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Aclarando factos, mostrando a verdade

ARTIGO 001 Estudante finalista do INAGBE em Cuba forçado a aceitar


condição injusta com medo de perder a bolsa de estudo
Um ano sem subsídio ou esquece a bolsa de estudo

P

róspero Ndakulilua, estudante do quinto ano do curso de Imagenología e Radiofísica Médica,
da Faculdade de Tecnologia de Saúde (FATESA) em Cuba, foi internado no Hospital Salvador
Allende por suspeita de dengue no dia 8 de julho de 2019, algumas horas depois foi remitido para o
Instituto de Medicina Tropical Pedro Kourí (IPK).

Já no IPK depois de uma semana internado, o mesmo começou a sentir algumas dores no peito e
informou ao seu médico, e esse por sua vez, ordenou a realização de alguns exames cujos resultados
deram todos negativos. O corpo médico decidiu mante-lo sob observação, realizando exames
constantes de sangue, esputos, ultrassom, raio-x e outros complementários médicos e todos davam
negativos, nestes dias de estadia Próspero contraiu uma pneumonia intra-hospitalar. Depois de vários
exames com resultados negativos, fez-se um último, cujo o resultado levava a um novo diagnóstico,
desta vez uma possível tuberculose. Com este diagnóstico, Próspero Ndakulilua foi transferido para um
outro hospital especializado em enfermidades pneumológicas, Hospital Benéfico Jurídico, onde
deveriam acompanhar a evolução da enfermidade e administrar tratamento por via oral a base de
antibióticos. Nestas novas instalações Próspero ficou 3 meses, tomando medicação e esperando que a
tosse aparecesse, dado que até aquele momento o único sintoma eram as dores no peito e o único
resultado positivo era a da prova de suspeita de tuberculose, mas que até ao momento não se
confirmava.

A princípios do mês de Setembro, Próspero recebe uma visita do senhor Eugénio Novais, responsável do
Sector de Apoio Estudantil (SAE), acompanhado por três membros da Associação dos Estudantes
Angolanos em Cuba da (AEAC), nomeadamente: Geovani Baptista, Agostinho Tchipeta e o Muxinda. A
visita foi requerida pelos responsáveis das Relações Internacionais de FATESA. Nessa altura o corpo
médico já pensava na possibilidade de realizar os mesmos procedimentos tal como se aplicou a outros
estudantes africanos que também estavam internados no mesmo hospital, que era de executar a
segunda fase do tratamento, mas para isso era necessário o apoio dos seus responsáveis e sem interferir
as aulas.

Um verdadeiro acto de injustiça por parte do SAE

Próspero Ndakulilua esteve aproximadamente um mês esperando pela visita do responsável


do SAE, pois o tempo mínimo de estadia neste tipo de instalações é de 60 dias, mas por razões
burocráticas este completou 90 dias internado, vendo os outros estudantes africanos a
receberem alta médica, mas ele aí sem respostas, apenas recebendo apoio de seus amigos,
colegas e professores. O Presidente da AEAC de FATESA, Agostinho Tchipeta, nessa mesma
visita afirmou que já se havia programado a mesma com o senhor Eugênio há bastante tempo,
mas este não explicou a razão da demora.

Nesse dia, Próspero Ndakulilua acreditava que finalmente as coisas haveriam de mudar e que essa visita
facilitaria o processo da alta médica tal como aconteceu com os seus companheiros estudantes de
outras nacionalidades. Mas não! o que era para ser a solução, foi um golpe que ele jamais esperava.
Entre rodeios de justificações e argumentos ilógicos, o SAE disse que ele somente teria 3 opções:

1) Ir para Angola e realizar a segunda fase de tratamento, após o término, voltar à Cuba.
2) Permanecer em Cuba e realizar a segunda fase de tratamento sem subsídio até terminar a mesma.
3) Permanecer em Cuba recebendo o subsídio até ao momento que os demais FINALISTAS fossem para
Angola, para que depois ficasse um ano sem subsídio já que o contrato é apenas de 5 anos. (Condições do
SAE na voz do senhor Eugênio).

Cidade de Havana, 13 de júlio de 2020


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Aclarando factos, mostrando a verdade

ARTIGO 001

Ao pensar na PRIMEIRA OPÇÃO Próspero Ndakulilua lembrou de nomes de certos colegas seus que estavam nas
mesmas condições e optaram em regressar para Angola, mas depois de recuperados o INAGBE os abandalhou e
acabaram por perder a bolsa de estudo, alguns com algumas condições financeiras, passaram a ser estudantes
autofinanciados. Então descartou a primeira porque bem sabia que apenas faltava-lhe pouco tempo para
conseguir o título de licenciado.

A SEGUNDA OPÇÃO era como assinar uma sentença de morte, pois como é que um estudante que supostamente
está doente, longe dos seus familiares, recebendo um tratamento médico, haveria de viver sem o subsídio de
bolsa? – seria esse o dinheiro do seu subsídio usado para custear a segunda fase do tratamento? Perguntas que
ficaram no ar!

A opção selecionada por Próspero foi a TERCEIRA pensando no estado débil e imunodeprimido em que se
encontrava, não podendo arriscar passar por necessidades que poderiam leva-lo a uma recaída, e tampouco
voltar para Angola, pois muitos concluíram tratamento e não voltaram, simplesmente perderam a bolsa e vendo
seu sonho terminar, por um motivo pelo qual não tiveram controle.

Mas muitas são as perguntas que a comunidade estudantil está a fazer em volta do processo enfrentado pelo
Próspero, já que não se consegue perceber porquê as possíveis soluções diante desses casos estão direcionadas
ao corte do subsídio de bolsa do estudante. – Vale recordar que situações semelhantes se viveu recentemente,
no caso denominado Processo Basta, que graças ao grito dos estudantes se repôs o subsídio de um grupo de
estudantes que estavam doentes. Definitivamente não se percebe de forma nenhuma a negligência do SAE e a
falta de capacidade na resolução dos problemas que assolam os estudantes, e lembrando que a situação chegou
apenas onde chegou por uma questão de má fé.

• Como pode ser possível o silêncio e abandono por parte do SAE, durante um período de quase 90 dias?
Recordar que houve várias tentativas do estudante em contactar o SAE. Se tivesse o SAE agido em
prontidão, o caso não chegaria até onde chegou, uma vez que outros estudantes de outras
nacionalidades estiveram hospitalizados juntos com o Próspero e tiveram um desfecho diferente e feliz.
• O que ganha o SAE com isso? Está mais do que claro que o único interesse é o subsídio do estudante.
• Mas porquê todo esse interesse em cortar o subsídio faltando apenas pouco tempo para a nação
ganhar mais um quadro formado no exterior?
• Como pode viver um estudante sem nenhum apoio financeiro e qual é a impossibilidade do INAGBE em
fazer uma gestão para os casos daqueles estudantes que se encontram doentes? Sendo que no caso
recente das meninas, o conhecido Processo Basta, alegava-se que o INAGBE não tinha conhecimento.

É de grande importância recordar também que medicamente, nunca existiu nenhum problema que
impossibilitasse o estudante em dar continuidade dos seus estudos, o resultado negativo constante de muitas
provas realizadas, obrigaram a unidade hospitalar a mantê-lo internado para um melhor estudo, sendo que existe
casos de TB de difícil diagnóstico, mas sempre com o acompanhamento do SAE ou mesmo da AEAC para melhor
informação e intercâmbio.

Deixa-se por aqui a clarividência que as demoras que teve o SAE em dar resposta a instituição escolar e mesmo
hospitalar, esteve na base do afastamento escolar do estudante, já que se tratava no início de uma situação
intimamente resolúvel num período compreendido entre 60 dias sem ter a necessidade de um afastamento ou
repetição do ano académico. Neste momento, Próspero Ndakulilua espera por uma reunião que deve ter com
SAE já há uns meses que até agora não acontece onde receberá o veredito sobre o caso, ou seja, onde saberá
que oficialmente deixará de receber o estipêndio num período de um ano.

Atentamente...

Eliane Azevedo – Gestora de Informação em saúde e ativista social


Israel Clinton – Rapper e ativista sociopolítico
Tito Adriano – Gestor de Informação em saúde e ativista social

_______________________________________________________________________ AGIR CLARO


Cidade de Havana, 13 de júlio de 2020
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