EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DE SÃO PAULO
Processo nº xxx.xxx.xxx
Tício, brasileiro, estado civil, desempregado, domiciliado no Estado “x”, na cidade de “x”, por meio de seu advogado (procuração anexa) que abaixo subscreve, inconformado com a decisão denegatória do mandado de segurança, número em epígrafe, vem tempestivamente interpor com fundamento no art. 105, II, alínea b da Constituição Federal, no art. 1.027, II, alínea a e 1.028 do Código de Processo Civil e art. 33 e seguintes da Lei 8.038/90, em face do Ministro da Saúde, já qualificado nos autos,
RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
Requer a intimação do Recorrido para que, nos termos do art. 1.028 do Código de Processo Civil, apresente contrarrazões e, após o recebimento, o encaminhamento ao Superior Tribunal de Justiça.
Nestes termos, pede deferimento.
Local e data Advogado OAB/XX nº xxx
RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL RECORRENTE: Tício RECORRIDO: Ministro da Saúde MANDADO DE SEGURANÇA: XXXXX PROCESSO ORIGEM: Tribunal de Justiça de São Paulo
EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
COLENDA TURMA
ILUSTRES MINISTROS
I – DOS FATOS
O recorrente participou de concurso público para o cargo de agente administrativo do Ministério da Saúde. Foi aprovada na fase inicial do concurso e então submetido a exames médicos. Embora não haja previsão legal na carreira de agente administrativo, o edital do concurso determinou a obrigatoriedade da realização de exames psicotécnicos como condição para ingresso no cargo. Não aprovado nos exames psicotécnicos o recorrente, por consequência, foi eliminado do concurso por ato do Ministro da Saúde que o considerou inapto ao cargo. Impetrou-se Mandado de Segurança perante o Tribunal de Justiça de São Paulo, porém sua decisão foi denegatória. Desta forma, buscando justiça é que se interpõe o presente Recurso Ordinário Constitucional.
II – DO CABIMENTO E FORO COMPETENTE
Em face de decisão denegatória proferidas em mandado de segurança decididos em única instância pelo Tribunais Regionais Federais e pelos Tribunais do Estados e do Distrito Federal, cabe recurso ordinário constitucional ao Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 105, II, alínea b, da Constituição Federal e art. 1.027, II, alínea a, do Código de Processo Civil.
III – DA TEMPESTITIVADADE E PREPARO
O presente Recurso Ordinário Constitucional é tempestivo visto que o prazo para sua interposição é de 15 (quinze) dias, conforme disposição do art. 1.003 do Código de Processo Civil e art. 33 da Lei 8.038/90, de modo que devem ser contados em dias úteis nos termos do art. 219 do Código de Processo Civil.
O presente Recurso Ordinário Constitucional encontra-se com seu preparo devidamente recolhido, conforme guia anexa.
IV – DO DIREITO
A necessidade da realização de exames psicotécnicos em candidato a concurso público é plenamente admitida desde que presente os pressupostos, sem os quais os exames psicotécnicos padecem de vício insuperável, quais sejam: a) previsão legal; b) recorribilidade; c) publicidade; e d) objetividade dos critérios do avaliador.
Estes pressupostos são pacíficos na jurisprudência do STJ e STF, conforme exemplificado nos julgados a seguir.
“Questão de ordem. Agravo de Instrumento. Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, §§ 3° e 4°).2. Exame psicotécnico. Previsão em lei em sentido material. Indispensabilidade. Critérios objetivos. Obrigatoriedade. 3. Jurisprudência pacificada na Corte. Repercussão Geral. Aplicabilidade. 4. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, negar provimento ao recurso e autorizar a adoção dos procedimentos relacionados à repercussão geral” (DJe de 13/8/10).
Por sua vez, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pacificou-se acerca da presença de certos pressupostos, sem os quais os exames psicotécnicos padecem de vício insuperável, que sejam: a) previsão legal; b) recorribilidade; c) publicidade e d) objetividade dos critérios do avaliador. (STJ - REsp: 1748767 PE 2018/0139769-3, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Publicação: DJ 05/09/2018).
Neste sentido, ensina Celso Antônio Bandeira de Mello
(In Curso de direito administrativo. 13ª. ed. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 258): ‘Exames psicológicos só podem ser feitos como meros exames de saúde, na qual se inclui a higidez mental dos candidatos, ou no máximo – e ainda, assim, apenas no caso de certos cargos ou empregos –, para identificar e inabilitar pessoas cujas características psicológicas revelem traços de personalidade incompatíveis com o desempenho de determinadas funções. Uma coisa é ser portador de algum traço patológico ou exacerbado a níveis extremados e portanto, incompatível com determinado cargo ou função, e outra coisa, muito distinta, é ter que estar ajustado a um ‘modelo’ ou perfil psicológico delineado para o cargo’.
Ademais, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante nº 44 com o seguinte teor:
“Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.”
Assim, considerando que não há previsão legal para realização do exame psicotécnico ao cargo de agente administrativo, bem como pacificada jurisprudencialmente a necessidade de estarem presentes todos os pressupostos sem os quais os exames psicotécnicos padecem de vício insuperável, requer-se que seja reformada a decisão a quo para dispensar o exame psicotécnico ao qual o recorrente foi submetido e assegurar-lhe o direito de prosseguir nas demais fases do concurso público, sendo desnecessária a realização de novo exame psicotécnico.
V – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer o recorrente o conhecimento e provimento do presente Recurso Ordinário Constitucional para reformar a decisão denegatória do tribunal a quo, de modo que o seja dispensado o exame psicotécnico ao qual o recorrente foi submetido e assegurar-lhe o direito de prosseguir nas demais fases do concurso público, sendo desnecessária a realização de novo exame psicotécnico.