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Antes de acabar esse post, é útil relembrar que a pobreza é também uma medida
relativa. Podemos ver isso através de um exemplo usado várias vezes por Amartya Sen
no livro. É frequentemente realçado que os afro-americanos nos Estados Unidos,
sendo relativamente pobres em comparação com os brancos, são muito mais ricos em
termos de poder de compra que os pobres do terceiro mundo. No entanto, os afro-
americanos tem menos chance de alcançar uma idade avançada do que povos de
muitas sociedades dos países em desenvolvimento com o Sri Lanka, a China e algumas
regiões da Índia. A privação de potencialidadesde que sofrem os negros americanos é
bem maior que a dos pobres destas partes do mundo. Além disso, viver em um país
rico requer investir em bens de consumo secundários (roupas, televisão, carro,
eletrodoméstico,etc.) através dos quais uma pessoa pode se relacionar com a
comunidade ao seu redor. Esta pressão do consumo não existe em várias partes do
globo onde a pobreza de renda é bem mais extensa
8. OBSERVAÇÕES FINAIS: Sen (2000) destaca que os motivos de queixa em relação aos
economistas no tratamento da desigualdade residem na importância relativa na esfera
da desigualdade de renda, constituindo uma limitação que contribui para negligenciar
outros modos de ver a desigualdade e a equidade, influenciando de maneira mais
abrangente a elaboração das políticas econômicas (foco na pobreza e desigualdade
medidas pela renda X privações relacionadas com desemprego, doença, baixo nível de
instrução e exclusão social). Desta forma, a distinção entre desigualdade de renda e
desigualdade econômica se torna importante. De fato, o autor mostra que as
diferenças na mortalidade podem servir de indicador de desigualdades muito
profundas que dividem raças, classes e sexos. Apesar do papel crucial das rendas, a
relação entre, de um lado, a renda e, de outro, as realizações e liberdades substantivas
individuais não é constante nem, em nenhum sentido, automática e irresistível. Neste
sentido, diferentes tipos de contingências acarretam variações sistemáticas na
“conversão” das rendas nos “funcionamentos” distintos que podemos realizar, e isso
afeta os estilos de vida que podemos ter. Os papéis de heterogeneidades pessoais,
diversidades ambientais, variações no clima social, diferenças de perspectivas relativas
e distribuições na família têm de receber séria atenção na elaboração das políticas
públicas. Para discutir a valoração de capacidades diversas no que concerne às
prioridades públicas é vantajoso porque nos força a deixar claro quais são os juízos de
valor em uma esfera na qual os juízos de valor não podem (e não devem) ser evitados.
Por isso, em questões de juízo público, não há como realmente escapar da necessidade
avaliatória da discussão pública. Sen (2000) considera a necessidade de discussão
pública e participação social como ponto central para a elaboração de políticas
públicas em uma estrutura democrática. Em uma abordagem orientada para a
liberdade, as liberdades participativas não podem deixar de ser centrais para a análise
de políticas públicas.
REFERÊNCIA:
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade, S. Paulo: Cia. das Letras, 2000
(Cap.IV).
Resenha:
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
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adquirirem remédios e tratamentos, expansão das próprias liberdades
obterem conhecimento e instrução. constitutivas. De maneira inversa, a
Através de tais carências um indivíduo limitação de uma liberdade específica,
tem sua liberdade limitada, vivendo tal como uma privação de liberdade
diante de condições degradantes, sem econômica, no nível de pobreza
perspectivas de alcançar idades mais extrema, por exemplo, contribui para a
avançadas ou de participar de maneira privação de outras espécies de
atuante na política, a exemplo do liberdade, como a social ou a política,
modelo proposto por Jürgen Habermas tornando esse processo um
acerca da cidadania deliberativa, no encadeamento no qual há influências
qual os atores sociais devem deliberar recíprocas e interligadas. As liberdades
em conjunto de maneira dialógica na denominadas como “instrumentais” por
elaboração e implantação das políticas Sen (liberdades políticas, econômicas,
públicas. sociais, garantias de transparência e
segurança protetora) tem a capacidade
O desenvolvimento, segundo Sen, não
de ligarem-se umas as outras
pode ser analisado apenas sob o viés
contribuindo com o aumento e o
restritivo do crescimento do PIB e da
fortalecimento da liberdade humana de
renda e para demonstrar isso são
modo geral. A análise que Amartya Sen
lançados alguns exemplos que põem em
fez acerca do desenvolvimento “atenta-
cheque a eficácia de uma análise
se particularmente para a expansão das
realizada sob estes moldes, ao mesmo
“capacidades” das pessoas de levar o
tempo em que ilustram a teoria do
tipo de vida que elas valorizam – e com
desenvolvimento como liberdade.
razão. Essas capacidades podem ser
Para Sen, “O que as pessoas conseguem aumentadas pela política pública, mas
realizar é influenciado por também, por outro lado, a direção da
oportunidades econômicas, liberdades política pública pode ser influenciada
políticas, poderes sociais e por pelo uso efetivo das capacidades
condições habilitadoras, como boa participativas do povo. Essa relação de
saúde, educação básica e incentivo e mão dupla é central na análise aqui
aperfeiçoamento de iniciativas” (SEN, apresentada”.
2010, pág. 18). A liberdade oriunda
Analisando e comparando os níveis de
destas disposições institucionais é
renda de grupos populacionais dos
ainda, segundo Sen, influenciada pelos
Estados Unidos, por exemplo, Sen
próprios atos livres dos agentes, como
aponta como a população afro-
uma via de mão dupla, “mediante a
americana é relativamente mais pobre
liberdade de participar da escolha social
que a de americanos brancos, mas muito
e da tomada de decisões públicas que
mais ricos quando comparados com
impelem o progresso dessas
habitantes oriundos do chamado
oportunidades” (SEN, 2010, pág. 18),
Terceiro Mundo. Todavia, os afro-
podendo ampliar ainda mais sua própria
americanos têm chances absolutamente
liberdade. Dessa forma, as liberdades
menores de alcançar idades mais
constitutivas, como a liberdade de
avançadas quando comparado a esses
participação política, de receber
mesmos habitantes do Terceiro Mundo,
educação básica e assistência medica,
como China, Sri Lanka ou partes da
não apenas contribuem para o
Índia, ainda que tendam a se sair
desenvolvimento, mas também são
melhores em termos de sobrevivência
cruciais para o fortalecimento e
nas faixas etárias mais baixas. A
121
explicação para esses contrastes crescimento econômico ou para a
perpassam as disposições sociais e industrialização.
comunitárias como cobertura médica, Amartya Sen aponta também como o
serviços de saúde públicos, educação
sistema político democrático, e dessa
escolar, lei e ordem, prevalência de
forma, a liberdade política, pode, por si
violência etc. Comparando tais grupos
só, fortalecer demais tipos de liberdades
diante desta perspectiva, fica evidente
ao se referir à freqüência nula de
que os afro-americanos são, dessa
ocorrências de fomes coletivas, entre
forma, mais excluídos e limitados no
outros desastres econômicos, em países
que se refere ao quesito de liberdade
com democracias estáveis, acontecendo
que os chineses ou indianos, ainda que
com freqüência imensamente maior em
detenham maior renda quando
países com regimes ditatoriais e
comparado a estes mesmos grupos. Este
opressivos. A questão é que governantes
exemplo é crucial para entender como a ditatoriais tendem a não ter os estímulos
percepção de desenvolvimento sob o
em tomar medidas preventivas acerca
viés puramente da renda é limitada para dessas questões que governantes
captar o significado real do
democráticos possuem, diante da
desenvolvimento.
necessidade que tem em vencer eleições
Outra questão levantada relaciona-se ao e enfrentar a crítica pública. Torna-se
papel crucial dos mercados para o assim evidente, mais uma vez, a
processo de desenvolvimento, através interconexão que as liberdades possuem
de sua contribuição para o elevado umas com as outras. A importância de
crescimento e progresso econômico. tais liberdades são, de qualquer modo,
Contudo, encarar sua contribuição independentes das influências positivas
apenas com este sentido é restringi-la, que possam vir a ter na esfera
pois a “liberdade de troca e transação é econômica, devido a pessoas sem
ela própria uma parte essencial das liberdades políticas ou direitos civis
liberdades básicas que as pessoas têm estarem privadas de liberdades
razão para valorizar” (SEN, 2010, pág. importantes para conduzir suas vidas e
20), e assim, “A contribuição do de participar de decisões cruciais
mecanismo de mercado para o ligadas a assuntos públicos, restringindo
crescimento econômico é obviamente suas vidas social e politicamente. Desse
importante, mas vem depois do modo, todos os tipos de privações
reconhecimento da importância direta devem ser considerados repressivos,
da liberdade de troca – de palavras, mesmo que não acarretem outros males.
bens, presentes” (SEN, 2010, pág. 20).
Dessa forma, a tese de Amartya Sen é
Assim, a liberdade de entrar em
inovadora no seu papel de encontrar
mercados livremente, em contraposição uma nova metodologia para entender o
ao trabalho adscritício1, torna-se uma
processo do desenvolvimento,
contribuição, por si só, crucial para o
estabelecendo lógica e coerência
desenvolvimento independente de suas
absoluta. A aproximação realizada com
influências para a promoção do
a filosofia de Aristóteles no que se
refere à riqueza (que por si própria não
1 é, evidentemente, o bem que os homens
Trabalho adscritício “indica a existência de
algum tipo de coação para que uma pessoa viva almejam, sendo sua utilidade avaliada
e trabalhe em determinada propriedade, tão somente diante de sua capacidade de
impedindo-a de oferecer seu trabalho no obter alguma outra coisa) pode ser
mercado”.
122
perfeitamente aplicável levando em precisam ser encaradas idealmente
conta que a riqueza por si só não é alvo como meios e fins ligados ao
de interesse real dos indivíduos, mas desenvolvimento, de modo a alcançar
sim as experiências e estilos de vida um grau de liberdade consolidado que
com que a riqueza estabelece pontes de possa vir a ser cada vez mais usufruído
conexão. As liberdades, dessa forma, pelos indivíduos.
*
GUILHERME RAMON GARCIA
MARQUES é Bolsista de iniciação científica e
estagiário da Escola Brasileira de Administração
Pública e de Empresas, da Fundação Getulio
Vargas, na linha de pesquisa em Gestão Social.
123
25/01/12 Desenvolvimento como Liberdade
22-04-00
[Se Amartya Sen não estiver enganado, crescimento depende de impulso dos ministérios da área social]
Ao transmitir o cargo de Ministro da Justiça, José Carlos Dias fez uma alusão que aos bons entendedores só
poderá causar frio na espinha: “Nós não deixaremos ceder àquelas tentações autoritárias e arbitrárias...”.
Pode parecer, à primeira vista, que essa meia palavra não mereça comentário em artigo de opinião
econômica. Todavia, ela é crucial para o desenvolvimento, mesmo que a relação não seja óbvia.
O sentido do termo desenvolvimento não costuma ser explicitado, apesar de seu emprego ser tão
freqüente. Sempre se faz de conta que será bem entendido, e raros são os que se arriscam a explicar o seu
real significado. Consciente do problema, a sábia Joan Robinson costumava comparar o desenvolvimento ao
elefante: difícil de definir, mas muito fácil de reconhecer. No punhado de países que podiam ser considerados
desenvolvidos, as pessoas tinham muito mais chances e opções do que os habitantes do resto do mundo.
Então, desenvolvimento só poderia corresponder à ampliação das possibilidades de escolha: não apenas de
modelos de automóvel ou canais de televisão, mas sobretudo das oportunidades de expansão das
potencialidades humanas que dependem de fatores sócio-culturais, como saúde, educação, comunicação,
direitos e – la b no he lea – liberdade.
Seria errado imaginar, contudo, que os economistas tenham reconhecido que a velha senhora de Cambridge
lhes indicara a saída do labirinto. Até hoje se perdem em quixotescas diatribes sobre o “desenvolvimentismo”
(que por aqui já teria mesmo virado mero papo de bêbados em festas brasilienses, não fossem os
amargurados artigos do professor da PUC-Rio Gustavo H. B. Franco). Só que agora os economistas estão
diante de uma exposição da velha intuição de Joan Robinson que não poderia ser mais persuasiva: o livro
De en ol imen o como libe dade, do prêmio Nobel de economia de 1998 Amartya Sen, cuja excelente
tradução de Laura Teixeira Motta acaba de ser lançada pela Companhia Das Letras.
A tese de Sen é que o desenvolvimento deve ser visto como um processo de expansão das liberdades reais
que as pessoas desfrutam. Ela contrasta com visões mais restritas, como as que identificam desenvolvimento
com crescimento do PIB, aumento da renda per capita, industrialização, avanço tecnológico ou
modernização. Essas cinco façanhas são obviamente importantíssimas como meios de expandir as
liberdades. Mas as liberdades são essencialmente determinadas por saúde, educação e direitos civis. Ver o
desenvolvimento como expansão de liberdades substantivas dirige a atenção para os fins que o tornam
importante, em vez de restringi-lo a alguns dos meios que, inter alia, desempenham um papel relevante no
processo.
Essa ênfase nas liberdades e direitos básicos se apoia em três pilares: sua importância intrínseca; seu papel
conseq encial de fornecer incentivos políticos para a segurança econômica; e seu papel construtivo na
gênese de valores e prioridades. Uma variedade de instituições – ligadas à operação de mercados, a
administrações, legislaturas, partidos políticos, organizações não governamentais, poder judiciário, mídia e
comunidade em geral – contribui para o processo de desenvolvimento precisamente por meio de seus efeitos
sobre o aumento e a sustentação das liberdades individuais. O desenvolvimento é realmente um
compromisso muito sério com as possibilidades de liberdade.
É fácil perceber, portanto, que os dois governos FHC nem sempre seguiram essa trilha. Houve até criação
de um ministério especialmente encarregado do desenvolvimento, reforçando a imagem de que os demais
cuidariam de outros assuntos. O pior é que até agora a única ação relevante desse novíssimo ministério foi
uma troca de comando no BNDES que esteve ligada a um obscuro conflito de oligopólios, e não à
imprescindível transparência na sua atribuição de orientar o desenvolvimento brasileiro. Sem qualquer
demérito aqui ao ministro Alcides Tápias, que na atual conjuntura mais parece um bem intencionado
cachorro em dia de mudança.
Se o prêmio Nobel de economia de 1998 não estiver completamente enganado, os ministérios que
realmente podem impulsionar o desenvolvimento são principalmente os que costumam ser incluídos na
chamada área social do governo. É óbvio que Fazenda e Banco Central são indispensáveis centros
emanadores da racionalidade econômica e disciplina fiscal , para usar palavras do já citado articulista da
PUC-Rio. Sem eles não haveria a indispensável logística para investimentos em capital humano e em capital
social, missões dos ministérios da Educação, Saúde, Reforma Agrária e principalmente da Justiça. Daí
porque foi para a felicidade geral da nação que Dias transmitiu o cargo a esse outro campeão do direitos
humanos, José Gregori, justamente aquele tipo especial de reformista que, se quiser, até pode chamar o
presidente de Fernando .
2
INTRODUÇÃO
Eficácia e interligações
3
ou do estado indiano de Kerala. Mas os últimos têm uma esperança de vida
substancialmente superior.
Organizações e valores
4
sociais, como a igualdade dos géneros, a natureza dos cuidados infantis, o
planeamento familiar e os modelos de procriação, ou o modo como se lida
com o ambiente.
Nota conclusiva
5
CAP. 1
A perspectiva da liberdade
Formas de privação
6
na economia. Pessoas sem liberdade política ou direitos cívicos estão
privadas de liberdades importantes para a construção das suas vidas e vêem
recusada a oportunidade de participarem em decisões cruciais respeitantes à
vida pública.
Processos e condições
Ter liberdade para fazer coisas a que se atribui valor tem valor por si mesmo,
e melhora as condições para obter resultados. A liberdade é não só a base
da avaliação do sucesso e do fracasso, mas também a principal determinante
da iniciativa individual e da eficácia social.
Mas não nega a relação entre a magreza dos rendimentos e a privação das
potencialidades individuais, que se estabelece nos dois sentidos:
1. baixo rendimento pode ser causa de iliteracia, falta de saúde, fome e
subnutrição;
2. uma melhor educação e saúde ajudam a obter rendimentos mais
elevados.
Pobreza e desigualdade
7
A privação das potencialidades elementares pode reflectir-se em mortalidade
prematura, acentuada subnutrição, doença crónica, iliteracia generalizada e
outras carências.
Rendimento e mortalidade
É notável que a carência de grupos particulares nos países muito ricos possa
ser comparável às do chamado terceiro mundo. Nos Estados Unidos, o grupo
dos afro-americanos tem hipóteses menores de chegar a idades avançadas
que as pessoas nascidas nas economias muito mais pobres da China, do
estado indiano de Kerala, do Sri Lanka, da Jamaica ou da Costa Rica.
Mesmo tendo rendimentos per capita (ajustados pelo custo de vida) muitas
vezes superiores.
8
Mercados e liberdades
9
A valorização explícita é criticada, mas tem a vantagem de ser aberta à
crítica e ao juízo público. Um dos argumentos mais poderosos a favor da
liberdade política reside no facto de dar aos cidadãos a oportunidade de
discutir e debater valores para eleger as prioridades.
Notas conclusivas
10
CAP. 4
25
é, sem dúvida, um meio importante para as potencialidades. Estas, por sua
vez, alargam a capacidade da pessoa ser mais produtiva e obter mais
rendimento.
Desigualdade em quê?
26
Desemprego e carência de potencialidades
27
lado, vimos que as taxas de desemprego europeias seriam intoleráveis nos
Estados Unidos.
28
Em muitas partes do mundo, há um horrível fenómeno de excesso de
mortalidade das mulheres. Para além da sua brutalidade, as taxas de
mortalidade feminina artificialmente aumentadas reflectem uma séria
privação de potencialidades das mulheres.
Em toda a parte nascem mais meninos do que meninas (5% a mais), mas as
mulheres sobrevivem melhor. No Reino Unido, França e Estados Unidos, o
rácio de mulheres para homens é superior a 1,05. Na Ásia e no norte de
África, esse rácio desce até aos 0,95 (Egipto), 0,94 (Bangladesh, China, Ásia
Ocidental), 0,93 (Índia) ou mesmo 0,90 (Paquistão).
Notas conclusivas
29
do exercício da democracia e da escolha social responsável. Numa
abordagem orientada para a liberdade, as liberdades de participação não
podem deixar de ser nucleares na análise da política pública.
30