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Sumário
4 - Crédito total dirigido às famílias e empresas não lucrativas que servem as famílias (% do PIB)
Na primeira parte desta análise o crédito total dirigido ao sector não financeiro é
acompanhado de uma abordagem sobre uma das suas parcelas, o sector publico. Nesta
segunda parte, iremos considerar outras duas restantes parcelas desse sector não
financeiro - as famílias (incluindo entidades não lucrativas) e as empresas não financeiras.
Também e, como anteriormente, tendo em consideração que todas as grandezas são
medidas em termos de percentagem do PIB para cada ano.
Famílias e empresas
Empresas
Sector público sem fins lucrativos
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A própria gestão pública não escapa a essa pulsão, pois cada gang no poder precisa de
manter a ordem e a obediência, domesticando polícias, militares e funcionários civis;
como precisa de mostrar obra para ganhar as próximas eleições e agradar aos
empresários que financiam a corrupção própria de governos e classes políticas, em geral.
A saída para esse dilema comum, é o recurso ao endividamento, algo que se tornou
obsessivo e cuja solução é apresentada pelo capital financeiro que se coloca à parte da
chamada economia “real”; sendo esta, a dos capitalistas tradicionais, produtores de bens
e serviços não financeiros, a dos aparelhos de Estado, encarregados da redistribuição
conveniente para a punção fiscal; e ainda, a das pessoas comuns, das famílias, dos hilotas,
cuja mansidão é essencial para a continuidade do sistema capitalista e dos regimes
políticos de “democracia” de mercado, com diferentes graus de músculo.
4 - Crédito total dirigido a famílias e empresas não lucrativas ao serviço das famílias (% do
PIB)
Há, no primeiro gráfico abaixo inserido, diversos tipos de evolução do crédito concedido
ou, se se preferir, do grau de endividamento das famílias, nos últimos 25 anos, para os
países escolhidos.
É bem clara a existência de dois períodos. O primeiro, que termina cerca de 2009, de
grande expansão do peso do endividamento das famílias no PIB; e o segundo, até ao
momento presente, no qual se observa uma estabilização do peso do endividamento.
Para o conjunto dos países do euro estes créditos crescem até 2009, recuando depois até
aos dias de hoje, abandonando, claramente o elevado pendor ascendente verificado até à
crise de meados da década. Na Grã-Bretanha, bem como nos países ibéricos, o
endividamento das famílias é muito acentuado, com um grande crescimento até ao
desembocar da crise financeira decaindo daí em diante, excepto na Grã-Bretanha que
mantém estável o peso da dívida das famílias nos últimos anos.
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A Alemanha mostra uma clara dissemelhança face aos outros países considerados. O
peso das dívidas familiares alemãs – o mais alto na viragem do século – evolui até atingir
o coeficiente mais baixo, entre os países considerados, exceptuando a Itália; uma
evolução muito regular, com pendor decrescente.
Quanto aos EUA, o endividamento familiar tinha uma dimensão equiparada ao valor do
PIB no período 2007/2009, no auge da crise financeira conhecida como a dos subprimes.
O que se verificou no período posterior é o reflexo, em negativo, da euforia de assunção
de dívida por famílias com recursos limitados mas aliciadas para acréscimos de dívida,
tendo como contrapartida a alta valorização das suas casas. Como o imobiliário perdeu
valor, ao contrário do endividamento, a execução das hipotecas conduziu a milhões de
pessoas sem cobertura sanitária (no tempo da bestial incúria de Trump como gestor
político da pandemia) e sem tecto, a dormir nas ruas e debaixo das pontes. O American
Dream parece estar a rebatizar-se de American Nightmare, perante o sorriso de Xi que
estará convencido da possibilidade de um capitalismo sem ressaca, protegido por uma
nova Grande Muralha; esta, porém, não impediu a entrada dos mongóis e muito menos a
pilhagem e as violências levadas a cabo pelos bárbaros (designação oficialmente dada
aos europeus).
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Quanto à China, o peso no PIB do endividamento das famílias sextuplica em catorze anos
(2006-2020) o que é algo de extraordinário. Se bem que se trate de um país com 1300 M
de pessoas (duas vezes e meia a população da UE) cabe perguntar se uma economia
capitalista pode manter essa ascensão mesmo que no âmbito de um poder político
tentacular e intratável; ou, se o poder exportador do país, mesmo que dependente de
energia e de investimentos um pouco por toda a parte, se poderá manter; que alterações
surgirão da cooptação económica na área do Pacífico Ocidental (entre outras áreas de
penetração), com a Parceria Económica Abrangente Regional. O recuo estratégico dos
EUA na criação da Parceria Trans-Pacífica que visava, precisamente, deixar a China de fora,
deve ser considerado um brinde para a China. Em contrapartida, os EUA reforçaram o
potencial militar na Formosa…
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atividade. Há, porém um hiato de dois anos entre os dois países no que concerne ao
ponto de viragem (Espanha 2010 e Portugal, 2012). O enorme crescimento do
endividamento não conduziu a um reforço da capacidade produtiva, nem do poder de
compra da população mas, incrementou a dívida pública e privada, bem como os níveis
de desemprego.
A Itália e a Grécia correspondem ao mesmo perfil referido atrás para Espanha e Portugal
mas com cumes muito mais baixos e espaçados no tempo, com níveis de endividamento
estruturalmente mais reduzido. Por seu turno, a Alemanha e a Grã-Bretanha ostentam
grande regularidade e pesos do endividamento muito mais baixos para as empresas não
financeiras, do que em França, Espanha ou Portugal.
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No que respeita aos grandes agregados de países e para as duas maiores potências, os
EUA constituem o agregado onde o endividamento das empresas não financeiras é mais
baixo, mesmo que com uma lenta ascensão, atinja os 78% do PIB no passado mês de
março.
Num contexto geral de crescimento do recurso ao crédito por parte das empresas não
financeiras, há a destacar a regularidade observada para o G20 e para a Zona euro. Há um
claro contraste com a China para a qual se observa um forte pendor ascendente até 2015,
passando pelas quebras de 2007/08 e 2009/11; nos últimos anos, contudo, o recurso ao
crédito por parte das empresas não financeiras chinesas parece estar em contenção.
Do quadro acima, extraem-se as seguintes notas quanto aos destinatários do crédito ou,
devedores assumidos:
A Alemanha mostra que essa situação recaiu nas famílias até à primeira década deste
século, sendo substituídas pelo Estado, no princípio do século na sequência das
reformas Hartz. O Estado alemão em 2002 tinha uma dívida correspondente a 61.8% do
PIB que ascendeu a 70.2% em 2005, nunca mais recuando aos níveis observados em
torno da passagem do século;
No caso dos EUA as famílias absorviam a maior parcela do endividamento até que a
crise dos subprimes colocou o Estado como principal devedor a partir de 2011. Em
2007, o Estado norte-americano tinha uma dívida correspondente a 60.7% do PIB, valor
que aumenta regularmente até chegar aos 102.4% em 2012 e a 111.1% em março
último. Em contrapartida, a dívida das famílias que correspondia a 98.5% do PIB em
2007, vem decrescendo, desde então até aos 75.2% em março último;
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mas, obviamente sob o controlo estatal e do partido. Note-se ainda a baixa parcela de
endividamento referente á famílias, muito inferior aos países ditos ocidentais.
Espanha e Portugal, bem como o conjunto da Zona Euro apresentam, grosso modo,
como padrão para todo o período em análise, um predomínio do endividamento
gerado pelas empresas mas… desde o princípio do século até 2013/14, quando a
situação se alterou; a partir daí e como resposta à crise financeira e do imobiliário, é o
Estado que se apresenta como o principal devedor, como o grande estabilizador, na
sequência daquela crise que gerou queda de rendimentos, desemprego, redução do
poder de compra e forte crescimento da dívida pública;
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