Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
DURAÇÃO
20/01/2017 A 16/05/2017
MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone
30 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada
1 PEÇA JUDICIAL
Por rodada
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. ADVOCACIA
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela PÚBLICA
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. 3ª ED.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
2017
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 1
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
PROFESSORES
Jorge Maffra Ottoni - Coordenador do CEI PGE/PGM e Professor de Direito Administrativo e Financeiro.
Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro. Aprovado nos seguintes concursos públicos: Procurador
da Assembleia Legislativa de Goiás (1º colocado). Procurador Especial junto ao Tribunal de Contas do Município do Rio de
Janeiro (2º colocado). Procurador do Município de Niterói. Procurador do Município de São Paulo. Procurador
do Banco Central. Procurador Federal (AGU). Procurador da Câmara do Município de São Paulo.
Procurador do Município de Atibaia (2º colocado). Procurador do Município de Limeira (1º colocado).
Procurador do Município de Jundiaí. Procurador do Município de Taboão da Serra (1º colocado
antes dos títulos). Procurador do Município de Araras (2º colocado). Advogado da Companhia
Paulista de Obras e Serviços. Advogado SP Urbanismo (3º colocado). Procurador Instituto de
Previdência de Ilhabela (1º colocado). Advogado Dataprev. Procurador Geral da Câmara de
Caieiras. Bacharel em Direito pela USP.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 2
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Frederico Jorge Magalhães Pereira de Lira – Temas Federais: Previdenciário Federal, Internacional, Agrário
e Legislação de Ensino.
Procurador Federal. Procurador-Chefe da Procuradoria Federal no Estado do Acre (PF/AC). Pós-
graduado em Direito Público pela Universidade Anhanguera. Bacharel em Direito pela Universidade
Católica de Pernambuco (UNICAP). Ex-Procurador-Chefe da Procuradoria Federal Especializada
junto ao IBAMA no Estado do Acre (PFE-IBAMA/AC). Ex-Procurador do Estado do Acre (PGE/AC).
Aprovado, ainda, nos concursos para Procurador do Município de Maceió e Procurador da Agência
Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (ARCE).
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 3
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
INSTRUÇÕES GERAIS
Caros alunos,
Para que este curso ocorra perfeitamente, gostaria que observassem as seguintes instruções:
1. Leiam com atenção o calendário do curso, disponibilizado no site do CEI e no final dessa
página, para se programarem e se organizarem.
2. Os exercícios decorrentes das questões dissertativas e das peças judiciais devem ser
enviados tempestivamente, até a data indicada em cada rodada, para o email do respectivo
professor. Não é obrigatório o envio dos exercícios para ter acesso ao Espelho de Correção.
3. Se deseja submeter seu exercício escrito à mão, baixe o arquivo no formato .pdf e depois
envie para o email do professor em arquivo único (e não dividido, portanto) em formato PDF
(não mandar fotos, pois muitas vezes a leitura fica prejudicada!). Se deseja submeter seu
exercício digitado, baixe o arquivo no formato .doc na área do aluno e igualmente o envie depois
para o respectivo professor.
4. Para atingirmos o nível esperado de simulação da prova real, recomendamos que respondam
às questões dissertativas e elaborem as peças judiciais consultando apenas a legislação seca.
Após enviar seu exercício para o professor, pesquise os temas à vontade.
5. Para qualquer dúvida operacional sobre o CEI (problemas para acessar o site, p. ex.), entre
em contato com o suporte: suporte@cursocei.com
JORGE OTTONI
Professor e Coordenador do CEI-ADVOCACIA PÚBLICA
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 4
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
SUMÁRIO
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 5
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum
material, a fim de simular a situação encontrada em prova.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 6
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
c) Apesar de o art. 193, §2º, da CLT, prever expressamente que o trabalhador deverá
optar entre o adicional de periculosidade e o adicional de insalubridade, o TST entende
ser possível a cumulação de ambos, uma vez que possuem fatos geradores distintos.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 7
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
e) Ainda que contratado para prestar serviços em jornada reduzida, o servidor público
não poderá receber remuneração inferior ao salário-mínimo.
DIREITO CIVIL
c) A Administração Pública deverá suportar a justa indenização de que trata o art. 1.228,
§5º, do CC, em caso de desapropriação judicial privada por posse-trabalho realizada
no contexto das políticas públicas de reforma urbana, desde que tenha intervindo nos
termos da lei processual, e que os beneficiários sejam possuidores de baixa renda.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 8
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
d) Os cegos e os surdos não poderão ser admitidos como testemunhas quando a ciência
do fato que se objetiva provar depender dos sentidos que lhes faltam.
DIREITO CONSTITUCIONAL
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 9
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
afronta à SV 10 não pode ser usada como sucedâneo de recurso ou de ação própria
que analise a constitucionalidade de normas que foram objeto de interpretação idônea
e legítima pelas autoridades jurídicas competentes.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 10
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
um caso concreto.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 11
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
a) Quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 anos não
será automática a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, assim como
igualmente não o é a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 12
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 13
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
QUESTÃO 12. De acordo com o Novo Código de Processo Civil, NÃO se aplica a regra
do duplo grau de jurisdição obrigatório quando:
a) Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará
o mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico obtido até 200.000 (duzentos mil) salários-mínimos.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 14
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
e) Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda,
quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por
apreciação equitativa, observando o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação
do serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e
o tempo exigido para o seu serviço.
DIREITO EMPRESARIAL
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 15
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
DIREITO AMBIENTAL
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 16
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
DIREITO TRIBUTÁRIO
QUESTÃO 18. Sobre a Ação Cautelar Fiscal (Lei nº 8.397/92), assinale a alternativa
incorreta:
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 17
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
processo administrativo.
c) Nos casos em que o contribuinte for notificado pela Fazenda Pública para que
proceda ao recolhimento do crédito fiscal e coloque ou tente colocar seus bens em
nome de terceiros, não é necessária a comprovação literal de constituição do crédito.
d) A medida cautelar fiscal pode ser preparatória ou incidental, devendo sempre ser
dirigida ao juízo competente para o processamento das execuções fiscais, ainda que
os autos se encontrem em Tribunal.
a) Em regra, o que for devido a título de ICMS deve ser compensado em cada operação
relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante já
cobrado nas operações anteriores.
b) Ainda que a operação seja objeto de isenção ou não incidência, é possível que
gere crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações
seguintes.
e) Para o STF, não é devida a restituição da diferença do ICMS pago a maior, no regime
da substituição tributária para frente, caso a base cálculo efetiva da operação seja
inferior à presumida.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 18
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
I. Declare os débitos omitidos e realize o seu parcelamento, desde que ainda não
tenha sido iniciado procedimento de fiscalização.
II. Declare os débitos omitidos e realize o pagamento do tributo devido e dos juros
de mora, desde que ainda não tenha sido iniciado procedimento de fiscalização.
III. Declare os débitos omitidos e realize o pagamento do tributo devido e dos juros
de mora, ainda que já tenha sido iniciado procedimento de fiscalização.
a) I, II e IV.
b) II.
c) I e IV.
d) III e IV.
e) II e IV.
DIREITO ADMINISTRATIVO
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 19
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
a) I e IV.
b) II e III.
c) III, apenas.
d) II e IV.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 20
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
e) Entre uma autarquia estadual e o respectivo estado federado não existe relação de
hierarquia, sendo certo que a insatisfação do administrado com determinada decisão
administrativa dessa autarquia somente poderá interpor recurso hierárquico impróprio
caso haja previsão legal expressa.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 21
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
DIREITO FINANCEIRO
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 22
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
QUESTÃO 27. Sobre a saúde e a assistência social, de acordo com o texto constitucional
e a jurisprudência do STF, assinale a alternativa incorreta:
DIREITO AGRÁRIO
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 23
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
LEGISLAÇÃO DE ENSINO
d) São inconstitucionais o art. 28, § 1º, e o art. 30, da Lei nº 13.146/2015, que determinam
que as escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo
às pessoas com deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer
natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa
obrigação, uma vez que a Constituição impõe ao Estado, e não aos particulares, o dever
de oferecer atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência.
DIREITO INTERNACIONAL
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 24
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
d) As normas de soft law possuem grau de imperatividade próprio das normas jurídicas,
de modo que o seu descumprimento sempre enseja aplicação de sanções.
e) Normas de jus cogens não podem ser revogadas por normas positivas de direito
internacional.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 25
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
QUESTÃO 1 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA C
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 26
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
COMENTÁRIO
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 27
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (A): correta. Com a promulgação da EC n. 45/2010, foi atribuída à Justiça do Trabalho
a competência para apreciar e julgar todas as ações oriundas das relações de trabalho, abrangidos
os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 114, I, CF/88). Ao analisar o dispositivo, o STF
entendeu que “o disposto no art. 114, I, da Constituição da República, não abrange as causas
instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-
estatutária. (STF, Tribunal Pleno, ADI 3395 MC/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 05/04/2006, p. DJ
10/11/2006). Em causas propostas por servidores públicos estatutários contra a Administração
Pública, portanto, a competência será da Justiça Comum, de modo que o dispositivo somente
se aplica para as causas propostas por empregados públicos (celetistas) contra a Administração
Pública.
Com o advento da Constituição, foi instituída a obrigatoriedade da adoção de regime jurídico único
para reger a relação dos entes federados com seus servidores. A EC 19/98 intentou abolir essa
obrigatoriedade, ao modificar a redação do caput do art. 39 da CF/88. Contudo, a nova redação
conferida ao dispositivo teve sua eficácia cassada por força de medida cautelar deferida no
julgamento ADI nº. 2.135, em 2/8/2007. A partir de então, foi restabelecida a imposição do regime
jurídico único.
Em virtude dessa obrigatoriedade, os entes federados passaram a editar leis instituindo o estatuto
de seus funcionários, ou seja, prevendo as disposições que, a partir de então, regeriam as relações
dos servidores com o Poder Público em seu âmbito de competência. Diante disso, tornou-se
comum que servidores até então regidos pela CLT tivessem seu regime jurídico automaticamente
transmutado, passando a se vincular à Administração por regime jurídico-estatutário.
Nessas situações, o STF possuía entendimento pacífico de que, se o servidor que teve seu regime
jurídico modificado ingressasse em juízo, a fim de postular unicamente verbas relacionadas à
época em que era regido pelo regime celetista, a competência para julgar o feito seria da Justiça
do Trabalho. Nesta senda, o TST editou a OJ n. 138, da SDI-1, prevendo que: “compete à Justiça
do Trabalho julgar pedidos de direitos e vantagens previstos na legislação trabalhista referente a
período anterior à Lei nº 8.112/90, mesmo que a ação tenha sido ajuizada após a edição da referida
lei. A superveniência de regime estatutário em substituição ao celetista, mesmo após a sentença,
limita a execução ao período celetista”.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 28
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (B): correta. Conforme reiteradamente decidido pelo STF, é da Justiça Comum a
competência para analisar a existência, a validade e a eficácia das relações entre servidores e
o poder público, fundadas em vínculo jurídico-administrativo. O fato de o contrato ser temporário
ou precário - mesmo com extrapolação do prazo inicial - ou de o liame decorrer de ocupação de
cargo comissionado ou de função gratificada é irrelevante na determinação da competência. Do
mesmo modo, a natureza trabalhista das verbas pleiteadas é insuficiente para atrair a competência
da Justiça do Trabalho. É que, para a determinação da competência, deve ser averiguada a
natureza da relação de fundo mantida entre o servidor e a Administração, ainda que a causa
de pedir específica esteja relacionada ao desvirtuamento ou à existência de vícios na origem da
relação jurídico-administrativa, como fraude, simulação ou ausência de concurso público.
Por fim, a circunstância de se tratar de relação jurídica nascida de lei local, anterior ou posterior
à Constituição de 1988, não tem efeito sobre a cognição da causa pela Justiça comum. Nesta
senda, o TST concluiu, em julgado divulgado no informativo n. 131, que “A Justiça do Trabalho
é incompetente para processar e julgar demanda na qual resultou caracterizada a admissão de
servidor, após a Constituição da República de 1988, sem prévia submissão a concurso público”
(TST, SBDI-1, E-ED-RR-629-39.2011.5.22.0102. Relator: Min. Renato de Lacerda Paiva, julgado
em 31/3/2016).
Alternativa (C): correta. Diversamente do que ocorre na situação do item anterior, para o TST,
a competência para julgar demandas envolvendo servidores contratados sem concurso público
antes da vigência da Constituição Federal de 1988, sob o regime celetista, ainda que tenham
tido seu regime jurídico transmutado em estatutário, é da Justiça do Trabalho. Na hipótese,
consoante entendimento já consagrado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI
1.150-2, entendeu-se que o fato de o ente público instituir regime jurídico único não convola em
vínculo estatutário, de forma automática, o contrato trabalhista anterior, sobretudo em decorrência
da ausência de concurso público, na forma do art. 37, II, § 2º, da CF/88. Em suma, entende-se
que o servidor contratado anteriormente à CF/88, sob o regime celetista e sem concurso público,
permanecerá na condição de empregado, mesmo após a edição da norma estadual prevendo a
conversão do regime jurídico, e ainda que tenha adquirido estabilidade nos termos do art. 19 do
ADCT, porquanto não se submeteu a concurso público.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 29
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso público,
antes da CF/88, sob regime da CLT, com o objetivo de obter prestações de natureza trabalhista
(STF, Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 01/10/2015 - repercussão
geral).
Alternativa (D): correta. Adotando a mesma premissa exposta no item anterior, a 1ª Turma do STF
concluiu que os precedentes firmados na ADI 3.395-MC (no sentido de que o art. 114, I, da CF/88
não abrange as causas envolvendo Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação
jurídico-estatutária) não se aplicam ao julgamento de ação envolvendo direitos de servidor público
contratado sem concurso, pelo regime celetista e anteriormente à atual Constituição (STF, 1a
Turma. Rcl 17654 ED, Relatora: Min. Rosa Weber, julgado em 15/3/2016). Isso porque a instituição
de regime jurídico único estatutário por lei posterior não é suficiente para suprir a ausência de
concurso público, de modo que se considera nula a convolação do regime jurídico. Desse modo,
o servidor permanecerá na condição de celetista, atraindo a competência da Justiça do Trabalho
para julgar o feito.
Alternativa (E): incorreta, devendo ser assinalada. O art. 114, VIII, da CF/88 atribui à Justiça
do Trabalho a competência para processar e julgar a execução, de ofício, das contribuições
previdenciárias pagas pelos empregadores e pelos trabalhadores (art. 195, I, “a” e II, CF/88), e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir. A previsão permite que a Justiça do
Trabalho, ao condenar o empregador a pagar determinadas verbas de natureza salarial ainda não
quitadas, reconheça a obrigação de recolher, sobre essas verbas, as contribuições previdenciárias
respectivas, executando-as de ofício do empregador em caso de descumprimento. Do mesmo
modo, ao homologar um acordo, o juiz do trabalho deverá fazer incluir na sentença homologatória
as contribuições previdenciárias que deveriam incidir sobre as verbas e executá-las, de ofício,
em caso de não pagamento. Em suma, para o TST, a competência da Justiça do Trabalho, com
relação à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às parcelas pecuniárias objeto das
sentenças condenatórias que proferir e aos valores objeto de acordo homologado que integrem o
salário de contribuição (Súmula n. 368/TST).
O parágrafo único do art. 876 da CLT, com redação conferida pela Lei n. 11.457, de 2007, prevê
que “serão executadas ex officio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão
proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de
acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido”. Assim,
pela literalidade da lei, a competência para executar de ofício as contribuições previdenciárias
alcançaria não apenas as parcelas objeto da condenação ou do acordo, mas também todas aquelas
incidentes sobre os valores normalmente pagos que integrem o salário de contribuição, durante
o período em que houve reconhecimento do vínculo empregatício. No entanto, o dispositivo teve
sua inconstitucionalidade reconhecida pelo STF, ensejando a edição da súmula vinculante n. 53,
segundo a qual “a competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 30
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. Até a promulgação da Emenda Constitucional n. 92, de 2016, o Tribunal
Superior do Trabalho não era elencado expressamente pela CF/88 como órgão integrante do
Poder Judiciário. Do mesmo modo, embora a competência para julgar as reclamações para
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 31
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Cumpre observar que o Novo CPC também ampliou o cabimento da reclamação constitucional
aos tribunais de segundo grau, porque o art. 988, I e II, do Novo CPC, diferentemente do texto da
Constituição, que exige os tribunais de superposição, se limita a indicar apenas tribunal. Assim,
atualmente, também os tribunais regionais do trabalho possuem competência para julgar, de forma
originária, reclamação constitucional visando a preservar sua competência e garantir a autoridade
de suas decisões.
Alternativa (B): correta. A CF/88 somente prevê a reclamação constitucional como forma de
preservação da competência e de garantia da autoridade de suas decisões dos tribunais superiores.
A Lei n. 11.417/2006, em seu art. 7º, acresceu a tais hipóteses o cabimento de reclamação em face
de decisão judicial ou ato administrativo que contrariar, negar vigência ou aplicar indevidamente
entendimento consagrado em súmula vinculante. O Novo CPC, além de incorporar a matéria já
prevista na CF/88 e na Lei n. 11.417/2016, previu a possibilidade de se manejar a reclamação
constitucional para garantir a observância de acórdão ou precedente proferido em julgamento de
casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência. Confira a redação do dispositivo:
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 32
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Repare que o legislador usou o termo “tese jurídica”, em detrimento de “norma jurídica”, sendo
possível concluir que o Novo CPC adotou a teoria da transcendência dos motivos determinantes.
O Enunciado n. 168 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC), chegando à mesma
conclusão, aduz que “os fundamentos determinantes do julgamento de ação de controle concentrado
de constitucionalidade realizado pelo STF caracterizam a ratio decidendi do precedente e possuem
efeito vinculante para todos os órgãos jurisdicionais”.
Alternativa (C): incorreta, devendo ser assinalada. O art. 895, da CLT admite a interposição
de recurso ordinário como recurso cabível para impugnar as decisões definitivas e terminativas
proferidas pela vara do trabalho ou pelos tribunais regionais do trabalho em processos de competência
originária. A interposição do recurso depende da vontade das partes. De modo diverso, em face
da natureza dos interesses defendidos pelo Poder Público em juízo, o legislador estabeleceu que
as decisões proferidas em desfavor das pessoas jurídicas de direito público deverão se submeter
ao duplo grau de jurisdição obrigatório independentemente da interposição de recurso (art. 1º, V,
Decreto-Lei n. 779/69). O instituto é tratado pela doutrina como condição de eficácia da sentença,
impedindo o trânsito em julgado e a produção de efeitos da decisão antes de sua submissão ao
reexame necessário.
Contudo, o art. 496, do CPC/2015, nos §§3º e 4º, prevê hipóteses em que a sentença não deverá
ser submetida ao duplo grau de jurisdição. Vejamos:
• Se a condenação ou proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior
a: I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de
direito público; II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as
respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais
dos Estados; III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas
autarquias e fundações de direito público.
• Se a decisão estiver fundada em: I - súmula de tribunal superior; II - acórdão proferido pelo
Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas
ou de assunção de competência; IV - entendimento coincidente com orientação vinculante
firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação,
parecer ou súmula administrativa.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 33
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
• II – Também não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a decisão fundada em: a) súmula
ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) acórdão proferido
pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do Trabalho em julgamento de
recursos repetitivos;
Ou seja: para o TST, além das hipóteses previstas no Novo CPC, também a decisão proferida em
conformidade com o teor de orientação jurisprudencial do TST, e não apenas de súmulas, estará
dispensada do duplo grau de jurisdição obrigatório.
Alternativa (D): correta. O art. 988, §5º, II, do Novo CPC, já com as alterações promovidas pela Lei
n. 13.256/2016, prevê que “é inadmissível a reclamação: II – proposta para garantir a observância
de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido
em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as
instâncias ordinárias”. O STF, ao se pronunciar acerca do dispositivo, entendeu que a reclamação
somente é cabível quando esgotados todos os recursos ordinários na causa em que proferido
o ato que supostamente contraria a autoridade da decisão do STF com repercussão geral
reconhecida. Para a Corte, deve ser conferida interpretação restritiva à hipótese prevista no art.
988, §5º, II, do CPC/2015, sob pena de o STF assumir, pela via da reclamação, a competência de,
pelo menos, três tribunais superiores (Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior do Trabalho,
Tribunal Superior Eleitoral), para o julgamento de recursos contra decisões de tribunais de segundo
grau de jurisdição (STF, 2ª Turma. Rcl 24686 ED-AgR/RJ, rel. Min. Teori Zavascki, julgamento em
28/10/2016 - divulgado no informativo 845/STF).
Importante observar que a IN n. 39/2016 do TST (art. 3º, XXVII), que faz um apanhado geral sobre
os reflexos do Novo CPC na seara trabalhista, já se pronunciou expressamente pela aplicabilidade
dos artigos 988 a 993, que regulam a reclamação constitucional, no âmbito do processo do trabalho.
Alternativa (E): correta. O art. 14, §1º, da Lei do Mandado de Segurança (Lei n. 12.016/2009)
também tratou do reexame necessário, prevendo que, “concedida a segurança, a sentença estará
sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.” A literalidade do dispositivo parece sugerir
que a remessa necessária somente será cabível quando o ente público figurar como impetrado
- situação em que a decisão que concede a segurança, reconhecendo o direito líquido e certo
da parte contrária, configura decisão desfavorável. Contudo, é igualmente possível que o Poder
Público interponha o mandado de segurança, objetivando resguardar direito líquido e certo em
face de ilegalidade ou abuso de poder perpetrada por autoridade pública. Nessa hipótese, como a
decisão que DENEGA a segurança é desfavorável ao ente público impetrante, o TST tem entendido
que, mesmo em se tratando de denegação, e não de concessão, haverá o reexame necessário.
Nesta senda, o item IV da Súmula n. 303 do TST estabelece que: “em mandado de segurança,
somente cabe reexame necessário se, na relação processual, figurar pessoa jurídica de direito
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 34
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de
figurar no feito, como impetrante e terceiro interessado, pessoa de direito privado, ressalvada a
hipótese de matéria administrativa”. Sobre o enunciado, a doutrina tem sugerido que se entenda
que o TST pretendeu tratar, na verdade, dos casos em que a pessoa de direito privado figura
como impetrado no mandado de segurança (ex.: ms ajuizado contra sociedade de economia
mista no exercício de atribuições do poder público). Nessa hipótese, ou seja, quando o mandado
de segurança for impetrado em face de pessoa jurídica de direito privado, a concessão da ordem
somente ensejará o duplo grau em se tratando de matéria administrativa.
c) Apesar de o art. 193, §2º, da CLT, prever expressamente que o trabalhador deverá
optar entre o adicional de periculosidade e o adicional de insalubridade, o TST entende
ser possível a cumulação de ambos, uma vez que possuem fatos geradores distintos.
e) Ainda que contratado para prestar serviços em jornada reduzida, o servidor público
não poderá receber remuneração inferior ao salário-mínimo.
COMENTÁRIO
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 35
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial (art. 193, incisos I e II). São também
consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta (art. 193, §4º). Tanto a
exposição permanente quanto a sujeição a condições de risco de forma apenas intermitente
ensejam o pagamento do adicional. Contudo, a periculosidade somente estará caracterizada
quando constatada mediante realização de perícia. Além disso, é preciso que a atividade conste
nos anexos da Norma Regulamentadora n. 16 do MTE. Assim, apesar de a atividade desenvolvida
por profissionais de segurança pessoal ou patrimonial estar prevista como perigosa desde a edição
da Lei n. 12.740/2012, o TST entende que o adicional de periculosidade somente passou a ser
devido aos vigilantes a partir da publicação da Portaria n. 1.885/13 do MTE, que aprovou o anexo 3
da NR 16, porquanto a previsão exige regulamentação aprovada pelo MTE. (TST, SDI-1. E-RR 164-
92.2014.5.04.0662. Relator: Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, julgamento em 10/11/2016 -
divulgado no informativo n. 149/TST).
Consoante previsão do art. 193, § 1º, da CLT, referido adicional deverá equivaler a 30% (trinta por
cento) do valor do salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações
nos lucros da empresa, ou seja, 30% do salário básico. Até 2011, o TST entendia pela possibilidade
de se fixar o adicional de periculosidade em percentual inferior ao legal e proporcional ao tempo
de exposição ao risco, desde que mediante a celebração de acordo ou convenção coletiva.
Posteriormente, a Corte albergou o entendimento de que as normas que tratam de saúde e
segurança dos trabalhadores são normas de ordem pública e, portanto, de indisponibilidade
absoluta, ainda que por negociação coletiva.
Nesta senda, em 31/5/2016, foi acrescentado novamente o item II à Súmula n. 364 do TST, dispondo
que: “não é válida a cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho fixando o adicional de
periculosidade em percentual inferior ao estabelecido em lei e proporcional ao tempo de exposição
ao risco, pois tal parcela constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantida por
norma de ordem pública (arts. 7º, XXII e XXIII, da CF e 193, §1º, da CLT)”.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 36
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
em 25/02/2015).
Em relação ao tema, o STF vem entendendo que, ao estender aos servidores públicos civis da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios alguns dos direitos sociais previstos no
art. 7º da Constituição por meio de remissão, o art. 39, §3º, da CF/88 não garantiu que, quando
tais direitos dependessem de legislação infraconstitucional para ter eficácia, deveria ser aplicada,
no âmbito federal, estadual ou municipal, a legislação trabalhista. De fato, os direitos sociais
relacionados no dispositivo deverão integrar o regime jurídico dos servidores públicos. Contudo,
estando sua eficácia subordinada à edição de lei regulamentadora, a legislação infraconstitucional
apta a integrar a eficácia da norma deverá ser editada no âmbito do ente público a que pertence o
servidor.
O assunto foi cobrado pela CESPE, no concurso para provimento do cargo de Procurador
do Estado do Amazonas, em 2016, da seguinte forma (C ou E): embora a CF garanta
aos empregados o adicional de remuneração para atividades penosas, não há norma
infraconstitucional que regulamente o respectivo adicional. Tal norma constitucional classifica-
se como norma de eficácia limitada, cuja aplicação depende de regulamentação.
Alternativa (C): incorreta. Atividades insalubres são aquelas que expõem o empregado a agentes
nocivos à sua saúde, e que ultrapassam o seu limite de tolerância. Para a caracterização da
insalubridade, é necessário que o agente nocivo à saúde esteja incluído na relação oficial do
Ministério do Trabalho e Emprego, bem como que a atividade nociva seja constatada mediante
a realização de perícia. Até recentemente, o TST possuía entendimento no sentido de que o
art. 193, §2º, da CLT, que determina que o empregado opte entre o recebimento do adicional de
insalubridade ou periculosidade, não havia sido recepcionado pela CF/88, haja vista que o art. 7º,
XIII, ao garantir o recebimento dos adicionais de penosidade, periculosidade e insalubridade, não
fez nenhuma ressalva no que tange à cumulação. No entanto, a partir de 2016, a jurisprudência da
Corte a respeito do tema sofreu modificação: atualmente, o TST entende pela vedação à percepção
cumulativa dos adicionais de insalubridade e de periculosidade, ante a expressa dicção do art.
193, § 2º, da CLT (TST, SBDI-1, E-RR-1072-72.2011.5.02.0384. Relator: Min. Renato de Lacerda
Paiva, julgado em 13/10/2016 - divulgado no informativo n. 147).
Alternativa (D): incorreta. Com o advento da Lei n. 13.287, em maio de 2016, foi acrescido à CLT
o art. 394-A, prevendo que a empregada gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a
gestação e a lactação, de quaisquer atividades, operações ou locais insalubres, devendo exercer
suas atividades em local salubre. Cumpre frisar que o parágrafo único do dispositivo, que assegurava
o pagamento integral do salário da empregada durante o período de afastamento, incluindo o
adicional de insalubridade, foi vetado. O veto se encontra em consonância com a súmula n. 284
do TST, que aduz que a supressão do adicional de insalubridade em razão da descaracterização
da atividade como insalubre não afronta o princípio da irredutibilidade salarial, porquanto não há
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 37
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (E): correta. O art. 7º, IV da CF/88 elenca, dentre os direitos dos trabalhadores, o
salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender as suas necessidades
vitais básicas e às de sua família. Para o TST, quando a Constituição trata do salário-mínimo, está
se referindo ao valor salarial destinado a remunerar a jornada prevista no inciso XIII do art. 7º da
CF/88, de oito horas diárias e quarenta e quatro semanais. Dito de outro modo, o TST entende
que a norma do art. 7º, IV da CF, que assegura o salário-mínimo como menor remuneração do
trabalhador, deve estar atrelada à duração do labor normal prevista no inciso XIII do mesmo
dispositivo, de forma que a fixação de salário inferior ao mínimo, porém proporcional à duração
reduzida da jornada de trabalho, não fere a garantia constitucional do salário-mínimo.
Por fim, cumpre observar que a remuneração do servidor público abrange não apenas os
vencimentos, mas também as demais vantagens pecuniárias pagas em caráter permanente. Desse
modo, em consonância com a previsão da SV n. 16 do STF, a observância do salário-mínimo deve
ser verificada pela análise do total da remuneração do servidor público, e não apenas da parcela
vencimental.
DIREITO CIVIL
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 38
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
caso, embora o particular esteja impedido de exercer o direito de retenção, deverá ser
ressarcido pelo valor das benfeitorias necessárias.
c) A Administração Pública deverá suportar a justa indenização de que trata o art. 1.228,
§5º, do CC, em caso de desapropriação judicial privada por posse-trabalho realizada
no contexto das políticas públicas de reforma urbana, desde que tenha intervindo nos
termos da lei processual, e que os beneficiários sejam possuidores de baixa renda.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Uma das modalidades de usucapião previstas pela CF/88 consiste na
usucapião especial urbana, ou pro misero, reconhecida àqueles que possuírem como sua área
urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, desde que não seja proprietário de outro
imóvel urbano ou rural (art. 183, da CF/88). Nos termos do Estatuto da Cidade, o direito à usucapião
especial urbana não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez (art. 9º, §2º, da Lei n.
10.257/2001). Nessa modalidade, há uma presunção absoluta (iure et de iure) da presença de justo
título e boa-fé.
Ao tratar dos requisitos urbanísticos para loteamento, o art. 4º, §1º, da Lei n. 6.766, de 1979, aduz
que “a legislação municipal definirá, para cada zona em que se divida o território do Município,
os usos permitidos e os índices urbanísticos de parcelamento e ocupação do solo, que incluirão,
obrigatoriamente, as áreas mínimas e máximas de lotes e os coeficientes máximos de aproveitamento”.
Diante disso, indaga-se: é possível reconhecer a usucapião de imóvel cujo módulo seja inferior àquele
estipulado pela legislação do Município como mínimo do lote urbano? A respeito do tema, STJ e
STF entendem que o fato de o imóvel não atender ao mínimo dos módulos urbanos exigidos pela
legislação local para a respectiva área não é motivo suficiente para se negar o direito à usucapião
especial urbana, que tem índole constitucional.
Assim, para o deferimento do direito, é suficiente o preenchimento dos requisitos previstos pela
CF/88, não sendo possível a imposição de obstáculos de ordem infraconstitucional para obstar o
aperfeiçoamento do modo originário de aquisição de propriedade. Dito de outro modo, consoante
decidido pelo STJ no julgamento do REsp 1.360.017-RJ (STJ, 4a Turma. REsp 1.360.017-RJ, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 5/5/2016 - divulgado no info 584), não obsta o pedido
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 39
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
declaratório de usucapião especial urbana o fato de a área do imóvel ser inferior à correspondente ao
“módulo urbano” (a área mínima a ser observada no parcelamento de solo urbano por determinação
infraconstitucional).
Alternativa (B): incorreta. O art. 1.219 do Código civil de 2002 reconhece ao possuidor de boa-
fé o direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, e ao levantamento das benfeitorias
voluptuárias que não forem pagas, quando for possível fazê-lo sem detrimento da coisa. Com relação
às benfeitorias necessárias e úteis, também se reconhece o direito de retenção, ou seja, o possuidor
de boa-fé, enquanto não for indenizado, poderá exercer o ius retentionis até que receba o que
lhe é devido. Esses direitos são reconhecidos, nas mesmas circunstâncias, também às acessões
(construções e plantações), consoante jurisprudência do STJ e enunciado n. 81 da CJF/STF.
Nos termos do Código Civil, a posse é direito reconhecido àquele que tem de fato o exercício, pleno
ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade (art. 1.196, CC/02), o que significa dizer que
não é possível reconhecer posse a quem, por proibição legal, não pode ser proprietário. Apesar de
parte da doutrina defender a possibilidade de usucapião sobre bens públicos dominicais, em razão
da necessidade de atendimento ao princípio constitucional da função social da posse, a CF/88 é
expressa ao proibir a usucapião dos imóveis públicos, sejam urbanos (art. 183, §3º, da CF/88) ou
rurais (art. 191, p. único, da CF/88).
Sendo o bem público, portanto, particular não poderá ser proprietário. Consequência disso é que a
ocupação de área pública, quando irregular, não pode ser reconhecida como posse, mas como mera
detenção. Como o direito de retenção ou de indenização pelas acessões e benfeitorias realizadas
depende da configuração da posse, não é possível reconhecer tais direitos a particular que ocupou
irregularmente determinado bem público, porquanto não há que se falar posse. Desse modo, havendo
ocupação indevida do bem público, resta afastado o direito de retenção por benfeitorias e o pleito
indenizatório, ainda que presente a boa-fé. Cumpre observar que construções feitas em desacordo
com a legislação urbanística e ambiental - porquanto realizadas em local classificado como área de
uso comum do povo - não permitem que o ente público delas retire proveito econômico, de forma que
não haverá enriquecimento sem causa da Administração.
Alternativa (C): correta. O art. 1.228 do CC/2002 trata do instituto da desapropriação judicial privada
por posse-trabalho, por meio do qual se impõe uma restrição ao direito de propriedade em favor da
função social da posse e do domínio. Essa desapropriação deve recair sobre imóvel que consista em
área extensa, possuindo os seguintes requisitos: posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas + realização de obras e serviços considerados pelo juiz de
interesse social e econômico relevante pelos beneficiários, em conjunto ou separadamente. Nesse
caso, o proprietário poderá ser privado da coisa, mediante pagamento de justa indenização. Uma
vez pago o preço, a sentença valerá como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Como a usucapião é necessariamente onerosa, ao passo que o instituto comentado prevê o
pagamento de uma justa indenização, entende-se que constitui uma modalidade de desapropriação,
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 40
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
e não de usucapião.
Consoante enunciado n. 83, da I Jornada de Direito Civil, “nas ações reivindicatórias propostas pelo
Poder Público, não são aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo
Código Civil”. Por outro lado, é possível que a Administração seja chamada a suportar a justa
indenização devida ao proprietário, no contexto de políticas públicas de reforma urbana ou agrária,
desde que os possuidores sejam considerados de baixa renda, e que tenha havido intervenção
daquela, nos termos da lei processual (enunciado n. 308, IV Jornada de Direito Civil).
Alternativa (D): incorreta. Além das modalidades judiciais, a usucapião também pode ocorrer
extrajudicialmente, ou seja, sem a necessidade de se propor demanda judicial. A primeira hipótese de
usucapião administrativa foi introduzida no ordenamento pela Lei n. 11.977/2009, conhecida como Lei
Minha Casa, Minha Vida, que possibilita a legitimação da posse de ocupantes de imóveis públicos ou
particulares, por moradores cadastrados pelo Poder Público que satisfaçam determinados requisitos.
Com o advento do Novo CPC, foi introduzido o art. 216-A da Lei de Registros Públicos, ampliando
o tratamento da usucapião extrajudicial. O dispositivo prevê que, sem prejuízo da via jurisdicional, é
admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial da usucapião, a ser processado diretamente pelo
cartório de registro de imóveis da comarca em que situado o imóvel usucapiendo.
Alternativa (E): incorreta. O Novo CPC implementou algumas modificações no que tange aos
interditos possessórios, também chamados de ações possessórias diretas. O art. 923, do CPC/1973
estabelecia que “na pendência do processo possessório é defeso, assim ao autor como ao réu,
intentar a ação de reconhecimento do domínio”. Na mesma linha, ao prever, no art. 1.210, §2º, que
não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito
sobre a coisa, o CC/2002 consagrou a abolição da exceptio proprietatis como defesa oponível às
ações possessórias típicas, porquanto estabeleceu a absoluta separação entre os juízos possessório
e petitório (enunciado n. 79, da I Jornada de Direito Civil).
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 41
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
formular pleito petitório, relativo à propriedade, no bojo de ação possessória, desde que em face
de terceiro. Nesta senda, o art. 557, do CPC/2015, aduz que: na pendência de ação possessória
é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a
pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
d) Os cegos e os surdos não poderão ser admitidos como testemunhas quando a ciência
do fato que se objetiva provar depender dos sentidos que lhes faltam.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Ao afirmar que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem
civil, o art. 1º do CC/2002 faz referência à capacidade de direito ou gozo, assim compreendida
aquela necessária à titularização de direitos e deveres na ordem privada. Todas as pessoas, sem
distinção, são dotadas de capacidade de direito, independente de questões formais, como a emissão
de certidão de nascimento. Por outro lado, a capacidade de fato ou de exercício, necessária ao
exercício de direitos, não se estende a todas as pessoas. As pessoas consideradas absolutamente
incapazes para exercer os atos da vida civil e as consideradas incapazes relativamente a certos atos
ou a maneira de exercê-los são indicadas nos artigos 3º e 4º do Código Civil/2002, respectivamente.
A Convenção de Nova York, que ingressou no ordenamento jurídico brasileiro com força de emenda
constitucional, consagra como princípios a igualdade plena das pessoas com deficiência e sua
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 42
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
inclusão com autonomia, recomendando a revogação de todos os diplomas legais que tratam as
pessoas com deficiência de forma discriminatória. Em face da recomendação, foi editada a Lei n.
13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que alterou alguns dos dispositivos do CC/2002.
Com a mudança, que implicou a revogação de todos os incisos do art. 3º do CC/2002, apenas os
menos de 16 (dezesseis) anos são considerados absolutamente incapazes. A menção aos que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses
atos, bem como aos que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade, até então
existentes, foram suprimidas.
Alternativa (B): correta. A afronta aos bens jurídicos denominados pela doutrina de direitos da
personalidade, assim considerados aqueles reconhecidos à pessoa humana tomada em si mesma e
em suas projeções na sociedade, caracteriza dano moral. A CF/88 passou a tratar a dignidade humana
como um direito constitucional subjetivo, do qual se originam todos os direitos personalíssimos. O
ataque a esse direito, em qualquer de suas projeções, gera dano moral, ou seja: o dano moral não
está necessariamente vinculado a alguma reação psíquica da vítima. Dor, vexame, sofrimento e
humilhação devem ser tratados como possíveis consequências do dano moral, e não como sua causa,
de modo que sua caracterização não é indispensável à configuração do dano moral. Também por
isso, o fato de a vítima não ser passível de detrimento anímico não obsta o reconhecimento do dano
moral. Nesta senda, o STJ já reconheceu que “o absolutamente incapaz, ainda quando impassível de
detrimento anímico, pode sofrer dano moral. O dano moral caracteriza-se por uma ofensa, e não por
uma dor ou um padecimento. Eventuais mudanças no estado de alma do lesado decorrentes do dano
moral, portanto, não constituem o próprio dano, mas eventuais efeitos ou resultados do dano”. (STJ,
4a Turma. REsp 1.245.550-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/3/2015 - divulgado no
informativo n. 559).
Alternativa (C): incorreta. Outra modificação implementada pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência
no Código Civil diz respeito ao tratamento dos relativamente incapazes. Antes da modificação, o art.
4º do CC/2002 elencava, como incapazes relativamente a certos atos ou a maneira de exercê-los, os
seguintes: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados
em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais,
sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 43
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
Alternativa (D): incorreta. Antes da modificação operada pelo Estatuto da Pessoa com deficiência, o
art. 228 do CC/2002 estabelecia que não poderiam ser admitidos como testemunhas “aqueles que,
por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem discernimento para a prática dos atos da vida
civil” (inciso II), assim como “os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa
dos sentidos que lhes faltam” (inciso III). Diante da necessidade de conferir tratamento igualitário e
não discriminatório às pessoas com deficiência, a Lei n. 13.146/2015 revogou ambos os dispositivos
mencionados. Em seu lugar, assegurou às pessoas com deficiência o direito de testemunhar em
igualdade de condições com as demais pessoas, bem como o uso de todos os recursos da tecnologia
assistiva.
Alternativa (E): incorreta. Ao elencar a dignidade da pessoa humana como fundamento da República
e eleger como objetivo fundamental a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das
desigualdades sociais, a CF/88 consagrou verdadeira cláusula geral de tutela e promoção da
pessoa humana. Nesta senda, o enunciado n. 274, da IV Jornada de Direito Civil, concluiu que “os
direitos da personalidade, regulados de maneira não exaustiva pelo Código Civil, são expressões
da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, III, da Constituição (princípio da
dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os
demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação”.
Por serem comuns à própria existência da pessoa, os direitos da personalidade são considerados
intransmissíveis, irrenunciáveis, extrapatrimoniais e vitalícios. São, ainda, tidos como absolutos,
indisponíveis, imprescritíveis e impenhoráveis. Em face dessas características, o art. 11 do Código Civil
prevê que “com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis
e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. O dispositivo parece
conferir caráter absoluto aos direitos da personalidade, ao impedir que sofram limitação voluntária.
Acontece que a relativização desse caráter ilimitado e absoluto é plenamente possível. A propósito,
o Enunciado n. 4 da I jornada de Direito Civil conclui que “o exercício dos direitos da personalidade
pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral”. O enunciado n.
139, da III JDC, anuncia, de forma complementar, que “os direitos da personalidade podem sofrer
limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso
de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes”. Em síntese, deve-
se concluir pela possibilidade de limitação voluntária aos direitos da personalidade, desde que não
tenha caráter permanente nem geral, e que não constitua abuso de direito.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 44
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
DIREITO CONSTITUCIONAL
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 45
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
COMENTÁRIO
Caros alunos, nessa questão, focamos a cobrança de jurisprudência recente do STF, composta de
enunciados extraídos de julgados – todos eles – divulgados em Informativos do ano de 2016.
Vejam como é importante tomar conhecimento das decisões recentes da Corte Suprema, que,
não raro, supera seus próprios precedentes antes consolidados ou introduz novas exceções
a determinadas regras igualmente consolidadas. Por isso, recomenda-se atenta leitura dos
Informativos de jurisprudência dos Tribunais Superiores. Após essa introdução no tema, vamos às
alternativas.
“Em auditoria realizada pelo TCU para apurar a gestão administrativa do Poder
Legislativo, os servidores indiretamente afetados pelas determinações do Tribunal
não possuem direito de serem ouvidos no processo fiscalizatório. Não existe, no
caso, desrespeito ao devido processo legal. A atuação do TCU ficaria inviabilizada
se, nas auditorias realizadas, fosse necessário intimar, para integrar o processo
administrativo de controle, qualquer um que pudesse ser alcançado, embora de forma
indireta, pela decisão da Corte” (STF. 1ª Turma. MS 32540/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 29/3/2016).
Alternativa (B): correta. Estão corretas tais exceções, conforme didaticamente explicada na
seguinte noticia extraída do sitio eletrônico do STF, referente ao julgamento da ADI 951, divulgada
no Informativo n. 845 dessa Corte:
“Não fica prejudicada a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) nas hipóteses em que
o Supremo Tribunal Federal (STF) julga a causa sem ter sido comunicado previamente
da revogação da norma questionada. O entendimento foi fixado pelo Plenário na sessão
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 46
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Ao apresentar seu voto na sessão de hoje, o relator da ação, ministro Luís Roberto
Barroso, explicou que desde o início da década de 90 vigora no Tribunal o entendimento
de que a revogação de uma norma leva à prejudicialidade de ADI ajuizada contra
ela, independentemente dos efeitos concretos dela decorrentes. Porém, segundo
ele, o STF possui precedentes que abrem exceções a essa hipótese, “quando
houver indícios de que a norma foi revogada para fraudar o exercício da jurisdição
constitucional em abstrato, ou seja, quando a revogação constituir um artifício
para evitar a declaração da sua inconstitucionalidade”, explicou.
De acordo com o ministro, o precedente do Supremo abriu uma exceção para dizer que
a ADI não estaria prejudicada quando houvesse alguma suspeita de fraude ou tentativa
de evitar a jurisdição do Supremo já iniciada. O relator lembrou que, posteriormente,
a Corte abriu novo precedente em relação a leis de eficácia temporária quando
a impugnação se deu em tempo adequado, a ação foi incluída em pauta e o seu
julgamento iniciado antes do exaurimento da eficácia da lei.
Para Barroso, o caso em exame traz uma nova hipótese: a situação em que a
revogação da norma objeto da ação direta não foi comunicada ao Supremo, que
enfrentou o mérito da causa e declarou a inconstitucionalidade da lei antes de
ter conhecimento de que a norma deixou de vigorar. “Permitir que se pleiteie
a desconstituição do julgamento em sede de embargos de declaração depois
de decidido o seu mérito equivaleria abrir à parte a possibilidade de manipular
a decisão do Supremo”, afirmou. “Se esta lhe for favorável, bastará não invocar a
perda de objeto e usufruir de seus efeitos. Se, ao contrário, lhe for desfavorável, o
reconhecimento da prejudicialidade a imunizará contra os efeitos do reconhecimento da
inconstitucionalidade”.
O relator afirmou que, como a revogação da lei catarinense não foi alegada antes do
julgamento do mérito, não é possível falar em omissão, obscuridade ou contradição
e, também por esse motivo, não há fundamento para acolher os embargos de
declaração. O ministro observou ainda que, no caso, o Tribunal havia deferido medida
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 47
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
cautelar para suspender a lei sem retroatividade. “Portanto, a lei efetivamente vigeu
durante um determinado período, de modo que a revogação e a prejudicialidade dessa
ação fariam com que ela produzisse efeitos válidos por um lapso temporal”, observou”.
Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=328291
Feita essa introdução do tema, o enunciado cobrou o conhecimento das seguintes decisões,
divulgadas nos Informativos n.s 844 e 848:
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 48
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
norma abstrata e geral (conferir, v.g., ADI 4.048 MC, rel. min. Gilmar Mendes, j. 14-5-2008, P, DJE
de 22-8-2008).
O segundo caso envolve situações em que os fatos não são abrangidos pela norma infraconstitucional
tida por violada, em cotejo com a Constituição Federal, ou seja, não há aplicabilidade da norma
ao caso concreto, o que, a toda evidência, faz ruir a necessidade de exercício de juízo de
controle de constitucionalidade, de sorte que o próprio órgão fracionário poderá julgar diretamente
a causa, sem precisar abrir o incidente de controle de constitucionalidade, que obrigaria a remessa
do processo para julgamento em plenário ou órgão especial.
Por fim, vale lembrar que existem duas mitigações à cláusula de reserva de plenário, incluídas a
nível legal/formal no ordenamento jurídico no Novo CPC, em seu art. 949, parágrafo único, quais
sejam:
a) quando o Plenário (ou órgão especial) do Tribunal que estiver decidindo já tiver se
manifestado pela inconstitucionalidade da norma;
Confiram, a propósito, a redação do parágrafo único do art. 949 do CPC e da Súmula Vinculante n.
10, essenciais ao conhecimento da matéria em debate:
Art. 949 (...) Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao
plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver
pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
Súmula vinculante n. 10 do STF: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97)
a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta a sua incidência
no todo ou em parte”.
Ademais, o Ministro também afastou a alegação de que a lei ofenderia o artigo 22, inciso XXIX, da
Constituição Federal, que atribui à União a competência privativa para legislar sobre propaganda
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 49
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
“A restrição imposta pela lei recai, não sobre as empresas de cigarro e bebidas
alcoólicas, mas sim sobre a Administração Pública municipal, encontrando-se,
assim, no âmbito de competência do Poder Legislativo local”.
OBS: O julgamento do RE teve início em 2005, quando a relatora, ministra Ellen Gracie (aposentada),
votou pelo desprovimento, com o entendimento de que compete ao prefeito regular a utilização
do patrimônio municipal, e de que foge à competência municipal a regulação da propaganda de
bebidas alcoólicas e derivados do tabaco.
Alternativa (E): correta. A Reclamação é simples direito de petição, na visão do STF, e possui
duas funções precípuas, quais sejam: preservar a autoridade das suas decisões e a competência
da Corte Suprema.
Por sua vez, a segunda parte da assertiva foi extraída do julgamento da Rcl 24686 ED-AgR/RJ, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 28/10/2016, e também divulgada no Informativo n. 845, conforme
ementa a seguir:
“RECLAMAÇÃO: O art. 988, § 5º, II, do CPC/2015 prevê que é possível reclamação
dirigida ao Supremo Tribunal Federal contra decisão judicial que tenha descumprido
tese fixada pelo STF em recurso extraordinário julgado sob o rito da repercussão
geral. O CPC exige, no entanto, que, antes de a parte apresentar a reclamação,
ela tenha esgotado todos os recursos cabíveis nas “instâncias ordinárias”. O
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 50
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
STF afirmou que essa hipótese de cabimento prevista no art. 988, § 5º, II, do CPC
deve ser interpretada restritivamente, sob pena de o STF assumir, pela via da
reclamação, a competência de pelo menos três tribunais superiores (STJ, TST e
TSE) para o julgamento de recursos contra decisões de tribunais de 2º grau de
jurisdição. Assim, segundo entendeu o STF, quando o CPC exige que se esgotem as
instâncias ordinárias, significa que a parte só poderá apresentar reclamação ao STF
depois de ter apresentado todos os recursos cabíveis não apenas nos Tribunais de 2º
grau, mas também nos Tribunais Superiores (STJ, TST e TSE). Se ainda tiver algum
recurso pendente no STJ ou no TSE, por exemplo, não caberá reclamação ao STF. Em
suma, nos casos em que se busca garantir a aplicação de decisão tomada em recurso
extraordinário com repercussão geral, somente é cabível reclamação ao STF quando
esgotados todos os recursos cabíveis nas instâncias antecedentes. STF. 2ª Turma (Rcl
24686 ED-AgR/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/10/2016).
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 51
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. O enunciado está em consonância com o quanto lecionado pelo Professor
Marcelo Novelino (in Manual de Direito Constitucional, V. único, 9ª Ed., 2014, Método):
Alternativa (B): correta. O enunciado está em plena consonância com as exposições da doutrina,
conforme leciona Marcelo Novelino (op. já citada):
Alternativa (C): correta. Nos socorremos novamente das lições do Professor Marcelo Novelino
(op. já citada):
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 52
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
“Este postulado também apresenta uma estreita ligação com o princípio da unidade,
do qual se distingue por não atuar apenas diante de contradições normativas
abstratas, mas principalmente nas colisões de direitos ocorridas diante de um
caso concreto.
Alternativa (D): incorreta. O enunciado foi extraído da doutrina de Gilmar Mendes e Paulo Gonet
Branco (in Curso de Direito Constitucional, 7ª Ed., São Paulo, Saraiva), que, ao contrário do exposto
na questão, entende que o princípio da força normativa da constituição está contido, de
alguma forma, no princípio da máxima efetividade. Confiram:
A eficácia da norma deve ser compreendida como a sua aptidão para produzir os efeitos
que lhes são próprios. Esse princípio, na realidade, vem sancionado, entre nós, no §
1º do art. 5º da Constituição, que proclama a aplicação imediata das normas definidoras
de direitos e garantias fundamentais. O reconhecimento de que também as normas
programáticas podem levar à inconstitucionalidade de leis que lhes sejam opostas é,
igualmente, expressão desse princípio.
De alguma forma contido no princípio da máxima efetividade, fala-se no princípio
da força normativa da Constituição. Com ele propõe-se que se dê prevalência aos
pontos de vista que tornem a norma constitucional mais afeita aos condicionamentos
históricos do momento, garantindo-lhe interesse atual, e, com isso, obtendo-se “máxima
eficácia, sob as circunstâncias de cada caso” (destaques nossos).
Alternativa (E): correta. Sobre esse princípio e suas aplicações no âmbito da jurisprudência,
colacionamos as considerações do Professor Marcelo Novelino (op. já citada):
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 53
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 54
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
COMENTÁRIO
Nesse sentido:
Alternativa (B): correta. Segundo o Professor Pedro Lenza (in Direito Constitucional Esquematizado,
20ª ed., 2016, Saraiva, São Paulo):
“No entender de parte da doutrina, se a lei produzida antes de 1988 ainda não tivesse
sido declarada inconstitucional na vigência do antigo ordenamento, teoricamente, como
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 55
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
ela se presume constitucional, poderia ser recebida pelo novo ordenamento se com ele
fosse compatível do ponto de vista meramente material.
Sobre esse tema, assinala Paulo G. G. Branco: “uma vez que vigora o princípio de que,
em tese, a inconstitucionalidade gera a nulidade-absoluta-da lei, uma norma na situação
em tela já era nula desde quando editada, pouco importando a compatibilidade material
com a nova Constituição, que não revigora diplomas nulos” (destaque nosso).
Nessa linha de entendimento, uma lei anterior que nasceu inconstitucional não poderia ser
“consertada” pela nova Constituição. Não se poderia falar, então, em “constitucionalidade
superveniente”. Podemos concluir, então, que para uma lei ser recebida ela precisa
preencher os seguintes requisitos:
Alternativa (C): incorreta. A ADI não admite desistência, conforme dispõe o art. 5º da Lei n.
9.868/1999: “Art. 5º Proposta a ação direta, não se admitirá desistência”.
Por outro lado, é possível a sustentação oral em sede de medida cautelar, tanto dos representantes
legais do requerente da medida como pelas autoridades ou órgãos responsáveis pela expedição
do ato:
“Lei n. 9.868/1999, Art. 10: Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação
direta será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal,
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 56
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
observado o disposto no art. 22, após a audiência dos órgãos ou autoridades dos
quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no
prazo de cinco dias.
Alternativa (D): incorreta. O STF tem jurisprudência firme no sentido de que o aditamento da
petição inicial da ADI só é permitido quando promovido antes da requisição das informações
às autoridades responsáveis pela emissão e defesa do ato. Confiram:
“Petição inicial. Ilegitimidade ativa para a causa. Correção. É lícito, em ação direta de
inconstitucionalidade, aditamento à petição inicial anterior à requisição das informações.”
(STF, ADI 3.103, rel. min. Cezar Peluso, julgamento em 1-6-2006, Plenário, DJ de 25-8-
2006). E no mesmo sentido: ADI 4.073-MC, rel. min. Celso de Mello, decisão monocrática,
julgamento em 7-8-2009, DJE de 17-8-2009.
Ademais, cumpre observar que o Supremo Tribunal Federal entende que “A possibilidade do
aditamento da ação direta de inconstitucionalidade de modo a que continue, contra a medida
provisória reeditada, o processo instaurado contra a sua edição original, pressupõe necessariamente
a identidade substancial de ambas: se a norma reeditada é, não apenas formal, mas também
substancialmente distinta da originalmente impugnada, impõe-se a propositura de nova ação
direta” (ADI 1.753-QO, rel. min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 17-9-1998, Plenário, DJ de
23-10-1998).
OBS: O STF já admitiu aditamento após a requisição das informações, porém, diante de
situação de clara irrelevância das alterações supervenientes ao texto normativo impugnado.
No entanto, essa não é a regra, como visto, mas mera exceção. Eis julgado nesse sentido: “Pedido
de aditamento da inicial após inclusão em pauta da ação para julgamento final pelo rito do artigo
12 da Lei 9.868/1999. Admissão do aditamento, tendo em vista a irrelevância das alterações
promovidas no texto normativo impugnado. Admitido o aditamento, necessária é a abertura de
prazo para a manifestação dos requeridos” (ADI 3.434-MC, rel. min. Joaquim Barbosa, julgamento
em 23-8-2006, DJ de 28-9-2007).
OBS2: Em caso de Medida Provisória, recentes decisões não têm deixado claro o momento
processual limite para aditamento da petição inicial, em caso de substancial alteração da
norma, apenas referindo genericamente à necessidade de aditamento. Conferir, nesse sentido,
a ADI n. 5.238/DF, Relator Luiz Fux.
Alternativa (E): incorreta. Quando a ação objetiva for ajuizada pelo Governador do Estado é
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 57
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
prescindível a intimação do Procurador Geral do Estado para o julgamento da ação, uma vez
que, neste caso, o Estado não será parte. Nesse sentido:
a) Quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 anos não
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 58
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
será automática a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, assim como
igualmente não o é a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Em breve resumo e esquematização do tema, para melhor compreensão
da questão, podemos afiançar o seguinte:
Efeitos secundários de natureza extrapenal previstos no Código Penal: São assim denominados
(extrapenais) por incidirem em áreas diversas do Direito. Dividem-se em genéricos e específicos:
a) Efeitos genéricos: chamados dessa maneira por recaírem sobre todos os crimes, são os
previstos no art. 91 do Código Penal: obrigação de reparar o dano e confisco. A interpretação a
contrario sensu do art. 92, parágrafo único, do Código Penal, mostra serem tais efeitos automáticos,
ou seja, não precisam ser expressamente declarados na sentença. Toda condenação os
produz.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 59
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Portanto, o enunciado está incorreto quando afirma que a obrigação de ressarcir o dano
causado pelo crime não é automática.
b) Efeitos específicos: são os indicados pelo art. 92 do Código Penal: perda do cargo, função
pública ou mandato eletivo, incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, e
inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso, etc.
Tem essa denominação pelo fato de serem aplicados somente em determinados crimes e não
são automáticos, necessitando de expressa motivação na sentença condenatória para produzirem
efeitos. É o que consta do art. 92, parágrafo único, do Código Penal, in verbis:
“Art. 92. São também efeitos da condenação: [...] Parágrafo único - Os efeitos de
que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados
na sentença”.
Fonte: MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado – Vol. 1 – Parte Geral, 9ª Ed.,
2015, Ed. Método, São Paulo.
Alternativa (B): incorreta. Segundo Masson (in op. já citada), “[...] Em se tratando de extinção da
punibilidade derivada de abolitio criminis ou de anistia, embora rescindam a sentença condenatória
no plano penal, persiste o efeito civil da reparação do dano”.
Alternativa (C): incorreta. Segundo Masson (op. já citada), “Se o réu condenado com trânsito
em julgado for absolvido em revisão criminal, desaparece a força executiva, mesmo se já tiver
sido iniciada a execução civil. Tal como fora criado, o título é desconstituído por decisão judicial”
(destaque nosso).
Alternativa (D): incorreta. A previsão específica da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613/1998)
é de interdição para o exercício desses cargos pelo DOBRO da pena cominada. Confiram:
“Art. 7º. São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal: [...] II - a
interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de
membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas
no art. 9º, pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada” (destaque
nosso).
“Vale mencionar o seguinte alerta de Frederico Marques: “Se a sentença penal reconhece
que o fato típico não é ilícito em virtude da ocorrência de uma das justificativas do art. 23
do Código Penal, ilicitude também não existe no Direito Civil, e isto em face do próprio
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 60
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
artigo do Código Civil, que exclui a antijuridicidade do ato danoso quando há legítima
defesa, exercício regular de um direito e o estado de necessidade (art. 160, I, II) [atual
art. 188, I e II, do CC/2002].
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 61
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. A assertiva está correta. O Professor Cléber Masson (in MASSON, Cleber.
Direito Processual Penal Esquematizado, 2015, Ed. Método. São Paulo) justifica:
Exemplo: Considere que a autoridade policial tenha representado pela prisão temporária
do investigado e que o juiz, malgrado o parecer favorável do Ministério Público, tenha
indeferido essa prisão.
Assim, caso não se conforme com o indeferimento da temporária pelo juiz, poderá o
promotor (não o delegado de polícia, pois este não possui faculdade recursal) valer-se
do RSE para atacar tal decisão, por interpretação extensiva da hipótese prevista no art.
581, V, do CPP. Isto ocorre porque tanto uma quanto outra hipótese produzem a mesma
consequência processual: a manutenção do investigado em liberdade” (destaques
nossos).
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 62
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Segundo o Professor Renato Brasileiro (in Manual de Direito Processual Penal, 4ª Ed., 2016, Ed.
Juspodvim, São Paulo), trata-se de exceção procedimental cujo julgamento não é impugnado
pela via do Recurso em Sentido Estrito:
O inciso III do art. 581 do CPP somente prevê o cabimento do RESE na hipótese de
decisão que julga procedente as referidas exceções. Logo, são irrecorríveis as decisões
que rejeitam tais exceções, o que, no entanto, não impede que a matéria volte a ser
questionada em preliminar de eventual apelação ou por meio de habeas corpus (CPP,
art. 648, VI).
O dispositivo também deixa claro que não é cabível RESE contra a decisão
que julgar procedente a exceção de suspeição. A uma porque, reconhecendo a
suspeição nos termos do art. 99 do CPP, o juiz suspeito sustará a marcha do processo,
ordenando a remessa dos autos ao substituto. Logo, não haveria interesse recursal na
interposição do RESE. A duas porque, não aceita a suspeição, os autos serão remetidos
ao Tribunal a que competir o julgamento. Como se percebe, ao contrário das demais
exceções, que são julgadas pelo juiz de 1ª instância, a de suspeição é julgada
pelo respectivo Tribunal. Ora, considerando que o RESE é recurso cabível contra
decisões proferidas por juiz de 1ª instância, esta via impugnativa não poderá ser
usada contra decisão proferida no julgamento da exceção de suspeição.
O art. 104 do CPP prevê que, arguida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz,
depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas no
prazo de 3 (três) dias. A despeito da irrecorribilidade de tal decisão, a doutrina entende
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 63
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (C): correta. O recurso de apelação está previsto no art. 593 do CPP e é uma forma de
impugnação das decisões de primeiro grau que poderão ser proferidas pelo juiz singular ou pelo
juiz-presidente do Tribunal do Júri.
O inciso I do art. 593 prevê como hipóteses de cabimento a prolação de sentenças de condenação,
absolvição, absolvição imprópria (que absolve e aplica medida de segurança) e absolvição sumária
do rito do Tribunal do Júri (art. 415 do CPP).
Sobre a absolvição sumária do art. 397 do CPP, o Professor Aury Lopes Jr (in Direito Processual
Penal, 13ª Ed., Saraiva, São Paulo) detalha a excepcionalidade da aplicação do Recurso em
Sentido Estrito aos casos de declaração da extinção da punibilidade:
“Já a absolvição sumária do art. 397 do CPP merece uma análise em separado, pois,
como regra, é atacável pelo recurso de apelação, previsto no art. 593, I, do CPP. Contudo,
há uma importante ressalva: a decisão que “absolve sumariamente” por estar extinta a
punibilidade é impugnável pela via do Recurso em Sentido Estrito, art. 581, VIII, do CPP.
Existe uma impropriedade processual grave no art. 397, IV, pois a sentença que
reconhece a extinção da punibilidade é uma decisão declaratória; não é uma sentença
definitiva e, muito menos, absolutória. Há que se ter cuidado para não ser seduzido pela
nomenclatura utilizada pelo legislador (absolvição), pois ela não tem o condão de alterar
a natureza jurídica do ato.
Assim, a decisão que absolve sumariamente o réu com base no art. 397, incisos I, II e
III, é impugnável por apelação, art. 593, I, do CPP.
Ora, fosse possível aceitar tal paradoxo, seria obrigatório concluir no sentido do cabimento
de apelação contra tal decisão. Tecnicamente, porém, a extinção da punibilidade
não pode ser objeto de decisão absolutória, mas sim de pronunciamento autônomo
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 64
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Ora, a morte do agente é causa extintiva da punibilidade, como se infere do art. 107, I,
do CP. E, evidentemente, não seria razoável cogitar que pudesse o magistrado, diante
da certidão de óbito do acusado que lhe tenha sido apresentada pelo advogado junto
com a resposta a que alude o art. 396 do CPP, absolver sumariamente o réu morto com
base no art. 397, IV.
Alternativa (D): correta. Estão corretas as afirmações contidas no enunciado, uma vez a carta
testemunhável é recurso de caráter subsidiário ou residual, pois o seu cabimento está condicionado
ao à ausência de possibilidade de qualquer outra impugnação.
Exemplo comumente citado pela doutrina é o do não recebimento da apelação, que não permite ao
apelante valer-se da carta testemunhável, pois há previsão expressa de recurso em sentido estrito,
com base no art. 581, XV, do CPP, para o insurgimento contra essa decisão.
Ademais, é cabível quando o julgamento do recurso denegado esteja afeto a uma instância superior,
por força do que dispõe o art. 645 do CPP, ao estatuir que o processo da carta testemunhável na
instância superior seguirá o processo do recurso denegado.
Alternativa (E): correta. Previsto no art. 197 da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal – LEP),
o agravo é o recurso cabível contra qualquer decisão do juiz da Vara de Execuções Criminais,
como, por exemplo, saída temporária, progressão e regressão de regime, livramento condicional,
unificação de penas, sursis, incidentes da medida de segurança, conversões, homologação de
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 65
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Segundo Masson (in op. já citada), “Não há previsão de prazo, forma ou rito na LEP para esta
modalidade recursal. Apesar disso, é consolidado o entendimento de que segue as mesmas
normas que regem o recurso em sentido estrito, no que forem aplicáveis. Tal entendimento
consolidou-se com a edição da Súmula 700 do STF, dispondo que “é de cinco dias o prazo para
interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal” (destaques nossos).
“Como toda via impugnativa, possui efeito devolutivo, implicando devolução ao Judiciário
da matéria incorporada ao recurso. Possui efeito regressivo em razão da já mencionada
aplicação subsidiária do procedimento cabível para o recurso em sentido estrito.
Referente ao efeito suspensivo, dispõe o art. 197 da Lei 7.210/1984 que o agravo
não o possui” (destaque nosso).
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 66
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
forem indisponíveis.
COMENTÁRIO
O Novo CPC veio com a expressa intenção de incentivar o uso de meios consensuais de solução
de conflitos (art. 3º, §3º), o que se estende para as Fazendas Públicas (art. 174). No âmbito do
processo judicial, este incentivo veio com a criação de uma fase de tentativa de solução consensual
prévia à fase de defesa (art. 334). Atenção! O legislador quis ser enérgico e adotou uma regra
contraintuitiva: em vez de seguir a regra “quando um não quer, dois não fazem”, seguiu a regra
“quando só um não quer, os dois vão fazer sim!”.
Alternativa (A): incorreta. Não basta o autor manifestar desinteresse pela mediação/conciliação. É
preciso, ainda, ouvir o réu. Se o réu também manifestar expresso desinteresse, não haverá sessão
de mediação/conciliação. Porém, se o réu manifestar que quer a sessão ou se for silente, haverá,
sim, a sessão de mediação/conciliação, independentemente da manifestação do autor.
Alternativa (B): incorreta. Não basta o réu manifestar desinteresse pela mediação/conciliação.
É preciso ouvir, também, o autor. Se o autor também manifestou expresso desinteresse, seja na
petição inicial, seja em momento posterior, não haverá sessão de mediação/conciliação. Porém,
se o autor manifestou que quer a sessão ou se for silente, haverá, sim, a sessão de mediação/
conciliação, independentemente da manifestação do réu.
Alternativa (C): incorreta. A sessão de mediação ou conciliação judicial (e não extrajudicial, como
disse o enunciado) deverá ser realizada, exceto se ambas as partes manifestarem, expressamente,
desinteresse na composição consensual (art. 334 do CPC). No caso da mediação ou conciliação
extrajudicial não há obrigatoriedade de participação, pois não se trata de uma fase dentro de um
processo judicial já ajuizado.
Alternativa (D): correta. NCPC/2015, Art. 334. § 4º: “A audiência não será realizada: I - se ambas
as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II - quando não
se admitir a autocomposição”.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 67
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
QUESTÃO 12. De acordo com o Novo Código de Processo Civil, NÃO se aplica a regra
do duplo grau de jurisdição obrigatório quando:
COMENTÁRIO
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 68
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
sessenta salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas”) continua vigente, embora deva ser
lida de acordo com os valores atualmente vigentes.
Alternativa (B): incorreta. O erro da alternativa está em tratar os Municípios como um grupo só.
Os Municípios-sede de capitais estaduais estão no grupo dos Estados e do DF, e não no dos
Municípios em geral (art. 496, §3º, II e III do CPC).
Alternativa (D): incorreta. A primeira parte da alternativa reproduz texto do CPC/1973, revogado
(ver comentário da alternativa anterior). A segunda parte da alternativa está correta, exceto pelo uso
do termo “jurisprudência”, que tem significado de mera reiteração (não obrigatória) de julgamentos
no mesmo sentido. Os métodos de julgamentos de recursos repetitivos, incidentes de resolução de
demandas repetitivas e assunção de competência não são simples reiteração de julgamentos, mas
mecanismos legais de obrigatória replicação de um entendimento.
Alternativa (E): correta. O CPC/2015 expressamente exclui a remessa necessária nos casos
apontados, conforme disposto no art. 496, §4º, incisos I e IV, a saber:
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois
de confirmada pelo tribunal, a sentença: § 4º Também não se aplica o disposto neste
artigo quando a sentença estiver fundada em: I - súmula de tribunal superior;
(...) IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou
súmula administrativa.
a) Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará
o mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico obtido até 200.000 (duzentos mil) salários-mínimos.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 69
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
e) Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda,
quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por
apreciação equitativa, observando o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação
do serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e
o tempo exigido para o seu serviço.
COMENTÁRIO
O tema dos honorários advocatícios é de grande importância nos processos fazendários. Para
fins de concurso o tema exige apenas memorização do artigo 85 do CPC/15. Embora não seja
complexo, é um diferenciador entre os candidatos que estão estudando de forma específica para
a carreira de Advocacia Pública e, por isso, merece atenção. A peculiaridade da condenação da
Fazenda Pública se dá em razão da pré definição do montante de honorários a ser pago pelo
erário quando a Fazenda sucumbe. Há uma correlação entre valor da condenação e porcentual de
honorários previsto no art. 85 do CPC/15, confira:
§ 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará
os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2º e os seguintes percentuais:
III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte
mil) salários-mínimos;
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 70
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (A): incorreta. Há dois erros perceptíveis. O percentual de 10% a 20% é da primeira
faixa, de até 200 (duzentos) salários-mínimos, não até 200.000 (duzentos mil). Além disso, o maior
patamar previsto no CPC/2015 é de 100.000 (cem mil) salários-mínimos, não de 200.000 (duzentos
mil), conforme art. 85, §3º do CPC/2015, acima transcrito.
Alternativa (D): correta. É o teor do art. 85, §7º do CPC/2015. Trata-se de reafirmação da previsão
do art. 1º-D da Lei 9.494/1997 o qual expressamente afirma que “ não serão devidos honorários
no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório,
desde que não tenha sido impugnada”.
Alternativa (E): correta. É o teor do art. 85, §8º do CPC/2015. Trata-se de regra (de fixação
equitativa de honorários) igual à do art. 20 do CPC/1973 (revogado), a qual, hoje, que é reduzida
apenas para as hipóteses de condenação em valor irrisório, inestimável ou de muito baixo valor.
Art. 85 (...) § 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico
ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos
honorários por apreciação equitativa, observando o disposto nos incisos do § 2º.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 71
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
DIREITO EMPRESARIAL
COMENTÁRIO
Com a recente edição da Lei 13.303/2016, o tema da atividade empresarial do Estado ganha
importância renovada nos concursos públicos. Atenção para alguns aspectos:
Alternativa (A): correta. Com o objetivo de inibir indicações de origem exclusivamente política,
tais critérios objetivos (reputação ilibada, notório conhecimento, experiência profissional, formação
acadêmica e elegibilidade) para indicação de administradores das empresas estatais (membros do
Conselho de Administração e diretorias) foram positivados no art. 17 da Lei 13.303/2016.
Alternativa (B): incorreta. O Estado pode ser acionista minoritário de empresa privada, especialmente
por meio da Administração Pública indireta empresarial, ou seja, por meio de empresas públicas
e sociedades de economia mista (art. 235, §2º da Lei 6.404/1976). “A participação minoritária do
Estado no capital da companhia, despida dos atributos inerentes ao controle acionário, cumpre
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 72
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (C): incorreta. A empresa estatal deve, sim, perseguir o interesse público, o que deve
ser feito de acordo com seu objeto social instituído por lei. O controle por parte da Administração
Direta se faz por intermédio de seus poderes-deveres de acionista, e não pelo poder hierárquico.
“O exercício da supervisão por vinculação da empresa pública ou da sociedade de economia mista,
pelo órgão a que se vincula, não pode ensejar a redução ou a supressão da autonomia conferida
pela lei específica que autorizou a criação da entidade supervisionada ou da autonomia inerente
a sua natureza, nem autoriza a ingerência do supervisor em sua administração e funcionamento,
devendo a supervisão ser exercida nos limites da legislação aplicável” (art. 89 da Lei 13.303/2016).
Alternativa (D): incorreta. Não se aplica o regime de licitações às “atividades-fim” das empresas
estatais, pois, do contrário, seria inviável sua prática em regime de mercado. Este entendimento foi
consolidado no art. 28, §3º, I da Lei 13.303/2016.
Alternativa (E): incorreta. A cláusula de matriz de risco é obrigatória, não facultativa. Conforme
art. 69, X da Lei 13.303/2016: “São cláusulas necessárias nos contratos disciplinados por esta Lei:
X - matriz de riscos”.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 73
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
COMENTÁRIO
Com a recente edição da Lei 13.303/2016, o tema da atividade empresarial do Estado ganha
importância renovada nos concursos públicos. Atenção para alguns aspectos:
Alternativa (A): incorreta. Não há limite para o crédito das obrigações decorrentes de acidentes do
trabalho (“acidentárias”), ao contrário dos créditos trabalhistas, estes sim limitados a 150 salários-
mínimos. Não está no mesmo patamar o crédito tributário e a respectiva multa, a qual só é satisfeita
antes dos créditos subordinados. A memorização destas regras é frequentemente cobrada nas
provas de concurso:
Trabalhistas até 5 salários-mínimos referentes aos 3 meses anteriores à falência
(doutrina: honorários advocatícios inclusive) (LRF, art. 151)
Restituições de quem tinha bens em posse do falido (LRF, art. 86)
Extraconcursais (“credores da própria massa”, o que inclui os créditos tributários da
massa) (LRF, art. 84)
Concursais (“credores do falido”) (LRF, art. 83) ― Nesta ordem:
Trabalhistas até 150 salários-mínimos + acidentários sem limite
Garantia real (até o limite do valor do bem gravado)
Créditos tributários, com correção monetária e juros de mora, exceto as respectivas
multas (União e autarquias > Estados e autarquias pro rata > Municípios e autarquias
pro rata)
Privilégio especial conforme leis civis e comerciais
Privilégio geral conforme lei civil (inclui os credores quirografários que continuaram
fornecendo mesmo após a falência)
Quirografários (ou seja, os não previstos acima)
Multas contratuais, penais, administrativas, tributárias inclusive
Subordinados conforme lei ou contrato = créditos dos sócios e administradores não-
empregados
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 74
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Art. 2º Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista;
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade
de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde,
sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente
equiparadas às anteriores.
Alternativa (C): correta. “Falência. Subsidiária integral de sociedade de economia mista. [...]. Art.
242 da Lei nº 6.404/76. 1. A subsidiária integral de sociedade de economia mista está sujeita ao
regime falimentar, que só excluía as sociedades de economia controladoras criadas por lei. 2. [...]”
(STJ, REsp 729779-RJ, Rel. Min. Menezes Direito, 3ª Turma, j. 16-02-2006, DJ 22-05-2006). “O
que cobria a imunidade diante da Lei de Falências era a criação por lei da sociedade economia
mista, como a Petrobrás. A subsidiária, entretanto, não foi criada por lei, mas, sim, mediante os
atos formais para criação de uma sociedade-anônima, embora a autorização para que a sociedade
assim estivesse plantada na lei. Se a empresa ré não era criada por lei, não havia razão alguma
para confundir os dois tipos, quais sejam, aquele oriundo de lei específica e aquele oriundo de
ato formal próprio, o primeiro a sociedade de economia mista propriamente dita e o segundo a
subsidiária integral, ou não. O primeiro tinha a proteção legal, não o segundo. Por esse motivo,
quando do ajuizamento da ação, a empresa ré já estava subordinada ao regime da lei falimentar”
(STJ, EREsp 642324, Rel. Min. Castro Meire, Decisão Monocrática, j. 07-05-2010, DJ 12-05-2010)
Alternativa (D): correta. Súmula 581-STJ (aprovada em 14/09/2016, DJe 19/09/2016, Informativo
590): “A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das ações e
execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia
cambial, real ou fidejussória”.
Alternativa (E): correta. Além da chamada “recuperação judicial ordinária”, está à disposição das
microempresas e empresas de pequeno porte a chamada “recuperação judicial especial”, previsto
no art. 70 da Lei 11.101/2005, com redação alterada pela Lei Complementar 147/2014. Entre as
alterações, destacam-se (i) a ampliação do rol dos credores que podem fazer parte do plano de
recuperação, antes restrito aos credores quirografários, agora estendido a todos os credores do
art. 83 da lei (= “credores do falido”); (ii) a previsão expressa de que não se inclui neste plano os
créditos fiscais, ao lado de outros que já estavam expressamente excluídos, como os créditos
decorrentes de repasses oficiais, os créditos fiduciários e créditos de adiantamento a contrato de
câmbio para exportação.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 75
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
DIREITO AMBIENTAL
COMENTÁRIO
Analisamos, na questão, dois dos principais princípios do Direito Ambiental, e de grande incidência
nas provas de concursos públicos. Os princípios da Prevenção e da Precaução.
Alternativa (B): incorreta. Tal atividade se relaciona com os princípios da informação, educação
ambiental e participação popular.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 76
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (C): incorreta. A aplicação do referido princípio não se limita à mera informação à
sociedade, mas a verdadeira inibição da prática de determinada atividade ou adoção de medidas
efetivas que visam evitar que o dano cientificamente previsto venha a se produzir.
Alternativa (E): incorreta. A assertiva traz uma afirmação inverídica e que não possui qualquer
relação com os princípios em estudo.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. Como cediço, o princípio da precaução está relacionado com a incerteza
científica dos impactos, de forma que se deve adotar verdadeira cautela nos usos dos recursos. É
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 77
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
o caso dos organismos geneticamente modificados, cujas consequências de uso ainda não foram
totalmente aferidas, a ponto de gerar incerteza científica.
Alternativa (B): correta. Este é o conceito legal trazido pelo artigo 3º, inciso V, da Lei nº 11.105/2005.
Alternativa (C): incorreta. O artigo 5º, da Lei nº 11.105/2005, regula a utilização de células-tronco
embrionárias para fins de pesquisa e terapia. São requisitos para sua utilização: a) sejam embriões
inviáveis ou sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação da referida
Lei, ou que, já congelados na data da publicação da referida Lei, depois de completarem 3 (três)
anos, contados a partir da data de congelamento; e b) haja consentimento dos genitores. É neste
ponto que a assertiva se encontra incorreta.
Alternativa (D): correta. É o que fora decidido pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 3510. Pela
importância do tema, recomendamos a leitura da respectiva ementa. Tendo em vista sua extensão,
veicularemos apenas os trechos mais relevantes para a questão:
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 78
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
“ciência”, enquanto atividade individual, faz parte do catálogo dos direitos fundamentais
da pessoa humana (inciso IX do art. 5º da CF). Liberdade de expressão que se afigura
como clássico direito constitucional-civil ou genuíno direito de personalidade. Por isso que
exigente do máximo de proteção jurídica, até como signo de vida coletiva civilizada. Tão
qualificadora do indivíduo e da sociedade é essa vocação para os misteres da Ciência
que o Magno Texto Federal abre todo um autonomizado capítulo para prestigiá-la por
modo superlativo (capítulo de nº IV do título VIII). A regra de que “O Estado promoverá
e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas”
(art. 218, caput) é de logo complementada com o preceito (§ 1º do mesmo art. 218)
que autoriza a edição de normas como a constante do art. 5º da Lei de Biossegurança.
A compatibilização da liberdade de expressão científica com os deveres estatais
de propulsão das ciências que sirvam à melhoria das condições de vida para
todos os indivíduos. Assegurada, sempre, a dignidade da pessoa humana, a
Constituição Federal dota o bloco normativo posto no art. 5º da Lei 11.105/2005
do necessário fundamento para dele afastar qualquer invalidade jurídica (Ministra
Cármen Lúcia). VIII - SUFICIÊNCIA DAS CAUTELAS E RESTRIÇÕES IMPOSTAS
PELA LEI DE BIOSSEGURANÇA NA CONDUÇÃO DAS PESQUISAS COM CÉLULAS-
TRONCO EMBRIONÁRIAS. A Lei de Biossegurança caracteriza-se como regração
legal a salvo da mácula do açodamento, da insuficiência protetiva ou do vício da
arbitrariedade em matéria tão religiosa, filosófica e eticamente sensível como a da
biotecnologia na área da medicina e da genética humana. Trata-se de um conjunto
normativo que parte do pressuposto da intrínseca dignidade de toda forma de
vida humana, ou que tenha potencialidade para tanto. A Lei de Biossegurança não
conceitua as categorias mentais ou entidades biomédicas a que se refere, mas nem por
isso impede a facilitada exegese dos seus textos, pois é de se presumir que recepcionou
tais categorias e as que lhe são correlatas com o significado que elas portam no âmbito
das ciências médicas e biológicas. IX - IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO (...) (ADI 3510,
Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 29/05/2008, DJe-096
DIVULG 27-05-2010 PUBLIC 28-05-2010 EMENT VOL-02403-01 PP-00134 RTJ VOL-
00214-01 PP-00043)
Alternativa (E): correta. É a proibição que consta expressamente do artigo 6º, inciso IV, da lei em
estudo.
DIREITO TRIBUTÁRIO
QUESTÃO 18. Sobre a Ação Cautelar Fiscal (Lei nº 8.397/92), assinale a alternativa
incorreta:
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 79
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
c) Nos casos em que o contribuinte for notificado pela Fazenda Pública para que
proceda ao recolhimento do crédito fiscal e coloque ou tente colocar seus bens em
nome de terceiros, não é necessária a comprovação literal de constituição do crédito.
d) A medida cautelar fiscal pode ser preparatória ou incidental, devendo sempre ser
dirigida ao juízo competente para o processamento das execuções fiscais, ainda que
os autos se encontrem em Tribunal.
COMENTÁRIO
Abordamos, aqui, a Ação Cautelar Fiscal, ação utilizada pelas Procuradorias, e com previsão em
diversos programas de Direito Tributário de concursos públicos. Em síntese, corresponde a uma
ação que pode ser ajuizada em face dos contribuintes, com o fim de garantir a execução fiscal
de crédito tributário e não tributário, quando se constata uma situação em que o contribuinte age
de forma a prejudicar a recuperação do crédito público, como a dilapidação do seu patrimônio,
tentativa de se ausentar para não pagar o débito, etc. Vejamos, nas assertivas, algumas das
principais características.
Alternativa (A): correta. É o que consta expressamente do artigo 3º, da Lei nº 8.397/92.
Alternativa (B): correta. Neste sentido se posicionou o STJ no AgRg no REsp 1497290/PR, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/02/2015, DJe 20/02/2015.
Admite-se, assim, que o crédito tenha sido lançado pelo Fisco, através de um auto de infração,
por exemplo, mas ainda esteja na pendência dos trâmites administrativos seguintes, tal como
no aguardo de julgamento de eventuais recursos administrativos. Atente-se que, embora seja o
entendimento atualmente majoritário, já houve decisões anteriores proferidas pelo próprio STJ em
sentido contrário, sob o argumento de que o recurso administrativo suspenderia a exigibilidade do
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 80
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
crédito tributário.
Alternativa (C): correta. A própria legislação, em seu artigo 1º, parágrafo único, dispensa o requisito
da prova literal da constituição do crédito fiscal quando se tratar das hipóteses previstas nos inciso
V, alínea b, e VII, do artigo 2º, da Lei nº 8.397/92.
Alternativa (D): incorreta. É possível que a medida seja preparatória ou incidental, e a regra é sua
distribuição ao juízo competente para processamento das execuções fiscais. Ocorre que, por força
do artigo art. 5º, parágrafo único, da lei em estudo, se a execução judicial estiver em Tribunal, será
competente o relator do recurso.
Alternativa (E): correta. É o que consta expressamente do artigo 15º, da Lei nº 8.397/92, sendo a
interferência na execução fiscal verdadeira exceção.
a) Em regra, o que for devido a título de ICMS deve ser compensado em cada operação
relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante já
cobrado nas operações anteriores.
b) Ainda que a operação seja objeto de isenção ou não incidência, é possível que
gere crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações
seguintes.
e) Para o STF, não é devida a restituição da diferença do ICMS pago a maior, no regime
da substituição tributária para frente, caso a base cálculo efetiva da operação seja
inferior à presumida.
COMENTÁRIO
Na questão, abordamos o ICMS e as hipóteses em que poderá haver a sua restituição da quantia
recolhida. Destaca-se, inclusive, recente julgamento do STF sobre o assunto em estudo.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 81
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
assertiva. Sua previsão se encontra no artigo 155, , inciso I, da Constituição Federal de 1988.
Alternativa (B): correta. Via de regra, sendo a operação isenta ou gozando de não incidência, ela
não gerará créditos para abater o montante devido nas operações seguintes. No entanto, a própria
Constituição Federal de 1988, ao se referir a “salvo determinação em contrário da legislação”, em
seu artigo 155, § , inciso II, da Constituição Federal de 1988, abriu a possibilidade para a geração
do mencionado crédito.
Alternativa (C): correta. Trata-se da previsão contida no artigo 155, , inciso II, alínea “b” da
Constituição Federal de 1988.
Alternativa (D): correta. É o que dispõe o artigo seu artigo 150, , da Constituição Federal de 1988,
que regula a substituição tributária progressiva.
Alternativa (E): incorreta. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal, pelo seu Plenário, decidiu
que “é devida a restituição da diferença do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) pago a mais, no regime de substituição tributária para a frente, se a base de cálculo efetiva
da operação for inferior à presumida”. Pela importância do tema e sua atualidade, válida a leitura
do Informativo nº844/STF:
O Tribunal observou haver distinção substancial entre a ADI 1.851/AL (DJU de 15.5.2003)
e as presentes ações diretas, razão pela qual a afastou como paradigma destes
julgamentos. Naquele caso, o contribuinte poderia optar pelo regime de substituição
tributária com o benefício fiscal da redução da base de cálculo, porém sem a possibilidade
de restituição, se o fato gerador ocorrer em valor menor comparado ao presumido.
Ademais, ainda que tratassem da mesma questão, o Supremo Tribunal Federal poderia
rediscutir o § 7º do art. 150 da Constituição, pois o efeito vinculante conferido àquela
decisão estaria limitado aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo,
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 82
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Vencidos, em ambas as ações, os ministros Nelson Jobim, Eros Grau, Gilmar Mendes,
Sepúlveda Pertence e Ellen Gracie, que julgavam procedentes os pedidos.
ADI 2675/PE, rel. min. Ricardo Lewandowski, 19.10.2016. (ADI-2675) ADI 2777/SP, rel.
orig. min. Cezar Peluso, red. p/ o ac. min. Ricardo Lewandowski, 19.10.2016. (ADI-2777)
I. Declare os débitos omitidos e realize o seu parcelamento, desde que ainda não
tenha sido iniciado procedimento de fiscalização.
II. Declare os débitos omitidos e realize o pagamento do tributo devido e dos juros
de mora, desde que ainda não tenha sido iniciado procedimento de fiscalização.
III. Declare os débitos omitidos e realize o pagamento do tributo devido e dos juros
de mora, ainda que já tenha sido iniciado procedimento de fiscalização.
a) I, II e IV.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 83
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
b) II.
c) I e IV.
d) III e IV.
e) II e IV.
COMENTÁRIO
Item (I): incorreta. De fato, para que não haja a responsabilização tributária por infrações e seja
aceita a denúncia espontânea, deve o sujeito passivo agir antes de iniciado quaisquer procedimentos
ou atos relacionados à fiscalização. Ocorre que, por disposição expressa do dispositivo legal acima
mencionado, para a configuração da denúncia espontânea, deve haver o “pagamento do tributo
devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa,
quando o montante do tributo dependa de apuração”. Neste contexto, o Superior Tribunal de Justiça,
em sede de Recurso Repetitivo, já decidiu que o parcelamento não é equiparado a pagamento
para fins de denúncia espontânea:
“1. O instituto da denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não se aplica nos casos de
parcelamento de débito tributário. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 22/04/2009, DJe 18/05/2009)”.
Item (II): correta. É exatamente o que se infere da previsão do artigo 138, do Código Tributário
Nacional.
Item (III): incorreta. Conforme mencionado no item I, dois são os requisitos para a denúncia
espontânea: a) pagamento do débito e juros; e b) realizá-lo antes de iniciado qualquer ato de
investigação. É neste segundo ponto que a alternativa se encontra incorreta.
Item (IV): incorreta. Nesta assertiva, a dúvida estaria no fato de se questionar se o depósito judicial
integral teria o mesmo efeito de pagamento, para fins de denúncia espontânea. Ao se deparar com
o tema, o Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que “o depósito judicial integral do
débito tributário e dos respectivos juros de mora, mesmo antes de qualquer procedimento do Fisco
tendente à sua exigência, não configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN)”. Para melhor
compreender o importante e recente julgado, vejamos a esclarecedora ementa:
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 84
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
à sua exigência, não configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN). A doutrina
entende que o instituto previsto no art. 138 do CTN (denúncia espontânea) demanda
três elementos para a sua configuração, quais sejam: (a) a denúncia da infração; (b) o
pagamento do tributo, se for o caso, e respectivos juros de mora; (c) espontaneidade,
definida pelo parágrafo único do referido dispositivo como a providência tomada antes do
início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionados
com a infração. Além disso, convém apontar que o instituto da denúncia espontânea
é costumeiramente tratado pela doutrina com enfoque axiológico no comportamento
considerado moral e adequado do infrator adiantar-se de forma espontânea à
Administração Tributária, denunciar-se e, se for o caso, pagar o tributo devido. Ou seja,
a conduta ética é traduzida em arrependimento e sinceridade do contribuinte e traz a
ele o benefício da exclusão da responsabilidade pela infração, em verdadeiro perdão
concedido pela Lei. Contudo, além do campo valorativo, ético e filosófico sobre o qual está
alicerçada a denúncia espontânea, deve-se analisar o aspecto econômico que também
permeia o instituto em questão, ainda que de forma implícita. Segundo entendimento
doutrinário, a denúncia espontânea opera-se sob a ótica da relação custo-benefício para
a Administração Tributária, tendo em vista que a antecipação do pagamento do tributo
pelo contribuinte, sem o prévio exame da autoridade, somando-se à obrigação tributária
acessória de entregar documento no qual é feita a declaração e a confissão de débito,
tendo por consequência a constituição do crédito tributário, substitui, nessa medida,
o lançamento que deveria ser realizado pela autoridade administrativa. O referido
procedimento identifica-se como política tributária que diminui o custo administrativo
(custo da Administração Tributária) e impõe um novo custo de conformidade ao
contribuinte, aumentando seu custo total. Ademais, após a análise do julgamento do
REsp 962.379-RS (DJe 28/10/2010), julgado conforme o rito do art. 543-C do CPC, e do
exame da Súmula n. 360 do STJ (“O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos
tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a
destempo”), a doutrina aponta que o STJ somente admite a denúncia espontânea quando
o Fisco é preservado dos custos administrativos de lançamento. Dito de outra forma,
não há denúncia espontânea quando o tributo sujeito a lançamento por homologação
é declarado pelo contribuinte e pago com atraso, uma vez que nessa hipótese já se
parte do pressuposto de que não haverá custo administrativo porque o tributo já se
encontra em condições de cobrança, haja vista ter sido constituído pelo contribuinte via
declaração. Nessa linha intelectiva, quando se tratar de tributo sujeito a lançamento por
homologação já declarado pelo contribuinte e pago com atraso, não há vantagem para
o Fisco em eliminar a multa, porque o custo administrativo já não existe de antemão,
uma vez que se verifica a ausência da relação de troca entre custo de conformidade e
custo administrativo, diferentemente do que ocorre na falta de declaração e confissão do
tributo. Na última hipótese, seria possível a denúncia espontânea, uma vez configurados
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 85
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 86
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
DIREITO ADMINISTRATIVO
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Na doutrina clássica e na praxe jurídica brasileira prevalece a ideia
da vinculação positiva da Administração à lei, ou seja, a ideia de que a atuação do administrador
depende de prévia previsão legal para ser legítima. Na célebre lição de Hely Lopes Meirelles:
“Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na Administração
Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza” (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 1997. p. 82).
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 87
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
“Em primeiro lugar, não é possível conceber a atividade administrativa como mera
executora mecânica da lei, sem qualquer papel criativo por parte do aplicador do
Direito, sob pena de se tornar desnecessária a atividade regulamentar. A aplicação da
lei, tanto pelo juiz como pela Administração Pública, depende de um processo criativo-
interpretativo, sendo inviável a existência de lei exaustiva o bastante que dispense o
papel criativo do operador do Direito. De fato, o que pode variar é o grau de liberdade
conferida pela norma jurídica”. (OLIVEIRA, Rafael Carvalho Resende. Curso de Direito
Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 62).
Isso se verifica, ainda, no atual contexto de a crise da concepção liberal do princípio da legalidade,
caracterizada pela noção de que “a atuação administrativa deve ser pautada não apenas pelo
cumprimento da lei, mas também pelo respeito aos princípios constitucionais, com o objetivo de
efetivar os direitos fundamentais” (OLIVEIRA, op. cit., p. 62).
Assim, exige-se uma adequação da atuação administrativa à lei e ao direito (art. 2º, parágrafo
único, I, da Lei 9.784/1999), ao chamado “bloco de legalidade” (que abrange as diversas normas
do ordenamento jurídico), configurando a ideia de princípio da juridicidade, mais amplo, portanto,
que o da legalidade.
Está, portanto, incorreta a afirmativa, ao apontar que, para a doutrina mais recente do Direito
Administrativo brasileiro, a atividade administrativa se daria nos estritos limites da aplicação da lei,
sem qualquer papel criativo por parte do aplicador.
Alternativa (B): incorreta. O erro da alternativa está em afirmar que pode ser exigida motivação
para o acesso a informação. Na verdade, a Lei de Acesso à informação veda quaisquer exigências
de motivação. Vejamos o disposto no art. 10, §3º da Lei 12.527/11:
Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a informações aos
órgãos e entidades referidos no art. 1º desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o
pedido conter a identificação do requerente e a especificação da informação requerida.
Lembrando que a regra do acesso à informação é excepcionada em duas hipóteses (OLIVEIRA, op.
cit., p. 64): a) informações classificadas como sigilosas, consideradas imprescindíveis à segurança
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 88
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (C): correta. De fato, é o princípio da continuidade do serviço público (chamado por
alguns autores, como Alexandre Aragão, de continuidade das atividades administrativas), que
justifica essa prerrogativa da Administração nos contratos administrativos. Nesse sentido é a lição
de Alexandre Aragão:
Alternativa (D): incorreta. Na verdade, tanto a necessidade de respeito à isonomia para com os
administrados quanto a vedação à promoção pessoal de agentes públicos são emanações do
princípio da impessoalidade. Conforme clarifica Rafael Oliveira: “O princípio da impessoalidade,
consagrado expressamente no art. 37 da CRFB, possui duas acepções possíveis:
b) proibição de promoção pessoal: as realizações públicas não são feitos pessoais dos
seus respectivos agentes, mas, sim, da respectiva entidade administrativa, razão pela
qual a publicidade dos atos do Poder Público deve ter caráter educativo, informativo
ou de orientação social, “dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos” (art. 37, § 1.º, da
CRFB)” (OLIVEIRA, op. cit., p 63).
Alternativa (E): incorreta. Na verdade, a segurança jurídica pode sim fundamentar a manutenção de
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 89
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
atos administrativos inválidos, tendo em vista a importância da estabilidade das relações jurídicas.
Nesse sentido é a lição de Hely Lopes Meirelles, ao afirmar que “a prescrição administrativa e a
judicial impedem a anulação do ato no âmbito da Administração ou pelo Poder Judiciário. E justifica-
se essa conduta porque o interesse da estabilidade das relações jurídicas entre o administrado e a
Administração é também interesse público, tão relevante quanto os demais. Diante disto, impõe-se
a estabilização dos atos que superem os prazos admitidos para sua impugnação, qualquer que
seja o vício que se lhes atribua. Quando se diz que atos nulos podem ser invalidados a qualquer
tempo, pressupõe-se, obviamente, que tal anulação se opere enquanto não prescritas as vias
impugnativas internas e externas, pois, se os atos se tornaram inatacáveis pela Administração e
pelo Judiciário, não há como pronunciar-se sua nulidade” (Direito Administrativo Brasileiro. Ed.
Revista dos Tribunais, 16 ed., S. Paulo, 1991, pág. 184).
Também ao tratar do princípio da segurança jurídica como limite à invalidação, pela Administração
Pública, dos seus atos administrativos eivados de ilegalidade, Almiro do Couto ressalta o caráter
de valor constitucional da segurança jurídica, que se qualifica como subprincípio do princípio maior
do Estado de Direito, ao lado e no mesmo nível hierárquico do outro subprincípio do Estado de
Direito, que é o da legalidade. (COUTO E SILVA, Almiro do. O Princípio da Segurança Jurídica
(Proteção à Confiança) no Direito Público Brasileiro e o Direito da Administração Pública de Anular
seus Próprios Atos Administrativos: o prazo decadencial do art. 54 da lei do processo administrativo
da União (Lei n° 9.784/99). Revista Eletrônica de Direito do Estado, Salvador, Instituto de Direito
Público da Bahia, nº. 2, abril/maior/junho, 2005, p. 11).
E conclui o autor afirmando que “o princípio da segurança jurídica, entendido como proteção à
confiança, está hoje reconhecido na legislação e na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
como princípio de valor constitucional, imanente ao princípio do Estado de Direito, e que serve
de limite à invalidação, pela Administração Pública, dos seus atos administrativos eivados de
ilegalidade ou de inconstitucionalidade. Como princípio de natureza constitucional aplica-se à
União Federal, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e as entidades que integram as
respectivas Administrações Indiretas” (COUTO, op. cit., p. 47).
De fato, o STF tem considerado o valor constitucional do princípio da segurança jurídica para
ponderá-lo com o princípio da legalidade, como se verifica do acórdão abaixo:
“[...] não ocorrendo a má-fé dos destinatários do ato administrativo, ficaria a administração
pública inibida de anulá-lo, assegurando, assim, a estabilidade das relações jurídicas,
com base no princípio da segurança jurídica. Para essas situações, o art. 54, da Lei nº
9.784/99 deu a medida do que seria prazo razoável para influir no juízo de precedência
do princípio da segurança jurídica sobre o da legalidade, no cotejo ou no “balancing test”
entre esses dois princípios, em face da prolongada inação da Administração Pública
(no que diz com o exercício de seu poder de autotutela. Nesse mesmo sentido, aliás,
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 90
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
alinharam-se, além do precedente citado pelo autor MS nº 22357 (Pleno, Rel. Min.
Gilmar Mendes, DJ de 05/11/04), também o MS nº 24268 (Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie,
rel. p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, dj de 17/09/2004, e a Pet nº 2900 (rel. Min. Gilmar
Mendes, DJ de 01/08/2003)” (MS 25963 MC/DF, rel. Min. Cezar Peluso, julg. 04;05.07,
pub. 11.05.07, p. 128).”
Assim, o princípio da segurança jurídica pode sim justificar a estabilização de atos administrativos
inválidos, pelo que está incorreta a alternativa “E”.
a) I e IV.
b) II e III.
c) III, apenas.
d) II e IV.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 91
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
COMENTÁRIO
Item (I): Incorreto. O entendimento do STF é no sentido de que violam os princípios da razoabilidade
e proporcionalidade editais de concurso público que tragam restrição a pessoas com tatuagem, a
menos em casos de conteúdo que viole valores constitucionais.
Além disso, a previsão legal da restrição a candidatos com tatuagem não seria capaz de conferir
juridicidade a tal requisito editalício. Na verdade, a própria lei que trouxesse essa previsão padeceria
de inconstitucionalidade ao trazer restrições descabidas para o pleno exercício da função pública,
em grave ofensa aos direitos fundamentais, à proporcionalidade e à isonomia. Nesse sentido
decidiu a Corte no RE 898450, com repercussão geral. Confira-se:
Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem,
salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais.
(...). Desse modo, revelar-se-ia inconstitucional toda e qualquer restrição ou requisito
estabelecido em editais, regulamentos, portarias, se não houver lei que disponha sobre a
matéria. No caso concreto, não existiria lei no sentido formal e material no ordenamento
jurídico local que pudesse ser invocada para a existência da restrição editalícia que
motivara a exclusão do recorrente do certame. Sob outro enfoque, a mera previsão
legal do requisito não levaria ao reconhecimento automático de sua juridicidade.
O legislador não poderia escudar-se em pretensa discricionariedade para criar
barreiras arbitrárias para o acesso às funções públicas. Assim, seriam inadmissíveis
e inconstitucionais restrições ofensivas aos direitos fundamentais, à proporcionalidade
ou que se revelassem descabidas para o pleno exercício da função pública objeto do
certame. Toda lei deveria respeitar os ditames constitucionais, mormente quando referir-
se à tutela ou restrição a direitos fundamentais, pois os obstáculos para o acesso a cargos
públicos deveriam estar estritamente relacionados com a natureza e as atribuições das
funções a serem desempenhadas. (...) Assim, o fato de uma pessoa possuir tatuagens,
visíveis ou não, não poderia ser tratado pelo Estado como parâmetro discriminatório
quando do deferimento de participação em concursos de provas e títulos para ingresso
em carreira pública. Entretanto, tatuagens que representassem obscenidades, ideologias
terroristas, discriminatórias, que pregassem a violência e a criminalidade, discriminação
de raça, credo, sexo ou origem, temas inegavelmente contrários às instituições
democráticas, poderiam obstaculizar o acesso a função pública. Eventual restrição nesse
sentido não se afiguraria desarrazoada ou desproporcional. Essa hipótese, porém, não
seria a do recorrente que teria uma tatuagem tribal, medindo 14 por 13 cm. (RE 898.450,
rel. min. Luiz Fux, j. 17-8-2016, P, Informativo 835, com repercussão geral).
Item (II): Correto. Esse é, de fato, o entendimento que atualmente prevalece no STF, na medida
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 92
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
em que os entes públicos também se devem beneficiar da garantia ao devido processo legal,
contraditório e da ampla defesa. Nesse sentido, confira-se:
De fato, pode-se dizer que o direito das unidades federativas ao devido processo legal resta violado
quando há a sua inscrição em cadastros de inadimplentes antes de iniciada e julgada tomada de
contas especial pelo Tribunal de Contas da União. Só a partir da tomada de contas especial e
da sua respectiva conclusão é possível a inscrição do ente nos cadastros de restrição ao crédito
organizados e mantidos pela União. O objetivo é permitir que se possa verificar se realmente houve
irregularidades, para evitar o risco de comprometimento da continuidade de políticas públicas ou
da prestação de serviços públicos essenciais à coletividade. Vejamos:
Item (III): Correto. Esse foi o entendimento adotado pelo STF, em repercussão geral. Confira-se:
Servidor Público. Conversão de férias não gozadas – bem como outros direitos de
natureza remuneratória – em indenização pecuniária, por aqueles que não mais podem
delas usufruir. Possibilidade. Vedação do enriquecimento sem causa da Administração.
(ARE 721.001 RG, rel. min. Gilmar Mendes, j. 28-2-2013, P, DJE de 1º-6-2015,
repercussão geral.)
Item (IV): Incorreto. O erro da afirmativa está em incluir no campo de aplicação da vedação ao
nepotismo os cargos de provimento efetivo. Na verdade, as normas inibitórias do nepotismo
incidem sobre o provimento dos cargos em comissão e as nomeações para o exercício de funções
gratificadas, cargos de direção e de assessoramento. Esse é o entendimento do STF, conforme se
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 93
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Assim, conforme apontou o min. Sepúlveda pertence no voto condutor da mencionada ADI, “Evidente
que se devem retirar da incidência da norma os servidores admitidos mediante concurso público,
ocupantes de cargo de provimento efetivo. A norma anti-nepotismo deve Incidir sobre cargos de
provimento em comissão, as funções Gratificadas e os cargos de direção e assessoramento”.
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 94
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. De fato, estão sujeitos ao poder de polícia não apenas os particulares
administrados, como também pessoas jurídicas de direito público, inclusive os entes federativos.
Nesse sentido é a lição de Alexandre Aragão:
Essa sujeição dos próprios entes federativos e demais pessoas jurídicas de direito público ao
poder de polícia se deve à amplitude do objeto desse poder. Conforme aponta Alexandre Aragão,
“o objeto do poder de polícia é todo bem, direito ou atividade que puder afetar a coletividade”.
Assim, tendo em vista que as pessoas jurídicas de direito público também têm bens, direitos e
exercem atividades que podem afetar a coletividade, estão também sujeitas ao poder de polícia.
Quanto à segunda parte da afirmativa, no sentido de que o poder de polícia pode consistir em
obrigações de não fazer, de suportar ou de fazer, também está correta. Confira-se:
Alternativa (B): incorreta. Na verdade, o exercício regular do poder de polícia não causa danos
específicos que possam resultar no direito ao recebimento de indenização. Isso porque, além de
atingir a todos (OLIVEIRA, op. cit., p. 482), o poder de polícia apenas conforma o exercício de um
direito aos seus limites, que já estão expressa ou implicitamente definidos na lei. Nesse sentido é
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 95
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (C): incorreta. A alternativa inverteu o caráter preventivo ou repressivo das polícias
administrativa e judiciária. Conforme pontua José dos Santos Carvalho Filho:
b) a polícia administrativa, por um lado, incide sobre atividades, bens e direitos dos indivíduos;
a judiciária sobre os próprios indivíduos (aqueles a quem se atribui o ilícito penal); e
Note-se, porém, que essa distinção não é absoluta, mas trata do caráter predominante da polícia
administrativa e da polícia judiciária.
Alternativa (D): incorreta. Conforme ensina Alexandre Aragão, “a regra é que o ente competente
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 96
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
para legislar sobre determinada matéria exerce o respectivo poder de polícia em seu âmbito.
José dos Santos Carvalho Filho (op. cit., p. 79), tratando também da competência para o exercício
do poder de polícia, chama atenção para a existência de algumas hesitações da doutrina e da
jurisprudência na definição da competência para o exercício do poder de polícia em certos casos.
O autor exemplifica:
Assim, tendo em vista a competência da União para legislar sobre sistemas de consórcios e sorteios
(art. 22, XX, CF), é dela também a competência para autorizar e fiscalizar tais atividades. Incorreta,
portanto, a assertiva, ao afirmar ser dos estados a competência para o exercício do poder de
polícia sobre essas atividades.
Por fim, cabe uma observação em relação à competência para o exercício do poder de polícia. Nem
sempre o exercício do poder de polícia estará restrito ao ente que detém competência legislativa
para aquela matéria. Conforme ressalta Alexandre Aragão, “em algumas atividades, por espraiarem
seus efeitos por todo o território nacional (ex.: saúde pública, trânsito, transportes etc.), o poder de
polícia excepcionalmente tem a sua competência difundida entre os entes da Federação” (Aragão,
p. 394).
Alternativa (E): incorreta. As atividades comunicadas não exigem prévia autorização do Poder
Público. Na verdade, elas exigem apenas a comunicação ao Poder Público – daí o nome que
se dá a essas atividades. Conforme aponta Rafael Oliveira, “as restrições estatais impostas aos
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 97
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Em primeiro lugar, a restrição estatal é tão intensa que retira a atividade econômica
da livre-iniciativa, classificando-a como serviço público de titularidade do Estado. A
prestação de serviços públicos por particulares depende necessariamente da delegação
formal por parte do Poder Público (ex.: concessão e permissão de serviços públicos).
Assim, as atividades comunicadas se inserem na terceira forma de restrição estatal. Rafael Oliveira
(op. cit., p. 79) define essas atividades como “as atividades privadas que devem ser comunicadas
ao Estado, por determinação legal, facilitando a fiscalização de polícia”. Exemplos de atividades
comunicadas no nosso ordenamento jurídico são:
• “o art. 5.º, XVI, da CRFB permite a reunião pacífica em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, exigindo-se apenas prévio aviso à autoridade competente;
• o art. 17, § 1º, da Lei 9.656/1998 exige que as operadoras privadas dos planos de assistência
à saúde comuniquem aos consumidores e à ANS a substituição de entidade hospitalar
contratada, referenciada ou credenciada” (OLIVEIRA, op. cit., p. 262).
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 98
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
e) Entre uma autarquia estadual e o respectivo estado federado não existe relação de
hierarquia, sendo certo que a insatisfação do administrado com determinada decisão
administrativa dessa autarquia somente poderá interpor recurso hierárquico impróprio
caso haja previsão legal expressa.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. Conforme leciona Rafael Oliveira, “a hierarquia é uma característica
encontrada exclusivamente no exercício da função administrativa, inexistindo, portanto, hierarquia
nas funções típicas jurisdicionais e legislativas”.
No mesmo sentido, José dos Santos Carvalho Filho afirma também que a hierarquia é cabível
apenas no âmbito da função administrativa, ressaltando, porém, que não podemos, contudo,
restringir a hierarquia ao Poder Executivo, porque a função administrativa se difunde entre todos
os órgãos que a exercem, seja qual for o Poder que integrem (CARVALHO FILHO, p. 71). Assim,
apenas quando exercem as suas funções atípicas administrativas é que o Poder Judiciário e o
Poder Legislativo, têm a hierarquia como característica da sua atuação (OLIVEIRA, p. 266).
Rafael Oliveira ensina que o poder normativo da Administração Pública pode ser exercido
basicamente por meio da delegação legislativa ou do próprio poder regulamentar. “Enquanto a
delegação legislativa possibilita a prática de ato normativo primário, com força de lei (ex.: medidas
provisórias e leis delegadas, previstas, respectivamente, nos arts. 62 e 68 da CRFB), o poder
regulamentar encerra uma atividade administrativa, de cunho normativo secundário. (BARROSO,
Luís Roberto. Apontamentos sobre o princípio da legalidade” (Delegações legislativas, poder
regulamentar e repartição constitucional de competências legislativas). Temas de direito
constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 177 apud OLIVEIRA, op. cit. p. 251). Destaque-se
que “o poder normativo das entidades administrativas, exercido com fundamento em norma legal,
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 99
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
não decorre da delegação propriamente dita operada pelo legislador, mas, ao contrário, é inerente
à função administrativa e pode ser exercido dentro dos limites fixados em lei” (OLIVEIRA, op. cit.
p. 251).
Tratando da natureza do poder regulamentar, José dos Santos Carvalho Filho leciona que, em
primeiro lugar, o poder regulamentar representa uma prerrogativa de direito público, “pois que
conferido aos órgãos que têm a incumbência de gestão dos interesses públicos”; “Sob o enfoque
de que os atos podem ser originários e derivados, o poder regulamentar é de natureza derivada
(ou secundária): somente é exercido à luz de lei preexistente”. E segue o autor ponderando que
“só se considera poder regulamentar típico a atuação administrativa de complementação de leis,
ou atos análogos a elas. Daí seu caráter derivado”. (CARVALHO FILHO, p. 57).
No entanto, em que pese haver certa margem de liberdade ao administrador na escolha da sanção
a ser aplicada em caso de infração administrativa, isso não se confunde com liberdade total ou
discricionariedade (OLIVEIRA, op. cit., p. 268). Assim, por exemplo, a autoridade administrativa
federal, na aplicação das penalidades disciplinares (advertência; suspensão; demissão; cassação
de aposentadoria ou disponibilidade; destituição de cargo em comissão; e destituição de função
comissionada), deverá levar em consideração a natureza e a gravidade da infração cometida, os
danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
antecedentes funcionais, mencionando sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar
(arts. 127 e 128, caput e parágrafo único, da Lei 8.112/1990).
José dos Santos Carvalho Filho chega a rechaçar o uso da expressão discricionariedade nesse
caso, sob o argumento de que não há propriamente juízo de conveniência e de oportunidade. A
necessidade de que o administrador forme a sua convicção com base em todos os elementos
do processo administrativo, motivando-a, reduz ao mínimo o subjetivismo no poder punitivo da
Administração, permitindo-se a apreciação do ato sancionatório pelo Judiciário praticamente em
sua integralidade (CARVALHO FILHO, p. 73).
O fato é que, no Direito disciplinar, “de acordo com a gravidade da conduta, ‘a autoridade escolherá,
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 100
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
entre as penas legais, a que consulte ao interesse do serviço e a que mais reprima a falta cometida”,
o que lhe confere certo poder de avaliação dos elementos que provocaram a infração para aplicar
a sanção apropriada ao fato’” (HELY LOPES MEIRELLES, apud CARVALHO FILHO, p. 73). Não
é, portanto, vinculada a escolha da sanção, pelo que está incorreta a alternativa “C”, que deve ser
marcada.
Não obstante, é importante ressaltar que referida delegação não é completa e integral.
Ao contrário, sujeita-se a limites. Ao exercê-la, o legislador reserva para si a competência
para o regramento básico, calcado nos critérios políticos e administrativos, transferindo
tão somente a competência para a regulamentação técnica mediante parâmetros
previamente enunciados na lei. E o que no Direito americano se denomina delegação
com parâmetros (delegation with standards). Daí poder afirmar-se que a delegação só
pode conter a discricionariedade técnica (CARVALHO FILHO, p. 59).
Alternativa (E): correta. Em primeiro lugar, cabe relembrar a diferença entre subordinação e
vinculação:
• Por outro lado, a relação de vinculação se verifica entre entidades da Administração Indireta
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 101
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
e os respectivos entes federados. Entre pessoas jurídicas distintas não existe hierarquia, mas
apenas os controles previstos expressamente na legislação (vinculação). Trata-se de relação
externa, envolvendo pessoas jurídicas dotadas de personalidade jurídica própria e autonomia
(OLIVEIRA, op. cit., p. 267).
Como aponta Rafael Oliveira, dada a ausência de hierarquia entre as pessoas administrativas
e o respectivo ente federado, eventual recurso de decisão daquela pessoa administrativa para
o ente dependerá de previsão legal expressa, por se tratar de verdadeira exceção à autonomia
administrativa conferida pela lei criadora ou autorizadora da criação da entidade. O chamado
recurso hierárquico impróprio, portanto, exige expressa previsão em lei, já que apenas a lei poderia
excepcionar a autonomia que ela própria reconheceu à entidade (OLIVEIRA, op. cit., p. 267).
DIREITO FINANCEIRO
COMENTÁRIO
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 102
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
“Consagrado no § 8º do art. 165, preceitua o principio que a lei orçamentária anual não
pode conter dispositivo estranho à fixação da despesa e a previsão de receita. Tem o
fim de evitar as chamadas caudas orçamentárias ou orçamentos rabilongos, situação
verificada na introdução de matérias estranhas ao respectivo projeto de lei, como, por
exemplo, de emendas relativas a política de pessoal no orçamento ou de criação de
novos tributos ou aumento de suas alíquotas” (Lafayete Josue Petter. Direito Financeiro.
Porto Alegre : Verbo Jurídico, 2010, p. 50/51)
“O orçamento não pode ser genérico, estabelecer gastos sem precisão ou valer-se
de termos ambíguos. Deve ser o mais claro possível, com receitas e despesas bem
discriminadas, demonstrando o recurso desde a sua origem até a sua aplicação final.
Nesse sentido, o princípio da especificação veda que se consignem no orçamento
dotações globais para atender indiferentemente as despesas nele previstas” (Harrison
Leite, Manual de Direito Financeiro, Juspodivm, Salvador 5ª edição, 2016, p. 111)
Alternativa (C): correta. De fato, o princípio da especificação, acima analisado, admite duas
exceções, a saber:
a. Programas Especiais de Trabalho projetos que por sua natureza não possibilitam
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 103
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (E): incorreta. O princípio da não afetação dos impostos veda a vinculação da receita
de impostos a uma finalidade pré-definida. A vedação se justifica em razão do princípio da
separação dos poderes, isso porque o Constituinte quis garantir que o gasto com impostos seria
feito conforme a discricionariedade do Chefe do Poder Executivo, afastando, assim, a possibilidade
do Legislativo fixar em lei as finalidades que o Executivo deveria atender com os recursos dos
impostos. É, pois, com os recursos dos impostos que o Executivo pode implementar seu programa
de governo específico, com base no qual foi eleito. Tal princípio, contudo, é excepcionado pela
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 104
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
d. Saúde
e. Ensino
f. Administração tributária
i. Fundo Cultural
As exceções mais exigidas nas provas são aquelas arroladas no art. 167 da CF, a saber:
Art. 167. São vedados: (...) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
despesa, ressalvadas a REPARTIÇÃO do produto da arrecadação dos impostos a
que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços
públicos de SAÚDE, para manutenção e desenvolvimento do ENSINO e para realização
de atividades da ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA, como determinado, respectivamente,
pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de GARANTIAS às operações de
crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no
§ 4º deste artigo;
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 105
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
COMENTÁRIO
Nos termos do art. 194, caput, da CRFB/88, “a seguridade social compreende um conjunto integrado
de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Os princípios informadores da seguridade
social, por sua vez, estão arrolados, precipuamente, no parágrafo único do mencionado artigo,
sendo tratados como verdadeiros objetivos do sistema pelo constituinte.
Alternativa (A): correta. A seguridade social deverá atender a todos os necessitados (princípio da
universalidade), sendo que a saúde pública e a assistência social não dependem do pagamento de
contribuições diretas dos usuários. Colaciona-se, por oportuno, julgado do STF a respeito do tema:
(RE 636.941, rel. min. Luiz Fux, j. 13-2-2014, P, DJE de 4-4-2014, com repercussão
geral.)
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 106
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (D): incorreta. No julgamento do RE 385.397 AgR/MG, rel. min. Sepúlveda Pertence,
de 29/06/2007, o STF posicionou-se no sentido da “aplicabilidade imediata e independente de
fonte de custeio dos benefícios previstos pela própria Constituição Federal”. Assim, se o benefício
da seguridade social for instituído pela própria Constituição, não terá aplicação o mencionado
princípio.
Alternativa (E): incorreta. Na forma do art. 194, p.ú, VII, da CRFB/88, a organização da seguridade
social possuirá “caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do
Governo nos órgãos colegiados”.
QUESTÃO 27. Sobre a saúde e a assistência social, de acordo com o texto constitucional
e a jurisprudência do STF, assinale a alternativa incorreta:
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 107
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
COMENTÁRIO
A questão aborda julgados recentes e relevantes do STF em matéria de saúde e assistência social.
O candidato deve conhecer, ademais, a própria literalidade do texto constitucional, muito cobrada
nas provas de advocacia pública, mesmo quando Previdenciário não figura como matéria autônoma
no edital.
Alternativa (A): correta. Para o STF, admitir que um paciente atendido pelo SUS tenha acesso a
melhores condições de internação ou a médico de sua confiança mediante pagamento subverte
a própria lógica do sistema, notadamente a equidade e a universalidade que o norteiam. É o que
decidiu o STF no julgamento do RE 581.488, com repercussão geral. Vejamos:
(RE 581.488, rel. min. Dias Toffoli, j. 3-12-2015, P, DJE de 8-4-2016, com repercussão
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 108
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
geral.)
Alternativa (B): incorreta. No recente julgamento da Medida Cautelar na ADI 5.501, o STF, por
decisão majoritária, deferiu liminar para suspender a eficácia da polêmica Lei nº 13.296/2016, que
havia autorizado o uso/comercialização do medicamento fosfoetanolamina sintética por pacientes
diagnosticados com neoplasia maligna mesmo diante da inexistência de estudos conclusivos quanto
aos efeitos colaterais em seres humanos e da ausência de registro sanitário da substância perante
o órgão competente. Transcreve-se, por oportuno, o que consta do Informativo de Jurisprudência
nº 826:
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 109
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (C): correta. É o que prevê expressamente o art. 199, § 1º, da CRFB/88, possibilitando
que as entidades filantrópicas e sem fins lucrativos sejam destinatárias de recursos públicos. Dada
sua relevância, transcreve-se na integralidade o referido artigo:
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 110
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
[STA 175 AgR, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 17-3-2010, P, DJE de 30-4-2010.]
Sendo assim, qualquer destes entes federativos possui legitimidade ad causam para figurar no polo
passivo de demanda que objetiva a garantia do acesso à medicação para pessoas desprovidas
de recursos financeiros (vide, por todos, STF, AgRg no Ag 1.107.605, 2ª Turma, j. em 3-8-2010).
Cumpre trazer a lume, porém, recente decisão do STJ segundo a qual nas ações para fornecimento
de medicamentos, apesar de a obrigação ser solidária entre Municípios, Estados e União, caso
o autor tenha proposto a ação apenas contra o Estado-Membro, não cabe o chamamento ao
processo da União, medida que apenas iria protelar a solução da causa (STJ, REsp 1.203.244/SC,
1ª Seção, rel. min. Herman Benjamin, j. em 9-4-2014, Recurso Repetitivo).
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 111
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
(RE 567.985, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 18-4-2013, P, DJE de 3-10-2013, com
repercussão geral.)
DIREITO AGRÁRIO
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. O art. 186 da CRFB/88 estabelece os critérios para aferição do
cumprimento da função social da propriedade rural, considerado vetor estruturante e fundamental
do direito agrário. Vejamos:
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 112
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Como se vê, não é dado ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor da coisa como melhor lhe
aprouver. Colaciona-se, por oportuno, julgado do STF a respeito do tema:
“O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele,
pesa grave hipoteca social, a significar que, descumprida a função social que lhe
é inerente (CF, art. 5º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial
privada, observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os procedimentos
fixados na própria Constituição da República. O acesso à terra, a solução dos conflitos
sociais, o aproveitamento racional e adequado do imóvel rural, a utilização apropriada dos
recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente constituem elementos
de realização da função social da propriedade”.
Alternativa (B): incorreta. A Constituição da República não reserva tal matéria à lei complementar,
sendo suficiente simples lei ordinária. É o que dispõe o art. 187, adiante transcrito na integralidade,
dada a sua relevância:
Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação
efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como
dos setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta,
especialmente:
V - o seguro agrícola;
VI - o cooperativismo;
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 113
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
pesqueiras e florestais.
Alternativa (C): correta. É o que prevê o art. 188, caput, da CRFB/88, do qual decorre o denominado
princípio da privatização das terras públicas.
Vale lembrar, ainda, que “terras devolutas são as áreas que, integrando o patrimônio das pessoas
federativas, não são utilizadas para quaisquer finalidades públicas específicas” (JOSÉ DOS
SANTOS CARVALHO FILHO in Manual de Direito Administrativo, 26ª ed. São Paulo: 2013, ed.
Atlas. Pág. 1.205).
Alternativa (D): incorreta. Nos termos do art. 22, I, da CRFB/88, compete privativamente à União
legislar sobre direito agrário.
Alternativa (E): incorreta. Nos termos do art. 190 da CRFB/88, “a lei regulará e limitará a aquisição
ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os
casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional”. Atualmente, tal regulamentação/
limitação se dá pela Lei nº 5.709/71, sendo que a aquisição de imóvel rural que viole as prescrições
desta é nula de pleito direito (art. 15).
LEGISLAÇÃO DE ENSINO
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 114
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
d) São inconstitucionais o art. 28, § 1º, e o art. 30, da Lei nº 13.146/2015, que determinam
que as escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo
às pessoas com deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer
natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa
obrigação, uma vez que a Constituição impõe ao Estado, e não aos particulares, o dever
de oferecer atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. Conforme jurisprudência reiterada do STF, o óbice imposto pelo princípio
da separação dos poderes não inviabiliza, por si só, a atuação do Poder Judiciário diante de
inadimplemento do Estado em políticas públicas constitucionalmente previstas. Assim, ainda que
tal atuação seja excepcional, é incabível falar em interferência indevida do Judiciário em matéria
orçamentário-financeira quando a obrigação decorre de mandamento constitucional, como é o
caso do direito à educação. Igualmente, mostra-se inviável a oposição da cláusula da reserva do
possível nessas hipóteses, tendo em conta o núcleo de intangibilidade dos direitos fundamentais
tutelados. Neste sentido:
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 115
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
IV, da CF”.
Alternativa (C): correta. É o que decidiu o STF no julgamento do RE 464.217 AgR (rel. min. Cezar
Peluso, j. 7-8-2012, 2ª T, DJE de 20-8-2012.), reafirmando a constitucionalidade do art. 1º, da Lei nº
9.539/96, segundo o qual “a transferência ex officio a que se refere o parágrafo único do art. 49 da
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, será efetivada, entre instituições vinculadas a qualquer
sistema de ensino, em qualquer época do ano e independente da existência de vaga, quando
se tratar de servidor público federal civil ou militar estudante, ou seu dependente estudante, se
requerida em razão de comprovada remoção ou transferência de ofício, que acarrete mudança de
domicílio para o município onde se situe a instituição recebedora, ou para localidade mais próxima
desta” (Vide ADI 3324-7).
Alternativa (D): incorreta. No recente julgamento da ADI 5357, proposta pela Confederação Nacional
dos Estabelecimentos de Ensino (CONFENEN), o plenário do STF declarou a constitucionalidade
dos aludidos dispositivos contidos no Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015). Pela
importância do tema e sua atualidade, recomenda-se a leitura do Informativo de Jurisprudência nº
829 do STF:
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 116
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (E): correta. A autonomia prevista no art. 207 da CRFB/88 assegura às Universidades
a garantia de que não haverá indevida ingerência no âmago de suas funções. É o que decidiu
recentemente o STF no julgamento da ADI 3792/RN, constante do seu Informativo de Jurisprudência
nº 840, cuja leitura se recomenda:
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 117
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
DIREITO INTERNACIONAL
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 118
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
d) As normas de soft law possuem grau de imperatividade próprio das normas jurídicas,
de modo que o seu descumprimento sempre enseja aplicação de sanções.
e) Normas de jus cogens não podem ser revogadas por normas positivas de direito
internacional.
COMENTÁRIO
A questão aborda as fontes do Direito Internacional Público, tema muito presente nas provas da
matéria. Como há muitas questões controversas na doutrina, buscou-se focar nos pontos pacíficos,
que tendem a ser privilegiados pelo examinador.
Alternativa (A): incorreta. Conforme magistério de Paulo Henrique Gonçalves Portela, “as fontes
materiais do Direito Internacional Público são os elementos que provocam o aparecimento das
normas jurídicas, influenciando sua criação e conteúdo” (in Direito Internacional Público e
Privado, 8ª ed., Salvador: ed. JusPodivm, 2016. Pág. 57.).
Alternativa (B): incorreta. Conforme magistério de Paulo Henrique Gonçalves Portela, “as fontes
formais do Direito Internacional Público são o modo de revelação e exteriorização da norma jurídica
e dos valores que esta pretende tutelar, representadas pelas normas do Direito Positivo” (in Direito
Internacional Público e Privado, 8ª ed., Salvador: ed. JusPodivm, 2016. Pág. 58.).
Artigo 38
a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o
direito;
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 119
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
Alternativa (D): incorreta. Paulo Henrique Gonçalves Portela, citando Salem Hikmat Nasser,
define soft law como um conjunto de “regras cujo valor normativo seria limitado, seja porque os
instrumentos que as contêm não seriam juridicamente obrigatórios, seja porque as disposições em
causa, ainda que figurando em um instrumento constringente, não criariam obrigações de direito
positivo ou não criariam senão obrigações pouco constringentes” (in Direito Internacional Público
e Privado, 8ª ed., Salvador: ed. JusPodivm, 2016. Pág. 73.).
Alternativa (E): incorreta. As normas de jus cogens, também conhecidas como normas imperativas
de direito internacional, podem ser derrogadas por outras normas da mesma natureza, conforme
preceitua o art. 53 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, in verbis:
Artigo 53
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma
imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma
norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida
pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma
derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito
Internacional geral da mesma natureza.
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 120
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
QUESTÕES DISSERTATIVAS
DIREITO AMBIENTAL
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
30/01/2017: profcei.rodolfocursino@gmail.com
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 121
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
DIREITO FINANCEIRO
a) Para que uma unidade federativa possa receber transferências voluntárias todos os
seus órgãos e pessoas devem estar em dia com suas obrigações? Fundamente e dê
exemplos.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
30/01/2017: profcei.jorgeottoni@gmail.com
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 122
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
PEÇA PROFISSIONAL
DIREITO CIVIL
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
30/01/2017: profcei.nataliamaia@gmail.com
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 123
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì
CEI-ADVOCACIA
PÚBLICA 3ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 20/01/2017
`Ìi`ÊÜÌ
ÊÌ
iÊ`iÊÛiÀÃÊvÊ
vÝÊ*ÀÊ*Ê
`ÌÀÊ
/ÊÀiÛiÊÌ
ÃÊÌVi]ÊÛÃÌ\Ê
pág. 124
ÜÜÜ°Vi°VÉÕV°
Ì