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MUNICÍPIO DE SÃO FILIPE

– ILHA DO FOGO-
PLANO DIRECTOR MUNICIPAL

- RELATÓRIO-

Novembro de 2011
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Índice

I. Apresentação ................................................................................................................................... 3

II. Enquadramento............................................................................................................................... 4

III. Opções estratégicas de ordenamento territorial ........................................................................... 6

1. Estrutura territorial do concelho de São Filipe: uma síntese ...................................................... 6

2. Opções estratégicas de desenvolvimento ................................................................................ 10

3. Principais opções estratégicas de ordenamento territorial ...................................................... 12

i. Organização territorial ........................................................................................................... 13

Classes dos Espaços Propostos ................................................................................................. 16

Caracterização das classes de espaços propostos .................................................................... 18

ii. Sistema de acessibilidades e rede viária ............................................................................... 20

iii. Infra-estruturas e equipamentos ......................................................................................... 22

Dimensionamento das Infra-estruturas e Equipamentos Colectivos ....................................... 23

iv. Espaços de salvaguarda e protecção .................................................................................... 36

v. Estrutura ecológica municipal ............................................................................................... 37

vi. Espaços para actividades económicas .................................................................................. 37

vii. Equipamentos de Saúde ...................................................................................................... 38

IV. Disposições programáticas do plano ........................................................................................... 39

1. Execução do plano .................................................................................................................... 39

2. Unidades de planeamento e gestão ......................................................................................... 40

3. Programa de execução .............................................................................................................. 49

4. Recomendações para Execução do Plano ................................................................................. 53

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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

I. Apresentação
O presente relatório diz respeito ao Plano Director Municipal de São Filipe, adiante
designado por plano ou PDM. Efectivamente, trata-se de um dos elementos que
acompanham o plano, de acordo com o nº 1 do Artº 104º do Decreto-Lei nº
43/2010, de 27 de Setembro e que, por força do mesmo articulado, deve
fundamentar as soluções adoptadas, incluindo os estudos de caracterização do
território municipal.

Neste contexto, entende-se que o relatório deve explicitar os objectivos


estratégicos e as opções de base territorial adoptadas para o modelo de
organização espacial, bem como a respectiva fundamentação técnica, suportada
na avaliação das condições económicas, sociais, culturais e ambientais.

Deste modo, pretende-se que este relatório seja um documento que explicite de
forma inequívoca e sintética as principais opções do PDM de São Filipe, que se
baseiam em conteúdos de âmbito estratégico, ou melhor, de estratégia territorial.
Neste contexto, o relatório fundamenta as opções nos diversos sistemas
territoriais (essencialmente os que se referem ao espaço urbano e rural, às redes,
infra-estruturas e equipamentos, às estruturas naturais e ambientais e aos
sistemas produtivos) numa leitura que assenta na matriz estratégica de
desenvolvimento social, económico e ambiental para o município.

O relatório integra as seguintes componentes principais:


 Opções estratégicas de desenvolvimento e ordenamento territorial;
 Disposições programáticas e programa indicativo das intervenções
municipais;
 Fundamentação técnica da delimitação de solo urbano e rural.
O mesmo reflecte igualmente algumas questões relevantes identificadas pela
avaliação ambiental do concelho e outras surgidas nas fases de audiências
públicas.

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II. Enquadramento
O Plano Director Municipal está definido na BASE XIII do Decreto-Legislativo nº 1/2006 de
13 de Fevereiro que aprova as Bases do Ordenamento do Território e Planeamento
Urbanístico e que foi alterada pelo Decreto-Legislativo nº 6/2010 de 21 de Junho e que
simultaneamente revoga a Lei nº 85/IV/93 de 16 de Julho que aprova as bases do
ordenamento do território e planeamento urbanístico. A sua regulamentação é definida
pelo Decreto-Lei nº 43/2010, de 27 de Setembro.

A sua elaboração é obrigatória de acordo com o artigo 102º do Decreto-Lei nº 43/2010.

Assim como o Plano de Desenvolvimento Urbano e o Plano Detalhado, o PDM é um dos


elementos integrantes dos instrumentos de planeamento territorial também designados de
Planos Urbanísticos. É hierarquicamente superior em relação àqueles e aplica-se à
totalidade da área abrangida pelo município, conforme as BASES VIII e XIII do Decreto-
Legislativo nº 1/2006 de 13 de Fevereiro e os artigos 99º e 101º do Decreto-Lei nº
43/2010, de 27 de Setembro.

Em conformidade com o 103º do citado Decreto-Lei nº 43/2010, compete ao PDM:


a) A caracterização económica, social e biofísica da área de intervenção;
b) A definição e caracterização da área de intervenção identificando as redes: urbana,
viária, de transportes e de equipamentos de educação, de saúde, de abastecimento
público e de segurança, bem como os sistemas de telecomunicações, de
abastecimento de energia, de captação, de tratamento e abastecimento de água, de
drenagem e tratamento de efluentes e de recolha, depósito e tratamento de resíduos;
c) A definição dos sistemas de protecção dos valores e recursos naturais, culturais,
agrícolas e florestais, identificando a estrutura ecológica municipal;
d) Os objectivos prosseguidos, os meios disponíveis e as acções propostas;
e) A referenciação espacial dos usos e das actividades, nomeadamente através da
definição das classes e categorias de espaços;
f) A identificação das áreas e a definição de estratégias de localização, distribuição e
desenvolvimento das actividades industriais, turísticas, comerciais e de serviços;
g) A definição de estratégias para o espaço rural, identificando aptidões, potencialidades
e referências aos usos múltiplos possíveis;
h) A identificação e a delimitação dos perímetros urbanos, com a definição do sistema
urbano municipal;
i) A definição de programas na área habitacional;

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j) A especificação qualitativa e quantitativa dos índices, indicadores e parâmetros de


referência, urbanísticos ou de ordenamento, a estabelecer em plano de
desenvolvimento urbano e plano detalhado, bem como os de natureza supletiva
aplicáveis na ausência destes;
k) A definição de unidades operativas de planeamento e gestão, para efeitos de
programação da execução do plano, estabelecendo para cada uma das mesmas os
respectivos objectivos, bem como os termos de referência para a necessária
elaboração de planos de desenvolvimento urbano e de planos detalhados;
l) A programação da execução das opções de ordenamento estabelecidas;
m) A identificação de condicionantes, designadamente reservas e zonas de protecção,
bem como das zonas necessárias à concretização dos planos de protecção civil de
carácter permanente;
n) As condições de actuação sobre áreas críticas, situações de emergência ou de
excepção, bem como sobre áreas degradadas em geral;
o) As condições de reconversão das áreas urbanas de génese ilegal;
p) A identificação das áreas de interesse público para efeitos de expropriação, bem como
a definição das respectivas regras de gestão;
q) Os critérios para a definição das áreas de cedência, bem como a definição das
respectivas regras de gestão;
r) Os critérios de perequação compensatória de benefícios e encargos decorrentes da
gestão urbanística a concretizar nos instrumentos de planeamento previstos nas
unidades operativas de planeamento e gestão;
s) A articulação do modelo de organização municipal do território com a disciplina
consagrada nos demais instrumentos de gestão territorial aplicáveis.

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III. Opções estratégicas de ordenamento territorial


Este capítulo aborda o modelo territorial que está na base do PDM de São Filipe e que é
concretizado nos elementos fundamentais do plano.

O modelo que ora se propõe assenta numa estratégia de desenvolvimento social,


económico e ambiental que também são apresentadas nas suas linhas gerais.

1. Estrutura territorial do concelho de São Filipe: uma síntese


A estruturação espacial do concelho, em termos de diferenciação de ocupações, usos,
funções e formas paisagísticas, é simultaneamente efeito e elemento definidor das suas
características e tendências de evolução, tal como foram abordadas de forma mais ou
menos parcelar na fase de Estudos de Caracterização.

A Ilha do Fogo foi a segunda Ilha de Cabo Verde a ser povoada. O seu povoamento foi
motivado pelas necessidades agrícolas (de aumentar as áreas de cultivo), principalmente,
e de criação de gado da Ilha de Santiago, com vista a servir o comércio internacional. A
Ilha foi povoada essencialmente com pessoas oriundas de Santiago.

O primeiro centro urbano terá sido o de São de Filipe, por ter acesso ao mar, e os
restantes centros populacionais terão ficado situados nos terrenos favoráveis à agro-
pecuária, portanto a uma cota elevada, já que o litoral da ilha sempre foi árido.

A Cidade de São Filipe, capital do Município, constitui o aglomerado populacional mais


antigo de Cabo Verde depois da Ribeira Grande de Santiago.

Segundo Sena Barcelos, em 1533, a ocupação humana do Fogo com escravos negros
era bastante pronunciada, o que não custa aceitar já que o cultivo extensivo do algodão,
antes introduzido, deveria exigir a utilização de muita mão-de-obra escrava.

Porém, por volta de 1572, S. Filipe tinha cerca de 200 fogos, e S. Lourenço à volta de 90
fogos, contabilizando um total de 2600 almas, tomando em conta que em cada um dos
fogos ou agregado familiar podiam existir em média 9 pessoas.

O algodão terá sido introduzido nos primeiros anos do século XVI, portanto o primeiro e
principal produto agrícola destinado à exportação, ao qual se juntaram, nos séculos
subsequentes, a vinha, cana-de-açúcar, tabaco e café, para além de muito milho, feijão
de diversos tipos, legumes vários e frutas diversificadas.

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O café foi introduzido a partir do século XIX. Outras culturas de natureza industrial e com
peso na economia da ilha foram a “purgueira”, o rícino, o amendoim e o “carapate”. A
“purgueira” dominava toda a zona desde o nível do mar até 1500 m de altitude, e o óleo
dela extraído era exportado e usado na iluminação da cidade de Lisboa ou no fabrico do
sabão de terra muito utilizado no consumo local e exportado para a Guiné.

A pecuária também foi uma actividade de destaque, pois a ilha chegou a exportar animais
vivos, muito couro e peles de cabras.

O declínio da actividade agro-pecuária ora observado deriva da pressão secular sobre os


recursos do solo através dessas mesmas actividades.

Como resposta ao fenómeno da desertificação iniciou-se, a partir dos anos de 1940, a


reflorestação das zonas altas. Após a independência do país em 1975, essa actividade
alastrou-se para todas as zonas bio-climáticas do Município e continua nos dias de hoje.

Conclui-se então que o município de São Filipe possui uma identidade própria, que se
formou ao longo do seu percurso histórico, por um processo de povoamento e ocupação
de terrenos.

O município de São Filipe, em termos de ocupação, está marcadamente estruturada


através de conjuntos populacionais urbanos e núcleos rurais que se distinguem pela
dispersão dos seus aglomerados, como é característico da ocupação territorial de toda a
Ilha do Fogo facilitada por uma relativa mobilidade interna, unindo o espaço urbano ao
rural, conformando, assim, o processo de integração social.

No concernente aos usos dominantes do solo, verifica-se que os rurais coincidem com as
áreas mais propícias para a agricultura (actividade com forte influencia na fixação de
populações rurais) enquanto que as áreas mais densamente povoadas e urbanas
coincidem com as áreas que apresentam melhores condições orográficas de
acessibilidade.

Conclui-se assim que as tendências mais recentes de evolução da populaçáo do concelho


de São Filipe, e em particular da cidade de São Filipe, ainda que muito influenciado por
factores “modernos”, partem também de uma acentuada diferenciação espacial
decorrente da matriz de ocupação inicial.

As actividades tradicionais mais modernas (comércio, indústria e serviços, administração


pública) têm convergido no centro da cidade. De igual modo, a actividade industrial
embora incipiente tem maior presença na cidade. Em consequencia, a cidade de São
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Filipe tende a concentrar, em ritmo crescente, os recursos humanos e económicos


principais do concelho.

De um modo geral, no Concelho de São Filipe o padrão de usos urbanos cinge-se à


cidade. Contudo, destacam-se algumas localidades tais como Ponta Verde, São Jorge,
São Lourenço, Luzia Nunes e Patim que demonstram alguma qualidade urbana.

A utilização dos solos para fins urbanos é predominantemente misto e não respeita a um
modelo com zonamento bem definido, Verifica-se uma mistura de usos residencial,
comercial, serviços, hoteleiros, espaços verdes e de lazer. A componente residencial é
predominante em todo o espaço urbano.

O espaço rural ocupa grande parte do Concelho e o uso predominante é a agricultura e


pecuária sendo que neste particular sobressaem a agricultura de sequeiro.

No estrato árido do concelho de São Filipe sobressaem a ocupação de solos com


Prosopis Juliflora. Essa ocupação, característica do sector sul/sudoeste, destina-se quer à
protecção dos solos quer também às actividades silvícolas.

Nesse andar pouco propício para a prática da agricultura de sequeiro, aparecem alguns
núcleos populacionais dispersos. Regista-se, pontualmente, a ocorrência de agricultura de
regadio no sector mais ocidental. O uso dos solos para a prática da agricultura de
sequeiro intensifica no andar semi-árido.

Com efeito, é notória a ocupação dos solos com fruticultura associada com a agricultura
de sequeiro nas zonas mais a norte.

Nas zonas rurais o povoamento é, em regra, disperso podendo contudo aparecer


pequenos núcleos concentrados nos limites e bermas das estradas. O uso de solos para
fins residências está associado à vocação agrícola dos solos e a posse de título dos
mesmos.

A cidade de São Filipe goza da sua posição central relativamente a todos os outros
municípios da ilha e da própria ilha da Brava o que a torna num espaço estratégico para o
desenvolvimento dessas regiões. Todas essas ligações dão-se por trajectos que estão
relativamente em boas condições de trânsito: No entanto, são necessárias algumas
manutenções pontuais em termos de pisos, perfis e correcções de traçado e protecção de
encostas.

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A sua ligação com o resto das ilhas de Cabo Verde e outros países faz-se através do
porto de Vale dos Cavaleiros e do aeródromo localizado em São Filipe, cujos vôos
possuem uma frequência diária, no horário da manhã e no final da tarde aos domingos.
Conclui-se então que a ligação aeroportuária é satisfatória, sendo a Ilha servida por duas
companhias áreas nacionais: TACV e Halcyon Air, com vôos diários, acrescentando-se os
voos charters da Cabo Verde Express.

As estradas inter-municipais seguem o perfil topográfico da ilha, motivo pelo qual a Ilha do
Fogo, com o vulcão ao centro, é servida por estradas circulares, dominadas por dois
importantes anéis. Se, por um lado, a ligação com os demais municípios da ilha é
satisfatória, a interligação com as demais localidades de vocação agro-pastoril não sendo
de todo deficitária, carece de alguns ajustes nomeadamente quanto à dos transportes.

Vale destacar que as primeiras estradas de penetração ainda existem e em caso de


reabilitação poderiam desencravar e ligar algumas localidades e áreas propostas no
plano.

O escoamento dos produtos para as outras ilhas e para o exterior dá-se igualmente
através do aeroporto e sobretudo do Porto e com uma frequência bastante irregular.
Portanto, o transporte de mercadorias, um forte indicador económico, depende do
funcionamento do Porto de Vale de Cavaleiros que é bastante problemático com apenas
70 metros de cais, 5,5 metros de profundidade e débeis equipamentos de elevação.

O transporte marítmo de passageiros é irregular, sobretudo na ligação com a cidade da


Praia (principal Porto Comercial do País) e demais ilhas, tendo uma ligação mais
freqüente com a ilha da Brava. Contudo, neste momento, com a entrada em
funcionamento da Companhia de Navegação Cabo Verde Fast Ferry, o ferry-boat Criola
tem feito ligações permanentes entre a Cidade da Praia, o Porto de Vale de Cavaleiros e
o Porto de Furna, na Brava.

Outro dos elementos marcantes da estrutura territorial do Concelho é a forte presença de


valores patrimoniais e pisagísticos.

Em termos genéricos, as dinâmicas de concentração populacional (e consequentes


pressões sobre o território) vão ao encontro daquela que se pode considerar a sua matriz
de desenvolvimento económico. O centro urbano, as melhores acessibilidades e o maior
potencial agrícola dos solos favorecem esta dinâmica, que tem sido reforçada pelo
desenvolvimento infra-estrutural e da melhoria das condições de vida nos centros urbanos
em detrimento de áreas mais pobres que correm o risco de envelhecimento demográfico.

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2. Opções estratégicas de desenvolvimento


O município encontra-se numa fase decisiva para o seu futuro, decorrente sobretudo de
vários investimentos estruturais que actualmente tem recebido.

Registam-se alguns sinais de incremento da competitividade tais como: a melhoria da


rede viária, o alargamento da pista do aeroporto, a beneficiação do porto e um leque
considerável de projectos municipais que vem alterando positivamente o nível de vida das
populações e a diversificação da base produtiva com incremento das actividades
industriais e turísticas.

Geram-se expectativas de procura de espaços (segunda habitação, turismo e lazer),


favorecidos pelo desenvolvimento do quadro global do município.

Estão presentes vectores de internacionalização e projecção de uma imagem de centro


de excelência de turismo científico (vulcão activo e parque natural, ambos património de
todos os municípios da ilha).

Naturalmente, estas tendências positivas têm manifestações e consequências


diferenciadas nos vários sectores do território e da sociedade. Não se pode considerar
que os impactes positivos são automáticos ou que vão incidir sobre a totalidade do
município.

Neste contexto, seguindo as opções estratégicas de desenvolvimento definidas no EROT


do Fogo, e do Plano Estratégico para o desenvolvimento da ilha do Fogo, compreende-se
as grandes opções do modelo territorial adoptado no PDM, bem como o papel que este
instrumento de gestão territorial deve desempenhar no processo de desenvolvimento do
município de São Filipe.

O seu papel será simultaneamente de regulação e de estímulo a estratégias territoriais


que, também elas, são de dupla natureza: proactivas e defensivas, conforme haja apostas
a consolidar ou factores de exclusão a combater mas que não pode fazer esquecer que,
na sua essência, o PDM é um plano regulador das dinâmicas de uso e transformação do
solo, à escala de intervenção municipal, e portanto não pode exigir-se que seja o
instrumento único, nem sequer um instrumento privilegiado, para consagrar determinadas
estratégias ou planos de acção para o desenvolvimento.

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O EROT do Fogo definiu o seguinte quadro de intervenções estratégicas em torno das


quais deve gravitar o modelo de desenvolvimento territorial para a ilha:
 Desenvolver e consolidar uma rede de cidades;
 Valorizar o espaço rural e o desenvolvimento de centralidades intermédias;
 Alargar a mobilidade territorial;
 Integrar territorialmente o turismo;
 Valorizar os espaços naturais;
 Qualificar os espaços urbanos.
A partir destas intervenções, o EROT propõe um conjunto de linhas estratégicas de
intervenção e definiu alguns objectivos estratégicos prioritários no contexto de cada uma
destas linhas e que são corporizados no PDM de São Filipe, conforme o quadro que se
segue:

Quadro 1 - Objectivos estratégicos do EROT e sua relação com o plano director municipal de São Filipe do
Fogo
Principais respostas adoptadas no
Intervenções estratégicas do Objectivos estratégicos do EROT
PDM
EROT
 O PDM contempla uma proposta de estrutura viária que
estrutura o sistema urbano municipal e integra a Cidade, os
 Facilidade de acesso dos territórios envolventes ao centro principais aglomerados e centros de actividade económica na
urbano; rede viária principal.
Desenvolver e consolidar uma rede de  Valorização do espaço público como espaço organizador  O PDM organiza uma rede de espaços de acolhimento
cidades da cidade e condição da qualidade de vida urbana; empresarial, integrando-os com a rede viária e promovendo
 Identificação de um Centro da Cidade como espaço uma boa coexistência com os espaços urbanos.
identitário e aglutinador do urbano e da vida urbana.  Através da estruturação do sistema urbano no concelho o
PDM facilita a definição de redes mais racionais de prestação
de serviços à população.
 Apoio ao desenvolvimento agrícola através de programas
de desenvolvimento rural e de projectos de rega e do  São propostas no regulamento algumas normas específicas
crédito bancário aos agricultores, o que permite a que favorecem a dinamização de actividades turísticas nos
estabilização da população em áreas com aptidão territórios rurais e de montanha, num quadro de valorização
agrícola; dos recursos naturais e paisagísticos.
Valorizar o espaço rural e o  Preservação das actividades da pesca artesanal nos  O PDM contempla ainda a proposta de espaços para
desenvolvimento de centralidades pequenos núcleos piscatórios implicando a manutenção e actividades e equipamentos em meio rural.
intermédias melhoria das infra-estruturas de acesso ao mar;  O PDM aposta no reforço da capacidade energética com
 Melhoria das condições de acessibilidade aos introdução de energia não convencional.
equipamentos colectivos e serviços urbanos através da  O PDM garante um acesso mais rápido e confortável aos
melhoria das redes de estradas e dos transportes diversos equipamentos e serviços urbanos atraves de uma
colectivos; maior articulação da rede viaria e em melhores condições
 Ampliação das redes eléctrica e dos sistemas de
distribuição de água no espaço rural.
 O PDM contempla uma proposta de estrutura viária que
 Mobilidade inter-ilhas condição de integração e
estrutura o sistema urbano municipal e integra a Cidade, os
funcionamento do território nacional e das relações dos
principais aglomerados e centros de actividade económica na
diversos espaços insulares;
rede viária principal.
 Mobilidade intra-ilhas condição da organização territorial e
 O PDM reorganiza a rede viária existente que se encontra em
do desenvolvimento e coesão de cada ilha, condicionada
Alargar a mobilidade territorial desuso e promove a ligacao intermunicipal atraves de terminal
pela morfologia especifica de cada território, em particular
rodoviario.
da orografia, bem como pela localização das infra-
 O ordenamento do espaço rural e respectivo povoamento, a
estruturas de transporte que estabelecem as ligações com
multifuncionalidade deste espaço e a valorização dos recursos
o exterior (aeroportos e portos) e pela configuração do
agroflorestais e pecuários constituem algumas das linhas
povoamento, cuja matriz é, como sempre, muito marcada
principais para a proposta de modelo territorial, traduzido tanto
pela herança histórica e pela organização administrativa
na planta de ordenamento como no regulamento e programa
(municípios e respectivas sedes).
de execução do PDM.
 A preservação do meio ambiente e da diversidade cultural  Através de medidas de protecção e valorização do património
Integrar territorialmente o turismo
da identidade nacional enraizada no fortalecimento da arquitectónico e arqueológico, natural e cultural, o PDM

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caboverdeanidade são premissas indispensáveis à contribui para esta afirmação sobretudo através dos diferentes
sustentabilidade do turismo em Cabo Verde planos de hierarquia inferior para espaços especificamente
delimitados.
 Conservação e valorização dos recursos naturais, em
particular a água, quer para consumo humano e quer para
a rega;
 Protecção do solo e particularmente das zonas agrícolas e
incentivo ao seu alargamento e melhorias de técnicas e de
Valorizar os espaços naturais  O PDM define várias áreas a serem contempladas com outros
recursos;
planos urbanísticos e uma delas é a área do Parque Natural
 Preservação das zonas litorais (mormente as de elevado
do Fogo e a área de PDU da Orla Marítima.
potencial de habitat à biodiversidade e do turismo;
 Protecção da biodiversidade, estimulando áreas a
proteger, intervenções de melhoria do coberto vegetal e
acções de conservação da fauna e da flora, distando as
espécies em vias de extinção.
 Ordenamento do crescimento urbano
 Construção e gestão das infra-estruturas urbanas  O plano propõe normas inovadoras de programação e
 Condicionamento das construções em zonas de risco desenvolvimento da urbanização. Nos aglomerados rurais há
Qualificar os espaços urbanos  Construção do espaço público especial cuidado com a contenção da ocupação de solo rural
 Valorização dos edifícios públicos e dos equipamentos e, em geral, racionaliza-se a delimitação do solo urbano e
colectivos contrariam-se as tendências para a dispersão do povoamento.
 Preservação e valorização do património edificado e das  Na sede de concelho o PDM propõe a elaboração de um plano
memórias dos lugares especial de salvaguarda do património existente.
 Conclusão das construções

3. Principais opções estratégicas de ordenamento territorial


Face às estratégias de desenvolvimento, o Plano Director Municipal, tendo em conta os
seus objectivos e a sua missão, assume-se como um instrumento regulador e
dinamizador do processo de desenvolvimento territorial.

 É Regulador porque, para a integração correcta e justa dos valores e das


condicionantes no seu modelo de ordenamento, o plano terá que se basear numa
perspectiva essencialmente selectiva e altamente defensiva dos principais
recursos do território.

 É Dinamizador porque, compreendendo as implicações e as bases territoriais da


competitividade e da coesão do município, não só valoriza os recursos como
também fomenta o seu aproveitamento racional, ordenando de forma integrada os
principais sistemas estruturantes do território.

Este capítulo pretende explicar as linhas gerais dos princípios e das opções concretas
que enquadram o desenvolvimento do trabalho de elaboração do plano director municipal
de São Filipe, nomeadamente as que se traduzem na proposta de planta de ordenamento
e no regulamento.

As opções estratégicas de ordenamento territorial e a sua tradução nos elementos


espaciais e regulamentares do PDM decorrem sobretudo da constatação do modelo
territorial actual do concelho e das suas tendências.

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i. Organização territorial
A organização espacial do território do concelho de São Filipe assenta-se em classes de
uso dominante do solo, conforme o artº 105º do Decreto-Lei nº 43/2010, de 27 de
Setembro e tem por base três ordens de factores:

 A organização territorial preexistente e as tendências instaladas para a sua


evolução, muito assentes nas próprias vocações “naturais” das diferentes áreas e
locais;

 Os condicionamentos de vária ordem que, por razões de facto e/ou “de jure”
(servidões administrativas e restrições de utilidade pública), têm de ser tidos em
conta e estritamente acatados nos planos desta natureza; e

 O leque de atribuições e competências que estão cometidas aos municípios no


âmbito da disciplina e controlo dos usos do solo e suas transformações.

Tal conjunto de factores gera um quadro algo rígido às opções de organização do espaço,
em particular à definição e configuração dos tipos de áreas afectas aos diferentes usos
dominantes e, muito especialmente, aos que pela sua natureza se materializam em
grandes extensões territoriais.

Neste contexto, foram delimitadas as áreas edificáveis e não edificáveis para todo o
concelho.

Para a delimitação de áreas edificáveis e não edificáveis, com recurso a ferramentas de


geoprocessamento, fez-se uma análise espacial onde puderam ser identificadas
diferentes classes de declives, exposição solar, determinaram-se as faixas
correspondentes ao domínio público marítimo e margens das linhas de água.
Posteriormente, por processo de reclassificação seguido de álgebra de mapas utilizando
os temas de declive, exposição das encostas, domínio público marítimo, linha de água e
suas margens, área agrícola e área protegida do Parque Natural, determinou-se de forma
qualitativa e quantitativa a vocação do território para a edificação.

Conclui-se que o Ocidente, Norte e Oriente do concelho de São Filipe sãocobertos por
fortes pendentes e expostos à norte, recebendo menos horas da luz solar, com ribeiras
muito encaixadas e bastante declivosas e com vocação agrária, facto que pode ser
verificado na carta de exposição solar das encostas. Já na parte sul/sudeste verifica-se
exactamente o contrário ou seja, uma vocação predominantemente urbana.

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O quadro 2 mostra que cerca de 66.45% do município devem ser considerados non
aedificandi. Os restantes 33.55% com vocação para a edificação, distribui-se de forma
variável como se pode inferir do mesmo quadro.

O resultado das operações de análise espacial permite concluir, por um lado, que a maior
parte do Concelho dispõe de uma boa exposição solar enquanto em relação ao declive, a
maior parte situa-se nos limites indesejáveis ou pouco desejáveis para o estabelecimento
humano.

Por outro lado, do cruzamento de todas as variáveis referidas anteriormente, resulta a


carta final que evidencia uma baixa potencialidade para a expansão urbana para além de
indicar o sentido Oeste como preferencial de expansão futura. É de salientar que esta
potencialidade preferencial surge no sentido que tende a ligar o Concelho de Santa
Catarina ao Concelho e cidade de São Filipe que também apresenta um potencial de
crescimento urbano para Santa Catarina.

Quadro 2 – Quantificação e qualificação das áreas urbanizáveis em São Filipe do Fogo


Qualificação área (m2) área (ha) %
Optima 3399175 339,92 1,71
muito boa 16271300 1627,13 8,17
Boa 30065800 3006,58 15,09
Razoável 17111150 1711,12 8,59
Má 32770875 3277,09 16,45
Sem Valor 99618300 9961,83 50,00
Total 199236600 19923,66 100,00

a) Áreas Edificáveis
Começando pelos usos associados ao solo urbano, assumem relevo várias questões
relativas aos espaços urbanos e urbanizáveis e aos respectivos perímetros.

Neste domínio, a proposta do plano traduz-se pela sistemática reanálise das delimitações
de todos os aglomerados, em função das reais dinâmicas instaladas, potenciais ou
desejadas, seguindo critérios, tanto quanto possível, homogéneos para a
rectificação/estabelecimento e para o dimensionamento dos respectivos perímetros.

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Neste processo de reanálise foi adoptado um princípio fundamental de contenção da


urbanização e dos limites dos aglomerados, que decorre não apenas das referidas
dinâmicas como também das orientações para o ordenamento do território emanadas do
Esquema Regional de Ordenamento do Território (EROT).

Na vertente conceptual e regulamentar é ponderada a hierarquização (espaços urbanos,


espaços urbanizáveis e núcleos urbanizáveis) e sua tradução territorial, tanto em termos
de conteúdo técnico como da sua recondução a figuras de planeamento com cobertura
legal.

Ainda no campo regulamentar, pretende-se traduzir com clareza e efeito prático a


distinção fundamental, dentro dos espaços de ocupação de tipo urbano, entre as
situações consolidadas e as áreas de predominância de espaços livres para edificar -
tipicamente, as “áreas de expansão” - adoptando disciplina que não só atenda às
diferenças da problemática subjacente, mas que consagre incentivos às acções de
recuperação/consolidação do existente, relativamente às que apostam no tradicional
crescimento urbano em extensão.

É ainda tido na devida atenção o facto de, para uma boa parte dos aglomerados do
concelho, a respectiva disciplina urbanística e edificatória se esgotar nas disposições do
PDM, uma vez que não se justificará em geral para esses casos a elaboração de planos
de ordenamento de hierarquia inferior. Assim sendo, são consagradas disposições que
habilitam a gestão urbanística com melhores instrumentos de controlo da configuração e
aspecto formal das edificações a autorizar.

Quanto aos espaços industriais, para além da sua localização e delimitação, são
densificadas as disposições relativas à sua ocupação, tanto no que se refere aos planos
urbanísticos que os devem disciplinar como às condições de instalação avulsa das
unidades de laboração, ou ainda à diversificação da natureza das actividades a admitir
nesses espaços.

No total, a área edificável tem uma superfície de cerca de 5023.4 ha, ou seja, cerca de
22.3 % do total da área do concelho.

b) Áreas não Edificáveis


Quanto aos usos associados às áreas não edificáveis, para além de algumas questões
derivadas dos condicionamentos gerados pelas restrições de utilidade pública, o aspecto

15
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

mais relevante a ponderar tem a ver com as diferenciações de características físicas do


solo de umas áreas para as outras.

A disciplina de uso do solo adoptada teve de algum modo em conta as diferenciações de


características intrínsecas do solo de umas áreas para as outras (resultando em
diferentes classes e/ou categorias de espaços),

A área não edificável ocupa uma extensão total de 17011.9 ha (75.6% do concelho).

c) Espaços canais e equipamentos


Estes espaços foram identificados e delimitados para alocar as infra-estruturas técnicas,
rodoviárias e portuárias como suporte ao desenvolvimento equilibrado do município.

Classes dos Espaços Propostos


O zonamento do Plano traduz uma política urbanística de adequação de respostas às
solicitações, problemas e potencialidades de cada unidade, sub-unidade e secção em
particular e do concelho no seu todo.

As classes de espaços que foram criadas visam responder a diferentes componentes de


intervenção e controle da gestão urbanística, correspondendo a cada uma delas um
corpo normativo específico que consta do Regulamento do Plano.

O conceito de desenvolvimento traduzido pelo zonamento encerra uma visão de


sustentabilidade da dinâmica de desenvolvimento do concelho de São Filipe,
contribuindo significativamente para o equilíbrio entre a defesa da qualidade do
ambiente urbano e rural, a satisfação de necessidades básicas e cívicas e a vitalidade e
o dinamismo da economia urbana.

Existem vários exemplos práticos deste desígnio do Plano, grande parte considerados
projectos estratégicos.

Na definição das classes de espaços tomou-se também em conta os aspectos da


dinâmica urbanística e de intensidade de utilização do solo. Os aspectos de dinâmica
urbanística estabelecem o tipo de acções admissíveis e desejáveis para cada espaço,
distinguindo claramente os espaços estabilizados dos espaços que são ou devem ser
objecto de dinâmicas de transformação.

Os aspectos de intensidade de utilização do solo permitem disciplinar a densidade de


construção e de ocupação do solo, contribuindo para a adequação do ambiente

16
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

construído às diversas funções urbanas e à capacidade instalada ou prevista das infra-


estruturas urbanas e procurando satisfazer a diversidade da procura de tipologias
construtivas (edifícios de habitação colectiva, moradias em banda, geminadas ou
isoladas, escritórios, espaços comerciais e de indústria ligeira). Para garantir a qualidade
e sustentabilidade dos espaços urbanizados e urbanizáveis foram propostos espaços
que em termos de densidade podem ser classificados em:
- Espaços de alta densidade, caracterizados por valores do índice de bruto de
utilização (ib) igual ou superior a 0,56;

- Espaços de média densidade, caracterizados por valores do índice bruto de


utilização (ib) superior a 0,35 e inferior a 0,56;

- Espaços de baixa densidade, caracterizados por valores do índice bruto de


utilização (ib) inferior ou igual a 0,35.

Para além dos índices urbanísticos acima referidos, foram definidos dois parâmetros
essenciais para o controle do volume de construção, da imagem urbana e por assim dizer
para a salvaguarda de uma escala mais humana dos espaços construídos: o número
máximo de pisos e a altura máxima da fachada.

Com vista à prossecução dos objectivos das classes de espaços relativamente ao


equilíbrio, diversidade, complementaridade e compatibilidade da localização de funções
urbanas, foram propostas e delimitadas na Planta de Ordenamento as seguintes classes
de espaços cujas áreas e percentagens constam do quadro 3:

a) Áreas Edificáveis: urbana estruturante, habitacional mista, habitacional,


aglomerado rural, verde urbano, de turismo, administrativa, parque natural, e
indústria ligeira.
b) Áreas Não Edificáveis: agro-silvo-pastoril, verdes de protecção e enquadramento,
florestal, agrícola e indústria extractiva.
c) Espaços Canais e Equipamentos: rodoviário (estradas nacionais e municipais),
Aeroportuário, portuário e equipamentos técnicos.

Quadro 3 – Áreas das classes dos espaços


Superfície
ÁREAS CLASSES de ESPAÇOS
ha %
Espaços
canais e

Rodoviário
mentos
Equipa

Aeroportuário 116.5 ha 0.5%


Portuário 15.3 ha 0.06%

17
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Equipamentos técnicos 138.2 ha 0.6%


Total 270 ha 1.2%

Urbana estruturante 453.6 ha 2%


Habitacional mista 1137 ha 5%
Habitacional 100.4 ha 0.4%
Áreas Edificáveis

Aglomerado rural 676.6 ha 3%


Verde urbano
De turismo 1314 ha 5.8%
Parque Natural 1341.4 ha 5.9%
Indústria ligeira 184.5 ha 0.8 %
Total 52075 23.1%

Agro-silvo-pastoril 5135.7 ha 22.8 %


Verde de protecção e enquadramento 7912.2 ha 35.2%
Edificáveis
Áreas Não

Agrícola 2793.2 ha 12.4%


Florestal 956.3 ha 4.2 %
Indústria extractiva 34.5 ha 0.15%
Total 16831.9 ha 74.8%
Total Geral

Caracterização das classes de espaços propostos


 A classe das infra-estruturas rodoviárias é constituída pelo conjunto de rodovias
nacionais e municipais que asseguram a mobilidade e acessibilidade no território,
bem como pelas vias urbanas.

 Os espaços da classe portuária, delimitados na planta de ordenamento, destinam-


se fundamentalmente às actividades ligadas ao transporte marítimo e fruição de
valores naturais e paisagísticos, aliados à actividade de recreio e lazer.

 Os espaços da classe aeroportuária, delimitados na planta de ordenamento,


destinam-se fundamentalmente às actividades ligadas ao transporte aéreo.

 A classe de equipamentos técnicos caracteriza-se pelo apoio e contributo prestado


na organização dos sistemas públicos de educação, saúde, de saneamento e de
abastecimento energético. Tem como uso exclusivo, a implantação de infra-
estruturas técnicas, nomeadamente, ETAR, aterro sanitário, incineradora, lixeira,
central eléctrica convencional e fotovoltaica e reservas de combustíveis.

 Os espaços urbanos estruturantes consolidados, delimitados na planta de


ordenamento, são constituídos por espaços urbanos existentes, dispondo de infra-

18
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

estruturas, equipamentos e serviços que garantem um papel polarizador no


território.

 Os espaços urbanos estruturantes dispersos, delimitados na planta de


ordenamento, correspondem às áreas de transição rural-urbana, total ou
parcialmente infra-estruturadas, cuja transformação se pretende estabilizar e
ordenar.

 A classe habitacional mista tem como ocupação dominante o uso habitacional.


Contudo, são compatíveis com outros usos tais como: serviços/terciários, indústria
não poluente, equipamentos sociais, turismo, recreio urbano, pequeno comércio e
infra-estruturas técnicas, desde que, pelas suas características, sejam compatíveis
com a função habitacional.

 As áreas das classes habitacionais, delimitadas na planta de ordenamento, para


além do espaço que oferecem para a expansão dos aglomerados têm também a
função de estruturar a área urbana.

 Os aglomerados rurais, delimitados na planta de ordenamento, são constituídos


pelos pequenos perímetros urbanos para os quais não se propõe qualquer
expansão que não esteja directamente ligada ao uso do solo a fim de evitar a sua
descaracterização como localidades rurais. Recomendam-se incentivos à
reabilitação das habitações bem como sua ampliação como forma de criar ofertas
de alojamento ao turismo ecológico e agro-turismo, onde as famílias seriam
envolvidas como acolhedoras, professores da arte e ofício do campo, aumentando
assim os seus rendimentos e contribuindo para a fixação das pessoas nas áreas
rurais.

 A área da classe Administrativa, delimitada na planta de ordenamento, para além


do espaço que oferece para a expansão dos aglomerados tem também a função
de estruturar a área urbana.

 A classe Verde Urbano tem como uso dominante o recreio urbano e pode ser
compatibilizada com os seguintes usos: equipamentos sociais, recreio rural,
pequeno comércio, infra-estruturas técnicas, desde que se mantenham as
características dominantes de espaço.

 As áreas da classe turística, delimitadas na planta de ordenamento, são áreas


com vocação turística devido às suas características naturais, que lhes conferem
um potencial turístico elevado.

 A área de Parque Natural, delimitada na planta de ordenamento, é um espaço que


se caracteriza por conter paisagens naturais, semi-naturais e humanizadas de
interesse nacional onde há uma integração harmoniosa da actividade humana e
da natureza. A gestão desta área está sujeita ao regime jurídico das áreas
protegidas aprovado pelo Decreto-lei 3/2003 de 24 de Fevereiro.
19
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

 Os espaços de indústria ligeira, delimitados na planta de ordenamento, são


constituídos predominantemente por indústria não poluente e são caracterizados
pela disponibilidade de lotes industriais mais os espaços verdes de recreio e lazer
ou equipamentos colectivos compatíveis e adequados às necessidades
específicas das actividades aí localizadas.

 Fazem parte da classe agro-silvo-pastoril, os solos cujas características


pedológicas não são próprias para o uso agrícola exclusiva mas que demonstram
potencialidades suficientes para dar continuidade às práticas agropecuárias como
actividades dominantes.

 Fazem parte da classe agrícola, os solos mais férteis, e nos quais domina a
actividade agrícola cuja produtividade tem níveis suficientes para garantir a
continuidade da prática agrícola como actividade dominante.

 As zonas de verde de protecção e enquadramento têm a floresta como uso


dominante e podem ser compatíveis com actividades de recreio rural e agricultura
bem como com a instalação de infra-estruturas técnicas.

 Os espaços florestais são compostos pelas áreas do Concelho em que


predominam a floresta relativamente densa e a floresta de produção.

 Os espaços de indústria extractiva, delimitados na planta de ordenamento,


destinam-se à extracção de inertes e apoio ao desenvolvimento da indústria de
construção civil.

ii. Sistema de acessibilidades e rede viária


O diagnóstico realizado revela que a situação viária no concelho é satisfatória. Contudo,
nota-se que as vias existentes possuem no geral uma faixa de rodagem estreita e em
alguns casos com pouca margem para uma futura ampliação.

Verificou-se, ainda, que a mobilidade dos residentes é muito prejudicada pela inexistência
de uma rede organizada de transportes públicos.

Neste contexto, o PDM propõe uma organização hierarquizada em sistemas primários,


secundários e terciários com estabelecimento de dimensões mínimas que cada sistema
deva possuir, como forma de proporcionar uma maior fluidez de bens e pessoas e em
condições de segurança.

É proposta ainda a construção de uma via marginal com o propósito de, por um lado,
viabilizar as diferentes áreas de ocupação localizadas mais a litoral e, por outro lado,
servir como uma via alternativa de escoamento do tráfego que é de todo útil sobretudo
num território em que a actividade vulcânica está sempre presente. Para além destas
20
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

medidas, espera-se melhorar a acessibilidade e mobilidade através de uma rede de


transporte organizada (privada ou mista) e que deve merecer os incentivos das
autoridades municipais e centrais.

De um modo geral, pode dizer-se que se está a propor uma estrutura viária do Concelho
complementada com uma organização dos tranportes públicos que irá garantir tanto
articulações externas (com particular relevo para a ligação à Cidade de Cova Figueira
através da Via Estruturante Marginal, que será indiscutivelmente um dos grandes
impulsionadores do desenvolvimento desses dois municípios), como o reforço das
ligações internas entre os diferentes aglomerados e, especialmente, entre estes e as
áreas mais dinâmicas do concelho.

Quanto às disposições programáticas e regulamentares neste domínio, o PDM consiste,


no essencial, na definição das vias estruturantes e para as quais o plano estabeleceu
faixas de protecção destinadas a garantir a respectiva viabilização.

O PDM de São Filipe contempla uma rede viária organizada em três níveis que é definida
fundamentalmente a partir de critérios de funcionalidade na estruturação do território:

 Sistema Primário: conjunto de vias e áreas adjacentes estruturantes da ocupação


do território com funções predominantes de transporte/mobilidade, que asseguram
as ligações principais ao exterior do Concelho e no seu interior. Consta
fundamentalmente de Estradas Nacionais definidas na lei.

 Sistema Secundário: conjunto de vias e áreas adjacentes com funções de


transporte e acessibilidade, como distribuidoras e colectoras de tráfego de e para
o sistema primário; consta fundamentalmente de Estradas Municipais definidas na
lei.

 Sistema Terciário: conjunto de vias com funções predominantemente de


distribuição local; consta de fundamentalmente de Caminhos Municipais e
restantes vias do Concelho.

Resumindo, no âmbito deste Plano é apresentada uma proposta de rede hierarquizada


das vias propostas bem como as suas características físicas e funcionais de referência,
espelhadas no regulamento.

O conceito de rede, as características das vias e as propostas de intervenção


apresentadas visam responder aos seguintes objectivos operacionais e urbanísticos:

 Promover boas condições de acessibilidade interna e externa;


21
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

 Promover uma boa integração e articulação urbanística entre os espaços urbanos


existentes e as zonas de expansão urbana;

 Promover a segurança da circulação de veículos e peões, dando particular


atenção à eliminação de obstáculos à circulação de peões com necessidades
especiais de mobilidade;

 Promover a qualificação urbanística e paisagística do espaço público de circulação


e estacionamento.

Tendo presente os objectivos acima referidos, e de acordo com o Decreto-Lei nº 26/2006


de 6 de Março a rede viária foi hierarquizada e classificada, de seguinte modo: Estrada
Nacional e Estradas Municipais, cujas características de referência e funções urbanas são
apresentadas no regulamento do Plano.

No entanto deve-se ter particular atenção no que toca às áreas de servidão das Estradas,
áreas essas que em alguns casos (com maior ênfase no centro histórico de São Filipe)
devido a construções existentes já bem antigas deve-se regulamentar, através de uma
portaria do membro do governo responsável em articulação com a Câmara Municipal de
São Filipe, medidas que constituem excepção em áreas e localidades devidamente
identificadas onde ainda não existem novas construções. No caso dos planos de
loteamento ou novos compromissos urbanísticos, onde ainda não há construção nova,
deve-se evitar tal construção requerendo desde já um processo negocial com os
possíveis proprietários dos terrenos. As vendas de terrenos nessas áreas de expansão
devem ser suspensas imediatamente para impedir mais casos de negociação directa. O
presente regulamento do PDM aponta algumas dessas áreas em conflito que deverão ser
respeitadas.

iii. Infra-estruturas e equipamentos


As infra-estruturas desempenham um papel importantíssimo no processo de
desenvolvimento de qualquer região e são indicadores do estado de desenvolvimento
humano e do território. A dinâmica de crescimento de São Filipe tem-se revelado através
de importantes investimentos públicos aplicados na infra-estruturação e equipamento do
espaço sobretudo nos domínios da rede viária, porto, aeroporto, electricidade, telefone e
abastecimento de água.

22
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Em termos de equipamentos são destacados os investimentos que estão sendo feitos na


construção de um complexo desportivo municipal e do futuro liceu de Ponta Verde.

Já existem no concelho alguns equipamentos e infra-estruturas mas não suficientes para


dar vazão às demandas e ao ritmo de crescimento existente.

Dimensionamento das Infra-estruturas e Equipamentos Colectivos


A avaliação de necessidades, o dimensionamento e a programação de equipamentos de
utilização colectiva para a área de intervenção do Plano foram realizados de modo a
responder aos cenários de evolução demográfica apresentados nos estudos de
caracterização e aos vários tipos e natureza dos equipamentos.

O principal objectivo desta componente do Plano é contribuir para a reserva de solos que
permita resolver carências existentes em determinadas áreas de equipamento social tais
como: desporto, educação, assistência social, justiça, saúde e administração pública para
os actuais e futuros habitantes do concelho a instalar sobretudo nas zonas de expansão
urbana.

Adicionalmente, é apresentado um sumário com os principais critérios e parâmetros de


referência para a avaliação, dimensionamento e programação de equipamentos
colectivos, recomendados em tempos, pela Direcção Geral do Ordenamento do Território
(Cabo Verde) e pela Direcção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento
Urbano (Portugal).

O cenário demográfico mais provável para o concelho de São Filipe em 2022, traduz-se
num crescimento demográfico que poderá atingir os cerca de 40 078 habitantes, podendo
ser superior a este valor em função da dinâmica económica e da promoção local e preços
da habitação.

Para a programação dos equipamentos de uso colectivo vários são os factores ou


critérios concorrentes. De entre eles estão os critérios de irradiação, critérios de
localização, critérios de programação e critérios de dimensionamento que variam com o
tipo de equipamento e suas funções.

Para um desenvolvimento harmonioso está-se a propôr os seguintes equipamentos que


obedecem aos parâmetros abaixo discriminados e cuja programação financeira se pode
ver no quadro 4.

a) Equipamentos de Educação – 336275m²


1 - Jardim-de-infância - 14400m²
Nível - local
23
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Faixa etária - 3 a 5 anos


Tempo de Percurso – 15 minutos a pé ou 20 minutos em transporte público
População Base – mínima 250 e máxima 2500
Nº de Potenciais utentes – 4010 crianças
Taxa de Cobertura – 90%
Efectivos cobertos – 3609 crianças
Crianças por Sala – máximo 20
População estudantil por Jardim – mínimo de 20 (1 sala) e máximo de 120 (6 salas)
Total de Salas Precisas – 180
Área Líquida de Terreno – 1.5 m²/criança = 5400 m²
Área de Terreno – 4 m²/criança = 80 m²/sala
Área Total de Terreno a reservar = 14400 m²

OBS: Devem localizar-se nos centros locais, perto das residencias e nas proximidades
dos espaços de elevadas funcionalidades e cujas condições de salubridade sejam boas.

2 – Escola Básica Integrada - Polo (1º, 2º e 3º ciclos) – 180500m²


Nível - local
Faixa etária - 6 a 11 anos
Tempo de Percurso – a pé, 15-30 minutos 1-1.5 km de distância
População Base – mínima 2000 e máxima 3000
Nº de Potenciais utentes – 9022 crianças
Taxa de Cobertura – 100%
Efectivos cobertos – 9022 crianças
Crianças por Sala – máximo 25
População estudantil por Escola – mínimo de 80 (3 sala) e máximo de 200 (8 salas)
Total de Salas Precisas – 361
Área Bruta de construção – 6 m²/aluno
Área Bruta Total de Construção = 54150 m²
Área de Terreno – 20 m²/aluno = 180500m²

OBS: Devem ser situadas nos centros sub-concelhio e local mas nas proximidades de
áreas residenciais, equipamentos desportivos e sociais. Esta localização deve também
garantir a segurança dos percursos e dos acessos à escola. Deve-se evitar zonas
insalubres e perigosas bem como as áreas industriais.

3 - Ensino Secundário 1º e 2º ciclo - 96000m²


Nível - concelhio
Faixa etária - 12 a 15 anos
Tempo de Percurso – a pé, 30 minutos ou 1.5 km de distância e no máximo 45 minutos ou 2.2 km
de distância
População Base – mínima 15000
Nº de Potenciais utentes – 4812 crianças
Taxa de Cobertura – 100%
Efectivos cobertos – 4812 crianças
Crianças por Sala – máximo 25
População estudantil por Escola – mínimo de 200 (7 sala) e máximo de 1200 (40 salas)
Total de Salas Precisas – 192
Área Bruta de construção – 6 m²/aluno
Área Bruta Total de Construção = 28800 m²
Área de Terreno – 20 m²/aluno = 96000 m²

OBS: Preferencialmente devem localizar-se em lugares centrais a nível concelhio e Zonas


de proximidade e articulação funcionais entre a escola, os equipamentos desportivos e os
equipamentos culturais.

24
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Sítios de fácil acesso aos transportes colectivos. Mas também em lugares com garantia
de segurança dos percursos e das zonas de acesso imediato à escola.
Deve-se evitar sítios ou vizinhanças insalubres e perigosos assim como áreas industriais.

4 - Ensino Profissional - 4 395m²


Nível - concelhio
Faixa etária - 16 - 18 anos
Tempo de Percurso – a pé, 45 minutos ou 2.2 km de distância
População Base – mínima
Nº de Potenciais utentes – 3624
Taxa de Cobertura – 50%
Efectivos cobertos – 1812 crianças
Crianças por Sala – máximo 15
População estudantil por Escola – máximo de 1000
Total de Salas Precisas – 121
Área Líquida – 2.24 m²/aluno = 4066m²
Área Bruta – 25.0 m²/aluno = 45375m²

OBS: A localização de uma escola profissional deve ser condicionada às necessidades


de desenvolvimento local e regional. Há vantagens na proximidade de escolas do ensino
secundário que pode oferecer serviços e equipamentos complementares mediante
acordos.

b) Equipamentos de Saúde – 5800m²


1 - Centro de Saúde de 1º Nível – 2600m²
Nível – sub-concelhio
Tempo de Percurso –
População Base – mínima 15000 máxima de 25000
População a servir - 40078
Nº de habitantes por médico – 2500
Nº de médicos necessários - 16
Nº de habitantes por enfermeiro - 1500
Nº de enfermeiros precisos – 27
Total 2 unidades
Área mínima de construção – 2600 m²
Índice de ocupação máxima – 0.40

OBS: Deve situar-se nos centros urbanos de nível sub-concelhio e a sua melhor
localização obedece a critérios como os seguintes:
Boa acessibilidade;
Facilidade na ligação aos transportes colectivos;
Em área com forte centralidade urbana;
Afastado de vizinhanças insalubres e perigosos e de áreas industriais.
A equipa de PDM localizou o terreno ainda disponível em frente ao actual Hospital São
Francisco por vários motivos de entre os quais a racionalização de serviços na medida em
que em Cabo Verde no geral e no Fogo em especial não existem condições económico-
financeiras para de momento se ter dois hospitais em funcionamento. Desta feita a
escolha do terreno pressupõe a complementariedade entre os serviços tornando-se num
modelo de gestão semi-publico semi-privado aproveitando as mais valias já existentes
diminuíndo desta forma os custos de manutenção e gestão sem descurar-se da qualidade
de serviços a se prestar.
25
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

2 – Posto sanitário - 1200m²


Nível – sub-concelhio
População Base – mínima 2500
População a servir - 40078
Nº de Posto - 4
Área mínima de construção – 4 x 300 m²
Índice de ocupação máxima – 0.40

OBS: Deve situar-se em sítios com boa acessibilidade, de facil ligação aos transportes
colectivos, afastados de vizinhanças insalubres e perigosos e de áreas industriais.

3 – Unidade sanitária de base - 2000m²


Nível – local
População Base – mínima 500
População a servir - 40078
Nº de USB - 20
Área mínima de construção – 20 x 100 m²
Índice de ocupação máxima – 0.40

OBS: Deve situar-se em sítios com boa acessibilidade, afastados de vizinhanças


insalubres, perigosos e de áreas industriais.

c) Equipamentos de Solidariedade e Segurança Social – 19582m²


1 - Centro de dia e de Convívio - 5 600m²
Nível - local
Faixa etária - 65 anos e mais
Tempo de Percurso – a pé, 30 minutos
População Base – mínima 10000 e máxima 15000
Nº de Potenciais utentes – 2886 idosos
Taxa de Cobertura – 25%
Efectivos cobertos – 721 idosos
Utentes por equipamento – máximo 50
Total de salas precisas – 14
Área Líquida Terreno – 5m²/idoso = 3500m²
Área Bruta Terreno – 8m²/idoso = 5 600m²
Taxa de ocupação máxima – 0.40

OBS: A sua melhor localização será em zonas habitacionais seguras e de boa facilidade
de acesso e preferencialmente nas proximidades de jardins públicos, lugares de culto,
zonas comerciais e serviços (bancos, correios, etc.);
Em zonas próximas das estruturas de saúde e afastado de zonas poluidas e de
intensidade de trânsito rodoviário.

2 - Centro de Apoio Aos Jovens em Situação de Risco Social - 12 000m²


Nível - local
Faixa etária – 5 a 18 anos
Tempo de Percurso – a pé, 30 minutos
População Base – variavel
Nº de Potenciais utentes – 11506crianças e jovens
Taxa de Cobertura – 5%
Efectivos cobertos – 575 crianças e jovens
Utentes por equipamento – máximo 50
Total de equipamentos precisos – 12
Área Líquida – 16m²/criança = 12 x 640m² = 9600m²
Área Bruta – 20 m²/criança = 12 x 1 000 m² =12 000m²
Taxa de ocupação máxima – 0.40
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

OBS: Devem implantar-se de preferência em zonas habitacionais, com respeito pelos


seguintes:
Serem dotados com equipamentos educativos, de saúde, formação profissional, sócio-
culturais e recreativas;
Disporem de acesso fácil e seguro e serem bem servidas pela rede de transportes.

3 - Centro de Actividades Educativas e Ocupacionais Para Deficientes - 1987 m²


Nível - local
População Base – variavel
Efectivos cobertos – 150 deficientes
Utentes por equipamento – máximo 30
Total de equipamentos precisos – 5
Área Líquida – 683 m²
Área Bruta – 1987 m²
Taxa de ocupação máxima – 0.40

OBS: A sua localização deve ser próximas de áreas habitacionais que sejam dotadas de
infra-estruturas de saneamento básico, redes de energia eléctrica, água e telefone.
Que disponham de apoio de serviços de saúde e de equipamentos gimno-desportivos e
fácil acesso, servidos pela rede pública de transportes para deficientes;
Afastadas de locais ruidosos e com tráfego intenso.

d) Equipamentos de Desportivos – 93795m²


1 - Estádio de Futebol - 30 000 m²
Nível - concelhio
Tempo de Percurso – 2 a 3 km a pé
População Base – 3000 até 30000
Nº de População – 40078habitantes
Dotação funcional útil por habitante – 2m²
Dimensão funcional útil standart (Sd) – 8 000 m²
Nº de Equipamentos calculados - 8
Área de implantação (Sc) = 1.5Sd = 15 000 m²
Área total – 30 000 m²

2 - Campo de Futebol de onze - 56700m²


Nível - Local
Tempo de Percurso – 0.5 a 1km a pé e 5 min de transporte publico
População Base – 1 000 até 5 000
Nº de População – 40078habitantes
Dotação funcional útil por habitante – 1m²
Dimensão funcional útil standart (Sd) – 1 500 m²
Nº de Equipamentos calculados - 27
Área de implantação (Sc) =1.4 (Sd) = 2 100 m²
Área total = 27 x 2100m² = 56700 m²

3 - Pavilhões e Salas de Desporto - 8640m²


Nível - Concelhio
Tempo de Percurso – 2 a 4km a pé e 15 a 30 min de transporte publico
População Base – 3 000 a 20 000
Nº de População – 40078habitantes
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Dotação funcional útil por habitante – 0.15m²


Dimensão funcional útil standart (Sd) – 1 350m²
Nº de Equipamentos calculados - 4
Área de implantação (Sc) = 1.6 x (Sd) = 2 160m²
Área de reserva urbanística = 4 x Sc = 8640m²

4 - Placas Desportivas - 28455m²


Nível - Local
Tempo de Percurso – 0.5 a 1km a pé e 5 min. de transporte público
População Base – 1 000 a 2 500 habitantes
Nº de População – 40078 habitantes
Dotação funcional útil por habitante – 0.5m²
Dimensão funcional útil standart (Sd) – 968 m²
Nº de Equipamentos calculados - 21
Área de implantação (Sc) = 1.4 x Sd = 1 355 m²
Área total – 28455m²

e) Equipamentos de Cultura – 2800m²


1 - Espaço Cultural Polivalente - 2800m²
Nível - Local
Tempo de Percurso – 1.5 a 2.2 km e 30 – a 45 min. a pé
População Base – mínima de 1 000 habitantes
Nº de População – 40078habitantes
Dotação funcional útil por habitante – 0.05m²
Dimensão funcional útil standart (Sd) – 500m²
Nº de Equipamentos calculados – 4
Área de implantação (Sc) = 1.4 x Sd = 700 m²
Área de reserva urbanística = 4 x Sc = 2800 m²

OBS: Deve situar-se em lugares centrais de nível sub-concelhio com boas condições de
salubridade.

f) Equipamentos de Segurança e Protecção Civil – 7000 m²


1 - Esquadra Policial – 2000m²
Nível - Local
Tempo de Percurso –
População Base – variável
Nº de População – 40078habitantes
Nº de habitantes por agente – 400
Nº de agentes calculados – 100
Tipo de estrutura –esquadra policial
Dotação urbanística total – 500 m²
Nº de Equipamentos calculados –2
Área de construção – 1000 m²
Área de terreno – 2000 m²

OBS: As instalações policiais devem localizar-se em pontos centrais em relação à área


urbana e áreas amplas que permitam visibilidade para garantia de condições de
segurança. Devem ter acessos fáceis e directos a vias de circulação. Recomenda-se uma
nova relocalização da esquadra actual de São Filipe que desempenha um papel de
comando para a região Fogo e Brava.

28
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

No que toca á proteção civil a zona abaixo do aeródromo de são filipe deverá ser
reservada uma área de pelo menos 1 hectar para instalações de um centro de
emergência devido aos riscos da ilha ainda possuir um vulcão activo.

2 – Bombeiros Municipais – 5000m²


Nível - Local
População Base – variável
Nº de População – 40078habitantes
Tipo de estrutura – Tipo A
Nº de Equipamentos calculados –2
Área de construção – 2 656 m²
Área de terreno – 5000 m²

OBS: Os terrenos deverão ser convenientemente escolhidos em relação aos


aglomerados, por forma a permitir uma rápida movimentação das viaturas. A configuração
do terreno deverá ser o mais regular possível, sem grandes diferenças de nível entre os
extremos.
Recomenda-se uma localização equidistante das novas áreas de expansão da cidade,
preferêncialmente perto de vias de acesso que permitem fácil deslocação.

g) Equipamentos de Atendimento Público – 1800 m²


1 - Estação De 1ª Classe - 1800 m²
Nível – sub-concelhio
População Base – 3 000 a 25 000
Nº de População – 40078habitantes
Nº de Equipamentos calculados – 4
Área de construção – 1200 m²
Área de terreno – 1800 m²

OBS: Deve ter uma localização no centro do aglomerado.

h) Equipamentos de Abastecimento público – 2000m²


1 – Mercado - 2000m²
Nível – sub-concelhio
População Base – mínima de 2 500
Nº de População – 40078habitantes
Área de construção por cada 5 habitantes - 1 m²
Nº de Equipamentos calculados – 4
Área de construção – 2000m²
Índice de ocupação máxima – 0.5

OBS: Deve ocupar uma posição central e fácil ligação com os transportes públicos.
Aqui recomenda-se a localização de um mercado central de abastecimento e maior
dinamização de mercados locais de comércio retalhista.

29
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Quadro 4 – Nº mínimo de equipamentos sociais e colectivos necessários


Educação Nº Área
(m²)
Jardim-de-Infância 180 salas 14400

Escola Básica Integrada 361 salas 180500


Ensino Secundário 1º e 2º Ciclo 192 salas 96000
Escola Profissional 121 salas 45375

336275
Saúde

Centro de Saúde de Nível I 2 2600


Posto Sanitário 4 1200
Unidade Sanitária de Base 20 2000
5800
Solidariedade e Segurança Social

Centro de de dia e de convívio de idosos 14 5 600


Centro de apoio a crianças e jovens em situação de risco social 12 12 000
Centro de actividades educativas e ocupacionais para deficientes 5 1987
19582
Desporto

Estádio de Futebol de onze 8 30 000


Campos de Futebol de onze 27 56700
Pavilhões e salas de desporto 4 8640
Placas desportivas 21 28455

93795
Cultura

Espaço cultural polivalente 4 2800


Segurança e protecção civil

30
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Esquadra policial 2 2000

Quartel de bombeiros 2 5000


7000

Atendimento público
Estação de 1ª classe 4 1800
Abastecimento público

Mercado 4 2000
Total 469052

OBS: Uma reflexão sobre o quadro acima, no sector da saúde, a equipa do PDM
recomenda a aposta em Posto Sanitário em detrimento das Unidades Sanitárias de Base,
bem como uma aposta eficaz na multifuncionalidades dos espaços, podendo albergar
outros serviços desconcentrados e reduzir significativamente os custos de
operacionabilidade e manutenção do edificado. Uma gestão partilhada recomenda-se
neste momento, bem como uma aposta em estruturas modulares passíveis de relocação
em caso de necessidade.

Grandes equipamentos também foram previstos nessa proposta de Ordenamento,


nomeadamente:
Infra-estruturas Viárias:
Infra-estruturas Viárias:

A principal infra-estrutura viária proposta é a estrada do litoral, estrada essa que inicia em
São Filipe na próximidade do Hospital São Francisco de Assis, em Montinho e vai até o
município de Santa Catarina (deve-se ter em conta o PDM de Santa Catarina). Essa
coerência de planeamento irá provocar uma grande transformação na Orla marítima de
São Filipe e com isso desencravar algumas localidades que hoje são de dificil acesso,
mas que possuem grandes potêncialidades de desenvolvimento inclusive turístico
também.

Tendo o município de São Filipe boas estradas de pentração no que se refere ao traçado
e à ligação entre as localidades, sugere-se uma aposta na reabilitação dessas estradas e
caminhos já existentes reduzindo significativamente os custos com novas estradas.

Para criar melhores condições de escoamento dos produtos agro-industriais na zona


Norte, há necessidade de se efectuar algumas construções nomeadamente entre
Campanas Baixo e Campanas Cima, e entre Salinas e a localidade de Ameixoeira.

31
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Recomendação: recomenda-se sobretudo o alargamento das vias existentes e a


reabilitação das que se encontram mais deteoradas.

OBS: A falta de identificação entre os limites de cada localidade dificulta a equipa técnica
afirmar com rigor o nome das estradas bem como sua origem e término em locais mais
remotos. Contudo essa situação ficará dissipada com a actualização das Ortofoto (em
curso pela UCCP-MAHOT)

ETAR:
A possibilidade de construção de uma ETAR central para o município de São Filipe foi
salvaguardada na localidade perto de Fonte Tráz, devido ao declive e topografia do
município, mas também por haver já uma estrada de acesso e ser uma área resguardada.

Na zona norte é necessária a construção de um Centro de recolha e/ou um conjunto de


mini-Etares comunitários para dar resposta adequada aos aglomerados e povoados cuja
ocupação do solo é muito dispersa. Nesta área as ETARs ecológicas poderão ser a
melhor solução. No entanto, esta matéria carece de um estudo mais aprofundado na sede
do Plano Nacional de Saneamento (em curso). Toda e qualquer aposta deverá sempre ter
em conta a reutilização da água para a agricultura. Essa linha de pensamento foi outro
factor determinante para a proposta de localização da ETAR principal perto de Fonte de
Tráz quer para dar resposta á ocupação hoje existente mas sobretudo prevendo já as
novas áreas de expansão bem como os perímetros de consolidação dos aglomerados
semi-urbanos e os rurais já existentes. A sua proximidade com o campo produtivo de
Monte Genebra influenciou também na proposta da sua melhor localização.

Resíduos Sólidos:
Neste capítulo a CMSF deu já um importante passo ao avançar com um contentor
incinerador. Contudo, a sua localização não parece ser a mais recomendável.

Devido ao alto investimento já realizado e uma análise criteriosa da sua potencialidade


propõe-se a sua relocalização na proximidade do ETAR, usufruindo dessa forma do
acesso já existente e o possível fornecimento de energia (caraterística da incineradora)
para o funcionamento da ETAR.

32
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Igualmente propõe-se a localização de pequenos centros de reciclagem (ecopontos) para


uma colecta selectiva mais próxima das populações. Prevê-se pequenos galpões de
reciclagens do lixo selecionado com aproximadamente 500 m2 cada que poderão
funcionar em regime de cooperativas permitindo a criação de rendimentos para as
famílias mais vulneráveis. A sua localização será sempre na proximidade da estrada
principal, a uma distância mínima de 5.000 metros de qualquer residência.

Recomendação: Para melhor desempenho da incineradora e aproveitamento de toda a


sua potencialidade recomenda-se a constituição de uma empresa pública intermunicipal
que procederá à recolha e tratamento de todo o resíduo sólido da ilha do Fogo. Os
Ecopontos de recolha selectiva dos resíduos permitirão um melhor aproveitamento e a
reciclagem do lixo, com impacto positivo para o ambiente de São Filipe e
consequentemente sua projecção internacional como destino turístico de excelência.

Em termos de resíduos sólidos, estima-se em 2022, uma produção média diária de 0,5
kg/habitante o que perfaz um total diário de 20,0 toneladas aproximadamente.

OBS: O Erot recomenda a reserva de uma área nas proximidades do aeroporto para essa
infra-estrutura, contudo estudos mais aprofundados no âmbito do PDM propõe essa
reserva extra, sem contradizer o Erot, fundamentada sobretudo nas especificidades
técnicas acima descrita e também no requesito de segurança ás actividades
aeroportuárias e as recomendações da AAC na medida em que um ETAR poderá atrair
pássaros o que é imcompatível com a segurança das operações aeronáuticas.

Terminal Rodoviário Intermunicipal


Após análise cuidada dos hábitos da população de São Filipe e constatando um déficit
organizacional de transporte público na ilha sobretudo no que toca à ligação
intermunicipal, propõe-se pelo menos uma área reservada para a localização de um
terminal Rodoviário (para receber, autocarros, hiaces, carrinha de caixa e taxi) a localizar-
se nas imediações da sede da empresa Água-Brava para melhor organizar o transporte.

Verifica-se também um forte movimento de comerciantes e agricultores que trazem seus


produtos do interior para abastacer o mercado principal de São Filipe. Assim, propõe-se
também na mesma área do terminal rodoviário, reservar um espaço para a construção de
um mercado abastecedor.

A localização dessas duas infra-estruturas importantes fica no entrocamento das duas


principais estradas de ligação ao interior do município e aos municípios vizinhos,
nomeadamente Santa Catarina e Mosteiros.

33
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Recomendação: Recomenda-se a constituição de uma empresa pública-privada


intermunicipal de transportes públicos para viabilizar técnica e economicamente essas
infra-estruturas e melhor organizar a mobilidade inter-municipal da ilha como um todo e de
São Filipe em particular.

Dentro do município, a CMSF deverá proceder à regulamentação do transporte interno.

Parque Fotovoltaico e Eólico


Com as potencialidades nas áreas das energias renovávies existentes no município
propõe-se a criação de uma Central Fotovoltaica na localidade entre Monte Corno e
Monte Macho-Fêmea, como reforço à energia convencional e aumento da capacidade
energética instalada com vista a viabilizar os investimentos nas diversas áreas de
actividades económicas que se espera atrair para São Filipe.

Centro de Proteção Civil


Tendo em consideração que existe na ilha um vulcão activo justifica-se a reserva de uma
área destinada à instalação de equipamentos de protecção civil. Esta localização foi
prevista nas proximidades do aeroporto com fácil acesso à pista. Esta área deverá ser
suficiente para disponibilizar parte dela para acampamento temporário. Deverá ser
aproveitada a pista do aeroporto para a aterragem e a descolagem de helicópeteros.
Igualmente na região portuária deve ser reservado espaço para instalação de tendas e
serviço de evacuação em caso de necessidade.

Energia Eléctrica
Este sector é muito importante para a instalação de pequenas e médias empresas e
pode-se mesmo afirmar que é o motor do desenvolvimento do concelho, assim como de
atracção de potenciais grupos e actores do desenvolvimento. Contudo, está aquém das
expectativas do plano. A rede não é a melhor e as perdas são enormes. De imediato, não
existe nenhum plano de intervenção. Todavia, há um projecto para uma central única de
Fogo o que a ser concretizado poderá vir a suprir as insuficiências que ora se verifica. É
de extrema importância a reserva de área suficiente para expansão e armazenagem de
fuel em segurança nas proximidades da actual central eléctrica. Esta reserva não deverá
ser nunca inferior a 2 000 m2 de área circundante e mais uma faixa de servidão de 50
metros.

34
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Para efeito de materialização do plano calcula-se a seguinte necessidade mínima:


a) Consumo doméstico:
População estimada: 40078 habitantes
Nº de fogos aproximadamente 10000
Consumo médio por fogo: 6 KVA
Coeficiente de simultaneidade: 0,4
Consumo 24000 KVA

b) Consumo industrial:
Área: 219 ha
Consumo por ha: 100 KVA/ ha
Consumo: 21900 KVA

Potência Total a fornecer: 45900 KVA

Abastecimento de Água Potável e Tratamento de Efluentes Domésticos


O Plano Director Municipal, através do zonamento e definição de parâmetros e índices
urbanísticos, estabelece a base de trabalho para a definição e dimensionamento da rede
principal de infra-estruturas de abastecimento de água, drenagem e tratamento de
efluentes domésticos e de águas pluviais.

Quanto ao tratamento de efluentes (domésticos, industriais e pluviais) é sabido que cerca


de 75 a 80% das águas usadas podem ser aproveitadas ou seja, dos 4008 m³
necessários para abastecer a população à razão de 100 litros dia, aproximadamente, de
água fornecida às populações, cerca de 3206 toneladas poderiam ser aproveitadas
sobretudo na rega e manutenção de espaços verdes e na construção civil.

Recomenda-se também a construção de uma rede cuja drenagem será garantida por
gravidade face às condições do terreno que se inclinam para o litoral.

Tendo em conta que vão surgir algumas indústrias com a implementação do plano,
recomenda-se que sejam tomadas medidas tendentes ao pré tratamento das águas
residuais industriais antes de entrar no colector da rede pública.

35
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

iv. Espaços de salvaguarda e protecção


O território do concelho de São Filipe é rico em valores patrimoniais, tanto naturais como
humanizados. Tais valores estão na base do modelo de competitividade adoptado, o qual
exige padrões de qualidade elevados. Neste sentido, o Plano Director Municipal adopta
princípios de salvaguarda e protecção destes recursos, ultrapassando a mera
consideração das servidões administrativas e restrições de utilidade pública e dos
respectivos quadros normativos.

Outros valores patrimoniais são identificados nomeadamente o tecido edificado do centro


histórico da cidade e formulam-se normas regulamentares para a sua protecção.

De acordo com a Carta de Washington de 1987, criada pela ICOMOS e adoptada pela
UNESCO, “todas as comunidades urbanas, quer se tenham desenvolvido gradualmente
ao longo do tempo, quer tenham sido deliberadamente criadas, são uma expressão da
diversidade das sociedades através da história”. Este documento define os princípios, os
objectivos e os métodos necessários para a conservação das cidades históricas e das
áreas urbanas históricas. Ele também pretende promover a harmonia entre a vida privada
e a vida comunitária nessas áreas, e encorajar a preservação destas propriedades
culturais que constituem a memória da humanidade, mesmo que modestas em escala.

A protecção de qualquer centro histórico implica uma definição de diferentes áreas – Zona
Protegida, Zona Tampão e Zona Non Aedificandi – conforme a localização desse
aglomerado. O caso em analise, Centro Histórico de São Filipe, sendo uma das principais
urbes seiscentistas do arquipélago, que ombreando com a antiga Cidade da Ribeira
Grande de Santiago, hoje Património da Humanidade, teve um papel crucial na
reformatação do “Novo Mundo Atlântico”. As suas particularidades arquitectónicas, bem
como a sua configuração urbanística e paisagística são provas inequívocas.

A definição espacial da referida área é a condição a partir da qual podermos considerar as


outras áreas a serem criadas. Para o efeito será necessária uma delimitação a partir de
coordenadas UTM´s das mesmas, e a qual propomos as seguintes áreas:

Zona Protegida – delimitada pelas ribeiras que ladeiam o centro histórico de S. Filipe, o
mar (sendo todos eles delimitações naturais, dada a configuração da cidade), até a zona
de Santa Filomena. A criação dessa zona protegida, de acordo com a Lei de Bases do
Património Cabo-verdiano (102/III/90 e 29 de Dezembro), implica a criação por parte da
Câmara Municipal de um Plano de Salvaguarda do centro histórico.

Zona Tampão – poderá ser definida num raio de 150m dos limites da Zona Protegida. A
Zona Tampão é constituída por uma grande área com zonas de vocação muito variada,
36
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

desde a orla marítima, de claro destino habitacional e turístico, até a zona habitacional.
Poderá, também, ser prevista a expansão urbana da Cidade de São Filipe nestas áreas.

Naturalmente, esta dimensão de salvaguarda e valorização estende-se à definição de


uma estrutura ecológica municipal.

v. Estrutura ecológica municipal


Um dos sistemas territoriais principais considerados pelo PDM é a estrutura ecológica
municipal, que integra áreas de especial sensibilidade e interesse para a conservação da
natureza e manutenção de uma imagem de grande qualidade. Este amplo sistema
territorial é um importante elemento de coesão e de competitividade do Município de São
Filipe, permitindo uma coexistência regulada entre novas iniciativas de desenvolvimento
económico e uma matriz rural e natural que se verifica no município.

A estrutura ecológica municipal, ocupando mais de metade da superfície municipal,


integra os seguintes subsistemas, delimitados na Planta de Ordenamento do Plano: Área
verde de protecção e enquadramento, área florestal, área verde urbana, área agricola
exclusiva e área agro-silvo-pastoril.

O Regulamento do PDM estabelece disciplinas específicas para cada uma destas áreas,
devendo também ter-se em conta que algumas integram espaços protegidos ou
abrangidos por normativas de conservação específicas: domínio público marítimo, regime
jurídico dos espaços naturais, Lei de Base do Ambiente, Lei de Solos entre outras.

vi. Espaços para actividades económicas


O modelo de desenvolvimento de São Filipe assenta na diversificação das actividades
económicas e na valorização dos recursos territoriais. Desta forma, pode considerar-se (e
o Regulamento explicita em que condições podem instalar-se determinadas actividades)
que praticamente todas as categorias de espaços são susceptíveis de acolher actividades
económicas.

Para o solo rural definem-se como usos dominantes as actividades agrícolas, silvícolas,
pecuárias, florestais ou de exploração de recursos minerais. Para além das actividades de
cultivo, criação de animais e da exploração multifuncional da floresta, incluem-se, como
usos compatíveis ou complementares as respectivas instalações (para criação de
animais, directamente adstritas às explorações agrícolas, pecuárias, silvo-pastoris ou
florestais), as instalações de turismo de habitação ou de turismo no espaço rural,
empreendimentos turísticos de interesse reconhecido pelo município, instalações
industriais de transformação de produtos agrícolas, pecuários, florestais ou geológicos,

37
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

restaurantes, a instalação de pequenos comércios e serviços ou oficinas de carácter


artesanal e a explorações de recursos geológicos.

As actividades de produção de energia (unidades de valorização orgânica, parques


eólicos, ou outras instalações de produção de energia a partir de fontes renováveis)
podem ser desenvolvidas em qualquer parcela do território municipal, mediante a
realização da respectiva análise custo-benefício.

No que respeita aos espaços específicos para exploração de recursos geológicos, a


Planta de Ordenamento do PDM representa apenas as pedreiras cuja localização foi
possível determinar. No entanto, chama-se particular atenção à pretenção de instalação
de uma pedreira a localizar-se nas proximidades da Praia de Ladrão, facto esse a
confirmar-se poderá colocar em risco essa praia que é uma alternativa à Praia de Fonte
Bila e serve de catalizador de um turismo diferenciado cujos produtos poderão, neste
contexto, vir a se misturar (agro-turismo e praia).

Quanto ao solo urbano, podemos distinguir a situação do solo urbano de uso geral ou
seja, local de excelência para a concentração de actividades comerciais, turísticas e de
serviços.

Agricultura como actividade lucrativa

Neste capítulo o PDM trata com rigor as áreas com maior potencialidade para essa
prática (Monte Genebra, por exemplo) e ao verificiar infra-estruturas existentes que
permitem dinamizar esse sector, recomenda-se inclusive a construção de uma unidade
especial de produção, à semelhança de Monte Genebra, na zona norte do município, ou
seja na região que vai de Serrado a Almada pela sua próximidade com a zona portuária
e/ou na localidade entre Ponta Verde a São Jorge.

Recomenda-se a reativação e expansão da estrutura de Monte Genebra, adoptando


inclusive uma possível instalação de um polo da universidade pública e/ou uma escola
profissional ligada à actividade agro-silvo-pastoril como forma de maior rentabilização e
diversificação da estrutura existente.

vii. Equipamentos de Saúde


Analisando o actual hospital existente bem como o hospital privado São Francisco de
Assis, constata-se a necessidade urgente de dotar a cidade de um novo Hospital Público,
construido de raiz, com melhores condições de atendimento e de trabalho, mas também
com maiores espaços para albergar mais especialidades. Ora, no contexto da importância
do Município de São Filipe como a mais importante na região Fogo e Brava fundamenta-

38
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

se a proposta de localização de um novo “complexo hospitalar” que se posicione como


alternativa à cidade da Praia, que cumpra sua função e seja um hospital regional e,
sobretudo, que dê garantias de segurança e de saúde aos turistas e investidores que se
almaneja atrair para o município em particular e a ilha em geral. Tendo em conta que uma
infra-estrutura dessa natureza significa avultados investimentos e ainda a existência de
um hospital privado com algumas especialidades que o hospital público não oferece, a
nova edificação deverá nascer num contexto de complementariedade pelo menos numa
1ª fase. Desta forma congregando esforços entre o público e o privado é possivel
estruturar um complexo hospitalar que vá de encontro às expectativas da população do
município e da região no seu todo.

IV. Disposições programáticas do plano

1. Execução do plano
O solo urbano, para efeitos da execução do plano, distribui-se pelas seguintes
componentes em função do seu estado efectivo:
a) Solo urbanizado;
b) Solo sujeito a urbanização programada;
c) Solo não urbanizável.

A execução do plano processar-se-á de acordo com o disposto na legislação vigente,


devendo o uso, ocupação e transformação do uso do solo ser antecedidos, se a natureza
da intervenção e o grau de dependência em relação à ocupação envolvente assim o
exigirem, de outros planos de desenvolvimento urbano ou detalhado para além dos já
previstos no presente plano, da constituição de unidades de execução nos termos da
legislação em vigor ou de operações de loteamento com ou sem associação de
proprietários.

É recomendável a aplicação dos mecanismos de perequação compensatória nas


seguintes situações:
a) No interior das áreas de urbanização programada previstas no presente plano;
b) Nas que para tal forem estabelecidas em plano de desenvolvimento urbano ou
detalhado;
c) Nas unidades de execução que venham a ser delimitadas pela Câmara Municipal nos
termos da legislação em vigor.

39
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

OBS: A situação fundiária verificada no município irá exigir uma boa relação entre a
autarquia, o estado e os privados numa forma de “win to win” onde os investimento
públicos não sejam condicionados pelos interesses privados, mas sim que a sua
execução tragam vantagens e benfeitorias aos proprietários também.

2. Unidades de planeamento e gestão


O território é composto por várias centralidades urbanas que são objecto de uma
discriminação positiva no PDM, seja pela consideração de parâmetros urbanísticos
diferenciados dos restantes aglomerados, seja pela dotação preferencial em
equipamentos e serviços de carácter público.

Neste modelo destaca-se naturalmente a própria sede do concelho, mas outros núcleos,
pelo seu posicionamento no território ou pela capacidade de concentrar dinâmicas
potenciadoras de desenvolvimento que vierem a ser identificados e integrados também na
estrutura urbana principal.

O plano atribui particular atenção à estruturação e qualificação destes núcleos urbanos.


Nos casos em que a dinâmica de evolução territorial e urbanística que apresentam o
justifica são propostas unidades de planeamento, que demarcam áreas de intervenção a
ser objecto de níveis de planeamento mais detalhados, designadamente de planos de
desenvolvimento urbano ou detalhado. Estas unidades operativas são:

a) UE 1 – PIMOT Parque Natural Chã das Caldeiras (1.341 ha)


Esta área se encontra devidamente delimitada nas plantas de condicionante e de
ordenamento ao abrigo do Decreto-Regulamentar nº 3/2008 de 2 de Junho.
Tendo em conta os propósitos que nortearam a criação desta área, a sua dimensão, e
uma considerável presença de actividades humanas torna imprescindível a existência de
um instrumento de gestão urbanística que, conjugado com o plano de gestão do parque,
irá disciplinar o crescimento e desenvolvimento urbanístico dentro da área do parque de
forma a não comprometer os objectivos do próprio parque e da sua comunidade.

Contudo, a partilha desse espaço com os restantes dois municípios vizinhos


nomeadamente São Filipe e Mosteiros obriga que o referido plano seja concebido
conjuntamente pelos três municípios da ilha e em estreita articulação com a Direcção
Geral do Ambiente.

40
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

b) UE2 – PD de Salinas (38.50 ha)


Sendo a área de Salinas uma das melhores localidades para o recreio de praia e
sobretudo pelo seu potencial turístico para o município e após análise técnica propõe-se a
elaboração de um PD como forma de melhorar a sua organização espacial mas sobretudo
para criar as condições que impulsionam o desenvolvimento. De vocação turística essa
área é passível de uma baixa ocupação, sobretudo turismo residêncial e/ou estruturas de
apoio ao turismo (restaurante, pousadas, marina de recreio, área de camping, etc).
Igualmente a proposta vai no sentido de se instalar uma infra-estrutura de pesca que
contemple a construção de uma marina flutuante que albergará duas vertentes: a vertente
de apoio às actividades turísticas de recreio e navegação, e a vertente de apoio á pesca
desportiva e pesca artesanal, visto que ali é o ponto de saída dos botes das localidades
vizinhas. Ainda incluindo nessa infra-estrutura de apoio á pesca e á recreação náutica
propõe-se a instalação de uma Unidade de Frio para melhorar as condições da actividade
piscatória.

Com essas infra-estruturas estarão a ser preservados os hábitos culturais,


nomeadamente a festa de romaria existente na localidade e que além dos festivais de
praia contempla também a corrida de bote e acções religiosas.

Neste momento há alguma actividade de extracção de inertes, algo que deve ser
acompanhado com estudos de impacte ambiental e uma forte vigilância e
acompanhamento caso não haja alternativa de imediato.

Recomenda-se a reparação do arrastadouro de botes já existente, pois essa infra-


estrutura é muito importante para a comunidade piscatória de São Jorge, Campanhas
Baixo e Campanha Cima, Galinheiro e outros.

c) UE 3 – PD de São Jorge (60.00 ha)


Nesta localidade de vocação agro-pastoril, embora a análise fisico-territorial induz-nos a
não ocupação habitacional, a verdade local demonstra outro cenário, de uma ocupação já
consolidada muito ligada à exploração da terra. Assim sendo propomos que o
ordenamento do espaço já existente e a área que os cálculos recomendam como ideal
para a sua consolidação e expansão da população local seja feita através de um plano
41
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

detalhado do local, plano esse que deverá ter em conta as condicionantes naturais e
topográficas. A expansão referida destina-se quase em exclusivo aos habitantes locais e
seus descendentes. No entanto, poder-se-á criar condições de turismo de campo e de
montanha, actividade essa que é perfeitamente compatível com usos propostos para a
localidade envolvente à UP3.

Recomenda-se: Políticas e medidas que estimulem o turismo de campo e de montanha


como complemento da oferta turísitca de Salinas, Campanas de Baixo e Campanas de
Cima e mesmo Galinheiro. A reabilitação e restauro das casas bem como a preservação
das tipologias será fundamental na estratégia de um turismo ligado á vocação da área.

O PD deverá contemplar área para construção de pequenos equipamentos de apoio à


actividade agro-silvo-pastoril nomeadamente unidade de transformação alimentícia e
artesanato ligado à reutilização dos derivados da pastorícia e da agricultura.

Por último mas não menos importante a hidroponia e cultivo em estufa deverão ser
estimulados.

d) UE4 – PD de Ameixoeira (52.10 ha)


Nessa localidade a existência de uma planicie e áreas próximas cujo declive é suave,
serviu na perfeição para propôr para essa localidade um espaço destinado a um turismo
diferenciado e de excelência. Desta forma as condições favoráveis encontradas tais como
a topografia da localidade, a vizinhança perfeita de vocação e práticas agro-silvo-pastoris,
vista veslumbrante sobre o mar, fundamentaram a decisão de propor essa área para o
uso de agroturismo. Essa proposta vai de encontro com a estratégia do município em
atrair um turismo de qualidade e não um turismo de massa. Complementará as ofertas da
localidade de Salinas e de igual forma permitirá a geração de rendimentos à população
local contrariando a tendência hoje verificada de migração.

OBS: Até a concepção do PD da área recomenda-se a preservação da localidade como


área de pastagem e/ou reflorestação.

e) UE5 – PDU zona portuária e industrial (João Pinto e Almada 106,20 ha)
Essa área revela-se como uma das mais importantes ao desenvolvimento do município
mas também da ilha. Devido à sua localização estratégica, sobretudo agora com os

42
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

investimentos a nível do governo central na melhoria e ampliação do Porto Vale dos


Cavaleiros, da instalação da Central Única da ilha do Fogo, e das obras de melhoria das
instalações e depósito de combustíveis, afigura-se como a principal área para localização
da zona industrial e portuária. Essa proposta vai de encontro à importância e dimensão
que o porto Vale dos Cavaleiros irá ter para o impulso do desenvolvimento da ilha do
Fogo no seu todo, extrapolando dessa forma a sua importância municipal. Essa previsão
e expectactivas geradas não devem ser ignoradas e após análise físico-territorial da área
em questão, mas também das zonas envolventes e das condições existentes,
fundamentam a proposta para a área. Para assegurar um desenvolvimento equilibrado,
propõe-se um PDU com uma área reserva de aproximadamente 106 hectares de terreno
para desenolver o parque industrial e portuário da ilha do Fogo. Contudo essa área
poderá ser diminuída em função de um estudo mais aprofundado sobre as necessidades
actuais e previsão de dinâmica até 2024.

Embora o EROT recomenda a reserva de uma outra área localizada nas proximidades do
aeródromo de São Filipe, estudos mais aprofundados no âmbito do PDM a equipa técnica
recomenda a reserva dessa área (de joão pinto a almada) para o desenvolvimento de
actividades industriaus fundamentada nos seguintes pressupostos:

a. A proximidade da estrutura portuária;

b. pela rede viária existente que permite um melhor acesso e escoamento dos
produtos sem a necessidade de cruzar a cidade;

c. pela proximidade dos campos de produção agrícola com maior potencial;

d. Os avultados investimentos já realizados e/ou em curso para as infra-estruturas


energéticas nomeadamente equipamentos de reserva de combustível e a central
única da ilha;

e. O custo e a segurança dos dutos que conduzem os combustíveis do porto aos


depósitos;

f. A questão da segurança das infra-estruturas aeroportuárias e as condições de


navegabilidade da aeronáutica que é imcompatível com centros de indústrias que
poderão ser poluentes, mas igualmente reserva de grandes quantidades de
combustíveis nas proximidades do aeroporto.

43
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Essa proposta sai ainda mais reforçada após a recente manifestaçãao pública da Enapor
em construir um terminal de cargas para libertar a área portuária (jornal noticioso
Inforpress 04.03.2011), a fim de libertar a área portuária para os trabalhos de expansão e
modernização. Tendo a Enapor declarado que precisa de uma área que se distancie no
máximo a 500 metros do porto. Ora esta necessidade poderá constituir uma alavanca
para um projecto mais ambicioso de reestruturar toda aquela área para a indústria e
serviços portuários.

A sua proximidade com uma pedreira também contraria um pouco a proposta do EROT
em dotar esta área o uso turístico.

Recomenda-se: Avançar de imediato com um PDU na proximidade do porto até 1km


após o limite da central eléctrica como forma de estimular os investimentos nessa área. A
constituição de uma sociedade assente na parceria público-privada poderá ser
equacionada como forma de garantir subsídios que permitam a sua rápida implementação
em concertação com o sector privado (se possível cativar seu envolvimento). Instituições
com especial interesse na área tais como a Enapor, a Shell, a Enacol, a Electra, o sector
privado (de forma organizada) as Câmaras de comércio, indústria e serviços, a ADEI,
entre outras,numa perspectiva de ali se proporcionar uma grande área infra-estruturada
que sirva às aspirações da afirmação do município de São Filipe como uma cidade de
referência na região Fogo-Brava.

f) UE6 – PDU de Amargosa (224.40 ha) e UE7 – PDU de São Filipe (403.30 ha)
Embora o centro de São Filipe já possui um PDU, após análise físico-territorial e avaliação
SWOT do município no seu todo e em particular a cidade de São Filipe como centro
estratégico para o desenvolvimento da ilha do Fogo, propõ-se a sua actualização, pois
constactamos que o seu limite hoje já se encontra desactualizado devido ao
desenvolvimento que se registrou nos últimos 12 anos. Contudo, é de se referir que a
nível de regulamento esta responde à grande maioria das exigências do desenvolvimento
actual da cidade, considerando-se portanto que há um grande contributo no único PDU da
ilha. A sua actualização é pertinente para se estruturar a cidade e o município para os
novos desafios de crescimento. No processo de sua actualização é fundamental a
elaboração de um plano de Salvaguarda do centro histórico, que permitirá resgatar a
arquitectura tradicional/ colonial e garantir esse importante produto turístico que são os
casarões Igualmente necessário será a reserva das poucas áreas disponíveis ao redor do
espaço urbano de São Filipe actualmente que é a proposta em UP6 e que se justifica pela

44
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

análise físico-territorial da área e sua envolvente mas também pela topografia favorável à
urbanização e expansão natural de São Filipe.

Propõe-se essa expansão para o lado sul sobretudo pelo menor declive da ilha, mas
também por ser uma área que permitirá melhor gestão do solo se planeado com
antecedência contrapondo-se à pressão urbanística verificada no centro de São Filipe
(Santa Filomena, Congresso, Fonte Aleixo e arredores) mas também “Xaguate”, quase
todos terrenos privados com densas urbanizações criando condições menos favoráveis
para drenagem superficial das águas pluviais, mas também encarecendo o erário publico
para dar respostas a nível de infra-estruturas básicas.

A orografia da cidade de São Filipe por sí só já é uma forte condicionante à sua expansão
desenfreada, pelo que neste momento se reserva a UP6 como área natural de expansão,
mas com uma densidade de ocupação muito menor do que vigora actualmente na cidade
de São Filipe. Esta nova área permitirá à CMSF melhor planeamento e poder dar
respostas a curto prazo à população, criando sobretudo uma nova urbanização com
qualidade de vida e de serviços.

Recomenda-se: Medidas que permitem a consolidação das áreas de expansão já


comprometidas (com planos aprovados pela CMSF), incentivos municipais para a
conclusão das várias obras inciadas sobretudo nas áreas habitacionais, mas também a
revisão imediata de PDU de São Filipe. Essa revisão deverá ser entendida como uma das
primeiras medidas de implementação desse PDM tendo seu prazo de início de elaboração
não devendo exceder o 1º ano após aprovação deste documento.

Na localidade de Montinho ao ser planeada a sua expansão dever-se dar particular


atenção à reserva de grandes áreas para promoção de Habitação de Interesse Social,
quer pela sua proximidade do aeroporto quer pela sua proximidade da futura zona de
desenvolvimento turístico.

g) UE 8 – PDU Monte Barro (Monte Barro+Brandão + Salta Gato + Mourato (170.20 ha)
Área igualmente reservada para expansão da Cidade de São Filipe à semelhança da
reserva feita em UP6. No entanto, é necessário definir a estratégia de prioridade no que
toca à urbanização. Contudo, há uma especificidade que deve ser preservada no acto de
elaboração deste PDU, pelo facto de existir na localidade um equipamento destinado à
armazenagem do vinho. Neste sentido, dever-se-á preservar a sua envolvente com

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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

equipamentos compatíveis e complementares. Esta área possui a particularidade de ser


uma zona estritamente residencial. Essa é uma área especial, pois embora tecnicamente
se propõe o seu uso para residencial exclusivo, muito valorizado pela existência de uma
grande área agrícola na sua envolvente, fundamentou as condicionantes de
edificabilidade propostas enquanto área também abrangida pela servidão aeroportuária,
mas sobretudo pela vista deslumbrante que possui sobre a cidade e tendo a ilha Brava
como pano de fundo. Todas essas características acima apontadas, aliada ao suave
declive da área geram as condições ideais para o surgimento de uma área destinada à
habitação exclusiva, onde a ocupação do solo é mínima e de elevado valor paisagístico,
urbano e fundiário (tributável)

Essa determinação permitirá o surgimento de uma nova urbanização de elevada


qualidade e destinada a uma população com alguma posse, área essa reservada a
atender as solicitações e necessidades específicas desse público-alvo potencial onde
naturalmente se enquadram os emigrantes que queiram construir a habitação dos seus
sonhos já pensando no regresso definitivo á terra natal. Essa recomendação preferêncial
jamais deverá ser entendida como exclusiva, nem tanto como factor de esclusão social,
ou seja, tal como referido na UP6 deve-se igualmente reservar área para instalação de
habitação de Interesse Social permitindo desta forma uma boa integração social e não a
segregação sócio-espacial através do acto de planear.

Recomedamos iniciar o planeamento da UP8 em Monte Barro em detrimento da UP6 por


dois grandes motivos: a 1ª prende-se com a sua próximidade da área sul da cidade já em
expansão promovida pela própria CMSF (zona de montinho abaixo da estrada de
Aeroporto- centro São Filipe), o que traduziria numa continuidade de planeamento. A 2ª
razão prende-se com o facto de existir o depósito e armazenamento do vinho dos padres
capuchinhos o que irá gerar postos de trabalho e consequente movimentação no local
sendo que a tendência da população é fixar-se na proximidade do trabalho e/ou da
estrada. Por se tratar de uma área com potencial para gerar enormes receitas, o seu
planeamento deve ser imediato e para tal há a hipótese da Câmara Municipal constituir
uma sociedade em parceria público-privada com os privados proprietários como forma de
dinamizar esse nicho da sociedade. É uma forma indirecta de captar investidores e
investimentos exteriores (emigração e estrangeiros) para o município e para região, pois
quando o investidor possui residência na localidade e identificação com o país, município
ou região acelera a implementação de projectos/investimento.

h) UE 9 - PD Monte Grito e João Pinto (53.7 ha)

46
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Área igualmente reservada para expansão da cidade de São Filipe que contemplará os
usos mistos e estritamente residencial (ver foto abaixo). Esta última seguindo a mesma
linha de raciocínio visa dotar o município de uma área com características especiais
capazes de satisfazer as pretensões de um nicho mais abastado da sociedade.

Figura 1 – Unidade Planeamento UE9

i) UE10 – PD de Tomé Centeio (31.10 ha)


Área reservada para expansão da Cidade de São Filipe, embora com características
especiais, nomeadamente como área de prestação de serviços relacionados com o
turismo residencial que se propõe na UE 11. Esta área, devido á sua localização
estratégica e proximidade do Aeroporto, poderá receber uma área específica para
indústria ligeira não poluente, mais concretamente os serviços de catering desde que
respeitem as exigências da Agência Aeronáutica de Cabo Verde. Daí a importância de
sua reserva para planeamento e expansão da cidade.

Contudo, recomenda-se a reserva de áreas suficientemente grandes no acto de


elaboração do PD para habitação social, antecipando dessa forma os problemas
habitacionais que se verificam neste momento em todas as ilhas que tiveram um
crescimento repentino muito influenciado pelo dinamismo do sector turístico. Como
chamariz de uma nova e potencial urbanização para a área poder-se-á apostar num
centro de convenção e/ou equipamento semelhante capaz de gerar uma dinâmica
diferente à ilha, sobretudo orientado para a internacionalização. Essa opção a avançar
seria extremamente importante dado a posição estratégica dessa UP em relação a uma

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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

área com potencial para habitação exclusiva e uma área de vocação para
desenvolvimento turístico. (UP 11, 12 e 13).

j) UE 11 – PDU Vicente Dias (164.10 ha), UE12 – PDU Penteada (115.40 ha), UE13 – PDU de Laje
(120.80 ha)
Essas 3 localidades possuem um potencial enorme para o desenvolvimento do sector
turístico.Trata-se de uma área cujo foco é o turismo residencial, pequenos ressorts,
serviços có-relacionados, entre outros, criando um nicho diversificado de oferta turística,
transpondo a mera oferta de hospedagem. Prevê-se um potencial para Golf, alguns
desportos radicais, mas também peregrinação religiosa na medida em que existe uma
igreja e um santuário na região.

k) UE14 – PDU Litoral Sul (166.70 ha)


A UE14 é de facto uma grande aposta estratégica, pois ela reflecte as recomendações do
Plano Estratégico de São Filipe, mas também vai de encontro às expectativas da CMSF
em ter uma área destinada exclusivamente para o desenvolvimento turístico, à
semelhança das ZDTIs criadas em outras ilhas. Porém, devido à particularidade e
sensibilidade do ecossistema do município, teve-se o cuidado de prever uma ocupação
pouco densa o que permitirá melhorar a prestação de serviço e oferta no turismo ao
mesmo tempo que se preserva a maior riqueza da ilha e do município que é o seu
ambiente.

Embora o EROT prevê alguns equipamentos (ETAR, Central eléctrica e Zona industrial)
para essa área recomenda-se uma nova abordagem e reserva da área para as
funcionalidades acima referidas fundamentada anteriormente, quer por estar numa zona
de servidão aeroportuária, quer por técnicamente o ETAR dever localizar-se mais a sul
aproveitando dessa forma o declive natural da ilha para evitar custos com estações de
bombagem de resíduos. Quanto à central não é recomendável o funcionamento de uma
central diesel na proximidade de um aeroporto de acordo com as observações da AAC.

Nota: Essa proposta não pretende contrariar o EROT mas sim apresentar outras soluções
objecto de um estudo mais detalhado e visitas de campo, sendo o EROT um estudo de
nível mais regional e desde logo menos profundo que um PDM propõe-se essas
adaptações e reservas das áreas para uma futura utilização.

Tendo em linha de conta a proposta de uma grande infra-estrutura viária que irá
desencravar todo o litoral Sul da ilha do Fogo fundamentou-se a reserva dessa área para
o desenvolvimento turístico, sector que pela sua dimensão fácilmente viabilizará tal infra-
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

estrutura. Assim, numa estratégia conjunta de planeamento e formas de sua


implementação sustentável (economicamente) propõe-se para essa UE uma vocação
claramente turística. Quanto aos pressupostos oferecidos como mais-valia para esse
sector constam, de entre outras, também a vista veslumbrante sobre o mar, tendo a ilha
Brava como pano de fundo e uma área verde e o vulcão como retaguarda. A ocupação e
cércera dos edifícios estão devidamente salvaguardadas no regulamento em função das
restrições da servidão aeroportuária.

Recomenda-se que se aposte no desenvolvimento dessa UE como forma de alavancar


um sector com enorme potencial no município mas também na ilha. Tendo em conta o
PDM de Santa Catarina que também possui uma via litoral na sua proposta é possível
avançar-se com um estudo de viabilidade técnico-financeira da estrada bem como um
possível faseamento da sua construção. À semelhança de outra UE recomenda-se a
parceria público-privada como forma mais rápida de a implementar.

l) UE15 – PDU Queimada (José Luis até queimada 435.4ha) UE16 – Cerco Pomba (952.40 ha)
Essas áreas foram propostas como reserva para uma nova centralidade. Isto baseia-se
sobretudo no estudo físico-territorial do município onde a carta de condicionantes permite
confirmar a tendência de desenvolvimento a Sul enquanto o Norte é reservado à prática
agro-silvo-pastoril.

Essa reserva é extremamente importante na medida em que o PDM ora proposto terá a
vigência de 12 anos e a dinâmica de Cabo Verde, da ilha do Fogo e, em especial, do
município de São Filipe ser imprevisível neste momento devido às circunstâncias
internacionais. Contudo, alguns factores poderão impulsionar o desenvolvimento do
município e o PDM deverá estar à altura se tal acontecer: Daí, a reserva dessas áreas
como forma de garantir a expansão natural do município. Esta será uma área alternativa a
São Filipe enquanto centro urbano estruturante.

Recomendação: enquanto não houver necessidade de se avançar com esse planeamento


a área servirá para reflorestação e pastagem. A preservação física da mesma é de
extrema importância para não comprometer o futuro. Contudo, o pequeno núcleo
existente em Cutelo Lourenço deverá ser orientado e delimitada a sua expansão sob pena
de comprometer parcialmente a área a desenvolver.

3. Programa de execução
De acordo com o estabelecido na alínea d) do nº 1 do Artigo 104º (conteúdo documental)
do Decreto-Lei 43/2010 de 27 de Setembro, este capítulo apresenta um programa
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

contendo disposições indicativas sobre a execução das intervenções municipais previstas


bem como sobre os meios de financiamento das mesmas.

Neste ponto inicial convém explicitar alguns aspectos que se afiguram relevantes para a
compreensão dos critérios e opções seguidos na preparação do referido programa.

Em primeiro lugar, referir que se procura manter a necessária coerência entre o modelo
territorial adoptado no Plano Director Municipal de São Filipe, na sua dimensão dinâmica,
e as propostas de intervenção de carácter diversificado que o programa contém. Estas
propostas, não se pretendendo exaustivas, constituem um primeiro compromisso entre o
modelo proposto e a acção da autarquia na criação de condições para a sua
concretização.

Em segundo lugar, assinalar a natureza indicativa das propostas, a qual se deve a várias
ordens de razão. O programa proposto corresponde a uma perspectiva com algumas
margens de manobra, tendo em conta um período de investimento em torno de doze
anos.

Em terceiro lugar, adopta-se uma visão mais generalizada, em que são também referidos
alguns investimentos que excedem o campo de competências municipais,
designadamente por se tratar de intervenções sectoriais da administração central. O
contexto de financiamento de políticas públicas está a evoluir no sentido da
responsabilização comum dos vários níveis da administração, quer para a concertação de
intervenções, quer para a concretização de parcerias e para a contratualização. Assim, o
programa refere algumas propostas de projectos não – municipais (acessibilidades,
equipamentos e ambiente) vistos numa perspectiva de complementaridade com os
projectos municipais, e que são indispensáveis para a estruturação territorial em São
Filipe.

Por último, o programa centra-se apenas nalguns investimentos de carácter estruturante


em domínios chave da estratégia: as acessibilidades, o ambiente, o acolhimento
empresarial, os equipamentos colectivos, a valorização de espaços naturais e a
habitação. Naturalmente, a acção municipal estende-se a outros domínios, mas
considera-se que a sua incidência territorial não justifica uma programação no quadro do
PDM, até porque a sua dimensão implica uma margem de erro relativamente elevada.

O quadro seguinte apresenta a proposta de programa, com alguns dados


complementares relativos ao financiamento e ao cronograma.

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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Quadro 5 - Programa de elaboração e financiamento dos planos


Vigência do Plano Superfície Estimativas

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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

Anos

Planos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
ha

PIMOT do Parque
UE- 01
Natural do Fogo 8468,51 ha 8.000.000$00

UE- 02 PD Salinas 38,50 ha 2.500.000$00

UE- 03 PD de São Jorge 60 ha 5.000.000$00

UE- 04 PD Ameixoeira 52,10 ha 3.000.000$00

PDU Zona Portuária


UE- 05
e Industrial 186.20 ha 8.500.000$00

UE- 06 PDU Amargosa 224.40 ha 7.000.000$00

UE- 07 PDU São Filipe 403.3 ha 10.000.000$00

UE- 08 PDU Monte Barro 170.2 ha 7.000.000$00

PD Monte Grito e
UE- 09
João Pinto 53.7 ha 2.500.000$00

UE- 10 PD Tomé Centeio 31.1 ha 2.500.000$00

UE- 11 PDU Vicente Dias 164.1 ha 5.000.000$00

UE-12 PDU Penteada 115.4 ha 4.000.000$00

UE- 13 PDU Laje 120.8 ha 3.500.000$00

UE- 14 PDU Litoral 166.7 ha 5.500.000$00

PDU Queimada/
UE- 15
José Luis 435.4 ha 5.000.000$00

UE- 16 PDU Cerco Pomba 952 ha 8.000.000$00

Plano de salvaguarda
PS
do centro historico Aprox 35 ha 5.000.000$00

Soma 11677,41 92.000.000$000

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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

4. Recomendações para Execução do Plano


A estratégia de desenvolvimento urbanístico é definida a partir da compreensão e diagnóstico da
situação actual do Concelho de São Filipe, da Ilha e do País, definindo ainda um conjunto de
objectivos, projectos e parceiros estratégicos.

O êxito da estratégia de desenvolvimento dependerá em grande parte do dinamismo e


determinação da Câmara Municipal nas tarefas de mobilização de parceiros estratégicos e de
recursos públicos e privados que permitam concretizar os projectos estratégicos e fazer cumprir
as disposições regulamentares deste Plano, sobretudo num contexto de forte escassez de
recursos para fazer face às necessidades existentes e emergentes, sendo fundamental o trabalho
de mobilização e de criação de sinergias.

Os elementos essenciais e complementares deste Plano deverão ser considerados como forma
de assegurar uma gestão urbanística mais equilibrada e exigente. No entanto, eles não são um
fim em si mesmo. A gestão do território deverá ser, progressivamente, cada vez mais, uma gestão
orientada por objectivos.

Em qualquer estratégia, o estudo do comportamento mais provável dos vários actores do sistema
onde se pretende intervir de forma planeada, é fundamental. No caso da estratégia de
desenvolvimento urbanístico do Concelho de São Filipe, os principais actores do sistema urbano e
industrial são de âmbito local, regional, nacional e internacional, aumentando por isso a
complexidade e a incerteza da intervenção planeada. Os principais agentes em presença são:

 Câmara Municipal de São Filipe;

 Governo de Cabo Verde;

 Proprietários de imóveis, principais promotores imobiliários locais e outros promotores


imobiliários nacionais ou internacionais interessados em investir na no Concelho;

 Comerciantes e empresários locais;

 Cidadãos individuais ou organizados sob a forma de associações ou equivalente (agentes


sociais, culturais, desportivos, etc.);

 Órgãos de comunicação social regionais e nacionais.

Tendo em conta que o Plano Director é um instrumento de gestão territorial que serve e apoia
mais directamente as actividades de planeamento e gestão municipais, importa equacionar qual
poderá ser o comportamento desejável da Câmara Municipal, tendo em conta os cenários de

53
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

desenvolvimento considerados mais prováveis, os recursos disponíveis e a sua capacidade de


execução. Tratando-se de um sistema muito dinâmico, é da maior importância criar canais de
comunicação e de relacionamento institucional que permitam acompanhar e articular
permanentemente a dinâmica dos vários agentes. Tendo como referência o documento de
orientação, o diagnóstico apresentado, os agentes em presença e os recursos disponíveis,
considera-se a seguinte estratégia como a mais adequada a empreender pelo município:

- Actualizar e cobrir todo o território com os instrumentos de gestão territorial mais


adequados a cada escala espacial e à dinâmica de cada aglomerado ou zona;

- Promover intervenções pontuais, de carácter exemplar e efeito multiplicador, quer pela sua
qualidade e valor simbólico, quer pelo impacte no processo de qualificação urbanística da
Região e de dinamização da economia municipal, promovendo a sua mediatização (Projectos
Estratégicos);

- Dar prioridade às operações urbanísticas menos exigentes em termos de investimento


municipal a fundo perdido, procurando parcerias estratégicas nos sectores público e privado,
maximizando as probabilidades de êxito das operações;

- Desenvolver uma cultura de exigência, de qualificação e modernização da gestão


municipal, adequando a organização interna, o número de técnicos e a sua qualificação às
exigências e desafios que se colocam ao planeamento e gestão de um município em
crescimento, com fortes necessidades em termos de qualificação urbanística e de
equipamento social.

Como ficou demonstrado nos documentos de caracterização e diagnóstico e nos cenários de


desenvolvimento, o município de São Filipe apresenta enormes potencialidades a ponto de ser um
centro logístico regional, uma referência nacional no sector agropecuário e um vector de projecção
de Cabo Verde no contexto internacional.
A organização espacial proposta neste PDM em termos de ocupação e uso do solo permite
congregar todas essas potencialidades exigindo contudo a tomada de algumas medidas e
desencadeamento de algumas acções tais como:
 Consolidação da malha urbana incorporando todas as funções e estrutura de uma cidade;
 Criação de infra-estruturas que permitam fazer a ponte com os restantes municípios e garantir
a dinâmica de crescimento da região Fogo-Brava de forma eficaz e eficiente;
 Forte investimento em infra-estruturas de transporte e melhoria das acessibilidades;
 Investimento em infra-estruturas básicas (rede saneamento, estações de tratamento de
resíduos sólidos);

54
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório

 Garantir a disponibilidade de grandes equipamentos de apoio ao funcionamento dos demais


municípios nomeadamente hospital, delegações regionais, educação e centros tecnológicos
que reflectem no bem-estar da população;
 Criação de maior capacidade de intervenção na segurança e protecção civil;
 Garantir reservas energéticas e de segurança alimentar;
 Ter um parque permanente a nível de transporte marítimo e/ou aéreo (pronto socorro);
 Reforço da estrutura comercial e empresarial;
 Criação de Parques Urbanos;
 Criação de Parques industriais, habitacionais e turísticas;
 Criação de uma estrutura ecológica principal;
 Criação de uma estrutura verde urbana;
 Preservação dos sistemas naturais costeiros (praias, dunas, arribas);
 Valorização da orla costeira e dos espaços com vocação para lazer e recreio;
 Aumento de áreas de exploração;
 Aumento de disponibilidade de água;
 Massificação de novas tecnologias de produção, transformação e conservação;
 Diversificação de produção e melhorias de espécies;
 Articulação viária eficiente entre centros urbanos e meio rural;
 Garantia de escoamento da produção;
 Qualificação de mão-de-obra;
 Fomento do tecido empresarial;
 Facilidade de acesso a crédito bancário;
 Conservação do solo e água;
 Promoção do município, como destino turístico (divulgação do património material e imaterial);
 Fomento das ofertas de instalações turísticas;
 Fomento dos espaços de diversão nocturna;
 Investimento em grandes infra-estruturas e acolhimento de eventos desportivos, culturais e
artísticos de dimensão internacional
 Promoção de eventos desportivos alternativos e radicais;
 Investimento em infra-estruturas de ligação às rotas mundiais de comunicação e
internacionalização da economia (aéreo, marítimo, logística e conectividade digital);
 Investimento em novas tecnologias de produção e transformação orientadas para exportação;
 Investimento no reconhecimento de Chã das Caldeiras como Património da Humanidade;
 Desenvolver as empresas locais, centros de investigação e inseri-los nas redes mundiais;
 Investimento em infra-estruturas básicas (rede saneamento, Estações de tratamento de
resíduos sólidos);
 Investimento em acções e programa voltado para a preservação ambiental, do ecossistema e
da biodiversidade);
 Aproveitamento da multiculturalidade crescente e com relevância demográfica, económica,
social e cultural.

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