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Marlee Evans

PORT 339
Seção: 4
Preciosidade

“Preciosidade” um conto em Laços de família conta a historia de uma adolescente sem

nome cuja mundividência se muda em um instante. Ela acha impossível ser a mulher perfeita

então rejeita tudo que uma mulher deve ser. Descobre que a perfeição na rejeição da imagem da

mulher também no adiantou e ainda fica sozinha. No final do conto ela descobre que a única

maneira de se libertar das cadeias da sociedade é usar a sua voz. Clarice Lispector utiliza a

justaposição na descrição, estilo franco da narração e simbolismo, especificamente dos

novos sapatos para ilustrar que na rejeição ou aprovação completa das normas tradicionais

da sociedade as mulheres se prendem, e que a liberdade plena vem de valorizar si mesma.

Primeiramente, a justaposição em “Preciosidade” destaca a prisão da rejeição total da

feminilidade tradicional e a libertação da protagonista desta prisão. Um exemplo disso do texto

é quando ela repete “Eu sou vigorosa” dezesseis vezes, mas no final ainda perde a fé. Ela está se

convencendo que consegue afetar a sua própria vida, mas logo depois fica obvia que não

consegue acreditar em si mesma e seu poder no mundo. Outro exemplo textual vem do seu

perfeccionismo. Ela risca no seu caderno e todos os riscos tem que ser perfeitos, se não são

exatamente iguais “tudo desabaria.” Este perfeccionismo justapôs, mas também causa a rejeição

completa das normas da mulher porque se não consegue nem vai tentar. Outro exemplo é a

maneira em que a protagonista muda por causa de um evento negativo e como as dúvidas sobre

si própria levam a uma mudança positiva. No artigo “Self Doubt in Clarice Lispector's ‘Laços de

família’” Seniff explica que, “In ‘Preciosidade,’ self-doubt provides the fertile atmosphere that is

necessary for a metamorphosis to occur; it has a very positive function herein” (9). Esta

contradição é a maior do conto, mas como todos os exemplos de justaposição encontrados em


“Preciosidade” fica ainda mais obvia a transformação da menina de uma que não quer tomar

banho e acha que “uma pessoa não é nada” para uma que reconhece a necessidade de “cuidar

mais de mim” e que acredita que “uma pessoa é alguma coisa.”

A franqueza é outra ferramenta que Lispector utiliza na narração para deixar o leitor

entender melhor a transformação da protagonista. A franqueza é mais impactante em três

momentos da história: a descrição inicial da moça, o assalto e a cena no lavatório. Na descrição

da moça a franqueza apoia o desenvolvimento rápido das características físicas da protagonista.

Diz que “ela não era bonita.” Também que ela “mentia para si mesma que não havia tempo de

tomar banho” ajuda o leitor a entender a que extremo ela rejeita a feminilidade. A narração

durante o assalto revela como ela acha que as outras pessoas pensam sobre ela. Os rapazes são

representados como ela os vê-los. Depois do assalto a narração muda. “Where and how they

wound her remains unspecified, but the impact of the attack seems severe” (Peixoto, 107). Ela

não consegue nem pensar que fica obvia na narração. “Following the encounter, the girl's voice

disappears from the story temporarily. The narrator, in panoramic summary, informs us of her

subsequent actions” (Lindstrom, 191). Ela fica parada sem poder continuar com suas rotinas que

são tão importantes para ela. Esta narração destaca o início da transformação do modo de pensar

dela. Quando ela finalmente chega na escola duas horas atrasada ela vai para o lavatório e se

deixa reagir um pouco aos eventos do assalto. Estas emoções frescas e intensas ajudam o leitor a

entender qual foi o verdadeiro impacto do assalto na maneira que a protagonista se relaciona com

o mundo. A narração acrescenta as ações das quais a moça ainda não esteja ciente. Quando uma

colega se ela “está sentindo alguma coisa -Não, disse tão claro que vários colegas olharam-na” o

efeito do assalto fica mais clara por causa da franqueza da narração que reflete a intensidade da
reação da protagonista. A franqueza na narração ajuda o leitor a entender o desenvolvimento

rápido e intenso da transformação desta moça.

O simbolismo dos sapatos novos representa a culminação da transformação da

protagonista. Depois do assalto a moça pede sapatos novos por causa do barulho que fazem. A

sua família tenta a dissuadir ela e ridicularizam um pouco o pedido, mas ela insiste. “In sum, she

is voicing her demand in terms that make sense to her, and that establish to her own satisfaction

her ability to assert herself” (Lindstrom 193). Este é o momento em que ela toma uma decisão

por si mesma que sim, indica uma aceitação do seu papel como mulher, mas que também coloca

as suas prioridades na frente. Como parte do pedido ela declara que “uma mulher não pode andar

com salto de madeira,” mas a sua família inicialmente rejeita o pedido combatendo que “você

não é uma mulher e todo salto é de madeira. Mesmo com esta rejeição ela insiste e no final ela

ganha os sapatos novos. Este é um símbolo simples, mas poderoso que marca a vitória da sua

vontade livre das cadeias da opinião da sociedade. Os sapatos novos simbolizam a sua recém-

descoberta habilidade de se advogar diante das pressões sociais a respeito da mulher. Ela está

começando a entender o impacto que pode ter na sua própria vida.

“Preciosidade” se trata de algo que toda menina, moça e mulher tem que combater, como

se encaixar nas expectativas da sociedade para mulheres. Lispector destaca que os dois extremos,

a rejeição e aceitação completa das opiniões da sociedade conduzem a infelicidade do cativeiro.

A única maneira em que pode se realizar como mulher é na mistura de aceitação e rejeição das

normas sociais. Lispector descreve a jornada de uma moça neste descobrimento francamente,

usando a justaposição e simbolismo para enriquecer o entendimento e reação emocional do

leitor. Este conto descreve a situação da mulher de uma maneira que pode ser entendido por

homens e mulheres que experimentam estas forças sociais nas suas vidas cotidianas.
Bibliografia

Junior, Arnaldo Franco. “A Identidade Feminina Em Clarice Lispector: Tradição X

Descentramento.” Revista De Letras, vol. 44, no. 2, 2004, pp. 33–46. JSTOR.

Lindstrom, Naomi. “A Discourse Analysis of ‘Preciosidade’ by Clarice Lispector.” Luso-

Brazilian Review, vol. 19, no. 2, 1982, pp. 187–194.s JSTOR.

Peixoto, Marta. Passionate Fictions : Gender, Narrative, and Violence in Clarice Lispector,

University of Minnesota Press, 1994. ProQuest Ebook Central.

Seniff, Dennis. “Self Doubt in Clarice Lispector's ‘Laços De Família.’” Luso-Brazilian Review,

vol. 14, no. 2, 1977, pp. 161–173. JSTOR.

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