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UNIVERSIDADE ÓSCAR RIBAS DOMINGOS GONÇALVES PAULO

UNIVERSIDADE ÓSCAR RIBAS

CURSO: Engenharia Electromecânica

Professor: Domingos Gonçalves Paulo


Unidade Curricular: Análise Matemática III
Email: kindasesperancakindas©gmail.com
1.7 PLANOS TANGENTES E RECTAS NORMAIS ÀS SUPERFICIES

Sejam 𝑆 uma superfície que é o gráfico de uma função 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 0, onde 𝐹 tem as primeiras
derivadas contínuas. Seja 𝑃0 (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) um ponto de 𝑆 em que 𝐹𝑥 , 𝐹𝑦 , 𝐹𝑧 não são todos zeros.
Uma recta 𝑙 tangente a 𝑆 em 𝑃0 é, por definição uma recta tangente a qualquer curva 𝐶 que se
encontra em 𝑆 e que contém 𝑃0 .

Seja 𝐶 uma curva com equações paramétricas


𝑥 = 𝑓(𝑡), 𝑦 = 𝑔(𝑡), 𝑧 = ℎ(𝑡).

Se 𝑟(𝑡) =< 𝑓(𝑡), 𝑔(𝑡), ℎ(𝑡) > é um vector tangente a 𝐶 em 𝑃(𝑥, 𝑦, 𝑧).

Para cada 𝑡 os pontos (𝑓(𝑡), 𝑔(𝑡), ℎ(𝑡)) em 𝐶 também está em 𝑆 e portanto,

𝐹(𝑓(𝑡), 𝑔(𝑡), ℎ(𝑡)) = 0

Se tomarmos
𝑤 = 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑒 𝑥 = 𝑓(𝑡), 𝑦 = 𝑔(𝑡), 𝑧 = ℎ(𝑡)

Então aplicando a regra da cadeia e tomando 𝑤 = 0 para todo 𝑡,


𝑑𝑤 𝜕𝑤 𝑑𝑥 𝜕𝑤 𝑑𝑦 𝜕𝑤 𝑑𝑧
= + + = 0.
𝑑𝑡 𝜕𝑥 𝑑𝑡 𝜕𝑦 𝑑𝑡 𝜕𝑧 𝑑𝑡

De maneira que
𝐹𝑥 (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑓 ´ (𝑡) + 𝐹𝑦 (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑔´ (𝑡) + 𝐹𝑧 (𝑥, 𝑦, 𝑧)ℎ´ (𝑡) = 0

O equivalente,

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∇𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑟 ´ (𝑡) = 0

Para todo ponto 𝑃(𝑥, 𝑦, 𝑧) em 𝐶. Em particular, corresponde à 𝑃0 (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) a 𝑡 = 𝑡0 , então


∇𝐹(𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 )𝑟 ´ (𝑡0 ) = 0.

Como 𝑟 ´ (𝑡0 ) é um vector tangente a 𝐶 em 𝑃0 , isto implica que o vector ∇𝐹(𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) é


perpendicular a toda recta tangente 𝑙 a 𝑆 em 𝑃0 .

O plano que passa por 𝑃0 e têm como vector normal ∇𝐹(𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) é o plano tangente a 𝑺 em
𝑷𝟎 .

Teorema1.7:
Seja 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) com primeiras derivadas parciais continuas e seja 𝑃0 um ponto no gráfico de 𝑆
de 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧)=0. Se 𝐹𝑥 , 𝐹𝑦 𝑒 𝐹𝑧 não são todos zero em 𝑃0 , então o vector ∇𝐹(𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) é
normal ao plano tangente a 𝑆 em 𝑃0 .

Diz-se que o vector ∇𝐹(𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) (Teorema1.7) é um vector normal da superfície 𝑆 em 𝑃0 .

Corolario1.7:
O plano tangente ao gráfico da função 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧)=0 no ponto 𝑃0 (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) tem como
equação
𝐹𝑥 (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 )(𝑥 − 𝑥0 ) + 𝐹𝑦 (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 )(𝑦 − 𝑦0 ) + 𝐹𝑧 (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 )(𝑧 − 𝑧0 ) = 0

Exemplo1:
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Encontrar uma equação do plano tangente da elipsoide 4 𝑥 2 + 3𝑦 2 + 𝑧 2 = 12 no ponto
𝑃0 (2,1, √6) e fazer o gráfico.

Solução:
Graficamente temos:

y ∇𝑓(2,1, √6)

figura1.7

𝑃
X

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Para usar o Corolario1.7, escrevemos primeiro a equação da superfície na forma 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 0


definindo
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𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥 2 + 3𝑦 2 + 𝑧 2 − 12 = 0
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As derivadas parciais de 𝐹 são:

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𝐹𝑥 (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥, 𝐹𝑦 (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 6𝑦, 𝐹𝑧 (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 2𝑧
2
E, portanto, no ponto 𝑃0 (2,1, √6),

𝐹𝑥 (2,1, √6) = 2, 𝐹𝑦 (2,1, √6) = 6, 𝐹𝑧 (2,1, √6) = 2√6

Aplicando o Corolario1.7, obtemos a equação;

3(𝑥 − 2) + 6(𝑦 − 1) + 2√6(𝑧 − √6) = 0

Que se simplifica a 3𝑥 + 6𝑦 + 2√6𝑧 − 24 = 0.


As coordenadas 𝑥, 𝑦 𝑒 𝑧 das interceções da elipsoide com os eixos 𝑥, 𝑦 𝑒 𝑧,
respetivamente, são ±4, ±2, 𝑒 ± √12.

A figura1.7 apresenta o elipsoide no plano tangente no ponto 𝑃0 (2,1, √6) e tem um vector
normal,

∇𝐹(2,1, √6) = 3𝑖 + 6𝑗 + 2√6𝑘.

Se 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦) é uma equação de 𝑆, então tomando 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑓(𝑥, 𝑦) − 𝑧, a equação no


Corolario1.7 se converte em
𝑓𝑥 (𝑥0 , 𝑦0 )(𝑥 − 𝑥0 ) + 𝑓𝑦 (𝑥0 , 𝑦0 )(𝑦 − 𝑦0 ) + (−1)(𝑧 − 𝑧0 ) = 0.

Isto dá o seguinte resultado:

Teorema1.7.1
O plano tangente do gráfico da função 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦) no ponto (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) tem como equação
𝑧 − 𝑧0 = 𝑓𝑥 (𝑥0 , 𝑦0 )(𝑥 − 𝑥0 ) + 𝑓𝑦 (𝑥0 , 𝑦0 )(𝑦 − 𝑦0 ).

A recta perpendicular ao plano tangente no ponto 𝑃0 (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) da superfície 𝑆 é a recta


normal a 𝑺 em 𝑷𝟎 . Se 𝑆 é o gráfico da função 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 0, então a recta normal é paralela
ao vector ∇𝐹(𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ).

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Exemplo2:
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Encontrar uma equação da recta normal da elipsoide 4 𝑥 2 + 3𝑦 2 + 𝑧 2 = 12 no ponto
𝑃0 (2,1, √6).

Solução:
Esta superfície é a mesma considerada no Exemplo1, portanto o vector

∇𝐹(2,1, √6) = 3𝑖 + 6𝑗 + 2√6𝑘

é paralelo a recta normal, essa mesma recta (figura1.7) normal tem as seguintes equações
paramétricas:
𝑥 = 𝑥1 + 𝑎1 𝑡, 𝑦 = 𝑦1 + 𝑎2 𝑡, 𝑧 = 𝑧1 + 𝑎3 𝑡

Substituindo os valores temos:

𝑥 = 2 + 3𝑡, 𝑦 = 1 + 6𝑡, 𝑧 = √6 + 2√6𝑡 𝑡 ∈ ℝ

Seja 𝑓 uma função de 𝑥 𝑒 𝑦, e seja 𝑆 o gráfico da equação 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦) no plano tangente a 𝑆


em 𝑃0 , pode servir para obter uma interpretação geométrica do diferencial
𝑑𝑧 = 𝑓𝑥 (𝑥0 , 𝑦0 )∆𝑥 + 𝑓𝑦 (𝑥0 , 𝑦0 )∆𝑦

Como ∆𝑧 = 𝑓(𝑥0 + ∆𝑥, 𝑦0 + ∆𝑦) − 𝑓(𝑥0 , 𝑦0 ).

O ponto 𝑃(𝑥0 + ∆𝑥, 𝑦0 + ∆𝑦, 𝑧0 + ∆𝑧) está em 𝑆.

Seja 𝐷(𝑥0 + ∆𝑥, 𝑦0 + ∆𝑦, 𝑧) um ponto no plano tangente e consideremos os pontos 𝐴(𝑥0 +
∆𝑥, 𝑦0 + ∆𝑦, 0) e 𝐵(𝑥0 + ∆𝑥, 𝑦0 + ∆𝑦, 𝑧0 ). Como 𝐷 está no plano tangente, suas
coordenadas satisfazem a equação do Teorema1.7.1, dizer que,
𝑧 − 𝑧0 = 𝑓𝑥 (𝑥0 , 𝑦0 )(𝑥 + ∆𝑥 − 𝑥0 ) + 𝑓𝑦 (𝑥0 , 𝑦0 )(𝑦 + ∆𝑦 − 𝑦0 ).

=𝑓𝑥 (𝑥0 , 𝑦0 )∆𝑥 + 𝑓𝑦 (𝑥0 , 𝑦0 )∆𝑦 = 𝑑𝑧.

Teorema1.7.2:
Seja 𝐹 uma função de três variáveis que é diferenciável em 𝑃0 (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) e seja 𝑆 a superfície
de nível de 𝐹 que contém 𝑃0 . Se ∇𝐹(𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) ≠ 0, então este vector gradiente é normal a 𝑆
em 𝑃0 . Em consequência, é normal a 𝑆 na direcção em que a razão do câmbio de 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) em
𝑃0 é máximo.

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Teorema1.7.3:
Seja 𝑓 uma função de três variáveis que é diferenciável em 𝑃0 (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) e seja 𝐶 a curva de
nível de 𝑓 que contém 𝑃0 . Se ∇𝐹(𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) ≠ 0, então este vector gradiente é perpendicular a
𝐶 em 𝑃0 . Neste caso a, a direcção do câmbio máximo de 𝑓(𝑥, 𝑦) em 𝑃0 é ortogonal a 𝐶.

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
1) Seja 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧. Esquematizar a superfície de nível de 𝐹 que passa por
um ponto 𝑃(1,2,4) e traçar um vector com ponto inicial 𝑃 que corresponde a∇𝐹(1,2,4).

2) Seja 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 + 2𝑦 2 .

a) Traçar a curva de nível 𝐶 de 𝑓 que passa pelo ponto 𝑃(3,1) e com um vector com o
ponto inicial 𝑃 que corresponde a ∇𝑓(3,1).

b) Explicar o significado da alínea a) em termos do gráfico de 𝑓.

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