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Rômulo Rodrigues de Morais Bezerra

DESENVOLVIMENTO DE FILTROS ESPACIAIS FSS COM


ELEMENTOS POLARES PARA APLICAÇÕES INDOOR
DE REDES LOCAIS SEM FIO

João Pessoa - PB
Março de 2019

1
Rômulo Rodrigues de Morais Bezerra

DESENVOLVIMENTO DE FILTROS ESPACIAIS FSS COM


ELEMENTOS POLARES PARA APLICAÇÕES INDOOR
DE REDES LOCAIS SEM FIO

Dissertação de Mestrado submetida ao


Programa de Pós-Graduação em Engen-
haria Elétrica do Instituto Federal da
Paraíba, como requisito necessário à
obtenção do grau de Mestre em Ciências
no Domínio da Engenharia Elétrica.

Área de Concentração: Eletromagnetismo Aplicado.

Orientador: Paulo Henrique da Fonseca Silva, Prof. Dr.

João Pessoa - PB, Março de 2019


©Rômulo Rodrigues de Morais Bezerra - romulorodrigue@gmail.com.

2
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP
Biblioteca Nilo Peçanha – IFPB, Campus João Pessoa

B5741c Bezerra, Rômulo Rodrigues de Morais.


Desenvolvimento de filtros espaciais FSS com elementos
polares para aplicações indoor de redes locais sem fio / Rô-
mulo Rodrigues de Morais Bezerra. – 2019.
73 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) – Instituto
Federal da Paraíba – IFPB / Coordenação de Pós-Graduação em
Engenharia Elétrica, 2019.
Orientador: Prof.º Paulo Henrique da Fonseca Silva
1. Superfícies Seletivas em Frequência - FSS. 2. Filtros Espa-
ciais. 3. Transformações Polares. 4. Wireless Building. 5. Redes
Locais Sem Fio. I. Título.
CDU 621.3.018.4

Ivanise Andrade M. de Almeida


Bibliotecária-Documentalista
CRB-15/0096
À todos que acreditaram na realização deste trabalho,
em especial a minha família, namorada e amigos.
Dedico.
Agradecimentos

À Deus toda honra e toda glória, agora e para sempre.

Agradeço à minha família, em especial à minha mãe Rizoneide, que diariamente


busca fornecer o melhor.

À minha namorada Gabriely Lucena, pelo amor, companheirismo e incentivo.

Ao professor Paulo Henrique da Fonseca Silva, pela orientação, motivação, paciên-


cia e ensinamentos durante o curso.

Ao grupo GEMCA (Grupo de Eletromagnetismo e Matemática Computacional Apli-


cada), em especial ao professor Elder Eldervitch pela oportunidade de aprendizado
ofertada desde a graduação e ao longo dessa jornada.

Aos demais professores e funcionários do Programa de Pós-graduação em Engen-


haria Elétrica do IFPB que contribuíram e me incentivaram, de forma direta ou indireta,
na minha construção pessoal e profissional e para a consolidação deste trabalho.

Ao IFPB - Campus João Pessoa, pelo incentivo financeiro ofertado através da bolsa
de mestrado.
“Não temas, porque eu sou contigo;
não te assombres, porque eu sou teu Deus;
eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento
com a destra da minha justiça.
(Bíblia Sagrada, Isaías 41, 10)
Resumo

Nesta dissertação descreve-se o desenvolvimento de filtros espaciais do tipo


rejeita-faixas através do uso de superfícies seletivas em frequência (FSS) com
elementos polares e resposta em uma ou duas bandas de operação. Os protótipos
propostos foram desenvolvidos para aplicação em ambientes indoor de redes locais
sem fio, rejeitando os sinais nas faixas de 2,4 - 2,5 GHz (IEEE 802.11b) e 5,0 - 6,0
GHz (IEEE 802.11a). Como base no conceito conhecido como "wireless building"
os filtros espaciais FSS podem ser usados para modificar os ambientes de propa-
gação indoor de uma edificação com diferentes finalidades, tais como: aumentar
a cobertura indoor, reduzir interferências, assegurar segurança da informação.
Os filtros espaciais FSS foram projetados com arranjos periódicos de elementos
do tipo espira, definidos através de equações polares e foram considerados dois
tipos de substratos dielétricos: fibra de vidro (FR-4) e vidro. As simulações foram
realizadas com o software comercial ANSYS Designer™. A metodologia de pro-
jeto adotada foi validada através da caracterização experimental dos protótipos
construídos com o uso de um analisador de redes vetorial (Agilent Technologies,
modelo N5230A). As superfícies seletivas em frequência com substrato de vidro
apresentaram excelentes propriedades de rejeição nas bandas de operação. A
diferença percentual da comparação entre os resultados simulado e medido da
frequência de ressonância dos protótipos com substrato de vidro foi menor que
0,5% e com excelente estabilidade da resposta em frequência para ângulos de
incidência até 50 graus.

Palavras-chaves: Filtros espaciais, superfícies seletivas em frequência, elementos


polares, wireless building, redes locais sem fio.
Abstract

This dissertation describes the development of bandstop spatial filters through


the use of frequency selective surfaces (FSS) with polar elements and frequency
response in single band or dual band. Proposed prototypes were developed for
application in indoor wireless environments, rejecting the signals in the 2.4 - 2.5
GHz (IEEE 802.11b) and 5.0 - 6.0 GHz (IEEE 802.11a). As a basis for the concept
known as "wireless building", FSS spatial filters can be used to modify the indoor
propagation environments of a building with different purposes, such as: reduce
interference, and ensure information security. The FSS spatial filters were designed
with periodic array of loop elements defined by polar equations and were considered
two types of dielectric substrates: fiberglass (FR-4) and glass. The simulations
were performed with the ANSYS Designer™ commercial software. The adopted
design methodology was validated through the experimental characterization of
the built prototypes constructed with the use of a vector network analyzer (Agilent
Technologies, model N5230A). Frequency selective surfaces with glass substrate
showed excellent rejection properties in the operating bands. The percentage error
in resonance frequency simulated and measured results for the glass substrate
prototypes was less than 0.5% and with excellent stability of the frequency response
at angles of incidence up to 50 degrees.

Keywords: Spatial filters, frequency selective surfaces, polar elements, wireless


building, wireless local area networks.
Lista de Figuras

1 Papel de parede seletivo em frequência [8]. . . . . . . . . . . . . . . . . 23

2 Ilustração de uma janela seletiva em frequência [4]. . . . . . . . . . . . 24

3 Janela revestida com aberturas hexagonais [4]. . . . . . . . . . . . . . . 24

4 Ilustração de aumento de cobertura indoor entre dois corredores com o


uso de filtro espacial FSS rejeita-faixas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

5 Ilustração de elementos do tipo abertura e patch. . . . . . . . . . . . . . 28

6 Tipos de elementos de uma FSS [26] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

7 Tipos de elementos de uma FSS: (a) Grupo 1: N-polos conectados pelo


centro; (b) Grupo 2: Espiras; (c) Grupo 3: Interior sólido; (d) Grupo 4:
Combinações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

8 Arranjo de medição de uma FSS com material absorvedor [7]. . . . . . 34

9 Arranjo de medição de uma FSS com lentes Gaussianas [32]. . . . . . 35

10 Aplicação de FSS como anteparo na porta do forno de micro-ondas [37] 36

11 Sistema de coordenadas polares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

12 Gráficos em coordenadas polares de rosáceas: (a) a partir da equação


(1); (b) a partir da equação (2). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

13 Efeito da variação do parâmetro n na equação polar da rosácea [42]. . . 38

14 Exemplos de elementos de FSS obtidos a partir da superfórmula de


Gielis [7] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

15 Diagrama em blocos: metodologia adotada para o desenvolvimento de


protótipos de filtros espaciais FSS com elementos polares. . . . . . . . 40

16 Variação da espessura das espiras polares. . . . . . . . . . . . . . . . . 41

17 Célula unitária com duas espiras circulares. . . . . . . . . . . . . . . . . 41

18 Célula unitária da FSS-1 duas espiras polares côncavas. . . . . . . . . 42

10
19 Elemento de FSS gerado no MATLAB® : (a) espira maior; (b) espira
menor; (c) elemento composto com duas espiras polares - côncava e
convexa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

20 Elementos de FSS patch com abertura em forma de espira polar: FSS-3


com patch convexo e abertura em forma de espira côncava. . . . . . . . 43

21 Célula unitária da FSS-5 com espiras polares cruzadas – côncava e


convexa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

22 Resposta em frequência para a FSS com duas espiras circulares, resul-


tado simulado |S21 | em dB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

23 Variação das frequências de ressonância de uma FSS com duas espiras


circulares em função da espessura das espiras. . . . . . . . . . . . . . 47

24 Arranjo de medição para FSS-3 com patch convexo e abertura em forma


de espira côncava. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

25 Protótipo da FSS-1 com duas espiras polares côncavas: (a) célula unitá-
ria; (b) FSS fabricada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

26 Comparação das respostas em frequência para FSS-1 com duas espiras


polares côncavas, resultados simulado e medido, |S21 | em dB. . . . . . 50

27 Resultados medidos para FSS-1 com duas espiras polares côncavas,


em função do ângulo de incidência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

28 Protótipo da FSS-2 com duas espiras polares - côncava e convexa: (a)


célula unitária; (b) FSS fabricada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

29 Comparação das respostas em frequência para FSS-2 com duas espiras


polares - côncava e convexa, resultados simulado e medido, |S21 | em dB. 52

30 Comparação entre o elemento polar projetado e fabricado para FSS-2


com duas espiras polares - côncava e convexa. . . . . . . . . . . . . . . 52

31 Resultados medidos para FSS-2 com duas espiras polares - côncava e


convexa, em função do ângulo de incidência. . . . . . . . . . . . . . . . 53

11
32 Protótipo da FSS-3 com patch convexo e abertura em forma de espira
côncava: (a) célula unitária; (b) FSS fabricada. . . . . . . . . . . . . . . 54

33 Comparação das respostas em frequência para FSS-3 com patch con-


vexo e abertura em forma de espira côncava, resultados simulado e
medido, |S21 | em dB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

34 Resultados medidos para FSS-3 com patch convexo e abertura em forma


de espira côncava, em função do ângulo de incidência. . . . . . . . . . 56

35 Permissividade elétrica relativa medida para o substrato de vidro. . . . . 57

36 Tangente de perdas medida para o substrato de vidro. . . . . . . . . . . 57

37 Comparação entre os resultados simulado e medido do protótipo inicial


para FSS-4 com duas espiras polares - côncava e convexa. . . . . . . . 58

38 Laminado adesivo de cobre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

39 Protótipo da FSS-4 com duas espiras polares - côncava e convexa: (a)


célula unitária; (b) FSS fabricada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

40 Comparação das respostas em frequência para FSS-4 com duas espiras


polares - côncava e convexa, resultados simulado e medido, |S21 | em dB. 60

41 Resultados medidos para FSS-4 com duas espiras polares - côncava e


convexa, em função do ângulo de incidência. . . . . . . . . . . . . . . . 61

42 Célula unitária do protótipo inicial da FSS-5. . . . . . . . . . . . . . . . . 62

43 Resposta em frequência do protótipo inicial para FSS-5, resultado simu-


lado, |S21 | em dB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

44 Protótipo da FSS-5 com espiras polares cruzadas – côncava e convexa:


(a) célula unitária; (b) FSS fabricada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

45 Arranjo para medição da FSS-5 com espiras polares cruzadas – côncava


e convexa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

46 Comparação das respostas em frequência para FSS-5 com espiras


polares cruzadas – côncava e convexa, resultados simulado e medido,
|S21 | em dB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
47 Resultados medidos para FSS-5 com espiras polares cruzadas – côn-
cava e convexa, em função do ângulo de incidência. . . . . . . . . . . . 66

13
Lista de Tabelas

1 Valores dos parâmetros geométricos dos protótipos de filtros espaciais


FSS fabricados com elementos polares gerados a partir da superfórmula
de Gielis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

2 FSS com espiras circulares: valores numéricos obtidos. . . . . . . . . . 46

3 FSS com espiras circulares: valores numéricos obtidos em relação a


espessura da espira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

4 FSS-1 com duas espiras polares côncavas: comparação entre os valores


numéricos obtidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

5 FSS-2 com duas espiras polares - côncava e convexa: comparação entre


os valores numéricos obtidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

6 FSS-3 com patch convexo e abertura em forma de espira côncava:


comparação entre os valores numéricos obtidos. . . . . . . . . . . . . . 56

7 FSS-4 protótipo inicial com duas espiras polares - côncava e convexa:


comparação entre os valores numéricos obtidos. . . . . . . . . . . . . . 59

8 FSS-4 com duas espiras polares - côncava e convexa: comparação entre


os valores numéricos obtidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

9 FSS-5 com espiras polares cruzadas – côncava e convexa: comparação


entre os valores numéricos obtidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Lista de Siglas

CAD Computer-Aided Design – Projeto auxiliado por computador

CCK Complementary Code Keying – Chaveamento Complementar de Código

DXF Drawing Exchange Format – Arquivo de Intercâmbio para Modelos de CAD

FDTD Finite-Difference Time-Domain – Diferenças Finitas no Domínio do Tempo

FEM Finite-Element Method – Método dos Elementos Finitos

FSS Frequency Selective Surfaces – Superfícies Seletivas em Frequência

GPS Global Positioning System – Sistema de Posicionamento Global

GSM Global System for Mobile Communications – Sistema Global para Comunica-
ções Móveis

IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers – Instituto de Engenheiros


Eletricistas e Eletrônicos

ISM Industrial Scientific and Medical – Médico, Industrial e Científico

MCE Método Circuito Equivalente

MoM Method of Moments – Método dos Momentos

NASA National Aeronautics and Space Administration – Administração Nacional da


Aeronáutica e Espaço

OFDM Orthogonal Frequency Division Multiplexing - Multiplexação de Divisão de


Frequência Ortogonal

UMTS Universal Mobile Telecommunication System - Sistema Universal de Teleco-


municações Móveis

WLAN Wireless Local Area Network – Rede Local Sem Fio


Lista de Símbolos

a Semieixo maior
A Raio da rosácea
b Semieixo menor
BW Largura de banda
fr Frequência de ressonância
h Espessura de substrato dielétrico
O Origem do sistema de coordenadas polares
m Número de petálas da superfórmula de Gielis
n Número de pétalas da rosácea
n1 Expoente 1 da superfórmula de Gielis
n2 Expoente 2 da superfórmula de Gielis
n3 Expoente 3 da superfórmula de Gielis
p Periodicidade da célula unitária
r Coordenada radial do sistema de coordena-
das polares
S21 Coeficiente de transmissão
tg(δ ) Tangente de perdas
w Espessura de uma espira condutora
εr Permissividade elétrica relativa
λ Comprimento de onda
θ Coordenada angular do sistema de coorde-
nadas polares
Sumário

1 Introdução 19

1.1 Organização do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

2 Wireless Building - Conceito e Aplicações 22

3 Superfícies Seletivas em Frequência 27

3.1 Estruturas e características . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.2 Elementos de FSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3.3 Métodos de análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.4 Técnicas de medição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.5 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

4 Transformações Polares 37

4.1 Coordenadas polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.2 Superfórmula de Gielis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

5 Metodologia 40

5.1 FSS Circular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

5.2 FSS com elementos do tipo espira polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

6 Resultados e Discussão 45

6.1 Resultados da superfície seletiva em frequência com espiras circular . . 45

6.2 Resultados para os filtros espaciais FSS com elementos polares . . . . 47

6.2.1 FSS-1 com duas espiras polares côncavas . . . . . . . . . . . . 49

6.2.2 FSS-2 com duas espiras polares - côncava e convexa . . . . . . 51

6.2.3 FSS-3 com patch convexo e abertura em forma de espira côncava 54

17
6.2.4 FSS-4 com duas espiras polares - côncava e convexa . . . . . . 56

6.2.5 FSS-5 com espiras polares cruzadas – côncava e convexa . . . 62

7 Considerações Finais 67

7.1 Proposta para trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

Referências 69
1 Introdução

A utilização de redes locais sem fio (Wireless Local Area Network – WLAN) tem
aumentado significativamente em residências, escritórios e edifícios devido à facilidade
de uso e à praticidade de instalação. As tecnologias de comunicação sem fio abrangem
diversas faixas de frequências com normas específicas para regularem seu uso. As
normas da tecnologia WLAN foram desenvolvidas nos anos de 1980 pelo grupo do
IEEE 802, nas faixas de frequências indicadas para as bandas ISM (Industrial Scientific
and Medical – Médico, Industrial e Científico), 900 MHz (902 – 928 MHz), 2,4 GHz (2,4
– 2,835 GHz), e 5 GHz, (5,15 – 5,35 GHz e 5725 – 5875 MHz).

Contudo, a segurança da informação é um ponto fraco das redes sem fio, pois
o sinal propaga-se pelo ar em todas as direções e pode ser captado a distâncias
de centenas de metros tornando-as vulneráveis à interceptação [1]. Neste contexto,
projetos de edificações que apresentam características de filtragem de sinais WLAN,
correspondente às faixas de frequências de 2,4 GHz e 5,8 GHz têm sido alvo de
pesquisas de estudos abordados por grupos de pesquisa, engenheiros, e empresas ao
redor do mundo. O crescimento e aceitação da tecnologia WLAN propicia o surgimento
de novos métodos que buscam atenuar as deficiências de segurança. Uma das
técnicas que têm se destacado nesse contexto é conhecida por “wireless building”,
isto é, consiste em modificar fisicamente o ambiente de propagação indoor, por meio
de alterações na estrutura e materiais das edificações, de modo que elas exibam
propriedades eletromagnéticas específicas [2]. Nesta técnica, a instalação dos sistemas
de comunicação é prevista já na fase de projeto de uma edificação, coexistindo com as
outras instalações tais como: elétrica, hidráulica, de incêndio, etc.

É possível prevenir a propagação indoor para frequências específicas, por


exemplo 2,4 GHz e 5,8 GHz, com o uso de filtros espaciais FSS do tipo rejeita-faixas
que são abordados nesta dissertação. Esses filtros espaciais podem ser inseridos
em paredes e/ou janelas de um edifício para funcionar, por exemplo, como blindagem
eletromagnética a fim de proteger ambientes contra interferências indesejadas [3–
6]. Neste tipo de aplicação, é possível a utilização de FSS em diversos ambientes
fechados como hospitais, escolas, penitenciárias, para bloqueio de sinais. Em outro
tipo de aplicação, os filtros espaciais FSS rejeita-faixas funcionam como refletores

19
para aumentar a cobertura indoor de uma rede sem fio. Por exemplo, os sinais
desejados podem ser redirecionados por refletores eletromagnéticos instalados no final
de corredores.

As superfícies seletivas em frequência possuem formas, tamanhos e materiais de


composição diferentes dependendo de sua aplicação, faixa de frequência, e local de uso.
Diversas geometrias são utilizadas, dentre elas podem ser destacadas: as Euclidianas,
com o uso de geometrias quadriláteras, triangulares, circulares, elípticas; as não-
Euclidiana, cuja principal referência é a geometria fractal; as formas bioinspiradas,
que são baseadas em formas e padrões encontrados na natureza. Entre as tentativas
realizadas na busca de modelar as geometrias encontradas na natureza destacam-se:
a série de Fibonacci, os fractais, a superfórmula de Gielis, as diversas curvas geradas
pelas equações polares, etc [7].

As transformações geométricas obtidas a partir de funções polares assemelham-


se de certa forma aos fractais nos seguintes aspectos: sua definição matemática é
simples; o processo de geração de uma figura polar é iterativo; conforme o número de
iterações aumenta, o perímetro de um elemento polar aumenta, enquanto sua área
total ocupada permanece constante [7].

Nesta dissertação são analisadas as propriedades ressonantes, em termos do


coeficiente de transmissão, das superfícies seletivas em frequência com elementos
gerados por equações polares e impressas em dois tipos de substratos dielétricos (FR-4
e vidro). Esta análise é inicialmente realizada com o uso do software de simulação
eletromagnética, ANSYS Designer™, que utiliza o método numérico de onda completa
MoM (Method of Moments – Método dos Momentos). A partir destas simulações, são
extraídos os dados de frequências de ressonância e de largura de banda dos filtros
espaciais FSS abordados. Após a análise dos resultados obtidos são selecionadas as
FSS para a fabricação de protótipos. A validade da metodologia adotada é verificada
através da comparação entre os resultados de simulação e medição dos protótipos de
FSS fabricados.

20
1.1 Organização do texto

No Capítulo 2 é apresentada uma revisão da literatura sobre wireless building,


apresentando projetos e aplicações de superfícies seletivas em frequência.

No Capítulo 3 é apresentada uma fundamentação teórica sobre as superfícies


seletivas em frequência, abordando tipos de elementos, métodos de análise e técnicas
de medição.

No Capítulo 4 são apresentadas algumas equações polares usadas para o


desenho de elementos dos protótipos propostos, tal como, a superfórmula de Gielis.
Em seguida, no Capítulo 5 é apresentada a metodologia para o desenvolvimento dos
protótipos com elementos polares.

No Capítulo 6 são apresentados os resultados simulados e medidos das super-


fícies seletivas em frequência abordadas com substratos de fibra de vidro (FR-4) e
vidro.

No Capítulo 7 são feitas as conclusões desta dissertação, além de propostas


para trabalhos futuros.

21
2 Wireless Building - Conceito e Aplicações

A tecnologia sem fio contribui na simplificação de uma rede local, permitindo


que vários computadores e usuários compartilhem recursos simultaneamente em
residências, empresas, instalações públicas, entre outros ambientes sem a presença de
fios. Com a crescente utilização dessa tecnologia, surgem novas técnicas que buscam
desenvolver melhorias e reduzir falhas de vulnerabilidade. O conceito emergente
conhecido como wireless building destaca-se nesse contexto por modificar fisicamente
o ambiente de propagação indoor através da aplicação de técnicas de construção, que
modificam as estruturas e materiais das edificações, de tal forma, que elas exibam
propriedades eletromagnéticas específicas.

A aplicação dessas técnicas de construção para sistema de comunicações


sem fio é realizada na fase inicial de projeto de uma edificação, ou seja, de forma
paralela com as outras instalações convencionais, tais como: elétrica, hidráulica, gás
canalizado, etc. Iniciar o projeto de instalação desses sistemas a medida que os prédios
são construídos, evita interrupções significativas no processo de construção além de
diminuir custos consideráveis envolvidos no desenvolvimento das adaptações.

Os projetos de edificações têm utilizado FSS em paredes de edifícios, através


da impressão de um padrão metálico num substrato dielétrico fino (filme fino ou papel
de parede) que podem ser instalados diretamente na parede [8]. A Figura 1 apresenta
um papel de parede seletivo em frequência para bloqueio de sinais GSM (Global
System for Mobile Communications – Sistema Global para Comunicações Móveis)
[8]. Outro projeto que consistia no controle de propagação é proposto em [9]. O
objetivo foi a construção de uma FSS funcionando como papel de parede seletivo em
frequência capaz de influenciar a propagação do sinal dentro de edifícios, buscando
encontrar soluções para os problemas de interferência e segurança da informação, sem
degradar os serviços de emergência que utilizam sistemas de rádio em outras faixas
de frequências [9].

22
Figura 1: Papel de parede seletivo em frequência [8].

A propagação dentro dos edifícios tem uma estrutura multipercurso mais com-
plexa quando comparada ao espaço livre [10]. Isso ocorre principalmente devido à
complexidade da estrutura do edifício, a configuração das salas e, mais importante,
os materiais utilizados na construção [11]. A utilização de superfícies seletivas em
frequência em materiais de construção deve ser feita de forma cautelosa. A resposta
em frequência está fortemente ligada ao substrato e o ângulo de incidência da estrutura.
Com isso, faz-se necessário considerar as propriedades dielétricas e a espessura do
substrato das FSS quando aplicadas diretamente na parede de um edifício.

Outra aplicação de filtros espaciais FSS bastante conveniente em projetos de


edificações é a utilização destas superfícies na cobertura metálica de vidros [2]. O uso
de um revestimento metálico fino na estrutura de janelas modernas é uma maneira
produtiva de economizar energia, que pode funcionar simultaneamente como filtro
espacial para ondas de rádio. O revestimento atenua a radiação eletromagnética na
região do infravermelho, bloqueando a transmissão de calor do exterior para o interior
do ambiente no verão e vice-versa durante o inverno. Estas janelas especiais são
chamadas de janelas de baixa emissividade (low-e) ou janelas de economia de energia
(energy saving windows) e estão comercialmente disponíveis em larga escala, sendo
utilizadas em muitos edifícios e veículos [2], [12–14].

23
Em [4] é proposta uma janela seletiva em frequência. A FSS consiste de um
arranjo periódico de aberturas hexagonais no revestimento da janela. A estrutura é
composta por uma camada de óxido metálico imposta no vidro. A Figura 2 apresenta
uma ilustração de uma janela seletiva em frequência.

Figura 2: Ilustração de uma janela seletiva em frequência [4].

A FSS é aplicada como um filtro passa-faixas para as frequências de GSM, GPS


(Global Positioning System – Sistema de Posicionamento Global) e UMTS (Universal
Mobile Telecommunication System - Sistema Universal de Telecomunicações Móveis
0,9 - 2,0 GHz). A Figura 3 apresenta a imagem da janela desenvolvida.

Figura 3: Janela revestida com aberturas hexagonais [4].

24
Uma parede seletiva em frequência é apresentada em [15]. Na parede foi
anexada uma superfície seletiva em frequência como filtro rejeita-faixas. O papel
utilizado foi uma folha de alumínio adesiva cortada no formato de um arranjo do tipo
loop quadrado. Estes foram colados em uma espécie de cartão de papel fino para
segurar cada elemento no lugar. As medições mostraram que essa parede seletiva em
frequência filtrou sinais entre as faixas de frequência 5,4 - 6,0 GHz.

Uma proposta de uma FSS usando loop de elementos modificados para bloquear
sinais de telefones móveis em instalações públicas é descrita em [16]. A maioria das
janelas de edifícios modernos usam grandes painéis de vidro, com uma abertura de
ar entre elas. Com isso, duas FSS são inseridas nos lados superior e inferior do
par de vidros. Esse modelo de filtro espacial também pode ser usado para casas ou
apartamentos perto de estações base de telefones ou utilizados como janelas nos
escritórios para proteger os trabalhadores de exposição à energia eletromagnética
ambiental [16].

Uma superfície seletiva em frequência absorvedora é proposta em [17] para se-


gurança de redes locais sem fio. A FSS é projetada para duas frequências de interesse,
ou seja, 2,45 GHz (banda inferior) e 5,25 GHz (banda superior), respectivamente. Um
estudo recente que envolve o uso de superfícies seletivas em frequência que podem
transmitir bandas GSM de 900 MHz e 1,8 GHz, mas inibem a transmissão de bandas
de rede local sem fios (WLAN), é proposto em [18]. A FSS possui uma dupla camada
inserida sobre um substrato de vidro.

Os filtros espaciais FSS rejeita-faixas também podem funcionar como refletores


para aumentar cobertura de uma rede sem fio. Por exemplo, os sinais desejados podem
ser aprimorados por refletores eletromagnéticos instalados no final de corredores. Em
[19] é apresentado um estudo para mostrar que a propagação dentro de edifícios pode
ser potencializada usando técnicas com base em superfícies seletivas em frequência.
A Figura 4 ilustra um exemplo de como poderia ser utilizado esse sistema.

25
Figura 4: Ilustração de aumento de cobertura indoor entre dois corredores com o uso
de filtro espacial FSS rejeita-faixas.

É possível observar a viabilidade da utilização destas estruturas em ambientes


indoor. O conceito de “wireless building” surge como uma inovação para projetos de
edificações modernas, apresentando técnicas para diversas aplicações que envolvem a
comunicação sem fio. Diante disso, a utilização de superfícies seletivas em frequência
nesses projetos propicia a redução de custos, proporcionando a utilização dessas
estruturas como filtros espaciais rejeita-faixas em diversas aplicações para redes locais
sem fio.

As tecnologias de comunicação sem fio utilizam diversas faixas de frequências


com normas específicas que regulam sua utilização. As especificações do 802.11
foram desenvolvidas especificamente para redes de área local sem fio (WLANs) pelo
IEEE e incluem quatro subconjuntos de padrões de protocolo baseados em Ethernet:
802.11, 802.11a, 802.11b e 802.11g.

Os protótipos abordados nesta dissertação foram desenvolvidos para operar


nas faixas de frequências dos padrões 802.11a e 802.11b. O 802.11a opera na faixa
de 5 - 6 GHz com taxas de dados comumente de 6 Mbps, 12 Mbps, ou 24 Mbps.
Esse protocolo usa o Multiplexação de Divisão de Frequência Ortogonal (OFDM),
as taxas de transferência de dados podem ser tão alto quanto 54 Mbps. O padrão
802.11b (também conhecido como Wi-Fi) opera na faixa de 2,4 GHz com taxas de
dados de até 11 Mbps. Este padrão usa uma tecnologia conhecida como modulação
por chaveamento de código (CCK), que permite taxas de dados mais altas com menos
chance de multi-caminho e interferência de propagação.

26
3 Superfícies Seletivas em Frequência

A descoberta de David Rittenhouse em meados do século 18 é apontada como


uma das primeiras referências de superfícies seletivas em frequência. O método
envolvia a investigação de grades de difração ópticas, uma vez que, esse fenômeno era
usado para decompor um feixe de luz não monocromática em suas ordens espectrais
[15]. No experimento, o físico desenvolveu um anteparo com fios igualmente espaçados
posicionados em direção à luz, dessa forma pode-se observar a filtragem da luz branca
dentro de uma faixa de comprimentos de onda distintos.

O estudo desenvolvido por Rittenhouse demonstrou a dependência da resposta


em frequência com as dimensões físicas do protótipo desenvolvido. Desde então, este
método é a base para os princípios de superfícies seletivas em frequência. No ano de
1919, Marconi e Franklin foram os primeiros nesta área por sua contribuição em um
refletor parabólico feito de seções de fios de meio comprimento de onda [20].

Os estudos sobre superfícies seletivas em frequência se tornaram mais evidentes


na década de 1960 com o desenvolvimento de aplicações militares. A tecnologia
stealth (discrição) apresenta aplicações de FSS atualmente. Este método consiste
na capacidade de operar sem conhecimento do inimigo. Na primeira guerra mundial
já existiam alguns estudos com intuito de dificultar a visibilidade das aeronaves que
atuavam nos campos de batalha [21].

Os radomes são os filtros espaciais usados para reduzir a seção reta de radar
fora da faixa de operação de um sistema de antenas. O programa norte-americano de
pesquisa espacial da NASA (National Aeronautics and Space Administration) Voyager,
iniciado em 1977 explorava uma superfície seletiva em frequência para a implementação
de um refletor em duas bandas de frequência.

Neste sentido, dependendo da aplicação, é importante se atentar para a estrutura


do projeto de uma FSS. A utilização de materiais específicos e o formato dos seus
elementos influenciam diretamente nos parâmetros eletromagnéticos do protótipo
desenvolvido.

27
3.1 Estruturas e características

Uma superfície seletiva em frequência é um arranjo periódico de elementos


aberturas ou patch condutores. Uma superfície periódica ideal consiste basicamente
em um conjunto de elementos idênticos dispostos na forma de um arranjo bidimensional
infinito [22]. A concepção de uma FSS leva em consideração o seu formato, o substrato,
a frequência e o tipo de elemento, seja este de abertura ou patch.

A periodicidade e o formato dos elementos de uma FSS são de extrema impor-


tância para determinar a frequência de operação do dispositivo. Esses parâmetros
exercem influência na largura de banda e perda por inserção. A perda por inserção é
definida como a diferença, em dB, da onda eletromagnética incidente em uma posição
específica do receptor, antes e após a instalação da FSS [23]. Quando uma onda
eletromagnética incide sobre a FSS, cada elemento ressoa e dissipa energia em torno
da sua frequência de ressonância ( fr ). A onda incidente é transmitida para frente e
parcialmente refletida na direção especular, ou seja, a luz de uma única direção de
entrada (um raio) é refletida em uma única direção de saída [2].

Este comportamento é descrito pela lei de reflexão, uma vez que, a direção da
luz de entrada (o raio incidente), e a direção da luz refletida de saída (o raio refletido)
fazem o mesmo ângulo em relação à superfície normal, assim, o ângulo de incidência
é igual ao ângulo de reflexão, são coplanares, ou seja, pertencem ao mesmo plano,
chamado de plano de incidência. A Figura 5 apresenta uma ilustração de uma FSS
com elementos do tipo abertura, ou seja, funciona como um filtro passa-faixas, e uma
FSS com elementos patches condutores que atua como um filtro rejeita-faixas.

Figura 5: Ilustração de elementos do tipo abertura e patch.

28
Uma FSS pode ainda ser definida como sendo de anteparo-fino ou anteparo-
espesso, dependendo da espessura da camada de metalização. O termo FSS anteparo-
fino, usualmente, refere-se a um anteparo com elementos do tipo circuito impresso, isto
é, elementos tipo patch ou abertura, que possuem uma espessura menor que 0,001 λ ,
em que λ é o comprimento de onda na frequência de ressonância do anteparo.

Algumas de suas principais vantagens são listadas abaixo:

• Peso leve;

• Baixo custo de fabricação;

• Compatível com circuito impresso convencional.

A FSS tipo anteparo espesso possui uma camada de metalização mais espessa
ou uma camada dupla de metalização, consistindo em duas FSS idênticas separadas
por um dielétrico [24]. Esses dispositivos são comumente utilizados para aplicações
passa-altas (tipo abertura) apresentando uma espessura eletricamente grande.

3.2 Elementos de FSS

Como já supracitado uma FSS possui em sua composição elementos dispos-


tos periodicamente, que podem ser do tipo patch ou abertura. Os elementos podem
assumir formas diferentes, uma vez que o formato do patch ou abertura influencia na
distribuição de corrente e consequentemente na distribuição do campo na superfície
da FSS, como também no nível de polarização cruzada [2]. A polarização cruzada
refere-se aos campos eletromagnéticos espalhados pela estrutura periódica, polari-
zados verticalmente ou horizontalmente, devidos à incidência de campos polarizados
horizontalmente ou verticalmente, respectivamente [25]. Alguns exemplos de elementos
são demonstrados na Figura 6: dipolo, circular, dipolo cruzado, cruz de Jerusalém,
espira circular, espira quadrada, etc.

29
Figura 6: Tipos de elementos de uma FSS [26]
.

Os elementos de FSS podem ser divididos em quatro grupos principais. A Figura


7 apresenta ilustrações dos tipos de elementos citados [22].

• Grupo 1 - São os N-polos conectados pelo centro: como dipolos, tripolos, Cruz
de Jerusalém e dipolos cruzados;

• Grupo 2 - Espiras: como espiras quadradas e circulares;

• Grupo 3 - Sólidos: composto pelos elementos sólidos, ou tipos patch de várias


formas, por exemplo, quadrados, círculos e hexágonos;

• Grupo 4 - Combinações: formado por padrões que envolvem combinações de


elementos ligados pelo centro, espiras ou formas de interior sólido.

30
(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 7: Tipos de elementos de uma FSS: (a) Grupo 1: N-polos conectados pelo
centro; (b) Grupo 2: Espiras; (c) Grupo 3: Interior sólido; (d) Grupo 4: Combinações.

31
O processo de fabricação e a disposição dos elementos na estrutura também
são importantes para a execução do projeto. O resultado do espalhamento proveniente
de cada elemento do arranjo é caracterizado como reflexão ou transmissão [21]. Esse
fato ocorre mesmo quando o ângulo de incidência não é normal ao plano formado
pelo arranjo, visto que o atraso da corrente de superfície induzida entre os elementos
vizinhos, mantém o comportamento de reflexão na direção dos campos irradiados. Com
isso, para os demais comprimentos de ondas incidentes sobre a estrutura, a superfície
seletiva em frequência se comporta de forma “transparente” [27]. A espessura e a
permissividade elétrica do substrato dielétrico também são aspectos que podem influ-
enciar no desempenho da FSS. Essas características podem modificar o comprimento
de onda do sinal bem como a faixa de ressonância do dispositivo.

3.3 Métodos de análise

As técnicas de análise de superfícies seletivas em frequência podem ser di-


vididas em classes diferentes: técnica de teoria de circuitos, técnicas de expansão
modal e técnicas iterativas. Um dos primeiros modelos utilizados para análise das
superfícies seletivas em frequência foi o procedimento de casamento modal [28, 29].
Este processo consiste em uma análise capaz de fornecer minúcias da resposta em
frequência e polarização.

A técnica mais difundida na bibliografia é chamada de método do circuito equiva-


lente (MCE). Neste procedimento, os vários segmentos de fita que formam o arranjo
periódico são modelados como componentes indutivos e capacitivos em uma linha de
transmissão. Nesta técnica, o espaço livre é representado por uma linha de transmissão
de 377 Ω, e a partir da solução das equações clássicas de linha de transmissão, é
possível obter as características de reflexão e transmissão da FSS [30]. Utiliza-se uma
aproximação quase estática para calcular as componentes do circuito permitindo uma
rápida resposta computacional.

Com o avanço dos computadores digitais, a aplicação de métodos mais precisos,


denominados métodos de onda completa, tornou-se viável apesar do elevado custo
computacional requerido. Diferente dos métodos empíricos, essa técnica apresenta

32
uma grande quantidade de formulações matemáticas e resultados mais precisos ao
custo de um esforço computacional elevado. Dentre os métodos existentes os que se
destacam são:

• Método dos Momentos (MoM - Method of Moments);

• Técnica das Diferenças Finitas no Domínio do Tempo (FDTD – Finite-Difference


Time Domain);

• Método dos Elementos Finitos (FEM – Finite-Element Method).

O Método dos Momentos (MoM - Method of Moments) é a técnica mais utilizada


para análise de FSS. O estudo mais antigo referido na literatura é a abordagem
apresentada por Chen usando o MoM [30]. A abordagem de Chen é também conhecida
como o método da expansão modal (ou método da equação integral). Este método
avalia o fluxo de corrente sobre os elementos condutores, combinando o campo
tangencial à superfície do elemento e formando uma equação integral para a corrente
desconhecida [31, 32].

A técnica FDTD, ao contrário do MoM e FEM, que analisam a estrutura periódica


no domínio da frequência, é uma técnica no domínio do tempo. A solução através
do método FDTD abrange uma ampla faixa de frequências em uma única simulação
[32–35]. No método FEM os elementos finitos são conectados entre si por pontos,
os quais são denominados de nós ou pontos nodais. Ao conjunto de todos esses
itens – elementos e nós – dá-se o nome de malha. Em função dessas subdivisões da
geometria, as equações matemáticas que regem os comportamentos físicos não serão
resolvidas de maneira exata, mas de forma aproximada por este método numérico. A
precisão do Método dos Elementos Finitos depende da quantidade de nós e elementos,
do tamanho e dos tipos de elementos da malha, ou seja, quanto menor for o tamanho e
maior for o número deles em uma determinada malha, maior a precisão nos resultados
da análise. O programa comercial ANSYS Designer™ utilizado nas simulações das
superfícies seletivas em frequência abordadas nesta dissertação implementa o MoM.

33
3.4 Técnicas de medição

As características de transmissão e reflexão de uma superfície seletiva em


frequência pode ser medida através de diversos métodos, dessa forma faz-se ne-
cessário a construção da mesma. Uma das técnicas de medição mais populares é
ilustrada na Figura 8. A estrutura sob teste é posicionada entre duas antenas diretivas,
de ganhos conhecidos, sendo uma antena transmissora do sinal e outra receptora.
Alterando a polarização de vertical para horizontal, os modos TE e TM podem ser
avaliados. As antenas são separadas por uma distância de modo que a onda incidente
esteja na região de campo distante. A medição é composta de um medidor de campo
e um gerador de varredura [7]. Entretanto, esse método pode produzir resultados não
tão precisos comparados com outros métodos.

Apesar desta técnica ser comumente utilizada, as bordas da superfície medida


podem gerar difração do sinal, com isso gerando resultados imprecisos. Dado o
tamanho finito do painel de teste e, dependendo de sua distância para as antenas, as
difrações nas bordas do painel poderão ser tão fortes de modo a causar sobreposição
ao sinal real [32]. A adição de absorvedores nas bordas das estruturas pode reduzir
esse problema, um exemplo pode ser visto na ilustração da Figura 8.

Figura 8: Arranjo de medição de uma FSS com material absorvedor [7].

Outra técnica de medição que pode ser utilizada é o uso de antenas cornetas e
lentes. Esse método pode servir como contorno para a configuração anterior, uma vez
que, o sinal concentrado transforma a onda inicial esférica em um feixe colimado de
ondas planas. Com isso, este arranjo permite medições mais precisas do desempenho

34
de transmissão e reflexão de ondas na FSS com polarizações TE e TM [32], [36]. A
Figura 9 ilustra esse tipo de técnica de medição.

Figura 9: Arranjo de medição de uma FSS com lentes Gaussianas [32].

3.5 Aplicações

No Capítulo 2 dessa dissertação foram apresentadas diversas aplicações que


envolvem filtros espaciais FSS em construções. A utilização de FSS pode ser verifi-
cada em outras aplicações destacando-se, por exemplo: antenas, radomes, mísseis,
blindagens eletromagnéticas, filtros de micro-ondas e absorvedores de micro-ondas.

As aplicações de FSS são atrativas em projetos de engenharia devido ao custo


reduzido dos materiais utilizados para sua fabricação, bem como, devido à facilidade
de integração com outros circuitos de micro-ondas. Uma aplicação cotidiana de FSS
facilmente encontrada é em portas de fornos de micro-ondas. O forno de micro-ondas
possui uma porta de vidro com aberturas circulares (Figura 10). Neste caso, a FSS
aplicada à porta de vidro atua como uma blindagem eletromagnética, isto é, um filtro
espacial rejeita-faixas, que bloqueia a radiação na faixa de micro-ondas, porém permite
que a faixa da luz visível atravesse a porta para que o usuário monitore o processo de
cozimento.

35
Figura 10: Aplicação de FSS como anteparo na porta do forno de micro-ondas [37]
.

A largura de banda de antenas utilizadas nos sistemas UWB (Ultra Wide Band),
causam grande radiação em determinadas situações [37]. Dessa forma, com o intuito
de evitar essas interferências, faz-se necessário criar formas para que o sistema desen-
volvido permita a transmissão ou reflexão em determinadas frequências, diminuindo
assim qualquer possível descontinuidade. Neste cenário, é possível a utilização de
uma FSS operando como um filtro passivo, uma vez que, seus elementos ressonantes
individuais podem transmitir ou refletir sua frequência específica [38], [39].

No projeto de radomes é possível a aplicação de filtros espaciais FSS. A resposta


em frequência da FSS é ajustada para produzir características de um filtro espacial
passa-faixas nas frequências de operação da antena. Desta forma, o radome torna-se
praticamente transparente para os sinais transmitidos pela antena com um mínimo
de perda de inserção. Nas frequências fora da banda, a FSS pode apresentar carac-
terísticas de reflexão, e o radome é projetado para o uso acoplado à superfícies de
automóveis ou aeronaves, de forma a garantir um espalhamento mínimo do sinal [2].

36
4 Transformações Polares

4.1 Coordenadas polares

O sistema de coordenadas polares (ver Figura 11) utiliza um único eixo, onde
consideramos uma semi-reta horizontal e fixa, chamada de eixo polar, e de origem num
ponto O, chamado de pólo. Qualquer ponto P do plano será localizado no sistema de
coordenadas polares pelo par (r,θ ) denominado coordenadas polares, onde r indica
a distância do ponto P ao pólo O e é denominado raio vetor ou raio polar, e o ângulo
θ obtido da rotação do eixo polar até o segmento OP, é chamado de ângulo vetorial
ou ângulo polar de P [40]. Na trigonometria, θ é positivo quando medido em sentido
anti-horário e negativo quando medido em sentido horário. O ângulo associado a
um determinado ponto não é único. Embora um ponto no plano só possua um par
de coordenadas cartesianas, no sistema de coordenadas polares um ponto pode ser
representado por infinitos pares de coordenadas polares [41].

Figura 11: Sistema de coordenadas polares.

As funções trigonométricas como o seno e o cosseno são bastante utilizadas


para geração de curvas em coordenadas polares. Por exemplo, a Figura 12 apresenta
gráficos de rosáceas utilizando as equações (1) e (2), em que, n é o número de pétalas
e A o raio.

r(θ ) = A · cos(nθ ) (1)

r(θ ) = A · sen(nθ ) (2)

37
(a) (b)

Figura 12: Gráficos em coordenadas polares de rosáceas: (a) a partir da equação (1);
(b) a partir da equação (2).

Variando o parâmetro n (ver Figura 13) das equações (1) ou (2) é possível obter
uma curva que tem a forma de uma flor adornada. Esta curva foi nomeada rhodonea
pelo matemático italiano Guido Grandi entre 1723 e 1728 porque se assemelha a uma
rosa [42].

• Se n for par a rosa é 2n petalada;

• Se n for ímpar a rosa é n petalada.

Figura 13: Efeito da variação do parâmetro n na equação polar da rosácea [42].

Um exemplo particular de equação polar que foi utilizada nessa dissertação é


a superfórmula de Gielis. A priori, esta equação foi desenvolvida originalmente para
descrever formas de planta. Gielis definiu a superfórmula como “Uma transformação
geométrica genérica que unifica uma ampla gama de formas naturais e abstratas” [43].
A Figura 14 apresenta algumas propostas de elementos de FSS obtidos a partir de
estudos preliminares utilizando a superfórmula de Gielis: patches, espiras, e espiras
compostas.

38
Figura 14: Exemplos de elementos de FSS obtidos a partir da superfórmula de Gielis
[7]
.

4.2 Superfórmula de Gielis

A superfórmula é uma generalização da super-elipse e foi proposta pela primeira


vez por Johan Gielis [43]. O mesmo sugeriu que a fórmula pode ser usada para
descrever muitas formas complexas e curvas que são encontradas na natureza. Uma
única equação pode gerar uma vasta diversidade de formas naturais. A superfórmula,
gera desde simples triângulos e pentágonos até estrelas, espirais e pétalas.

Gabriel Lamé a partir do estudo de Piet Hein, generalizou o conceito de uma


elipse a uma super-elipse [44]. As curvas são definidas pela equação (3), e percebendo
suas desvantagens com relação à simetria limitada de geometrias geradas por essa
equação, Gielis introduziu coordenadas polares do tipo r = f (θ ) substituindo-se x por r
· cos(θ ) e y por r · sen(θ ) na equação (3) e inserindo-se o fator multiplicativo m/4 para
o ângulo θ [43]. Com essas alterações obtém-se a equação polar (4), denominada
superfórmula. A partir de (4), muitas formas com simetrias rotacionais podem ser
obtidas simplesmente alterando as variáveis a, b, m, n1 , n2 , n3 .

x y
| |t + | |t = 1 (3)
d k

1
r (θ ) = h (4)
  i 1

| 1a cos(θ m4 ) )n2 + sen θ m n3 n1
1
b 4

39
5 Metodologia

Os elementos polares propostos para o desenvolvimento de filtros espaciais


FSS abordados nesta dissertação foram obtidos a partir da superfórmula de Gielis,
cuja implementação foi feita em MATLAB® . Os formatos dos elementos polares são
convertidos em arquivos com formato DXF (Drawing Exchange Format) através de
uma biblioteca MATLAB® . Esta conversão possibilita a importação dos formatos dos
elementos polares para o ambiente do ANSYS Designer™, software de análise de
onda completa utilizado para simulação precisa das superfícies seletivas em frequência
abordadas. A Figura 15 apresenta o diagrama em blocos com as etapas da metodologia
adotada para a obtenção dos protótipos desenvolvidos nesta dissertação.

Figura 15: Diagrama em blocos: metodologia adotada para o desenvolvimento de


protótipos de filtros espaciais FSS com elementos polares.

40
5.1 FSS Circular

A primeira FSS foi projetada com duas espiras circulares para cada espira
ressoar em uma determinada frequência. A espira maior em 2,45 GHz e a menor em
5,5 GHz. Os valores para o raio de cada espira foram obtidos de forma empírica. A
espira maior possui raio igual a 15,2 mm e a menor possui raio igual a 9 mm. Foram
realizadas simulações mantendo os valores dos raios citados anteriormente e variando-
se a espessura de cada espira, com intuito de verificar a influência desse parâmetro
na resposta em frequência e propriedades de transmissão da FSS. As espiras foram
obtidas pela ferramenta de projeto circular já disponibilizada pelo ANSYS Designer™.
As espiras geradas são ilustradas na Figura 16.

Figura 16: Variação da espessura das espiras polares.

Na Figura 17 é apresentada a célula unitária da FSS com espessura da espira


de 2 mm e periodicidade de 33 mm que foi projetada no ANSYS Designer™.

Figura 17: Célula unitária com duas espiras circulares.

41
5.2 FSS com elementos do tipo espira polar

Os elementos propostos na forma de espiras polares é bem apropriado para


o projeto de FSS para aplicações indoor, uma vez que possibilita o desenvolvimento
destes filtros espaciais para uso em diferentes partes de uma edificação, tais como,
janelas, portas, paredes, divisórias, etc, principalmente em dois aspectos: estético e, no
caso da aplicação em janelas, não impede a passagem da luz visível. A facilidade de
sintonia, a independência em relação a polarização da onda eletromagnética incidente,
bem como a estabilidade da frequência de operação em relação ao ângulo de incidência,
são fatores importantes principalmente em aplicações indoor de redes locais sem fio.

Para o projeto das superfícies seletivas em frequência com elementos do tipo


espiras polares adotou-se o mesmo procedimento usado para as FSS com espiras
circulares, ou seja, cada espira é projetada para uma determinada frequência: a espira
maior para 2,45 GHz e a espira menor para 5,5 GHz. Os formatos dos elementos das
superfícies seletivas em frequência abordadas foram gerados através da equação (4),
implementada em MATLAB® com θ variando de 0 - 2π a passos de π
360 . A Figura 18
ilustra uma célula unitária da FSS-1 com duas espiras polares côncavas.

Figura 18: Célula unitária da FSS-1 duas espiras polares côncavas.

42
A segunda FSS (FSS-2) proposta nesta dissertação também foi gerada a partir
da equação (4). Foram combinados dois tipos de espiras (côncava e convexa) com
geometrias distintas, seguindo a ideia de cada espira ressonar para uma frequência de-
terminada, como já supracitado. A ilustração da célula unitária da FSS 2 é apresentada
na Figura 19.

Figura 19: Elemento de FSS gerado no MATLAB® : (a) espira maior; (b) espira menor;
(c) elemento composto com duas espiras polares - côncava e convexa.

O protótipo da FSS-3 (ver Figura 20) é formado por elementos compostos, isto
é, um patch com uma abertura em forma de espira.

(a)

Figura 20: Elementos de FSS patch com abertura em forma de espira polar: FSS-3
com patch convexo e abertura em forma de espira côncava.

Os mesmos parâmetros utilizados na FSS-2 também foram aplicados no projeto


da FSS-4, distiguindo no r = raio, w = espessura das espiras e p = periodicidade da
célula unitária. O projeto do formato das espiras da FSS-5 foi proposto a partir do

43
cruzamento de duas espiras polares. De maneira diferente das espiras já apresentadas,
este protótipo foi desenvolvido com o intuito de funcionar em apenas uma banda de
operação. A ilustração do formato das espiras polares cruzadas pode ser visto na
Figura 21. Os valores usados para os projetos de todas as espiras nesta dissertação
são dados na Tabela 1.

Figura 21: Célula unitária da FSS-5 com espiras polares cruzadas – côncava e
convexa.

Tabela 1: Valores dos parâmetros geométricos dos protótipos de filtros espaciais FSS
fabricados com elementos polares gerados a partir da superfórmula de Gielis.

Parâmetros Geométricos
Projeto
m n1 n2 n3 a b r (mm) w(mm) W (mm) p(mm)
FSS-1 (espira maior) 8 1 1 1 1 1 15,5 - 1,5
32 x 32
FSS-1 (espira menor) 8 1 1 1 1 1 8,8 1,7 -
FSS-2 (espira maior) 8 -1 1 1 1 1 12,3 - 0,7
25 x 25
FSS-2 (espira menor) 8 1 1 1 1 1 7,66 0,6 -
FSS-3 (espira abertura) 8 -1 1 1 1 1 19,2 1,5 - 36,5 x 36,5
FSS-4 (espira maior) 8 -1 1 1 1 1 12,9 - 2
33 x 33
FSS-4 (espira menor) 8 1 1 1 1 1 7,3 2 -
FSS-5 (espira maior) 8 1 1 1 1 1 20,4 - 3
45 x 45
FSS-5 (espira menor) 8 -1 1 1 1 1 18,4 2 -

44
6 Resultados e Discussão

Neste Capítulo são apresentados os resultados simulados e medidos para os


filtros espaciais FSS desenvolvidos nesta dissertação. São apresentados os estudos
comparativos realizados em termos do coeficiente de transmissão obtidos para cada
FSS abordada. Os resultados numéricos obtidos dos parâmetros frequência de resso-
nância e largura de banda, bem como, o efeito do ângulo de incidência da radiação
eletromagnética nas respostas em frequência destas FSS são discutidos.

6.1 Resultados da superfície seletiva em frequência com espiras


circular

Inicialmente, foi considerado o projeto de um filtro espacial FSS rejeita-faixas


com duas espiras circulares de raios 15,2 mm para a espira maior e 9 mm para a menor
e com espessura, w = 2 mm, para cada espira. Neste caso, considerou-se um elemento
(célula unitária) quadrado de periodicidade p = 33 mm. As simulações foram realizadas
considerando-se um substrato dielétrico de fibra de vidro (FR-4), com as seguintes
especificações: espessura do substrato, h = 1,5 mm, constante dielétrica, εr = 4,4 e
tangente de perdas, tg(δ ) = 0,02.

Na Figura 22 é ilustrado o resultado simulado obtido para o coeficiente de


transmissão na faixa de 1 - 7 GHz para a FSS projetada com duas espiras circulares. O
limiar de -10 dB indicado na Figura 22 é considerado para o cálculo da largura de banda
de cada faixa de rejeição da FSS. Os resultados obtidos indicaram que para cada espira
circular corresponde uma faixa de rejeição e que quanto maior o raio da espira menor a
frequência de ressonância observada. Com o auxílio do software ANSYS Designer™
o valor do raio de cada espira circular foi ajustado para sintonia das frequências de
ressonância desejadas, isto é, 2,45 GHz e 5,5 GHz.

45
Figura 22: Resposta em frequência para a FSS com duas espiras circulares, resultado
simulado |S21 | em dB.

Tabela 2: FSS com espiras circulares: valores numéricos obtidos.

Parâmetros
FSS com espiras circulares f r1 BW1 f r2 BW2 |S21 |1 |S21 |2
(MHz) (dB)
Simulado 2450 600 5500 1050 -22,14 -21,32

Uma análise paramétrica foi realizada para verificação do efeito da variação da


espessura w das espiras circulares nas frequências de ressonância da FSS. A Figura
23 apresenta os resultados simulados obtidos levando-se em conta os valores de 2, 3,
4 e 5 mm para a espessura w de cada espira. Verificou-se através das simulações que
as frequências ressonantes das duas bandas de rejeição aumentam com o aumento
da espessura w das espiras.

Constatou-se que, para um aumento de 3 mm na espessura das espiras circula-


res w houve um aumento de 6,1% na primeira frequência de ressonância e um aumento
de 11,81% na segunda frequência de ressonância. Com o aumento de 4 mm a primeira
frequência de ressonância aumentou 14,28% e a segunda 20,9%. Constatou-se que,
para um aumento de 5 mm na espessura das espiras circulares (w = 5 mm) houve um
aumento de 24,49% e 24,54% para a primeira e segunda frequência de ressonância,
respectivamente. A Tabela 3 apresenta os valores númericos obtidos para frequências
de ressonância e larguras de banda em função da espessura w das espiras circulares.

46
Tabela 3: FSS com espiras circulares: valores numéricos obtidos em relação a
espessura da espira.

Parâmetros
w f r1 f r2 BW1 BW2
(mm) (MHz)
2 2,450 5,500 600 1050
3 2,600 6,150 650 1350
4 2,800 6,650 700 1450
5 3,050 6,850 700 945

Em relação às larguras de banda, verificou-se que as larguras de banda são


diretamente proporcionais à espessura das espiras até o valor de w = 4 mm.

Figura 23: Variação das frequências de ressonância de uma FSS com duas espiras
circulares em função da espessura das espiras.

6.2 Resultados para os filtros espaciais FSS com elementos pola-


res

As superfícies seletivas em frequência com elementos polares abordadas foram


propostas levando-se em conta dois tipos de substrato dielétrico: fibra de vidro (FR-4)
e vidro. O substrato dielétrico de fibra de vidro (FR-4) considerado tem os seguintes
parâmetros: espessura h = 1,5 mm, permissividade relativa elétrica εr = 4,4 e tangente

47
de perdas tg(δ ) = 0,02. O substrato dielétrico de vidro considerado contém os parâme-
tros: espessura h = 2 mm, permissividade relativa elétrica εr = 6,1 e tangente de perdas
tg(δ ) = 0,083. As simulações dos protótipos foram realizadas com o uso do software
ANSYS Designer™.

Os protótipos foram construídos pelo método convencional de fabricação de


circuitos impressos com a utilização de percloreto de ferro no processo de corrosão.
Os resultados experimentais foram obtidos no Laboratório de Medidas em Telecomu-
nicações do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), Campus João Pessoa. O arranjo de
medição usado para obtenção dos resultados experimentais para os filtros propostos
é composto por: analisador de redes vetorial, cabos e conectores, mesa de acrílico
giratória com escala angular, suportes de acrílico e antenas do tipo corneta modelo
SAS-571 (700 MHz - 18 GHz). O arranjo pode ser visualizado na configuração de
medição da FSS-3 com patch convexo e abertura em forma de espira côncava na
Figura 24.

Figura 24: Arranjo de medição para FSS-3 com patch convexo e abertura em forma de
espira côncava.

48
6.2.1 FSS-1 com duas espiras polares côncavas

O primeiro projeto de FSS com duas espiras polares côncavas foi denominado de
FSS-1. Após a realização da etapa de simulação, um protótipo da FSS-1 foi fabricado
com um arranjo periódico de 12 × 12 elementos, totalizando um número de 144 células
unitárias, cada uma com 32 mm × 32 mm, o que corresponde uma dimensão total de
384 mm × 384 mm para o protótipo fabricado da FSS-1, Figura 25.

(a) (b)

Figura 25: Protótipo da FSS-1 com duas espiras polares côncavas: (a) célula unitária;
(b) FSS fabricada.

Na Figura 26 é apresentado um gráfico de comparação entre os resultados


simulados e medidos do coeficiente de transmissão (|S21 |, em dB) para a FSS-1. Pode-
se observar uma boa concordância entre os resultados obtidos com uma diferença
percentual de 3,26% e 2,65% para a primeira e segunda frequência de ressonância,
respectivamente.

49
Figura 26: Comparação das respostas em frequência para FSS-1 com duas espiras
polares côncavas, resultados simulado e medido, |S21 | em dB.

Foram realizadas medições para a FSS-1 proposta considerando-se ângulos


de incidência da radiação eletromagnética de 0, 10, 30 e 50 graus. Os resultados
obtidos são apresentados na Figura 27. Observa-se que há uma boa estabilidade em
frequência nas duas bandas de rejeição para ângulos de incidência de até 30 graus.
Em comparação com os valores de frequência de ressonância obtidos para incidência
normal (ver Tabela 4), para um ângulo de incidência de 50 graus ocorre um desvio
máximo de 7,59% e 6,54% para a primeira e segunda frequência de ressonância,
respectivamente. Os valores numéricos obtidos, simulados e medidos, são listados na
Tabela 4.

Tabela 4: FSS-1 com duas espiras polares côncavas: comparação entre os valores
numéricos obtidos.

Parâmetros
FSS-1 f r1 BW1 f r2 BW2 |S21 |1 |S21 |2
(MHz) (dB)
Simulado 2450 350 5500 600 -26,13 -22,41
Medido 2379 506 5655 621 -28,89 -50,91
Diferença % 3,26 44,57 2,65 3,50 10,56 127,18

50
Figura 27: Resultados medidos para FSS-1 com duas espiras polares côncavas, em
função do ângulo de incidência.

6.2.2 FSS-2 com duas espiras polares - côncava e convexa

O segundo projeto de FSS com duas espiras polares (côncava e convexa), foi
denominado de FSS-2. Após a realização da etapa de simulação, um protótipo da
FSS-2 foi fabricado com um arranjo periódico de 16 × 16 elementos, totalizando um
número de 256 células unitárias, cada uma com 25 mm × 25 mm, o que corresponde
uma dimensão total de 400 mm × 400 mm para o protótipo fabricado, Figura 28.

(a) (b)

Figura 28: Protótipo da FSS-2 com duas espiras polares - côncava e convexa: (a)
célula unitária; (b) FSS fabricada.

51
Uma comparação do coeficiente de transmissão simulado e medido na faixa de
1 – 7 GHz é apresentada na Figura 29. Pode-se observar uma excelente concordância
entre os resultados medidos e simulados para a primeira banda de rejeição (2,45 GHz),
com uma diferença de apenas 0,65%. Todavia, para a segunda banda de rejeição (5,5
GHz) verificou-se uma diferença de 8,1%.

Figura 29: Comparação das respostas em frequência para FSS-2 com duas espiras
polares - côncava e convexa, resultados simulado e medido, |S21 | em dB.

Avaliando-se o protótipo fabricado da FSS-2, observou-se a ocorrência de falhas


na fabricação da espira polar de raio menor, isto é, foram identificados pontos de
curto-circuito com a espira polar de raio maior, Figura 30. Provavelmente este foi um
motivo da diferença entre os resultados simulados e medidos para a segunda banda de
rejeição da FSS-2.

Figura 30: Comparação entre o elemento polar projetado e fabricado para FSS-2 com
duas espiras polares - côncava e convexa.

52
Para a segunda FSS projetada com duas espiras polares (FSS-2) foram realiza-
das medições considerando a incidência oblíqua da radiação eletromagnética para os
valores de 0, 10, 30 e 50 graus. Na Figura 31 são apresentados os resultados medidos
obtidos. A primeira frequência de ressonância medida (2,46 GHz para incidência nor-
mal) até 50 graus, verificou-se uma boa estabilidade da resposta em frequência, com
um desvio máximo de 5,69%. Enquanto que, na segunda frequência de ressonância
medida (5,95 GHz para incidência normal) a variação máxima desta frequência res-
sonante acontece no ângulo de 30 graus, constatou-se um desvio máximo de 3,87%
para menos. A comparação entre os valores numéricos dos parâmetros ressonantes
medidos e simulados são dados na Tabela 5.

Figura 31: Resultados medidos para FSS-2 com duas espiras polares - côncava e
convexa, em função do ângulo de incidência.

Tabela 5: FSS-2 com duas espiras polares - côncava e convexa: comparação entre os
valores numéricos obtidos.

Parâmetros
FSS-2 f r1 BW1 f r2 BW2 |S21 |1 |S21 |2
(MHz) (dB)
Simulado 2450 450 5500 850 -31,29 -30,97
Medido 2466 716 5950 1028 -24,27 -32,06
Diferença % 0,65 59,11 8,18 20,94 -22,43 3,52

53
6.2.3 FSS-3 com patch convexo e abertura em forma de espira côncava

O terceiro projeto de FSS com patch convexo e abertura em forma de espira


côncava, foi chamado de FSS-3. Após a realização da etapa de simulação, um protótipo
da FSS-3 foi fabricado com um arranjo periódico de 10 × 10 elementos totalizando um
número de 100 células unitárias, cada uma com 36,5 mm × 36,5 mm, o que corresponde
uma dimensão total de 365 mm × 365 mm para o protótipo fabricado, Figura 32.

(a) (b)

Figura 32: Protótipo da FSS-3 com patch convexo e abertura em forma de espira
côncava: (a) célula unitária; (b) FSS fabricada.

Os resultados simulados e medidos são analisados de acordo com o parâme-


tro de espalhamento |S21 | (coeficiente de transmissão), considerando uma perda de
inserção de -10 dB. Na Figura 33 é apresentado um comparativo entre os resultados
simulado e medido do coeficiente de transmissão para a FSS-3 na faixa de frequências
de 1 – 7 GHz.

54
Figura 33: Comparação das respostas em frequência para FSS-3 com patch convexo e
abertura em forma de espira côncava, resultados simulado e medido, |S21 | em dB.

Verifica-se que para a primeira banda de rejeição há uma redução na frequência


de ressonância medida (2,31 GHz) de 3,75% quando comparada ao resultado simulado
(2,4 GHz). Entretanto, na segunda banda de rejeição, a frequência de ressonância
medida (5,74 GHz) aumenta 4,4% em relação à frequência de ressonância simulada
(5,5 GHz).

Para o terceiro filtro espacial FSS projetado com duas espiras polares (FSS-3)
foram realizadas medições considerando a incidência oblíqua da radiação eletromag-
nética para os valores de 0, 10, 30 e 50 graus. Na Figura 34 são apresentados os
resultados medidos obtidos. A primeira frequência de ressonância medida (2,31 GHz
para incidência normal) até 50 graus, verificou-se uma boa estabilidade da resposta
em frequência, com um desvio máximo de 9,09%, Enquanto que, para a segunda
banda de rejeição (5,74 GHz), o desvio máximo foi de 6,27%. Verifica-se que até 30
graus a resposta em frequência é estável em relação ao ângulo de incidência para
as duas bandas de operação. A comparação dos valores numéricos dos parâmetros
ressonantes medidos e simulados são apresentados na tabela 6.

55
Figura 34: Resultados medidos para FSS-3 com patch convexo e abertura em forma
de espira côncava, em função do ângulo de incidência.

Tabela 6: FSS-3 com patch convexo e abertura em forma de espira côncava:


comparação entre os valores numéricos obtidos.

Parâmetros
FSS-3 f r1 BW1 f r2 BW2 |S21 |1 |S21 |2
(MHz) (dB)
Simulado 2400 500 5500 1400 -35,42 -36,00
Medido 2310 930 5742 820 -31,33 -45,39
Diferença % 3,75 86,00 4,40 -41,42 -11,54 12,50

6.2.4 FSS-4 com duas espiras polares - côncava e convexa

As superfícies seletivas em frequência projetadas com substrato de vidro foram


desenvolvidas com o objetivo de aplicar os protótipos em ambientes de propagação
indoor, funcionando como uma janela seletiva em frequência como proposto em [4].
Dessa forma, foi necessário realizar a caracterização experimental das propriedades
do vidro, como a permissividade elétrica relativa e a tangente de perdas. O substrato
dielétrico de vidro utilizado, com uma espessura h = 2 mm foi caracterizado no Labora-
tório de Medidas em Telecomunicações do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), Campus
João Pessoa, no VNA da Agilent Technogies modelo S5071C (300 kHz – 20 GHz).
Os resultados obtidos a partir da caracterização experimental do substrato dielétrico

56
de vidro para a permissividade elétrica relativa pode ser visto na Figura 35 e para a
tangente de perdas, na Figura 36.

Figura 35: Permissividade elétrica relativa medida para o substrato de vidro.

Figura 36: Tangente de perdas medida para o substrato de vidro.

É importante ressaltar que o protótipo da FSS-4 foi realizado inicialmente com


o valor da permissividade elétrica relativa de εr = 3,73. A escolha desse valor foi feita
de forma empírica, visto que os valores obtidos para a permissividade elétrica relativa
variam como mostrado na Figura 35. Observou-se uma resposta para a FSS-4 em
duas bandas de rejeição na faixa de 1 - 7 GHz, como esperado. Entretanto, houve uma
redução considerável nas frequências de ressonância medidas, levando a resposta

57
da FSS-4 (ver Figura 37) para fora da faixa de frequências desejada para rejeição de
sinais WLAN (IEEE 802.11b e IEEE 802.11a). Dessa forma, a partir desses resultados
foi possível verificar que o valor de permissividade elétrica relativa considerado para o
vidro não correspondia ao valor real.

A partir dos resultados obtidos para o protótipo inicial da FSS-4, um método


empírico de tentativa e erro foi usado, com auxílio do software ANSYS Designer™, para
a determinação do valor correto para a permissividade elétrica relativa do substrato
dielétrico de vidro. Desta forma, um segundo protótipo para a FSS-4 foi fabricado com
os seguintes parâmetros considerados para o substrato dielétrico de vidro: h = 2 mm,
εr = 6,1 e tg(δ ) = 0,083. A Figura 37 apresenta uma comparação entre os resultados
obtidos de simulação e medição para o protótipo inicial da FSS-4. A curva de cor
vermelha apresenta o resultado obtido do método empírico de tentativa e erro, que
buscava identificar o valor da permissividade elétrica relativa do substrato de vidro
utilizado. A Tabela 7 apresenta os valores numéricos para os parâmetros de frequência
de ressonância e largura de banda para o protótipo inicial da FSS-4.

Figura 37: Comparação entre os resultados simulado e medido do protótipo inicial para
FSS-4 com duas espiras polares - côncava e convexa.

58
Tabela 7: FSS-4 protótipo inicial com duas espiras polares - côncava e convexa:
comparação entre os valores numéricos obtidos.

Parâmetros
FSS-4 Protótipo inicial f r1 BW1 f r2 BW2 |S21 |1 |S21 |2
(MHz) (dB)
Simulado 2450 500 5500 850 -18,00 -17,58
Medido 2050 372 4703 403 -24,28 -24,97
Diferença % -16,33 -25,60 -14,50 -52,58 34,88 42,03

Na etapa de fabricação dos dois protótipos da FSS-4 foi utilizada uma fita adesiva
de cobre, ilustrada na Figura 38, que é normalmente aplicada para blindagem acústica
de instrumentos musicais de cordas. Após a aplicação da fita adesiva cobreada sobre
um lado da superfície de vidro, o desenho do arranjo periódico é impresso sobre o
cobre. Posteriormente, utiliza-se o percloreto de ferro no processo de corrosão.

Figura 38: Laminado adesivo de cobre.

O protótipo da FSS-4 foi fabricado com um arranjo periódico de 12 × 12 elemen-


tos totalizando um número de 144 células unitárias, cada uma com 33 mm × 33 mm, o
que corresponde uma dimensão total de 396 mm × 396 mm para o protótipo fabricado,
Figura 39. O projeto do elemento polar da FSS-4 foi desenvolvido considerando um par
de espiras polares: uma côncava e uma convexa.

59
(a) (b)

Figura 39: Protótipo da FSS-4 com duas espiras polares - côncava e convexa: (a)
célula unitária; (b) FSS fabricada.

Na Figura 40 é apresentado um gráfico de comparação entre os resultados


simulados e medidos do coeficiente de transmissão (|S21 |, em dB) para a FSS-4. Pode-
se observar uma excelente concordância entre os resultados obtidos com uma diferença
percentual de 0,24% para a primeira banda de rejeição e 0,27% para a segunda banda
de rejeição. A largura de banda obtida para a primeira banda de rejeição foi de 485
MHz, cobrindo toda a faixa de operação dos sistemas WLAN (IEEE 802.11b). Na
segunda banda de rejeição (IEEE 802.11a) a largura de banda foi de 400 MHz.

Figura 40: Comparação das respostas em frequência para FSS-4 com duas espiras
polares - côncava e convexa, resultados simulado e medido, |S21 | em dB.

60
Visando analisar a estabilidade da resposta em frequência do protótipo da FSS-4,
foram realizadas quatro medições do coeficiente de transmissão na faixa de 1-7 GHz,
considerando-se a variação do ângulo de incidência da radiação eletromagnética a
partir da incidência normal até 50 graus. A Figura 41 apresenta os resultados medidos
do coeficiente de transmissão para FSS-4 em função do ângulo de incidência da
radiação eletromagnética para valores de 0, 10, 30 e 50 graus.

A partir dos resultados medidos verifica-se que: para a primeira frequência de


ressonância (2,45 GHz) existe uma boa estabilidade na frequência de ressonância, com
um desvio máximo de 10,6% para o ângulo de 50 graus. Para a segunda frequência
de ressonância (5,5 GHz), verifica-se que: até 10 graus a estabilidade é mantida e o
desvio máximo verificado foi de 9,09% para um ângulo de 30 graus; para 50 graus, a
frequência de ressonância e a largura de banda voltam a crescer. Os valores numéricos
medidos e simulados para incidência normal são dados na Tabela 8.

Figura 41: Resultados medidos para FSS-4 com duas espiras polares - côncava e
convexa, em função do ângulo de incidência.

61
Tabela 8: FSS-4 com duas espiras polares - côncava e convexa: comparação entre os
valores numéricos obtidos.

Parâmetros
FSS-4 f r1 BW1 f r2 BW2 |S21 |1 |S21 |2
(MHz) (dB)
Simulado 2450 450 5500 550 -18,95 -14,07
Medido 2456 485 5515 400 -32,92 -35,15
Diferença % 0,24 7,77 0,27 -27,27 73,72 149,82

6.2.5 FSS-5 com espiras polares cruzadas – côncava e convexa

O projeto inicial do elemento polar da FSS-5 foi desenvolvido para um substrato


dielétrico de fibra de vidro (FR-4) considerando um par de espiras polares, cada uma
desenhada com a combinação de duas espiras cruzadas: uma côncava e uma convexa.
A célula unitária simulada no ANSYS Designer™ para ressonar nas duas bandas de
operação de sistemas WLAN indoor (IEEE 802.11b e IEEE802.11a) é apresentada na
Figura 42.

Figura 42: Célula unitária do protótipo inicial da FSS-5.

Devido as dificuldades encontradas para a fabricação do elemento ilustrado na


Figura 42, optou-se pela fabricação em substrato dielétrico de vidro apenas da espira
de raio maior, para operação na faixa de frequências WLAN em 2,45 GHz. A Figura

62
43 apresenta o resultado simulado obtido para o coeficiente de transmissão do projeto
inicial da FSS-5.

Figura 43: Resposta em frequência do protótipo inicial para FSS-5, resultado simulado,
|S21 | em dB.

A FSS-5 apresenta um número total de 64 células, 8 × 8 elementos, cada célula


unitária com 45 mm × 45 mm, o que corresponde a uma dimensão total de 360 mm ×
360 mm, o protótipo pode ser visualizado na Figura 44. Foi considerado um subtrato
de vidro com h = 2 mm, εr = 6,1 e tg(δ ) = 0,083. A fabricação do protótipo da FSS-5
foi realizada pelo mesmo método da FSS-4, isto é, utilizando um adesivo laminado de
cobre com a utilização de percloreto de ferro no processo de corrosão.

(a) (b)

Figura 44: Protótipo da FSS-5 com espiras polares cruzadas – côncava e convexa: (a)
célula unitária; (b) FSS fabricada.

63
Na Figura 45 é apresentado o arranjo de medição usado para obtenção dos
resultados experimentais para a FSS-5, que consiste principalmente de: analisador
de redes vetorial, cabos e conectores, mesa de acrílico giratória com escala angular,
suportes de acrílico e antenas do tipo corneta modelo SAS-571 ( 700 MHz - 18 GHz).
Com o intuito de aplicar esse protótipo em ambientes indoor, atuando como uma janela
seletiva em frequência, o nível de transparência do vidro também foi considerado no
momento da execução do projeto. A FSS-5 contém espiras finas e um espaço interno
de maior visibilidade na célula unitária.

(a)

Figura 45: Arranjo para medição da FSS-5 com espiras polares cruzadas – côncava e
convexa.

Na Figura 46 pode-se observar um comparativo entre os coeficientes de trans-


missão simulado e medido para o protótipo da FSS-5 construída. Os resultados
experimentais estão em excelente concordância com as simulações do ANSYS Desig-
ner™. A frequência de ressonância medida (2,44 GHz) apresentou um deslocamento
de 0,4% quando comparada com a frequência de ressonância simulada (2,45 GHz).
A largura de banda medida foi de 672 MHz, cobrindo toda a faixa de operação dos
sistemas WLAN (IEEE 802.11b).

64
Figura 46: Comparação das respostas em frequência para FSS-5 com espiras polares
cruzadas – côncava e convexa, resultados simulado e medido, |S21 | em dB.

A fim de verificar a estabilidade em frequência do protótipo, foram realizadas


medições considerando a incidência oblíqua da radiação eletromagnética para os va-
lores de 0, 10, 30 e 50 graus. Observando a Figura 47 verifica-se que a resposta em
frequência é estável em relação ao ângulo de incidência. O desvio máximo na frequên-
cia de ressonância foi de 1,18%. Analisando a diferença percentual da frequência de
ressonância a cada ângulo medido, confirma-se a excelente estabilidade em frequência.
Por exemplo, a diferença percentual da frequência na incidência normal até 10 graus
foi de 0,4%. O desvio máximo acontence no ângulo de 30 graus (1,18%) como citado
anteriormente, contudo muito baixo para o projeto. Por fim, a diferença percentual no
ângulo de 50 graus é de 0,08%. A comparação dos valores númericos dos parâmetros
ressonantes medidos e simulados são apresentados na tabela 9.

Tabela 9: FSS-5 com espiras polares cruzadas – côncava e convexa: comparação


entre os valores numéricos obtidos.

Parâmetros
FSS-5 f r1 BW1 |S21 |
(MHz) (dB)
Simulado 2450 750 -26,42
Medido 2440 672 -29,49
Diferença % -0,41 -10,40 11,62

65
Em relação as larguras de banda verificou-se que até a variação angular de 30
graus houve um aumento na largura de banda. Por exemplo, em 10 graus a largura de
banda aumentou 22,32%. No ângulo de 30 graus o aumento foi de 16,6% em relação a
largura de banda da incidência normal. Na última angulação medida, ou seja 50 graus,
a largura de banda foi semelhante a largura de banda da incidência inicial.

Figura 47: Resultados medidos para FSS-5 com espiras polares cruzadas – côncava e
convexa, em função do ângulo de incidência.

66
7 Considerações Finais

Nesta dissertação foi realizado um estudo das propriedades ressonantes de


filtros espaciais FSS do tipo rejeita-faixas com elementos polares para aplicações
indoor de redes locais sem fio. A análise das FSS abordadas foi feita em termos de
resultados simulados e medidos do coeficiente de transmissão, a partir dos quais, os
parâmetros frequência de ressonância e largura de banda foram obtidos. A estabilidade
destes parâmetros em função do ângulo de incidência da radiação eletromagnética
foi verificada. Os filtros espaciais FSS foram projetados para operação em uma ou
duas bandas, considerando-se as faixas de frequências de operação para as redes
locais sem fio, em 2,4 GHz e 5,8 GHz. Nos projetos dos filtros espaciais FSS foram
considerados o uso de dois tipos de substratos dielétricos: fibra de vidro (FR-4) e vidro.
Destaca-se neste trabalho a metodologia empregada para a geração/simulação de
elementos polares. Através desse método é possível gerar diversos tipos de elementos
e importá-los no software de simulação.

Os protótipos fabricados com substrato fibra de vidro FR-4, apresentaram bons


resultados. Em especial as FSS-1 com duas espiras polares côncavas e FSS-3 com
patch convexo e abertura em forma de espira côncava. Estes dois filtros demonstraram
propriedades de rejeição nas duas bandas de operação 2,4 GHz (IEEE 802.11b) e 5,8
GHz (IEEE 802.11a), como também boa estabilidade em frequência. No entanto, a FSS-
2 com duas espiras polares - côncava e convexa apresentou problemas na estrutura
dos elementos, isto é, pontos de curto-circuito foram identificados entre as espiras de
raio menor e raio maior. Dessa forma, provavelmente influenciando nos parâmetros
eletromagnéticos. Contudo, o resultado da FSS-2 com duas espiras polares - côncava
e convexa para a primeira banda de rejeição (2,45 GHz) foi excelente. A diferença
percentual entre o resultado simulado e medido para a resposta em frequência de
ressonância foi de 0,65%.

As superfícies seletivas em frequência com substrato vidro projetadas para


comportarem-se como filtros rejeita-faixas de sinais WLAN, apresentaram excelentes
propriedades de rejeição nas bandas de operação. A diferença percentual entre os
resultados simulado e medido para as respostas em frequência de ressonância dos
protótipos foi no máximo 0,4%. A FSS-5 com espiras polares cruzadas – côncava e con-

67
vexa apresentou excelente estabilidade em frequência, o desvio máximo na frequência
de ressonância foi de 1,18%. Modificando um ambiente interno através da aplicação
desses filtros na janela, pode-se obter o isolamento do local, uma vez que filtram sinais
nas bandas de 2,4 GHz (IEEE 802.11b) e 5,8 GHz (IEEE 802.11a). Permitindo que
ambas as redes possam operar separadamente sem quaisquer interferências.

BW S21

7.1 Proposta para trabalhos futuros

Propõem-se os seguintes trabalhos futuros:

• Estudar outros tipos de transformações para gerar elementos de FSS, além de


transformações polares;

• Utilizar substrato de papel de parede;

• Estudar possibilidades de direcionamento da pesquisa para contextos específicos


como por exemplo: segurança de instituições públicas e privadas.

68
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