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Conjuntos

Conceitos
Conjuntos podem ser entendidos como coleções de
objetos distintos, não importando a ordem em que eles
aparecem. Estes objetos são denominados elementos de
um conjunto. Se o objeto a é um
elemento do conjunto A, a notação a  A é utilizada. O
símbolo  denota a relação (binária) existente
entre elemento e conjunto, indicando a pertinência do
primeiro em relação ao segundo e pode ser lida como “o
elemento a pertence ao conjunto A” ou “o elemento a
está no conjunto A”. Do mesmo modo se um elemento b
não pertence a um conjunto A, tem-se b  A .
Exemplo: Seja A  {a, b, c}, b  A, mas d  A .

Um conjunto especial é o conjunto vazio, denotado por 


ou {}. É caracterizado pelo fato de não possuir
elementos.

Proposição: O conjunto vazio é único.

Existem dois princípios importantes, o da Especificação e


o da Extensionalidade. O primeiro trata da especificação
de novos conjuntos a partir de outros: “dado um
conjunto A e uma propriedade P sobre os elementos do
conjunto A, fica determinado um novo conjunto
B  {x  A | P( x)} ”.
O Princípio da Extensionalidade trata da igualdade de
conjuntos. Um conjunto A é igual a um conjunto B
quando todo elemento do conjunto A é um elemento do
conjunto B e todo elemento do conjunto B é elemento do
conjunto A. A notação é A  B.
Exemplos: Seja A  {1,2,3,4,5,6,7,8,9}.

1) Considere a propriedade P: x é par. O conjunto obtido


a partir do conjunto A e da propriedade P é:
B  {xA | P(x)}  {xA | x é par}  {2,4,6,8}.

2) Seja a propriedade Q: x é primo e o conjunto C é:


C  {x  A | Q(x)}  {x  A | x é primo}  {2,3,5,7} .

3) Seja a propriedade R: x é múltiplo de 11 e o conjunto


D é:
D  {x  A | R(x)}  {x  A | x é múltiplo de 11} .

Uma relação (binária) entre conjuntos é a de


subconjunto. Um conjunto A é um subconjunto de um
conjunto B ou A está contido em B ou B contém A, se
todo elemento do conjunto A é também um elemento do
conjunto B. A notação é A  B .
Assim, no Princípio da Extensionalidade, A  B é
equivalente a A  B e B  A.
Uma outra relação existente entre conjuntos é a de
subconjunto próprio. Um conjunto A é um subconjunto
próprio de um conjunto B ou A está propriamente contido
em B quando existe pelo menos um elemento no
conjunto B que não pertence ao conjunto A.
A notação é A  B.
Com a notação descrita anteriormente tem-se A  B se e
somente se A  B e A  B.
Observe os conjuntos do exemplo 1: Os conjuntos B e Q
são subconjuntos próprios de A. Já o conjunto R  ,
bem como o próprio conjunto A são denominados
subconjuntos triviais de A.

Proposição: O conjunto vazio é subconjunto de qualquer


conjunto A.

Exemplos:
1) Para qualquer conjunto A, B  {x  A | P (x)}  A,
  A,  A e A  A, mas A  A .

2) Sejam os conjuntos A  {1,2,3,4,5,6,7,8,9},


B  {2,4,6,8} e C  {2,3,5,7}, B  C e C  B .

3) Para quaisquer conjuntos A, B e C, se A  B e


B  C então A  C.
O conjunto das partes ou conjunto potência de um
conjunto A é o conjunto formado por todos os
subconjuntos do conjunto A. A notação para este
conjunto é P(A) ou 2A . Assim, X  P(A) se, e somente se,
XA.

Quando os elementos de um conjunto são também


conjuntos, o conjunto é denominado uma família ou
classe. Desta forma, o conjunto P(A) é um exemplo
de família.

Exemplo: Seja A  {0,1,2} e o conjunto potência


P( A)  {,{0},{1},{2},{0,1},{0,2},{1,2},{0,1,2}}.

Um conjunto pode ser classificado como finito quando


possui um número finito de elementos. Caso contrário é
denominado infinito.
Os conjuntos numéricos clássicos são exemplos de
conjuntos infinitos. O conjunto dos números naturais
N = {0, 1, 2,...}, dos números inteiros
Z = {...,2,1, 0, 1, 2,...}, o conjunto de números
racionais Q = {p/q  p, q  Z, q  0}, o conjunto dos
números irracionais I formado por todos os números que
não podem ser descritos na forma racional, como
também o conjunto dos números reais R = Q  I e o
conjunto dos números complexos definidos por
C = {a + bi | a, b  R}.
Um conjunto é denominado contável ou enumerável se
for finite, ou se existir uma correspondência um a um
entre seus elementos e os números naturais.

Exemplo: O conjunto enumerável. A  {0,1,2} é finito


enumerável, os conjuntos Z, dos inteiros, e Q dos
racionais, são conjuntos infinitos enumeráveis, e o
conjunto B  [0,1]  R é infinito não enumerável.

A cardinalidade de um conjunto A finito indica o


número de elementos.
Notações: #(A), card (A) ou |A|.

Exemplo: Seja o conjunto A = {0,1,2}. |A| = 3 e


|P(A)| = 8.

A cardinalidade dos conjuntos infinitos indica sua


extensão como conjunto infinito, se enumerável ou não
enumerável.

Exemplo: |N| = |Z| = |Q| < |R|

Proposição: Se |A| = n então |P(A)| = 2n.


Operações com Conjuntos
As operações clássicas sobre conjuntos são união,
interseção, diferença, complemento e produto
cartesiano.
A união de dois conjuntos A e B é o conjunto A  B que
contém todos os elementos do conjunto A e todos os
elementos do conjunto B.
Assim,
x  A  B se, e somente se, x  A ou x  B.
A interseção de dois conjuntos A e B é o conjunto
conjunto A  B que contém todos os elementos comuns
ao conjunto A e ao conjunto B.
Desta forma, x  A  B se, e somente se, x  A e x  B.
Dois conjuntos A e B são denominados disjuntos quando
a interseção é o conjunto vazio. A diferença entre dois
conjuntos A e B é o conjunto denotado por A  B, que
contém os elementos que pertencem A e não
pertencem a B.
Então, x  A  B se, e somente se, x  A e x  B.
Sejam os conjuntos A e B tais que A  B. O complemento
do conjunto A em relação ao conjunto B é o conjunto CB
A dos elementos que pertencem ao conjunto B e não
pertencem ao conjunto A.
Todos os conjuntos podem ser considerados como
subconjuntos de um certo conjunto prefixado
denominado conjunto universo e denotado por U.
Assim, o complemento de um conjunto A  U é o
conjunto A C U A U  A.

Os conceitos apresentados podem ser visualizados


utilizando-se Diagramas de Venn.

Fonte: https://goo.gl/Aqxysj

Exemplos: Sejam os conjuntos A  {a, b},


B  {b, c, d, e}, C  {a, b, c, d, e, f, g} e U  {a,..., z} .
1) A  B  {a, b, c, d , e} .
2) A  B  {b}.
3) A  B  {a} e B  A  {c, d , e}.
4) B  C   e C  B  {a, f , g}.
5) Como A  C, CC A  {c, d, e, f, g}.

6) A  {c,..., z}.

Proposição: Sejam A e B conjuntos finitos.

Então A B  A  B  A B

Observe no exemplo anterior que


| A  B| = 5, |A| = 2, |B| = 4 e |A  B| =1.

O produto cartesiano de dois conjuntos A e B é o


conjunto A  B que cujos elementos são todos os pares
ordenados tais que a primeira coordenada é um elemento
do conjunto A e a segunda um elemento do conjunto B.
Assim, ( x, y)  A  B se, e somente se, x  A e y  B .
Dois pares ordenados são iguais quando as primeiras
coordenadas são iguais e as segundas também são
iguais, respectivamente.
Assim, (a, b)  (c, d ) se, e somente se, a  c e b  d .
Observação: No plano cartesiano a primeira coordenada
leva o nome de abscissa e a segunda coordenada, de
ordenada. Os pares de um produto cartesiano chamam
pares ordenados, porque suas duas coordenadas têm
sempre uma ordem definida, a saber, a primeira à
esquerda e a segunda à direita. Por isso, num par
ordenado, elas são co-ordendas.

Exemplos:
1) Sejam os conjuntos A  {a, b} e B  {0,1,2}.
O produto cartesiano A  B é o seguinte conjunto:
{(a,0), (a,1), (a,2), (b,0), (b,1), (b,2)} .
Já o produto cartesiano B  A é o conjunto:
{(0, a), (0, b), (1, a), (1, b), (2, a), (2, b)} .

2) Seja o conjunto Z. O produto cartesiano Z  Z  Z 2 é


o conjunto {(x, y) | x  Z e y  Z}.
A operação de produto cartesiano pode ser visualizada
como se segue.
B
AB
2

0
a b A

Proposição: Se |A|  n e |B|  m então |A  B|  nm .

As operações em conjuntos possuem as seguintes


propriedades:
1) Associativa
Para todos os conjuntos A, B e C:
( A  B)  C  A  (B  C) e ( A  B)  C  A  (B  C).

2) Comutativa
Para quaisquer conjuntos A e B:
A  B  B  A e A  B  B  A.

3) Elemento Neutro
Para todo conjunto A:
A      A  A e A  U  U  A A.

4) Elemento Zero
Para todo conjunto A:
A  U = U A = U e A    A  .
5) Distributiva
Para quaisquer conjuntos A, B e C:
C  ( A  B)  (C  A)  (C  B),
( A  B)  C  ( A  C)  (B  C),
C  ( A  B)  (C  A)  (C  B),
( A  B)  C  ( A  C)  (B  C).

6) Idempotência
Para todo conjunto A: A  A  A e A  A  A.

7) Absorção
Para quaisquer conjuntos A e B:
( A  B)  A  A e ( A  B)  A  A.

8) Complementaridade
Para todo conjunto A, A  A = U e A  A 

9) Involução
Para todo conjunto 𝐴̿, 𝐴̿ = 𝐴

10) Leis de Morgan


Para quaisquer conjuntos A e B:
A =e A 
Conjuntos Numéricos
A evolução da humanidade trouxe importantes
contribuições na construção de novos conhecimentos
como também na evolução destes, em particular dos
sistemas numéricos. O homem começou de sistemas
mais simples e conjuntos numéricos mais básicos e, à
medida que se apresentam novos desafios, como
também devido às necessidades, foram sendo criando
novos sistemas e conjuntos até os mais complexos.
A trajetória histórica dos números, segundo
pesquisadores da Sociedade Brasileira de História da
Matemática, pode ser dividida em duas categorias: uma
que tem sua origem por motivação externa ou das
atividades de contagem e medida e outra que tem sua
origem interna ou das necessidades da própria
matemática.
Os números naturais e as frações têm sua origem nas
atividades de contagem e medida (desde a Antiguidade),
o que talvez tenha sido a motivação para os membros da
escola pitagórica postularam que na natureza tudo é
número por acreditarem que tudo podia ser contado, logo
atribuído um número, e que a qualquer medida também
se poderia atribuir um número ou uma razão entre
números. Entretanto, essa crença foi abalada com a
descoberta das grandezas incomensuráveis o que fez a
matemática grega privilegiar o estudo da geometria em
detrimento da aritmética como fonte de rigor para as
verdades matemáticas.
Nota: Dois segmentos dizem-se comensuráveis se são
múltiplos de um segmento comum. Caso contrário,
dizem-se incomensuráveis.

Os números negativos, os irracionais, os reais e os


complexos têm sua trajetória originada nas necessidades
da própria matemática, mais particularmente das
manipulações algébricas.
Assim, atualmente os principais conjuntos numéricos
são: os naturais, os inteiros, os racionais, os irracionais,
os reais e os complexos.
O conjunto dos Números Naturais surgiu basicamente
da necessidade de contagem e medida é assim
constituído: 𝑵 = {𝟎, 𝟏, 𝟐, 𝟑, 𝟒, 𝟓, … . }
Os Números Inteiros demoraram muito tempo para
serem aceitos pelos matemáticos, pois originalmente os
números serviam apenas para contar e medir, então não
fazia sentido um número negativo. Mas ao longo da
resolução de equações eles surgiam, algumas vezes
rejeitados, outras usados no processo de resolução, só
bem mais tarde aceitos a adotados:
Z  3, 2, 1,0,1, 2,3, 4,
Os Números Racionais se originaram no uso de
algumas frações desde a Antiguidade, principalmente
pelos egípcios como expressão numérica da medição de
segmentos e na divisão das terras para cálculo de
impostos e realinhamento das demarcações apagadas
pelas periódicas enchentes do Nilo. Atualmente está
a 
assim constituído: Q   : a , b  Z , b  0 
b 
Os Números Irracionais, embora tenham origem bem
antiga, foram causa de algumas polêmicas ao longo da
história. Os pitagóricos conseguiram provar que certos
segmentos, obtidos através de construções simples, têm
comprimentos cuja medida não é um número racional,
sendo que o mais famoso deles é a diagonal do quadrado
cujo lado mede 1. Foi provado que a diagonal e o lado do
quadrado são segmentos incomensuráveis, isto é, não
existe uma unidade de medida que caiba um número
inteiro de vezes na diagonal e no lado do quadrado,
simultaneamente. Consequência disto, é que a razão
entre a medida da diagonal e o lado do quadrado (d/l)
não pode ser expresso como um racional “a/b”. Em
particular, se o lado “l” mede uma unidade então o
número correspondente à medida da diagonal não é

racional  2 .

Portanto, diz-se que um número é irracional, se ele não


é racional, ou seja, se não pode ser colocado na forma
de uma fração entre dois inteiros. Portanto fica
impossível representá-los todos, pois é um conjunto
infinito não enumerável. Logo: Q  I   , ou seja,
são conjuntos disjuntos.
Os Números Reais são constituídos pela reunião dos
racionais com os irracionais. Assim temos: R  Q  I .
Os Números Complexos surgiram da insuficiência dos
números reais para representar raízes de equações
polinomiais simples, tais como x  1  0 , sendo 𝑥 um
2

real qualquer, pois não existe raiz quadrada de (- 1).


Cria-se, assim, o conjunto dos números complexos C,
incluindo um novo número, o número imaginário i, tal
que
i  1 . Esses números são assim definidos:
C  z  a  bi : a, b  R.
Podemos representar estes conjuntos numa visualização
em diagramas de Venn.

Fonte: https://goo.gl/V4qj4g
Para ter uma ideia de como esses conjuntos têm seus
elementos distribuídos, vejam o seguinte esquema:
𝑵 𝒏𝒂𝒕𝒖𝒓𝒂𝒊𝒔 𝒑𝒐𝒔𝒊𝒕𝒊𝒗𝒐𝒔
𝒁 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒊𝒓𝒐𝒔 { 𝟎 𝒛𝒆𝒓𝒐
𝑸 𝒓𝒂𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒊𝒔 𝑰𝒏𝒕𝒆𝒊𝒓𝒐𝒔 𝒏𝒆𝒈𝒂𝒕𝒊𝒗𝒐𝒔
𝑹 𝒓𝒆𝒂𝒊𝒔 𝑬𝒙𝒂𝒕𝒂𝒔
𝑪 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒍𝒆𝒙𝒐𝒔 𝑫𝒆𝒄𝒊𝒎𝒂𝒊𝒔 {
{ 𝑫í𝒛𝒊𝒎𝒂𝒔 𝒑𝒆𝒓𝒊ó𝒅𝒊𝒄𝒂𝒔
𝒂𝒍𝒈é𝒃𝒓𝒊𝒄𝒐𝒔
{𝑰𝒓𝒓𝒂𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒊𝒔 (𝒅í𝒛𝒊𝒎𝒂𝒔 𝒏ã𝒐 𝒑𝒆𝒓𝒊ó𝒅𝒊𝒄𝒂𝒔) {
𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒄𝒆𝒏𝒅𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔
{ 𝑰𝒎𝒂𝒈𝒊𝒏á𝒓𝒊𝒐𝒔
Fonte: autoria própria

Algumas observações importantes:


Os números racionais são todos decimais que podem ser
inteiros, decimais exatos ou dízimas periódicas. Claro que
todos podem ser representados na forma de fração entre
dois inteiros. Os inteiros puros não têm casas decimais
não nulas (são todas nulas, por isso, desnecessárias). Os
decimais exatos são os que têm um número finito de
casas decimais. As dízimas periódicas (simples ou
compostas) têm um número infinito de casas decimais,
mas que apresentam um período que se repete.
Além disso, os números racionais são fechados para as
operações de adição, subtração, multiplicação e divisão.
Isso significa que a soma, a subtração, a multiplicação e
a divisão (denominador não nulo) de dois racionais
resulta em números racionais.
Já os irracionais são decimais caracterizados por dízimas
não periódicas, o que significa que têm infinitas casas
decimais que não apresentam período, ou seja, não
apresentam um determinado número de casas decimais
que se repetem. Portanto, nunca podem ser
representados pela fração entre dois inteiros. Entretanto,
encontramos dois tipos de números irracionais, os
algébricos – que são raízes de algum polinômio a
coeficientes reais – e os transcendentes que não
atendem esta propriedade e só por demonstrações mais
complexas.
Vejamos alguns exemplos:

Os irracionais não são fechados para nenhuma operação,


ou seja, não se tem garantia que as operações
fundamentais entre dois irracionais resulte num número
irracional, às vezes pode dar um racional, por exemplo:

2  2  0  Q; 3. 3  3  Q;  1 Q.

Mas com certeza as operações fundamentais entre um
racional e um irracional resulta sempre em um número
irracional (pois se este resultado fosse racional, as
parcelas e/ou os fatores teriam que ser racionais).
3
Exemplos: 2  5  I;2 7  I; I.
2
Também vale ressaltar que, apesar de conhecermos
poucos números irracionais, eles são muitos, uma vez
que sua cardinalidade é infinita não enumerável e devida
aos números irracionais transcendentes. Além disso, são
os irracionais os responsáveis pela cardinalidade dos
números reais ser infinita não enumerável, até porque os
racionais tem cardinalidade infinita enumerável (do
mesmo “tamanho” dos naturais).

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