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Identidades

Aula 9

Politeísmo romano mentais dos povos


Abordagens tradicionais primitivos da África Negra e
sobre o politeísmo Romano da Austrália, valorização do
Princípios Gerais do ritual, do gesto, da formula,
Politeísmo Romano considerados como
sobrevivência de concepções
Formalista – Análise fiel das primitivistas, sobretudo
formas oficias das agrárias.
manifestações da religião
romana (Deuses, cultos e Genealógica: Abandono das
lendas) sem abordar quase a teorias gerias sobre a
vida interior, o sentimento religião e comparações
religioso, exposição etnográficas: esclarecimento
sistemática de deuses e da história das origens
cultos através de povos vizinhos a
Roma e contatos culturais
Evolucionista – Exame de que se tornaram
algumas noções componentes étnicos de
fundamentais pelas quais a Roma (indo-europeus,
consciência romana etruscos, gregos...)
apreende o fenômeno
religioso. Preocupação com Princípios Gerais do
o desenvolvimento histórico. Politeísmo Romano

Sociológica e comparativa – Religião sem revelações,


Estudo dos processos livros revelados, dogmas e
ortodoxia: Exigência edificadora, o passado, sem
central era principalmente grande relação com a
“ortopraxis” (execução realidade.
correta dos ritos prescritos).
Citações de Gramáticos:
Textos religiosos – Cícero, Autores (Horácio,
Ovídio, autores cristãos Quintiliano e,
(Tertuliano, Agostinho, principalmente, Varrão)
Arnóbio). Apresentavam a citam alguns textos antigos
ideia que os antigos faziam evocando velhos rituais
do panteão romano: numa língua arcaica, que os
trabalhos integrando próprios sacerdotes que não
divindades em sistemas compreendiam mais. Ex.
teológicos ou tratados de Canto dos Sálios (litania
mitografia a partir das rítmica cantada pela
narrações e adotando lendas confraria dos 12 sálios
de deuses (a mais antiga durante as cerimônias do
religião latina não possuía culto de Marte).
mito).
Textos epigráficos
Textos Literários: Tardios Material Arqueológico
(do final da República e da
Época Augusta).
Recolhimento da tradição
analística, mas faltam bases Religião ritualística:
documentais seguras para o Severamente tradicionalista;
período anterior a tomada de isto não a impediu de mudar
Roma pelos gauleses. e de integrar novos
Autores (catão, Cícero, elementos, pois a abertura
Varrão, Columela) evocam, aos novos cidadãos e aos
de forma romântica ou
novos deuses era prática em
Roma. Religião que buscava o
bem terreno de uma
Ritos e atitudes rituais comunidade e não a
construíam e transmitiam salvação do indivíduo e da
representações sobres as sua alma imortal no pós-
divindades e a ordem das morte: os deuses ajudavam
coisas: é errôneo considerar os indivíduos, mas
que esta religião fosse fria e primeiramente, enquanto
necessariamente interesseira, eles eram membros de uma
ignorando quaisquer ideias e comunidade e, em seguida,
conteúdos espirituais. A como indivíduos e à margem
pratica religiosa não excluía dos negócios comunitários.
a exegese e a especulação “Do ut des”.
livres. Entretanto, esta
atividade se desenvolvia no Religião sem iniciação nem
exterior da vida religiosas ensinamento: os deveres
propriamente dita. Na religiosos eram impostos ao
medida em que não existia indivíduo pelo nascimento,
nenhum outro dogma que a pela adoção, pela
obrigação ritual, os manumissão ou pela
indivíduos usufruíam uma naturalização, logo estavam
inteira liberdade para pensar ligados à posição social dos
os deuses, a religião e o indivíduos e não a uma
mundo decisão pessoal de ordem
espiritual (como o batismo
Religião sem código moral: ou a conversão, por
o código ético que a regia exemplo).
era o mesmo que regia as
outras relações sociais. Ética Religião social: ligada a
era tratada pela filosofia. uma comunidade, não ao
indivíduo. Portanto a Paulo Pinto –
religião romana não existia, Transformações no
de Paganismo Romano

Religião politeísta Introdução


Sincretismos são inerentes;
Religião política: todo ato Será apresentada a
comunitário comportava um morfologia do panteão, sua
aspecto religioso e todo ato sistematização funcional e
religioso possuía um aspecto organização rital
comunitário. Assim, o culto Análise em uma perspectiva
público comportava diacrônica;
necessariamente aspectos O paganismo romano era
políticos. Neste sentido, organizado em si e servia a
pode se dizer que a religião um utilitarismo político-
romana era uma religião social independente das
política fontes escritas e orais;
Apesar de muitas
Religião sem autoridade características romanas
ou chefe únicos (mesmo o terem desaparecido com o
culto público). tempo, outras se mantiveram
sobre os sincretismos.
Religião ligada ao ideal da
cidade (tal qual se Os Deuses Romanos
desenvolveu no
Mediterrâneo desde o séc. Há três grupos tipológicos
VIII a.C) de deuses romanos:
Bem definidos
Religio x Superstitio. Presentes, porém de agência
indefinida;
Agentes ou semi-agentes
Quirino (flâmine quirinal):
Esses últimos tinham pouca Fecundidade e riqueza.
regência nos mitos romanos,
mas serviam ao cristianismo Júpiter: “deus pai”
como fonte de ironia. Júpiter era assistido por
Eles eram especialistas em outros deuses que
certas funções que refletiam representavam o juramento,
a estrutura social romana. a propriedade e a juventude;
Marte não tinha assistentes;
Entidades associadas à A teologia de Quirino foi
natureza gradualmente sendo
Muitas vezes se tratavam de esquecida.
entidades cuja identidade
(nome, qualidades) era Tríade Capitolina
indefinida, mas ainda assim
eram reverencias. Júpiter: repete
Juno: protetora dos
Jano, o deus bifronte matrimônios e dos
Preside o início e o fim de nascimentos.
tudo Minerva: deusa dos ofícios e
Seu espaço é a soleira das dos artesãos.
casas.
Minerva:
De origem etrusca e
Tríade Arcaica (Pré- parcialmente grega, a tríade
capitolina) Capitolina aparentemente
não faz sentido, não
Júpiter (flâmine dial): formando uma unidade
Soberania, religião e direito. conceitual. Isso pode
Marte (flâmine marcial) significar que o privado não
Atividade guerreira; entra na esfera pública e que
as práticas manuais eram política (e não étnica ou
separadas das elites. cultural)
Os cultos públicos tinham
Tríade Plebeia mais importância que os
Céres (Agricultura) privados
Líber (fecundidade Os sacerdotes representavam
masculina) a esfera religiosa assim
Líbera (fecundidade como os magistrados, o
feminina) político.

Refletem a evolução social Os mestres do sagrado


romana. Haviam quatro colégios
sacerdotais: Pontificial,
Vestais augural, quindecenviral e
Dedicadas ao culto de Vesta, septenviral
deidade romana do O pontífice entronava os
assentamento da flâmines e as vestais.
comunidade. Haviam três flâmines
maiores que representavam
A cidade e o sagrado a tríade arcaica e mais doze,
menores;
Os deuses também eram As vestais guardavam o fogo
cidadãos, cujos templos eterno de Vesta e não eram
eram moradas. consideradas mulheres,
Assim os sacerdotes devido a virgindade
definiam algo no aspecto Haviam também os Fetiales
religioso. asseguravam a proteção de
O ingresso nessa religião era Roma frente aos deuses
definido pela cidadania, ou estrangeiros – sobre guerra,
seja, sua participação paz e acordos.
Os vivos e os mortos Classificou os deuses pagãos
Havia deuses caseiros, como provindos de:
selvagens e pessoais, mas Poetas (teatros) –
não uma ideia de alma, visto desprezíveis;
que a religião era coletiva. Filósofos (academias ou
Também havia culto aos mundo) – perigosos
mortos de cada família nos Príncipes ou sacerdotes
túmulos e em casa em (cidades) aceitáveis.
épocas diferentes.
Júlio César
Da Helenização às Guerras
Civis Depois do episódio dos
irmãos Graco havia uma
A incorporação de outros divisão, sobretudo política,
deuses era ritualística. os romanos ficaram
Cultos secretos tendiam a divididos em deus classes
ser incorporados devido ao econômicas. Assim, as
caráter de manter a ordem figuras de generais
pública na religião romana, cresceram em poder, mas
mas somente depois de forte isso não impediu Roma de
repressão e perseguição. ficar dividida em cidades
A helenização incluiu novos autônomas, ocorrendo
deuses e sua representação grande fluidez religiosas.
por estátuas, literatura, Então, Julio César se elevou
teatro e filosofia à categoria de semideus.
As guerras e seus
comandantes modificavam o A restauração imperial
teor de crenças e práticas Após as guerras, a
conforme o interesse. religiosidade foi retomada
O título de Augusto o
Agostinho colocou como o único líder
possível do sagrado e do cósmicas/universais, bem
profano diferente do paganismo
O aspecto vitorioso se romano, fortemente
manifestava nos rituais de vinculado ao Estado.
triunfo Ainda assim, estavam
O culto imperial divinizava vinculados ao panteão
os nobres romanos romano e acabaram em
Eles eram cultuados, declínio durante as invasões
principalmente nas bárbaras.
províncias
Eles faziam a Apoteose O fim do paganismo
como este procedimento, O cristianismo cresce na
onde o Senado averiguaria parte helênica do Império, o
se a pessoa realmente era polo comercial
digna de ser elevada à Ocorre uma inversão de
divindade. valores, com resistência
pagã
O novo paganismo Há iconoclastia até o
Ainda que assimilando rompimento do paganismo
outras culturas, a romana com o Estado, incluindo
não pôde evitar a perda da todas as escolas.
própria identidade
Isso gerou insegurança
coletiva de forma que outras Em off
correntes foram crescendo e Apenas no período
ressignificando o paganismo helenístico é que a figura de
romano, mas tiveram a Deus (Yahweh) vai sair
ascensão a partir da cultura dessa figura Vingativa,
grega. Humana, ligando-se
Essas outras crenças tinham somente à parte boa,
características
surgindo a figura de Satanás
para significar o mal.

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