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ISSN 1983-4209 - Volume 03 – Número 01 – 2009

PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA COMISSÃO DE MULHERES NA ZONA


RURAL NO MUNICÍPIO DE LAGOA SECA -PB

Vilma Ferreira da Silva Brito1; Ivan Coelho Dantas2; Govinda Deva dos Santos Dantas3

RESUMO
O presente estudo teve o objetivo de analisar a indicação terapêutica realizada pela comissão de
doze mulheres que fazem parte da comunidade rural do município de Lagoa Seca- PB, que utiliza
as plantas medicinais no tratamento das enfermidades, bem como são preparados os remédios
caseiros, quais as ervas indicadas e posologia. Foram realizadas visitas periódicas entre o período de
novembro e dezembro de 2007, utilizando questionários abordando as indicações populares das
plantas medicinais. Constatou-se que a “comissão” costumava usar para si para sua família e
auxiliar outras famílias, remédios preparados á base de plantas medicinais, e que haviam aprendido
a utilizar plantas com a própria família. As plantas mais citadas foram: Malva-rosa. (66,6%),
Hortelã-da-folha-miúda (58,3%), Erva-cidreira (50%), Mastruz (41,6%), Cebola-branca (41,6%),
Sabugueiro (33,3%), Colônia (33,3%), Erva-doce (25%), Alecrim (25%).Observou-se também qual
a maneira de preparar os remédios caseiros, as formas mais citadas foram: chá (infuso), decocto e
lambedores. Verificou-se que 91,07% das plantas indicadas popularmente, coincidiram com a
literatura pesquisada.

UNITERMOS: enfermidades, família, formas.

MEDICINAL PLANTS USED BY THE COMMISSION OF WOMEN IN RURAL AREA IN


THE CITY OF LAGOA SECA-PB

ABSTRACT
This study aimed to examine the indication made by the committee of twelve women who are part
of the rural community in the municipality of Lagoa Seca-PB, using the herbal treatment of
diseases, and are prepared to homemade remedies, which herbs and the dosage given. Periodic
visits were made between the period November and December 2007, using questionnaires
addressing the signs of popular medicinal plants. It was found that the "commission" used to use
them for your family and help other families, medicine preparations based on medicinal plants, and
had learned to use plants with their family. The plants most cited were: Malva-rosa. (66.6%),
Mintto-leaf-girl (58.3%), bee balm (50%), Mastruz (41.6%), Onion-white (41.6%), Sabugueiro
(33,3%), Germany (33.3%), fennel (25%), Rosemary (25%). It was also observed that the way to
prepare the home remedies, the most cited were: tea (infusion), decoction and licking. It was found
that 91.07% of the plants listed popularly, coincided with the literature.

UNITERMS: illness, family, forms.

INTRODUÇÃO
A fitoterapia clássica consiste na busca da cura das doenças através do uso das plantas
medicinais, esta prática vem sendo amplamente divulgada de geração para geração, em forma de
chás, infusões e lambedores.

1
Biologa, PMCG, Lagoa Seca-PB;
2
Farmacêutico, MSc, Departamento de Biologia, /CCBS/UEPB, ivancd@gmail.com
3
Enfermeira, Coordenadora a Atenção Básica, Prefeitura Municipal de Nova Palmeira.
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No Brasil, o alto preço dos medicamentos torna-os inacessíveis a maioria da população,


principalmente aos moradores da zona rural, que são pessoas que vivem da agricultura, sem muito
recurso para comprar medicamentos, assim sendo encontrando na medicina popular solução para
seus problemas de saúde, por serem de baixo custo e de fácil acesso.
O presente estudo sobre o uso de plantas medicinais pela comissão de mulheres da zona
rural no município de Lagoa Seca- PB, buscou informações sobre o cultivo de plantas medicinais,
sua eficácia no combate as enfermidades, forma de preparo e posologia, para associar o uso popular
destas plantas ao conhecimento científico.

Origem do uso popular


A origem do conhecimento do homem sobre as virtudes das plantas é muito primitiva e
acredita-se que este conhecimento foi surgindo à medida que o homem supria suas necessidades
básicas, através de casualidade, tentativa e observações (Morgan, 1979).
O homem primitivo dependia, prioritariamente da natureza para sua sobrevivência e
utilizava das plantas, principalmente para curar doenças, diversos são os exemplos citados na
literatura quanto ao uso e eficácia das drogas de origem vegetal, desde as mais remotas civilizações.
No Egito, um papiro descoberto por E. Ebers, em Luxor, datado de 1600 a.C. apresentava uma
listagem de remédios feitos com plantas, dentre as quais: coentro, funcho, genciana, romã; na
Mesopotâmia, na mesma época (1600 a.C.), eram produzidas placas de argila contendo
ensinamentos sobre plantas medicinais e seus derivados como o óleo de rícino, a mirra e o ópio
(Landmann, 1989).
Os Chineses, há 5000 anos, já usavam a efedra, planta de onde se extraía a efedrina,
utilizada no tratamento de asma brônquica (Landmann, 1989; Neves,1982).
Na China, o tratamento das enfermidades através de ervas é parte integrante da medicina e
farmacologia, desde 400 a . C., este país já acumulava um grande acervo de conhecimentos sobre
fitoterapia, com mais de 270 livros especializados, escritos em diferentes dinastias (Chien-Chunc,
1978).
A utilização das plantas medicinais no Brasil, teve início com seus primeiros habitantes os
grupos indígenas que utilizava as espécies nativas e fizeram uma seleção das plantas quer serviam
para curar doenças distinguindo-as das venenosas.
Com o descobrimento do nosso país, surgiram novas plantas trazidas de vários países como
Europa, Ásia, Índia, África, que hoje fazem parte da nossa flora constituindo desta forma as plantas
denominadas exóticas.
O uso de plantas medicinais na cura de doenças, é demonstrado pelos vários exemplos
citados na literatura quanto ao uso e eficácia das drogas de origem vegetal, desde as mais remotas
civilizações, neste sentido, há um crescente interesse em todo o mundo pelos assuntos ecológicos e
pelos remédios naturais, e isto se deve ao devido reconhecimento que é dado as plantas
medicinais,tanto que seu uso encontra-se hoje em expansão.
Por este motivo, faz-se necessário associar o conhecimento popular com o conhecimento
científico para melhor aproveitamento da utilização das plantas medicinais, e o elo desta associação
seria a instalação de farmácias vivas na comunidade, através do plantio em canteiros, jarros e
jardins, e seu funcionamento depende da orientação de profissionais qualificados.

Considerações sobre o uso das plantas medicinais.


São inúmeras as vantagens de fitoterapia, no seu emprego racional e sensato, para tratar as
enfermidades do corpo humano. Entretanto é mister que esse emprego se faça sempre observando
certas regras e cuidados, que devem ter aqueles doentes necessitados do uso das plantas
(Sanguinetti, 1989).
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É um erro supor que o uso de certas plantas não causa malefícios à saúde humana. Nenhuma
planta, quando feito o uso abusivo dela, está isenta de provocar fenômenos colaterais, pois todas são
remédios e, como tal, delas não deve abusar-se. Assim, é necessário sempre interpor um intervalo
de abstinência no uso das ervas. Quando o emprego de certas plantas se faz necessário por 20 dias,
deve-se interpor um intervalo de 4 dias, durante o qual não deverá usar nenhuma delas, porque o
melhor mesmo para a saúde, é deixar o organismo repousar e dar-lhe tempo de expulsar as toxinas e
as impurezas (SanguinettI, ob. Cit. ).
Para melhor aproveitamento dos princípios curativos das ervas, de modo integral, deve-se
observar certas regras, essenciais. O primeiro cuidado que deve ter é constatar se as plantas estão
em estado fresco, tenro, ou secas. Verificar se as ervas não estão mofadas e, principalmente, se
ainda conserva o aroma original. Quando as plantas começam a ficar emboloradas e apresentam
pequenas pintas verdes – acizentadas e um cheiro acre ao olfato, são inúteis e prejudiciais ao uso
medicinal, nestas circunstâncias não devem ser usadas (Sanguinetti, ob. Cit ).
Na medicina popular as preparações de plantas medicinais, seguem processos habituais
empregadas na obtenção dos chás medicinais que são: Infusão, maceração e decocção

METODOLOGIA
Área e população de estudo
Este estudo foi desenvolvido no município de Lagoa Seca, situado a 129 KM de João
Pessoa, na região do Agreste e Brejo paraibano com uma área de 133 quilômetros quadrados. Seu
clima é tropical úmido, com temperatura média anual em torno de 22º c, sendo a mínima 18º c e a
máxima 33º c. A cidade é limitada ao norte com o município de São Sebastião de Lagoa de Roça-
PB e Montadas-PB: ao sul Campina Grande-PB e Massaranduba-PB; ao leste Matinhas-PB e ao
norte Puxiznanã-PB. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2000, o
município tem uma população de 24.154 habitantes

Técnicas de coleta de dados


O estudo foi realizado com a comissão de mulheres da cidade de Lagoa Seca - PB, no
período de novembro a dezembro de 2007, utilizando a questionário, através de visitas realizadas no
Sindicato Rural daquela cidade, ponto de reunião da comissão. A escolha desta técnica foi para
possibilitar melhores informações sobre as questões investigadas, facilitando desta forma a
obtenção de dados para melhor compreensão do trabalho realizado pelas entrevistadas.
O instrumento da coleta de dados utilizado foi um questionário com as seguintes perguntas;
Quais as plantas cultivadas pela comunidade? Quais as dez plantas mais utilizadas? Quais as plantas
que interagem para potencializar os efeitos terapêuticos? Como são utilizadas as plantas
medicinais?Preparo e posologia e modo de usar.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Tabela 1: Distribuição da freqüência e percentual da das dez plantas mais citadas.


PLANTA NOME CIENTIFICO FREQ. %
Alecrim Rosmarinus officinalis L. 3 25
Capim-santo Cymbopogon citrates (D.C.)Stapf 2 16
Cebola-branca Allium ascalonium L. 5 41,6
Colônia Alpinia speciosa Schum 4 33,3
Erva-cidreira Lippia alba L. 6 50
Erva-doce Pimpinella anisum L. 3 25
Hortelã-da-folha-miúda Mentha x villosa Huds 7 58,3
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Malva-rosa Pelargoniun graveolens Art. 8 66,6


Mastruz Chenopodium ambrosioides L. 5 41,6
Sabugueiro Sambucus australis Cham e Schlecht 4 33,3

De acordo com dados levantados em campo verificou-se, que dentre vinte e nove plantas em
estudo, dez têm posição de destaque em função do maior grau de utilidade como método alternativo
no tratamento das enfermidades dos moradores da zona rural daquele município, como se vê no
quadro acima.

Tabela 2: Distribuição do percentual das dez enfermidades mais citadas.

ENFERMIDADES FREQUÊNCIA PERCENTUAL


Gripe 4 33,3
Pressão arterial 2 16
Má digestão 2 16
Febre 2 16
Insônia 2 16
Rouquidão 1 8,3
Verme 1 8,3
Cicatrizante 1 8,3
Problemas pulmonares 1 8,3
Cólica 1 8,3

Considerando os dados descritos no quadro acima, concluiu-se que dez enfermidades


ocorrem com maior freqüência nos moradores da zona rural de Lagoa Seca- PB, sendo tratadas na
sua totalidade através de plantas medicinais.

Quadro 3- Identificação da origem das plantas medicinais.


PLANTA NOME CIENTÍFICO ORIGEM
Acônito Pfaffia glomerata (Spreng) Persen Nativa
Alecrim Rosmarinus officinalis L. Exótica
Arruda Ruta graveolens L. Exótica
Artemísia Artemísia vulgaris L. Exótica
Babosa Aloe Vera L. Exótica
Cana- do -brejo Costus spicatus Swartz Nativa
Capim santo Cymbopogon citrates (D.C.) Stapf Exótica
Cebola-branca Allium ascalonium L. Exótica
Colônia Alpina speciosa Schum Exótica
Erva-cidreira Lippia alba L. Nativa
Erva doce Pimpinella anisum L. Exótica
Espinho-de-cigano Acanthospermum hispidum D.C. Nativa
Erva-lanceta Solidago microglossa D.C. Nativa
Gergilim Sesamum indicum L. Exótica
Hortelã –da- folha- graúda Coleus amboinicus L. Exótica
Hortelã- da- folha- miúda Mentha x villosa Huds Exótica
Losna Artemísia absinthium L. Exótica
Louro Laurus nobilis L. Exótica
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Malva rosa Pelargonium graveolens Art. Exótica


Manjericão Ocimum basilicum L. Exótica
Mastruz Chenopodium ambrosioides L. Exótica
Mata-pasto Senna obtusifolia (L) H. S. Irwin & Nativa
Barneby.
Melão de são caetano Momordica charantia L. Exótica
Mil-folhas Achillea millefolium L. Exótica
Quebra pedra Phyllanthus niruri L. Exótica
Rabo-de-raposa Conyza bonareinsis ( L.) Cronq Nativa
Romã Punica granatum L. Exótica
Sabugueiro Sambucus australis Cham e Schlecht Nativa
Saião Kalanchoe brasiliensis Camb Nativa
Total Plantas Exóticas 68,96%
Total Plantas Nativas 31,03%

Verificou-se com o presente estudo, identificar qual a origem das plantas cultivadas pela
“comissão de mulheres”, constatando que das vinte e nove plantas cultivadas, 68,96% são plantas
exóticas, e 31,03% são plantas nativas.
Constatou-se que as entrevistadas não conheciam a origem das plantas por elas
cultivadas.

Comparação das indicações populares e literatura específica


A seguir são apresentadas 29 (vinte e nove) plantas indicadas pela comissão de
mulheres na cidade de Lagoa Seca- PB. Partindo do uso popular, comparamos as indicações
populares com as indicações terapêuticos. Os resultados obtidos foram os seguintes:

Acônito (Pfaffia glomerata (Spreng) Pedersen.)


Popularmente o acônito é indicado para combater febre. Na literatura pesquisada, não foi
encontrada nenhuma indicação que coincida com o uso popular.

Alecrim (Rosmarinus officinalis L.)


Popularmente o alecrim é indicado no tratamento da pressão alta e rouquidão.
De acordo com Diniz et al (1998), Corrêa et al (1926), Coimbra (1994), Teske e Trentini
(1995), afirmam as indicações populares no tratamento da debilidade cardíaca, por possuir efeitos
diuréticos, e nos casos de antifaringite e antilarigitico.

Arruda (Ruta graveolens L.)


Indicada popularmente para combater cólicas e irritações dos olhos.
Segundo Sanguinetti (1989), Diniz et al (1997), a arruda é indicada para irritação dos
olhos e no combate a cólica menstrual, coincidido com o uso popular.

Artemísia (Artemísia vulgaris L.)


Popularmente indicada no tratamento das dores de cabeça e febre.
De acordo com Corrêa (1926), Penna (1946), Bertotto (1946), Caribe e Campos (1995),
Botsaris (1997), Diniz (1998), as indicações populares são afirmadas por possuir propriedades
analgésicas e antifebris.

Babosa (Aloe Vera L.)


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Popularmente indicada no tratamento de queimaduras, hemorróida e caspa.


Segundo Vieira (1992), Corrêa et al (1998), Sanguinetti (1989), Diniz et al (1989), Simões
et al (1988), Balbach (1986), o uso popular é indicado na literatura pesquisada, no tratamento de
hemorróida, possui ação regeneradora da pele, cicatrizante, alivia queimaduras, por possuir
propriedades antiinflamatórias, pode ser usada no tratamento de ferimentos.

Cana – do- brejo (Costus spicatus S.W.)


Indicada no tratamento das dores de coluna, próstata e rins.
O uso popular coincide através de Corrêa et al (1998), Alzugaray e alzugaray (1984),
Balbach (1986), Coimbra (1994), no tratamento das afecções urinárias, inflamações da uretra, no
tratamento dos cálculos renais.

Capim-santo (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf.)


Popularmente indicado como calmante e no caso da má digestão.
O uso popular coincide através de Diniz et al (1988), Sanguinetti (1989), a utilização como
calmante no caso de insônia, nervosismo e no combate as dores de barriga.

Cebola-branca (Allium ascalonium L.)


Popularmente indicada como expectorante no combater a gripe.
Vieira (1992), Coimbra (1994), coincide ao uso popular, como expectorante no combate da
bronquite, catarros crônicos, e secreções brônquicas

Colônia (Alpina speciosa Schum.)


Utilizada popularmente no combate a febre e resfriado e problemas de pressão.
Segundo Chenorviz (1920), Penna (1946), Sanguinetti (1984), Diniz (1998), a colônia é
indicada no tratamento de gripe e hipertensão e resfriado confirmando o uso popular.

Erva - cidreira (Lippia alba L.)


Indicada popularmente no tratamento da má digestão e gripe.
De acordo com Bertotto (1949) apud Dantas (2001), Sanguinetti (1989), Almeida (1993),
Diniz (1998), Teske e Trentini (1995), Matos (1998), Campestrini et al, (2000), a erva cidreira por
possuir propriedade digestiva, bem como possui ação antigripal, é indicada na literatura
pesquisada.

Erva - doce (Pimpinella anisum L.)


Popularmente indicada como calmante.
O uso popular da erva doce foi indicado por Vieira (1992), sendo indicada como calmante
nas excitações nervosas e no caso da insônia.

Espinho-de-cigano (Acanthospermum hispidum D.C.)


Popularmente indicado no tratamento de cansaço, e utilizado também como expectorante.
O uso popular do espinho de cigano, foi indicado por Diniz et al (1998), Carriconde (1998),
por possuir ação broncodilatadora.

Erva-lanceta (Solidago microglossa ( D.C.)


Indicada popularmente no combate ao cansaço.
Na literatura pesquisada, não houve coincidência com o uso popular da erva lanceta.
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Gergilim (Sesamum indicum L.)


Popularmente indicada no combate a osteoporose , por ser rica em proteínas.
Segundo Alzugaray e Alzugaray (1984), o gergilim apresenta elevado valor energético, rico
em cálcio e fósforo, as sementes possuem diversas propriedades nutritivas.

Hortelã-da-folha-graúda (Plectranthus amboinicus Lour.)


Indicado popularmente no tratamento de gripe.
De acordo com Diniz et al (1998), a hortelã apresenta propriedades expectorantes, atuando
na região peitoral

Hortelã-da-folha-miúda (Mentha x villosa Huds.)


Popularmente a hortelã da folha miúda é Indicada no combate a vermes, circulação do
sangue e cólicas.
De acordo com Diniz et al (1997), indica a hortelã-da –folha-miúda no combate da
amebicida, giardicida em 95 % dos casos.
Segundo Matos (1989), Diniz et al (1998), Reis et al., S/D, indicam o uso da erva como
analgésica.

Losna (Artemísia absinthium L.)


Popularmente indicada para má digestão, baixa taxa da glicose, eficaz para males do fígado
e abortiva.
Segundo Sanguinetti (1989), Braga (1978), Balbach (1986), Simões et al (1988), Alzugaray
e Alzugaray (1984), o uso popular é indicado como sendo abortiva, possui propriedade benéfica ao
organismo limpa e regulariza o funcionamento do aparelho digestivo.

Louro (Laurus nobilis L.)


Indicado popularmente no tratamento da má digestão
De acordo com Sanguinetti (1989), Alzugaray e Alzugaray (1984), o louro cura e alivia as
debilidades estomacais, coincidindo com o uso popular.

Malva-rosa (Pelargonium graveolens Art.)


Indicado popularmente no tratamento da tosse, resfriado e expectorante.
Segundo Coimbra (1994), Balbach (1986), Simões et al (1988), Sanguinetti (1989), Corrêa
et al (1998), indicam a malva rosa no tratamento das inflamações, agindo como emoliente
(amolece os tecidos da mucosa), expectorante.
Ficou constatado também que quando a malva rosa é utilizada em lambedores juntamente
com a hortelã da folha graúda e saião, por possuírem propriedades expectorantes e
antiinflamatórias, aumenta o poder de interação desta erva proporcionando um resultado favorável
quanto seu potencial de cura.

Manjericão (Ocimum basilicum L.)


Indicado popularmente para combater a febre.
Segundo Coimbra (1994), o manjericão combate a febre por possuir efeito sudorífero.

Mastruz (Chenopodium ambrosioides L.)


Popularmente indicado no combate a problemas pulmonares, gripe, cicatrizante.
De acordo com Braga (1978), Coimbra (1994), Corrêa et al (1998), Sanguinetti (1989),
Balbach (1986), Alzugaray e Alzugaray (1984), as folhas do mastruz são utilizadas para afecções
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pulmonares, são eficazes no combate a bronquite, agindo como expectorante, por possuir
propriedades antiinflamatórias, combate problemas dos órgãos respiratórios, podendo ainda ser
utilizada externamente como cicatrizante em ferimentos.

Mata-pasto (Senna obtusifolia (L) H. S. Irwin & Barneby.)


Indicado popularmente nas doenças da pele.
De acordo com Balbach (1986), as folhas do mata pasto, é indicada para afecções da pele.
.
Melão-de-são-caetano (Momordica charantia L.)
Popularmente indicada no tratamento das doenças de pele.
Segundo Balbach (1986), indica a erva no combate a eczema e sarna.

Mil-folhas (Achillea millefolium L.)


Indicada popularmente no tratamento da próstata.
Conforme Balbach (1996), Sanguinetti (1989), mil folhas é indicada no tratamento das
debilidades da bexiga e incontinência da urina.

Quebra- pedra (Phyllanthus niruri L.)


Popularmente indicada no tratamento do cálculo renal, distúrbios da próstata, enfermidade
da bexiga.
De acordo com Corrêa et al (1998), Diniz et al (1997), Balbach (1986), o quebra pedra
atuando com eficiência para expulsar os cálculos renais, auxiliando como regulador das funções em
distúrbios prostáticos, e enfermidades da bexiga.

Rabo-de-raposa (Conyza bonariensis ( L.) Cronq)


Popularmente indicado no combate as doenças da pele impigem e coceiras.
Segundo Alonso (1998), o rabo-de-raposa, possui ação fungicida e antimicótica.

Romã (Punica granatum L.)


Popularmente indicada, no combate as enfermidades inflamatórias.
A romã é indicada como anti-séptica, antiinflamatória, expectorante, e possui ação
antibiótica. (Matos, 1998).

Sabugueiro (Sambucus australis Cham e Schlecht)


Indicado popularmente no combate a febre, pressão alta, no tratamento das enfermidades
como sarampo.
Segundo Coimbra (1994), Braga (1978), Simões et al (1988), Sanguinetti (1989), Corrêa et
al (1998), o uso do sabugueiro possui propriedades diuréticas e sudoríficas.

Saião (Kalanchae brasiliensis Camb)


Popularmente indicado no tratamento do aparelho digestivo e gripe.
De acordo com Alzugaray (1984), Vieira (1992) o saião possui atividade antiinflamatória,
refrescante intestinal, indicado no tratamento de gripes.
Interação: A malva-rosa possui propriedade antiinflamatórias que em associação com o
saião combate determinadas enfermidades, ficando comprovado desta forma o poder de interação
entre estas ervas (Corrêa, 1998; Sanguinetti, 1989).

Quadro 4 -Confirmação das indicações populares com a literatura pesquisada.


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NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO USO USO NÃO


CONFIRMADO CONFIRMADO
Acônito Pfaffia glomerata(spreng) - 1
Pederson
Alecrim Rosmarinus officinalis L. 2 -
Arruda Ruta graveolens L. 2 -
Artemísia Artemísia vulgaris L. 2 -
Babosa Aloe vera L. 3 -
Cana do brejo Costus spicatus S.W 2 1
Capim santo Cymbopogon citratus (D.C.) 2 -
Stapf
Cebola branca Allium ascalonium L. 2 -
Colônia Alpina speciosa Schum 3 -
Erva cidreira Lippia alba L. 2 -
Erva doce Pimpinella anisum L. 1 -
Espinho de cigano Acanthospermum hispidum 2
D.C.
Erva lanceta Solidago microglossa D.C. - 1
Gergilim Sesamum indicum L. 1 -
Hortelã da folha graúda Coleus amboinicus L. 1 -
Hortelã da folha miúda Mentha x villosa Huds 2 1
Losna Artemísia absinthium L. 3 1
Louro Laurus nobilis L. 1 -
Mastruz Chenopodim ambrosioides L. 3 -
Malva rosa Pelargonium graveolens Art. 3 -
Manjericão Ocimum basilicum L. 1 -
Mata Pasto Cássia Tora L. 1 -
Melão de são Caetano Momordica charantia L. 1 -
Mil folhas Achillea millefolium L. 1 -
Quebra pedra Phyllanthus niruri L. 3 -
Rabo-de-raposa Conyza bonariensis 1 -
Romã Punica granatum L. 1 -
Sabugueiro Sambucus Australis Cham e 3 -
Schlecht
Saião Kalanchoe brasiliensis 2 -
Camb
TOTAL 51 5

Os resultados demonstraram que 91,07% da freqüência em que as plantas foram


indicadas no combate as enfermidades, tiveram confirmação na literatura fitoterápica.
Ficou demonstrado que 8,92% da freqüência em que as plantas foram indicadas no
tratamento de enfermidade, não foi confirmado na literatura fitoterápica.
Verificou-se que as indicações populares, apresentam uma realidade em que o
conhecimento popular, interage com o conhecimento científico, proporcionando resultados eficazes
nas indicações da medicina alternativa, demonstrando que o conhecimento popular através de
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experiências adquiridas no cotidiano tem fundamento, e ao mesmo tempo serve de base para as
pesquisas científicas.

Quadro 5- Plantas que interagem para potencializar os efeitos terapêuticos:

ENFERMIDADES PLANTAS QUE INTERAGEM


Expectorante Hortelão- da- folha- graúda/ cebola- branca
Doenças de pele Melão-de-são- Caetano/mata-pasto
Gripe Malva- rosa/hortelã-da-folha-graúda/cebola- branca
Impigem Rabo-de-raposa/mata pasto/ melão-de-são-caetano
Gripe Malva rosa/saião

Constatou-se que para obterem maior resultado na utilização das plantas medicinais, as
entrevistadas utilizavam mais de uma erva para fazer os medicamentos caseiros, pois quando
associadas trariam maiores efeitos no tratamento, conforme indicações no quadro acima.
Na literatura pesquisada constatou-se os efeitos terapêuticos citados popularmente,
quando associadas em lambedores as ervas hortelã-da-folha-graúda, cebola-branca, indicadas nas
afecções catarrais, bronquite crônica, febre e tosse (Balbach, 1986; Vieira, 1992; Coimbra, 1994).
Verificou-se que associando as ervas rabo- de- rapoza, melão –de -são- caetano e mata-
pasto, na fabricação de sabonetes, para o tratamento das doenças da pele como eczema, sarna e
impigem, o resultado seria mais intensificado por estas ervas possuírem propriedades eficazes no
tratamento das afecções da pele (Balbach, 1986).
Ficou constatado também, quando a malva-rosa é utilizada em lambedores juntamente
com hortelã- da- folha- graúda, saião por possuírem propriedades expectorantes e Antiinflamatórias,
aumenta o poder de interação destas ervas proporcionando um resultado favorável ao tratamento
(Coimbra, 1994; Balbach, 1986; Simões et al, 1988; Sanguinetti, 1989; Corrêa et al, 1998).

CONCLUSÃO
Com a realização do presente estudo conclui-se que:
- A comissão de mulheres, desempenha um trabalho importante na divulgação,
conscientização e preservação do conhecimento popular sobre plantas medicinais junto a
comunidade.
- Foram inventariadas vinte e nove espécies de plantas medicinais utilizadas pela
comunidade.
- Verificou-se que das vinte e nove espécies, as dez mais utilizadas pela comunidade
foram: Malva-rosa. (66,6%), Hortelã-da-folha- miúda (58,3%), Erva-cidreira (50%), Cebola-branca
e Mastruz (41,6%), Colônia, Sabugueiro (33,3%), Alecrim, Erva-doce (25%), Capim-santo (16%).
- Observou-se quanto a origem das plantas medicinais que 68,96% são exóticas , e
33.03% são plantas nativas.
- Ficou constatado que existe interação das ervas medicinais utilizadas pela “comissão
de mulheres”.
- Constatou-se que das vinte e nove plantas medicinais utilizadas popularmente, 91,07%
coincidiu com a literatura pesquisada.

REFERÊNCIAS

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