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ANEXO 2. Exceptuam-se:
2. Na falta de estipulação, o local arrendado pode ser 1. Aos arrendamentos rústicos não sujeitos a regimes
utilizado no âmbito das suas aptidões, de acordo com a especiais e aos arrendamentos e subarrendamentos
respectiva licença de utilização. referidos nas alíneas a) a d) do número 2 do artigo
anterior aplica-se o regime geral da locação civil, bem
3. Faltando a licença de utilização, entende-se que
como o disposto nos artigos 2.° a 4.°, 24.° a 26.°, 47.° a
o arrendamento vale como habitacional se o local for
49.°, 75.º a 80.º, 82.° e 83.° da presente lei, com as devidas
habitável ou como não habitacional se o não for, salvo se
adaptações.
outro destino lhe tiver vindo a ser dado.
Artigo 3.º 2. Aos arrendamentos referidos na alínea e) do número
2 do artigo anterior aplica-se, também, o regime geral da
Arrendamentos mistos locação civil, bem como o do arrendamento urbano, na
1. Quando o arrendamento envolver uma parte rústica medida em que a sua índole for compatível com o regime
e uma parte urbana, é considerado urbano se as partes destes arrendamentos.
expressarem tal vontade. Secção II
3. Se dos critérios referidos nos números anteriores não 1. O contrato de arrendamento urbano deve ser
resultar a natureza do arrendamento, presume-se rural. celebrado por escrito.
Artigo 4.º 2. A inobservância da forma escrita pode ser suprida
Pequenas obras lícitas pela exibição do recibo de renda.
Artigo 8.º
1. É lícito ao arrendatário realizar pequenas obras no
prédio arrendado, quando elas se tornem necessárias Conteúdo do contrato de arrendamento
para assegurar o seu conforto ou comodidade com prévio
conhecimento do senhorio. 1. No contrato de arrendamento urbano devem constar
os seguintes elementos:
2. Salvo estipulação em contrário, as deteriorações
referidas no número anterior devem ser reparadas pelo a) A identificação das partes;
arrendatário antes da restituição do prédio.
b) A identificação e localização do local arrendado,
Artigo 5.º ou da sua parte;
Normas aplicáveis c) Número de identificação fiscal;
1. O arrendamento urbano rege-se pelo disposto na d) O quantitativo da renda;
presente lei e, no que não esteja em oposição com esta,
pelo regime geral da locação civil. e) A data da celebração.
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5. Salvo o disposto no artigo seguinte, a falta de algum Findo o prazo referido no artigo anterior, sem que as
dos elementos referidos nos números 1 e 2 não determina partes nada manifestem relativamente à cessação do
a invalidade ou a ineficácia do contrato, desde que possam contrato de arrendamento, este renova-se pelo período de
ser supridas nos termos gerais. três anos, aplicando-se o disposto nos artigos seguintes
sobre o contrato com duração limitada.
6. O senhorio pode, no momento da celebração do Subsecção II
contrato de arrendamento, solicitar ao arrendatário
Contratos de duração limitada
informações comprovativas do rendimento e do seu
respectivo agregado familiar para efeitos de verificação Artigo 12.º
da capacidade de sustentar o contrato de arrendamento.
Estipulação de prazo efectivo
Artigo 9.º
1. As partes podem estipular um prazo para a duração
Licença de utilização efectiva do arrendamento urbano para habitação desde
que a respectiva cláusula seja inserida no contrato de
1. Só podem ser objecto de arrendamento urbano os arrendamento, assinado pelas partes.
edifícios ou suas fracções cuja aptidão para a finalidade
prevista no contrato seja atestada pela licença de 2. O prazo referido no número anterior não pode, contudo,
utilização, passada pela entidade municipal competente. ser inferior a três anos nem superior a vinte anos.
3. O contrato de duração limitada renova-se
2. Quando as partes aleguem urgência na celebração
automaticamente no fim do prazo e por períodos mínimos
do contrato, a licença referida no número anterior pode
de três anos, se outro não estiver especialmente previsto
ser substituída por documento comprovativo de a mesma
e quando não seja denunciado por qualquer das partes,
ter sido requerida, até à sua efectiva obtenção.
não podendo, contudo, cada uma das renovações exceder
3. A mudança de finalidade no sentido de permitir o período de dez anos.
arrendamentos comerciais deve ser sempre previamente 4. Exceptuam-se do disposto nos números 2 e 3, os
autorizada pela câmara municipal, seja através de nova contratos para habitação não permanente ou para fins
licença, seja por averbamento à anterior. especiais transitórios.
4. O incumprimento do disposto nos números 1 a 3, Artigo 13.º
por causa imputável ao senhorio, determina a sujeição do Oposição à renovação e denúncia
mesmo a uma coima não inferior a cinco meses de renda,
observados os limites legais, salvo quando a falta de licença 1. O senhorio pode opor-se à renovação automática
se fique a dever a atraso que não lhe seja imputável. mediante comunicação escrita ao arrendatário ou
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4. O início das obras deve, no entanto, ser precedido 2. No caso referido na parte final do número anterior
da elaboração de um orçamento do respectivo custo, a podem as partes suspender o contrato de arrendamento
comunicar ao senhorio, por escrito, e que representa o pelo período que for acordado.
valor máximo pelo qual este é responsável.
3. O disposto no número anterior não prejudica o
5. Se estiver algum arrendamento em curso, pode ser direito de preferência na reocupação do imóvel, quando
determinado pela câmara municipal ou pela entidade as obras forem concluídas, mediante a celebração de um
gestora que o montante correspondentes a 70% das novo contrato de arrendamento.
rendas devidas pelo arrendatário ao senhorio seja pago Secção V
directamente nos seus serviços ou depositadas na conta
Renda
bancária por elas indicadas.
Subsecção I
Artigo 20.º
Disposições gerais
Execução pelo arrendatário
Artigo 24.º
2. A realização de obras pelo arrendatário carece, para 1. Na falta de convenção em contrário, se as rendas
além de autorização do senhorio nos termos do número 2 estiverem em correspondência com os meses do
do artigo 18.º, do orçamento constando a discriminação calendário gregoriano, a primeira vence-se no momento
das obras necessárias a executar e o respectivo custo. da celebração do contrato e cada uma das restantes no
primeiro dia útil do mês a que diga respeito.
3. Em caso de contestação do orçamento referido no
número anterior, o arrendatário deve obter previamente, 2. O mês é computado pelo calendário gregoriano,
junto da câmara municipal ou da entidade gestora de quando as rendas estejam em correspondência com os
reabilitação urbana, a sua aprovação, a comunicar ao meses do mesmo calendário, calculando-se, nas restantes
senhorio por escrito. hipóteses, em trinta dias.
Artigo 26.º
4. Havendo pluralidade de arrendatários, o disposto
Antecipação de rendas
nos números anteriores, relativamente às partes comuns,
depende do assentimento de, pelo menos, metade deles, 1. As partes podem estipular, no contrato de arrendamento,
ficando os restantes vinculados. a antecipação de rendas.
Artigo 21.º 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior,
o senhorio pode exigir do arrendatário o montante
Cobrança coerciva
equivalente a um mês de renda a título de caução,
Em caso de falta de pagamento voluntário das despesas sendo-lhe devolvido no termo do contrato, salvo se for
implicadas pela execução administrativa referida no utilizado para efectuar as reparações necessárias por
artigo 19.° é correspondentemente aplicável o disposto na causa imputável ao arrendatário, aquando da restituição
legislação que estabelece o regime de reabilitação urbana. do imóvel.
d) O período de tempo a que ela diz respeito; Levantamento do depósito pelo senhorio
e) O motivo por que se pede o depósito. 1. O senhorio pode levantar o depósito mediante
escrito em que declare que não o impugnou nem pretende
2. Um dos exemplares da declaração referida no impugnar.
número anterior fica em poder do estabelecimento
bancário, ficando o outro na posse do depositante, com o 2. O escrito referido no número anterior é assinado
lançamento de ter sido efectuado o depósito. pelo senhorio ou pelo seu representante.
Artigo 33.º
3. O depósito efectuado na pendência da acção de
despejo fica à ordem do respectivo tribunal ou, caso Levantamento de depósito impugnado
contrário, à ordem do tribunal da situação do prédio.
O depósito impugnado só pode ser levantado depois
Artigo 29.º de julgada definitivamente a impugnação e de harmonia
Notificação do senhorio com a decisão judicial.
Artigo 34.º
1. A notificação, ao senhorio, do depósito da renda é
facultativa. Falsidade da declaração do depósito
2. A junção do duplicado ou duplicados das guias de Quando a declaração referida no artigo 32.° seja falsa,
depósito à contestação da acção de despejo baseada a impugnação fica sem efeito e o declarante incorre em
na falta de pagamento de renda produz os efeitos de multa equivalente ao dobro da quantia depositada.
notificação.
Subsecção III
Artigo 30.º
Actualização de rendas
Depósitos posteriores
Artigo 35.º
1. Enquanto subsistir a causa do depósito, o arrendatário Regra geral
pode depositar as rendas posteriores, sem necessidade
de nova oferta de pagamento nem de notificação dos A actualização de rendas é permitida nos casos
depósitos sucessivos. previstos na lei e pela forma nela regulada.
3. Os documentos dos depósitos sucessivos devem ser a) Havendo convenção expressa das partes, devendo
juntos ao processo a que foi junto o documento do depósito constar do contrato de arrendamento;
inicial e, caso o processo tiver subido em recurso, podem
b) Findo cada um dos períodos previstos para a
ser apresentados na primeira instância, ainda que não
cessação do contrato de arrendamento;
tenha ficado translado.
Artigo 31.º c) Em função de obras de conservação ou beneficiação,
nos termos dos artigos 40.º e 41.º, salvo quando
Impugnação do depósito possam ser exigidas a terceiros.
1. Quando o senhorio não pretenda obter o despejo, a Artigo 37.º
impugnação do depósito deve ocorrer no prazo de dez dias,
Valor de actualização
a contar da notificação, seguindo-se, depois, o disposto na
lei processual civil sobre a impugnação da consignação Na falta de acordo das partes quanto ao valor da
em depósito. actualização de rendas, a sua fixação tem por base o
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cúmulo das taxas de inflação verificadas entre o momento aplica-se somente aos arrendatários que se mantenham
de fixação da renda ou da última actualização e a data no local arrendado por período igual ou superior a seis
nova de actualização, a serem consultadas no sítio da anos nessa qualidade, considerando-se também para este
internet do Instituto Nacional de Estatística (INE). efeito como tendo a qualidade de arrendatário a pessoa
Artigo 38.º
a quem tal posição se transfira por força dos artigos
79.º e 80.º, contando-se o decurso do tempo de que o
Nova renda transmitente já beneficiasse.
1. O senhorio interessado na actualização da renda, Artigo 41.º
nos termos do artigo 36.º, deve comunicar por escrito ao
arrendatário, com a antecedência mínima de trinta dias, Obras realizadas por acordo das partes
o novo montante e os elementos relevantes utilizados no
1. Quando as obras sejam realizadas por acordo das
seu cálculo.
partes, pode ser livremente convencionada a actualização
2. A nova renda considera-se aceite quando o da correspondente renda.
arrendatário não discorde nos termos e no prazo previstos
2. A nova renda acordada em viritude das obras
no artigo seguinte.
realizadas, com indicação dos correspondententes
3. O arrendatário que não concorde com a nova renda custos, deve constar de aditamento escrito ao contrato
pode ainda denunciar o contrato, contando que o faça até de arrendamento.
quinze dias antes de findar o primeiro mês de vigência
Secção VI
da nova renda, mês esse pelo qual apenas deve pagar a
renda antiga. Responsabilidade pelos encargos e despesas
b) Reportar-se a edifícios cujas fracções autónomas prejuízo da responsabilidade do sublocador para com
se encontrem nas condições referidas no o sublocatário, quando o motivo da extinção lhe seja
artigo 1398.º do Código Civil, devidamente imputável.
constituídos em propriedade horizontal;
Artigo 49.º
c) Especificar, dentro dos limites do artigo 1407.º Direitos do senhorio em relação ao subarrendatário
do Código Civil, quais os encargos a cargo do
arrendatário. 1. Sendo total o subarrendamento, o senhorio
pode substituir-se ao arrendatário, mediante
3. A nulidade decorrente da inobservância do disposto notificação judicial, considerando-se resolvido o
no número anterior, não importa a invalidade das primitivo arrendamento e passando o subarrendatário
restantes cláusulas do contrato. a arrendatário directo.
Artigo 45.º 2. Se o senhorio receber alguma renda do subarrendatário
Especificação e lhe passar recibo depois da extinção do arrendamento,
é o subarrendatário havido como arrendatário directo.
1. A especificação das despesas e dos encargos deve ser
Secção VIII
feita directamente ou por remissão para regulamento
anexo ao contrato de arrendamento, nos termos do Direito de preferência
número 4 do artigo 8.°.
Artigo 50.º
2. A especificação compreende, designadamente, a Direito de preferência do arrendatário
natureza dos encargos, a forma de proceder ao cálculo
ou determinação do seu montante, o seu limite máximo 1. O arrendatário de prédio urbano ou de sua fracção
e, quando seja o caso, os elementos de revisão ou de autónoma tem o direito de preferência:
actualização.
a) Na compra e venda ou na dação em cumprimento
3. Para efeitos do disposto no número anterior, as do local arrendado há mais de dois anos;
partes podem fixar uma quantia a pagar mensalmente,
b) Na celebração de novo contrato de arrendamento,
sem prejuízo de eventuais reajustes nos termos definidos
em caso de caducidade do contrato por cessação
no contrato de arrendamento.
do seu direito ou em caso de reocupação
4. O senhorio deve comunicar ao arrendatário, com posterior à execução de obras coercivas.
uma antecedência razoável, todas as informações para a
2. No caso da alínea a) do número anterior, sendo
determinação e comprovação das despesas a cargo deste,
dois ou mais os preferentes, abre-se entre eles licitação,
incluindo deliberações da assembleia de condóminos,
revertendo o excesso para o alienante.
leituras de contadores ou quaisquer outras que se
afigurem necessárias. Artigo 51.º
1. A autorização para subarrendar o prédio deve ser 1. Quando o arrendatário decline a realização de
dada por escrito. obras coercivas previstas no artigo 20.º e estas sejam
executadas pela câmara municipal competente ou pela
2. O subarrendamento não autorizado considera-se, entidade gestora de reabilitação urbana, o direito de
todavia, ratificado pelo senhorio, se ele reconhecer o preferência reverte para estas entidades no caso de
subarrendatário como tal. venda ou dação em cumprimento do imóvel que tenha
Artigo 48.º
sido objecto de obras coercivas.
3. A resolução do contrato fundada na falta de artigo 1055.° do Código Civil, sem prejuízo do disposto
cumprimento por parte do arrendatário tem de ser na presente Lei relativamente aos contratos de
decretada pelo tribunal. arrendamento de duração limitada.
Artigo 61º 2. A denúncia do contrato de arrendamento pelo
Caducidade do direito de pedir a resolução senhorio só é possível pela forma e nos casos previstos
na lei.
1. A resolução deve ser efectivada no prazo de um
Artigo 65.º
ano, a contar do conhecimento do facto que lhe serve de
fundamento, sob pena de caducidade. Casos de denúncia pelo senhorio
c) Montante equivalente a 10% do valor do prédio ou c) Não ter usado ainda desta faculdade.
parte do prédio ocupada pelo arrendatário, caso 2. O senhorio que tiver diversos prédios arrendados
a ocupação tiver a duração igual ou superior a só pode denunciar o contrato relativamente àquele que,
um ano; satisfazendo às necessidades de habitação própria e da
d) Por fim, caso a ocupação tiver a duração inferior família, esteja arrendado há menos tempo.
a um ano, limita-se ao valor das obras Artigo 68.º
efectuadas pelo arrendatário.
Indemnização e reocupação do prédio
Subsecção V
Em caso de denuncia pelo senhorio, desocupado o
Denúncia do contrato de arrendamento
prédio, o mesmo, ou qualquer membro do seu agregado
Artigo 64.º familiar, não o for habitar dentro de sessenta dias, ou
Denúncia
o tiver devoluto durante mais de um ano sem motivo de
força maior ou não permanecer nele durante um ano e
1. O arrendatário pode impedir a renovação automática bem assim se ele não tiver feito, dentro desse mesmo
do contrato, procedendo à denúncia regulada no prazo, a obra justificativa da denúncia, o arrendatário
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3. O arrendatário deve, em qualquer caso, mostrar o Pessoas que podem residir no prédio
local a quem pretender tomá-lo de arrendamento, em
horário acordado com o senhorio. 1. Salvo cláusula em contrário, nos arrendamentos para
habitação podem residir no prédio, além do arrendatário:
4. Na falta do acordo referido no número anterior, o
arrendatário deve mostrar o local das catorze horas às a) Todos os que vivam com ele em economia comum;
dezassete horas.
b) Um máximo de três hóspedes.
Secção XI
2. A acção de despejo é, ainda, o meio processual idóneo 3. Apenas se consideram hóspedes as pessoas a
para efectivar a cessação do arrendamento quando o quem o arrendatário proporcione habitação e preste
arrendatário não aceite ou não execute o despedimento habitualmente serviços relacionados com esta, ou forneça
resultante de qualquer outra causa. alimentos, mediante retribuição.
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Secção II 3. A transmissão a favor de parentes ou afins também
Transmissão do direito do arrendatário se verifica por morte do cônjuge sobrevivo quando, nos
termos deste artigo, a este tenha sido transmitido o
Artigo 78.º direito ao arrendamento.
Comunicabilidade do arrendamento Artigo 81.º
Transmissão por divórcio ou cessação de união de facto O direito à transmissão é renunciável mediante
comunicação feita ao senhorio nos sessenta dias
1. Obtido o divórcio ou a separação judicial de pessoas subsequentes à morte do arrendatário, sem prejuízo do
e bens, podem os cônjuges acordar em que a posição de disposto no artigo seguinte.
arrendatário fique pertencendo a qualquer deles.
Artigo 83.º
2. Na falta de acordo, cabe ao tribunal decidir, tendo Comunicação ao senhorio
em conta a situação patrimonial dos cônjuges, as
circunstâncias de facto relativas à ocupação da casa, o 1. O transmissário não renunciante deve comunicar
interesse dos filhos, a culpa imputada ao arrendatário ao senhorio, por carta registada com aviso de recepção, a
na separação ou divórcio, o facto de ser o arrendamento morte do primitivo arrendatário ou do cônjuge sobrevivo,
anterior ou posterior ao casamento e quaisquer outras enviada nos cento e oitenta dias posteriores à ocorrência.
razões atendíveis.
2. A comunicação referida no número anterior deve ser
3. Estando o processo pendente no tribunal, cabe a acompanhada dos documentos autênticos ou autenticados
este a decisão. que comprovem os direitos do transmissário.
b) Parentes ou afins na linha recta que com ele Considera-se realizado para comércio ou indústria o
vivessem, pelo menos, há um ano; arrendamento de prédios ou partes de prédios urbanos
ou rústicos tomados para fins não habitacionais e
c) Pessoa que com ele viva em união de facto directamente relacionado com uma actividade comercial
reconhecível. ou industrial.
Artigo 86.º
2. A transmissão da posição do arrendatário estabelecida
no número anterior defere-se pela seguinte ordem: Cessão de exploração do estabelecimento comercial
3. A cessão de exploração do estabelecimento comercial 2. É aplicável neste caso, com as necessárias adaptações,
deve constar de documento escrito, sob pena de nulidade, o disposto nos artigos 416.º a 418.º e 1393.º do Código Civil.
obrigando o arrendatário à restituição do imóvel arrendado.
3. Sempre que, por contitularidade da posição
Artigo 87º do senhorio ou pela existência, no estabelecimento
Morte do arrendatário trespassado, de mais de um arrendamento, haja dois ou
mais preferentes, abre-se licitação entre eles, revertendo
1. O arrendamento não caduca por morte do o excesso para o alienante.
arrendatário, mas os sucessores podem renunciar à
transmissão, comunicando a renúncia ao senhorio no Artigo 91.º
prazo de sessenta dias. Duração, denúncia ou oposição à renovação
2. O sucessor não renunciante deve comunicar, por
1. As partes podem convencionar livremente os prazos
escrito, ao senhorio a morte do arrendatário, a enviar
de duração, denúncia ou oposição à renovação, desde que
nos cento e oitenta dias posteriores à ocorrência e da qual
a respectiva cláusula seja inequivocamente prevista no
constem os documentos autênticos ou autenticados que
contrato de arrendamento, assinado pelas partes.
comprovem os seus direitos.
3. O sucessor do arrendatário não pode prevalecer- 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, o
se do não cumprimento dos deveres de comunicação contrato presume-se de duração limitada, pelo período
estabelecidos neste artigo e deve indemnizar o senhorio de dez anos, sendo vedado ao arrendatário denunciá-lo
por todos os danos derivados da omissão. antes de decorrido um ano de vigência.
1. Salvo no caso de perda da coisa ou no caso previsto Nos contratos de arrendamento para o exercício de
no número 3 do artigo anterior, se o arrendamento cessar comércio ou indústria em que haja sido estipulado
por motivo de caducidade ou por denúncia do senhorio, um prazo de duração efectiva superior a cinco anos
o arrendatário tem direito, a uma compensação em e, bem assim, quando não haja sido convencionado
dinheiro, sempre que por facto seu o prédio arrendado qualquer prazo, as partes podem estabelecer o regime de
tenha aumentado de valor locativo. actualização das rendas, seja no próprio contrato, seja
em documento posterior, devendo neste último caso ser
2. A importância da compensação é fixada pelo tribunal,
anexado ao próprio contrato de arrendamento.
segundo juízos de equidade.
Artigo 89.º Artigo 93.º
1. É permitida a transmissão por acto entre vivos da Aos arrendamentos para fins não habitacionais são
posição do arrendatário, sem dependência da autorização aplicáveis as disposições dos artigos 15.º a 18.º, 20.º e
do senhorio, no caso de trespasse do estabelecimento 22.º da presente lei.
comercial ou industrial.
CAPÍTULO IV
2. Não há trespasse:
ARRENDAMENTO PARA O EXERCÍCIO
a) Quando a transmissão não seja acompanhada de DE PROFISSÕES LIBERAIS
transferência, em conjunto, das instalações,
utensílios, mercadorias ou outros elementos Artigo 94.º
que integram o estabelecimento; Remissão
b) Quando, transmitido o gozo do prédio, passe a É aplicável aos arrendamentos para o exercício de
exercer-se nele outro ramo de comércio ou profissões liberais o disposto nos artigos 87.º, 88.º, 91.º,
indústria ou quando, de um modo geral, lhe 92.º e 93.º da presente Lei, com as necessárias adaptações.
seja dado outro destino.
Artigo 95.º
3. A transmissão deve ser celebrada por escrito e
comunicada ao senhorio. Cessão da posição do arrendatário
4. O senhorio tem direito de preferência no trespasse 1. A posição do arrendatário é transmissível por acto
por venda ou dação em cumprimento, salvo convenção entre vivos, sem autorização do senhorio, a pessoas que no
em contrário. prédio arrendado continuem a exercer a mesma profissão.
Artigo 90.º 2. A cessão da posição do arrendatário deve ser
Direitos do senhorio no caso de trespasse celebrada por escrito, sob pena de nulidade, obrigando o
arrendatário à restituição do imóvel arrendado.
1. No trespasse por venda ou dação em cumprimento
do estabelecimento comercial, o senhorio do prédio O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
arrendado tem direito de preferência. Ramos