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SBA:Controle & Automação, Vol. 1, N!? 4, pp.

277-290

AUTOMAÇÃO, CONTROLE E INTELIG~NCIA ARTIFICIAL


PARTE I: UMA VISÃO INTEGRADA

Paulo G. Cohn, Mamede L. Marques


Centro Tecnológico para Informática
Instituto de Automação
C.P. 6162 - 13081 Cam:pi~as - são Paulo

Fernando A.C. Go~ide


Univers idade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Elétrica
C.P. 6101 - 13081 Campinas - são Paulo

RESUMO: Este trabalho está concentrado na aplicação de técnicas e procedi-


mentos heurísticos nos diversos níveis de controle inerentes à Automação In-
dustrial Integrada. Ao invés de ser apresentada uma prospecção ou um tuto-
rial completo sobre o assunto, é mostrado como a inteligência artificial
aplicada pode ser incorporada à automação e ao controle em seus diferentes
níveis. Exemplos de aplicações em perspectiva são incluídos para ilustrar
possíveis desenvolvimentos futútos. .

ABSTRACT: Heuristic procedures and techniques are discussed and related


with the several control leveIs implicit in Integrated Control Systems. It
is not intended to present a survey or even a tutorial about the subject.
Instead, it is shown how artificial intelligence techniques can be incorpo-
rated into automation, control and integrated systems areas. Examples for
future developments and applications are also suggested.

1. INTRODUÇÃO tarefas de acordo com uma hierarquia funcio-


nal multinível, esquematizada na Fig. 1.2 [G~
~ hoje evidente que a tecnologia dos com-
mide & Andrade Netto, 1986].
putadores, associada ao rápido progresso da
Engenharia de Programas, das técnicas e meto- A Inteligência Artificial, independente-
dologias de Modelagem, Otimização, Controle, mente de seu impacto semântico, pode auxiliar
bem como das técnicas de Processamento Digi- a Automação Industrial de várias formas, uma
tal de Sinais, da Comunicação Digital e da In vez que suas técnicas podem ser associadas a
teligência Artificial vem provocando mudanças funções referentes aos níveis hierárquicos da
dramáticas em todos os aspectos da indústria Fig. 1.2. Estas técnicas proporcionam uma
em todo mundo. As tecnologias da inforillação unificação na execução das tarefas pelo com-
vêm, desde 1950, abrindo novas perspectivas~ partilhamento da informação e do conhecimento
preconizando uma nova revolução: a Automação entre os vários subsistemas. Sistemas especia
Industrial Integrada e Inteligente, Fig. 1.~ listas, uma das atividades mais importantes
da Inteligência Artificial Aplicada, podem
ser usados em quase todos os passos do ciclo
A Automação Industrial Integrada e Inteli
de fabricação de um produto, incluindo o pro-
gente é caracterizada por Sistemas de Informa
jeto, °a engenharia, o planejamento de produ-
çao e Controle Integrado, onde a palavra con=
ção, o gerenciamento de produção e sua progra
trole é aqui considerada em um contexto mais
mação. Além disso, eles podem ser aplicados
amplo para representar todos os aspectos de
no diagnóstico de máquinas e processos, na su
decisão associados à operaç&o de uma indús-
pervisão, monitoração e controle. -
tria, indo do controle de processos ou de má-
quinas, à gestão e administração. Sistemas de Interpretações e definições de Inteligên-
Informação e Controle Integrado são redes in- cia Artificial compreendem um amplo espectro
terconectadas de sistemas de controle e de in conceitual. Consequentemente, não nos detere
formação baseados em computadores. Os siste= mos a definições formais. Sob o ponto de vis=
mas individuais, ou subsistemas que compõem a ta pragmático, a Inteligência Artificial (IA)
rede)compartilham dados, informação e conheci simplesmente representa um conjunto de técni
mento uns com os outros através de vias de co cas para a solução de problemas numa forma às
municação de alta velocidade. Eles executam vezes mais adequada daquela disponível com
277
ENGENHARIA DO CONHECIMENTO
AUTOMAÇÃO INTEGRADA
MICROPROCESSADORES
SISTEMAS FLEXÍVEIS DE FABRICAÇÃO
CONTROLE NUMÉRICO COMPUTADORIZADO INTELIG€NCIA t~TIFICIAL

\
TEORIA MODERNA DE CONTROLE PROCESSAMENTO PARALELO
CONTROLE NUMÉRICO SISTEMA DE COMPUTAÇÃO
MÁQUINAS FERRAMENTAS MICROELETRÔNICA
CIBERNÉTI CA BIOELETRÔNICA
MECANISMOS AUTOMÁTICOS FIXOS
"TRANSER LINES"
TEORIA DA INFORMAÇÃO
".TEORIA CLÁSSICA DE CONTROLE r", AUTOMAÇÃO
L 1950 1955 1960 1965
---------------------------------------j ,-
1970 1975 1980 1985 ;,
INTEGRADA
INTELIGENTE
INSTRUMENTAÇÃO v
CONTROLE DE PROCESSOS
AQUISIÇÃO DE DADOS
t
METODOLÓGIAS
CONTROLE DIGITAL DIRETO
CONTROLE DE PROCESSOS POR COMPUTADOR
AUTOMAÇÃO MECÂNICA
SISTEMAS HIERÀRQUICOS "ON-LINE"
REDES DE COMPUTADORES
/ TEORIAS
HEURÍSTICAS
CONCEITOS
ABSTRAÇÕES

INSTRUMENTAÇÃO BASEADA EM U-PROCESSADORES


ROBÔS
REDES DE COMUNICAÇÃO POR FIBRA ÓTICA
3ISTEMAS BASEADOS EM CONHECIMENTO

3
Fig.1.1: O caminho para a Automação Industrial Integrada Inteligente - AI

ESCALA DE
NÍVEIS MISSÃO ESCOPO TEMPO
r-
5 Ô- GERENCIAMENTO
GESTÃO DA
COMPANHIA
OPERAÇÃO DA
COMPANHIA
ANOS E
MESES
D-- CONTROLE DA
I T
~ I LUCRATIVIDADE

4
Ô- PLANEJAMENTO
GERENCIAMENTO
DA FÁBRICA,
OPERAÇÃO DA
FÁBRICA,
MESES E

D-
I
~
,
I r-
CONTROLE DA
PRODUTIVIDADE
USINA, ETC. USINA, ETC.
SEMANAS

3
Ô- COOkOI::NAÇÃO
GERENCIAMENTO OPERAÇÃO SEMANAS E
DO PROCESSO DAS ÁREAS DIAS
D- I f
~ I r-
2
l}- SUPERVISÃO
SUPERViSÃO OPI::RAÇÃO HORAS E
DO PROCESSO DAS UNIDADI::S MINUTOS
D-
I f CONTROLE
~ I r- FISICO
CONTROLE CONTROLE DE
OPERAÇÃO MINUTOS E
1 O- DIGITAL
DIRETO
PROCESSO OU
DE MÁQUINAS
DO PROCESSO SEGUNDOS
i t

Fig. 1.2: Estrutura funcional de sistemas de informação e contrQle integrado

programas convencionais. Um programa conven- mento simbólico da informação, estando o sím-


cional é tipicamente baseado em soluções alg~ bolo associado a valores numéricos e não numé
ritmicas, nas quais um número finito de pas- ricos, Os símbolos podem, por exemplo, repre
sos explícitos produz a solução para um pro- sentar um conceito sobre o processo ou uma
blema específico. Este procedimento é tipica- condição a ele relacionada. Os programas, na
mente determinístico. Por outro lado,a IA es IA, manipulam as relações entre tais símbolos
tá, basicamente, relacionada com o processa= e, pela aplicação de procedimentos de inferên
278
cia, chegam a conclusões lógicas a partir das 2. O NÚCLEO BÁSICO DA IA
relações. Os procedimentos de inferência pos
sibilitam raciocínios não-determinísticos: as 2.1. Buscas
conclusões obtidas são determinadas de acordo Um prob lema pode ser definido ~omo a ne-
com os conhecimentos embutidos no sistema e cessidade de transformar uma situação dada
os dados relevantes ao contexto. (estado inicial) numa situação desejada (solu
Uma das mais importantes características ção) usando um conj unto de operadores ou re=
dos problemas da automação e controle, no que gras de acordo com uma estratégia. Ao apli-
se referea aplicação das técnicas e metodolo car algum dos operadores ao estado inicial va
mos obter um novo estado que poderá ser ou
gias da lA, é seu caráter bem definido quantõ
aos obj etivos e escopo. Apesar disso, a pro- não um estado final. Esse esquema de especi-
gramação simbólica e a facilidade de traba- ficação de problemas é denominado de "espaço
lhar com conhecimentos heurísticos, que carac de estados". Geralmente os espaços de esta":'
terizam os sistemas especialistas, os tornam~ dos são representados graficamente através de
às vezes, mais atraentes que outros sistemas grafos, nos quais os nós correspondem aos es-
maís convencionais. Por exemplo, um Sistema tados e os arcos aos operadores.
Especialista (SE) pode ser construído para a Partindo dessa definição de problema, po-
monitoração de alarmes em um processo particu de-se dizer que os processos para resolver
lar, parte de uma índústria. O SE é então dI problemas são estratégias para tentar encon-
rigido para o processo particular, dentro de trar alguma sequência de operadores que trans
um ambiente especificado. Dentro destes limi forme o estado atual num estado desejado. Es
tes, certas classes de comportamento podem sas estratégias geralmente são combinações de
ser entendidas. Uma outra característica é o técnicas específicas da área de aplicação e
efeito do tempo, pois enquanto o SE realiza "busca": uma técnica geral de exploração do
suas inferências, outros fenômenos estão ocor espaço de estado [Rich, 1983].
rendo no processo, podendo causar diferentes
O problema crítico da busca é a quantida-
problemas. Situações onde o tempo é importan de de tempo computacional e de memória neces-
te, a rapidez na aquisição de dados, na infe=
sários para encontrar uma solução. A procura
rência e na obtenção de uma ação é um fator
3xaustiva em problemas não triviais raramente
fundamental. Devido principalmente a estas é viável já que o número de estados possíveis
características, a automaçao adquire em al- de se gerar.ao aplicar os operadores, aumenta
guns pontos um perfil distinto daquelas áreas exponencialmente em função do número de opera
tradicionalmente associadas com a IA. Eviden- doree disponíveis. Esse fenômeno é chamadõ
temente, este novo perfil cria novas oportuni de explosão combinatória.
dades, novos desafios, proporcionando novas
concepções e gerações de sistemas para o con- A eficiência da busca também merece
trole automático e a automação industrial de atenção. vàrios métodos têm sido desenvolvi-
um modo gera 1. dos e, deles, os métodos heurísticos, isto e,
aqueles que se baseiam em conhecimentos da
Este trabalho concentra-se na aplicação aplicação e em intuições sobre ela, são de in
de sistemas baseados em conhecimento na auto- teresse especial.
mação industrial, indo do controle, monitora-
ção e supervisão ao planejamento, programação O obj etivo de um procedimento de busca é
e sequenciamento da produção. Um dos objeti- descobrir um caminho dentro do espaço de esta
vos é mostrar como estes diferentes sistemas dos que vá da configuração inicial até um es=
podem coexistir dentro de uma mesma estrutura tado final desejado. Essa busca pode proce
funcional. der em duas direções: para a frente, a partir
dos estados iniciais e para atrás, a partir
Não é nosso objetivo apresentar uma revi- dos estados finais.
sao bibliográfica, muito menos um tutorial so
bre o assunto. Ao invés, são apresentadas e Para determinar qual estratégia deve ser
discutidas algumas considerações sobre como a usada num certo sistema, devem ser considera-
inteligência artificial pode ser incorporada dos cs seguintes fatores:
à automação e ao controle em seus diferentes a) Existem mais estados iniciais ou desejados?
níveis. Também não pretendemos ser completos, É mais interessante partir do conjunto menor
mas apresentar fundamentos, exemplos e citar
e seguir no sentido do maior e mais fácil de
aplicações como motivação a um estudo mais ser atingido.
profundo e formal.
b) Em qual sentido é maior o fator de ramifi-
Este trabalho está organizado da seguinte cação (o número médio de nós que pode ser al-
forma: Nos próximos itens são apresentados os cançado diretamente a partir de um nó)? ~ de
fundamentos e técnicas associadas à Inteligên sejável proceder no sentido que tenha o menor
cia Artificial. A seguir é feita uma descri= fator de ramificação.
ção das funções de controle associadas aos di
versos níveis, estabelecendo um relacionamen= c) O sistema terá capacidade de justificar
to das funções com técnicas relevantes da IA seus processos de raciocínio para um usuário?
tais como: representação do conhecimento, me- Se esse for o caso, é importante proceder no
canismos de inferência, tipos de conhecimento sentido que seja parecido à forma de raciocí-
que contribuem para a execução das funções. nio do usuário.
O item 4 oferece alguns exemplos de aplicações
A maioria das técnicas de busca desenvol-
em perspectiva. Os itens finais apresentam as vidas podem ser usadas para procurarparafren
conclusões e as referências, respectivamente. te ou para trás. Na técnica de análise de
279
meios a extremos a busca ~ um processo de re- também o que fazer quando ocorram acontecimen
duçio da diferença entre o estado atual e o tos novos. Além disso,o sistema deve ter co-
estado desejado e, portanto, às vezes o racio nhecimento sobre os próprios conhecimentos,
ClnlO ~ para frente e outras vezes o raciocí~ ou seja, ele deve saber qual é a extensio de~
nio é para trás. se conhecimento, qual é a sua origem, o grau
de confiabilidade das suas informações e a im
As principais técnicas de busca existen-
portância relativa de certos fatos.
tes sio as seguintes:
Uma das áreas de pesquisa mais importan-
GERAÇÃO E TESTE - a partir do estado inicial
tes da IA é a de representaçio do conhecimen-
aplicar alguma sequência de operadores até
to. Urna representaçio do conhecimento é uma
chegar a um estado final e testar se esse es-
combinaçio de estruturas de dados e procedi-
tado final é urna solução do problema. Se for
mentos de interpretaçio que sio usados dentro
urna soluçio, terminar; se nio for,entio come-
dos sistemas para melhorar o seu comportamen-
çar outra vez com uma nova sequência de opera
to inteligente. Nesta área tem-se desenvolvi
dores. Esta técnica também é conhecida corno
busca em profundidade já que ~ gerado um cami
do várias classes de estruturas de dados e
procedimentos que permitem uma manipulaçio
nho completo at~ um estado final antes de ser
"inteligente" dessas estruturas de dados para
testada a validade da solução.
fazer inferências.
MÉTODOS DE SUBIDA - esta t~cnica ~ urna varian
O crit~rio mais importante para analisar
te da t~cnica anterior na qu~l o teste dá urna
e comparar os diferentes esquemas de represen
realimentação para orientar o gerador de esta
taçio de conhecimento ~ o uso que será feito
dos. S~o m~todos do tipo gradiente.
desse conhecimento. Em todos os sistemas de
BUSCA EM AMPLITUDE - todos os nós de um nível IA, o conhecimento é usado em três estágios:
sio gerados antes de passar ao próximo nível. aquisição de conhecimentos novos, recupera-
çio de fatos e raciocínio com esses fatos.
"BEST-FIRST SEARCH" - esta técnica combina as
van tagens das t~cnicas de prof.undidade e am- Vários esquemas de representação de conhe
plitude. Em cada passo ~ escolhido o nó mais cimentos têm sido desenvolvidos para diversas
promissor entre os gerados at~ o momento aplicações, oferecendo vantagens em um ou-
de acordo com alguma função heurísti- tro estágio do seu uso, dependendo da aplica-
ca. çio. Desses esquemas os mais importantes sio:
lógica, p~ocedimentos, redes semânticas, re-
REDUÇÃO DE PROBLEMAS - os problemas sio decom
gras de produçio, dependências conceituais,
postos em conjuntos de sub-problemas mais sim
"frames" e roteiros.
pIes de serem resolvidos e o conjunto de sol~
ções desses sub-problemas compõe a soluçio A lógica, que ~ o estudo matemático e fi-
globa 1 do problema original. losófico mais antigo sobre a natureza do ra-
ciocínio e do conhecimento, foi um dos primei
SATISFAÇÃO DE RESTRIÇÕES - a meta ~ encontrar
ros esquemas de representaçi.o usados em IA. -
algum estado do problema que satisfaça um cer
to conjunto de restrições. A lógica se preocupa com a forma das ex-
pressões e com a determinaçio do seu valor de
ANÁLISE DE MEIOS A EXTREMOS'- em cada passo ~
verdade através de uma manipulação sintática
calculada a diferença entre o estado atual do
de fórmulas. O poder de expressão de um sis-
problema e o estado desejado. A id~ia ~ encon
tema baseado em lógica é resultado de uma cons
trar operadores que reduzam essa diferença.
trução. Começa-se com uma noção simples (co~
Destas, as primeiras quatro são t~cnicas mo veracidade ou falsidade) e, com a inclusão
para percorrer grafos OR, e as úl timas três de outras noções (como conjunção e predica-
sio para percorrer grafos AND-OR. dos), se desenvolve uma lógica mais expressi-
va, com possi bi !idade de represen tar id~ias
2.2. Representação do Conhecimento e Modela- mais complexas.
gem
AI~m de conhecimentos estáticos, ou seja,
A pesquisa de Inteligência Artificial en- fatos sobre objetos, eventos e suas relações,
volve a construçio de programas capazes de os sistemas de IA tamb~m devem saber como
realizar tarefas tais como conversar, plane- usar esses conhecimentos, como encontrar fa-
jar, jogar xadrez e analisar estruturas mole- tos importantes, fazer inferências, etc. A me
c~lares. Quando falamos sobre pessoas que fa lhor forma de representar esse tipo de conh~:
zem essas coisas sempre falamos sobre o que cimento é através de procedimentos [Barr &
nos imaginamos que eles devem saber para po- Feigeibaum, 1981].
der fazê-las. Em outras palavras, nós tenta-
Os trabalhos m~is recentes combinam repre
mos descrever a inteligência de uma pessoa em
sentações declarativas e representações
termos dos conhecimentos que ela possui. Es-
Il por procedimentos", visando obter a tacilida
ses conhecimentos podem ser de diversos tipos
de de modificaçào dos sistemas declarativo;
e, em conjunto, compõem estruturas muitíssimo
(especialmente a lógica) e o raciocínio dire-
complexas [Barr & Fe~genbaum, 1981].
to dos primeiros sistemas de representação
Qualquer sistema inteligente deve ter co- por procedimentos. A id~ia desta abordagem ~
nhecimentos sobre os obj etos relevantes de representar conhecimentos declarativos junto
seu domínio, as suas propriedades e as suas com instruções para o seu uso. O enfoque dos
relações com outros objetos. Eles tamb~m de- últimos trabalhos sobre representação por pro
vem ter noções sobre os acontecimentos que cedimentos tem sido o de encontrar formas me-=-
possam ocorrer ou que já tenham acontecido, lhores de representar informações de controle.
280
As redes semânticas são formalismos de re A dependênc ia concei tual tem s ido usada
presentação de conhecimentos que usam uma no= por sistemas que traduzem, respond~m pergun-
tação consistente de n6s e arcos. Tanto os tas e derivam conhecimento, a partir dos seus
n6s quanto os arcos podemeer nomes ou etique textos de entràda, já que este esquema é inde
tas. Geralmente, os nos representam objetos~ pendente da linguagem, com facilidade de se
conceitos ou situaç~es de aplicação, e os ar- parafrasear.
cos representam as relaç~es entre eles [Bàrr
Existe bastante evidência para acreditar
& Feigenbaum, 1981].
que os seres humanos usam conhecimentos adqui
A maneira mais usual de raciocinar usando ridos em experiências prévias ao interpretar
redes semânticas baseia-se na equiparação de situaçõeé novas; certos objetos e sequências
estruturas: constrói-se um fragmento de rede. de fatos são típicos de certas situaç~es. Em
que represente o objeto que está sendo procu- IA, esse tipo de conhecimentos tem sido re-
rado e depois o fragmento é comparado com a presentado através de "frames" e roteiros
rede armazenada no banco de dados para ver se [Barr & Feigenbaum, 1981].
o objeto existe.
Os "frames" são es'truturas compostas de
"slots", que são as unidades elementares on
No esquema de regras de produção, os co- de são armazenados conhecimentos sobre situa=
nhecimentos são representados através de pa- ções prévias. Os "frames" são usados para
res condição~ação chamados regras de produção representar objetos. Por exemplo, um "frame"
ou simplesmente produç~es. simples para o conceito genérico de cadeira
poderia' ter "slots" para o número de pernas e
Uma produção é uma expressão da forma "se
o estiJo do encosto. O "frame" de uma cadei-
tal condição existe então esta ação é apro-
ra específica teria os mesmos "slots", herda-
priada". Durante a execução do sistema, se a
dos do "slot" genérico, mas com conteúdos
parte esquerda de uma produção for satisfeita
mais detalhados.
ela pode disparar, isto é, a ação indicada pe
lo lado direito é executada. - Os roteiros são estruturas parecidas aos
"frames", projetadas especificamente para re-
As regras de produçãocapturam,numesque-
presentar sequências de acontecimentos.
ma manejável de representação)os conhecimen-
tos sobre o que fazer numa certa situação. Quando se sabe que um certo roteiro é
Apesar desse tipo de conhecimento ser ba- apropriado para uma certa situação, ele pode
sicamente de procedimentos, o formalismo de ser muito útil para prever a ocorrência de
regras de produção tem várias das vantagens certos acontecimentos que não foram menciona-
dos esquemas declarativos, principalmente a dos explicitamente. Além disso, os roteiros
modularidade. Além disso, a estrutura das também podem ser áteis para indicar como os
produç~es é muito parecida com o modo das pe~ acontecimentos menLionados se relacionam en-
soas falarem sobre como resolvem os seus pro- tre si. Por exemplo, qual é a relação entre
blemas. Por esses motivos, o esquema de re- o fato de alguém pedir um bife e o fato de aI
presentação através de regras de produção tem guém comer um bife?
sido muito usado como base para o desenvolvi-
Em geral, as sequências t~p~cas de aconte
mento de sistemas especialist'as, sendo que atual
cimentos, representadas por roteiros, podem
mente, a maioria deíes utiliza uma variação
ser úteis na interpretação de uma sequência
de tal esquema.
específica observada.
Uma vez escolhida a técnica de re
presentação que vai ser usada num certo siste 2.3. Raciocínio e Solução de Problemas
ma, outro problema a ser rEsolv~do é a Um problema central na pesquisa de IA e o
escolha do vocabulário que será usado dentro
de como fazer para que os computadores tirem
do formalismo. Por exemplo, numa representa-
conclus~es automaticamente a partir de fatos
ção baseada em 16gica, quais predicados serão
conhecidos. A solução de problemas é o pro-
usados? Numa rede semântica, que tipos de n6s
cesso de desenvolvimento de uma sequência de
e arcos devem existir? A pesquisa de primi
açoes para chegar a uma meta [Cohen & Feigen-
tivas semânticas se encarrega desse problema:
baum, 1981].
estabelecer o vocabulário de representação
[Barr & Feigenbaum, 1981]. Os primeiros trabalhos desta área foram
orientados para prova de teoremas matemáilcos
A teoria de dependências conceituais está
e de l6gica proposicional. Estes trabalhos
baseada na noção de primitivas ~emânticas. A
eram vistos como exercícios de especialistas
idéia fundamental desta teoria é a ele poder
em solução de problemas. Posteriormente, foi
representar todos os tipos de ações através
desenvolvido o método de resolução que aparen
de um pequeno número de primitivas. Os siste-
tava ser suficientemente poderoso para possi-=-
mas baseados nesta teoria tomam como entrada
bilitar a construção de um solucionador de
textos escritos em alguma linguagem natural e
problemas completamente geral, descrevendo os
constróem uma "conceituação" deste texto.
problemas através de 16gica de primeira ordem
Os elementos primitivos que compoem as e deduzindo soluções através de um procedimeE-
conceituações não são palavras, e'sim concei- to geral de provas. Porém os resultados fo-
tos; eles refletem 11m nível de conhecimento ram um pouco desapon tadores, j á que 0 espaço
que está por baixo da linguagem, não a pr6- de estados gerado pelo método de resolução
pria linguagem. Portanto, as representações cresce exponencialmente com o n~mero de f6rmu
de textos em dependências conceituais são in- las usadas para descrever o problema. Algum~~
dependentes da linguagem. heurísticas independentes da aplicação foram
281
propostas, mas eram muito fracas e nao se ob- venientes. O mais evidente é que, com elas,
tiveram resultados satisfatórios. somente podem ser criados programas quando se
conhece claramente o método específico de so-
Apesar dos desapontamentos, o interesse lução do problema, ou seja, um algoritmo.
em técnicas para o raciocínio de sentido co-
mum continua vivo, graças a uma classe impor- O segundo inconveniente das linguagens pro
tante de problemas para os quais não se tem cedimentais é que o programador é obrigado a
encontrado outro método de solução.Nessa elas fazer um programa diferente, ou um fragmento
se,incluem-se aqueles problemas para os quais de programa, para cada tipo de questão suscep
não existem descrições completas em termos tível de ser colocada pelo usuário futuro. -
dos objetos, propriedades e relações relevan~
Esses inconvenientes serviram de base pa-
tes a ele e, portanto, não podem ser resolvi-
ra a definição das características desejáveis
dos por avaliação simples. '
das linguagens de programação de IA, ou seja,
Algumas das técnicas principais de solu- codificação não procedimental e generalidade.
ça0 de problemas já foram apresentadas na se-
Praticamente todos os programas que estão
çao sobre busca. Outra técnica importante
sendo desenvolvidos atualmente na área de IA
para certas aplicações como jogos e robótica
estão sendo escritos em alguma linguagem não
é a de planejamento. procedimental, principalmente LISP (nos Esta-
Em termos comuns, planejamento significa dos Unidos) e PROLOG (na Europa e no Japão).
decidir sobre um curso de ação antes de atuar;
um plano é, portanto, uma representação de um
curso de ação.
A falta de planejamento pode resultar em
soluções não ótimas e, nos casos em que as me 3. TECNOLOGIAS DE IA
tas não são independentes, a falta de planeja
3.1. Sistemas Especialistas
mento antes da atuação pode até impedir que
se chegue à solução do problema. Na década dos 70, ficou claro para os pe~
quisadores de IA que,para conseguir que seus
Os planos podem ser usados para monitorar
sistemas resolvessem satisfatoriamente proble
o progresso durante a solução de problemas e mas reais, era necessário incorporar neles
para detetar erros antes de que causem muito
grandes quantidades de conhec imen tos sobre o
prejuízo. Isso é especialmente importante se
problema. Isto levou-os ã criação do campo
o solucionador de problemas não é o único ator
da "Engenharia do Conhecimento", que procura
dentro do seu ambiente e se o ambiente pode
formas de usar conhecimentos periciais na so-
mudar de ~aneiras imprevisíveis.
lução de problemas. A tecnologia resultante
desse campo de estudos, chamada de sistemas
2.4. Linguagens e Sistemas de IA
peritos, atualmente está começando a ser usa-
Além dos próprios computadores, as ferra- da em apl icações comere iai s.
mentas mais importantes da IA são as lingua-
Um sistema especialista é um programa in-
gens de programação em que se concebem e im-
teligente que usa conhecimentos e procedimen-
plementam seus programas. Atualmente, os pes
tos de inferência na solução de problemas que
quisadores de IA desenvolvem suas próprias
normalmente só podem ser resolvidos por peri-
linguagens com características projetadas pa-
ra lidar com os problemas da IA. As lingua- tos humanos. Esses conhecimentos e procedi-
gens da IA têm tido um papel central na sua mentos de inferência podem ser vistos como um
modelo de perícia dos melhores praticantes da
história, servindo a duas funções importan-
área [Gevarter, 1982b). Sua arquitetura bási
tes: em primeiro lugar, elas possibilitam a
ca pode ser vista na Fig. 3.1.
implementação e modificação conveniente de
programas que demonstram idéias da IA; segun- As bases de conhecimentos dos SE constam
do, elas são veículos de pensamento, já que de fatos e heurísticas. Os fatos são aquelas
permitem que os usuários se concentrem em con informações amplamente divulgadas e de domí-
ceitos de níveis superiores [Barr & Feigen= nio público, enquanto que as heurísticas sao
baum, 1981). aquelas regras de bom senso e suposições ra-
zoáveis que são mais particulares e que carac
A primeira e fundamental idéia das
terizam o nível de perícia na tomada de deci=
linguagens de programação para IA foi a de
sões dentro de uma área.
usar o computador para manipular símbolos ar-
bitrários,enão somente números. A base de conhecimentos contém os fatos
Os problemas de IA se caracterizam pelo e heurísticas associados com a área; o contro
le ou interpretador de regras é um procedimen
fato de que as suas soluções não dependem da
aplicação de métodos de cálculo rigorosos e to de inferência para resolver problemas; u
base de dados global é uma memória de traba-
predeterminados. A abordagem des~es proble-
lho onde se armazena a informação sobre o es-
mas é através de programas que constróem ra-
tado atual do sistema.
ciocínios baseados em conhecimentos prévios.
Com essa filosofia de solução de problemas, Idealmente, existem três modos de uso de
tornou-se necessária a criação de novos tipos um sistema especialista:
de linguagens de programação diferentes das
linguagens procedimentais já existentes. a) obter soluções de problemas - usuário clien
te;
Do ponto de vista da IA, as linguagens b) melhorar ou aum~ntar os conhecimentos do
procedimentais apresentam uma série de incon- sistema - usuário instrutor;
282
r·lODULO
EXPLICAÇAQ

~-_",,'''---''''
INTERFACE BASE DE CONHECIMENTOS
USUMIO
-- -...
H/t~
REGRAS ~,
FATOS
LlNGUAGEf~

NATURA.L
INFERtNCIA L--.J

MODULO DE ESPECIALISTA
AQUISIÇJI:Q DE OU ENGENHEIRO
Cml HECIt~ ENTO CONHECIMENTO

Fig. 3.1: Arquitetura básica de um sistema especialista

c) colher conhecimentos da base, para, serem sistemas experimentais que ajudam os program~
usados por humanos - usuário aluno. dores a manipular grandes programas, ou que
produzem pequenos programas a partir de algu-
A principal diferença entre os sistemás
ma especificação do que deverão fazer (que não
especialistas e os programas convencionais é
seja o próprio código). Tais especificações
que nos SE existe uma clara separação entre
poderiam ser exemplos do comportamento deseja
os conhecimentos gerais sobre o problema (ba-
do de entrada/saída ou uma especificação em
se de conhecimentos), a informação sobre o pro
"linguagem alto nível", por exemplo, Portu-
blema atual (dados de entrada), e os métodos
guês. Porém, a importância. da pesq'lÍsa em
de aplicação de conhecimentos gerais ao pro-
programação automática vai muito além de ali-
blema (interpretador de regras), enquanto que
viar a tarefa dos programadores humanos. De
nos programas convencionais' os conhecimentos
certa forma, toda a inteligência artificial é
e métodos estão misturados, tornando difíceis
uma procura de métodos apropriados de progra-
as modificações do sistema. Um SE
mação automática. '
pode ser modificado simplesmente adicionando
ou tirando regras da base de conhecimentos, Atualmente, os programadores têm que espe
já que. o programa em si é somente um inter- cificar e lidar com muitos detalhes e suas re
pretador de regras. lações. Além disso, têm que lidar com ambien
tes de programação que talvez não sejam natu=-
É importante deixar claro que os sistemas
rais para a maneira como eles cóncebem os
que possuem conhecimento profundo sobre o seu
problemas que querem resolver com os seus pro
domínio de aplicação são chamados de sistemas
peritos, isto é, são sistemas que possuem pe-
gramas. O software, hoje em dia, é caro e-
pouco confiável. Raramente se produzem pro-
rícia em uma determinada área. Os sistemas
gramas dentro do orçamento e do cronograma e,
que não possuem conhecimento profundo mas que
frequentemente, o produto final, quando é en-
atuam com conhecimento em seu domínio de apli
tregue, não satisfaz às especificações.
cação são chamados de sistemas especialistas~
isto é, são sistemas que possuem conhecimento Para ajudar a aliviar esses problemas, a
que os tornam especialistas em uma determina- programaçào automática visa uma reestiliza.;..
da área, porém não' atuam com perícia nas mes- ção da maneira como o programador especifi-
mas. ca o programa desejado. Essa reestilizaçào
permitiria ao programador pensar no problema
o nível de profundidade do conhecimento num nível superior, mais natural, sem ter que
destes sistemas está diretamente relacionado
manter a pista de quantidades assustadoras de
com o seu domínio de atuação. É a aplicação,
detalhes.
portanto, que determinará se o sistema será
um especialista ou um perito.
3.3. visão de Máquina
3.2. Programação Automática Visão de máquina é a tarefa de processar
informações com o objetivo de compreender uma
Programação 3utomá rica e a au toma t izaçào
cena a partir de suas imagens projetadas. Pa
de alguma parte do processo de programação.
ra facilitar o esclarecimento das metas e me-
Como aplicação da Inteligência Artificial. e~
todos na pesquisa em visão, ela -é dividida em
sa pesquisa tem alcançado algum Sl1cesso com
283
três áreas: processamento de sinais, classifi b) Análise semântica. Associa-se um significa
caça0 e compreensão [Cohen & Feigenbaun:- do às estruturas sintáticas geradas.
1981] .
c) Análise pragmática. A estrutura que repre-
PROCESSAMENTO DE SINAIS - os processadores de senta o que foi dito é reinterpretada para de
sinais transformam uma imagem de entrada numa terminar o que realmente se queria dizer. Por
outra imagem que tenha certas propriedades de exemplo, a sentença: "você sabe que horas
sej adas, como t por exemplo, uma melhor razão são?" deveria ser interpretada corno um pedido
de sinal para ruído ou melhoras que facilitem para dizer a hora.
a inspeção_humana dos detalhes. A expressão
Muita pesquisa tem sido feita sobre a in-
"processamento de imagens" é muito usada para
terpretação de linguagem falada. Os primeiros
designar esta área.
sistemas desenvolvidos foram chamados de sis-
CLASSIFICAÇÃO - as técnicas de classificação temas de reconhecimento de fala. Estes primei
são usadas para classificar imagens em catego ros sistemas possuíam um pequeno vocabulário
rias predeterminadas. Estas técnicas frequen de palavras onde armazenavam urna representa-
temente são chamadas de "reconhecimento de pa ção do padrão acústico de cada urna delas. Os
drões" ou "classificação de padrões". - sinais falados da entrada eram analisados e
comparados com os padrões armazenados, e o p~
COMPREENSÃO - dada uma imagem, um programa de
drão mais parecido era escolhido.
compreensão de imagens constrói uma descri-
ção, não somente da própria imagem, mas tam-
bém da cena que ela retrata.
Existem vários níveis de processamento de
informação em visão computacional. No nível
4. AS FUNÇÕES DE CONTROLE E A IA
inferior, se faz a extração das característi-
cas primárias, como mudança de intensidade e Um dos elementos importantes para os sis-
orientação dos elementos das bordas. Este temas baseados em conhecimento na automação
nível é chamado de visão de Baixo nível ou industrial é o tempo. De acordo com a Fig.
processamento preliminar. Depois disso, sao 1.2, as funções de controle do primeiro nível
extraídas as características de nível supe- da hierarquia são usualmente executadas em in
rior,tais como linhas e regiões, informa- tervalos de segundos a minutos, enquanto qu-e
ções das formas, tais como orientação da su- as ações correspondentes ao nível de gerencia
perfície e oclusão. Às vezes, esse nível de mento são executadas em intervalos de meses a
processamento é chamado de processamento in- anos.
termediário ou segmentação. Os processos de
No nível mais simples de controle, a saí-
visão de alto nível, ou processamento poste-
da do processo deve ser mantida dentro de li-
rior, tratam com os obj etos e se apóiam em
mites aceitáveis em torno de um valor de refe
conhecimentos específi~os da área para cons-
rência. As decisões devem ser rápidas o sufl
truir descrições de cenas.
ciente para que as ações de controle possam
restaurar o estado do processo quando ocorrem
3.4. Linguagem Natural
perturbações. Neste caso, Regras de Produção
As formas de comunicação mais usadas pe- do tipo SE <condição> ENTÃO <ação> são apro
las pessoas são a fala e a escrita em alguma priadas para a representação do conhecimento-
linguagem "natural" come Português ou Inglês. devido a várias razões (simplicidade da repre
Se os computadores pudessem entender o que as sentação, dos mecanismos de inferência asso~
pessoas querem dizer quando escrevem ou falam ciados, facilidade de aquisição), além do fa-
sentenças em Português. os sistemas seriam to de que, às vezes, constituem o único conhe
mais simples de se usar e se encaixariam com cimento relativo ao problema que está disponI
mais naturalidade nas vidas das pessoas [Barr velo O mecanismo de inferência aplicável en~
& Feigenbaum, 1981]. volve o acesso a urna descrição da situação
corrente (a partir, por exemplo, da aquisição
Os pesquisadores de IA desenvolvem progra
de dados via sensores), urna busca em urna árv~
mas partindo da idéia de que a linguagem huma
re rasa através de todas as regras,até que
na é urna habilidade cognitiva complexa que en
seja encontrada aquela que se aplique a esta
volve vários tipos de conhecimentos: a estru~
situação, e a aplicação da ação corresponden-
tura das sentenças, o significado das pala-
te. Este mecanismo de inferência é o mais
vras, um modelo da pessoa que 2scuta, as re-
simples possível, uma vez que a cadeia de ra-
gras de conversação, e um corpo extenso e com
ciocínio terá o comprimento de urna única infe
partilhado de informações gerais sobre o mun~
rência. No entanto, cabe lembrar que a deci=
do. A tática geral da IA tem sido a de mode-
são deve ser rápida, justificando métodos
lar a linguagem humana através de um sistema
simples e concisos na representação do conhe-
baseado em conhecimentos para processamento
cimento e na inferência.
de comunicação, e criar programas que imple-
mentam esses modelos. Um exemplo típico é o da sintonização au-
tomática de controladores digitais industriais
Atualmente, o processo de interpretação
do tipo PID. Controladores deste tipo já es-
de linguagem natural é dividido em três par-
tes: tão disponíveis [Higham, 1986; Alves Silva et
alii, 1987]. Por exemplo, o proceditn.ento
a) Análise sintática. As sequenclas de pala- apresentado em Alves Silva et alii (1987) ba
vras são transformadas em estruturas que mos- seia-se no fato de que um operador (humano), ao
tram corno elas se relacionam entre si. sintonizar uma malha de controle,jamais menta
284
liza o modelo matemático do processo para to- utoajustavel:-
mar suas decisões quanto aos ajustes dos ga- inicializacao,
nhos proporcional, integral e derivativo.Qua~ adaptacao.
do muito, ele avalia parâmetros típicos, como adaptacao:-
atraso de transporte e a constante de tempo modo_adaptativo,
do processo, para estimar valores iniciais pa- monitora erro e setpoint(Carga, Setpoint)
ra os ganhos do, controlador. Ajustes finais muda ganhos (Carga, Setpoint),
posteriores são realizados pela modificação ajusta ganhos(Carga, Setpoint),
dos ganhos iniciais, sendo estas modificações
integralmente baseadas na sua experiência e ,
., -
gera controle e deteta saturacao,
- - -
sensibilidade, a partir do reconhecimento de adaptacao.
um padrão operacional. O procedimento procu-
ra, então, emular as ações do operador, fazen daptacao.
do com que o controlador tome todas as deci= uda ganhos (Ganhos 1, Ganhos2):-
sões que o operador tomaria, toda vez que o Ganhos 1 + Ganhos2,
desempenho do sistema deixa de atender os re- ,. ,
quisitos operacionais desejados. Em termos de mudanca(Ganhos1 + Ganhos2).
implementação, a idéia é a seguinte: o usuá-
rio caracteriza o comportamento desejável da uda_ganhos (_, ).
variável controlada através da especificação justa ganhos(Carga, Setpoint):-
de valores máximos para grandezas típicas. tais operacao nao normal,
como sobreelevação e amortecimento, Fig. 4.1. muda ganhos (Setpoint, Carga),
armazena ganhos,
(espera esgotada + bloco de espera;
deteta pico; - -
(controle oscilà +
moni torar variavel controle.;
P2 (sucesso picos + calcula parametros,
SOBREELEVACAO (ajuste grosso ~ -
P1
ajuste preliminar;
P2 + P3 (ajuste fino + ajuste fino));
AMORTECIMENTO
P1 + P2 gera_cQntrole-e deteta saturacao))).
justa ganhos(', ).
ERRO P1
Fig. 4.2: Procedimento heurístico de
sintonização
TEMPO
P2
ERRO
procedimentos típicos é a emissao e o tra
P2 tamento de alarmes. Usualmente, nos sistemas
tradicionais, um operador deve reconhecer a
TEMPO ocorrência e tomar decisões cabíveis. Isto é,
quando um operador é confrontado com um ou
P1 mais alarmes, ele deve determinar o mais rápi
ERRO P1
do possível as causas dos alarmes e a melhor
ação a ser implementada. Algumas vezes no
en tanto, a si tuação é tal que informações· adi
cionais, orientação de peritos) e tempo para
TEMPO avaliar estratégias são necessários. Por exem
P2 pIo, muitos alarmes são acionados devido a
sensores defeituosos, desligados.
Para evitar uma resposta imprópria, um
Fig. 4.1: Sobreelevação e amortecimento sistema e.specialista pode fornecer ao opera-
dor o conhecimento necessário, um julgamento
da ocorrência, e sugerir sua decisão com a
precisão e velocidade de um computador. A
Fig. 4.3 mostra o display de uma estação de
A Fig. 4.2 mostra, em Prolog-código, o monitoração, identificando os alarmes e emi-
procedimento básico desenvolvido [Alves Silva tindo uma mensagem ao operador, sugerindo uma
et alii, 1987]. Por estar fora do escopo des ação [Croff, 1985]. Nesta ilustração, a con-
te trabalho, os detalhes do procedimento se- clusão de sistema especialista que trata de
rão apresentados em outra oportunidade. ocorrências de alarmes detetou 3 deles, sendo
que,na realidade, somente um é preponderante,
No nível seguinte de controle, supervi- pois os outros 2 são decorrências do primei-
são', as tarefas típicas incluem a monitoração, ro. Este fato é detetado, a partir de regras
o diagnóstico de falhas, e a otimização ope- de produção, peJo mecanismo· de inferência.
racional do sistema. Na monitoração, um dos
285
TEMPERATURA NO FUNDO DA COLUNA HORA
...Q&!L Este exemplo ilustra alguns pontos impor-
MUITO ALTA: AUMENTAR A VAZÃO. tantes. A situação pode ser tal que o conhe-
ALARMES cimento necessário esteja bem acima daquele
TANQUE 4 TANQUE 5
usualmente associado ao operador. Uma análise
TIC 102 correta da informação disponível é crucial em
FIC 106
TIC 105 casos onde o tratamento de um sintoma, ao in-
LIC 104 vés da causa do problema pode aumentar o ris-
co de um acidente. Quando a ação recomendada
contradiz o que é indicado pela instrumenta-
ção, é necessário que o sistema forneça expli
cações sobre suas decisões, para que o opera~
dor aceite as recomendações. Neste caso, ape
sar das regras de produção 'também propiciarem
o um meio adequado para a representação do co-
o
nhecimento, o mecanismo de inferência deve
deveria ser mais elaborado, pois além dadeteção t;:
Fig. 4.3: Monitoração inteligente de da ação recomendada,eledeveria inferir as ra-
alarmes zões pelas quais ele chegou a tal conclusão.
Métodos de busca para frente e para trás são
típicos nesta situação.
Um exemplo adicional servirá para ilus-
trar outra face frequentemente presente. em
Observe que, embora as limitações temporais sistemas de controle baseados em conhecimen-
sejam menos restringentes, quando comparadas to. Para implementar um sistema de controle
com as dos controladores do primeiro nível, baseado em um sistema especialista, deve ser
as regras de produção são utilizadas devido a determinado um modo de traduzir regras empíri
necessidades análogas às dos controladores, cas qualitativas de especialistas em forma
pois uma ação deve ser realizada o mais rápi- apropriada para o uso pelo computador. Supo-
do possível. Isto também implica em mecanis~ nha, por exemplo, que um sistema esteja moni-
mos de inferência simples o suficiente para torando variáveis do tipo temperatura, compo-
serem executadas rapida e eficientemen- sição, vazão e velocidade. Considere uma re-
te. gra de produção do tipo:
Um outro exemplo típico de monitoração en SE a percentagem de um elemento está "um
volve o processo de vaporização de cloro. pouco alta"
O cloro I íquido é inj etado no vaso pela
E a velocidade está "normal"
direita, aquecido para produzir vapor de clo-
ro, deixando o vaso pela frente superior. O ENTÃO diminuir a vazão de ar e reduzir "um
nível de líquido no vaso é controlado pelo pouco" a vazão de combustível.
ajuste da vazão do vapor até que o cloro seja
Neste caso, é necessário relacionar termos co
vaporizado na mesma taxa em que entra no va-
mo "um pouco alta" com quantidades mensura-
so. Um sinal errôneo, indicando um nível bai
veis, para que a regra fornecida pelo especia
xo para o controlador de nível, pode reduzir
lista possa ser aplicada pelo operador. Isto
a vazão do vapor, com o consequente preenchi-
pode ser feito relacionando graficamente as
mento do vaso até seu limite. Esta situação
quantidades medidas com o grau de pertinência
pode ser desastrosa se a linha de vapor é tam
a conjuntos nebulosos do tipo "um pouco alto"
bém preenchida com cloro líquido. No entanto~
e "normal". É importante que extensões de
os dados disponíveis poderiam ser analisados
conceitos matemáticos convencionais, aqui o
para detetar o sinal errôneo e alertar apro-
de conjunto, sejam utilizados. No caso, utili
priadamente o operador. Um sistema especialis
za-se de subconjuntos nebulosos [Zadeh, 19651
ta poderia ajudá-lo emitindo uma mensagem, a
pois este conceito permite uma transição gra-
partir do conhecimento englobado em regras de
dual da pertinência até a não pertinência em
produção do tipo:
um conjunto particular. Sob o ponto de vis-
SE a vazão do vapor é menor que a razão va- ta formal, é necessário que seja considerada
por/cloro vezes a vazão de vapor de cloro uma lógica nebulosa [Kaufmann, 1975] como al-
ternativa à lógica clássica de dois valores.
E a saída do controlador de nível é maior
que 80% Observe que, até agora, regras de produ-
ção têm sido frequentemente citadas como um
E o alarme de baixa está presente
meio apropriado para a representação de conhe
E o nível nao está crescendo cimento. Existem situações onde isto não ne~
cessariamente ocorre. como veremos a seguir.
E a vazao de cloro líquido é maior que a va
zão de vapor de cloro Diagnóstico de Falhas é um caso onde re-
gras de produção podem não ser suficientes pa
E o desvio padrão da vazão do vapor é menor
ra a representação do conhecimento. Para ~er
que 5%
executada, esta função requer o conhecimento
ENTÃO enviar a seguinte mensagem: tanto dos componentes do processo, suas inte-
o sinal de nível para o controlador es rações, seus comportameIl_tos, os sensores e os
tá provavelmente errado. Fechar a vál~ sistemas de controle a ele conectados, como
vula de ~limentação de cloro imediata- os materiais que fluem através do mesmo. Este
te. conhecimento pode ser apropriadamente agrupa-
286
do e· representado pelas estruturas chamadas
de "frames". Os "frames" podem também conter
regras. Regras e "frames" podem coexistir f~
cilmente. Regras são mais apropriadas para
representar conhecimento que é heurístico ou
específico a condições locais. Por outro la-
do, "frames" são apropriados para representar
informações genéricas, proporcionando uma
maior flexibilidade. No entanto, são mais
NÓDULO QE
exigentes sob o ponto de vista computacional, EXPLlCAÇAQ
pois demandam mais esforço de programação e
mecanismos de inferência muito eficientes.
Finalmente, vamos considerar um caso onde
a otimização operacion~l está envolvida. Fre-
quentemente, métodos de otimização formais
exigem a obtenção de um modelo do processo.
Uma das técnicas disponíveis envolve a identi
ficação dos parâmetros de um modelo do pro-
cesso, via, por exemplo, estimadores"do tipo
máxima verossimilhança recursivo [Soderston
et alii, 1983]. Na inicialização dos algorit Fig. 4.4: Estrutura lógica do sistema
mos de identificação é necessário fornecer va supervisor
lores iniciais dos parâmetros, valores ini=
ciais das matrizes de covariância, ordens das
equações a diferenças, fatores de esquecimen-
to, atrasos de transporte, períodos de amos-
tragem. Além desta inicialização, durante a mais, os estados atingidos pelos sistemas po-
utilização do algoritmo é necessário monitor~ dem variar consideravelmente (como por exem-
10 de forma a, por exemplo, alterar os valo- plo em situações de emergência) fazendo com
res iniciais para permitir a adaptação do mo- que conclusões obtidas em um certo instante
delo a variações no ponto de operação. A ini sejam ou parcialmente válidos ou totalmente
cialização e a monitoração do estimador é uma invalidados em instantes posteriores. Estes
tarefa difícil para os não iniciados em iden- aspectos trazem dificuldades no desenvolvime~
tificação, inviabilizando sua aplicação em to dos sistemas baseados em conhecimento para
muitos casos. Para executar estas, dentre aplicações com restrições temporais severas,
outras tarefas, é necessário utilizar do co- pois, além do desempenho computacional, o fa-
nhecimento de especialistas na área. Sistemas tor tempo deve ser considerado também no est~
Supervisores para identificação de processos b~lecimento do mecanismo de inferência. Em
tornam-se necessários para auxiliar o usuá- certos casos, o intervalo de tempo para obter
rio na obtenção dos modelos para a consequen- uma decisão deve ser pequeno para fornecer
te otimização para operação do processo de respostas rápidas, ao passo que decisões com-
acordo com uma ou várias funções objetivos. plexas requerem intervalos de tempo maiores.
O resultado da otimização usualmente é tradu- Diferentemente dos sistemas em tempo real co~
zido em valores de referência para os contro- vencionais, onde uma interrupção pode colocar
ladores do primeiro nível da hierarquia. Um uma tarefa que vinha sendo executada em uma
exemplo de tal supervisor é fornecido por San fila para execução posterior, é necessário co~
ta Bárbara et alii, cuja estrutura lógica e siderar também interr~pções lógicas)as quais,
mostrada na Fig. 4.4. Este sistema supervisor além de possuirem funções análogas às conven-
armazena o conhecimento na forma de regras de cionais, poderiam também causar um cancelame~
produção. As inferências são realizadas via to completo da inferência que vinha sendo fei
procedimentos de busca para frente para obte~ ta e iniciar uma inferência relativa a uma n~
ção de um diagnóstico do comportamento do es- va situação ou problema. Este pode ser o ca-
timador. Procedimentos de consulta são usa- so onde, ao executar uma das funções do nível
dos para, através da análise das regras que de supervisão tal como identificação do pro-
levaram ao diagnóstico, explicitar ao usuário cesso para posterior otimização, ocorra situa
a linha de raciocínio ou as razões que levou ções de emergência que exigem respostas rap1-
o sistema a chegar a uma conclusão (e.g. di- das. Evidentemente, em situações de emergên-
vergência). Este supervisor também pode ser cia, otimização deixa de ter sentido. A est~
visto como um sistema de produção no sentido bjlização e a segurança do sistema são certa-
de Nilsson (1980). mente prioritárias. Por outro lado,é também
Antes de prosseguir, alguns comentários evidente que, casos onde as restrições tempo-
sobre, de novo, o fator tempo. Em situações, rais são fracas ou inexistentes, o grau de li
como a monitoração, onde o processamento da berdade no desenvolvimento é maior, sendo os
informação e as inferências devem ser executa fatores envolvidos similares aos sistemas ba-
dos em tempo-real, torna-se crítica a escolha seados em conhecimentos comuns em outras
de procedimentos de representação do conheci- areas.
mento e de busca por uma solução. Na maioria Os níveis superiores da hierarquia envol-
das vezes, estamos tratando com sistemas dinâ vem as funções de coordenação, planejamento e
micos, onde eventos ocorrem de forma aleató= gerenciamento ou gestão. Na programação da
ria e com frequências variáveis. Além do produç~o, uma das subfunções básicas do nível
287
de coordenação, as técnicas de inferência po- célula flexível de fabricação, Fig. 4.5, por
dem incluir métodos típicos de programação exemplo, apresenta dificuldades para um trat~
matemática, combinados por procedimentos heu- menta puramente formal da programação da pro-
rísticos onde, principalmente, os problemas dução. Embora o problema de sequenciamento de
não são facilmente modelados formalmente. Uma lotes para producão tenha sido extensivamente

ENTRADA
SArDA

0= MÃQUINA
O = "BUFFER" ESTOQUE DE CONJUNTOS
SEM I - ACABADOS

Fig. 4.5: Célula flexível de fabricação

estudado os resultados obtidos não são passi zaçao de um modelo mais complexo para que,
'
veis de aplicação --
a programaçao de celulas por exemplo, rotas alternativas de. pr~duçao
flexíveis porque o número de peças de cada l~ possam ser cogitadas~ Uma comb~naçao de
te produzido por unidade de temp~ depende da "frames" e regras pode ser útil para uma
condição do carregamento: a comb~naçao de lo- representação, embora demande mecanismos mais
tes processados ao mesmo tempo. Então~ o 7e~ complexos de inferência.
po requerido para processar um lote ~nte~ro
Os níveis de planejamento e de gerencia-
não é conhecido até que o programa de produ-
mento envolvem decisões dentro do contexto
ção seja completado [Bruno et alii,_1987J .. A
econômico, estratégico, e da fábrica, planta
construção de um programa de produçao envolve
industrial ou um processo complexo qualquer •
uma série de decisões sobre a introdução de
O planejamento econômico significa, por exem-
um novo lote na célula que já está produzindo
plo, a colocação da planta em uma situação
uma determinada combinação de lotes. Estas d~
coerente com objetivos econômicos da organiz~
cisões são baseadas em estimativas dos efp-i-
çãoa que pertence. A modelagem de um ambiente
tos da introdução do novo lote no desempenho
econômico não é uma tarefa fácil e,sob alguns
da célula (utilização das máquinas, comprime~
aspectos)possui algumas semelhanças com a ta-
to das filas, taxa de produção de outros lo-
refa de modelagem do processo a ser contro!a-
tes, etc.). Consequentemente, são necessários
do no que se refere à complexida~e, relaçoes
modelos para avaliação de desempenho tais como
e mecanismos pouco entendidos e a preseüça de
modelos de fluxo em redes. A vantagem de um
perturbações exógenas. No estabelecimento de
modelo deste tipo é que estimativas de medi-
estratégias apropriadas para o futuro, os el~
das de desempenho podem ser obtidas por algo-
mentos que tomam decisões podem necessitar de
ritmos heurísticos eficientes. Por outro la-
ajustar parâmetros levando em consideração o
do, métodos de programação matemática tais c~
comportamento da economia ou considerar o efei.
mo programação linear são importantes na g:r~
to de modelos econô~icos diferentes. Ainda
ção de protótipos de programas de produçao.
mais, via sistema de apoio a decisões, estes
Relaxação de restrições ê importante na
elementos frequentemente estão interessados
criação de programas alternativos. Então, uma
na criação de cenários para comparar o efei~o
combinação de métodos formais e heurísticos,
dos diferentes modelos, ou diferentes cena-
combinados com regras de produção (não coniu~
rios para um mesmo modelo. Desta forma, um
dir o termo produção no sentido usual) confi-
sistema baseado em conhecimento para o supor-
guram uma arquitetura de um _sistema baseado
te na tomada de decisões pode utilizar, além
em conhecimento para a geraçao de programas
ele modelos formais e conceituais (via
de produção. Métodos de inferência à frente,
"frames", redes semânticas), regras também c~
ou mesmo os mais simples são candidatos natu-
mo modelos, envolvendo longas cadeias de inf~
rais. Contudo, na eventualidade de uma repr~
- " on-l~ne - . -e, a mo-
. " da produçao,_~sto rência, utilizando métodos de busca para fre~
gramaçao
te. Contudo, regras poderiam também ser uti-
dificação do programa de produça-o quando na
lizadas para expressar restrições que as solu
ocorrência de eventos inesperados (quebra de
ções geradas devem obedecer. Neste caso, me-
uma máquina, falta de uma matéria-prima quan-
todos de busca para trás podem ser necessá-
do requisitada) pode ser conveniente a utili-

288
rios para identificar o espaço de deciSãoden- envolvidos nas discussões desta seção e seu
tro do qual planos possíveis possam ser gera- relacionamento com os diversos níveis funcio-
dos. Uma vez articulados os planos estratégi nais de controle.
cos, as decisões correspondentes devem ser in
seridas na fábrica de forma a compatibilizar Cabe ressaltar que nos níveis
as estratégias com a produção. Isto envolve funcionais mais altos da hierarquia de contro
uma decomposição dos planos estratégicos a um le, onde o raciocínio é feito levando em con~
sideração entidades mais abstratas,torna-se
nível muito maior de detalhe, talvez até o
ponto de gerar planos e programas de produção pertinente o uso de interfaces em linguagem
natural que permita uma interação mais flexí-
(funções dos níveis de planejamento e coorde-
vel entre o usuário e o sistema. Base de Da-
nação). Esta técnica pode ser baseada no pa-
dos inteligentes são também importantes devi-
radigma dos refinamentos sucessivos e em infe
do às características adaptativas dos dados
rência direcionada pelo algoritmo [Sacerrto'
ti, 1974]. - (constante atualização e introdução de infor-
mação e conhecimento) e seu acesso pelo usuá-
A Tabela 1 resume os principais fatores rio.

TABELA 1 Aspectos da IA e seus relacionamentos com as funções de controle

NíVEIS FUNCIONAIS TIPOS DE CONHECIMENTO TIPOS DE INFE&ENCIA TIPOS DE REPRESENTAÇÃO INFLWCIAS

Companhia Busca Heurística Redes Semânticas Adaptação


Economia, Mercado Satisfação Restrições "Frames" Autorganização
GERENCIAMENTO
Plano Estratégico Simulação Regras de Produção
• Busca para Frente Lógica Nebulosa

Demanda • Busca Heúrística Redes Semânticas Autorganização


Estratégias Mercado · Busca em Amplitude -"Frames" Replanejamento
PLANEJAMENTO
Fábrica Satisfação Restrições Regras de Produção Cenários de Desempe-
Simulação Lógica Nebulosa nho

Conjunto de Unidades • Busca Heurística Regras de Produção Reprogramação da Pro-


Fluxo de Produção Satisfação Restrições "Frames" dução
COORDENACÃO Fluxo de Materiais "Best-First Search" Lógica Nebulosa Refinamentos na Es-
Qualidade do Produto Simulação tratégia de Produção
Otimização

Conjunto de Processos _ Busca em Amplitude Regras de Produção Reconfiguração do con-


Operação do Conjunto Busca para Frente "Frames" junto
SUPERVISÃO Condições Operação Busca Retroativa Lógica Nebulosa Anunciação de Alarmes
Falhas/Diagnósticos • Busca para trás Testes e Diagnósticos
Otimização Operacional

Processo, Máquinas • Busca para Frente Regras de Produção Tratamento de Alarmes


CONTROLE DIGITAL Lógica de Operação • Busca Direta Tabelas Monitoracão
Lógica Nebulosa

5. AUTOMAÇÃO, CONTROLE E A IA: APLICAÇÕES EM nos de fabricação.


PERSPECTIVAS c) Inspeção Auxiliada por Computador.
5.1. Automação da Manufatura e Controle de d) Geraçã~ de "Lay-Outs" de Fábricas Otimiza-
Processos [Special Report, 1985; Efstat- dos.
hion, 1985]
e) Controle da Fabricação: Planejamento das
a) Engenharia de Projeto: Projeto do produto Necessidades de Materiais (MRP) - programação
usando modelagem interativa de sólidos para da produção - controle de célula flexível de
reconhecimento de formas e definição de peças fabricação e de centros de trabalho - Supervi
ou partes - Projeto e simulação via métodos são e Monitoração. ~
dos elementos finitos - Documentação de proj~
tos e análise de configurações. f) Automação de Fábrica: Comando numérico, ro
bótica, manuseio de materiais, montagem, ins=
b) Planejamento de Fabricação: Planejamento peção, processamento de materiais.
de processos de fabricação a partir de siste-
mas especialistas que utilizam as caracterís-
5.2. Engenharia Auxiliada por Computador
ticas das partes como entrada e correlaciona [Proceedings of the IEEE, 1984]
estas características ao processo de fabrica-
ção, às sequências operacionais, gerando pla- a) Estações de trabalho heurísticas para CAD
289
de sistemas de controle. and Expert Control". AuXomatic. ContJtol
b) Sistemas especialistas para apoio a deci Con6 eJLe.nc.e..
soes. Barr & Feigenbaum, E.A. (1981). The Handbook
c) Simulação baseada em regras heurísticas.
06 A~áic.~ Intettigenc.e. Lo Altos, Ca-
lifornia, William Kaufmann, Inc., voL' 1
e 2.
5.3. Comando e Controle [AstrlJm, 1986; Proc.
of 3rd IFAC, 1985] Bruno, G.; Elia, A. & Lapace, P. (1987). "A
Ruled-Based System to Schedule Produc-
a) Controladores e compensadores baseados em
tion". ComputCVt, voI. 19, n9 7.
procedimentos heurísticos.
Cohen, P. & Feigertbaum, E.A. (1981).The Hand-
b) Controladores adaptativos - Identificação
de sistemas.
book 06 A~6~e~ 1ntettigenee. Los Al-
tos, California, William Kaufmann, voI. 3.
c) Otimização combinatorial - otimização está
Coughnowr, D. & Koppel, L. (1978). Anâl~e e
tica.
Conbtole de P~0c.e-6-60-6. Guanabara Dois,RJ.
d) Controle Multivariável no domínio do tempo
Croff, K. (1985). "Artificial Intelligence in
e da frequ~ncia, filtros.
Process Control". Mec.haMc.al EngmeeJrJ..ng.
e) Processamento de sinais, etc.
Efstathion, J. '(1985). "Knowledge-Based Sys-
tems for Industrial Control". CompuXeJL
Engme.eJrJ..ng ]o~nal.

Gevarter, B.W. (1982). An OVefLVi0W 06 Exp~


6. CONCLUSÃO
SY-6te.m-6. Washington, DC, National Bureaus
of Standards.
Neste trabalho foram discutidos alguns t~
picos relacionados com a automação, o contro-
Gomide, F. & Andrade Netto, M.L. (1986). 1n-
le e algumas de suas conexões com a área de
tJtodução ã Automação IndU6tJtialIn60~ati
intelig~ncia artificial aplicada. Não foi i~
zada. Editorial Kapely, Buenos Aires, Ar=
gentina.
tenção esgotar o assunto, muito menos apresen
tar uma prospecção ou um tutorial sobre o assllll Higham, E. (1986). "Expert Sustems in Self-
to. Ao invés, foram analisadas e discutid~s Turning Controllers". The Chemi..c.al En-
algumas das características e exemplos ilus- g~e.efL.
trativos de possíveis relações entre as diver
Kaufmann, A. (1975). I ntJtoduilion to the
sas áreas, bem como dos efeitos destas rela=
ções. Estas discussões foram colocadas den-
Theo~y 06 Fuzzy Sub-6~. Academic Press.
tro de uma perspectiva integrada, uma vez que Nilsson, N.J. (1980). P~c.iple-6 06 AJUU...6i-
a automação industrial caminha para os siste- Ual 1nt~ge.nc.e.. Tioga Pub. Co.
m~s integrados visando o Controle Integrado
Proceedings of the IEEE, (1984), vol. 72, n9
da Manufatura e o Controle Integrado de Pro-
12.
cessos. Naturalmente, muito do que foi aqui
apresentado poderá ser traduzido para diferen Proceedings of the 3rd IFAC Symposium on Com-
tes contextos, de forma a incluir processos puter Aided Control Engineering (1985)
não industriais tais como: transporte, comuni Copenhagen.
cação, geração, transmissão e distribuição de
Rich, E. (1983). AJr.tiáiual Inte.Uige.nee. New
energia elétrica, sistemas aeroespaciais e o~
tros. York, Mac-Graw Hill.

Acreditamos, no entanto, que o leitor te- Sacerdoti, E. (1974). "Planning in a Hierar-


nha encontrado motivações suficientes para ex chy of Abstraction Spaces". AJr.:tJ..6ic.l..a.l
I nte.Uig e.nc.e., n 9 5.
plorações futuras em um campo rico em oportu=
nidades e novos desafios, além daqueles que a Sanoff, S. & Wellstead, P. (1985). "Expert
automação e o controle normalmente nos traz. Identification and Control". P~oc.eedmg-6
Na segunda parte deste trabalho, exemplos
IFAC Symp. Ide.nti6ic.ation and SY-6te.m Pa-
~e.teJL E-6tima.tion, York, UK.
práticos detalhados serão apresentados, de
forma a complementar muito dos tópicÓs aqui Santa Bárbara, A.; Fontanini, W., Amaral, W.
discutidos com relação a aplicações nos diver & Gomide, F. (1986). "Um Supervisor Inte-
sos níveis hierárquicos de controle. ligente para Identificação de Sistemas" .
An~ do 6Q CBA, SBA, Belo Horizonte.

Shinskey, F. (1979). P~oc.e.-6-6 ContJtol SY-6:te.m-6.


Mac-Graw HilL

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Soderston, Torsten, Ljung, Lennart, (1983).


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Astrom, K. (1986). "Auto-Turning, Adaptation and Conbtol, 8.
290

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