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Capítulo 1

INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO NO BRASIL:


análise e contextualização histórica

José Armando Valente

INTRODUÇÃO
A utilização de computadores na educação é tão
remota quanto o advento comercial dos mesmos. Esse
tipo de aplicação sempre foi um desafio para os
pesquisadores preocupados com a disseminação dos
computadores na nossa sociedade. Já em meados da
década de 50, quando começaram a ser
comercializados os primeiros computadores com
capacidade de programação e armazenamento de
informação, apareceram as primeiras experiências do
seu uso na educação. Por exemplo, na resolução de
problemas nos cursos de pós-graduação em 1955 e,
como máquina de ensinar, foi usado em 1958, no
Centro de Pesquisa Watson da IBM e na Universidade
de Illinois - Coordinated Science Laboratory (Ralston &
Meek, 1976, p. 272).
No entanto, a atividade de uso do computador
pode ser feita tanto para continuar transmitindo a
informação para o aluno e, portanto, para reforçar o
processo instrucionista, quanto para criar condições do
aluno construir seu conhecimento.
Quando o computador transmite informação para
o aluno, o computador assume o papel de máquina de
ensinar e a abordagem pedagógica é a instrução
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auxiliada por ele. Essa abordagem tem suas raízes nos


métodos tradicionais de ensino, porém ao invés da
folha de instrução ou do livro de instrução, é usado o
computador. Os software que implementam essa
abordagem são os tutoriais e os de exercício-e-prática.

A INFLUÊNCIA DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO AMERICANA E FRANCESA

NO BRASIL

A Informática na Educação, no Brasil, nasceu a


partir do interesse de educadores de algumas
universidades brasileiras motivados pelo que já vinha
acontecendo em outros países como Estados Unidos da
América e França. Em 1971 a Primeira Conferência
Nacional de Tecnologia em Educação Aplicada ao
Ensino Superior (I CONTECE), realizada na Universidade
Federal de São Carlos, E. Huggins, especialista da
Universidade de Dartmouth, E.U.A., minstrou um
seminário intensivo sobre o uso de computadores no
ensino de Física (Souza, 1983). Em 1982, no I
Seminário Nacional de Informática na Educação,
realizado em Brasília, Mme. Françoise Faure,
encarregada da Área Internacional da Direção Geral
das Indústrias Eletônicas e de Informática da França,
ministrou uma das duas palestras técnicas do evento -
a outra foi ministrada por Felix Kierbel, Diretor do
Centro Nacional de Ensino de Informática do Ministério
da Cultura e Educação da Argentina (Seminário
Nacional de Informática na Educação 1 e 2, 1982).

BREVE VISÃO HISTÓRICA DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, como em outros países, o uso do


computador na educação teve início com algumas
experiências em universidades, no princípio da década
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de 70. Em 1971, foi realizado na Universidade Federal


de São Carlos um seminário intensivo sobre o uso de
computadores no ensino de Física, ministrado por E.
Huggins, especialista da Universidade de Dartmouth,
E.U.A. (Souza, 1983). Nesse mesmo ano, o Conselho de
Reitores das Universidades Brasileiras promoveu, no
Rio de Janeiro, a Primeira Conferência Nacional de
Tecnologia em Educação Aplicada ao Ensino Superior (I
CONTECE). Durante essa Conferência, um grupo de
pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP),
acoplou, via modem, um terminal no Rio de Janeiro a
um computador localizado no campus da USP (Souza,
1983).
Na UFRJ, em 1973, o Núcleo de Tecnologia
Educacional para a Saúde e o Centro Latino-Americano
de Tecnologia Educacional (NUTES/CLATES) usou
software de simulação no ensino de Química. Na
UFRGS, nesse mesmo ano, realizaram-se algumas
experiências, usando simulação de fenômenos de Física
com alunos de graduação. O Centro de Processamento
de Dados desenvolveu o software SISCAI para avaliação
de alunos de pós-graduação em Educação. Em 1982, o
SISCAI foi traduzido para os microcomputadores de 8
bits como CAIMI, funcionando como um sistema CAI e
foi utilizado no ensino do 2º grau pelo grupo de
pesquisa da Faculdade de Educação (FACED), liderado
pela Profa. Lucila Santarosa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Technology Can Deliver? Em R.J. Seidel, R.J. & M.L.
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