisas materiais, de saiar uma explicação teórica embriaguez. A fantasia do
elogios, de declarações de atraídos por êle e tendam a go, êle modificou sua expli- alguém a quem possa entre-
mais completa foi Freud. A cação teórica dos fenômenos suicídio é a última esperança,
amor, de mostras de espírito incorporar naquilo que todos principio, êle pensou que o gar, o mais depressa possí-
nós nos esforçamos tanto pa- masoquistas. Imaginando que vel, o dom da liberdade com caso todos os outros meios te-
e inteligência, ou de demons- sadomasoquismo era um fe- nham falhado em dar alívio
tração de interesse por eles. ra evitar: dôr e sofrimento? há uma tendência de origem que, pobre dele, nasceu». O
nômeno intrinsecamente se- biológica para a destruição, ao peso da solidão.
Êle pode dar-lhes tudo — tu- Há um fenômeno, no entan- xual. Observando práticas sa- indivíduo assustado busca al-
do — tudo exceto uma coisa: que pode ser dirigida, seja guém ou algo a que possa
to, que prova que o sofrimen- contra os outros seja. contra Em certas condições, estes
o direito a serem livres e in- to e a fraqueza podem ser a prender seu ego; não supor- anelos masoquistas são relati-
dependentes. Esta constela- si mesmo, Freud alvitrou que ta mais ser seu próprio eu
meta dos anelos humanos: o masoquismo é essencial- vamente bem sucedidos. Se o
ção é, via de regra, encontra- a perversão masoquista. Ne- individual e tenta, frenètica- indivíduo encontra padrões
da nas relações entre pais e mente o iproduto deste cha- mente,"descartar-se dele e re-
la, vemos que pessoas de ple- mado instinto de morte. Su- encontrar outra vez a segu- culturais que o satisfaçam
filhos. Nelas, a atitude de do- na consciência querem sofrer como a submissão ao «chefe»
minação — e de propriedade geriu ainda que este instinto rança eliminando esse fardo:
de uma forma ou doutra e de morte, que não pode ser na ideologia fascista), êle ob-
— é amiúde mascarada pelo sentem prazer nisso. Os as- o seu ego.
observado diretamente, amal- tém certa segurança ao verse
que parece ser preocupação sim pervertidos sentem exci- O masoquismo é um cami- muito unido a milhões de ou-
«natural» ou vontade de pro- gama-se com o instinto se-
tação sexual quando sofrem xual, aparecendo como maso- nho para atingir esse alvo. As tros que partilham dos mes-
teger um filho. O filho é co- dores a eles infligidas por formas diferentes assumidas mos sentimentos. Todavia,
locado em uma gaiola doura- quismo se dirigido contra a
outra pessoa. Esta, porém, própria pessoa e como sadis- pelos impulsos masoquistas ainda nestes casos, a «solu-
da, podendo ter tudo desde não é a única forma de per- têm uma só meta: descartar- ção» masoquista não é melhor
que saia da gaiola. O resul- mo se dirigido contra outros.
versão masoquista. Freqüen- Chegamos agora à princi- -se do ego individual, perder- do que jamais o são as ma-
tado é comumente um receio temente, não é a sensação -se f si mesmo ; por outras nifestações neuróticas: o in-
de amar por parte da crian- concreta de dor que é visada, pal questão: Qual é a origem
tanto da perversão masoquis- palavras, Desfazer-se' do far- divíduo consegue eliminar o
ça quando esta cresce, pois, mas sim a excitação e satis- sofrimento visível, mas não o
«amor», para ela, subentende fação derivadas do fato de se ta quanto dos traços de ca- do da liberdade. Este objeti-
ficar presa e obstada em sua ráter masoquista? Além dis- vo é evidente nos anelos ma- conflito e a infelicidade silen-
estar fisicamente prêfeo, en- so, qual é a origem comum ciosa. Eis, entretanto, o que
própria procura da felicidade. fraquecido ou inerme. Muitas soquistas em que o indivíduo
aos impulsos masoquistas e tenta sujeitar-se a uma pes- o estudo dos distúrbios emo-
Hobbes considerou como vezes, tudo o que é desejado aos impulsos sádicos? cionais e mentais ensinou-nos:
uma «inclinação geral da hu- na perversão masoquista é soa ou poder que considera
ser tornado fraco «moralmen- A direção em que se en- iíresistívelmente superior. (In- que o comportamento huma-
manidade», a existência de no pode ser motivado por im-
«um desejo perpétuo e insa- te», pelo fato de se ser tra- contra a resposta foi já su- cidentalmente, a convicção de
gerida no começo deste capí- força superior de outra pessoa pulsos provocados pela angús-
ciável de ter cada vez mais tado como uma criança ou de tia ou por outro qualquer in-
poder, que só cessava com a ser repreendido ou humilha- tulo. Tanto os impulsos ma- é sempre interpretada em
do de qualquer maneira. Na soquistas quanto os sádicos termos relativos. Pode ba- suportável estado de espírito,
morte». Para êle, o desejo de que tais impulsos tendem a
poder não possui uma quali- perversão sádica encontramos tendem a auxiliar o indivíduo sear-se quer na força real da
a satisfação oriunda de atitu- a evadir-se a seu intolerável outra pessoa, quer em uma superar esse estado e, no en-
dade diabólica, porém é um tanto, simplesmente masca-
resultado perfeitamente ra- des correspondentes, isto é, sentimento de solidão e impo- convicção da total insignifi-
tência. Observações psicanalí- cância e ímpotêlicia de si mes- ram suas manifestações mais
cional do desejo humano de de magoar outras pessoas fi- flagrantes, ou nem sequer
prazer e segurança. Dfesde sicamente, de amarrá-las com ticas e outras de natureza em- ma. No sentimento masoquis-
Hobbes até Hitler, que expli- cordas ou correntes, ou de pírica fornecem amplas pro- ta de pequenez constamos estas.
ca o desejo de dominar como humilhá-las por meio de pa- vas (que não posso citar aqui uma tendência que serve pa-
lavras ou atos. O Medo à Liberdade sem ultrapassar a finalidade ra agravar o sentimento ori- (Cont. no próximo número)
conseqüência lógica da luta

AFINAL, QUE SOMOS!?...


CENTRO DE CULTURA SOCIAL - Conclusão da l.a página
O Deus antropomórfico está
ligado à idéia de "criação"
— Com que então Deus...
— ... Está subordinado à lei
ca evolução. É uma super-
esta pergunta, meu caro Pedro
Granja, ao mostrar-nos o gigan-
te.-co esíôrço dos espíritas, esses
cegos que não se conformam
porque o fenômeno da criação Consciência Universal que evo-
com a cegueira, esses aleijados
ABAIXO A GUERRA biológica está aqui no planeta
sempre esfervilhando em nosso
lui, e da crueldade que íoi no
tempo de Jeová, de Moloch, de
que tentam apalpar, esses sur-
dos que tentam ouvir, por in-
redor. Vendo o continuo nas- Baal, do Deus de Felipe II, já termédio dos olhos, do tato e
CIDADÃO! cer de seres novos o homem é hoje o Deus de Bondade e dos ouvidos interiores da me-
esquece o princípio de Layoi- Infinita Misericórdia dos espi- diundade. Desse sexto senti-
No momento em que a paz do mimdo está sendo conturbada pelas laba- sier e imagina um Pai, um ritas. Mas ainda "criador", do, ou o que seja, que certas
redas sinistras da guerra, que lampejam em alguns quadrantes da Terra com Ciiador Supremo. Mas Lavol- "pai", — restos do antropo- criaturas possuem e por meio
sier disse que "nada se cria, morfismo. do qual tentamos a ligação do
sinais evidentes de um conflito mundial, o Centro de Cultura Social, coerente
nada se destrói, tudo apenas se Nós, "eus", somos — propõe passarinho ainda dentro da
com a sua doutrina de íratemidade universal, lança o sfceu protesto contra essa transforma". A idéia de que o filósofo — uma diluição de gaiola com os passarinhos já
nova sangueira que se pretende praticar. "nada se cria" implica a não Deus no Universo, uma dinami- fora dela, que, livres do estado
A nossa voz de revolta, mais do que mn simples protesto, é imii clangor existência da "criação". E, zação de Deus, porque é com a orgânico, vivem a vida de ondas
que alerta e que conclama a todos os cidadãos do mundo, sem distinção de raças, pois, também a de "criador". nossa evolução individual que, hertzianas pelo espaço Imenso.
O Unive/so não foi criado, no íim, contribuímos para a Ondas hertzianas dotadas de
de pátrias e de i-eligiões, para como verdadeiros irmãos, por em alto os coirações sempre existiu. E não será des-
e proclamar a falência dessas sórdidas manobras urdidas pelos maquiavélicos formação do Deus Total, como inteligência, consciência e me-
truído, porque "nada se des- o pequeníssimo polipo dos ma- mória. ,,
donos de fábricas de armamentos. trói". Apenas evoluirá eter- res da Oceania vai, lentamente,
Quando, o monstro da guerra marcha já ^ passos largos para.imia, nova namente. Lavoisier o disse e inconscientemente, numa paci- O assunto é grande demais,
fechou a questão. Ainda não entíssima concreção calcárea, meu caro Pedro Granja, e co-
carnificina universal, todos os povos, luiidos, devem estender as suas mãos por mo posso eu, pretencioso átomo
apareceu argumento nenhum formando a gigantesca i'.ha de
cima de fronteiras e demarcações geog-ráficas, num cesto de sublime fraternidade que aluisse essa fortaleza. dos mais ínfimos — átomo só
cc:al. Deus: resultante da
e de sentida repulsa a esse jogo macabro de entreveros bélicos. Quando mais — E o ládio? A destruição evolução dos nossos "eus" de- convencido de que nada sabe
uma vez se pretende cobrir de luto o mimdo inteiro, devastando cidades, destruindo da matéria pela radiação? pois de soltos das nossas atuais e nada pode saber — prefaciar
lares, bombalrdeando escolas, chacinando crianças, mulheres e velhos, e tudo isso — Não liá ai destruição da gaiolinhas fisiológicas e depois um livro que é um quadro
matéria. A fisica atômica mos- de galgados todos os degraus imenso da nossa cegueira e da
para gáudio de meia dúziii de loucos que sabem manter-se bemi longe do fogo dos tra que a matéria apenas se nossa impotência, nesse deses-
canhões, a atitude enérgica dos homens de consciência reta e de coração bem for- da Metempsoicose.
transforma em energia, isto é, perado eífõrço dos vivos para
mado, deve fazer-se sentir com todas as conseqüências no sentido de abolir defi- evolui para energia. E é da — Mas, AFINAL, QUEM VER O QUE É INVISÍVEL E
energia que sai a matéria. O SOMOS? COMPREENDER O QUE E
nitiva.mente as práticas abomináveis das guerras.
Não devemos permitir que as novas gerações sejam massacradas e sií- Eterno Retorno, o Circulo... Vccé respnde neste livro a INCOMPREENSÍVEL?
vam de carne de canhão como foram as gerações passadas. Todas as mães do
mundo devem, unís.sonas, aglutinar todas as forças dos seus sentimentos mater- ARTE- Espelho das aspirações...
iiais e negiwem-se a entregai* seus filhos para essa nova mortandade coletiva que Conclusão da última página martírios para impor um ca- ros "condutores de almas",
está se preparando. A guerra é lun acontecimento militar brutalizante, que pros- Na idade contemporânea, as pricho que custou tantos sofri- que com seu gênio orientam o
titui, que degenera e desajusta, criando as terríveis NEUROSES DE GUERRA e revo'uções não poderiam de- mentos. A arte entende qu" pensamento humano; são sem-
as legiões intermináveis de inválidos e mutilados que são o tormento continuo senvolver-se eficientemente só não há disciplina superior que pre os que dirigem o espírito
com a ação exterior, mas me- a imposta por si mesma. Em com seus entusiasmos e aspi-
do tempo de «PAZ». matéria de arte, bem como em rações". A arte nos eleva e
d'ante auxílio da vontade in-
O.T povos não querem guerras, os povos buscam lun entendimento mú- terior. Até hoje, de tropeço outras aplicações intelectuais, o nos ar, anca da vida material,
tuo à solução de qualquer atrito internacional que por inépcia de seu represen- em tropeço, os homens mata- sacrifício de rendimento posi- levando-nos em suas asas dou-
tantes possa surgir. Os conceitos modernos da vida e as possibilidades de cada lam-se para impor a outro.» tivo é o consagrado a uma ati- radas para uma vida superior,
homens certas regras de convi- vidade em benefício comum. nas regiões do esquecimento,
nação são valores suficientes para por cobro a toda tentativa de reviver as dan- afastando-nos do trivial e ma-
vência, donde os sangrentos Os artistas são os verdadei-
tescas situações sofridas na primetjra e na segunda guerra mundial. As riquezas terial, preparando-nos uma
consumidas e destruídas na última guerra bastariam para proporcionar à abun- existência de gozo e sensações
dância a milhões de criaturas atiradas à miséria. Não permitamos qvie essa infâ- inefáveis, somente reservadas
Nós precisamos de seu tempo : aos grandes espíritos
mia se repita e façamos com que, toda essa riqueza que está prestes a ser des-
perdiçada numa nova hecatombe universal, reverta em benefício de povos famin-
Queremos que V. leia déalbar inteirinho CAMPIO CARPIO
tos que cliimam por um pouco de pão e justiça. Nós precisamos do seu dinheiro :
Queremos que V. dê uma contribuição AVISO IMPORTANTE
Se a guerra é um mal, deve ser combatida.
para que dealbar continue saindo Para evitar transtornos
Se a paz é um bem, deve ser defendida !
Abaixo a guerra! Viva a paz! Viva a fraternidade universal!' O Dealbar não tem preço : toda correspondência e
valores devem ser diri-
Dê quanto V. acha que êle vale
São Paulo, junho de 1967. gidos em nome do
Ou quanto V. possa dar. Diretor.

DEAIJíAR — Julho de 1967 — Página 2

ATA ^^^^

unesp"^ CZedap
Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa
aculdade de Ciências e Letras de Assis
10 11 2 23 24 25 26 27 2í 29 30 31 32 33
Centro de Estudos "José Oiticica"
o Cojnta dxx
o conhecido e combativo
SJOJUâ
tanto gostam de viajar de gra- nal é devorado em pagamen- a essa sangradura oficializada
1— Problema do Oriente Médio —i
Ê fato incontestável que a crise no Oriente Médio
deputado federal Sr. José Lurtz ça nos aviões da União. E hou- tos ao funcionalismo público. que enfesa e debilita a finança nos tenha afetado* tão objetivamente. Prova concreta
Sabiá, participan-lo do progra- ve também deputados que usa- A nc<-so ver, as declarações brasileira. São revelações estas, de que o mundo vai se tomando único.
ma "Roleta Paulista" do Canal ram as verbas anuais dos cin- do citado legislador ressaltam verdadeiramente desencorajan-
5, tez interessantes declarações qüenta milrões, para beneficiar dois fatos de suma gravidade tes porque excluem a possibili- Como entidade cultural o Centro de Estudos
Que não devem escapar aos te- os próprios "Prontos Socorros", dade de se equilibrar a faixa
que eram piopriedades suas financeira po país, dado que «Professor José Oiticica» não podia ficar indiferente
lespectadores votantes. Nessas
declarações, o irriquieto repre- particulares. Estas e outras conta apenas com 48% do or- às realidades sociais, econômicas e políticas de nossa
sentante popular mostrou, sem desconcertantes revelações fo- çamento total, para atender a época. Ciunpre, tanibém, que firmemos e assumamos
ambages, como os senhores ram feitas pelo combativo todos os outros setores vitais responsabilidades ante os últimos acontecimentos.
deputados, depois de eleitos e deputado que deplorou publica- da nação, inclusive a amorti-
em pleno gozo de suas depu- mente o deslavado comporta- zação dos grandes débitos ori- 1° — Somos entusiásticos defensores das expe-
tações, divorciam-se cinicamen- mento de alguns dos seus pares. undos das grossas quantias de
dólares que, seguidamente, os riências sociológicas das RIBUTZAS, seu progresso e
te dos interesses do povo, ao Todavia, o que mais terá es-
Qual, com ardor e humildade, tarrecido os telespectadores, poderes públicos recebem do ex- realidade de meio século, mas isto não implica em
juraram lealmente defender. será a declaração que fêz de terior. adesão incondicional a toda e qualquer veleidade
Alguns desses "Excelências" público e com certa indignação, A leonina porcentagem de agressiva e imperialistica do governo de Israel.
quando postulam votos nas Eôlare os duzentos mil funcio- 52% representa um pesado tri-
épocas ainda incertas das elei- nários públicos federais, que buto que a população paga a 1° — Somos visceralmente contrários ao regime
ções, assumem atitudes de au- recebem seus ordenados sem um funcionalismo público, cujo bonapartista de Nasser e da camarilha biu^uesa
tênticos mendigos, divergindo a que exerçam nenhuma ativida- eficiente desempenho está con-
substanciado nas intermináveis enquistada no poder, mas isto não eqüivale a um re-
semelhança, apenas, porque a de para a Nação. Se não fosse
saúde e a indumentária revela- reclamações do público em ge- púdio do autêntico povo árabe, levado por .seus di-
um autêntico representante do
-Ihes a categorifi social. povo que fizesse tão escanda- ral. Semelhante disparidade na rigentes a uma trágica aventura militar.
Segundo o depoimento públi- losa revelação, não acreditaría- «Roleta Paulista» distribuição da verba nacional,
co de Sabiá, deputados há que mos que tamanha vigarice, que explica o aumento contínuo, 3' — Somos Simpáticos às realizações democrá-
comparecem uma única vêz por tanto onera a Nação, se pro- pa a a vida da nação. Duzen- silencioso e inopinado, dos vá- ticas, sindicais e cooperativistas do povo de Israel;
mês à Câmara para receber os cesse sob as vistas complacentes tos mil funcionários arbitraria- rios tipos de impostos que agra- mas isto não significa uma aquiescência a valores re-
obesos honorários que lhes de chefes de Estado que alar- mente encrustados no deficitá- vam dia a dia a vida do ci-
brinda a confortável deputação deam honorabilidade e retilão rio Tesouro Nacional, e a des- dadão. O que mais dói é a ligiosos alienantes já superados, a segregação pato-
que não exercem. Outros "Ex- na arte de governar. O depu- pesa obrigatória de 52% para tristeza que há no canto de lógica, apoio ao capital explorador e ao Estado mili-
celências" dão o ar de suas tado Sabiá, com a franqueza manter esse peso morto de fun- um Sabiá que não pode entoar tarista em formação.
presenças uma ou duas vezes que lhe é peculiar, fêz saber cionalismo, estão a demandai harmoniosas trovas de uma al-
por semana. Esses devem ser, ainda ao público que o ouvia, urgentemente um novo critério voiada risonha para uma terra 4' — Somos opostos ao imi)erialisino nasserista
com toda certeza, aqueles que que 52% do orçamento Nacio- administrativo que ponha fim tão prodigiosa e tão sacrificada. e à idéia megalomântica do poder, fomentadas e
apoiadas pela denominada «Pátria do Proletariado»,
que levou o mísero «felah» passivamente ao mata-
douro da guerl-a.

TUfl ARMA, VOZ 5' — Somos frontalmente opostos aos governos


das grandes potências ocidentais incnementadoras de
guerras, traficando armas a israelenses e árabes, vi-
sando à conquista de pontos geográficos estratégicos,
objetivando o domínio do petróleo e a exploração dos
povos subdesenvolvidos.
1967
Paz na terra entre os homens. 6' — Distinguimos : GOVERNO de POVOS ! Se-
paramos o ESTATAL do SOCIAL ! Diferenciamos
1967 o POLÍTICO DO CULTURAL !
8.000 anos após o primeiro dado de manifestação da civilização humana,
colhido pela história, ergue-se o mundo moderno, as imensas metrópoles e 7" — Superando as fixações incestuosas de Pátria,
nelas o espírito alto, como seus prédios, da cultura, da arte, da experiência, Nação, Nacionalismo, Raças e Religiões, índice de
do conhecimento. imaturidade dos seres humanos, nos pronunciamos
19G7 pela confraternização dos povos árabes e judeus. Por
Quando o humano levou de vencida a natureza e a substituiu por seu mun- uma .sociedade díísenvolvida e humanizada do Oriente
do, e o estendeu pelo coração de todos os continentes. Médio. Por uma cultura basilarmente centrada no
homem.
1967
Quando o humano estende os braços da ciência e da técnica para lhe abrir CONTRA A RAZÃO DA FORÇA, PRECONIZAMOS
caminho à Marte e Venus. A FORÇA DA RAZÃO !
1967 CONTRA A MISÉRIA DA GUERRA, PRECONIZA-
Quando uma cápsula está pousada na superfície lunar. MOS A GUERRA Ã MISÉRIA !
CONTRA A BOMBA DA PAZ, PRECONIZAMOS A
1967
PAZ SEM BOMBA.
Quando a máquina começa a absorver todo o trabalho formal e anti-humano
e a libertar o homem para entregá-lo a autenticidade do ser. CENTRO DE ESTUDOS «PROF. JOSÉ OITICICA»
1967 Rio d© Janeiro, junho de 1967.
Em plena era da eletrônica, da medicina preventiva, da física nuclear, da
pedagogia científica, da parapsicologia.
1967
Há 33 anos do segundo milênio da era Cristã, ainda o espírito da guerra
EDUCAÇÃO, PROCESSO
paira inexplicável no horizonte do mundo, como um sol negro a ameaçar
o empenho e o gênio altruístico do trabalho de 267 gerações. DA VIDA
1967
Quando a ciência amplia todas as perspectivas e as multiplica e começa a A escola é, principalmente, zada no lar. A escola deve ofe-
prometer uma sociedade menos injusta e mais humana. uma instituição social. Sendo recer à criança essas atividades
a educação um progresso so- e reproduzi-las de modo a que
1967 cial, a escola é simplesmente pc sa aprender gradativamente
A insensatez toma com a clava da força a direção de todos os países da Terra. aquela forma de vida em co- seu sentido e que seja capaz
munidade em que foram con- de realizar seu papel com re-
1967 centrados todos os meios mais lação às mesmas. É uma re-
A magistral máquina da ciência fabrica só a capacidade da guerra. eficazes para levar a criança a cessidade psicológica porque é
participar dos recursos herda- o unico meio de assegurar a
1967 dos da raça e a utilizar seus continuidade do desenvolvimen-
Os poderes se assustam. próprios poderes para fins so- to da criança, o único meio de
1967 ciais. A educação é, pois, um proporcionar uma base de pas-
processo da vida e não uma sadas experiências às novas
O povo » Que povo ?!» preparação para a vida. A es- idéias dadas pela escola É,
1967 cola deve representar a vida também, uma neces.sidade so-
O conhecimento a cultura e a arte são mobilizados. presente, a vida tão real e vi- cial, porque a escola é uma
tal para a criança como a vi- forma de vida social vivida pe-
1967 vida em seu lar, na vizinhança 'a criança e da qual recebe sua
A própria pausa de paz canta um hino de guerra. ou no campo de ' esporte. educação moval. É tema da
A educação que não se rea- escola aprofundar e ampliar o
1967 liza mediante formas de vida, sentido dos valores concentra-
Que cada homem grite pela paz e faça ensurdecer ao perigo. formas que sejam dignas de dos em sua vida familiar.
serem vividas por si próprias, Grande parte da educação
Que ninguém aceííe alarme algum. será sempre um pobre substi- atual fracasa porque esquece-
Não há nenhuma atitude capaz de ferir nem honra, nem dignidade, nem tuto da realidade genuína e -se esse princípio fundamental
tende à paralização e à morte. da escola como uma forma de
caráter, nem pudor, de nenhum povo, de nenhuma nação, se por essa atitude A es'3ola, como instituição, vida em com.unidade. Esta con-
pode-se deflagar a guerra. deve simplificar a vida social cCàe a escola como o lugar on-
existente, deve reduzi-;a a uma de se dão Info mações, onde se
Há só uma coisa absolutamente inviolável, absolutamente indispensável no forma embrionária. A vida aprendem certas lições e onde
atual é tão complexa que a se formam hábitos. Tudo ten-
rói das coisas humanas : é a vida. criança não pode ser posta em do em mira o valor de remoto
Guerra é morte. contato com ela sem experi- futuro: a criança deve fazev
mentar confusão ou distração: essa? coisas por causa de ou-
Nenhuma morte parcial pode mover o homem a pactuar com o crime univer- ou fica abrumada pela multi- tras que deverá fazer; são me*a
sal de uma guerra suicida. plicidade de atividades que en- preparação. Como resultado,
contra, de tal sorte que perde não chegam a ser parte da ex-
O povo é o soldado e não haverá soldados de guerra se todos se alistarem no seu próprio poder de reagir or- periência vita^. da criança e
batalhão de soldados da paz. denadamente, ou é estimulada não são realmente educativas.
por essas diversas atividades, A educação moral deve ba-
Teu quartel-general é a vida. de tal modo que seus poderes sear-se nesta concepção de es-
^Teu ideal, o amor. são postos prematuramente em cola como um modo de vida
jogo, chegando a especializar- social; e a melhor e mais pro-
Tua individualidade a firmeza. y -se ou a desintcg.ar-se inde- funda preparação moral é pre-
Tua arma, a voz. vidamente. cisamente aquela que se adquire
Como vida social simplifica- nas devidas relações com os
Tua batalha é 6 grito. da, a vida escolar deve sur- outros, formando uma unidade
Tua vitória, a PAZ. Kopezky gir gradativamente da vida do- de trabalho e de pensamento.
méstica e deve assumir a con-
tinuação das atividades com as J. Dewey, no livro
quais a criança está familiari- "Meu Credo Pedagógico"

DEALBAR >- Julho de 1967 — Í>ágma 3

ATA ^^^__
Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa

cm 10 11 unesp"^ CZedap aculdade de Ciências e Letras de Assis


2 23 24 25 26 27 2í 29 30 31 32 33
E OS ESTUDANTES, HEM?
-se, alcançando sérias propor- soluções imediatas dos seus volvimento naturíil e evitar
O problema do ensino e do
analfabetismo no Brasil, que ções na esfera nacional. Bra- problemas, deve merecer a assim, as deformações morais Ki.-<la<;lu e Atlmioúlriit;^
Itu* KtihiDO dr Ulívcin. BS
sempre foram considerados sília, Minas, Rio, São Paulo e simpatia e a solidariedade de que tanto prejuízo causam nas CorK>ixmdi-auu: Caita PUEIIII G739
üéu 1'aulu
coisas acomodatícias e tran- outras localidades, tiveram toda a população, porque está relações interpessoEiis dos con-
suas ruas tomadas por gros- forçando a marcha para o pro- glomerados sociais. Se uma Ano 1 - Número 6 JULHO DE 1967 Preço N Cr$ 0.20
sigentes, tomaram, ultima-
mente, aspetos de verdadeira sas falanges de estudantes gresso que beneficia a nação criança nasce (e nascem mui-
agressividade em decorrên- que pediam um pouquinho de inteira. Quando se chega ao tas) e cresce sem a mínima
cia da passividade e desldia
com que são encarados pelos'
responsáveis diretos pela Edu-
ensino, como quem implora
um naco de pão para comer.
Estas recentes manifestações
ponto de ter de implorar umi
pouco de instrução com a mes-
ma avidez de quem pede um
probabilidade de beneficiar-se
do maravilhoso progresso
científico alcançado nesta épo-
ARTE
prato de comida, com toda ca do século vinte, devemos
cação Pública. A mentalida-
de burocrática do Estado não
acompanhou o crescimento
estudantis reclamando escolas
e a marcha dos mesmos para
a capital, e o corajoso acam-
certeza, o ordenamento políti-
co e econômico que nos rege,
dar pleno apoio às pílulas
anticoncepcionais que vêm li-
Espelho das aspirações humanas
demográfico do pais e não to- pamento deles ante o Palácio não mais se ajusta às neces- vrar dos preocupantes dilemas
mou conhecimento da nova do Governo, são atitudes valo- sidades e aos imperativos da da vida a milhões de nascedi- Para caminhar adiante dos diante da descoberta da arte-
mentalidade que espouca es- rosas e dignas de uma geração coletividade. Conhecemos ca- ços de incerta trajetória. homens, é necessário ver mais seja mais condescendente para
tuante na juventude hodierna. que parece não brincar com sos de amigos estudantes que, Falta de escolas e escolas longe que êles, disse um poeta. com seus semelhantes, refrean-
De sorte que, como sói acon- os problemas sérios do povo. para não perder a oarreíra abandonadas em francos des- Ver mais longe, sentir mais in- do seus impulsos animais, obe-
tecer, o Estado foi surpreen- A despeito da ação policial que se propuseram seguir, ti- moronamentos, por um lado; timamente as emoções da vida decendo ao raciocínio, que
did» por verdadeiras avalan- que, como sempre, se caracte- veram que abandonar o calor multidões de moços ávidos de que palpita ao nosso poder, torna a vida de relação mais
cfies de moços que não se con- rizou pela violência e incom- de suas famílias e aventura- saber e reclamando ensino, descortinar os segredos da na- fraterna e moralmente mais
formam em crescerem analfa- preensão, a ação direta dos rem-se sozinhos, para os Es- por outro, são contrastes cho- tureza que, ciumenta, oculta bela.
betos e reclamam energica- jovens estudantes, que deman- tados do Norte a fim de lo- cantes que definem a desor- aos olhos e ao entendimento in- A paixão na arte é um ideal.
mente e com justiça a aber- davam soluções práticas para brigar alguma vaga para os dem da «ordem» estabelecida, cultos, íazer da vida um hino A história artística está repleta
tura de novos estabelecimen- os seus propósitos e a curto seus estudos. que está a merecer um rema- 6 um culto musical à sinfonia de figuras singulares que dela
tos de ensino, onde adquirir a prazo, não esmoreceu e fina- Estas coisas depõem contra nejamento total que coloque da cõr e à harmonia do de- fizeram profissão de fé. Goya,
instrução necessária para en- lizou com certa Vitória parcial os mandatários do país, que em sua verdadeira finalidade senho. Tal seria, em síntese, por exemplo, foi pastor em
frentar as adversidades da vi- que, de qualquer modo, identi- se lamentam constantemente democrática. Estas coisas a misteriosa clave do artista. seus primeiros anos. Mais pró-
da, tão difundidas no presen- fica uma atitude consciente da falta de técnicos para in- acontecem porque o Estado Apaixonar-se pela beleza em ximo de nós, para mencionar
te regime social. e equilibrada. crementar a produção e de- vive como coisa aparte, aci- todas as suas manifestações, outro espanhol, SoroUa, aos
, Não obstante se diga que As legiões de moços, que ploram, também, a falta de ma das pulsações vitais da humanizar as coisas que nos quinze anos era ferreiro. Quem
a mentira semipre repetida to- durante dias seguidos ocupa- médicos para tirarem os ver- população ignorando-lhe as cercam, descobrir em cada pes- diria que suas mãos, calosas
ma feição de verdade, as pro- ram as manchetes dos jornais mes que vivem nas barrigas necessidades e os imperativos. soa que passa ao nosso lado o pela maça e a tenalha, pode-
messas sempre prometidas negam-se termínantemente a entumescidas dos habitantes O Estado em sua expressão intimo de sua alma através do rim tornar-se delicadas e age.s
pelos governantes que se su- passar pela humilhante situa- do campo, mas que entretan- democrática, deve estar em até dominar o lápis, a palheta
ção de carregar pela vida to, acusam uma negligência função da sociedade e não a olhar e da plástica, são con-
cedem no leme da governan- dições exigidas pela arte, O ar- e o pincel. Deixou a fornalha,
ça, acabaram por convencer adentro o ferrête vexatório- espantosa quando são chama- sociedade em função do Esta- estudou, aprendeu e venceu,
de analfabetos e resolveram dos a resolver os problemas do. Quando isto fôr uma rea-, tista tem que ser um poeta para
os estudantes de que deviam captar o conjunto da natureza Jentamente, por certo, porque
tomar posições definidas se agir por conta própria. E da instrução pública e do lidade, não haverá mais estu- além do esforço para aprender,
quando uma classe não mais analfabetismo em particular. dante sem escolas e o anal- desde um plano de harmonias
pretendessem alguma possí- de onde imprimirá o selo pes- outro esforço ainda maior foi
vel solução nas suas justifi- se conforma com as lamúrias A criatura humana, quando fabetismo será uma triste e
platônicas e retardatárias, adentra a sociedade, deve ter longínqua recordação. soal do ritmo e da melodia. iniciar o caminho. Dominando
cadas pretenções. E foi assim Cada objeto, cousa ou expres- a acadêmxa rotina de Espa-
que o burburinho estudantil mas enfrenta de frente e deci- um mínimo de garantia para
didamente pela ação direta as que possa seguir seu desen- P. Drinho são possui seu próprio mundo, nha, levou seus estudos até
começou a crescer e estender- chegar a Roma. Essa base ser-
que é Infinito. Penetrar nesse
mundo e fazê-lo tão humano viu-lhe de gramática, que mais
quanto sua mentalidade possa, tarde esqueceu, para revolucio-
é qualidade de todo grande ar- nar a pintura e plasmar sua

Paredes e teto azuis, uma


sala, um teatro de arena,
DE LABORATÜRIO
a resultados surpreendentes. tânea da natureza humana e
Grande sensibilidade, bastante da natureza propriamente di-
Nosso muito-obrigado a
eles e a todo o público sim-
tista.
Alguém perguntou o que é
um poeta, obteve como res-
posta que poeta é um homem
como os outros, mas que sabe
íazer verses. Diz-se que Hol-
personalidade dentro da histó-
ria da arte contenporânea. Ou-
tro tanto podemos dizer, refe-
rindo-nos ao papel que desem-
penha a vontade na construção
da obra de arte, do poeta Cé-
dramático. ta. «Dualidade» é o nome do pático que nos honrou com bein, o favorito de Henrique sar Vallejo, com o qual esta-
nossa exposição. Onze refle- mos tratando, conversando e
tores, Vivaldi, Bach, Villa Lo- Cassiano, dezenove anos, desenho. sua presença. Nosso muito VIII, para defender-se de cer-
inquietação, bigode boliviano, Gonçalo, um espanhol de obrigado aos estudantes, aos to nobre inglês que o atrapa- discutindo sua obra. Seus con-
bos, quatro banquinhos pre- tempo'âneos reconmendavam-
tos, flores secas, uma rosa. arte surrealista, trabalhos a' muito talento, chegou na vés- universitários, aos amigos lhava em seu serviço, jogou-o
óleo, «gouache», «crayon». pera da abertura da exposição nossos e da Arte. Voltem sem- do atelier pelas escadas abaixo. -Ihe que engolisse seus próprios
Dez homens, uma mulher, versos por considerá-los um
vinte e nove obras. A dedica- Um homem voltado para o com um único trabalho, mui- pre. Queixou-se ao rei o inglês e
ção do Cuberos, o apoio do rosto humano e seus mis- to expressivo : uma colagem, este, muito inteligente, muito InsuHo às formas e à poesia,
Kopezlcy, a boa vontade do térios. uma cidade ardendo em fogo DIVULGAÇÃO Indignado, disse-lhe: "Deves que se fizesse amarrar e se
Germinal, um trabalho de Bonetti, um domínio mag- e fumaça. saber que de dez rústicos cam- deitasse sobre os trilhos do
nífico do lápis, impressionou Roberto Btanchini, princi- Não poderíamos, de manei- poneses posso fazer dez nobres, trem. E César Vallejo é hoje
equipe. Eis ai os ingredien- ra alguma, deixar de registrar
tes de nossa exposição de a todos que puderam vê-lo, piante ainda mas de talento mas de dez nobres não posso uma das grandes glórias das
Seguro, preciso, extraordiná- promissor. o apoio dado pela imprensa ía^er um pmtor". Naquele letras, não somente peruanas,
artes plásticas: ARTE DE paulistana à nossa ARTE DE
LABORATÓRIO. rio. Arte madura, foi insis- tempo levava--e em conta se- mas mundiais.
tentemente assediado. Doou Falamos dos expositores, LABORATÓRIO. Com nosso rem Os artistas os verdadeiros Uma lei inflexível e fria im-
ARTE DE LABORATÓRIO seus três ótimos estudos. íamos encerrar nosso comen- muito-obrigado, aqui vai o põe sua impiedosa rigidez ac
propulsores do progresso e da
quer dizer, arte de pesquisa, Minor Tomita, dono de ad- tário. E o público ? abraço amigo à Heloísa Soares ''ultura dos povos: a um só ar- difícil aprendizado e elaboração
busca da verdade, desejo de mirável técnica, surpreendeu Considerando que o brasi- do «Diário Popular» e «City tista, diz um autor, os paises da obra de arte, num sofri-
comunicação. com os trabalhos apresenta- leiro vai muito pouco a expo- News» que nos brindou com mento perpétuo. As dúvidas e
uma primeira página do se- devem mais fama que a todos
Na busca empreendida, tu- dos. Sério pesquisador, en- sições de artes plásticas; con- Os financistas e homens públi- angústias de todos os artista.'
do nos pareceu válido, desde controu meios próprios de che- siderando ser esta nossa pri- gundo jornal, em; sua edição são as únicas imperfeições que
cos em conjunto.
que comunicasse algo. Terra, gar ao fim a que se propôs. meira exjMDsição e serem todos de 2-7-67. o destino reserva aos que lu-
Usa ecoline, é firme e sua desconhecidos do grande pú- Nosso abraço à Maria Apa- Admiramos as civilizações
chaves, «crayon», óleo, «goua- grega, persa, egípcia, o renas- tam e buscam o ideal da arte,
che», recortes da imprensa, «Mulher Nadando» deu a to- blico; considerando ainda que recida Saad de «A Gazeta» e nos mil prob emas que apresen-
dos impressão de ser traba- o local é «difícil» (bairro co- «Shopping News»; a Marly cimento, pelo acervo artístico
ecoline, madeira, o cotidiano que nos legaram e não pela ta. Para prosseguir adiante, só
dilacerado e reunido, eis o ma- lho a óleo. Não, não é pes- mercial, etc), o êbcito foi ex- Medalha poetisa e jornalista os sadios, os fortes de corpo e
quisa do moço. É um gran- pressivo. Nosso livro de visi- que nos divulgou pelo canal 2 opulência dos seus magnatas, de
terial usado, o barro manipu- seus escravocratas e verdugos. de alma atravessam a vida sem
lado. Arte pela Arte. Isto, de entusiasta da Parapsicolo- tas registra duzentas assina- da TV, em seu progreuna do se contaminarem, inspirando-se
cremos, é uma forma de gia. turas. Poetas, pintores, can- meio-dia. As páginas da história, no que
apresentam de mais íntimo, fo- na nervosa agitação de vencer.
amor. Pois o desamor está ai, Harry Pupp, o versátil tores, o mais diversificado pú- Nosso abraço a Moracy do Em qualquer outro campo da
é o caos a que assistimos. poeta, pintor, autor de peças blico nos visitou. E entre os Veil, jornalista de Noticias Po- ram absorvidos pela arte, que
é filosofia e poesia, música e atividade intelectual, as solu-
Revoltados somos. Mas da arquitetura unidas. Se a hu- ções expressam-se com o auxí-
revolta não nos servimos pa- manidade não contasse com lio da especulação. A discipli-
ra escandalizar. Somos todos este tesouro, estaria nas caver- na artística, além da renúncia
silenciosos. Filtramos o desa- nas. Os povos cultos da his- pessoal utilitária, nunca admi-
mor, cada obra nossa é um tória foram-no por suas inqui- te uma conclusão definitiva.
prolongamento de nosso pró- Diz-se que Miguel Ângelo, ao
prio eu. Um vôo de liberda- etações espirituais. Expurgue-
mos a veina Alemanha de seus terminar o seu Moisés, deu-
de Um ato de amor destruin- -Ihe uma martelada e gritou:
do ou anulando o ódio inútil. #Sífe músicos, pintores e filósofos, e
nada mais ficará do que o "sú- "Parla" — "Por que não
Vivemos do idealismo, acre- falas ". Contudo, esse colos-
ditamos nele. Queremos vi- dário frio" da noite e da mor-
te, o caos, onde a figura do so do Renascimento, nem
vo o mundo ideal (teórico) então, ao terminar uma ocra
que herdamos. Nossa luta já homem se despedaçará, posta
ao serviço de uma grande pai- de tais proporções e condições,
começou. dexou de aperfeiçoar-se cada
Não somos, e é oportuno xão, O aprendizado é intermi-
assinalar, homens reunidos em nável e deve ser executado com vez mais e melhor. E quando
torno de si próprios. Não so- ardor, pondo alma em todas as o poema de sua gigantesca obra
mos um grupo restrito, fecha- formas, expressões e cores. de influência universal, notan-
do. Quem amar o amor; Poucas são as pessoas, no do-o cansado, fechou delicada
amar a ARTE, amar a criatu- imenso conjunto da humanida- e mansamente as pálpebras de
ra humana sem preconceito de, que se destacam por esta seus olhos queimados pela fe-
t^-v*-^
algum que nos dê a mão. condição, principalmente nos bre do ideal, continuava apren-
Quem gostar de Literatura, tempos atuais em que a vi- dendo. De igual modo acon-
Música, Teatro, Cinema, Pin- da social está modernizada pelo teceu com o escritor espanhol
tura e tudo o mais que repre- selvagem materialismo que tudo Menéndez y Pelayo, cujas úl-
sente cultura, nosso entusias- subjuga e submete à feroz lei timas palavras, ao morrer, fo-
mo estará à sua espera. Ano- do interesse. Só a vontade fir- ram para lamentar-se por dei-
tem : Rua Rubino de Oliveira, me e Inquebrável de prosseguir, xar tanto livro interessante
85 — Capital, S. Paulo. de avançar, contra tudo, pode para ler e estudar.
conduzir ao triunfo, que é sim- Arte não é somente repre-
Rose Aimi, a única (não ão ples e humilde satisfação pes- sentar o belo dentro da beleza
Laboratório mas da atual ex- soal, pura, como aspirava Pedro
posição) traz consigo grande A humanidade admira a gló- Henriquez Urena, mas buscar
cultura, espírito jovem, menta- ria dos grandes homens, mas ainda a verdade dentro do
lidade dinâmica. É poliglota, foge à sua inteligência o quan- mundo estético. Daí os tor-
professora de idiomas. Como Membros do Centro de Cultura Social e do Laboratório de Ensaio to de esforços, de peripécias e mentos que dominaram os
a ARTE não tem tempo, acha- grandes mestres, na eterna luta
mos que sua mensagem tam- de sacrifícios que ê.sse fictício
com alguns expositores, no dia da abertura. triunfo custou. Somente o ar- que ocupou toda a sua vida.
bém válida. Suas obras não Por isso os poetas tratam de
trazem a nossa inquietação, teatrais, cantor, ator, é o maís conhecidos, é com prazer pulares; a Regina Maria do tista, que leva em seu rosto
a marca inconfundível da luta viver uma vida própiia, sem
revelam um equilíbrio estru- criador de «Homossexual Sui- que assinalamos a presença «City News»; ao Jornal Últi- disfarces nem ridicularias.
tural que nos comoveu. Seu cida» obra apreciadissima, vi- do Sr. Arnaldo Pedroso ma Hora (edição de S. Paulo); e em seu cérebro o mundo de
dissabores po'^tos na obra, al- Pintando, gozando todas as
quadro «Suicídio» é a forma gorosa, dolorosamente realis- D'Horta, critico de arte e jor- a Ivo Zanini da «Folha de S. formas, "ébrios de luz, ricos
não-violenta de retratar a ta. nalista do Jornal da Tarde; Paulo». cança a medida e o valor de
um trabalho truncado e Insa- de auroras", como disse o
própria violência. Suas telas Plínio Oliveira, o tímido e do diretor do Instituto de Edu- Nosso abraço ao «Jornal da imortal lusitano, vêm a vida
foram pintadas em Paris, ci- talentoso, usou terra, verniz, cação Domingo Faustino Sar- Tarde», ao Diário Popular, a tisfeito que devorou sonhos e
dade-mundo centro de irradia- óleo. Foi muito admirado. miento, professor Mozart Ce- todos enfirti. esperanças. Tudo mais não através da cõr, cantando a na-
ção da cultura ocidental, cé- Moço de valor. zar, do poeta Sidinei Basile, E, finalmente, nosso muito- conta sob o ponto de vista co- tureza em um hino. A história
lula viva da amada França Kopezky, presidente do La- do ator teatral Lino Sér- -obrigado ao Centro Democrá- letivo, salvo o cumprimento de do homem está r«pleta de men-
que tanto admiramos. boratório de Ensaio, autor de gio, do cantor Bobby de Car- tico Espanhol que nos convi- seu dever pessoal, que condu- tiras, não de fábulas artifici-
La Falce, o mais jovem do peças teatrais, poeta, diretor io, muito inteligente, educado, dou, gentilmente, para expor ziu sua capacidade física e in- ais. O artista sabe que esta-
grupo, apenas dezoito anos de de teatro, apresentou um úni- amante de Bach. Um rapaz em sua sede o conjunto de telectual a um exercício plas- mos distantes do tenlpo em que
vida, um dos mais apreciados co trabalho que causou cer- diferente daquela imagem que nossa obra. mado em arte, para que a no- os homens faziam revoluções
pelo público visitante, traba- ta polêmica pelo inusitado da a televisão nos fornece. Um tureza seja mais exeqüível aos obedecendo o culto da força.
lha com madeira, chega composição. Uma visão simul- jovem muito compenetrado. Olney Krüse olhos do homem e para este, Continua na página 2

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