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Contabilidade Pública

Prof. Luiz Airosa

Aula Demonstrativa
Prof. Luiz Airosa Noções de Contabilidade Pública para Auxiliar
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Técnico de Fiscalização do TCM SP
Teoria
Professor: Luiz Airosa
Contabilidade Pública
Prof. Luiz Airosa

Apresentação

Olá!
Bem-vindo ao curso on-line preparatório para o cargo de Auxiliar
Técnico de Fiscalização do Tribunal de Contas do Município de São
Paulo!
Meu nome é Luiz Airosa, e sou Auditor Federal de Controle Externo
do Tribunal de Conta da União desde 2015.
A minha graduação foi em Engenharia de Computação pela Universidade
Federal do Espírito Santo (UFES). Logo que me formei fui trabalhar na
iniciativa privada, como programador e analista de sistemas.
Em 2010 fiz concurso para Analista de Sistemas do Instituto de
Tecnologia da Informação e Comunicação do Espírito Santo (Prodest), tendo
sido nomeado em julho daquele ano.
Em 2012 meu pai me informou que saíra o edital da Secretaria do
Tesouro Nacional para o cargo de Analista de Finanças e Controle (AFC) e me
encorajou a fazer a prova, pois haveria exames em Vitória, onde eu residia.
Comprei alguns livros, estudei por dois meses e... FUI ATROPELADO!
Na época eu nem sabia o que era um arrendamento mercantil! Como eu
queria ser AFC sabendo tão pouco? Fui tão mal na prova que joguei o caderno
de questões fora e nunca soube quantos pontos eu tirei (tomara que eu não
tenha zerado)!
Pois bem, esqueci isso de concursos e segui minha vida... Lá para
março/2013 eu vi no jornal que haveria o concurso para a Secretaria da
Fazenda do Espírito Santo (Sefaz/ES). Na época a Sefaz havia concluído um
prédio novo a 200m do da Prodest (onde eu trabalhava). Indo para a Sefaz eu
ganharia mais que o dobro!
Partiu estudar? Partiu! Comprei alguns cursos PDF e comecei a estudar
com uma boa regularidade (pelo menos na época eu pensava isso!). Pois bem,
realmente houve a prova, e o concurso foi homologado em dezembro daquele
ano.
Aqui eu já havia melhorado, fiquei na nonagésima sexta colocação:

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Comecei a ficar empolgado, e pensei comigo: se eu estudar mais,


ninguém me segura!
Pensei e decidi: meu próximo desafio será a Sefaz/RJ (provas em
janeiro/2014).
Beleza, comecei a estudar para o RJ, mas depois de algumas semanas
eu comecei a “namorar” (que hoje a minha esposa, à época namorada, não
fique com ciúmes!) um certo órgão chamado Tribunal de Contas da União.
Fiquei simplesmente encantado com o trabalho e as possibilidades que a
carreira de Auditor Federal de Controle Externo apresentava, e resolvi mudar
de foco. Larguei “sem dó” a área fiscal e passei a me dedicar à de controle.
Até cheguei a fazer a prova da Sefaz/RJ, mas sem estudar nada de
Direito Tributário e Legislação Estadual fui eliminado nesse concurso.
Pois bem, em meados de 2014 surgiu o primeiro teste: Tribunal de
Contas do Distrito Federal. Edital muito parecido com o do TCU e também
era Cespe.
Resolvi pagar um voo a Brasília e ver como seria! E foi como? Outra
tragédia! Fui eliminado na parte de conhecimentos específicos.
Mas àquela época eu já sabia que passar em um concurso top é um
processo. Primeiro temos que estudar muito e com inteligência. Estudar nos
feriados, nas férias, naqueles dias em que estamos chateados por causa do
trabalho ou da vida pessoal... Não importa. Tem que estudar! Dar o sangue!
Ok, alguns meses – muito mais bem preparado - eu voltei a Brasília,
agora para a fazer a prova de Auditor de Controle Interno da Secretaria de
Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão do Distrito Federal (atualmente
é o cargo de Auditor de Controle Interno da Controladoria Geral do Distrito
Federal).
Essa prova era dividida em grupos de disciplinas. Para cada grupo
deveríamos acertar a uma quantidade maior de questões que a metade total
de pontos do grupo. Por exemplo, para um grupo de 15 questões, o candidato
deveria conseguir ao menos 8 pontos. Menos que isso estaria fora.
Esse concurso foi extremamente difícil e com uma prova muito mal
formulada. Tanto que dos 30 cargos em disputa, somente 24 não foram
eliminados na primeira fase!
E você professor, como foi? Bem, eu havia tirado todos os mínimos por
grupo! Em tese seria só esperar o resultado da discursiva e me mudar para
Brasília, mas (e sempre tem um “mas”, né?), esse concurso tinha uma
peculiaridade. Se alguma questão fosse anulada, os candidatos não ganhariam
os pontos, e sim haveria uma redistribuição. Pois bem, em um grupo de 25
questões eu obtive exatos 13 pontos (acima do mínimo de 50%). Só que

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anularam uma questão que eu acertara inicialmente! Resultado, eu fiquei com


12 pontos. Como eram 25 questões e passaram a ser 24, cada questão ao
invés de valer um ponto passou a valer 1,04 pontos (25/24 = 1,04). Então eu
havia ficado com 12,48 pontos e estava eliminado!!!
Fiquei muito triste, mas não desisti! Eu sabia que meu rendimento só
melhorava, e o foco era o TCU! Então vi que havia sido publicado o edital para
a Sefaz/Salvador. Em Salvador a Controladoria Geral do Município era ligada à
Sefaz, aí abriu concurso para o cargo de Auditor Interno.
Vamos à Bahia? Vamos sim! Agora ninguém mais tirava minha vaga, eu
tinha certeza!
E o resultado veio! Aprovação em primeiro lugar!

Ufa! Missão cumprida, certo? Mais ou menos... Antes havia um curso de


formação de duas semanas em Salvador, logo após o carnaval de 2015. Foi
muito bacana, e lá fiz amigos com os quais mantenho contato até hoje!
Mas eu ainda queria mesmo era o TCU. Não conseguia largar a Corte da
minha cabeça, e voltei a estudar enquanto esperava a nomeação para
Salvador (que paga extremamente bem, o inicial lá é igual ao inicial no TCU).
Pois é, amigos... Continuei estudando até que em junho/2015 foi
publicado o edital do TCU.
Tirei 15 dias de “férias” no trabalho e me dediquei ao máximo! Houve
dias em que eu consegui passar de 9h líquidas de estudo!
O resultado está eternizado no Diário Oficial da União!

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Valeu a pena! Foi um período muito estressante da minha vida, todavia


extremamente produtivo e desafiador!
Cresci muito nesse período, e até hoje colho frutos disso! A própria
oportunidade de lecionar no Exponencial surgiu da minha aprovação!

E tenho fé e esperança que em pouco tempo será você contando


a sua história!

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Perfil das Aulas

Formato
Os resumos serão compostos por esquemas, quadros, figuras, mapas
mentais etc. acompanhados de textos quando forem necessários no nosso
entendimento.
As aulas serão normalmente compostas de 2 arquivos: (i) um com a
teoria; e (ii) o segundo com os resumos presentes ao material teórico.

Conteúdo
O nosso edital é bem enxuto, contendo somente o seguinte tema:

Contabilidade Pública

Conceito. Campo de aplicação. Regimes contábeis. Princípios de Contabilidade sob a


perspectiva do setor público. Norma Brasileira de Contabilidade, NBC TSP Estrutura
Conceitual, de 23/09/16.

Por fim, contem comigo! Se surgirem dúvidas, ou algum conceito não


tenha ficado claro, não hesite em me procurar no fórum.
Estamos combinados?
Bons estudos!

Professor Luiz Airosa

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Aula – Conceito. Campo de Aplicação. Objeto e Objetivos. Sistemas


Contábeis. Princípios Contábeis.

Assunto Página
1. Contabilidade Aplicada ao Setor Público 9
1.1. Contextualização 9
1.2. Conceito 12
1.3. Entidades do Setor Público 14
1.4. Objeto e Objetivo 16
1.4.1.Aspectos 19
1.4.1.1. Aspecto Orçamentário 20
1.4.1.2. Aspecto Patrimonial 22
1.6.3.Aspecto Fiscal 23
1.5. Campo de Aplicação 26
1.5.1.Casos Especiais 29
2. Princípios Contábeis 31
2.1 Princípio da Entidade 32
2.2 Princípio da Continuidade 33
2.3 Princípio da Oportunidade 33
2.4 Princípio do Registro pelo Valor Original 34
2.5 Princípio da Competência 34
2.6 Princípio da Prudência 35
3. Características Qualitativas 37
3.1. Relevância 37
3.2. Representação Fidedigna 38
3.3. Compreensibilidade 38
3.4. Tempestividade 38
3.5. Comparabilidade 38
3.6. Verificabilidade 39

Para facilitar sua referência, abaixo listamos as esquematizações desta aula:

Figura 1- Mudanças recentes na Contabilidade Pública ................................................9


Figura 2- Normas do CFC em vigor para a CASP ......................................................... 12
Figura 3- Conceito esquematizado de Contabilidade (Feliphe Araújo) ........................ 13

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Figura 4- Ramos da Contabilidade ............................................................................. 14


Figura 5- Entidades do Setor Público ......................................................................... 15
Figura 6- Estatal Dependente x Não Dependente ....................................................... 16
Figura 7- Conceito, objeto e objetivo ......................................................................... 18
Figura 8- Aspectos da Contabilidade Pública ............................................................. 20
Figura 9- Orçamento Público - visão geral ................................................................. 21
Figura 10- Aspecto Orçamentário: instrumentos ....................................................... 21
Figura 11- Aspecto Patrimonial ................................................................................. 23
Figura 12- Aspecto Fiscal .......................................................................................... 24
Figura 13- Aplicação da CASP .................................................................................... 28
Figura 14- Princípios Contábeis ................................................................................. 32
Figura 15- Princípio da Entidade ............................................................................... 32
Figura 16- Princípio da Continuidade ......................................................................... 33
Figura 17- Princípio da Oportunidade ........................................................................ 34
Figura 18- Princípio da Competência ......................................................................... 35
Figura 19- Princípio da Prudência.............................................................................. 35
Figura 20- Principais aspectos dos Princípios Contábeis, no Setor Público ................. 36
Figura 21- Características qualitativas da informação contábil .................................. 37
Figura 22- Resumo das características qualitativas ................................................... 39

Na aula de hoje veremos os aspectos iniciais da Contabilidade Pública.


Ressalvamos (e faremos isso mais algumas vezes ao longo deste curso) que
várias mudanças recentes (recentes mesmo, começando a partir de 1º de
janeiro de 2017 e de 2018!) trouxeram mudanças radicais a nossa disciplina.
Assim, vários temas não terão questões ainda – porque muito recentes –
enquanto outros estão com questões desatualizadas.
Estudaremos a sua definição, quando e onde é aplicável, além de outros
conceitos mais gerais, os quais, todavia, usaremos ao longo de todo o curso.
Espero que a aula seja muito proveitosa, e que lhe ajude a ter uma
ótima performance durante a prova.
Quaisquer dúvidas, estamos à disposição no fórum do curso!

Mãos à obra!

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1. Contabilidade Aplicada ao Setor Público

1.1. Contextualização
Até o final de 2016, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) possuía
inúmeras normas acerca da Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP).
Tais normas eram conhecidas como Normas Brasileiras de Contabilidade
Aplicadas ao Setor Público (NBC T 16). Cada NBC T 16 era numerada, indo de
1 até 11.
Além das NBC T 16, estava em vigou a Resolução – CFC 750/1993, que
dispunha acerca dos princípios de contabilidade, e a Resolução – CFC
1.111/2007, a qual tratava da interpretação de tais princípios sob a
perspectiva da área pública.
Havia, contudo, um problema. O sistema contábil nacional, no que diz
respeito à Contabilidade Pública, ainda não estava satisfatoriamente aderente
àquele preconizado pelas normas internacionais (International Public Sector
Accounting Standards - Ipsas). Assim, houve um processo de revisão das
normas brasileiras.
Tal processo teve o seguinte impacto:

NBC TSP Estrutura Resoluções - CFC


Publicação

Conceitual 750/1993 e 1.111/2007


NBC TSP 01 a 26 NBC T 16.1 a 16.5
NBC T 16.7 (a partir de
Revogação
jan/21)
NBC T 16.6 (parcial)
NBC T 16.9 e 16.10 (a
partir de jan/2019)

Figura 1- Mudanças recentes na Contabilidade Pública

O impacto foi muito grande. Nossa aula de hoje, por exemplo, era em
grande parte embasada na NBC T 16.1 que deixou de viger em 2017.
Professor, quais impactos práticos que isso terá? Bem, de início as
bancas não devem mais cobrar questões que envolvam normas revogadas.
Ora, se a norma não possui mais validade, por que cobrá-la?

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Todavia, as bancas continuam cobrando questões de normas


revogadas?
Querem um exemplo? Veja a questão abaixo:

(Cespe / Abin – Oficial Técnico de Inteligência / 2018)


Com relação aos conceitos, ao objeto e ao campo de aplicação da
contabilidade ao setor público, julgue o item subsequente.
Para efeito contábil, equiparam-se às entidades do setor público as pessoas
físicas que recebam subvenção ou incentivo fiscal de órgão público.
Resolução:
Essa equiparação era verdadeira na NBC T 16.1, vide trecho abaixo:
Entidade do Setor Público: órgãos, fundos e pessoas jurídicas de direito
público ou que, possuindo personalidade jurídica de direito privado,
recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem dinheiros, bens e
valores públicos, na execução de suas atividades. Equiparam-se, para
efeito contábil, as pessoas físicas que recebam subvenção, benefício,
ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público.

Tal norma, porém, foi revogada, e a NBC TSP EC não manteve a equiparação,
para efeitos contábeis, de pessoas físicas que recebam subvenção ou incentivo
fiscal de órgão público às entidades do setor público.
Com base nisso, o Cespe a anulou, argumentando que “a resolução objeto da
cobrança realizada no item foi revogada”.
Gabarito: Anulado

Há ainda outros impactos, que dizem respeito diretamente à aplicação


efetiva da CASP. Tais impactos, todavia, só serão descobertos com o passar
do tempo.
Quero chamar a sua atenção para algo importante: apesar de a
Resolução – CFC 750/1993 ter sido revogada, isso não implica que os
princípios contábeis deixaram de existir!
O próprio CFC foi bem claro ao afirmar que:
Revogar a Resolução nº 750/1993, porém, não significa que os Princípios
de Contabilidade estejam extintos. A revogação das resoluções visa à
unicidade conceitual, indispensável para evitar divergências na concepção
doutrinária e teórica, que poderiam comprometer aspectos formais das
Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs).

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Bem, e hoje em dia, o que está valendo? O CFC nos informa!


Correlação

NBC Nome da Norma IFAC

NBC TSP Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de


Conceptual
ESTRUTURA Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do
Framework
CONCEITUAL Setor Público
NBC TSP 01 Receita de Transação sem Contraprestação IPSAS 23
NBC TSP 02 Receita de Transação com Contraprestação IPSAS 9
NBC TSP 03 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes IPSAS 19
NBC TSP 04 Estoques IPSAS 12
NBC TSP 05 Contratos de Concessão de Serviços Públicos: Concedente IPSAS 32
NBC TSP 06 Propriedade para Investimento IPSAS 16
NBC TSP 07 Ativo Imobilizado IPSAS 17

NBC TSP 08 Ativo Intangível IPSAS 31

NBC TSP 09 Redução ao Valor Recuperável de Ativo Não Gerador de Caixa IPSAS 21

NBC TSP 10 Redução ao Valor Recuperável de Ativo Gerador de Caixa IPSAS 26

NBC TSP 11 Apresentação das Demonstrações Contábeis IPSAS 1


NBC TSP 12 Demonstração dos Fluxos de Caixa IPSAS 2
Apresentação de Informação Orçamentária nas Demonstrações
NBC TSP 13 IPSAS 24
Contábeis
NBC TSP 14 Custos de Empréstimos IPSAS 5

NBC TSP 15 Benefícios a Empregados IPSAS 39

NBC TSP 16 Demonstrações Contábeis Separadas IPSAS 34

NBC TSP 17 Demonstrações Contábeis Consolidadas IPSAS 35


Investimento em Coligada e em Empreendimento Controlado
NBC TSP 18 IPSAS 36
em Conjunto
NBC TSP 19 Acordos em Conjunto IPSAS 37
NBC TSP 20 Divulgação de Participações em Outras Entidades IPSAS 38

NBC TSP 21 Combinações No Setor Público IPSAS 40

NBC TSP 22 Divulgação sobre Partes Relacionadas IPSAS 20


Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de
NBC TSP 23 IPSAS 3
Erro
Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de
NBC TSP 24 IPSAS 4
Demonstrações Contábeis
NBC TSP 25 Evento Subsequente IPSAS 14

NBC TSP 26 Ativo Biológico e Produto Agrícola IPSAS 27


Consolidação das Demonstrações Contábeis (revogada a partir
NBC T 16.7 não há
de 1º/1/21)
NBC T 16.11 Sistema de Informação de Custos do Setor Público não há

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Figura 2- Normas do CFC em vigor para a CASP

Apesar de as NBC T 16.1 a 16.5 terem sido revogadas, diversos


dispositivos ainda são muito úteis para compreendermos a Contabilidade
Pública. Logo, tais normas serão constantemente vistas em nosso curso
(principalmente nesta aula).
Além do CFC, há algum outro órgão que discipline o uso da
Contabilidade Pública?
Existe sim, pessoal. Tal órgão é a Secretaria do Tesouro Nacional -
STN. Ela edita o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP),
que é um documento responsável por normatizar diversas operações contábeis
(ele é mais técnico, ensina “como fazer”) que deve ser obedecido pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios. Ela também edita as Instruções de
Procedimentos Contábeis (IPCs), que orientam os responsáveis pela
contabilidade pública e fazerem os registros e demonstrações contábeis de
forma adequada.
Além disso, por força de Lei (Lei 10.180/2001) a STN também é o órgão
central do Sistema de Contabilidade Federal.
Além das NBC TSP e do MCASP, há toda uma legislação sobre a
matéria. As principais leis que veremos a respeito são a Lei 4.320/1964 e a Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF) como é conhecida a Lei Complementar
101/200.

1.2. Conceito
Antes de estudarmos o conceito da Contabilidade Pública (CASP), é
interessante vermos como definir a contabilidade em si:
Contabilidade é a ciência que estuda, registra, controla e interpreta
os fatos ocorridos no patrimônio das entidades com fins lucrativos ou
não.

Para ficar mais claro, segue um esquema elaborado pelo Professor


Feliphe Araújo:

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Figura 3- Conceito esquematizado de Contabilidade (Feliphe Araújo)

Segundo a NBC T 16.1, a CASP é conceituada como:


3. Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência contábil
que aplica, no processo gerador de informações, os Princípios
Fundamentais de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao
controle patrimonial de entidades do setor público.

Vamos destrinchar o conceito acima:


• Ramo da ciência contábil: a contabilidade é uma ciência que
registra, mensura e permite a análise dos elementos patrimoniais
de um ente. No caso da Contabilidade Pública, ela usa os
conceitos dessa ciência (contabilidade) de um modo direcionado,
especificado, aplicado. Por exemplo, a Contabilidade Empresarial
(outro ramo contábil) usa muitas regras definidas na Lei
6.404/1976;

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Ramos da
Contabilidade

Contabilidade Contabilidade Contabilidade


...
Empresarial de Custos Pública

Figura 4- Ramos da Contabilidade

• Aplica os princípios e as normas: por mais que os princípios


não estejam mais presentes em um texto normativo (lembre-se
que a Resolução – CFC 750/1993 também foi revogada no final
de 2016), eles continuam existindo. Além disso, várias leis e
regulamentos disciplinam a CASP, sendo que devem ser
seguidas;
• Controle patrimonial das entidades do setor público: o
nome “contabilidade pública” é autoexplicativo. Trata-se do uso
de técnicas, normas e práticas contábeis nas entidades do setor
público, considerando suas especificidades! Obviamente que o
patrimônio dessas entidades deverá ser registrado e mensurado
periodicamente, como acontece com as entidades privadas.

Apesar de o conceito acima constar de uma norma revogada, entendo


que ele continua plenamente aplicável à CASP.
Faça, apenas, uma observação: na CASP existe uma ênfase não apenas
sobre o patrimônio das entidades do setor público, como, também, sobre o
orçamento dessas entidades (algo que será estudado ainda nesta aula).
Agora vamos destacar as entidades do setor público.

1.3. Entidades do Setor Público


Já sabemos que as normas da Contabilidade Pública são aplicáveis
perante as entidades do setor público. Mas o que são essas entidades?
Segundo a NBC TSP Estrutura Conceitual, elas são assim definidas:
Estão compreendidos no conceito de entidades do setor público: os
governos nacionais, estaduais, distrital e municipais e seus respectivos

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poderes (abrangidos os tribunais de contas, as defensorias e o Ministério


Público), órgãos, secretarias, departamentos, agências, autarquias,
fundações (instituídas e mantidas pelo poder público), fundos, consórcios
públicos e outras repartições públicas congêneres das
administrações direta e indireta (inclusive as empresas estatais
dependentes).

Governo

União

Poderes
Estados
Entidades do
Setor Público
Tribunal de DF
Órgãos Contas; Ministério
independentes Público; Defensoria
Pública Municípios

Autarquias;
Administração Fundações;
Indireta Estatais
Dependentes

Figura 5- Entidades do Setor Público

Na prática, é quase toda a Administração Pública, com exceção das


empresas estatais não dependentes e alguns outros entes como os
conselhos profissionais.
Quem já estudou a linda Lei de Responsabilidade Fiscal conhece bem o
conceito de estatal dependente. Quem ainda não estudou (ou não lembra)
pode ficar tranquilo, porque veremos isso agora ☺

Segundo a Lei Complementar 101/2000:


Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:
(...)
III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do
ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com
pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso,
aqueles provenientes de aumento de participação acionária;

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De uma forma bem didática, a empresa estatal dependente é aquela


que precisa do poder público (para ser mais preciso, do seu controlador) para
se manter! Sem o aporte do controlador, a empresa não será sustentável.
Querem um exemplo? A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) – aquela
que faz A Voz do Brasil - depende da União para se manter, pois sem isso ela
não terá como pagar seus funcionários (despesa de pessoal), nem pagar seu
custeio (energia, água, aluguéis) nem comprar bens permanentes
(investimento).
Já o Banco do Brasil (BB), por sua vez, pode tranquilamente “andar com
as próprias pernas”. Se a União não lhe repassar recursos, mesmo assim o
banco pagará suas contas (e ainda provavelmente lucrará uns bilhões).

Estatal Dependente Estatal Não Dependente

Precisa de aportes Consegue "andar


($) periódicos do com as próprias
controlador pernas"

Figura 6- Estatal Dependente x Não Dependente

Professor, e se a União comprar mais ações do BB na bolsa de valores,


ele virará dependente? Não, porque aí estará configurada a hipótese de
“aumento de participação acionária”.
Professor, e se o banco entrar em uma crise muito braba, e pedir para a
União comprar um imóvel, pois ele está sem dinheiro? Bem, aí o BB se tornará
estatal dependente, porque dependerá do seu controlador (a União) para
cobrir uma despesa de capital (que não é aumento de participação acionária).
Com esse último exemplo, eu quero que você fixe uma coisa: ser
estatal dependente ou não dependente é variável no tempo! Ou seja,
durante um período a empresa pode depender de aportes do controlador.
Durante outro período, não.

1.4. Objeto e Objetivo


Colega, esses conceitos também estão contidos na NBC T 16.1. Como
dito anteriormente, apesar de a norma estar revogada, muito do seu conteúdo

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ainda é útil para fins de concursos públicos (lembre-se também da primeira


questão desta aula, mostrando que as bancas ainda cobram tal normativo).
O objeto da CASP é o patrimônio público. O patrimônio é composto
pelo conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não,
adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas
entidades do setor público, que seja portador ou represente um fluxo de
benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à
exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações.
Aqui o conceito é muito semelhante ao da Contabilidade Geral!
Patrimônio Público é o patrimônio de uma entidade do setor público.
O próprio MCASP 8ª Edição reforça o entendimento de que o objeto da
CASP é o patrimônio público.
No estudo e acompanhamento de seu objeto – o patrimônio público –, a
Contabilidade Aplicada ao Setor Público deve evidenciar as variações
patrimoniais, sejam elas independentes ou resultantes da execução
orçamentária, conforme prevê a Lei nº 4.320/1964:

(IBFC / SES-PR – Técnico em Contabilidade / 2016)


Patrimônio público é:
a) O conjunto de direitos e bens apenas tangíveis, adquiridos, formados,
produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público,
que seja portador e represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro,
inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por
entidades do setor público e suas obrigações.
b) O conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não,
adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas
entidades do setor público, que seja portador e represente um fluxo de
benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à
exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações.
c) O conjunto de bens apenas intangíveis, não onerados, adquiridos,
formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do
setor público, que seja portador e represente um fluxo de benefícios, presente
ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração
econômica por entidades do setor público e suas obrigações.
d) O conjunto de bens apenas tangíveis e onerados, adquiridos, formados,
produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público,
que seja portador e represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro,
inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por
entidades do setor público e suas obrigações.
Resolução:

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a) Errado. Bens intangíveis (patentes, licenças, marcas...) também integram


o patrimônio público.
b) Certo. A alternativa repetiu o conceito presente na revogada NBC T 16.1.
c) Errado. Bens tangíveis (edificações, moeda, veículos, computadores...)
também integram o patrimônio público.
d) Errado. Bens intangíveis (patentes, licenças, marcas...) também integram
o patrimônio público.
Gabarito: Letra B

Sendo o objeto da CASP o patrimônio público, seu objetivo é fornecer


informações aos usuários sobre os resultados alcançados e os aspectos de
natureza orçamentária, econômica, financeira e patrimonial (física do
patrimônio) da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao
processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o
necessário suporte para a instrumentalização do controle social1.
Não podemos confundir objeto com objetivo, ok? O objeto é o tema de
estudo. O objetivo é a finalidade, aquilo que queremos descobrir a partir da
análise feita sobre algum objeto.
Montando um esquema, podemos escrever:

Ramo da Controle patrimonial de


Ciência Contábil entidades do setor público

Objeto Patrimônio Público


CASP

Fornecer informações aos usuários

Orçamentária
Aspectos de Econômica
natureza Financeira
Objetivo
Patrimonial

Tomada de decisão
Em apoio à(o) Prestação de contas
Controle Social

Figura 7- Conceito, objeto e objetivo

1
Compromisso fundado na ética profissional, que pressupõe o exercício cotidiano de fornecer
informações que sejam compreensíveis e úteis aos cidadãos no desempenho de sua soberana
atividade de controle do uso de recursos e patrimônio público pelos agentes públicos.

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(Cespe / Abin – Oficial Técnico de Inteligência – Área 1


/ 2018) Com relação aos conceitos, ao objeto e ao campo de aplicação da
contabilidade ao setor público, julgue o item subsequente.
O objetivo da contabilidade aplicada ao setor público é uniformizar os
procedimentos contábeis para o correto controle patrimonial das entidades por
ela abrangidas.
Resolução:
A Contabilidade Pública vai além da mera uniformização de procedimentos
contábeis para o controle patrimonial. Tanto é que ela lida com outros
aspectos não necessariamente relacionados ao patrimônio de um ente (por
exemplo, o Planos de Contas Aplicado ao Setor Público – PCASP ocupa-se
também das naturezas orçamentária e de controle).
Isso é corroborado pela NBC TSP EC, a qual dispõe que:
Os objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil estão
relacionados ao fornecimento de informações sobre a entidade do
setor público que são úteis aos usuários dos RCPGs para a prestação
de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão.

Assim, no meu entendimento (Luiz) a questão estaria incorreta, mas o Cespe


optou por anulá-la, sob o argumento de que “a resolução objeto da cobrança
realizada no item foi revogada”.
Gabarito: Anulado

1.4.1.Aspectos
A ciência contábil é bastante focada no patrimônio das entidades.
Apesar disso, ela também se ocupa de outros temas, como o resultado
(especialmente por meio da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE),
composição e evidenciação dos custos, entre outros.
No setor público, a Contabilidade Pública é multifacetada. Ela é
muito mais do que uma ferramenta para registrar e mensurar os bens, direitos
e obrigações relativos a uma entidade qualquer. Obviamente que isso é
importante, mas ela vai além (e bastante além) disso!
A bem da verdade, a CASP surgiu inicialmente com um enfoque
demasiadamente orçamentário, muito graças à Lei 4.320/1964. Com o passar
do tempo, contudo, a sociedade e o poder público evoluíram, assim se
percebeu a necessidade de que a Contabilidade Pública abrangesse outros
tópicos.

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A NBC T 16.1 – revogada no final de 2016 – dispunha que a CASP


possuía aspectos relativos às naturezas orçamentária, econômica, física e
financeira do patrimônio da entidade do setor público.
O MCASP 8ª Edição, por sua vez, atualizou a lista de aspectos,
totalizando três: orçamentário, patrimonial e fiscal. É por meio da análise
conjunta desses três aspectos que se desenvolve uma visão global e fidedigna
das informações contábeis.

Orçamentário

Patrimonial

Fiscal

Contabilidade Pública

Figura 8- Aspectos da Contabilidade Pública

Quero que você repare a figura acima. Por mais que os aspectos lidem
com temas e tópicos específicos, o conjunto de todos é o que realmente
importa. Logo, a análise de um só é fornecerá uma visão incompleta e
enviesada acerca da entidade.
Agora, vejamos cada um em maiores detalhes.

1.4.1.1. Aspecto Orçamentário


O tema “orçamento público” é basicamente tratado em AFO. Apesar
disso, é bom lembrar que orçamento é uma lei, a qual prevê as receitas que
serão arrecadadas em um ano (receitas previstas), bem como impõe um
limite às despesas (fixação de despesas) que poderão ser incorridas naquele
mesmo ano.
A previsão das receitas é feita com base em uma série de fatores
macroeconômicos complexos (previsão do crescimento do PIB, taxa de

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desemprego, arrecadação tributária prevista etc.). Já as despesas não podem


superar as receitas (ao menos teoricamente, embora na prática os nossos
políticos deem um jeitinho...).
Então, tenha em mente o seguinte:

Orçamento Público

•Lei (precisa de aprovação do Poder Legislativo)


•Prevê receitas
•Fixa despesas
•Refere-se a um exercício financeiro (um ano)
•A execução do orçamento é acompanhada ao longo do ano

Figura 9- Orçamento Público - visão geral

Feita essa brevíssima síntese, o que seria o aspecto orçamentário da


CASP? Bem, envolve o registro e a evidenciação do orçamento público.
Esse aspecto está presente desde a aprovação (não esqueça que é uma lei,
devendo ser aprovada no Poder Legislativo competente) até sua execução.
O esquema abaixo traz os principais instrumentos que refletem esse
aspecto.

Balanço Balanço
RREO
Orçamentário Financeiro

Principais instrumentos do aspecto Orçamentário

Figura 10- Aspecto Orçamentário: instrumentos

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O Balanço Orçamentário e o Balanço Financeiro serão vistos em


detalhes em aulas futuras. Desde já adianto que integram o conjunto das
demonstrações contábeis obrigatórias às entidades do setor público.
O RREO (abreviação de Relatório Resumido de Execução Orçamentário)
é um demonstrativo bimestral obrigatório por força da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF). Ele permite o acompanhamento das receitas e despesas
orçamentárias, além de conter demonstrativos diversos (que versam, por
exemplo, acerca dos resultados nominal e primário, restos a pagar, entre
outros).

1.4.1.2. Aspecto Patrimonial


O aspecto patrimonial é aquele que compreende o registro e a
evidenciação da composição patrimonial do ente público. O foco são os
ativos, passivos e as suas variações patrimoniais, as quais podem ser
positivas ou negativas.
As variações patrimoniais funcionam de forma assemelhada às receitas
e despesas da Contabilidade Geral2. Mas fique tranquilo que isso será visto em
detalhes na época apropriada ☺
O Balanço Patrimonial e a Demonstração das Variações Patrimoniais são
os principais instrumentos para refletir esse aspecto.

2
Os conceitos de receitas e despesas da CASP não são equivalentes aos da Contabilidade Geral.

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Ativo

Registrar e
Passivo
evidenciar

Variações Patrimoniais
Aspecto
Patrimonial

Balanço Patrimonial
Instrumentos
Demonstração das
Variações Patrimoniais

Figura 11- Aspecto Patrimonial

1.6.3.Aspecto Fiscal
Este aspecto está mais ligado à “saúde financeira” do governo. Segundo
o MCASP, ele compreende a apuração e evidenciação dos indicadores
estabelecidos pela LRF, entre os quais se destacam: despesa com pessoal;
operações de crédito; e dívida consolidada. Também se preocupa com outros
temas como disponibilidade de caixa e os resultados primário e nominal, a fim
de conferir o equilíbrio das contas públicas.
Os principais instrumentos para evidenciar tais aspectos são o RREO e
o Relatório de Gestão Fiscal (RGF). O RGF é um relatório quadrimestral,
também exigível por força da LRF, e que traz a comparação entre os limites
admissíveis por aquela lei com os calculados pela entidade sobre despesa com
pessoal, dívida pública, garantias, operações de crédito e outros temas.

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Aspecto Fiscal

Metas e
Instrumentos
indicadores

RGF RREO Lei de


Responsabilidade
Fiscal

Figura 12- Aspecto Fiscal

Vamos fazer alguns exercícios agora!

(FUNDEP / TCE-MG / Conselheiro-Substituto / 2015)


Considerando esses diferentes aspectos, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Para a necessária diferenciação desses aspectos (patrimonial, orçamentário
e fiscal), tem-se que os registros dos créditos tributários, não tributários e de
transferências, por competência, não promovem registros no aspecto
orçamentário, mas os promovem no aspecto patrimonial.
b) O Balanço Patrimonial e a Demonstração das Variações Patrimoniais
representam os principais instrumentos para refletir o aspecto patrimonial da
contabilidade aplicada ao setor público, sendo que o processo de convergência
às normas internacionais de contabilidade aplicada ao setor público visa a
contribuir, primordialmente, para o desenvolvimento desse aspecto.
c) O Relatório de Gestão Fiscal e o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária representam os principais instrumentos para refletir o aspecto
fiscal da contabilidade aplicada ao setor público, sendo que esse aspecto
compreende variáveis imprescindíveis para o equilíbrio das contas públicas.
d) O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (Balanço Orçamentário e
demais demonstrativos) representa o principal instrumento para refletir o
aspecto orçamentário da contabilidade aplicada ao setor público, que
considera especialmente os indicadores estabelecidos pela Lei Complementar
n. 101/2000.

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e) No aspecto patrimonial devem ser atendidos os princípios e os normas


contábeis voltados para o reconhecimento, a mensuração e a evidenciação dos
ativos e passivos e de suas variações patrimoniais.
Resolução:
a) Ainda não vimos o funcionamento das receitas públicas. Adianto que a
alternativa é correta, mas a explicaremos com calma quando estudarmos a
receita e seus estágios.
b) Certo. O Balanço Patrimonial (BP) e a DVP são os principais instrumentos
acerca desse aspecto.
A afirmativa que “o processo de convergência às normas internacionais de
contabilidade aplicada ao setor público visa a contribuir, primordialmente, para
o desenvolvimento deste aspecto” também é correta, tendo sido extraída do
MCASP3.
c) Certo. Vide imagem anterior.
d) Errado. O erro é bem sutil. Quem considera especialmente os indicadores
estabelecidos pela Lei Complementar 101/2000 (a LRF) é o aspecto
fiscal, não o orçamentário!
A alternativa informa que o Balanço Orçamentário (BO) e outros indicativos
integram o RREO. Isso é verdade! A LRF dispõe que:
Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da Constituição
abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será publicado até trinta
dias após o encerramento de cada bimestre e composto de:
I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as:
a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a
previsão atualizada;
b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o
exercício, a despesa liquidada e o saldo;
II - demonstrativos da execução das:

e) Certo. Realmente o aspecto patrimonial foca nas normas e procedimentos


voltados ao reconhecimento, à mensuração e à evidenciação dos ativos e
passivos, bem como de suas variações patrimoniais.
Gabarito: Letra D

(LEGALLE / Prefeitura de Nova Esperança do Sul - RS /


Contador / 2015) Assinale a alternativa incorreta sobre os aspectos da
Contabilidade Aplicada ao Setor Público, segundo o MCASP:

3
MCASP 7ª Edição, Parte Geral, página 23

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a) O aspecto orçamentário compreende o registro e a evidenciação do


orçamento público, tanto quanto à aprovação quanto à sua execução.
b) O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (Balanço Orçamentário e
demais demonstrativos) representa o principal instrumento para refletir o
aspecto orçamentário.
c) O aspecto Fiscal tem como seus principais instrumentos o Relatório de
Gestão Fiscal e o Relatório Resumido da Execução Orçamentária
d) O aspecto Patrimonial compreende o registro e a evidenciação da
composição patrimonial do ente público, sendo o resultado patrimonial é
apurado pela diferença entre ativo e o passivo, registrados segundo o princípio
da competência.
e) O aspecto Fiscal Compreende a apuração e evidenciação, por meio da
contabilidade, dos indicadores estabelecidos pela Lei Complementar nº
101/2000, dentre os quais se destaca os da despesa com pessoal, das
operações de crédito e da dívida consolidada, além da apuração da
disponibilidade de caixa, do resultado primário e do nominal, variáveis
imprescindíveis para o equilíbrio das contas públicas.
Resolução:
a) Certo. Realmente o aspecto orçamentário se ocupa de monitorar o
orçamento mesmo antes de sua execução.
b) Certo. Comentamos na questão anterior que o Balanço Orçamentário
integra o RREO.
c) Certo. Figura 5 desta aula.
d) Errado. O problema está na definição de resultado patrimonial. Tal
conceito é definido como a diferença entre as variações patrimoniais
aumentativas e diminutivas, sendo apurado por meio da Demonstração das
Variações Patrimoniais (veremos isso exaustivamente!).
e) Certo. O texto lista os principais indicadores compreendidos no aspecto
fiscal da CASP.
Gabarito: Letra D

1.5. Campo de Aplicação


Por campo de aplicação, entendemos o espaço de atuação do
profissional de contabilidade, sendo que, na CASP, esse campo abrange todas
as entidades do setor público (aqueles órgãos e entidades que vimos na
seção 1.3 desta aula).
Neste contexto, não restam dúvidas que a CASP deve ser aplicada,
sem exceção, em toda a Administração Pública direta, ou seja, nos
órgãos e fundos dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário),
pertencentes aos três entes da Federação (União, Estados (e Distrito Federal)
e Municípios).

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Todavia, para as entidades da Administração Pública indireta, a


aplicação da CASP irá depender do tipo da administração, conforme abaixo:
• Autarquias: por terem Personalidade Jurídica de Direito Público,
devem aplicar obrigatoriamente as normas de Contabilidade
Pública;
• Fundações Públicas: por serem personificações do patrimônio
público, devem aplicar obrigatoriamente as normas de
Contabilidade Pública;
• Empresas Estatais (Empresas Públicas e Sociedades de
Economia Mista): por terem Personalidade Jurídica de Direito
Privado, via de regra devem aplicar as normas de contabilidade
privada, exceto as empresas estatais dependentes, as quais,
por receberem do Estado recursos financeiros para custeio de seu
funcionamento, devem aplicar obrigatoriamente as normas de
Contabilidade Pública;

As empresas estatais independentes não precisam, a princípio,


aplicar as regras da CASP. Todavia, elas podem fazê-lo facultativamente.
Existe, todavia, uma hipótese em que a estatal independente será
obrigada a aplicar a CASP. A NBC TSP Estrutura Conceitual dispõe que:
1.8D As demais entidades não compreendidas no item 1.8A, incluídas
as empresas estatais independentes, poderão aplicar esta estrutura
conceitual e as demais NBCs TSP de maneira facultativa ou por
determinação dos respectivos órgãos reguladores, fiscalizadores e
congêneres.

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Órgãos

Fundos
Pessoas
Jurídicas de
Direito Público Autarquias

Fundações
Públicas

Obrigatório
Fundações
Públicas

Empresas Estatais
Pessoas Dependentes
Jurídicas de
Campo de Direito Privado
Aplicação da
CASP
Outras entidades
por força de órgão
regulador

Empresas Estatais
Independentes
Pessoas
Facultativo Jurídicas de
Direito Privado
Outras

Figura 13- Aplicação da CASP

(FCC / PGE-BA - Analista de Procuradoria - Área de


Apoio Administrativo / 2013) O campo de aplicação da Contabilidade
Aplicada ao Setor Público, segundo as Normas Brasileiras de Contabilidade
Aplicada ao Setor Público NBC T 16, abrange:
a) todas as entidades do setor público.
b) as organizações da sociedade civil de interesse público.
c) todos os órgãos e entidades da Administração pública direta e indireta,
exceto as empresas estatais dependentes.
d) as fundações privadas sem fins lucrativos
e) as autarquias, parcialmente, e as empresas de economia mista,
integralmente.
Resolução:

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De acordo com a NBC T 16.1 (a questão é de 2013), o campo de aplicação da


Contabilidade Aplicada ao Setor Público abrange todas as entidades do
setor público, ou seja, órgãos, fundos e pessoas jurídicas de direito público
ou que, possuindo personalidade jurídica de direito privado, recebam,
guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem dinheiros, bens e valores
públicos, na execução de suas atividades. Desta feita, nossa resposta é a letra
A.
Vejamos, contudo, os erros das demais assertivas:
b) as organizações da sociedade civil de interesse público. As OSCIPs são
entidades do terceiro setor, não devendo adotar a CASP.
c) todos os órgãos e entidades da Administração pública direta e indireta,
exceto as empresas estatais dependentes. Existem entidades da
Administração Pública Indireta que não devem adotar a CASP, tais como as
empresas estatais independentes. Já as estatais dependentes, estas
devem adorar integralmente as normas de contabilidade pública.
d) as fundações privadas sem fins lucrativos. Fundações privadas são
Pessoas Jurídicas de Personalidade Privada e devem adotar a
contabilidade privada.
e) as autarquias, parcialmente, e as empresas de economia mista,
integralmente. As autarquias devem adotar integralmente a CASP, ao
passo que as sociedades de economia mista, se não forem dependentes, não
devem adotar a CASP.
Gabarito: Letra A

1.5.1.Casos Especiais
Alguns tipos de pessoas jurídicas podem causar dúvida. Assim, merecem um
destaque.
➢ Conselhos Profissionais: embora os Conselhos Profissionais
(CREA, CRC, CAU, CRM etc.) tenha natureza jurídica de autarquia,
consta no MCASP 8ª Edição que eles poderão aplicar as normas
estabelecidas no MCASP de maneira facultativa ou por
determinação dos respectivos órgãos reguladores, fiscalizadores
e congêneres.
➢ Serviços Sociais Autônomos: os serviços sociais autônomos (Sistema
“S” – Sebrae, Sesi, Senai, entre outros) não são entidades do setor
público. Logo, geralmente, a eles não é cabível a exigência de
cumprimento das normas de contabilidade pública.

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Professor, então nunca eles serão obrigados a seguir a CASP? Bem,


como dito no parágrafo acima, em regra eles não serão obrigados, mas
havendo determinação de órgão regulador, fiscalizador ou congênere,
eles deverão elaborar os demonstrativos aplicados ao setor público.
Por exemplo, o Tribunal de Contas da União (TCU) dispôs o seguinte:

➢ Pessoas Físicas: a NBC T 16.1 informava que se equiparavam ao


conceito de entidades do setor público, para efeito contábil, as “pessoas
físicas que recebam subvenção, benefício, ou incentivo, fiscal ou
creditício, de órgão público”.
Embora a NBC TSP Estrutura Conceitual tenha se omitido acerca deste
tópico, entendemos que pelo princípio constitucional da obrigatoriedade
da prestação de contas, e pelo princípio legal da transparência, as
pessoas físicas que recebam subvenções, benefícios ou incentivos de
órgãos públicos podem ser enquadradas no conceito de “demais
entidades”.
Apenas o Cespe havia abordado esse tema após a revogação da NBC T
16.2, mas optou por anular a questão. Nenhuma outra banca elaborou
questões sobre o assunto.

Antes de finalizar este tópico, é pertinente distinguirmos a pessoa (física


ou jurídica) que receba um ressarcimento pela prestação de um serviço da
pessoa beneficiada por alguma subvenção ou benefício do poder público.
O recurso recebido pelas primeiras é privado, não cabendo ao
Estado exigir prestação de contas sobre como ele foi gasto! Por exemplo,

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digamos que você seja um empresário do ramo da vigilância patrimonial. O


STF abre uma licitação para contratar segurança e vigilância noturna a fim de
resguardar a sede. Se você vencer a licitação e celebrar o contrato com o
órgão, poderá ele exigir saber como você gastou o valor recebido em
decorrência da contratação? Claro que não! O recurso é seu!
Por outro lado, digamos que a sua empresa fictícia recebeu um
empréstimo com generosas taxas de juros, pois prometera realizar
benfeitorias públicas no entorno do seu endereço. Bem, aí a situação muda de
figura. Você deverá demonstrar que fez as tais melhorias, pois os recursos
recebidos eram públicos e condicionados a uma contraprestação.

2. Princípios Contábeis

Antes de estudarmos os princípios, vale aquela ressalva: apesar de a


norma ter sido revogada, o tema colaborará para o entendimento da
disciplina.
O ponto de partida para qualquer área do conhecimento humano deve
ser sempre os princípios que a sustentam. Esses princípios espelham a
ideologia de determinado sistema, seus postulados básicos e seus fins. Vale
dizer, os princípios são eleitos como fundamentos e qualificações essenciais da
ordem que instituem.
Adicionalmente, as novas demandas sociais estão a exigir um novo
padrão de informações geradas pela Contabilidade Pública, e que seus
demonstrativos – item essencial das prestações de contas dos gestores
públicos – devem ser elaborados de modo a facilitar, por parte dos seus
usuários e por toda a sociedade, a adequada interpretação dos fenômenos
patrimoniais do setor público, o acompanhamento do processo orçamentário, a
análise dos resultados econômicos e o fluxo financeiro.
Nesse contexto, a Resolução CFC nº 1.111/07 aprova o Apêndice II da
CFC nº 750/93, apresentando a interpretação dos Princípios de
Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público. Os Princípios da
Contabilidade, de acordo com a Resolução CFC nº 750/93, alterada pela
Resolução CFC nº 1.282/104, são:
I. Entidade
II. Continuidade
III. Oportunidade
IV. Registro pelo Valor Original
V. Competência
VI. Prudência

4 A Resolução CFC nº 1.282/10 revogou o Princípio da Atualização Monetária, o qual deixou de


ser tratado como princípio e passou a ser uma característica do Princípio do Registro pelo Valor
Original.

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Entidade

Prudência Continuidade

Princípios de
Contabilidade
Competência Oportunidade

Revogado Atualização Registro pelo


em 2010
Monetária Valor Original

Figura 14- Princípios Contábeis

Para facilitar sua memorização, é só lembrar: A entidade tem


continuidade se tiver oportunidade de registrar pelo valor original com
competência e prudência.

2.1 Princípio da Entidade


O Princípio da Entidade se afirma, para o ente público, pela
autonomia e responsabilização do patrimônio a ele pertencente.
A autonomia patrimonial tem origem na destinação social do
patrimônio e a responsabilização pela obrigatoriedade da prestação de
contas pelos agentes públicos.

Autonomia Destinação social do


Patrimonial patrimônio público
Princípio da
Entidade
Obrigatoriedade da
Responsabilização
prestação de contas
do patrimônio
dos agentes públicos

Figura 15- Princípio da Entidade

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(FCC / TCM-GO - Auditor de Controle Externo - Contábil


/ 2015) O princípio fundamental de contabilidade para o ente público que se
afirma pela autonomia e responsabilização do patrimônio a ele pertencente, é
o Princípio da
a) Continuidade.
b) Entidade.
c) Competência.
d) Publicidade.
e) Transparência.
Resolução:
De acordo com a Resolução CFC nº 1.111/07, que aprova o Apêndice II da
CFC nº 750/93 apresentando a interpretação dos Princípios de Contabilidade
sob a perspectiva do Setor Público, para o ente público, o Princípio da
Entidade se afirma pela autonomia e responsabilização do patrimônio a
ele pertencente, sendo que a autonomia patrimonial tem origem na
destinação social do patrimônio, enquanto a responsabilização está
relacionada à obrigatoriedade da prestação de contas pelos agentes
públicos.
Gabarito: Letra B

2.2 Princípio da Continuidade


No âmbito da entidade pública, a continuidade está vinculada ao
estrito cumprimento da destinação social do seu patrimônio, ou seja, a
continuidade da entidade se dá enquanto perdurar sua finalidade.

• Cumprimento da destinação social do


Princípio da patrimônio público
Continuidade • Há continuidade enquanto perdurar a
finalidade do patrimônio

Figura 16- Princípio da Continuidade

2.3 Princípio da Oportunidade


O Princípio da Oportunidade é base indispensável à integridade e à
fidedignidade dos processos de reconhecimento, mensuração e
evidenciação da informação contábil, dos atos e dos fatos que afetam ou

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possam afetar o patrimônio da entidade pública, observadas as Normas


Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público.
A integridade e a fidedignidade dizem respeito à necessidade de as
variações serem reconhecidas na sua totalidade, independentemente do
cumprimento das formalidades legais para sua ocorrência, visando ao
completo atendimento da essência sobre a forma.

Princípio da Oportunidade

Integridade e Fidedignidade

Processo de reconhecimento, mensuração e


apresentação da informação contábil

Atendimento da essência sobre a forma

Figura 17- Princípio da Oportunidade

2.4 Princípio do Registro pelo Valor Original


Nos registros dos atos e fatos contábeis será considerado o valor
original dos componentes patrimoniais.
Valor Original, que ao longo do tempo não se confunde com o custo
histórico, corresponde ao valor resultante de consensos de mensuração
com agentes internos ou externos, com base em valores de entrada – a
exemplo de custo histórico, custo histórico corrigido e custo corrente - ; ou
valores de saída – a exemplo de valor de liquidação, valor de realização,
valor presente do fluxo de benefício do ativo e valor justo.

2.5 Princípio da Competência


De acordo com a Resolução CFC nº 1.111/07, com redação dada pela
Resolução CFC nº 1.367/11, o Princípio da Competência aplica-se
integralmente ao Setor Público.
Segundo a Resolução CFC nº 750/93, o Princípio da Competência
determina que os efeitos das transações e outros eventos devem ser
reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do

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recebimento ou pagamento, pressupondo a simultaneidade da confrontação


de receitas e de despesas correlatas.

Efeitos das transações


sejam reconhecidos nos
Aplica-se períodos a que se referem,
integralmente independentemente do
ao Setor Público recebimento ou
Princípio da pagamento
Competência

Pressupõe simultaneidade
da confrontação de
receitas e de despesas
correlatas

Figura 18- Princípio da Competência

2.6 Princípio da Prudência


Pelo Princípio da Prudência, as estimativas de valores que afetam o
patrimônio devem refletir a aplicação de procedimentos de mensuração que
prefiram montantes, menores para ativos, entre alternativas igualmente
válidas, e valores maiores para passivos.
A prudência deve ser observada quando, existindo um ativo ou um
passivo já escriturado por determinados valores, segundo os Princípios do
Valor Original, surgirem possibilidades de novas mensurações.
A aplicação do Princípio da Prudência não deve levar a excessos ou a
situações classificáveis como, ocultação manipulação do resultado de
passivos, super ou subavaliação de ativos. Pelo contrário, em consonância
com os Princípios Constitucionais da Administração Pública, deve constituir
garantia de inexistência de valores fictícios, de interesses de grupos ou
pessoas, especialmente gestores, ordenadores e controladores.

ATIVO Menor valor Menor PL


Princípio
da
Prudência
PASSIVO Maior valor Menor PL

*Sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das


mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido

Figura 19- Princípio da Prudência

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(FCC / TCE-CE - Procurador de Contas / 2015) No


encerramento do exercício de 2014, determinada prefeitura municipal do
Estado do Ceará, entre alternativas igualmente válidas, preferiu registrar um
valor menor para um componente do passivo circulante, com o objetivo de
melhorar seu resultado patrimonial. Este procedimento fere o Princípio da
a) Fidedignidade.
b) Competência.
c) Integridade.
d) Prudência.
e) Oportunidade.
Resolução:
De acordo com a Resolução CFC nº 1.111/07, pelo Princípio da Prudência,
as estimativas de valores que afetam o patrimônio devem refletir a aplicação
de procedimentos de mensuração que prefiram montantes, menores para
ativos, entre alternativas igualmente válidas, e valores maiores para
passivos.
Desta feita, se a prefeitura preferiu registrar um valor menor para um
componente do passivo circulante, ela provocou um aumento do
Patrimônio Líquido da entidade, ferindo o Princípio da Prudência.
Gabarito: Letra D
Resumindo, os Princípios Contábeis são:

Entidade Autonomia e Responsabilização do patrimônio

Continuidade Cumprimento da destinação social do patrimônio

Integridade e Fidedignidade da informação


Oportunidade
contábil

Registro pelo Registro dos atos e fatos contábeis pelo valor


valor original original dos componentes patrimoniais

Competência Aplica-se integralmente ao Setor Público

Menor valor para Ativo e Maior valor para Passivo


Prudência
em situações igualmente válidas

Figura 20- Principais aspectos dos Princípios Contábeis, no Setor Público

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3. Características Qualitativas

Ao estudarmos o conceito da CASP, vimos que ela faz parte de um


processo gerador de informações. Bem, gerar informações para Contabilidade
Pública só terá utilidade caso essas informações agreguem valor para os fins
de: prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada
de decisão.
Para que as informações sejam úteis, elas precisam possuir as
características qualitativas elencadas abaixo:

Representação
Relevância Compreensibilidade
Fidedigna

Verificabilidade Comparabilidade Tempestividade

Figura 21- Características qualitativas da informação contábil

Sugiro o uso de um mnemônico para decorá-las. Eu (Luiz) gosto do


“ReReComComTeVe”, mas escolha qualquer um, pois o que importa é saber
quais são e o que significam!

3.1. Relevância
Basicamente, uma informação relevante é aquela que é capaz de
influenciar significativamente o cumprimento dos objetivos da elaboração
e da divulgação da informação contábil.
As informações financeiras e não financeiras são capazes de exercer
essa influência quando têm valor confirmatório, preditivo ou ambos.

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Valor confirmatório é aquele que confirma, ratifica, uma ideia ou


estimativa.
O valor preditivo, por sua vez, auxilia a descobrir um valor (ou um
intervalo de valores) esperados em uma dada situação.
A informação pode ser capaz de influenciar e, desse modo, ser
relevante, mesmo se alguns usuários decidirem não a considerar ou já
estiverem cientes dela.

3.2. Representação Fidedigna


Trata-se da característica de representar um evento de modo mais
próximo possível ao ocorrido na realidade. A representação fidedigna é
alcançada quando a representação do fenômeno é completa, neutra e livre
de erro material. A informação que representa fielmente um fenômeno
econômico ou outro fenômeno retrata a substância da transação, a qual
pode não corresponder, necessariamente, à sua forma jurídica.

3.3. Compreensibilidade
A compreensibilidade é a qualidade da informação que permite que os
usuários compreendam o seu significado. As demonstrações contábeis
devem apresentar a informação de maneira que corresponda às necessidades
e à base do conhecimento dos usuários, bem como a natureza da informação
apresentada. A compreensão é aprimorada quando a informação é
classificada e apresentada de maneira clara e sucinta.

3.4. Tempestividade
Tempestividade está ligada à disponibilidade das informações em
tempo hábil, isto é, antes que ela perca a sua capacidade de ser útil para fins
do objetivo da elaboração e divulgação da informação contábil. A ausência de
tempestividade pode tornar a informação menos útil.

3.5. Comparabilidade
Comparabilidade é a qualidade da informação que possibilita aos
usuários identificar semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de
fenômenos. A comparabilidade não é uma qualidade de item individual de
informação, mas, antes, a qualidade da relação entre dois ou mais itens
de informação.

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3.6. Verificabilidade
A verificabilidade é a qualidade da informação que ajuda a assegurar
aos usuários que a informação contida nas demonstrações contábeis
representa fielmente os fenômenos econômicos ou de outra natureza que
se propõe a representar.
Essa característica implica que dois observadores esclarecidos e
independentes podem chegar ao consenso geral, mas não necessariamente à
concordância completa, em que a informação representa os fenômenos
econômicos e de outra natureza, os quais se pretende representar sem erro
material ou viés; ou o reconhecimento apropriado, a mensuração ou o método
de representação foi aplicado sem erro material ou viés.

Relevância Influência significativa

Completa, neutra e livre de erro


Representação Fidedigna material

Usuários compreendem o seu


Compreensibilidade significado
Características
Qualitativas
Semelhanças e diferenças entre
Comparabilidade dois conjuntos

Tempestividade Tempo hábil para ser útil

Assegurar que informações


Verificabilidade representem o que dizem
representar

Figura 22- Resumo das características qualitativas

Bom, chegamos ao final da nossa aula demonstrativa. Caso tenha ficado


com alguma dúvida, envie sua pergunta pelo fórum do nosso curso no site do
Exponencial. Aproveite esse canal, também, para escrever comentários e um
feedback ao professor.

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Aula Demonstrativa
Contabilidade Pública para Auxiliar
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Fiscalização do TCM SP
Resumo
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NBC TSP 04 Estoques IPSAS 12


Contratos de Concessão de Serviços Públicos:
Normas em Vigor Contabilidade Pública NBC TSP 05 IPSAS 32
Concedente
NBC TSP 06 Propriedade para Investimento IPSAS 16
NBC TSP 07 Ativo Imobilizado IPSAS 17

NBC TSP 08 Ativo Intangível IPSAS 31


Redução ao Valor Recuperável de Ativo Não Gerador
NBC TSP 09 IPSAS 21
de Caixa
NBC TSP Estrutura Resoluções - CFC Redução ao Valor Recuperável de Ativo Gerador de
Publicação

NBC TSP 10 IPSAS 26


Conceitual 750/1993 e Caixa

NBC TSP 01 a 26 1.111/2007 NBC TSP 11 Apresentação das Demonstrações Contábeis IPSAS 1
NBC T 16.1 a 16.5 NBC TSP 12 Demonstração dos Fluxos de Caixa IPSAS 2

Revogação
NBC T 16.6 (parcial) Apresentação de Informação Orçamentária nas
NBC TSP 13 IPSAS 24
NBC T 16.9 e 16.10 (a Demonstrações Contábeis
partir de jan/2019) NBC TSP 14 Custos de Empréstimos IPSAS 5

NBC TSP 15 Benefícios a Empregados IPSAS 39

NBC TSP 16 Demonstrações Contábeis Separadas IPSAS 34

NBC TSP 17 Demonstrações Contábeis Consolidadas IPSAS 35


Investimento em Coligada e em Empreendimento
NBC TSP 18 IPSAS 36
Controlado em Conjunto
Correlação NBC TSP 19 Acordos em Conjunto IPSAS 37

NBC Nome da Norma IFAC NBC TSP 20 Divulgação de Participações em Outras Entidades IPSAS 38

NBC TSP NBC TSP 21 Combinações No Setor Público IPSAS 40


Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação
Conceptual
ESTRUTURA de Informação Contábil de Propósito Geral pelas NBC TSP 22 Divulgação sobre Partes Relacionadas IPSAS 20
Framework
CONCEITUAL Entidades do Setor Público
Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e
NBC TSP 01 Receita de Transação sem Contraprestação IPSAS 23 NBC TSP 23 IPSAS 3
Retificação de Erro
NBC TSP 02 Receita de Transação com Contraprestação IPSAS 9 Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e
NBC TSP 24 IPSAS 4
Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Conversão de Demonstrações Contábeis
NBC TSP 03 IPSAS 19
Contingentes NBC TSP 25 Evento Subsequente IPSAS 14

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NBC TSP 26 Ativo Biológico e Produto Agrícola IPSAS 27


Consolidação das Demonstrações
NBC T 16.7 não há
Contábeis (revogada a partir de 1º/1/21)
NBC T 16.11 Sistema de Informação de Custos do Setor Público não há
Contabilidade

Ramos da
Contabilidade

Contabilidade Contabilidade Contabilidade


...
Empresarial de Custos Pública

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Entidades do Setor Público


Conceito, Objeto e Objetivo

Ramo da Controle patrimonial de


Ciência Contábil entidades do setor público

Objeto Patrimônio Público

CASP
Fornecer informações aos
usuários
Orçamentária
Aspectos de Econômica
natureza Financeira
Objetivo
Patrimonial

Tomada de decisão
Em apoio Prestação de contas
Estatal Dependente x Não Dependente à(o)
Controle Social

Estatal Não
Estatal Dependente
Dependente

Precisa de Consegue
aportes ($) "andar com as
periódicos do próprias
controlador pernas"

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Aspecto Orçamentário:
Aspectos

Orçamento Público

•Lei (precisa de aprovação do Poder Legislativo)


Orçamentário
Patrimonial
•Prevê receitas
•Fixa despesas
•Refere-se a um exercício financeiro (um ano)
Fiscal •A execução do orçamento é acompanhada ao longo do
ano

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Aspecto Patrimonial:

Campo de Aplicação:

Ativo

Registrar e
Passivo
evidenciar

Aspecto Variações Patrimoniais


Patrimonial

Balanço Patrimonial
Instrumentos Demonstração das
Variações Patrimoniais

Aspecto Fiscal

Aspecto Fiscal

Instrumentos Metas e indicadores

RGF RREO Lei de Responsabilidade


Fiscal

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Princípios de Contabilidade
• Cumprimento da destinação social do
Princípio da patrimônio público
Continuidade • Há continuidade enquanto perdurar a
finalidade do patrimônio

Princípio da Oportunidade

Integridade e Fidedignidade

Processo de reconhecimento, mensuração e apresentação


da informação contábil

Atendimento da essência sobre a forma

Autonomia Destinação social do


Princípio Patrimonial patrimônio público

da
Entidade Responsabilizaç Obrigatoriedade da
prestação de contas
ão do patrimônio dos agentes públicos

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Efeitos das transações


sejam reconhecidos nos Entidade Autonomia e Responsabilização do patrimônio
Aplica-se períodos a que se referem,
integralmente independentemente do
ao Setor Público recebimento ou Cumprimento da destinação social do
Continuidade
Princípio da pagamento patrimônio
Competência
Integridade e Fidedignidade da informação
Pressupõe simultaneidade Oportunidade
da confrontação de
contábil
receitas e de despesas
correlatas Registro pelo Registro dos atos e fatos contábeis pelo valor
valor original original dos componentes patrimoniais

Competência Aplica-se integralmente ao Setor Público

Menor valor para Ativo e Maior valor para


Prudência
Passivo em situações igualmente válidas

Características Qualitativas

Representação
Relevância Compreensibilidade
Fidedigna

Verificabilidade Comparabilidade Tempestividade

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Relevância Influência significativa

Completa, neutra e livre de


Representação Fidedigna erro material

Usuários compreendem o
Compreensibilidade seu significado
Características
Qualitativas
Semelhanças e diferenças
Comparabilidade entre dois conjuntos

Tempestividade Tempo hábil para ser útil

Assegurar que informações


Verificabilidade representem o que dizem
representar

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