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NBESTA00713SA – Eletrônica Analógica

EN 2602 – Fundamentos Aplicada


de Eletrônica

AULA 03

Resposta em Frequência de Amplificadores

Prof. Rodrigo Reina Muñoz


rodrigo.munoz@ufabc.edu.br

QS de 2020

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Conteúdo

 Definição

 Efeitos das capacitâncias de acoplamento

 Efeito das capacitâncias do transistor

 Considerações de baixa e alta frequência

Teorema de Miller

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Resposta em frequência de amplificadores

Definição: A resposta em frequência de um amplificador é o cambio


no ganho ou deslocamento de fase em uma determinada faixa de
frequências do sinal de entrada.
- Reatância capacitiva = 1/(2πfC)
A reatância capacitiva reduz-se com o aumento da frequência e
aumenta com a diminuição da frequência.
• Em baixa frequência (DC), os capacitores de acoplamento e desvio
(bypass) são considerados circuito aberto.
• Em altas frequências, a reatância capacitiva torna-se baixa e os
capacitores internos dos transistores passam a ter um efeito
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significativo na operação do amplificador.
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 É necessário observar o intervalo completo de frequências dentro


do qual o amplificador pode operar.
Em baixas frequências (frequências de áudio – abaixo de 10 Hz),
amplificadores com acoplamento capacitivo, como os da figura,
apresentam menor ganho em tensão.

Vin Vin

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BJT FET
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A razão para isso está no fato de que em baixas frequências as


reatâncias são maiores, ocasionando maiores quedas de tensão em
C1 e C3.
 A queda de tensão maior nessas reatâncias diminui o ganho em
tensão.
 Em baixas frequências, o capacitor C2 (capacitor de desvio) pode
ser considerado um circuito aberto, e o Resistor RE ou Rs (na
configuração com FET), não sofre desvio a terra.
 Dessa forma, a reatância paralela formada por C2 e RE criam uma
impedância que reduz o ganho (ver figura abaixo).
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Redução do ganho através de RE e C2.


Por exemplo, para frequências
suficientemente altas, XC ≈ 0 Ω, e o
Vin
ganho do amplificador é:

Rc
Av =
re
Em baixas frequências, XC >> 0 Ω, e o ganho do amplificador é:

Rc
Av =
re + Z E
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Efeito das capacitâncias do transistor


Em altas frequências, os capacitores de acoplamento e desvio
podem ser considerados como curto-circuito de ca e não afetam a
resposta do amplificador.
Já as capacitâncias internas do transistor devem ser consideradas
pois afetam o ganho e introduzem desfaçamento.
As capacitâncias internas são indicadas na figura abaixo:

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BJT FET
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• Em baixas frequências essas capacitâncias podem ser


consideradas como circuito aberto e assim não afetam a resposta do
amplificador.
• Com o aumento da frequência, as reatâncias capacitivas desses
capacitores se reduzem e começam a afetar o ganho do amplificador.
• Quando a reatância de Cbe ou Cgs se torna suficientemente
pequena, perde-se uma quantidade significativa de tensão de sinal
por causa do divisor de tensão entre a resistência da fonte de sinal e
a reatância de Cbe (ver figura abaixo).
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Vin

Tensão reduzida na base do transistor devido ao divisor de


tensão entre Rs e Cbe.

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• Quando a reatância de Cbc ou Cgd é suficientemente pequena,


Uma quantidade significativa do sinal de saída é realimentada para a
entrada, defasada do sinal de entrada (realimentação negativa),
reduzindo portanto, o ganho em tensão (ver figura).

Vout

Redução do ganho devido à


realimentação de parte da
tensão de saída fora de fase
Vin

Vin 180º.

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Teorema de Miller
Basicamente consiste em um efeito (efeito Miller), que faz com
que a capacitância Cbc ou Cgd (FET), apareçam conectadas
entre a base (porta) e terra do transistor.

Vin Vout

Assim, a capacitância vista na entrada do amplificador aparece


multiplicada pelo ganho do amplificador tal como mostrado na
figura. (ver livro de Sedra – Smith para detalhes). 11
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Por exemplo, um amplificador fonte comum com ganho de -100 V/V,


com uma capacitância Cgd de 1 pF, dá lugar a uma capacitância de
entrada de 1pF(1 + 100) = 101 pF.
Certamente uma capacitância muito maior!!
• o efeito de multiplicação experimentado por Cbc ou Cgd é conhecido
como efeito Miller.
A figura a seguir mostra essa capacitância na entrada do
amplificador.
Também, a figura ilustra a capacitância vista na saída do amplificador
devido ao efeito Miller. Contudo, observe que o efeito dessa
capacitância é desprezível. 12
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Vin Vin

BJT FET

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Decibel
Usualmente o ganho de um amplificador é expresso em decibéis
(dB). É uma medida logarítmica de uma potência em relação a outra
ou de uma tensão em relação a outra.
Assim,
Ganho de potência: Ap(dB) = 10 logAp
Com Ap sendo o ganho de potência; Ap = Aout/Ain
O ganho de tensão em decibeles: Av(dB) = 20 logAv
Av > 1, representa ganho
Av < 1, representa atenuação
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Exemplo: Expresse em dB:


Pout/Pin = 250
Ap (dB) = 10 log(250) = 24 dB

Vout/Vin = 0,707

Av (dB) = 20 log(0.707) = -3 dB

OBS: No caso do ganho em tensão, o fator multiplicativo 20 deve-se


ao fato da potência ser proporcional ao quadrado da tensão.
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Usualmente o ganho do amplificador é referido a 0 dB. Isto é


útil para comparar com outros valores de ganho.
• Amplificadores exibem um ganho máximo entre dois valores
de frequências críticas denominadas frequências de corte.
Essa faixa de frequências é conhecido como frequências
médias e o ganho correspondente é o ganho em frequências
médias (ganho de 0 dB).
• Qualquer valor de ganho abaixo do valor do ganho em
frequências médias pode ser referido a 0 dB e terá um valor
negativo em dB. 16
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Exemplo: um amplificador tem ganho de frequências médias


de 100, e tem um ganho em uma frequência abaixo do intervalo
de frequências médias de 50. O ganho pode ser expresso
como:
Av(dB) = 20 log(50/100) = 20 log(0.5) = -6 dB.
Ou seja, esse ganho encontra-se 6 dB abaixo do valor de 0 dB.

OBS: Dividir ou multiplicar o ganho em tensão por um fator de


2 corresponde a uma redução ou a um incremento por 6 dB.
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Curva normalizada de ganho de tensão VS frequência

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Referência de 0 dB

Em amplificadores convém considerar um certo valor de ganho como


sendo a referência de 0 dB. Isto não significa que o ganho de tensão seja
realmente 1 (que corresponde a 0 dB). Significa que o ganho de
referência, não importando qual seja seu valor real, utiliza-se como uma
referência com a qual comparam-se outros valores de ganho e, portanto,
atribui-se um valor de 0 dB (normalização).

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Ganho de tensão Av Valor em dB


32 20 log(32) = 30 dB
16 20 log(16) = 24 dB
8 20 log(8) = 18 dB
4 20 log(4) = 12 dB
2 20 log(2) = 6 dB
1 20 log(1) = 0 dB
0.707 20 log(0.707) = -3 dB
0.5 20 log(0.5) = -6dB
0.25 20 log(0.25) = -12 dB
0.125 20 log(0.125) = -18 dB
0.0625 20 log(0.0625) = -24 dB
0.03125 20 log(0.03125) = -30 dB

20
Valores em dB em relação a 0 dB
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Frequência crítica (frequência de corte)


A frequência de corte é a frequência na qual a potência de
saída é reduzida à metade do valor em frequências médias.
• Isto corresponde a uma redução de 3 dB
Ap (dB) = 10 log(0.5) = -3 dB

• Observa-se também que nas frequências de corte o ganho em


tensão corresponde ao 70.7% do valor em frequências médias.
Av (dB) = 20 log(0.707) = -3 dB
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Exemplo: Um amplificador tem tensão de saída rms em


frequências médias de 10 V. Qual é a tensão de saída rms com
as seguintes reduções de ganho em dB, considerando a tensão
de entrada constante: -3 dB, -6 dB e -12 dB
R/. Multiplique o ganho em frequências médias pelo respectivo
valor da tensão de acordo com a tabela anterior.
- Com -3 dB, 0.707(10 V) = 7.07 V
- Com -6 dB, 0.5(10V) = 5 V
- Com -12 dB, 0.25(10V) = 2.5 V
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Potência em dBm
O dBm é uma unidade para medir níveis de potência referidos
a 1 mW.
À diferencia da medida realizada em dB, o dBm representa
uma forma conveniente de expressar saída de potência real de
um amplificador. Cada incremento de 3 dBm corresponde a
duplicar a potência, e uma redução de 3 dBm corresponde a
reduzir a potência à metade. A tabela a seguir mostra a relação
direta entre potência real e dBm.
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Potência dBm
32 mW 15 dBm
16 mW 12 dBm
8 mW 9 dBm
4 mW 6 dBm
2 mW 3 dBm
1 mW 0 dBm
0.5 mW -3 dBm
0.25 mW -6 dBm
0.125 mW -9 dBm
0.0625 mW -12 dBm
0.03125 mW -15 dBm

Relação entre potência real e dBm 24


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Resposta do amplificador em baixa frequência


Em baixa frequência, a reatância capacitiva de acoplamento
torna-se significativa, reduzindo o ganho em tensão.
Amplificador com TBJ Amplificador emissor comum com
ganho:

RL
Vout
Av =
re
Vin
O amplificador tem três constantes
de tempo que determinam a
resposta em frequência (passa
altas). 25
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Rout
Vout
Rin
Vin
Rin(emissor)

Ilustração das constantes de tempo

- C1 e a resistência de entrada formam uma constante de tempo


- C3 e resistência de saída (resistência olhando para o coletor) formam
uma constante de tempo
- C2 (capacitor de desvio de emissor) e a resistência olhando para o
emissor. 26
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Circuito RC de entrada
A tensão na base é:
Base do
transistor Rin
Vin
VB = ( )Vin
R2in + X 2C1
A tensão cai ao 70.7% do valor
Rin=
da tensão em frequências
médias quando XC1 = Rin.
Portanto,

Rin Rin
VB = ( )Vin = ( )Vin = 1
Vin = 0.707Vin
R 2
in +R 2
in 2R 2
in
2
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Em dB: 20 log(VB/Vin) = 20 log(0.707) = -3 dB


A frequência de corte inferior, fcl, é a frequência na qual o
ganho cai 3 dB abaixo do valor em frequências médias. Pode
ser obtida assim:
1
XC 1 = = Rin
2πfclC1
E, portanto,

1
fcl =
2πRinC1
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Exemplo:
Para o circuito da figura a seguir, determine a frequência de corte inferior
devido à constante de tempo de entrada. Considere re= 9.6 Ω e β = 200.

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R/
A resistência de entrada é:
R1 R 2 (β (re + RE1) = 68 KΩ 22 KΩ 200(9.6Ω + 33Ω) = 5.63KΩ

Portanto,

1 1
fcl = = = 282 Hz
2πRinC 1 2π (5.63KΩ)(0.1µF )

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Velocidade do ganho em baixas frequências


A variação da queda do ganho em tensão abaixo do valor de frequências
intermediarias é conhecida como a pendente de queda ou roll-off.
• Usualmente toma-se o valor de 0.1fc (uma década) para calcular o valor
da tensão nesse ponto. Nesse valor de frequência, XC1 = (10)(Rin), devido
à relação inversa de Xc com a frequência.

Visto que XC1 = Rin na frequência fc, então XC1 = 10Rin a 0.1fc devido á
relação inversa de XC e f.

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Portanto (ver slide 27),

VB Rin Rin Rin


=( 2 )=( 2 )=( 2 )
Vin R in + X C1
2
R in + (10 Rin ) 2
R in + 100 R in
2

VB Rin 1
=( )≅ = 0.1
Vin Rin 101 10
Em dB: 20 log(VB/Vin) = 20 log(0.1)= -20 dB

Assim a velocidade de queda da pendente é de 20 dB por década!

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Obs: o termo oitava vem da


música. Corresponde à oitava
Observação: 20 dB/dec = 6 dB/oitava nota. Ou seja, a mesma nota,
mas no harmónico seguinte (ou
no anterior), pois as notas
são apenas sete e depois se
repetem, com o dobro, ou com a
metade da frequência. É
como o oitavo dia, que é o
mesmo dia da semana, mas na
semana seguinte, ou na
anterior.

Uma oitava corresponde ao dobro ou a metade da frequência (em vez de 10 vezes a


frequência.

De qualquer forma, a pendente da curva em dB/dec (dB/dec) ou dB/oitava (6


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dB/oitava) é a mesma!

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