Durante as décadas de 60 e 70, o ensino da matemática em diversos países sofreu
influencia do movimento matemática moderna, o qual centrava-se no ensino voltado para o desenvolvimento excessivo da abstração, onde ocorria uma ênfase maior na teoria do que a prática. No decorrer do processo de ensino-aprendizagem da matemática foi percebido que alguns princípios da matemática moderna apresentavam pontos de inadequação, desse modo ocorreram novas discussões curriculares de modo a promover uma reforma de nível mundial. A partir desta reforma no cenário da educação mundial o cenário das instituições de ensino e docentes foram apresentados a novos meios de auxilio no processo de ensino-aprendizagem, onde agora a exploração da matemática e o aprendizado seriam guiados a partir de problemas vividos no cotidiano, dando ênfase a resolução de problemas, a compreensão do uso das tecnologias, a aquisição de competências básicas ao cidadão e a ação do aluno como agente colaborador no processo de construção do conhecimento. Essas ideias tornaram possível a sintetização de novas concepções e propostas sobre o ensino e aprendizagem da matemática inclusive no Brasil que com o surgimento de propostas alternativas para a ação pedagógica constituíram o movimento da adução matemática ou tendências da educação matemática.
No Brasil a educação matemática ocorreu em quatro fases de desenvolvimento no
campo profissional e científico, sendo a primeira fase conhecida como gestação da educação matemática, tendo início nas primeiras décadas do século XX e foi ate o fim dos anos 60. A segunda fase perdurou desde o início da década de 1970 aos primeiros anos da década de 80 sendo seu marco principal o surgimento da educação matemática como campo profissional e área de investigação. A terceira fase teve início na década de 80 e destacou-se pelo surgimento do primeiro programa brasileiro de mestrado na área de educação matemática, possibilitando o surgimento de educadores matemáticos e ampliação da área de pesquisa em educação matemática. A quarta fase se iniciou na década de 1990 e teve como principal evento a emergência de uma comunidade cientifica em educação matemática onde educadores concluíram doutorado em outros países e também no Brasil, consequentemente ocorreu um amplo movimento nacional de formação de grupos de pesquisa.
Ao longo do percurso histórico as pesquisas da educação matemática culminaram na
obtenção de transformações no processo de ensino e da aprendizagem da matemática. Tais aberturas materializaram-se como tendências que ajudam na prática pedagógica docente. as tendências matemáticas propiciam um trabalho ativo por parte do educando fazendo com que este desperte o interesse pelas aulas. Esses métodos são a modelagem matemática, etnomatemática, resolução de problemas, tecnologias de educação e comunicação, jogos e materiais manipulativos e história da matemática.
A modelagem pode ser definida com a arte de expressar, utilizando a linguagem
matemática, situações problema reais. Este método possibilita a aprendizagem de matemática por meio de um modelo que relaciona o aprendizado com outras ciências. Seu surgimento encontra-se relacionado a necessidade de uma metodologia onde o ensino disponibilizado pelas instituições de ensino apresentasse maior proximidade com o cotidiano do discente, sendo os problemas apresentados em sala de aula condizentes com a realidade social dos alunos, permitindo que sejam criadas formas para interpretar a realidade ao se desenvolver a habilidade de criar modelos para resolver problemas existentes dentro desta realidade.
A etnomatemática apresenta é fruto de um programa de pesquisa em história e
filosofia da matemática com objetivos pedagógicos. Suas características voltam-se a valorização da cultura dos diferentes grupos sociais observando os conceitos matemáticos informais construídos pelos educandos através de suas experiencias fora do contexto escolar. O modelo de trabalho da etnomatemática requer do professor um preparo, atentando-se ao reconhecimento e identificação de construções conceituais desenvolvidas pelos alunos.
A resolução de problemas é vista como uma metodologia educacional, onde o
professor apresenta situações problemas, abordando e explorando conteúdos trabalhados e que incentivam o aluno a investigar e explorar novos conceitos. Esse método possui estimativa fundamental dos processos de ensino e aprendizagem da matemática, sua aplicabilidade pode revelar no aluno a aptidão de ressaltar seus próprios processos cognitivos e de pensar sobre eles desenvolvendo seus conhecimentos. Os PCN’s indicam esse método como ponto de partida da atividade matemática, sendo discutido caminhos para trabalhar a matemática em sala de aula, fazendo elo com as tendências matemáticas.
A História da Matemática é uma tendência da educação matemática que permite a
compreensão e origem das ideias que deram forma a cultura, observando os aspectos humanos em seu desenvolvimento. A história apresenta-se como um valioso instrumento para o ensino- aprendizagem da matemática. Através dela é possível entender como cada conceito foi introduzido na matemática, compreender sua evolução, enfatizando as dificuldades epistemológicas inerentes ao conceito desenvolvido. Essa tendência permite ainda o estabelecimento de conexões entre a história, filosofia, geografia dentre outras. O estudo da história da matemática possibilita perceber que a matemática é um conjunto de conhecimentos em continua evolução, desempenhando um papel importante na formação do educando.
A inserção e apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC’s), nas
escolas trouxe uma remodelagem do conceito de conhecimento. Através de ferramentas tecnológicas os limites de tempo e espaço não demonstram problemas, propiciando uma educação em que o conhecimento pode ser construído de modo coletivo sem importar distancia ou tempo. Nesse ponto a instituição de ensino assume um papel de formadora de cidadãos de maneira inclusiva. Nessa tendência a relação professor-aluno faz ressignificar o conceito de sua formação acadêmica, que assume um novo papel no que se refere as experiencias escolares com as tecnologias que encontram-se cada vez mais inseridas no ambiente escolar.