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FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ

POLITICA PÚBLICA: BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ACESSO E


ENTRAVE NA OPERACIONALIZAÇÃO DO BENEFICIO

CURITIBA/PR
2018
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ
SILVANIA DE MELLO PIERGENTILE GIACOBBO

POLITICA PÚBLICA: BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ACESSO E


ENTRAVE NA OPERACIONALIZAÇÃO DO BENEFICIO

Trabalho entregue à Faculdade de Educação São


Braz como requisito legal para convalidação de
competências, para obtenção de certificado de
Especialização Lato Sensu, do cursode
Administração e Finanças, conforme Norma
Regimental Interna e Art. 47, Inciso 2, da LDB
9394/96.
Orientador (A): Marisa E. Pereira Melo

CURITIBA/PR
2018
RESUMO
A Constituição Federal de 1988 trouxe-nos um importante avanço nos direitos
sociais, estabelecendoum contexto histórico derivado de uma conquista políticas e
sociais, com intuito de valorização do trabalho e do indivíduo, sempre pautados no
princípio maior da dignidade da pessoa humana. Assim, procurou-se de forma
sucinta analisar os direitos: educação, saúde, trabalho, moradia, cultura e meio
ambiente. Assim, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) é uma das ações que
integra a assistência social, previsto na Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) e
no Estatuto do Idoso, consistindo no repasse de um salário mínimo mensal ao idoso
e à pessoa com deficiência que comprovem não ter meios para suprir sua
subsistência ou de tê-la provida por sua família. Assim, a partir do trabalho como
Assistente Social, na inserção profissional por concurso público na agência da
Previdência Social de Loanda, e na percepção cotidiana da compreensão do BPC
pela lógica institucional, este trabalho teve como objetivo realizar uma análise mais
aprofundada nos acessos ao benefício e os entraves para o sua operacionalização.

Palavras-chave: Benefício. Assistência. Direito.

Olá Silvania,
Segue seu trabalho para as últimas correções.
È preciso inserir todas as referências que estão marcadas de vermelho, na página de
referências.
E as que marquei, que precisam da página, é porque realmente precisam da página.
E assim que me devolver o arquivo corrigido, finalizaremos.
1. INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988, admitida como Constituição Cidadã, e a Lei


Orgânica de Assistência Social (LOAS) inicia no país uma nova maneira de ver a
pobreza, os deficientes e os idosos. Afirma ainda que, a Assistência Social é política
pública, dever do Estado e direito do cidadão, antes desse marco constitucional a
Assistência Social era fragmentada e consolidada na caridade e no clientelismo,
embora já houvesse algumas ações estatais fragmentados, porém, é com a
Constituição de 1988 que o cidadão passa a ter direito de fato, entrando na agenda
política do governo e tratada como matéria de políticas públicas. Em se tratando do
assunto de políticas públicas a Constituição da República Federativa do Brasil.
Oartigo 203 da Constituição federalé fundamental para o reconhecimento de
que a situação de vulnerabilidade pessoal e social não são frutos da incompetência
ou da falta de sorte do individuo, mas consequência da dinâmica da sociedade
capitalista.

O sistema de proteção social do Brasil, particularmente a Seguridade social


foi construído como uma exigência histórica resultante da relação capital verso
trabalho, com o objetivo de manter a acumulação do capital e, ao mesmo tempo,
atender às demandas dos trabalhadores.

E quando esse trabalhador não tem como vender sua força de trabalho o
Estado é responsável para dar condições necessárias à vida desse trabalhador.
(SOUZA, 2006).
As políticas sociais se caracterizam por uma natureza contraditória e atendem
aos interesses do dono do capital e do trabalhador. Elas são determinadas,
sobretudo, pela condição estrutural do capitalismo e pela luta de classes, deste
modo aconteceque os ciclos de expansão de estagnação econômica e a correlação
de forças em dado momento repercutem em suas formulações, características e
funções.
Assim o Estado respondendo a essas pressões elaboramas políticas públicas
que são a soma das atividades dos governos, agindo diretamente ou através de
delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos. De uma forma ainda mais
abrangente, pode-se considerar as Politicas Públicas como “o que o governo
escolhe fazer ou não fazer”.
Dentre as políticas públicas o estudo aborda a política de Assistência Social
que garante o benefício de prestação continuada aos idosos e pessoas com
deficiência os quais se encontram incapacitados para o mercado de trabalho, como
apregoa Marx, no capitalismo, o operário vende a força do seu trabalho, quando
esse não consegue, compete ao Estado suprir suas necessidades básicas, por meio
das políticas públicas regulamentadas e nomeadas no Brasil como Benefício de
Prestação Continuada (BPC) garantido pela Lei Orgânica da Assistência Social
(Loas).
Portanto o objetivo do estudo é identificar os requerimentos do Benefício de
Prestação Continuada na Agência da Previdência Social de Loanda-PR no ano de
2014, destes, quantos foram deferidos ou seja foram reconhecido o direito e
quantos foram indeferido, não reconhecido o direito, e quais as razões
apresentadas pelo indeferimento. Apontando se os requerimentos indeferidos estão
em concordância com as prerrogativas definidas na Política Pública de Assistência
Social.
Desse modo a questão que se levanta para atender o objetivo do estudo é:
Quais as razões apresentadas para o indeferido do Benefício de Prestação
Continuada?

O estudo pode apontar as lacunas para que a mesma se avaliada quanto aos
critérios adotados na forma como estão sendo indeferidos os requerimentos.
Na revisão da literatura ficou evidente que o BPC tem se tornado objeto de
estudo, não apenas de profissionais ligados à política de Assistência Social, mas de
diversas áreas do conhecimento, foram produzidas significativas contribuições para
o entendimento dessa temática, principalmente sobre os conceitos e critérios
adotados pelo BPC, e a importânciadessebenefíciocomo um mecanismo de
proteção social.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1. A Assistência Social e o Benefício de Prestação Continuada

Nas duas últimas décadas houve uma crescente expansão de políticas não
contributivas no âmbito da assistência social com programas de transferência direta
de renda como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e Bolsa Família (PBF),
para atender aqueles que se encontram fora do mercado de trabalho com
incapacidade permanente para executar tarefas, como idosos e pessoas com
deficiência (PCD) evitando situações de carência, considerada como forte
propulsora da pobreza e da indigência (JACCOUD, 2009).
A Lei Orgânica da Assistência Social expressa quea assistência social, direito
do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que
provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de
iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades
básicas. Portanto garante a todo cidadão o direitode ter recursos mínimos para que
vivam com dignidade,e ao estado o Dever de por meio das políticas públicas de
seguridade social, propiciando o Bem-Estar Social, entre elas o sistema protetivo
social, ou seja, é responsabilidade do Estado ações universais e conjuntas na área
de Assistência, Saúde e Previdência Social.Desta maneira, a Assistência Social
abandona o campo do assistencialismo e passa a ser vista como um direito
fundamental.
Nesse entender Jaccoud (2009) menciona que a assistência social se
estabeleceu como política de suma importância na ampliação e efetivação
dos benefícios de combate e erradicação da pobreza extrema e das
desigualdades sociais. É atualmente o segundo maior programa de
transferência direta de renda, fica atrás somente do Programa Bolsa
Família. (São Paulo, 2013, p.771)

Para Jaccoud (2009) o BPC:


foi o primeiro benefício assistencial de transferência direta implementado em
escala nacional. É focalizado e destinado aos que se encontram
impossibilitados de arcarem com sua sobrevivência, seja em função da
idade avançada ou da incapacidade física, enquanto o Programa Bolsa
Família atinge principalmente os indivíduos com idade ativa para o mercado
do trabalho, mas que, por algum motivo está fora dele.(São Paulo, 2013,
p.771)

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é operacionalizado pelo Instituto


Nacional de Seguro Social (INSS), do Ministério da Previdência Social, destinado
aos idosos com idade acima de 65 anos e pessoas com deficiência que atendam
aos critériosdefinidos para concessão, com renda familiar per capita inferior a um
quarto do salário mínimo, enquanto para as pessoas com deficiência, o processo
para concessão consiste em 1) critério de renda; 2) avaliação social e 3) perícia
médica comprovando a incapacidade para o trabalho
Nos critérios que definem a incapacidade para o trabalho são controversos,
pois nem todas as deficiências são consideradas incapacitantes. A incapacidade não
considerada para a elegibilidade do benefício reflete na tentativa de inclusão deles
no mercado de trabalho, exemplo, cego, pode ser considerado com capacidade para
exercer algum tipo de trabalho que não exige a visão. Segundo a Convenção sobre
Direitos da Pessoa com Deficiência das Nações Unidas (CDPD), menciona que
pessoas com a mesma deficiência podem enfrentar tipos e graus de restrição muito
diferentes, como o exemplo mencionado, depende, portanto, do contexto na qual se
encontra, qualquer indivíduo pode estar exposto aos fatores que possam causar
algum tipo de deficiência, temporária ou permanente. A constatação e o registro dos
casos de pessoas com deficiências motoras (física, mental e sensorial) ganham
cada vez mais visibilidade nas comunidades.

2.2. Lei Orgânica da Assistência Social

A Lei Orgânica da Assistência assegura que a assistência social, enquanto


política pública de responsabilidade do Estado, seja, pautada em ações organizadas
em um sistema descentralizado e com a participação da população na instância dos
conselhos. Este sistema oportuniza a efetiva redistribuição do poder, com atribuição
de competência das três esferas de governo, a responsabilidade de coordenação e
execução dos benefícios, programas e projetos para os estados, Distrito Federal e
municípios, como também seu cofinanciamento de ações, ou seja, a assistência
social é um direito do cidadão e dever do Estado conforme apregoa a Constituição
da República Federativa do Brasil (1988) e a política de seguridade social não
contributiva provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de
ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento das
necessidades básicas (LOAS, 1993, Art. 1º).
As Leis nº 12.435/2011 e 12.470/2011 alteraram a redação da LOAS no que
se refereaorequisito da deficiência do postulanteaobenefício, passandoaexigir
queosimpedimentossejamhálongoprazo, o qualfoiestipuladoem, no mínimo,
doisanos. A primeirapergunta a serfeita é se a
reformalegislativarepresentaumamodificação de fundo no conceito de deficiente para
fins de concessão do BPC, ou se apenasredacional. Considerando que a Lei nº
8.742/93 foieditada para tornaraplicável o artigo 203, V da Constituição Federal,
portersidoeleconsiderado de eficácialimitadapeloSupremo Tribunal Federal, conclui-
se que qualqueralteraçãolegislativanãopodeinfringir o núcleoessencial do artigo 203,
V da CF, sob pena de serconsideradoinconstitucional.
Em outras palavras, o direito ao benefício assistencial foi previsto na
Constituição Federal (artigo 203, inciso V), a qual delimitou os requisitos básicos,
cabendo à lei de regência, no caso, a Lei nº 8.742/93 (LOAS), apenas “esmiuçar” o
comando constitucional. Por esta razão, a interpretação possível acerca da alteração
trazida pelas Leis nº 12.435/2011 e 12.470/2011, que modificaram a redação do
artigo 20 da LOAS apenas será a de que não houve mudança na essência dos
requisitos, em especial de pessoa portadora de deficiência, sob pena de afronta à
Constituição.
De acordo com a Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004, p. 15)
“a Assistência Social como política de proteção configura-se como uma nova
situação para o Brasil”. Ela significa garantir a todos, que dela necessitam, e sem
contribuição prévia a provisão dessa proteção. Segundo a Política Nacional de
Assistência Social (PNAS/2004, p. 15)a opção que se construiu para exame da
política de assistência social na realidade brasileira, parte da defesa de um certo
modo de olhar e quantificar a realidade, a partir de:

 Uma visão social inovadora dando continuidade ao inaugurado pela


Constituição Federal de 1988 e pela Lei Orgânica da Assistência Social
de 1993, pautada na dimensão ética de incluir “os invisíveis”, os
transformados em casos individuais, enquanto de fato são parte de
uma situação social coletiva; as diferenças e os diferentes, as
disparidades e as desigualdades.

 Uma visão social de proteção, o que supõe conhecer os riscos, as


vulnerabilidades sociais a que estão sujeitos, bem como os recursos
com que conta para enfrentar tais situações com menor dano pessoal e
social possível. Isto supõe conhecer os riscos e as possibilidades de
enfrenta-los.

 Uma visão social capaz de captar a diferenças sociais, entendendo que


as circunstâncias e os requisitos sociais circundantes do indivíduo e
dele em sua família são determinantes para sua proteção e autonomia.
Isto exige confrontar a leitura macro social com a leitura micro social.

 Uma visão social capaz de entender que a população tem


necessidades, mas também possibilidades ou capacidades que devem
e podem ser desenvolvidas. Assim, uma análise de situação não pode
ser só das ausências, mas também das presenças até mesmo como
desejos em superar a situação atual.

 Uma visão social capaz de identificar forças e não fragilidades que as


diversas situações de vida possua.

Umimportante avanço trazido pela Constituição de 1988, foi a implantação


dos direitos sociais, quando estabelece um sistema de seguridade social público,
constituído de um tripé da seguridade social que abrange as políticas de previdência
social, saúde e assistência social. Essa ampliação de direitos tornou a prestação
dessas políticas um dever do Estado.
Embora estivesse na Constituição Federal, desde 1988, houve um caso
mencionado (PENALVA, DINIZ e MEDEIROS, 2010, p. 54), como a primeira
demanda judicial para a concessão do Benefício de Prestação Continuada da
Assistência Social o BPC em novembro de 1993. Diante da morosidade em publicar
a lei normatizando o benefício, foi “impetrado o Mandado de Injunção nº 448/RS
perante o STF, no qual se requeria a regulamentação do inciso V do artigo 203 da
Constituição Federal, dispositivo que instituiu o benefício assistencial (BRASIL,
2008, p. 122)”. Essa referência não está correta, aqui seria Brasil
No conjunto de provisões que a LOAS/93 aborda, é relevante destacar o
artigo 20 que são especificados no BPC:

Art. 20. O Beneficio de Prestação Continuada é a garantia de 1 (um) salário


mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70
(setenta) anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a
própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. § 2º Para efeito
de concessão deste benefício, a pessoa portadora de deficiência é aquela
incapacitada para a vida independente e para o trabalho. § 3º Considera-se
incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou
idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário
mínimo. § 4º O Benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado
pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de
outro, salvo o da assistência médica. (Redação dada pela Lei nº 8.742 de 7
de Dezembro de 1993) (BRASIL, 1993, CAPÍTULO IV – SEÇÃO I) Aqui
faltou a página

Como destaca o Artigo 20, o Beneficio de Prestação Continuada – BPCé um


direitoconstitucional, que garante em seu artigo 203, inciso V, aos deficientes e aos
idosos a partir dos 65 anos de idade que não tenham condições de prover sua
subsistência e nem tê-la provida por sua família, um rendimento no valor de um
salário mínimo para sua sobrevivência (BRASIL, 1998).
Em 2007, o BPC integrou-se ao Sistema Único de Assistência Social- SUAS -
e em 2008, por meio de decreto, apresentou os seguintes critérios para sua
obtenção:

Ter 65 anos de idade, no mínimo ou com deficiência incapacitante; em


ambos os casos, ser carente, isto é, não ter renda pessoal ou familiar,
superior a 25% do salário mínimo; não estar recebendo benefício no âmbito
da Seguridade Social ou de outro regime, nacional ou estrangeiro, salvo
assistência médica ou pensão especial de natureza indenizatória; não ter
atividade remunerada; não ter meios de prover a própria subsistência ou por
sua família (SIMÕES, 2009, p. 228).
No Art. 203 da Constituição de 1988, a Lei Orgânica de Assistência (LOAS)
da sessão IV da assistência social está disposto que:

A assistência social será prestada a quem dela necessitar.


Independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por
objetivos: I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência
e à velhice; II – o amparo às crianças e adolescentes carentes; III – a
promoção da integração ao mercado de trabalho; IV – a habilitação e
reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua
integração à vida comunitária; V – a garantia de um salário mínimo de
benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que
comprovem não possuirmeios de prover à própria manutenção ou de tê-la
provida por sua família, conforme se dispuser a lei. (Redação dada pela Lei
nº 8.742 de 7 de Dezembro de 1993) (BRASIL, 1993, CAPÍTULO I)Aqui
faltou a página

Embora tenha sido assegurado na Constituição de 1988, foi regulamentado


somente em dezembro de 1993, com edição da Lei nº 8.742, que definiu seus
critérios de elegibilidade. Contudo, passou a ser efetivamente operacionalizado, em
janeiro de 1996. O BPC é gerido pelo Ministério de Desenvolvimento Social e
Combate a Fome (MDS), e operacionalizado pelo Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS), autarquia federal vinculada à Previdência Social. (Silva, 2012, p. 562)
reitera que:

Atualmente, para elegibilidade ao benefício, são analisados: o grupo


familiar, composto “pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e,
na ausência de um deles, a madrasta ou padrasto, os irmãos solteiros, os
filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o
mesmo teto”. A idade de 65 anos ou mais (para benefícios de idoso), a
renda per capita bruta inferior a um quarto do salário mínimo, e nos casos
de benefícios para deficientes, o critério de impedimentos de longo prazo,
ou seja, aqueles cuja doença/deficiência incapacitam a pessoa para a vida
independente e para o trabalho por no mínimo dois anos. (Redação dada
pela Lei nº 8.742 de 7 de Dezembro de 1993) (BRASIL, 1993, CAPÍTULO IV
– SEÇÃO I)Faltou a página aqui

Para avaliação do benefício são realizadas avaliações sociais e médicas,


pelosassistentes sociais e peritos médicos do INSS. Caso o requerente tenha seu
benefício indeferido inicialmente, tem a possibilidade de interpor recurso
administrativo para avaliações de profissionais distintos aos do requerimento inicial,
tendo alternativa de recorrer à justiça.

No período entre 2007 e 2011, foram produzidas significativas contribuições


para o entendimento da temática, especialmente sobre conceitos e critérios
adotados pelo BPC, bem como sobre a importância do benefício como
mecanismo para a proteção social, apesar de uma parcela considerável não
ter seus direitos garantidos. (BIM, MUROFUSE, 2014, p. 339).

O Beneficio de Prestação Continuada é o único direito de proteção social não


contributivo que foi efetivado e garantido após a promulgação da CF/88. No entanto,
dado o desgaste das proteções sociais como um todo, no contexto do
neoliberalismo, sua concretização é dificultadapela burocracia brasileira. O ingresso
a este direito constitucional está relacionado aos critérios excludentes de seleção
que impede uma parcela considerável não ter seus direitos garantidos, pois limitam
o direito do cidadão à renda per capta familiar à prova de incapacidade para a vida
independente e para o trabalho.
Bim e Murofuse (2014) apontam que por ser o BPC operacionalizado pelo
INSS, por muito tempo o mesmo foi percebido como benefício previdenciário, e não
assistencial, distanciando-se de seus objetivos tais como a efetivação de um direito
de proteção social para pessoas que, por incapacidades de algum tipo,
experimentavam situações de vulnerabilidade econômica e social.
Mesmo sendo um beneficio de proteção, os critérios estabelecidospara
acessá-lo sãobastante excludentes, sobretudo no caso dos requerentes com
deficiência, que precisam comprovar, além da condição de pobreza, ou seja renda
per capita inferior a um quarto do salário mínimo, e a incapacidade para a vida
independente e para o trabalho, conforme determina a Lei Orgânica da Assistência
Social – LOAS.
Essa avaliação da incapacidade era até o ano de 2009, feita através de uma
perícia médica que levava em consideração apenas a deficiência, sem analisar os
fatores contextuais e sociais que condicionam a experiência da deficiência. Portanto
após anos de lutapara atender as reivindicações de segmentos envolvidos com a
operacionalização do BPC, foi realizado concurso público para a contratação do
Assistente Social, e implantado a partir de junho de 2009 um novo modelo para
avaliação das pessoas com deficiência que requerem o benefício, baseada na
Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidades e Doenças – CIF. O
Decreto 6.214/2007 que determinou a implantação do novo modelo de avaliação
previu, além de outras questões, que a partir de junho de 2009, a avaliação do grau
de incapacidade para a vida independente e para o trabalho deveria ser feita por
avaliação social realizado por assistente Social e avaliação médica pericial,
realizado por médico perito do quadro do INSS.

2.3. Requerimento Segundo as Normas do BPC


Qualquer pessoa pode requerer o Benefício, devendo comprovar que a renda
da sua família é inferior a 1/4 do salário mínimo por pessoa e não deve receber
nenhum benefício previdenciário. Deve comprovar, também, a sua deficiência e o
nível de incapacidade por meio de avaliação Social e da Perícia Médica do INSS. Se
o requerente estiver dentro destes critérios o beneficio é concedido. Não é um
beneficio para a família, como por exemplo, o Bolsa Família, é um beneficio
individual, porém leva em conta a renda familiar.
O requerimento do Beneficio é feito pelo próprio requerente, ou, se menor de
idade ou interditado, pode ser feito por seu representante legal, tutor ou curador, os
encaminhamentos são feito geralmente por Assistente Social dos Centros de
referência da Assistência Social, (CRAS) dos municípios, pelos familiares do
requerente, por advogados, pelas APAES, entre outros.
Para o requerimento do BPC, é obrigatório a apresentação de
documentospessoais do requerente,também deve ser apresentados documentos
pessoais do grupo familiar, comprovante de renda, quando há renda, comprovante
de endereço e formulários padrões que é encontrado no site da Previdência Social.
A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) (BRASIL, 1993, CAPÍTULO IV –
SEÇÃO I)aqui precisa a página trás o seguinte no Art. 21, “o benefício de prestação
continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das
condições que lhe deram origem”. Portanto, A lei obriga que de dois em dois anos
seja feita uma revisão na lista das pessoas que recebem o BPC. Isso quer dizer que,
a cada dois anos, é verificado se as condições que garantiram o direito, ao BPC
ainda são as mesmas, a revisão pode ser feita convocando o requerente ao INSS,
para apresentar documentação, ou se caso necessite de nova Avaliação Social e
pericia médica para comprovar que o requerente continua com impedimento de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação
com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
O Benefício de Prestação Continuada deve ser revisto a cada dois anos para
avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem.

2.4. Parecer Pericial


Com a publicação do Decreto nº 6214/2007, foram adotados os instrumentos
para avaliação da deficiência e do grau de incapacidade de pessoas com
deficiência, que são os compostos de avaliação médica e social. Os instrumentos
utilizados pelo assistente social para a Avaliação Social, voltados ao menor de
dezesseis anos (criança e adolescente) e aos com dezesseis anos ou mais,
contemplam os domínios “Fatores Ambientais” e “Atividade e Participação-parte
social”. Para avaliação dos Fatores Ambientais, são analisados, a partir dos
qualificadores de barreira, os ambientes social (relações de convívio familiar,
comunitário e social, considerando a acessibilidade às políticas públicas, a
vulnerabilidade e o risco pessoal e social a que a pessoa com deficiência está
submetida) e físico (território onde vive e as condições de vida presentes,
considerando a acessibilidade, salubridade ou insalubridade). No que se refere ao
domínio Atividade e Participação-parte social, são utilizados os qualificadores de
dificuldade, considerando o impacto/influência dos fatores ambientais na avaliação
do desempenho para atividades (compreendida enquanto execução de uma
tarefa/ação) e participação (o ato de se envolver em uma situação real de vida).
Através do amplo instrumento de avaliação, no novo modelo, o fenômeno da
incapacidade passa a ser entendido também como resultante da maneira como a
sociedade se organiza, não sendo mais apreendida como atributo da pessoa, mas
como fruto das situações vivenciadas no contexto socioambiental.
Sendo assim, o processo para o recebimento do BPC ocorre da seguinte
forma:
a) A pessoa com doença ou deficiência que quer requerer o BPC, comparece
por exemplo ao Centro de referência da Assistência Social (CRAS) onde a
Assistente Social, vai preencher os formulários, orientar quanto aos documentos que
são obrigatórios serem apresentados no ato do requerimento e agenda junto a uma
agência do INSS uma data para o requerente apresentar o requerimento -

b) O requerente comparece à agencia do INSS com a documentação


obrigatória, onde é atendido por um servidor administrativo que confere a
documentação avalia a questão da renda e inclui em um sistema denominado SIBE-
Sistema Integrado de Benefício.

c) Concluído esta etapa, o requerente já sai com uma data agendada para
realizar a avaliação social, que é obrigatoriamente feita pelo Assistente social do
INSS,dentro do Sistema SIBE na avaliação social com a presença do requerente
e com as com as informações que ele trás a Assistente Social responde um
questionário onde vai pontuando os qualificadores de acordo com o que o
requerente declara;

d) Por fim, é agendada a perícia médica, onde o requerente comparece


apresentando atestado e outros documentos médicos para o perito avaliar e
responder também a um questionário, onde pontua os qualificadores, e será o
somatório dasduas avaliações que determinará se o requerente preenche ou não os
requisitos de incapacidade para a vida independente e para o trabalho.
Se na avaliação conjunta, o requerente for considerado incapaz para a vida
independente e para o trabalho, e se também estiver dentro dos critérios de renda é
concedido o beneficio.

À Perícia médica fica a incumbência de analisar a “Função/ Estrutura do


Corpo” e a “Atividade e Participação-parte médica”, determinando se o quadro
apresentado redunda em umcomprometimento de longo prazo. No caso do domínio
Atividade e Participação, a avaliação é compartilhada por ambos avaliadores. O
resultado final conforma as limitações e barreiras que podem ser enquadradas como
sendo N – nenhuma, L – leve, M – moderado, G – grave, C – completa e, apesar
das avaliações ocorrerem em separado, com cada avaliador procedendo à sua
análise de acordo com suas especificidades, será o somatório das avaliações que
determinará se o requerente preenche ou não os requisitos de incapacidade para a
vida independente e para o trabalho
Além das questões de saúde/ deficiência é avaliado os aspectos
socioeconômicos, ambientais e de participação social do requerente, naavaliação
social e pericia médica que serão pontuados todas as dificuldades e barreiras que o
requerente enfrenta no seu dia a dia, é pontuado, por exemplo se a pessoa é
cadeirante, se ele enfrenta barreiras de acessibilidade, tanto em sua residência
quanto na cidade onde reside, se ele tem acesso à política de saúde, acesso a
medicação/ tratamento, quanto mais a pontuação for maior mais chance de ser
concedido o benefício.
O acesso ao BPC além do critério de renda que é restritivo, pois renda
mensal per capita inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo, indefere grande parte
dos requerimentos, também a questão da avaliação social mesmo privilegiando a
análise dos aspectos social e econômicos, participando socialmente e reduzindo a
saúde através do conceito de inexistência de doença. Avaliação do BPC,
entrelaçada com a observação qualitativa, objetiva e subjetiva do profissional que
lida diretamente com uma das fases da avaliação que, juntamente com a perícia
médica determina, no tocante ao aspecto da incapacidade, o acesso ao benefício.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Constituição, visando à proteção social, ao bem-estar e à justiça social,


estabelece que a assistência social deveria ser prestada a quem dela necessitasse,
criando um benefício de Proteção social para os idosos e pessoas com deficiência.
O estudo deixa claro quea finalidade almejada pela Constituição ainda não foi
alcançada, pois dos 140 benefícios requeridos somente 64 foram deferidos,
excluindo um grande percentual de cidadão do acesso ao beneficio.
Desde sua regulamentação o BPC, é objeto de muitas discussões, sendo alvo
de diversos questionamentos por não abranger parcela significativa de deficientes e
idosos em situação de vulnerabilidade social.
É necessáriouma reflexão sobre o modelo das políticas públicas, com
destaque a política de Assistência Social brasileira, se está mesmo cumprindo o
papel de proteção social. Ou está reproduzindo e reafirmando o paísna lógica do
capitalismo.
Necessário, também, que os autores sociais, gestores, técnicos e
profissionais envolvidos no processo do BPC, se comprometam a buscarjuntos aos
legisladoresa mudança da Lei,alterando os critérios de renda que excluem tantos
requerentes do seu direito ao benefício. E a revisão e ajusteno instrumental de
avaliação social e perícia médica.
Hámuito a percorrer na construção das políticas publicas de inclusão social no
Brasil, pois significa romper também com a cultura do não direito e da não-política
social presente nessa área.
REFERÊNCIAS

BRASIL, Presidência da República. Lei Orgânica da Assistência Social.


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