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de Moçambique

www.canalmoz.co.mz Maputo, Quarta-Feira, 04 de Setembro de 2013

30 Meticais Director: Fernando Veloso | Ano 8 - N.º 868 | Nº 216 Semanário

Jogadas sujas para proteger CNE

Governo golpeia
Conselho Constitucional
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2 Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 04 de Setembro de 2013

Destaques
CNE é legal ou ilegal?

Conselho Constitucional lava as mãos


nos recursos da Renamo e OMD
Ainda não está definitivamente esclarecido se à luz do direito a CNE é legal ou inexistente
Renamo promete recorrer ao Tribunal Administrativo sobre formação da CNE, e OMD quer
avançar para a Comissão Africana dos Direitos Humanos

Fernando Veloso dade da Renamo recorrer ago- na CNE não tomarem posse. tória geral, a inconstitucionali- ilegalidade da Deliberação 17/
ra ao Tribunal Administrativo. A Renamo não chegou ainda a dade das leis e a ilegalidade dos CNE/2013, de 23 de Maio.
O Conselho Constitucional A Oposição de Mãos Dadas indicar os seus representantes na demais actos normativos dos No caso da Oposição de Mãos
(CC) já se pronunciou sobre os (OMD) – uma coligação in- CNE porque discorda da com- órgãos do Estado, em qualquer Dadas (OMD), esta coligação
recursos que lhe foram subme- formal de quatro partidos que, posição deste órgão eleitoral. momento da sua vigência” e em de partidos já se pronunciou
tidos pela Oposição de Mãos embora extraparlamentares, A Renamo discorda ain- (2.) define que “Podem solicitar em Conferência de Impren-
Dadas (OMD) e a Renamo, são legais – poderá vir a recor- da da composição do STAE ao Conselho Constitucional a sa, na última terça-feira (03
respectivamente. No caso da rer à Comissão Africana dos aos mais diversos níveis. declaração de inconstitucionali- de Setembro de 2013), sobre
OMD julgou “intempestivo” o Direitos Humanos e dos Po- A Renano quer “paridade” de dade das leis ou de ilegalidade o Acórdão do Conselho Cons-
recurso e, consequentemente, vos, insatisfeita com a decisão todos os partidos com represen- dos actos normativos dos ór- titucional e disso damos con-
não lhe reconheceu “mérito”. do Conselho Constitucional. tação parlamentar nos órgãos gãos do Estado: a) o Presidente ta noutra notícia nesta edição.
No caso da Renamo, decidiu Já a Renamo poderá vir den- eleitorais a todos os níveis, do da República; b) o Presidente O Acórdão do Conselho
“não admitir o pedido de decla- tro de dias a recorrer ao Tribu- topo à base, isto é, quer igual- da Assembleia da República; Constitucional sobre o recurso
ração” da ilegalidade da CNE nal Administrativo para pedir a dade, “paridade” na CNE e co- c) um terço, pelo menos, dos da OMD recaiu sobre o Pro-
por julgar que a Renamo não fiscalização sucessiva abstracta missões eleitorais provinciais, deputados da Assembleia da cesso n.º 04/CC/2013 e leva
possui “legitimidade processual de legalidade no caso da CNE distritais e de cidade e também República; d) o Primeiro-Mi- a referência 02/CC/2013, de
activa para o efeito” do recurso, que considera sem existência aos mais diversos níveis do nistro; e) o Procurador-Geral 30 de Agosto. No título deste
“nos termos do n.º 2 do Artigo legal por estar incompleta até Secretariado Técnico de Ad- da República; f) o Provedor de Acórdão distribuído à OMD,
245 da Constituição da Repú- que todos os membros que a ministração Eleitoral (STAE). Justiça; g) dois mil cidadãos. o CC cometeu o erro de refe-
blica de Moçambique (CRM), devem integrar nos termos da O Artigo 245 da CRM, que Foi na base desta passagem da renciar o Acórdão como sendo
assim como no n.º 1, 1a parte, lei que a cria tomem posse. versa sobre a “Solicitação de Constituição que o Conselho de 2009, embora seja de 2013.
do Art. 49 da Lei 6/2006, de A Renamo entende que a apreciação de inconstitucionali- Constitucional considerou que O Conselho Constitucional
2 de Agosto, Lei Orgânica do CNE não existe e por isso nada dade”, no seu n.º 1, refere que “O a Renamo carece de legitimi- no Acórdão sobre o recurso da
Conselho Constitucional”, mas pode deliberar enquanto os Conselho Constitucional apre- dade processual activa no caso
deixou em aberto a possibili- seus próprios representantes cia e declara, com força obriga- em que pede a declaração de (Continua na página seguinte)
Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 04 de Setembro de 2013 3

Destaques
(Continuação da página anterior)

OMD cita a CNE a argumen- processo, “foi publicada no requerimento de interposição empresa pública com dupla os prazos, levando às situa-
tar que “a bancada parlamen- Boletim da República n.º 57, I do recurso” (no CC) “na terça- tutela. Tem a tutela do Minis- ções como esta agora dirimida
tar da Renamo na Assembleia Série, 2.º Suplemento, de 17 de -feira 06 de Agosto de 2013, tério da Justiça e ainda a tute- pelo Conselho Constitucional.
da República foi devidamente Julho de 2013” e a OMD tinha ou seja, já depois do prazo ha- la do Ministério das Finanças.
notificada para apresentar os três dias para dele recorrer a ver expirado”, diz o Conselho A autorização para qual- Os BRs estão a ser publi-
seus dois representantes para partir da data do conhecimento Constitucional no Acórdão. quer edição do BR ser im- cados com datas que não cor-
integrarem a CNE e não exer- da decisão da CNE, cfr o art. Concluiu então o CC que presso, no que respeita à I Sé- respondem à data em que
ceu esse direito” e “o preen- 117, n.º 2, da Lei 6/2006, de como o recurso entrou “manifes- rie, depende do Secretariado os mesmos são postos à dis-
chimento das vagas relativas 02 de Agosto, Lei Orgânica do tamente fora de tempo” o recur- do Conselho de Ministros. posição do público na livra-
aos membros a designar pela Conselho Constitucional, res- so não podia “conhecer mérito”. A matéria eleito- ria da Imprensa Nacional.
Renamo aguarda o gozo do peitante aos recursos eleitorais. A OMD queria que o CC ral é publicada na I Série. No caso concreto do BR 57,
direito” pelo que “a CNE não O CC baseou-se na data do declarasse a CNE ilegal por O Conselho de Ministros é I Série, este tem data de 17 de
pode ser responsabilizada pelo Boletim da República em que não estar devidamente cons- dirigido pelo Chefe do Governo Julho de 2013 mas só foi pos-
incumprimento do dever por a Deliberação que a OMD foi tituída e assim essa matéria que é simultaneamente o Presi- to à venda ao público no dia 02
parte do Partido Renamo”. tentar impugnar junto do CC ficou sem resposta porque o dente da República, um dos in- de Setembro corrente, isto é,
O Conselho Constitucional foi publicada. E sendo assim CC achou que o pedido de im- teressados porque ou concorren- na última segunda-feira. Entre
(CC) não se pronunciou sobre o CC refere no acórdão que “o pugnação entrou fora de prazo. te às eleições ou presidente de a data do referido BR e a data
a legalidade da CNE, no re- último dia do prazo para inter- Sobre esta questão do pra- um dos partidos concorrentes, em que o público teve acesso a
curso apresentado pela coliga- por recurso da Deliberação 26/ zo, convidamos o leitor a ler neste caso o Partido Frelimo. ele decorreram 46 dias. Se al-
ção OMD. Como considerou CNE/2013 da CNE era 20 de um outro artigo sobre as da- O Secretariado do Conselho guma parte interessada quiser
que a OMD interpôs recurso Julho, mas como se tratava de tas dos Boletins da República de Ministros enquanto não au- recorrer ao Conselho Constitu-
fora de prazo, não respondeu um sábado o prazo transferia- estampadas em cada edição torizar a publicação dos BRs cional sobre matéria constan-
sequer à matéria recorrida. -se para um dia útil, o que nesse dos BRs e a data em que os – I Série, a Imprensa Nacional te neste Boletim da República
O CC, no acórdão sobre o caso seria 22 de Julho de 2013. mesmos são disponibilizados não pode proceder à impressão. certamente que irá constatar
recurso da OMD, conside- “Sucede que os recorrentes efectivamente na livraria da Esta faculdade dá ao Secreta- o Conselho Constitucional a
rou que a Deliberação n.º 26/ (NR: os partidos representados Imprensa Nacional ao público. riado do Conselho de Minis- considerar a data do BR e a
CNE/2013, em análise neste na OMD) deram entrada do seu A Imprensa Nacional é uma tros a possibilidade de viciar negar o recurso intempestivo.

Caso do recurso da Renamo no Conselho Constitucional


No caso do recurso da Rena- que a Renamo recorreu nes-
mo, o Conselho Constitucio- te processo junto do Conselho
nal (CC) pronunciou-se atra- Constitucional “aprova a elei-
vés do Acórdão 03/CNE/2013, ção do Presidente” da CNE.
de 30 de Agosto, que recaiu O CC admite que a maté-
sobre o Processo 06/CC/2013. ria da deliberação da CNE em
A Renamo queria que a De- questão nos termos da legisla-
liberação 17/CNE/2013, de 23 ção aplicável deveria ser tra-
de Maio, publicada no BR 41, tada como uma Resolução e
I Série, de 23 de Maio de 2013 não como uma Deliberação.
fosse declarada ilegal por ine- Mas “não obstante a sua exte-
xistência da CNE dado que, no riorização na forma de Delibe-
seu ponto de vista, esta não se ração, o acto de designação do
encontra devidamente consti- Presidente da Comissão Nacio-
tuída, pelo facto dos membros nal de Eleições, cuja legalidade
da Renamo que a deveriam in- é impugnada nos presentes au-
tegrar não terem tomado posse. tos, é indubitavelmente um acto
de natureza individual e concre-
Entende a Renano que a ta, qualificável como acto ad-
CNE como não está devida- ministrativo, por conseguinte,
mente formada nos termos da não possui a dignidade material
lei que a cria e estabelece a necessária para merecer a quali-
sua composição, por os seus dade de acto normativo possível
representantes não terem to- de impugnação perante o Con-
mado posse. Por isso alega selho Constitucional e em pro-
que a CNE não estando devi- cesso de fiscalização sucessiva
damente formada nos termos abstracta de legalidade”. Com
de preceitos legais do Direito este argumento o CC não per-
Administrativo nunca poderia mitiu que se conheça em defini-
ter eleito o presidente da CNE. tivo como é que à luz da ordem
No caso deste recurso da jurídica no país se deve consi-
Renamo o Conselho Constitu- derar a existência legal ou ine-
cional não alegou que este deu xistência da Comissão Nacional
entrada fora de prazo, embora de Eleições. A matéria é agora
tenha a dado passo aludido que sabido que compete ao Tribunal
poderia ter recorrido a esse as- Administrativo. O Canal de Mo- gadamente o Conselho Consti- cerca de ano e meio a deliberar eleições autárquicas marcadas
pecto para rejeitar o recurso. çambique soube, entretanto, de tucional já se ter revelado não sobre qualquer recurso que lhe para 20 de Novembro do cor-
O CC, no entanto, não dei- fonte próxima da Renamo que ser competente para apreciar seja submetido. Sendo assim, é rente ano, salvo se vir a haver
xou de se pronunciar sobre o partido liderado por Afonso um processo de fiscalização su- muito pouco provável que o TA pressão do Governo ou do Par-
outros aspectos que consi- Dhlakama vai interpor recurso cessiva abstracta de legalidade. se venha a pronunciar sobre a tido no poder sobre os magis-
derou oportuno esclarecer. junto do Tribunal Administrati- O Tribunal Administrativo existência ou não existência le- trados do Tribunal Administra-
A Deliberação da CNE de vo, nos próximos dias, por ale- (TA) tem levado, comummente, gal da CNE, antes das próximas tivo. (Canal de Moçambique)
4 Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 04 de Setembro de 2013

Destaques

Boletins da República ridicularizam


Conselho Constitucional
PCA da Imprensa Nacional admite que a publicação efectiva de BRs está com
atraso de 40 a 50 dias

Fernando Veloso e O Canal de Moçambique con- deixado passar esse facto sem nr.57, I Série, 2.0 Suplemento, cional foi publicada no BR 57,
Matias Guente tactou o Presidente do Conselho que interferisse na sua decisão de 17 de Julho de 2013. Com- I Série, 2.0 Suplemento, que os-
de Administração da Imprensa porque deu mais importância prometeu-se a dar-nos os escla- tenta a data de 17 de Julho de
As datas ostentadas nos BRs Nacional, Armindo dos Santos a outros aspectos como referi- recimentos pretendidos, no dia 2013, mas efectivamente o BR
(Boletins da República – Pu- Matos, para perceber o que se mos noutra peça desta edição. seguinte, ou seja, a 03 de Setem- só foi posto à venda no dia 02
blicação Oficial da República passa com os Boletins da Re- O PCA da Imprensa Nacional bro de 2013. E assim foi. Mas de Setembro de 2013. O Con-
de Moçambique) estão a ser- pública, datas que exibem e não foi capaz de precisar à nos- na terça-feira, 03 de Setembro, selho Constitucional (CC) pro-
vir de base para o Conselho os atrasos das edições na sua sa Reportagem as datas exactas disse ao Canal de Moçambique duziu um Acórdão no dia 30 de
Constitucional julgar recur- disponibilização ao público. em que os BR deram entrada na o seguinte: “Não posso precisar, Agosto a afirmar expressamente
sos que lhe são submetidos, Armindo de Matos confirmou Imprensa Nacional com o vis- o que tenho são as datas da sua que o prazo para interposição
mas a Imprensa Nacional está que o Boletim da República no to do secretariado do Conselho disponibilização para a venda”. do recurso pela OMD termina-
com um atraso de 40 a 50 dias 57, 2.0 Suplemento, de 17 de de Ministros, a quem compete O PCA da Imprensa Nacional va a 22 de Julho de 2013. E por
entre as datas expressas nas Julho de 2013, só foi disponibi- dar autorização para se impri- confirmou que há atrasos na pu- isso não deu provimento ao re-
publicações e a sua disponi- lizado ao público no dia 02 de mir as matérias da I Série, em blicação dos BRs e consequente curso, tendo-o julgado “intem-
bilização efectiva ao público. Setembro de 2013, de resto uma todas as edições do Boletim da discrepância entre a sua data e pestivo”. Quando o CC se pro-
O secretariado do Conselho informação que já havia sido República – Publicação Oficial a sua efectiva disponibilização nunciou a julgar intempestivo o
de Ministros, que depende do avançada ao Canal de Moçam- da República de Moçambique. ao público, mas não precisou o recurso do OMD ainda nem se-
chefe do Governo que é simul- bique por um funcionário da Armindo de Matos foi con- tempo médio para a publicação quer havia BR. Já a Deliberação
taneamente o chefe de Esta- Imprensa Nacional, na livraria tactado pela primeira vez pela do BR. Disse que tudo depende 17/CNE/2013, de 23 de Maio,
do, presidente da República e da empresa, e corroborada por nossa Reportagem cerca das 15 do secretariado do Conselho de foi publicada no BR n.º 41, I
presidente do Partido Frelimo outra fonte da área de produ- horas do dia 02 de Setembro Ministros, pois é quem man- Série, com a mesma data – 23
– parte interessada nos proces- ção, na tarde da última segunda- corrente. Nessa altura os autores da publicar os BRs, no que se de Maio de 2013. Mas o PCA
sos eleitorais e partido no po- -feira, 02 de Setembro de 2013. desta peça pediram-lhe que nos refere apenas à I Série. “Isso da Imprensa Nacional disse-nos
der – é a entidade competente Em relação ao BR 41 – I informasse se na mesma data não é da responsabilidade nos- esta última terça-feira que o BR
para aprovar as matérias que Série, de 23 de Maio de 2013, que consta nas edições do BR as sa (Imprensa Nacional). Nós só foi posto à venda ao público
são publicadas na primeira série Armindo Matos disse-nos que publicações são postas à venda dependemos dos documentos no dia 03 de Julho de 2013. Isso
do Boletim da República, dis- foi disponibilizado para venda na livraria da Imprensa Nacio- que recebemos do secretaria- significa um atraso de 40 dias.
se ao Canal de Moçambique o ao público no dia 03 de Julho nal. Matos disse-nos que não, do do Conselho de Ministros”, No caso do BR 57, o atra-
presidente do Conselho de Ad- de 2013. Neste BR foi publi- porque ainda tinham de ir im- esclareceu Armindo Matos. so entre a data efectiva do BR
ministração da Imprensa Nacio- cada a deliberação citada no primir, etc. Ficou de nos escla- A deliberação n.º 26/ e a data em que foi disponibi-
nal, Empresa Pública, quando recurso da Renamo que o CC recer em que dia foram impres- CNE/2013 que a Oposição de lizado efectivamente ao pú-
recebeu a nossa Reportagem também entendeu que entrou sas as primeiras séries dos BRs Mãos Dadas (OMD) usou para blico é de cerca de 46 dias.
no seu gabinete, em Maputo. fora do prazo embora tenha nr.41, de 23 de Maio de 2013, e recorrer ao Conselho Constitu- (Canal de Moçambique)
Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 04 de Setembro de 2013 5

Destaques

Oposição de Mãos Dadas indignada


com Conselho Constitucional
“O Grupo de Juízes-Conselheiros (do Conselho Constitucional) perdeu uma grande
oportunidade de limpar a negativa e nebulosa imagem que a Justiça moçambicana tem,
levando os cidadãos a reiterarem a necessidade de fazerem justiça pelas próprias mãos
e ao uso da força armada para fazerem valer as suas reivindicações, não obstante, nós
mantermos o nosso desejo de ver a justiça a ser feita com base nas Leis e nas Instituições
que deveriam garantir a justiça, a ordem pública e a segurança dos cidadãos.”

Vasco Campira

Redacção do CC surgiu através do Acór- relativamente ao ano, foi erra- com o prazo estabelecido na Lei a Justiça moçambicana tem,
dão nº-02/CC/2009 (NR: 2009, damente grafada, constituindo orgânica daquela Instituição, a levando aos cidadãos a reite-
A coligação extraparlamen- não 2013, note-se). Como isso uma incongruência, pois o Lei nº-6/2006, de 2 de Agosto. rarem a necessidade de faze-
tar “Oposição de Mãos Dadas” o Conselho Constitucional Acórdão foi produzido no cor- 3º-Julgamos que a questão rem a justiça pelas próprias
(OMD), formada pelo PASO- pronunciou-se desfavoravel- rente ano, para o que julgamos de fundo por nós colocada e mãos e ao uso da força arma-
MO (Partido de Ampliação So- mente, tal como o Canal de ter havido um lapso, mas que que devia ser apreciada, cap- da para fazerem valer as suas
cial de Moçambique), PALMO Moçambique dá conta nou- é imperdoável e inadmissível ciosamente, não foi devida- reivindicações, não obstante,
(Partido Liberal de Moçambi- tra notícia nesta edição, esta por parte de um Órgão que de- mente apreciada, pois, nos nós mantermos o nosso dese-
que), PPD (Partido Popular e terça-feira (03 de Setembro via ser impecável, meticuloso termos da doutrina jurídica jo de ver a justiça a ser feita
Democrático) e PLD (Partido de 2013) a coligação lidera- e exemplo de competência. e nos do nº-2 do artigo 130 com base nas Leis e nas Ins-
de Liberdade e Desenvolvi- da por Vasco Campira (OMD) 2º-O Acórdão foi-nos entre- da Lei nº-14/2011, de 10 de tituições que deveriam garan-
mento), submeteu um pedido promoveu uma conferência de gue fora do prazo, consideran- Agosto (Lei do Procedimento tir a justiça, a ordem pública
de impugnação ao Conselho Imprensa a insurgir-se contra do que a impugnação remetida Administrativo), a nulidade e a segurança dos cidadãos.
Constitucional (CC), em 6 de o Conselho Constitucional e por nós à CNE (Comissão Na- é invocável a todo o tempo e
Agosto do corrente ano, para a expor os seus argumentos. cional de Eleições) foi no dia por qualquer interessado. Mas Ignoraram as Doutrinas
pedir a esse Órgão Jurídico- Note-se que os Acór- 6 de Agosto do corrente ano, e não foi isto que aconteceu. de Marcelo Caetano, Cau-
-Constitucional a nulidade da dãos do Conselho Consti- aquela, por sua vez, remeteu o 4º-O CC, talvez para não pers e de Freitas de Amaral,
Deliberação nº-26/CNE/2013, tucional não admitem re- expediente ao CC no dia 09 de ficar embaraçado perante o Constitucionalistas interna-
de 17 de Julho, e agora que curso em Moçambique. Agosto do corrente ano, sendo poder político, escolheu a via cionalmente renomados.”
o CC já produziu o Acórdão Pela importância da matéria, que o Conselho Constitucional mais cómoda e fácil, lavando À margem da conferência
veio esta terça-feira (03 de reportámos aqui os argumentos deveria ter-se pronunciado até as mãos tal como fez o Pôncio de Imprensa, soubemos que a
Setembro de 2013) a público referidos pela OMD no comu- ao dia 24 de Agosto, mas que Pilatos perante Jesus Cristo. OMD está a considerar a hi-
manifestar a sua indignação. nicado distribuído à Imprensa: só se pronunciou no dia 30 de 5º-O Grupo de Juízes-Con- pótese de avançar com uma
O processo no Conselho Agosto, ou seja, 6 dias depois selheiros perdeu uma grande queixa junto da Comissão
Constitucional correu sob o O que diz a OMD: de expirado o prazo legal, o que oportunidade de limpar a ne- Africana dos Direitos Huma-
n.º 04/CC/2013, e a resposta “1º-A referência do Acórdão, significa que o CC não cumpriu gativa e nebulosa imagem que nos. (Canal de Moçambique)
6 Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 04 de Setembro de 2013

Análise

Polémica sobre a legalidade da CNE e os


acórdãos do Conselho Constitucional (*)
Por: Professor Gilles Cistac

Sobre os Acórdãos n.° 02/CC/2009, de 30 de Agosto e n.°03/CC/2013, de


30 de Agosto do Conselho Constitucional
O Conselho Constitucional cação” no Boletim da República boa vontade de um particular. O liberação impugnada? Pode-se que complicam mais do que fa-
proferiu, no dia 30 de Agosto de “se destina a dar conhecimento Tribunal Administrativo definiu, verificar e apreciar, facilmente, cilitam, a percepção e o entendi-
2013, dois (2) acórdãos relacio- público da sua existência e, por- em termos semelhantes, a noção as contradições do Conselho mento da solução proferida pelo
nados directa ou indirectamente tanto, só a partir da sua distri- de “publicação” no Acórdão n.° Constitucional que em 2008, Conselho Constitucional. Com
com o processo eleitoral que está buição pública eles passam a ter ALFÂNDEGA DE MAPUTO, com toda razão, diz uma coisa efeito, depois de se ter debruça-
decorrendo no país. Apesar desta eficácia jurídica...”, e no caso de 22 de Julho de 2000 (Acór- e em 2013, vem defender o con- do sobre as qualificações e ter-
promiscuidade material, os pedi- referido o Conselho Constitu- dão n.° 5/2000). Nessa decisão trário. Pois, é claro que, partindo minologias erradas do autor do
dos envolviam actos distintos. cional aplicou escrupulosamente o referido Tribunal decidiu que: de um pressuposto errado – data recurso (p. 6), o Conselho Cons-
No primeiro acórdão tratava- este comando. É de realçar que “ … a expressão “publicada no do início da contagem do prazo titucional argumentou de forma
-se da questão da legalidade da no mesmo acórdão o Conselho jornal oficial” não pode signifi- de recurso – a solução, também, a explicar que o autor do recurso
Deliberação n.° 26/CNE/2013 Constitucional precisou que: car apenas “grafada no jornal apenas podia ser errada – não se “enganou” com a utilização
da Comissão Nacional de “Reforça-se esta conclusão com oficial”. Publicada tem de sig- conhecimento do recurso. Mais da palavra “recurso”, recorrendo
Eleições, enquanto no segun- o preceituado no n.° 2 do arti- nificar tornada pública, através gravoso é o facto apurado na Im- às disposições do CAPÍTULO I
do tratava-se da legalidade da go 1 da citada Lei n.° 6/2003, do jornal oficial. Ora, se o jor- prensa Nacional que demonstra do TÍTULO VII da LOCC. Fa-
Deliberação n.°17/CNE/2013 de 18 de Abril, nos ternos do nal não foi posto à disposição que o famoso “Boletim da Repú- zendo isso, parece que a jurisdi-
da mesma. Contudo, o resulta- qual “para efeitos estabelecidos dos destinatários da lei, é óbvio blica n.° 57, I Série, 2.° Suple- ção constitucional teceu alguns
do foi idêntico nos dois casos no número anterior, o prazo de que estes dela não terão conhe- mento, de 17 de Julho de 2013”, argumentos demasiado forçados
– rejeição: no primeiro caso o quinze dias conta-se a partir da cimento; e se a lei, que deve re- onde foi publicado a Delibera- visto que em nenhum momento
recurso foi julgado intempesti- data da efectiva publicação das gular as relações jurídicas entre ção recorrida, foi apenas posta no pedido o autor do “Recurso”
vo (1); no segundo, o Conselho leis e demais diplomas …”. A os homens a eles não chegou, na venda dois (2) dias depois da mencionou as referidas disposi-
Constitucional declarou-se im- inobservância do disposto na úl- ela será inexistente. Não se trata proferição do Acórdão! Nessas ções da LOCC mas apenas o Ar-
plicitamente incompetente (2). tima parte do n.° 2 do artigo 1 do desconhecimento particular Condições, como os recorren- tigo 11 da Lei n.° 6/2013, de 22
da Lei n.° 6/2003 “… só pode de uma pessoa ou de um grupo tes podiam ter conhecimento de Fevereiro que dispõe: “Das
1. No Acórdão n.° 02/ fazer incorrer em responsabili- de pessoas, mas da generalida- da data grafada no Boletim da deliberações da Comissão Na-
CC/2009, de 30 de Agosto, o dade os indivíduos ou institui- de das pessoas, uma vez que o República com a qual o Conse- cional de Eleições cabe recurso
Conselho Constitucional sus- ções a quem seja imputável a jornal oficial, no nosso caso, o lho Constitucional determinou o para o Conselho Constitucio-
tentou o não conhecimento do ilegalidade cometida, e nunca Boletim da República, não ti- início da contagem do prazo do nal”. Contrariamente, as afirma-
mérito do recurso interposto em prejuízo dos legítimos inte- nha sido posto à disposição do recurso? Um verdadeiro pesade- ções contidas no Acórdão não
pelos Recorrentes Vasco Mboia resses e direitos dos cidadãos público”. Praticamente, como lo! Os efeitos desta decisão são havia, à partida, “incongruên-
Campira e outros, no fundamen- destinatários de leis ou outras refere a jurisdição administrati- bastante perturbadores e dramá- cias” em chamar o pedido de
to da sua intempestividade. Para normas de obrigatória publica- va, é o dia no qual o Boletim da ticos para os recorrentes. Sendo “Recurso” se a própria lei o de-
chegar a esta conclusão, a juris- ção”. Nesta perspectiva é inte- República “foi posto à venda, de os acórdãos do Conselho Cons- signa assim devido à forma do
dição constitucional estabele- ressante proceder à identificação acordo com a informação pres- titucional irrecorríveis (Artigo acto praticado pela Comissão
ceu que: “No caso em análise, “dos responsáveis”: quem seria tada pelo Director da Imprensa 4 da Lei Orgânica do Conselho Nacional de Eleições (“Delibe-
a Deliberação n.° 26/CNE/2013 susceptível de ser responsabili- Nacional” que constitui a data Constitucional (LOCC)), ape- ração”). Mas o Conselho Consti-
foi publicada no Boletim da Re- zado hoje, a Comissão Nacional da publicação e não aquela que nas existe a via Regional para tucional assumiu um zelo exces-
pública n.° 57, I Série, 2.° Suple- de Eleições que praticou actos consta, formalmente, do Bole- dirimir o litígio. Com efeito, a sivo ao desenvolver - em três (3)
mento, de 17 de Julho de 2013 fundamentados numa norma tim da República. A doutrina decisão do Conselho Constitu- páginas de argumentação - uma
(…) o prazo para a interposição que ainda não está vigente ou o dominante é pacífica sobre esta cional viola, flagrantemente, o questão que não foi levantada
do recurso é de 3 (três) dias a próprio Conselho Constitucional questão (vide, em particular, princípio da tutela jurisdicional pelo “Recorrente” e que não era
contar da data do conhecimento por ter dado efeitos a uma norma CISTAC G., Direito Processu- efectiva consagrado e protegido de interesse para o “Recurso”.
da decisão da Comissão Nacio- ainda não publicada? No Acór- al Administrativo Contencioso, pelo Artigo 7 da Carta Africa- Com efeito, se a questão prévia é
nal de Eleições”, sendo “o últi- dão n.° 03/CC/2013, de 30 de Vol. I, Maputo, Escolar Editora, na dos Direitos Humanos e dos a da legitimidade do “Recorren-
mo dia do prazo para interpor Agosto, o Conselho Constitucio- 2010, pp. 175-176). Além dis- Povos. Assim, os recorrentes po- te” não era preciso provocar uma
recurso da Deliberação n.° 26/ nal foi mais subtil indicando que so, o princípio de transparência deriam processar o Estado mo- nuvem de argumentos relaciona-
CNE/2013 da Comissão Nacio- deve ser presumido “… que foi administrativa consagrado pelo çambicano perante a Comissão dos com um assunto que não
nal de Eleições” o dia “20 de a partir da data da publicação Artigo 15 da Lei n.° 14/2011, Africana dos Direitos Humanos ajuda em nada à solução do pe-
Julho de 2013”. O Conselho da Deliberação que da mesma de 10 de Agosto estabelece que e dos Povos pela violação do dido. Assim, apesar do forte im-
Constitucional decidiu não co- o ora Requerente teve conheci- os actos regulamentares e admi- referido Artigo 7 e pedir repa- pacto visual, esta demonstração
nhecer do mérito do recurso. Só mento” (p. 9). Como se pode, nistrativos “… são publicados ração pelo prejuízo causado. Já era objectivamente desnecessá-
que o Conselho Constitucional facilmente, apreciar, no Acórdão de modo tal que os administra- a jurisprudência da Comissão ria. Contudo, apesar da existên-
não interpretou a palavra “pu- n.° 5/CC/2008, de 8 de Maio, o dos possam saber, antecipada- Africana é bastante consolida- cia de argumentos estranhos
blicação” desta forma na sua Conselho Constitucional não le- mente, as condições jurídicas do e os recorrentes poderiam para a resolução do “caso RE-
jurisprudência anterior que é, vantou este problema e procurou em que podem efectuar os seus obter a condenação do Esta- NAMO”, o Conselho Constitu-
em todo ponto, partilhada pelo oficiosamente a data da “publi- interesses e exercer os seus di- do moçambicano neste fórum. cional consagrou uma demons-
Tribunal Administrativo e pela cação” (da distribuição pública) reitos”. Nesta perspectiva, como tração digna de interesse, pelo
doutrina dominante. Com efeito, o que é lógico porque a data do os recorrentes podiam exercer os 2. O Acórdão n.°03/CC/2013, menos, sobre dois aspectos do
o Conselho Constitucional no início da eficácia jurídica de uma seus direitos antes de conhecer, de 30 de Agosto é de difícil aces- “Recurso”. O primeiro é o fun-
Acórdão n.° 5/CC/2008, de 8 de norma jurídica é de ordem públi- oficialmente, o teor (por via da so porque mitiga vários argu-
Maio deixou claro que a “publi- ca e não depende da prova ou da disposição ao público) da De- mentos, às vezes desnecessários, (Continua na página seguinte)
Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 04 de Setembro de 2013 7

Análise
(Continuação da página anterior)

damento da não admissão do re- no seu pedido em nenhum mo- apenas eleições políticas (elei- 1 do Artigo 117 da LOCC”. Mas forma de Deliberação, o acto de
curso e o segundo é a competên- mento pediu a declaração de in- ções do Presidente da República, se o Conselho Constitucional designação do Presidente da
cia da jurisdição administrativa constitucionalidade de uma dis- dos deputados, dos presidentes esforçou-se a demonstrar que o Comissão Nacional de Eleições,
para dirimir este litígio. No que posição da Lei n.° 6/2013, de 22 dos Conselhos municipais e dos regime de contencioso eleitoral cuja legalidade é impugnada
concerne ao primeiro aspecto, o de Fevereiro. O Requerente refe- membros das Assembleias mu- do CAPÍTULO I do TÍTULO nos presentes autos, é indubita-
Conselho Constitucional de- riu apenas que a “designação de nicipais e membros das Assem- VII da LOCC – onde está inte- velmente um acto de natureza
monstrou que o requerimento “juiz indicado pelo Conselho bleias provinciais). Existem, grado o Artigo 117 – não se apli- individual e concreta, qualificá-
em causa estava enquadrado na Superior …” viola o Artigo 219 também, eleições profissionais e ca neste processo, porque extrair vel como acto administrativo,
espécie de processo de fiscaliza- da Constituição (p. 3) e que, este eleições administrativas. Estas e mencionar uma disposição ina- por conseguinte, não possui a
ção sucessiva abstracta de legali- facto inviabiliza a própria “cons- últimas visam a constituição de plicável (n.° 1 do Artigo 117 da dignidade material necessária
dade, regulada no Artigo 48 da tituição” da CNE. Por outras pa- órgãos administrativos na totali- LOCC)? O “Recorrente”, base- para merecer a qualidade de
LOCC. A partir da classificação lavras, o Requerente pedia ao dade ou em parte. Por exemplo, ando apenas a sua legitimidade acto normativo passível de im-
do pedido pelo Conselho Consti- Conselho Constitucional que, existe eleição de membros do processual no Artigo 11 da Lei pugnação perante o Conselho
tucional, a natureza da decisão em face de factos jurídicos in- Conselho Universitário da n.° 6/2013, de 22 de Fevereiro, Constitucional e em processo de
estava claramente conhecida. O constitucionais, se pronunciasse UEM, e esta eleição não é políti- não tinha que apresentar o res- fiscalização sucessiva abstracta
autor do pedido não tinha legiti- a respeito da validade da consti- ca, mas, meramente administra- pectivo “Recurso” na Comissão de legalidade” (p. 12). O Reque-
midade processual activa por tuição da CNE o que é bem dife- tiva e o Conselho Constitucional Nacional de Eleições. Do mes- rente, influenciado pela qualifi-
não constar da lista estabelecida rente de um pedido directo de não é competente para conhecer mo modo, o Conselho Constitu- cação errada da CNE (Delibera-
no n.° 2 do Artigo 245 da Cons- declaração de inconstitucionali- desta eleição. Cada uma dessas cional – infelizmente – encai- ção) – a qualificação exacta é
tituição. Contudo, apesar do fac- dade de uma disposição legisla- eleições tem as suas característi- xou, na sua demonstração, a “Resolução”, de acordo com o
to de, por si só, a falta de legiti- tiva; segundo, tecnicamente, não cas e o seu regime jurídico devi- contagem do prazo de recurso Artigo 10 da Lei n.° 6/2013, de
midade processual activa se vê porque o requerimento do do a seus objectivos: a constitui- (p. 9), quando, primeiro, o ob- 22 de Fevereiro – optou por uma
fundamentar a decisão de não Requerente sobre este ponto, ção de órgãos políticos (eleições jectivo da sua demonstração era via processual desadequada.
admissão do pedido, o Conselho que é apenas a consequência da políticas), administrativos (elei- de demonstrar que ele não era Esta posição não é nova já foi
Constitucional decidiu tecer al- resolução de uma questão tecni- ções administrativas) e órgãos competente para apreciar o re- amplamente desenvolvida, ante-
gumas considerações de interes- camente acessória ou preliminar, profissionais (eleições profissio- curso (a questão do prazo do re- riormente, na ocasião da desig-
se em relação a duas questões seria “ligeiro”. O facto de saber nais). Nesta perspectiva, será curso é debatida apenas no caso nação, pelo Presidente da Repú-
suscitadas pelo Requerente das se a “designação” viola ou não a que a eleição do Presidente de em que o Conselho Constitucio- blica, de dois (2) juízes
quais a mais interessante para o Constituição, é uma questão um órgão administrativo cole- nal fosse competente) e, segun- conselheiros do Tribunal Admi-
partido político autor do pedido, acessória ou preliminar (pode-se gial – o que é a Comissão Nacio- do, depois de ter declarado que nistrativo (Acórdão n.° 7/
do ponto de vista prático, é a debater sobre a qualificação nal de Eleições -, é uma eleição as disposições do CAPÍTULO I CC/2007, de 18 de Dezembro).
orientação de recorrer para a ju- mais adequada) que podia muito política? Claro que não. A elei- do TÍTULO VII da LOCC não O aspecto positivo da decisão do
risdição administrativa. Este as- bem ser decidida pelo Conselho ção do Presidente da Comissão eram aplicáveis. Assim, porque Conselho Constitucional é de
pecto será debatido mais à frente Constitucional como juiz da ac- Nacional de Eleições é mera- raciocinar sobre o prazo do re- que, finalmente, orientou o “Re-
mas, desde já, a segunda questão ção principal, sem, no entanto, mente administrativa e o seu re- curso a partir de disposições ina- corrente” para um outro fórum
apresentada pelo Conselho declarar uma disposição da Lei gime (contencioso) não depende plicáveis com uma interpretação – o Tribunal Administrativo – e
Constitucional pode suscitar de- n.° 6/2013, de 22 de Fevereiro do CAPÍTULO I do TÍTULO errada das mesmas, como foi outros meios processuais, os do
bates. O Conselho Constitucio- inconstitucional. No que concer- VII da LOCC. Assim sendo, a anteriormente demonstrado? A contencioso administrativo. As-
nal chamou a atenção do Reque- ne ao segundo aspecto, o Conse- demonstração do Conselho natureza do acto praticado pela sim sendo, não se pode estranhar
rente qualificando de “ligeireza” lho Constitucional consagrou a Constitucional até lá parece ri- CNE é a chave essencial para se o “Recorrente”, brevemente,
o facto de o Requerente proceder competência da jurisdição admi- goroso, não se percebe, porque identificar a jurisdição compe- interpor um recurso contencioso
“… ao enxerto de uma questão nistrativa para conhecer, impli- alguns argumentos “infiltrados” tente para conhecer da sua lega- de anulação da Deliberação
de inconstitucionalidade de um citamente, deste processo. A de- aparecem na sua cristalina de- lidade. Sobre esta questão a de- n.°17/CNE/2013 da CNE no Tri-
lei num requerimento em que, à monstração é convincente. monstração. Assim, o Conselho monstração é clarividente. bunal Administrativo!
partida, declara expressamente Primeiro a eleição do Presidente Constitucional estabelece que: Materialmente, o acto de desig-
que pretende interpor pedido de da Comissão Nacional de Elei- “O Requerente veio apresentar nação do Presidente da Comis- Notas de rodapé
declaração da Comissão Nacio- ções não se consubstancia na o respectivo requerimento, di- são Nacional de Eleições não é
nal de Eleições, por suposta “matéria eleitoral” (p. 8). Com rectamente, no Conselho Consti- um acto normativo. É um acto É de reparar o erro da data do
transgressão da mesma lei”. efeito, o ordenamento jurídico tucional, e não na Comissão Na- administrativo; como refere o Acórdão! (*) Título da respon-
Pode-se ter um ponto de vista di- pátrio consagra vários tipos de cional de Eleições conforme Conselho Constitucional: “Não sabilidade do Canal de Moçam-
ferente. Primeiro o Requerente eleições, ou seja, não existem impõe a norma constante do n.° obstante a sua exteriorização na bique (Canal de Moçambique)

Rabiscos da Soares

A fonte da Democracia
Por: Ivone Soares*
Hoje, escrevo-vos a partir de guarnecida, com novas infra- da uma academia política com Diferentemente de outras bre a motivação daqueles que
Sandjundjira, Gorongosa, aqui -estruturas, uma moldura huma- capacidade para albergar mais partes do país onde se importa cá estão, limitar-me-ei a dizer-
onde homens e mulheres de vá- na que representa interesses de de 500 pessoas, bem como dor- tomate, cebola, cenoura, repo- -vos que a motivação é extre-
rios quadrantes têm vindo a bus- todo o país, quer dizer, tornou- mitórios refeitórios e balneários lho, alho, batata, amendoim, mamente alta. É por isso, que
car inspiração, conhecimentos, -se num local de referência. para homens e mulheres tudo até galinhas, em Sandjundji- todos os dias chegam homens
novas experiências. Este lugar, Várias casas, refeitórios posicionado obedecendo a um ra são confeccionados pratos e mulheres ansiosos por beber
antes prenhe somente de fron- (tudo feito com material lo- ordenamento territorial invejá- variados, cujos produtos são a democracia a partir da fonte.
dosas mangueiras, agora conta cal) foram construídas e uma vel. Como bons amantes da na- produzidos localmente. Cá, *Comunicóloga, Deputada
com outros ares. Sandjundjira área para reuniões que ser- tureza, os homens trataram de respira-se ar bem puro, que da Assembleia da República
praticamente tornou-se uma ci- ve a essa zona residencial. manter os espaços verdes que no tão já não corre o risco de ser pela Bancada Parlamentar da
dade, muito visitada, altamente Num outro espaço foi ergui- verão propiciam muita sombra. inquinado. Se perguntarem so- Renamo

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