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Magnetismo

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Em física e demais ciências naturais, magnetismo é a denominação associada ao


fenômeno ou conjunto de fenômenos relacionados à atração ou repulsão observada entre
determinados objetos materiais - particularmente intensas aos sentidos nos materiais
ditos ímãs ou nos materiais ditos ferromagnéticos - e ainda, em perspectiva moderna,
entre tais materiais e condutores de correntes elétricas - especificamente entre tais
materiais e portadores de carga elétrica em movimento - ou ainda a uma das parcelas da
interação total (Força de Lorentz) que estabelecem entre si os portadores de carga elétrica
quando em movimento - explicitamente a parcela que mostra-se nula na ausência de
movimento de um dos dois, ou de ambos, no referencial adotado.[1][2] Há de se ressaltar
que a simples observação de atração ou repulsão entre dois objetos não é suficiente para
caracterizar a interação entre os dois como de origem magnética, geralmente
confundindo-se com certa facilidade, aos olhos leigos, os fenômenos magnéticos e
elétricos. Tais fenômenos elétricos e magnéticos, apesar de hoje saber-se estarem Símbolo internacional de alerta quanto
profundamente correlacionados, são comumente considerados e analisados como à presença de magnetismo intenso.
fenômenos distintos.

Aos olhos desatentos enfatiza-se que os fenômenos elétricos e magnéticos - ao menos no


cotidiano - diferem entre si basicamente nos seguintes aspectos:[3]

No cotidiano a força magnética mostra-se geralmente mais intensa do que a elétrica;


Enquanto os fenômenos elétricos - em específico os eletrostáticos oriundos do atrito
entre materiais diferentes - apresentem natureza efêmera, os magnéticos são
geralmente duradouros;
Ao passo que corpos eletrizados interagem de forma perceptível com praticamente
todos os materiais, os corpos magnéticos interagem de forma significativa apenas
com um grupo muito seleto desses;[nota 1]

Em particular, é válido aqui desfazer-se a ideia em senso comum de que os ímãs Um disco rígido aberto. As informações
digitais encontram-se magneticamente
atrairiam qualquer metal.[nota 2] Em verdade, a grande maioria dos metais
gravadas na mídia circular, que gira em
simplesmente não responde em magnetostática de forma perceptível aos sentidos.
alta velocidade. O movimento da
Entre os poucos que respondem, destacam-se o ferro, o cobalto e o níquel.
cabeça de leitura sobre a mídia é
obtido mediante forças magnéticas que
O magnetismo pode orientar os corpos em direções definidas, geralmente não
agem em bobinas imersas entre dois
ocorrendo o mesmo nos fenômenos elétricos. Em outras palavras, em virtude de sua
fortes ímãs, na parte anterior esquerda
orientação, um mesmo corpo magnético pode ou ser atraído ou ser repelido por
do disco (parte metálica com cobertura
outro. No caso elétrico ou os dois geralmente ou se atraem ou se repelem - de forma
preta).
independente da orientação espacial destes;[nota 3]
Os polos elétricos - positivo e negativo - podem ser separados ao passo que os
polos magnéticos - norte e sul - estão sempre presentes no mesmo corpo, nunca podendo ser separados.[nota 4]

Nestes termos é fácil agora caracterizar a atração entre o pente de cabelos após uso e pequenos pedaços de papel, ou mesmo
entre a folha de papel e a capa de plástico de uma encadernação, como fenômenos elétricos, e a atração entre uma chave de
fenda e um parafuso, ou entre o adesivo de propaganda e a geladeira, como magnéticos.

O exemplo mais difundido de fenômeno magnético certamente associa-se o funcionamento da bússola, uma agulha magnética
de livre movimento orientada pelo campo magnético terrestre.[4] As auroras boreal e austral constituem um exemplo menos
conhecido, sendo devidas à existência de interação magnética entre partículas presentes no vento solar e o campo magnético da
terra - que desvia tais partículas em direção aos polos magnéticos do planeta, onde, em interação com a atmosfera, implicam as
luzes no céu características deste fenômeno.[1]

Magnetismo é ainda o nome associado à divisão da Física responsável pelo estudo dos fenômenos magnéticos. A descoberta e
melhor compreensão da estreita relação existente entre os fenômenos magnéticos e elétricos implicou, em tempos recentes, na
fusão das áreas concernentes ao estudo da eletricidade e magnetismo - originalmente distintas - em uma única divisão mais
abrangente, o eletromagnetismo.[5] O eletromagnetismo encerra em si todos os fenômenos elétricos, todos os magnéticos, e mais
os fenômenos associados à inter-relação explícita ou implícita entre os dois primeiros.

Índice
Introdução
Um pouco de História
Polos e dipolos magnéticos
A Terra é um grande ímã
No âmago do fenômeno
Os momentos de dipolo magnéticos
Dipolo extrínseco
Dipolo intrínseco
Alguns momentos magnéticos
Campo magnético
Um pouco sobre campos
Definição
Representações
Representação algébrica
Representação gráfica
Linhas de campo magnético
O dipolo e o campo magnéticos
Campo magnético de um dipolo
Dipolo em um campo magnético
Motores elétricos
Lei de Biot-Savart
A "Lei de Coulomb magnética"
Leis de Ampère e Gauss
Um pouco mais além
Andando em círculos
O campo magnético e o fio retilíneo
O campo magnético e o toroide
O campo magnético e o solenoide
Fluxo magnético e indutância
Contando as linhas de campo
Uma questão de geometria
Um pouco mais além
Lado a lado com a corrente
Sobre potenciais e campos vetoriais
O potencial magnético
O potencial e o solenoide infinito
O potencial e a esfera girante
O magnetismo e a energia
Sobre o ócio da força magnética
Energias em circuitos de corrente
A energia magnética e a corrente
A densidades de energia e o campo magnéticos
O magnetismo e a matéria
Magnetização
A magnetização e a densidade de momento de dipolo magnético
A magnetização e o campo magnético
Sobre as correntes sem alforria
O grandioso "B" versus o famigerado campo "H"
Tratamento macroscópico - no vácuo
Tratamento diferencial - em meio material
Mídias lineares e não lineares
Susceptibilidade e permeabilidade magnéticas
Uso típico
Histerese magnética
Classes magnéticas
Diamagnetismo
Paramagnetismo
Ferromagnetismo
Origem
Domínios e energias
Antiferromagnetismo
Ferrimagnetismo
Aplicações
Conversores eletromecânicos
Televisores
Armazenamento de dados
Ressonância magnetonuclear
Ciclotrons e espectrômetros de massa
Comentários finais
Notas
Ver também
Referências
Ligações externas
Bibliografia

Introdução

Um pouco de História

As observações de fenômenos magnéticos naturais são muito antigas. Entre elas relatam-se com frequência as realizadas pelos
gregos em uma região da Ásia conhecida por Magnésia,[2] embora haja indícios de que os chineses já conheciam o fenômeno há
muito mais tempo.[6] Ainda no século VI a.C., Tales de Mileto, em uma de suas viagens ao continente (na época província da
Grécia), constatou que pequenas pedrinhas tinham a capacidade de atrair tanto objetos de ferro quanto a de atraírem-se. Tales
foi o primeiro a tentar explicar o fenômeno afirmando que a magnetita - o minério magnético presente no solo - seria possuidor
de uma espécie de "alma",[7] e que esse poderia comunicar "vida" ao ferro inerte, que por sua vez também adquiria o poder de
atração.[6] Tales não teria sido contudo o primeiro a descobrir tal fenômeno na região. Conta a lenda que um pastor de ovelhas,
de nome Magnes, teria percebido que a ponta de ferro do seu cajado ficava presa quando este o encostava em determinadas
pedras[7] - presumidamente a magnetita. Segundo alguns autores, do nome da região derivou-se o termo "magnetismo", até hoje
usado para estudar os fenômenos relacionados. Contudo para outros o termo "magnetismo" advém do nome do pastor de
ovelhas que teria constatado o primeiro fenômeno "magnético".[8]

Em vista do que se sabe hoje em dia a explicação de Tales de Mileto pode parecer-nos muito simplória, contudo ressalva-se que
não se deve julgar um pensamento fora do contexto histórico-sócio-cultural o qual pertence. Em tal época justamente os
primeiros passos de uma longa jornada que viria culminar no que conhecemos hoje, dois milênios e meio depois, por ciência,
estavam por ser dados. Em verdade, explicações similares perduraram pelos vários séculos que se seguiram: o magnetismo seria
então a consequência da emanação de eflúvios, um "perfume" que emanaria do ferro e da magnetita, sensibilizando-os para que
se atraíssem. A própria palavra ímã derivar-se-ia mais tarde da palavra francesa aimant, que, não de surpreender, traduz-se por
amante em português.[6]
Os chineses foram certamente os primeiros a encontrar aplicações práticas para o
magnetismo. No início da era cristã os adivinhos chineses já utilizavam um precursor da
bússola, uma colher feita de magnetita que, colocada em equilíbrio sobre um ponto de apoio
central, podia mover-se livremente. Tratava-se da "colher que apontava para o sul", sempre
presente em seus rituais.[9] No século VI os chineses já dominavam a tecnologia para a
fabricação de ímãs.[6]

Esses fenômenos, contudo, não despertaram um maior interesse, pelo menos até os século
XIII, quando começaram a surgir observações e trabalhos mais acurados a respeito da
eletricidade e do magnetismo. Delas decorreram de imediato a conclusão de que os
fenômenos elétricos e magnéticos teriam naturezas completamente distintas, ideia que
perdurou até dois séculos atrás. Em 1269 Pierre de Maricourt, em uma de suas cartas
enviadas a um amigo, descreve com precisão a maioria das experiências típicas associadas
ao fenômeno e que ainda hoje figuram com abundância em livros de ensino atuais.[10] A ele
devemos as nomenclaturas "pólo norte" e "pólo sul" associadas aos pólos de um magneto e a
lei dos "opostos se atraem, iguais se repelem" diretamente associada aos mesmos. Também
observou que em um ímã, mesmo quando oriundo de fratura de outro, encontram-se William Gilbert, autor da obra
intitulada "De Magnete", publicada
presentes sempre dois pólos opostos.[6]
em 1600. Sua obra já encerrava
Destacam-se seguindo-se a cronologia e dando continuidade ao trabalho de Pierre de àquela época grande rigor científico.
Suas contribuições ao progresso
Maricourt, dois séculos mais tarde entretanto, os trabalhos do cientista inglês William
desta ciência foram de suma
Gilbert, esses resumidos em um livro publicado em 1600 que revelou-se um marco na área:
importância.
o De Magnete.[11] Consonante com o fato de que a ciência em sua definição moderna vinha à
luz no exato período em questão (William fora contemporâneo de Galileu Galilei) pode
considerar-se esse livro como um dos primeiros trabalhos em moldes científicos sobre o assunto, e por tal um clássico da
literatura científica. O tomo encerrava praticamente todos os conhecimentos válidos produzidos até a época, pouco acrescendo-
se aos mesmos até o início do século XIX. Gilbert fora capaz inclusive de explicar o comportamento da bússola, propondo que a
terra comportava-se como um ímã de dimensões gigantescas.[6] Conclusões mais sofisticadas, como a descoberta de que o
aquecimento de um ímã fá-lo perder suas propriedades magnéticas e a verificação de que a magnetização e desmagnetização não
implicam alteração no peso do objeto também estavam presentes. O livro não encerrava apenas estudos sobre magnetismo;
também abordava vários dos tópicos contemporâneos ligados ao estudo da eletricidade.[12]

Os avanços seguintes na área do magnetismo só foram possíveis graças a um significativo avanço ocorrido na área da
eletricidade: a invenção da pilha por Alexandro Volta.[13] A existência de uma fonte de energia elétrica - de corrente elétrica -
duradoura mostrar-se-ia essencial para que o físico e químico dinamarquês Hans Christian Ørsted pudesse estabelecer de forma
sólida em 1820, via um momento de serendipidade em uma aula e não nos confinamentos de um laboratório de pesquisa, algo
do qual já se suspeitava há muito: que os fenômenos elétricos e magnéticos guardam íntima relação. A experiência de Ørsted
entrou para os anais da física ao evidenciar que correntes elétricas provocam efeitos magnéticos em sua vizinhança, sendo estas
capazes de interferir na orientação de bússolas em suas proximidades.[14]

O passo seguintes no avanço da compreensão do magnetismo em direção ao eletromagnetismo foi dado pelo inglês Michael
Faraday e concomitantemente pelo estadunidense Joseph Henry: a descoberta da indução magnética.[15][16] Trata-se tão
somente da resposta experimental afirmativa para uma questão diretamente decorrente da experiência de Ørsted: se
eletricidade é capaz de produzir fenômeno magnético, é o inverso também verdade? Devido aos exaustivos estudos realizados
por Faraday em detrimento de uma devoção menor por parte de Henry ao assunto - decorrente da sua indisponibilidade de
tempo por razões profissionais - historicamente credita-se a Faraday e não a Henry os louros da descoberta.

A Faraday também credita-se o conceito de campo, conceito este imediatamente estendido tanto ao estudo da eletricidade
quanto ao do magnetismo e que mostrar-se-ia essencial à síntese realizada por James Clerk Maxwell. Em tal contexto as
contribuições de Heirinch Friedrich Emil Lenz (a lei de Lenz); de Wilhelm Eduard Weber, homenageado ao estabelecer-se a
unidade S.I. para a grandeza fluxo magnético (o weber), sendo quem primeiro obteve a partir de experimentos relacionados ao
eletromagnetismo o valor experimental de uma constante, c = 3,1 x 108 m/s, imediatamente reconhecida como análoga ao valor
da velocidade da luz no vácuo; dos matemáticos Franz Ernst Neumann (lei de Faraday-Neumann-Lenz), Carl Friedrich Gauss
(lei de Gauss) e demais; não podem deixar de ser mencionadas.

Maxwell, com suas famosas quatro equações - as Equações de Maxwell - conseguiu explicar não apenas todo o conhecimento
empírico sob o domínio do magnetismo quando sob domínio da eletricidade - e comuns - conhecidos até a sua época como
também conseguiu estabelecer bases teóricas sólidas quanto à existência das ondas eletromagnéticas, o que ao fim da história
abriu, junto os trabalhos de Weber, Hertz e outros, o caminho para a integração da ótica ao agora chamado eletromagnetismo.[8]
E não demorou muito para evidenciar-se que a igualdade entre o valor teórico da velocidade das ondas eletromagnéticas
oriundos das equações de Maxwell, o valor da constante experimentalmente determinado por Weber, o valor da velocidade das
ondas eletromagnéticas determinado após a descoberta destas por Hertz, e o valor experimental da velocidade da luz - há algum
tempo conhecido com razoável precisão - não se devia, certamente, a uma mera coincidência.[17]

Credita-se à Heinrich Hertz a confirmação experimental da existência das ondas eletromagnéticas e determinação da velocidade
dessas.[18]

Polos e dipolos magnéticos

A principal característica de um objeto em interação magnética atrela-se ao fato de essa interação mostrar-se particularmente
intensa em determinadas regiões e menos intensas em outras ao longo de sua extensão ou, em caso de tamanho desprezível, ao
redor desse. A cada uma dessas regiões de forte interação dá-se o nome de polo magnético.[5] Evidencia-se que um polo é
sempre acompanhado de um polo conjugado, havendo no mínimo dois polos distintos em qualquer objeto magnético. Tais polos
são inseparáveis, e juntos formam o que denomina-se dipolo magnético.

Os polos conjugados de um objeto magnético são nomeados respectivamente polo


magnético norte e polo magnético sul.

É explicitamente importante aqui que se evite confundir essa nomenclatura com a


nomenclatura muito semelhante utilizada para nomearem-se os polos geográficos de objetos
em rotação; em particular os polos geográficos do planeta Terra. Associados a um objeto em
rotação têm-se os polos geográficos. Fala-se neste caso em polo geográfico norte e polo
geográfico sul: considerando-se os dois pontos determinados pelo interseção do eixo de
rotação com a superfície do objeto girante, movendo-se os dedos da mão direita sobre o
mesmo de forma que os dedos dessa mão, em posição de segurá-lo, acompanhem o seu Colocando-se uma folha de papel
sobre uma barra de ímã e
movimento de rotação, ter-se-á o dedão dessa mão indicando o polo que será então
salpicando-se limalhas de ferro
denominado polo geográfico norte; outro dos dois pontos na superfície será o polo
sobre a mesma evidencia-se a
geográfico sul.
presença dos polos magnéticos
deste: trata-se de um dipolo
A definição de qual dos polos magnéticos de um eletroímã será nomeado polo magnético
magnético.
norte e qual será o polo magnético sul também pode, em vista do paradigma científico válido
atualmente, ser determinada mediante uma das aplicações da "regra da mão direita";
obviamente não existindo neste caso um eixo de rotação espacial aplicável, contudo. A referência é nesse caso a direção e sentido
estabelecidos pela corrente elétrica diretamente associada ao comportamento magnético observado, corrente essa que
geralmente percorre o condutor elétrico, espira ou solenoide em consideração. Estabelecido qual é o polo norte e qual o polo sul
magnéticos desse, por comparação, estabelece-se qual o polo norte e qual o sul de qualquer outro magneto. Para tal basta
observar que, dados dois objetos em interação magnética:

polos de mesma nomenclatura, quando em interação, determinam repulsão;


polos de nomenclaturas diferentes, quando em interação, determinam atração.

É sabido, entretanto, que a nomenclatura magnética em debate antecede cronologicamente o conhecimento necessário ao uso da
regra da mão direita para determiná-la. A explicação para a questão derivada passa certamente pela percepção de que a
semelhança entre as nomenclaturas para os polos geográficos e para os polos magnéticos talvez não seja, e em verdade não é,
mera coincidência. Há muito, conforme citado, sabe-se que dipolos magnéticos, quando suspensos de forma que possam girar
livremente, orientam-se espacialmente de forma que um de seus polos magnéticos determine uma direção próxima àquela
estabelecida pelos polos geográficos da terra. Tal observação levou à denominação no magneto de polo magnético norte ao polo
magnético que orienta-se de forma a indicar o polo geográfico norte, e à de polo magnético sul ao polo magnético do magneto
voltado para o sul geográfico da Terra. Essas nomenclaturas conforme estabelecidas são - ao menos na atualidade visto que os
polos magnéticos do planeta alternaram suas posições geográficas com o passar das eras - condizentes com as estabelecidas
pelos usos antes citados da regra da mão direita.

A Terra é um grande ímã

Durante muito tempo procurou-se explicação para a orientação assumida pelos ímãs quando suspensos de forma a girarem
livremente. A resposta é em princípio simples quando se propõe que a Terra se comporta como um ímã de dimensões
gigantescas, contudo mostra-se bem mais complicada quando evolui para a questão de se saber o porquê da Terra se comportar
como um ímã.[19]
Em dias atuais os polos geográficos localizam-se próximos, mas não coincidentes, aos polos
magnéticos da Terra. Em vista das considerações na seção anterior, é fácil perceber que
próximo ao polo geográfico norte da Terra situar-se-á o polo sul magnético do planeta, e
próximo ao polo geográfico sul do planeta encontra-se o polo magnético norte deste. Tal
posicionamento leva ao correto funcionamento da bússola: o norte magnético da agulha
magnética determina o norte geográfico do planeta por ter sido atraído pelo polo magnético
sul do planeta, esse setentrionalmente localizado.

Em termos dos polos geográficos e do eixo de rotação do planeta, fundamentais para se


definirem as coordenadas geográficas, as posições geográfica dos polos magnéticos são
atualmente as seguinte:[20]
A Terra porta-se como se fosse um
gigantesco ímã. Junto ao polo
Pólo magnético (2001) (2004) (2005) geográfico norte tem-se o polo
81° 18′ N, 82° 18′ N, 82° 42′ N,
norte[1] (https://pt.wikipedia.org/wiki/Magnetismo#endnote_NorthPole) 110° 48′ O 113° 24′ O 114° 24′ O magnético sul do planeta, e junto ao
polo geográfico sul o norte
Pólo magnético (1998) (2004) magnético.
[2] (https://pt.wikipedia.org/wiki/Magnetismo#endnote_SouthPole) 64° 36′ S, 63° 30′ S,
sul 138° 30′ L 138° 00′ L

Vale contudo lembrar que a bússola nem sempre irá apontar exatamente para tais pontos.
Devido a interferências associadas às condições magnéticas locais, devidas entre outros à
presença ou não de materiais magnéticos no solo, mesmo o uso da bússola para a orientação
geográfica deve ser feito com cautela, devendo esta ser atrelada a uma correção pontual
conhecida por declinação magnética. As cartas de navegação normalmente informam a
declinação magnética aplicável e sua área de abrangência.

A explicação do porquê a Terra se comporta como um grande ímã mostra-se bem mais
nebulosa ao considerar-se que os registros magnéticos gravados em rochas vulcânicas - nos
ímãs naturais, verdadeiros "fósseis" magnéticos - fortemente sugerem que as posições
geográficas dos polos magnéticos do planeta mudam não apenas constantemente - conforme
corroborado por medidas atuais - como em verdade mudam radicalmente. Nos últimos 17
milhões de anos, tempo não tão significativo perto dos 4,5 bilhões de anos atribuídos à idade Bússola usada na navegação.
do planeta, os polos magnéticos teriam invertido suas posições cerca de 170 vezes.[6] Mesmo Atraído pelo polo magnético sul da
considerações sobre o fato de que o manto e o núcleo da Terra sejam constituídos em Terra, o polo magnético norte da
essência por ferro não são suficientes para estabelecer-se um modelo satisfatório. Sabe-se agulha da bússola irá orientar-se
que o material do manto encontra-se em estado líquido viscoso, em temperaturas bem sempre de forma a indicar em
acima da temperatura de Curie deste elemento, o que o leva a um estado não magnético. A proximidade o norte geográfico do
mesma consideração, quando aplicada ao núcleo, mesmo este sendo sólido, mostra-se planeta.
também pertinente. Até o momento não se tem um modelo cientificamente aceito para
explicar o magnetismo terrestre e seu comportamento. Supõe-se que correntes elétricas
oriundas de gradientes de temperatura no interior do planeta desempenhem papel importante no processo.

No âmago do fenômeno
Conforme citado, não se verificou, até os dias de hoje, a existência de cargas magnéticas - de monopolos magnéticos - na
natureza. Eis pois que surge a questão: qual a causa primária responsável pelos fenômenos magnéticos observados na natureza?
A resposta é simples: cargas elétricas em movimento, ou seja, correntes elétricas.

Quando duas partículas eletricamente carregadas encontram-se estáticas no referencial adotado, há entre elas uma interação de
natureza puramente elétrica. Caso apenas uma delas esteja em movimento retilíneo uniforme, ainda haverá entre elas apenas
uma interação de natureza elétrica. Contudo, colocando-se ambas em movimento retilíneo uniforme, observar-se-á no
referencial adotado que, além da interação elétrica entre as mesmas, uma nova forma de interação - a interação magnética - far-
se-á presente. As cargas foram colocadas em movimento retilíneo uniforme por simplicidade, havendo entre as mesmas
interação magnética mesmo no caso em que estas encontrem-se aceleradas, desde que ambas, contudo, apresentem velocidades
não nulas. A escolha de sistemas envolvendo apenas cargas em movimento retilíneo uniforme é geralmente assumida quando
estuda-se o magnetismo em virtude de que, em sistemas envolvendo cargas elétricas aceleradas, haverá ainda um terceiro
fenômeno envolvido: a emissão de ondas eletromagnéticas. Tal fenômeno resume-se geralmente na seguinte sentença: "cargas
elétricas aceleradas irradiam".[21] A necessidade de se considerar as interações oriundas da radiação presente em tais sistemas
certamente torna-os mais complexos, sendo estes estudos no contexto do eletromagnetismo.[22]
O estudo dos fenômenos associadas à interação magnética em sistemas envolvendo apenas
cargas elétricas em movimento retilíneo uniforme - ou em sistemas onde a quantidade total
de onda eletromagnética irradiada pode ser desprezada - é geralmente designado por
magnetostática.

Em essência, todo magnetismo conhecido atrela-se de alguma forma à presença de cargas


elétricas em movimento. Mesmo em ímãs naturais, materiais onde não se verifica a presença
de correntes macroscopicamente mensuráveis em suas estruturas, tal afirmação é valida. O
magnetismo em ímãs naturais e demais materiais magnéticos associa-se à cinemática das
cargas elétricas - prótons e elétrons, com destaque para os últimos - presentes em suas
estruturas microscópicas, ou seja, nos átomos que os compõem. Em vista dos modelo
atômicos de Rutherford-Bohr para o átomo, os elétrons movem-se em órbitas em torno do
núcleo - produzindo por tal cada qual um efeito magnético. Mesmo em vista do modelo mais
moderno para o átomo - o modelo atômico dos orbitais - derivado de avanços na
compreensão da mecânica quântica, tal afirmação ainda é plenamente válida.

As propriedades magnéticas de um material são decorrentes da forma como os diversos


dipolos magnéticos oriundos das correntes elétricas em suas estruturas atômicas se
combinam entre si, tanto em nível interno ao próprio átomo - o que se refere sobretudo à
interação magnética entre si dos elétrons que o estruturam - como entre um átomo e seus Homenagem a Hans Christian
demais vizinhos. Há de se considerar também em qualquer dos modelos citados que o Ørsted, no município Rudkøbing,
magnetismo associado a uma partícula carregada em particular, seja esta próton ou elétron, Langeland, na Dinamarca. A
não se deve apenas ao seu movimento relativo no referencial adotado. Há também, de descoberta experimental de que a
grande relevância à análise do comportamento magnético - e da própria estruturação do corrente elétrica é capaz de gerar
átomo como descrito - o momento magnético intrínseco de cada partícula, este diretamente efeitos magnéticos foi decisiva para
uma melhor compreensão quanto à
correlacionado ao spin - ao momento angular intrínseco - da referida partícula. É sabido que
causa primária do magnetismo.
associar o momento angular intrínseco de uma partícula ao movimento de rotação desta
sobre seu eixo não é um dos melhores modelos para se explicar tal propriedade - mesmo
porque partículas como o elétron não têm dimensão experimentalmente resolvida (o elétron é até o momento descrito como um
ponto) - contudo este modelo serviria de base para justificar a correlação entre os momentos angular e magnético intrínsecos
das partículas carregadas: uma partícula carregada que gira sobre si implica carga elétrica em movimento circular e, por tal, em
campo magnético. Partículas carregadas como elétrons e prótons são, por si só, pequenos dipolos magnéticos e os efeitos
magnéticos destes são fundamentais tanto para a compreensão da estrutura do átomo como do comportamento magnético da
matéria como um todo.[23]

Os momentos de dipolo magnéticos

Dipolo extrínseco

Considere uma pequena superfície plana circular de área "a" delimitada pela presença de
uma corrente elétrica de intensidade constante "i" junto ao perímetro desta. Define-se o
momento de dipolo magnético associado a esta pequena espira de corrente elétrica como:

onde representa o "vetor área", um vetor cujo valor corresponde ao valor da área
encerrada pela fronteira, cuja direção é perpendicular à superfície plana em questão e cujo
sentido é adequadamente estabelecido pela regra da mão direita.
O Momento de dipolo magnético
Embora tenha-se assumido um anel circular de corrente para estabelecer-se a definição de de uma espira plana é definido
momento de dipolo magnético, é importante ressaltar que, provido que a corrente esteja como o produto entre a corrente
confinada a um plano, a expressão constitutiva anterior permanece válida qualquer que seja elétrica I que percorre seu perímetro
a forma do circuito de corrente a se considerar, sendo o módulo do momento de dipolo e vetor área que define sua
determinado, em ambos os casos, pelo produto entre os valores da área "a" da superfície superfície.
confinada e da corrente "i" presente em seu perímetro.[24]

Assim como a carga elétrica - no Sistema Internacional de Unidades (S.I.) medida em coulombs - representa a fonte primária
responsável pelos efeitos elétricos, o momento de dipolo magnético corresponde à fonte primária responsável pelos efeitos
magnéticos, sendo seu papel na magnetostática em muito similar ao da carga elétrica na eletrostática. Contudo, ao passo que a
carga elétrica é uma grandeza escalar, o momento de dipolo magnético é certamente uma grandeza vetorial, e estas não são
completamente análogas.
A unidade de medida do momento de dipolo magnético é o ampère metro quadrado (A.m²), correspondendo, conforme
esperado, ao produto das unidades adotadas no S.I. para a corrente elétrica e para a medida de área, respectivamente.

Para superfícies não planas ou com bordas irregulares, pode-se determinar o momento de dipolo magnético associado mediante
auxílio do cálculo integral e diferencial:

onde representa o vetor área associado a cada um dos infinitesimais de área no qual a superfície é dividida.[22]

Dipolo intrínseco

Partículas subatômicas carregadas - a exemplo elétrons e prótons - portam-se cada qual como pequenos magnetos, possuindo
um momento de dipolo magnético inerente à partícula, denominado momento de dipolo magnético intrínseco. Este momento de
dipolo magnético relaciona-se diretamente a outra propriedade pertinente a todas as partículas subatômicas, carregadas ou não:
o momento angular intrínseco, também denominado spin. Conforme já discutido, ambas as propriedades não têm análogos
clássicos, e o modelo de se pensar em uma partícula girando sobre seu próprio eixo não se mostra plenamente satisfatório,
embora traga alguma luz à relação existente entre tais propriedades. Momento angular é uma grandeza notoriamente associada
à dinâmica de rotação, e se a partícula possui carga, ter-se-á também, por lógica, um momento de dipolo magnético, visto
encontrar-se esse notoriamente associado à pertinente dinâmica da atrelada carga elétrica.

Ressalva feita às diminutas dimensões (ver Campo magnético de um dipolo) e excetuando-se a natureza não clássica desses, os
momentos de dipolo magnéticos intrínsecos das partículas carregadas portam-se para todos os efeitos de forma análoga aos
momentos magnéticos extrínsecos antes definidos.

Os momentos magnéticos intrínsecos para o elétron e para o próton são, respectivamente:[1]

Alguns momentos magnéticos

A tabela abaixo apresenta alguns momentos de dipolo magnéticos para comparação.[1] Os valores aparecem em notação
científica.

Sistema Módulo de em
Núcleo do átomo de nitrogênio
Próton
Elétron
Átomo de nitrogênio
Bobina de um galvanômetro típico
Pequena barra imantada 5
Bobina supercondutora
A Terra

Campo magnético

Um pouco sobre campos

Antes do conceito de campo ser estabelecido dentro da física admitia-se que as interações físicas, quaisquer que fossem suas
naturezas, davam-se por ação direta e instantânea de uma das partes interagentes sobre a outra e vice-versa, em um modelo
conhecido por "ação à distância". Neste modelo, em essência, não havia um ente físico responsável por intermediar a interação.
Surgindo entre outros como um mecanismo para facilitar os cálculos envolvidos em problemas onde havia inúmeros - ou às
vezes incontáveis - objetos que, dispostos simetricamente, atuavam simultaneamente sobre o ente físico em análise, o conceito
de campo evoluiu rapidamente junto às descobertas de novos fatos que contrastavam com a ideia de ação à distância, chegando-
se ao ponto deste ganhar, nos paradigmas válidos atualmente, status de ente físico com existência real. A possibilidade de
verificar-se experimentalmente que "o limite superior para a velocidade de transmissão de uma informação é a velocidade da
luz" foi certamente decisivo a favor da ideia de campo: o campo hoje expressa uma entidade real responsável por mediar a
interação entre dois entes físicos quaisquer. Há pois um campo associado à interação gravitacional, um associado à interação
elétrica, um associado à interação magnética, e assim por diante. As ondas eletromagnéticas figuram como o ápice de tal ideia:
um campo elétrico e um campo magnético sustentando-se mutuamente de forma a propagarem-se livremente pelo espaço.

Têm-se pois os seguintes modelos físicos:

(1): ente 1 <-- ação à distância: direta e instantânea --> ente 2 : superado; contradito por fatos descobertos nos últimos
séculos.
(2): ente 1 <-- Campo: ação não direta e não instantânea --> ente 2: paradigma atual

Nos termos do modelo atual a interação magnética entre dois momentos de dipolo
magnéticos é analisada sob enfoque de um campo, neste caso uma entidade vetorial
conhecida por campo magnético. Sua definição tem origem em fatos empíricos, sendo o
mesmo definido como se segue.

Definição

Considere uma carga elétrica de prova positiva q = e+ movendo-se com uma velocidade
Diagrama representando os vetores
não nula em uma região do espaço sob influência apenas de fontes magnéticas - a exemplo,
, e a força resultante que atua
sob influência de fios que conduzem correntes elétricas, ou mesmo de uma distribuição não
em um pósitron (e+) na situação
necessariamente simples de dipolos magnéticos. Nestes termos verifica-se
apresentada. O campo magnético
experimentalmente que:
encontra-se saindo da tela, situação
por convenção representada por um
havendo presença de força magnética atuando na partícula, esta será sempre círculo com um pontinho ao centro.
perpendicular à velocidade desta partícula. Caso o pósitron fosse posto a se
mover em qualquer dos sentidos
mantidas demais condições inalteradas, o valor da força magnética é diretamente
perpendiculares à tela, saindo ou
proporcional ao valor da carga q da partícula.
entrando desta - em direção
mantidas demais condições inalteradas, o valor da força magnética é diretamente paralela à de , portanto - a força
proporcional ao valor v da velocidade da partícula. magnética sobre este mostrar-se-ia,
variando-se apenas a direção da velocidade da partícula, para cada ponto há uma por isto, nula.
direção em específico para a qual o valor da força magnética mostrar-se-á nulo.
o valor da força magnética depende do ângulo existente entre a direção da velocidade da partícula e a direção
anterior - para a qual a força magnética mostra-se nula. O fator de proporcionalidade envolve o seno do ângulo em questão
( ).

Agrupando-se logicamente estes dados chega-se à conclusão de que a força magnética que atua sobre uma carga elétrica q em
movimento é proporcional ao produto das grandezas relacionadas:

onde é traduzido por "é diretamente proporcional a". O rigor matemático permite-nos transformar tal sentença em uma
igualdade mediante a introdução de uma constante, aqui nomeada B.

A contante B corresponderá, por definição, justamente ao valor do campo magnético presente no ponto em que a partícula se
encontra, ficando este por tal assim definido:

O valor do campo magnético B fica experimentalmente definido visto que as demais grandezas das quais depende - velocidade,
força e ângulo - são facilmente mensuráveis na prática. Contudo há ainda que se considerar a direção e sentido do campo
magnético B, pois este é em verdade uma grandeza vetorial. Assim:
a direção do campo magnético B é definida como sendo paralela à direção da
velocidade da partícula carregada para no caso em que a força magnética sobre a
mesma mostre-se nula em virtude apenas da orientação desta velocidade.
o sentido do campo magnético é estabelecido de forma a ter-se o sentido do campo
magnético análogo ao sentido do vetor que resulta do produto vetorial entre e
na ordem dada, ou seja, análogo ao sentido do resultado do produto .

Em essência, esta definição implica a regra da mão direita conforme amplamente difundida,
de forma que:

Regra da mão direita, em sua


versão conhecida por "regra do
Esta é a expressão fundamental da interação magnética, que permite calcular a força
tapa", exibindo a correta relação
magnética que atua em uma partícula que se mova com uma velocidade em uma região do
entre os vetores , e para a
espaço onde haja um campo magnético . Esta equação encerra em si todos os pontos interação magnética.
empíricos inicialmente discutidos, inclusive o fato experimental de que a força magnética
mostra-se sempre perpendicular à velocidade da partícula, e também sempre
perpendicular ao agora definido campo magnético , com o qual a partícula interage. O ângulo relativo ao ângulo entre os
vetores e , o qual pode certamente ser diferente de 90º, antes presente de forma explícita na equação envolvendo apenas os
módulos das grandezas em questão, ainda figura na presente equação, contudo agora subentendido na definição de produto
vetorial. O produto vetorial entre dois vetores paralelos é por definição nulo, de forma que se a partícula for posta a mover-se de
forma paralela ao campo magnético, a expressão irá fornecer um resultado nulo para a força magnética, o que está em pleno
acordo com os resultados experimentais: há uma direção em particular na qual a partícula se move de forma que esta não
experimente força magnética - a direção definida como sendo a direção de .

A unidade de campo magnético deve ser dimensionalmente compatível com sua definição. Retomando a expressão que define o
valor de B, lembrando que seno de um ângulo é adimensional e que, no S.I, a unidade para força é o newton (N), para velocidade
é o metro por segundo (m/s), para carga elétrica é o coulomb (C), e que há uma relação entre as unidade de corrente elétrica,
carga e tempo de forma que um ampère iguala-se a um coulomb por segundo (1A = 1C/s), tem-se que a unidade de campo
magnético deve ser expressa por:

onde os colchetes "[]" representam "a unidade de".

A unidade de campo magnético recebe o nome de tesla em homenagem ao cientista Nikola Tesla, de forma que

ou seja,

Segue-se abaixo uma tabela com alguns valores de campos magnéticos típicos:[22]

Fonte e localização Valor do campo magnético (Tesla)


Superfície de uma estrela de nêutrons 10⁸
Nas proximidades de um ímã supercondutor 5
Nas proximidades de um grande eletroímã 1
Nas proximidades de uma pequena barra imantada 10 -2
Campo magnético terrestre em sua superfície 10 -4
No espaço interestelar 10 -10
Em uma sala blindada magneticamente 10 -14

Há ainda uma unidade para o campo magnético que, embora não pertencente ao S.I, mostra-se frequentemente utilizada em
laboratórios de física. Trata-se do Gauss, unidade nomeada em homenagem explicita a Johann Carl Friedrich Gauss, um
matemático cujas contribuições foram decisivas na solidificação da teoria do eletromagnetismo (vide lei de gauss, entre outras).
Um campo magnético de valor 1 gauss equivale a um campo de 1x10 -4 teslas, ou respectivamente, 1 tesla equivale a 10.000
gauss. O campo magnético da terra, quando medido em sua superfície, tem ordem de grandeza de 1 gauss.
Representações

O campo magnético é um campo vetorial. Traduz-se por tal que deve-se, a cada ponto do espaço tridimensional, associar um
pequeno vetor com módulo, direção e sentido bem determinados, isto a cada instante especificado de tempo t, visto que o
campo magnético pode encontrar-se variando no tempo ( ). Há certamente diversas formas de representá-lo, tanto
gráfica como algebricamente.

Representação algébrica

Observação: requer-se doravante conhecimentos básicos acerca de sistema de


coordenadas bem como de espaço e álgebra vetoriais para a compreensão do que se
apresenta.

Representar algebricamente tais campos é certamente a forma mais coerente de fazê-lo,


bastando para tal associar uma função escalar das coordenadas espaciais ( ) do ponto onde
determina-se o campo bem como do tempo t a cada um dos vetores unitários que definem o
espaço tridimensional no sistema de coordenadas adotado, isso de forma a poder-se calcular
o vetor campo magnético naquele ou em qualquer outro ponto ou tempo em questão:

Representação por linhas do campo


magnético de um fio retilíneo
onde e representam os vetores unitários no sistema de coordenadas escolhido.
posicionado de forma perpendicular
ao papel (ou tela). Conforme
A exemplo, para um fio retilíneo infinito conduzindo uma corrente I ao longo do eixo
representa o "." ao centro, a
coordenado Z em orientação dada por este, sabe-se que o campo magnético é circular em
corrente flui "saindo" da tela. O
torno do fio, e que torna-se mais fraco à distâncias maiores desse (ver seção "O campo
campo decai com a distância ao
magnético e o fio retilíneo"). Em um sistema de coordenadas cartesiano pode-se expressá-lo
afastar-se do fio em direção radial.
por:

onde representa o vetor unitário que define a direção e orientação do eixo coordenado X e o unitário que define os mesmos
parâmetros para o eixo coordenado Y. As coordenadas do ponto P = (x,y,z) onde determina-se o campo são representadas por x
e y na referida equação, sendo notória contudo a ausência da coordenada z. Dada a simetria, o vetor campo magnético não
dependente da coordenada z no caso de um fio retilíneo infinito, o que justifica a ausência dessa coordenada na equação que
determina .

Com a direção e sentido do eixo Z sendo definidos pelo vetor unitário o ponto P = (x,y,z) onde determina-se o campo é
realmente localizado, a partir da origem O do sistema de coordenadas, pelo vetor posição . Dada a simetria
axial do problema, contudo, é possível reduzi-lo a um problema bidimensional confinado ao plano ZY (onde z=0); assume-se
assim doravante, sem perda de generalidade, que , contudo.

A equação para trata-se apenas da expressão que define um vetor unitário tangente a uma circunferência de raio
inscrita em plano paralelo ao plano XY, ou melhor, no plano XY mediante convenção bidimensional adotada, e
com centro sobre o eixo z, ou seja, sobre a origem diante da convenção (o fator entre parênteses na expressão acima), expressão
essa multiplicado pelo módulo do campo associado a este raio em específico.

O módulo do campo decai com aumento da distância ao fio, ou seja, com o raio da circunferência,

conforme visto.
O termo entre parênteses que se segue ao módulo do campo representa um vetor unitário tangente à circunferência.
Isto é melhor visualizado lembrando-se que representa o seno do ângulo entre o vetor que localiza o ponto

em questão a partir do fio e o eixo X, e que a expressão seguinte que acompanha o vetor representa o cosseno do mesmo
ângulo.

O sinal de menos que acompanha o fator multiplicando o unitário garante a validade da regra da mão direita à situação.

Viu-se que o campo não tem componente paralela ao fio, ou seja, na direção unitária , e
por tal o vetor campo magnético está sempre confinado a planos paralelos ao plano XY. Tal
observação permite escrever o mesmo campo também em coordenadas polares, onde o
mesmo se escreve:

Neste sistema de coordenadas bidimensional os vetores unitários são em direção radial e


em direção perpendicular ao primeiro. Vê-se que a escolha de um sistema de coordenadas
que explore a simetria do campo em questão pode simplificar em muito sua expressão
matemática. A expressão inicial para relativa ao sistema de coordenadas cartesiano é
visivelmente igual à anterior uma vez visto que entre os sistemas cartesiano e polar há as
seguintes relações:

Representação gráfica

A representação gráfica rigorosa do campo magnético deveria compor-se pela representação


de uma quantidade infinita de vetores - uma para cada ponto do espaço - no diagrama que
representa o espaço em questão. Como isto é praticamente impossível, é de praxe
representar-se apenas um número significativo de vetores - usualmente o menor número
possível de forma a garantir-se a compreensão do comportamento do campo em questão no
espaço considerado sem contudo comprometer a legibilidade do diagrama. Neste diagrama,
cada vetor é desenhado no respectivo ponto a qual associa-se de forma que seu módulo seja
proporcional ao seu comprimento no diagrama.

A figura ao lado fornece um exemplo da representação de um campo vetorial. Embora não


específica ao magnetismo, seu campo é próximo do que se espera encontrar em um
quadrupolo magnético com os polos localizados nos vértices da moldura.
Representação gráfica de um
campo vetorial. O módulo do vetor
Linhas de campo magnético campo no ponto é proporcional ao
seu comprimento na representação.
Olhando-se para os diagramas vetoriais que representam os campos de grandezas físicas
vetoriais como o campo elétrico e o campo magnético facilmente percebe-se que os diversos
vetores representativos destes campos, quando adequadamente desenhados, sugerem que os mesmos ordenam-se seguindo um
padrão de linhas no diagrama. Em verdade percebeu-se que este padrão de linhas poderia
constituir uma representação gráfica bem mais simples dos mesmos campos vetoriais
considerados. É desejado que nesta representação por linhas não se perca nenhuma
informação antes contida na representação original, contudo. Para que isto tornar-se
possível, alguns critérios foram estabelecidos para representar-se um campo vetorial através
das chamadas linhas de campo:

o vetor campo em um dado ponto do espaço deve ser sempre tangente à linha de
campo que passe por este ponto;
as linhas devem ser orientadas em acordo com a orientação do vetor tangente em
qualquer pondo em consideração;
o módulo do vetor em um ponto deve ser proporcional à densidade volumétrica de
linhas de campo na região em torno deste ponto. Um quadrupolo magnético.

Com tais observações é possível construir uma representação para o campo vetorial baseada
apenas em linhas e não em representações dos vetores em si. Contudo a ideia central não pode ser esquecida: a grandeza
fisicamente significativa é o vetor em cada ponto do espaço e não as linhas de campo em si, devendo o vetor ser inferido a partir
da representação por linhas sempre que se fizerem necessárias aplicações do campo para soluções de problemas.

A representação mais comum de campos vetoriais é certamente a representação por linhas. As linhas representativas de um
campo magnético são conhecidas como linhas magnéticas, ou linhas de campo magnético. Um nome inadequado é ainda
utilizado, contudo sua utilização deve ser fortemente desencorajada: trata-se das famosas "linhas de força". O campo magnético
não é um "campo de forças", embora este possa ser inferido a partir de um campo de "forças magnéticas máximas" que atuam
sobre uma carga elétrica em movimento ao passar por cada ponto da região em questão. Repare que as linhas representativas do
"campo de força magnética máxima" seriam perpendiculares às linhas que representam o campo magnético em si visto que a
força magnética é sempre perpendicular ao vetor campo magnético no ponto em consideração ( ).

Abaixo tem-se a representação do campo magnético produzido por um dipolo magnético mediante a representação por linhas
bem como sua representação algébrica. Repare que o campo é mais intenso perto do dipolo e mais fraco à distâncias maiores: as
linhas se afastam umas das outras a medida que a distância ao dipolo aumenta. O campo é particularmente intenso nos lados
direitos e esquerdo do dipolo, ou seja, nos polos magnéticos, e menos intensos em regiões externas a este ao longo de uma linha
vertical que passe pelo seu centro. As linhas são orientadas, conforme pode-se observar, segundo a orientação dos vetores campo
magnético existentes em cada ponto do espaço devidos ao dipolo.

O dipolo e o campo magnéticos

O dipolo magnético, quer intrínsecos quer extrínsecos, está no cerne da compreensão dos fenômenos magnéticos. Compreender
sua relação com o campo magnético é fundamental à teoria associada.

Campo magnético de um dipolo

Dipolos magnéticos são certamente fontes de campos magnéticos e também sofrem o efeito
desses quando em regiões onde os mesmo encontrem-se presentes.

Dado um dipolo magnético com dimensões desprezíveis situados na origem, o campo


magnético por ele produzido em qualquer ponto ao seu redor pode ser determinado através
da expressão:

[22]

onde representa uma constante que caracteriza magneticamente o meio no qual o


momento de dipolo magnético encontra-se imerso - a permeabilidade magnética do meio,
Comparação entre os campos
para o vácuo igual a (newtons por ampère quadrado, o mesmo magnéticos produzidos por um
que henry por metro [H/m]) - ; representa o momento de dipolo magnético conforme dipolo extrínseco (uma espira ou
definido em seção anterior; representa o vetor que localiza o ponto onde calcula-se o compacto solenoide) e por um
campo em relação ao dipolo magnético, dipolo suposto aqui situado na origem do sistema dipolo intrínseco (puntual).
de coordenadas; representa o vetor unitário (módulo igual a 1, adimensional)
direcionado do ponto onde se encontra o dipolo magnético até o ponto onde quer-se determinar o campo ( ); r
representa o módulo do vetor , ou seja, a distância em linha reta entre o dipolo e o ponto em questão, e representa o
campo magnético no ponto definido por . O "." refere-se aqui ao produto escalar de dois vetores.

Conforme escrita esta equação não encontra-se atrelada a um dado sistema de coordenadas em específico. É contudo usual
orientar-se o momento de dipolo no sentido do eixo z tanto em um sistema de coordenadas polar como cartesiano.

O campo magnético produzido por um dipolo magnético extrínseco assemelha-se em muito - quando a grandes distâncias destes
- ao campo magnético produzido por um dipolo intrínseco. A figura ao lado mostra esta comparação, expressando o campo
magnético em torno desses através da usual representação por linhas de campo. No início tem-se a representação de um campo
produzido por uma espira de corrente macroscópica, com a corrente "entrando" na folha de papel - ou tela - no lado inferior
(círculo com um "X") e saindo dessa no lado superior (círculo com um ponto central). Reduzindo-se gradualmente as dimensões
dessa espira, contudo mantendo-se o mesmo valor de momento de dipolo total, tem-se ao fim o campo de um dipolo magnético
puntual ou intrínseco - então representado por uma pequena seta, ao centro.

Movendo-se em direção radial para longe do dipolo, para distâncias não muito próximas a esse o campo magnético que esse
produz decai não com o quadrado mas sim com o cubo da distância ao mesmo. A título de informação, o campo elétrico oriundo
de um dipolo elétrico comporta-se de maneira idêntica, sendo descrito por equação estruturalmente análoga.

Dipolo em um campo magnético

Colocando-se um momento de dipolo magnético puntual em um ponto do espaço onde haja


um campo magnético de origem externa, este dipolo magnético ficará sujeito a um torque
que tende a fazê-lo girar e orientar-se em acordo com a direção do campo magnético
externo. A bússola, imersa no campo magnético da terra, representa uma excelente
aproximação da situação. O torque que faz o eixo de um motor elétrico girar corresponde
justamente ao torque aplicado sobre o momento de dipolo magnético associado às espiras
condutoras presas ao eixo (o rotor) quando imersas no campo magnético oriundo de ímãs
permanentes ou eletroímãs fixos à carcaça do mesmo (as assim chamadas bobinas de
campo).

O torque sofrido pelo dipolo puntual imerso em um campo magnético pode ser
calculado como: Torque sofrido por uma espira
percorrida por uma corrente i
[1] quando imersa em um campo
magnético .
onde novamente tem-se o produto vetorial presente. O torque assim calculado é um vetor
que aponta ao longo do eixo de rotação do dipolo, sendo a rotação do mesmo e o sentido do
torque relacionados pela regra da mão direita: posto o dedão em direção e sentido análogos ao do vetor torque, o movimento
estabelecido ao fechar-se a mão fornece o sentido de rotação do dipolo imposto por este torque.

A figura ao lado representa a situação de uma espira percorrida por uma corrente i quando imersa em um campo magnético .
A espira é vista em corte transversal, mostrando-se na parte inferior esquerda a seção do condutor solicitado pela corrente i
entrando no papel (ou tela), e na parte superior direita a seção do condutor solicitado pela mesma corrente i, contudo agora já
orientada de forma a sair do papel. Veem-se também as forças magnéticas que atuam nas respectivas seções dos condutores, o
dipolo magnético associado à espira como um todo, e ao centro, o torque resultante - um vetor perpendicular à tela, saindo
dessa. A espira tende a girar em sentido anti-horário, de forma a alinhar os vetores :: e .

Interessante é perceber que, embora sujeito a um torque quando devidamente orientado em um campo magnético uniforme, a
força resultante sobre o dipolo magnético é, em tal caso, visto que tem-se um binário de forças atuando sobre o mesmo, nula.
Não observar-se-á translação do dipolo em virtude de forças magnéticas que nele atuem quando este estiver inicialmente
estático em ambiente sujeito a um campo magnético uniforme. Um pequeno ímã no interior de um grande solenoide não
trasladará sob ação das forças magnéticas que nele atuam. Contudo, caso o dipolo encontre-se em uma região do espaço onde o
campo mostre-se não uniforme, este poderá ser solicitado por uma força magnética resultante. Tal situação encontra-se, a
exemplo, quando um pequeno ímã é atraído - ou dependendo da orientação, repelido - em direção à região polar de um outro
ímã obrigatoriamente não muito maior. Em tais casos é possível demonstrar-se que há uma resultante de forças atuando no
dipolo, podendo esta ser determinada pela expressão:

[1][22]
Trata-se pois do gradiente do produto escalar entre e . Ver-se-á que este produto escalar relaciona-se à energia potencial
associada à posição e orientação do dipolo quando imerso no campo no referido campo magnético.

Motores elétricos

A figura "Motor elétrico" ao lado mostra uma aplicação prática do torque resultante sobre
uma espira. Trata-se de um motor de corrente contínua. Ao centro, montado sobre o eixo
em suportes específicos, encontram-se as três bobinas responsáveis por gerar os momentos
de dipolo magnéticos, orientado cada qual em sentido perpendicular à respectiva face visível
do suporte. Juntos, o eixo e estas três bobinas integram o rotor. Utilizam-se várias espiras
aninhadas em uma formação conhecida como bobina pois desta forma seus seus momentos
de dipolo magnéticos se somam, resultando em um torque de maior intensidade. O uso de
várias bobinas, no caso três, tem a mesma finalidade. Na parte inferior, conectado a duas
peças metálicas simetricamente opostas, um bobina fixa (a bobina de campo) é responsável
Motor elétrico. Torques são
por produzir o campo no qual as bobinas do rotor serão imersas. As peças metálicas são
produzidos nas bobinas do rotor de
ferromagnéticas e com tais estabelece-se a configuração desejada do campo magnético,
forma a fazê-lo girar.
sendo este aproximadamente horizontal na região onde encontram-se as bobinas do rotor.
Encontram-se também visíveis tanto o comutador (coletor e escovas) bem como os bornes
para a ligação do aparelho a uma fonte de corrente elétrica externa responsável pela alimentação do mesmo. O comutador é
necessário para manter o torque sempre em mesmo sentido. Ele alterna as bobinas de forma a manter aquela(s) com o torque
em sentido desejado sempre ligada(s) e a(s) que estaria(m) implicando torque em sentido contrário desligadas. Sem ele, em vez
de girar, o rotor tenderia a oscilar em torno do ponto no qual o momento de dipolo magnético de uma de suas bobinas alinha-se
com o campo magnético oriundo da bobina de campo.

Os princípios de funcionamento envolvidos em motores de corrente alternada costumam ser mais elaborados, havendo casos em
que as bobinas do rotor bem como o comutador que as alimenta são completamente eliminados. O rotor constitui-se então por
peça metálica condutora única (não magnética), e correntes são nele estabelecidas através do processo de indução magnética.
Contudo a ideia central permanece a mesma: um torque de origem magnética faz o rotor girar.

Lei de Biot-Savart

Correntes elétricas são a fonte primária de campos magnéticos. É certamente necessário


pois que, dada uma distribuição de correntes conhecida, se possa calcular o campo
magnético por ela produzido em um determinado ponto escolhido do espaço ao seu redor. A
resposta a esta questão é fornecida pela lei de Biot-Savart.

Assumindo, sem perda de generalidade, que a distribuição de correntes seja representada


por um condutor elétrico de espessura desprezível qualquer, e que esteja a transportar um
corrente elétrica de intensidade i, dividindo-se este em infinitas seções de comprimento
infinitesimal ds, cada seção devidamente representada e orientada por um diferencial de
caminho , é possível associar-se a cada uma de suas seções um elemento de corrente Lei de Biot-Savart. Um condutor
definido pelo produto entre o diferencial de caminho que representa a seção e a intensidade curvo transportando uma corrente i
da corrente i que esta transportada. O elemento de corrente é pois um vetor tangente ao (em azul) é dividido em seções
condutor no ponto em que este é definido. devidamente representadas pelo

vetor diferencial de caminho (em


Dado um elemento de corrente específico, este elemento de corrente certamente produz no vermelho). O elemento de corrente
espaço ao seu redor um campo magnético. O diferencial de campo magnético que este (em preto) é representado por
elemento de corrente produz em um ponto do espaço situado a uma distância r deste um vetor de módulo i vezes maior,
segundo uma direção e sentido estabelecidos pelo vetor unitário é, segundo a lei na mesma direção e sentido
de Biot-Savart, calculado por: estabelecidos por . Vê-se
também o vetor que localiza o
ponto onde calcula-se o campo em
[1]
relação à seção bem como o
vetor resultante (ambos em
Repare que o vetor presente na lei de Biot-Savart localiza um dado ponto do espaço onde preto), este perpendicular tanto a
calcula-se o campo em relação ao elemento de corrente que o produz, e não em relação à
como a .
origem do sistema de coordenadas. Trata-se pois do negativo do vetor que localiza o
elemento de corrente em relação ao ponto onde calcula-se o campo, e não em relação à origem do sistema de coordenadas, salvo
caso onde os dois pontos coincidam.

A constante de proporcionalidade k presente na lei de Biot-Savart depende do meio no qual encontram-se imersos a distribuição
de correntes e o ponto onde calcula-se o campo. Essa constante relaciona-se com a permeabilidade magnética do meio através
da expressão:

k=

cujo valor é, para o vácuo:

A permeabilidade magnética do vácuo é, como espera-se:

Sabendo-se o campo magnético produzido por cada elemento de corrente em um dado ponto
do espaço, pode-se calcular o campo magnético total neste ponto somando-se, ou seja,
integrando, as contribuições de todos os elementos de corrente associados à distribuição de
correntes dada:

[1]

Há inúmeros exemplos de aplicações da Lei de Biot-Savart apresentados na literatura.[1][22]


Exemplos podem também ser consultados no artigo específico sobre o assunto nessa própria
enciclopédia.

A "Lei de Coulomb magnética" Jean-Baptiste Biot (1774-1862),


coautor da Lei de Biot-Savart;
A lei de Biot-Savart iguala-se à lei de Coulomb para o caso elétrico ao considerar-se que o conforme eternizado em obra
litográfica da década de 50 -
diferencial de força magnética que atua sobre o elemento de corrente quando em um século XIX. Obra creditada a
ponto onde há um campo magnético é dada por: Auguste Charles Lemoine (1822-
1869).

[1]

Nestes termos, em vista da lei de Biot-Savart, a força existente entre dois elementos de corrente devido apenas à interação
magnética entre os mesmos vale:

onde é um vetor unitário apontando do elemento para o elemento , e r representa o valor da distância entre eles.

Embora não diretamente análoga à expressão da lei de Coulomb visto que tem-se na presente expressão um duplo produto
vetorial e não produtos escalares, a semelhança entre as duas é evidente: a força magnética entre dois elementos de corrente
decai, da mesma forma que a força elétrica entre duas cargas, com o quadrado da distância que os separa. Quanto à aplicação, há
de se lembrar que, ao contrário das cargas elétricas, que podem existir e existem como entidades puntuais, um elemento de
corrente não existe isolado, havendo em geral um circuito de corrente a ser considerado - no qual o elemento de corrente
representa apenas uma diminuta parte. Assim, uma integral - em verdade duas integrais - fazem-se necessárias ao se calcular a
força magnética entre dois destes circuitos: uma para determinar-se o campo existente em cada ponto do espaço devido
ao primeiro circuito (o circuito sem " ' ") - a integral descrita acima - e outra para se determinar a força resultante sobre o
segundo circuito (o circuito " ' "):
Na maioria dos casos estas integrais mostram-se certamente laboriosas de se fazer, contudo, da mesma forma que a existência
de simetria facilita em muito as soluções dos problemas associados no caso elétrico - a citar-se as aplicações da lei de Gauss
como exemplo - a existência de simetria tanto no circuito fonte do campo magnético como no circuito sob influência deste pode
igualmente ser, e geralmente é, explorada de forma a simplificar em muito as soluções dos problemas correlatos.

Ferramenta indispensável em tal processo, a Lei de Ampère para o caso magnético desempenha papel semelhante ao da lei de
Gauss para no caso elétrico.

Leis de Ampère e Gauss

No estudo do eletromagnetismo e em suas subáreas são particularmente


importantes como ferramentas dois teoremas oriundos do cálculo integral e
diferencial - teoremas em particular ligados ao cálculo vetorial - respectivamente
nomeados Teorema de Stokes[nota 5] e de Teorema de Gauss. Estes teoremas
basicamente relacionam a integral (ou seja, a "soma") de uma dada grandeza
"bem comportada" ao longo da fronteira que delimita uma dada região fechada
do espaço considerado e a integral de uma segunda grandeza presente na região
interna à fronteira e por essa definida. Se o espaço a se considerar é uma
superfície, a fronteira é uma linha curva fechada que forma a borda da região por
ela demarcada e tem-se em tal caso o teorema de Stokes: uma integral de
caminho de uma dada grandeza ao longo do perímetro mostra-se proporcional a
uma integral de superfície de uma segunda grandeza ao longo da área da região
definida por esta fronteira. Se a região em questão consiste em um volume
tridimensional, a fronteira é uma superfície fechada imersa no espaço
A Lei de Ampère: embora todas as correntes
tridimensional, e associado tem-se então o teorema de Gauss: uma integral de sejam importantes para a determinação do
superfície de uma grandeza ao longo da fronteira mostra-se proporcional a uma
campo magnético em um dado ponto, apenas
integral de volume de uma segunda grandeza ao longo de todo o espaço
correntes internas ao circuito de ampère
tridimensional confinado.
contribuem efetivamente para o valor da integral
de linha do campo magnético sobre o circuito de
As duas grandezas consideradas anteriormente certamente não podem ser
ampère escolhido.
escolhidas a esmo, devendo as mesmas satisfazerem a certas condições bem
definidas, e certamente encontram-se relacionadas entre si, pois com a aplicação
de tais teoremas pretende-se justamente determinar tal relação.[nota 6] Ambos os teoremas têm suas aplicações tanto em
eletrostática quanto em magnetostática, e também estão notoriamente presentes nas equações de Maxwell para o
eletromagnetismo.

A Lei de Ampère para a magnetostática consiste basicamente na aplicação do teorema de Stokes para o caso em que a grandeza
integrada na fronteira é o vetor campo magnético , e a grandeza integrada ao longo da superfície é a densidade superficial de
corrente .

[1][22]

A densidade superficial de corrente simplesmente mede a quantidade de carga elétrica (em coulombs) que atravessa um
diferencial de área (cuja unidade é o metro quadrado) por unidade de tempo (medido em segundos), ou seja, o corrente (em
ampères) que flui em direção perpendicular - de forma a atravessar - à superfície da área infinitesimal considerada. Esta
integral, conforme percebe-se, dá por resultado a corrente total que flui através da área encerrada pela fronteira, uma vez que
soma as correntes por diferencial de área ao longo de todos os diferenciais de área na qual se divide a superfície em questão.

A integral do campo magnético ao longo do caminho simplesmente projeta o campo magnético em cada ponto da fronteira na
direção paralela à fronteira naquele ponto, ou seja, na direção do diferencial de caminho que define a fronteira naquele
ponto, e posteriormente soma o produto ao longo de uma volta completa na fronteira. Repare que a componente do
campo magnético perpendicular à fronteira no ponto não é considerada, e que o resultado desta integral tem unidade
equivalente à unidade de comprimento (associado ao diferencial de caminho e ao perímetro da região, em metros) multiplicado
pela unidade de campo magnético (tesla).
A constante de proporcionalidade necessária para igualarem-se as integrais anteriores é, conforme visto, a permeabilidade
magnética do meio - no caso o vácuo - já anteriormente considerada.

A comparação entre a forma integral da Lei de Ampère acima e a integral presente no


teorema fundamental para o rotacional

[22]

onde representa um campo vetorial genérico a se considerar leva ao fato de que:

[22]

Medalhão em homenagem a André-


onde a primeira e a última integrais podem ser comparadas diretamente. Desta Marie Ampère encravado na fachada da
comparação resulta: Antiga Faculdade de Medicina,
Zaragoza, Espanha.
[22]

Em resumo tem-se que rotacional de um campo magnético em torno de um ponto é proporcional à densidade de corrente
naquele ponto. Tal ideia tornar-se-á clara ao se considerar o exemplo na seção seguinte no qual determina-se o campo
magnético ao redor de um fio retilíneo longo conduzindo uma corrente elétrica I.

Também é importante neste e demais exemplos que se seguem perceber que a Lei de Biot-Savart e de Ampère também implicam
que o divergente do campo magnético seja sempre zero,[22] de modo que as linhas de campo magnéticas - que representam o
campo magnético, um campo vetorial - são sempre linhas fechadas, e nunca têm - de forma diferente das linhas de campo
elétrico - origem e término em pontos distintos do espaço. Trata-se pois da Lei de Gauss aplicada ao magnetismo, que relaciona
a integral de superfície do campo magnético ao longo de uma superfície fechada com a integral da densidade de carga
magnética no volume interno à superfície, ou seja, com a carga magnética total imersa no respectivo volume. Afirma
basicamente que não há monopolos magnéticos (cargas magnéticas), de forma que a primeira integral deve igualar-se a zero
pois a segunda empiricamente o é.

Em vista dos teoremas da divergência e do rotacional, para campos magnetostáticos, em suas respectivas formas diferenciais:

Lei de Gauss: [22]

Lei de Ampère: [22]

As mesmas leis em suas respectivas formas integrais se tornam:

Lei de Gauss: [1][22]

Lei de Ampère: [1][22]

Um pouco mais além

James Clerk Maxwell expandiu a Lei de Ampère para os casos envolvendo campos elétricos variáveis basicamente afirmando
que campos elétricos variáveis também criam, assim como correntes, campos magnéticos, e que por tal influem no resultado da
integral de linha do campo magnético ao longo do circuito de ampère caso haja no interior deste circuito um campo elétrico
variando no tempo.

A título de ilustração apenas - por estar fora do escopo do presente artigo - para campos eletromagnéticos as leis de Ampère com
a correção de Maxwell e a Lei de Gauss são, respectivamente:

[22]
[22]

onde representa a permissividade elétrica do vácuo, representa o campo elétrico,


"t" representa o tempo, e a correção de Maxwell é expressa em termos de derivada
parcial do campo elétrico em relação ao tempo.

Maiores detalhes podem ser obtidos pesquisando-se as Equações de Maxwell para o


eletromagnetismo.

Andando em círculos
Estátua em homenagem a James Clerk
Maxwell encerrando as Equações de
Tanto a lei de Biot-Savart quanto a Lei de Ampère encerram em si as mesmas
Maxwell em sua forma válida para meios
informações, e são, por tal, equivalentes. Partindo-se de uma é possível, após alguns
materiais. A inscrição encontra-se
cálculos matemáticos, obter-se a outra. O uso de uma ou outra depende da situação. A acessível ao fim da "George Street" junto
Lei de Ampère talvez seja a mais conhecida e aplicada em virtude desta mostrar-se à praça St. Andrew, em Edimburgo,
muito útil e simples em situações onde a simetria envolvida colabora, e por ser esta a capital da Escócia.
forma a figurar nas famosas equações de Maxwell. Ver-se-á em seguida a aplicação da
mesma a alguns casos específicos de importância prática relevante, contudo a solução
em vista da Lei de Biot-Savart também é plenamente acessível, sendo apresentada com frequência na literatura.[1][22]

O campo magnético e o fio retilíneo

O exemplo mais comum da aplicação da Lei de Àmpere presente na literatura refere-se


certamente à determinação do campo magnético ao redor de um fio retilíneo
suficientemente longo ("infinito") conduzindo uma corrente elétrica I.[1][22] Sua solução
começa por escolher-se o circuito de ampère, um caminho imaginário circundando o fio que,
conforme sugerido pela simetria inerente ao problema, é sempre escolhido como uma
circunferência inscrita em um plano que seja perpendicular ao fio, com o fio ao centro desta.
Tal escolha acarreta consideráveis simplificações nos cálculos visto que é esperado que o
campo magnético tenha tal configuração em torno do fio tanto por razões práticas quanto
por razões teóricas: a densidade de corrente neste caso confina-se ao centro da
circunferência, sendo perpendicular ao plano que contém esta última; logo, o rotacional do
campo deve ser proporcional à mesma, o que implica que o campo magnético deve "girar"
em torno do fio conforme orientação dada mais uma vez pela regra da mão direita, estando
o vetor campo magnético sempre contido no plano em questão. Por razões de simetria o Linhas de campo magnético ao
valor de será o mesmo sobre qualquer ponto da circunferência. Acrescendo-se redor de um condutor de corrente
considerações sobre as propriedades do campo magnético, não espera-se que haja elétrica I. A corrente a se considerar
componente do campo magnético perpendicular ao circuito de ampère, ou seja, em direção é, conforme polaridade indicada, a
radial, o mesmo aplicando-se para componente em direção axial (ou seja, paralela ao fio). corrente convencional.

Nestes termos tem-se paralelo ao diferencial de caminho , sendo este último, em


virtude de sua definição, também tangente à circunferência. O produto vetorial reduz-se ao produto escalar pois e
são paralelos e B tem o mesmo valor ao longo de todos os pontos da circunferência de ampère escolhida - cujo raio vale r.
Tem-se pois que a integral de caminho vale:

onde a integral do diferencial de caminho dl ao longo do perímetro resulta obviamente no perímetro da circunferência,
. Tal integral deve, segundo a Lei de Ampère, igualar-se à , donde tem-se que:

, o que implica:

[1]

Que é a expressão que permite o cálculo do valor do campo magnético B a uma distância R do fio que conduz a corrente I. Em
coordenadas cilíndricas tem-se pois que:
[22]

onde é um vetor unitário perpendicular ao eixo z (ao fio) e à direção radial

O campo magnético e o toroide

Um toroide consiste e um anel circular estilo "rosquinha de coco" em torno do qual enrola-
se um longo fio condutor, obedecendo para tal sua geometria (ver figura). Nesse exemplo as
espiras são uniformemente espaçadas e densas o suficiente para que o campo no interior do
toroide possa ser considerado uniforme e para que cada espira possa ser considerada por si
só um circuito de corrente fechado. O toroide tem núcleo de ar, o que será aproximado por
vácuo.

Escolhendo-se um circuito de ampère circular que acompanhe a anatomia do toroide


contudo interno a este, tem-se que a solução da integral de linha mostra-se análoga à do
caso do fio retilíneo, com a diferença de que a corrente I conduzida pelo fio passa agora N Um toroide. As conexões à fonte de
vezes através da superfície delimitada pelo circuito de ampère, sempre em mesma direção - corrente não estão visíveis.
na região central do toroide. Repare que a corrente externa ao circuito de ampère - sobre o
perímetro externo do toroide - não entra em consideração, tão pouco as correntes paralelas ao circuito de ampère - nas partes
superior e inferior do toroide - pois estas não "furam" a superfície delimitada pelo circuito de ampère. Assim, para um toroide de
raio interno "a" e raio externo "b" tem-se:[22]

r<a: = vetor nulo

a<r<b: [1][22]

r>b: = vetor nulo

onde N representa o número de espiras do toroide e r representa a distância do ponto onde se determina o campo até o eixo de
simetria (centro) do toroide.

Vale ressaltar que esse é o campo para um toroide com espiras compactas e núcleo de ar. O campo magnético no interior do
toroide com núcleo material é devido não apenas à corrente nas espiras como também à magnetização induzida no material que
compõe o seu núcleo. Nesse caso a Lei de Ampère permite o cálculo não do campo magnético propriamente dito[nota 7] mas
sim o de um campo auxiliar - sendo esse e não o campo por vezes nomeado campo magnético por alguns autores.

Ao campo reserva-se então outros nomes tais como "densidade de fluxo magnético" ou "indução magnética" - fato que gera
por certo recorrente confusão quanto às designações[nota 8][nota 9] Esse campo auxiliar, aqui nomeado "campo excitante",
"estímulo magnético", "estimulação magnética", ou simplesmente campo , desempenha papel importante na magnetostática, e
será abordado mais adiante.

O campo magnético e o solenoide

Um solenoide consiste em uma hélice de fio com extremos conectados a uma fonte de
corrente elétrica. Tratar-se-á aqui de um solenoide bem longo com espiras compactas, e
determinar-se-á o campo nas regiões internas e distantes dos extremos do mesmo.

Imaginando-se um circuito de ampère retangular inscrito em um plano que contenha o eixo Um solenoide. O campo interno a
do solenoide e posicionado de forma a envolver um número significativo nL espiras deste um solenoide depende da
solenoide em uma região próxima ao seu centro axial, desenhado de forma a ter-se um dos densidade linear de espiras n e da
lados deste circuito de ampère interno e o outro externo ao solenoide, tem-se que a integral corrente i transportada pelo fio. O
de linha ao se percorrer este circuito mostrar-se-á igual a B multiplicado pelo comprimento campo é uniforme em seu interior. O
(e não pelo perímetro) L deste circuito. Aqui n representa o número de espiras por unidade campo externo próximo ao
de comprimento do solenoide, de forma que nL representa o número de espiras confinado solenoide pode ser aproximado por
no circuito de ampère em questão. Tem-se também que a espessura deste circuito pode ser zero.
desprezada visto que pode ser feita tão pequena quanto se queira, o que significa em termos
práticos assumir-se um fio com espessura desprezível perto ao comprimento L escolhido para o cálculo. Para tal cálculo usou-se
que o campo magnético de um solenoide "infinito" deve mostra-se paralelo ao seu eixo tanto interna quanto externamente, e que
em verdade o valor do campo B do lado externo do solenoide "infinito" é igual a zero, fatos plenamente justificados em virtude
da simetria envolvida.[1][22] Nesses termos:

[1]

O que resulta em:


[1]

onde n é representa o número de espiras por unidade de comprimento do solenoide e i representa a corrente transportada pelo
fio deste.

O campo em regiões internas próximas ao centro axial de um solenoide é, conforme determinado, uniforme tanto em módulo
como em direção e sentido, o que o torna um significativo instrumento no estudo e aplicações da magnetostática quando há
necessidade de se produzir campos magnéticos dessa natureza. Nos aparelhos de ressonância magnética nuclear, a exemplo,
tem-se um potente solenoide envolvendo a amostra ou paciente sob exame.

Fluxo magnético e indutância

Contando as linhas de campo

Conforme visto, a Lei de Gauss aplicada ao magnetismo estabelece que a integral de


superfície do campo magnético sobre uma área fechada vale zero. Conduto pode-se pensar
na mesma integral em áreas abertas, sendo a mesma então uma equação constitutiva para
uma grandeza escalar nomeada fluxo magnético :

A unidade de fluxo magnético é, pois, dada pelo produto entre as unidades das grandezas
envolvidas, ou seja, entre a unidade de campo magnético e a unidade de área. No Sistema Visto que o divergente do campo
Internacional de Unidades, o fluxo mede-se em weber, em clara homenagem ao físico magnético é nulo, o fluxo através da
Wilhelm Eduard Weber. superfície S2 é sempre igual ao
fluxo através da superfície S1.
[ ] = weber = tesla metro quadrado = Wb = T.m²

A Lei de Gauss pois afirma que o fluxo magnético através de qualquer superfície fechada é nulo.

Para superfícies abertas em regiões onde haja um campo unidirecional, o fluxo é tanto maior quanto maior o campo magnético
onde esta se encontra, e tanto maior quanto maior a área determinada por seu perímetro. A orientação entre a superfície e o
campo mostra-se também importante: dada uma área plana A, o fluxo será máximo quando a superfície estiver orientada de
forma perpendicular ao campo magnético (ou seja, com o vetor área paralelo ao campo), e será nulo caso a superfície mostre-se
paralela ao campo (ou seja, com o vetor área perpendicular ao campo). Para superfícies planas imersas em campos uniformes a
integral anterior resulta:

onde representa o ângulo entre o vetor área e o campo magnético em questão.

Assumida uma representação do campo através de linhas de campo, pode-se simploriamente entender o fluxo como uma
grandeza diretamente proporcional ao número líquido de linhas da representação que "furaram" a superfície considerada em
um dado sentido, ressaltado por tal o fato que uma linha passando através desta superfície em um sentido "contrário" ao
definido como positivo "cancela" uma linha passando em sentido favorável.

Assumindo-se uma região de campo uniforme e uma área plana cujo fluxo não se mostre inicialmente nulo, aumentando-se a
área desta superfície espera-se que o número liquido de linhas aumente, e por tal também o fluxo. Caso o campo torne-se mais
intenso, este deverá ser representado por uma densidade maior de linhas, o que também acarreta aumento no número de linhas
que furam uma mesma área na representação considerada, e por tal um aumento no fluxo. Mesmo mantendo-se a área e o
campo constantes pode-se também fazer o fluxo variar, bastando para tal girar a área em torno de um eixo nesta contido e
adequadamente escolhido de forma que este se mostre perpendicular ao campo magnético
na região. Em essência, isto significa fazer o ângulo entre o vetor área e o campo variar, e
por tal também o fluxo. Tal mecanismo de variação de fluxo é o que se encontra presente
nos geradores de eletricidade uma vez que é requerida, em acordo com a Lei de Faraday,
uma constante variação de fluxo para o funcionamento adequado dos mesmos.

Uma questão de geometria Variando-se o ângulo entre a


superfície e o campo magnético
Uma segunda grandeza física estabelecida com base no conceito de fluxo é a indutância. A altera-se o fluxo magnético através
indutância relaciona o fluxo magnético produzido por um circuito elétrico em uma da mesma.
superfície especificada e a corrente elétrica I que se faz circular através do circuito elétrico
em questão:

A indutância é uma grandeza física cujo valor depende apenas da geometria do circuito ou
circuitos envolvidos, ou seja, trata-se de uma grandeza atrelada apenas à configuração
espacial do sistema.

Há pois como se definir duas indutâncias: a autoindutância, que corresponde ao fluxo


através da área delimitada por um circuito elétrico quando uma corrente I percorre esse
próprio circuito, e a indutância mútua, que relaciona o fluxo através de um circuito elétrico Indutores utilizados em circuitos
secundário quando faz-se uma corrente elétrica I circular através do circuito elétrico eletrônicos. O conhecimento da
primário. autoindutância, ou simplesmente
indutância, destes componentes é
A autoindutância de um solenoide de comprimento L e raio R, assumido L muito maior que de vital importância ao projetarem-
R, é fácil de ser determinada visto que o campo em seu interior é constante. O fluxo através se os circuitos eletrônicos onde
da área interna total associada às nL espiras do solenoide, cada espira representando uma estes mostrem-se necessários.
área de seção reta é, pois:

onde n representa, conforme antes discutido, a densidade linear de espiras do solenoide, e nL o número total de espiras do
mesmo. A autoindutância do mesmo é:

[22]

Repare que a indutância Ind.[nota 10] depende apenas de grandezas associadas à geometria do solenoide: da densidade de
espiras, ou seja, do número de espiras por unidade de comprimento n; do próprio comprimento L, do número total de espiras
nL; do raio R do solenoide e do material presente em seu núcleo - no caso nenhum (vácuo) - situação adequadamente
representada mediante a presença da constante na expressão associada.

A indutância mútua é muito explorada em um dispositivo conhecido por transformador. O transformador mais simples que
existe constitui-se por dois solenoides, um com raio r e outro com raio maior R, enrolados um interno ao outro com seus eixos se
sobrepondo. Designando-se o circuito primário por circuito 1 e o circuito secundário por circuito 2, e com a condição de que
, vê-se que o fluxo através da superfície total determinada pelas espiras do solenoide interno quando o
solenoide externo é percorrido por uma corrente é:

de forma que a indutância mútua do solenoide de raio R atuando como circuito primário e do solenoide de raio r atuando
como circuito secundário (através do qual o primário estabelece o fluxo) é:

[22]
que, novamente, depende apenas de grandezas geométricas envolvendo a configuração dos
circuitos primário e secundário. Pode-se agora perguntar qual será a indutância mútua do
circuito secundário sobre o circuito primário, ou seja, qual a associada aos circuitos
em questão. A resposta é obtida ao considerar-se a equação fundamental para o cálculo de
qualquer indutância a partir das geometrias dos circuitos fechados envolvidos:

[22]

Observando-se esta equação, conhecida como Fórmula de Neumann, vê-se que a indutância
depende novamente apenas da geometria do sistema formado pelos dois circuitos, e que
esses foram divididos em pedaços infinitesimais e a fim de calcular-se a "relação
Transformadores utilizados em
mútua" entre cada par de partes infinitesimais e posteriormente somar-se tudo - mediante a
circuitos eletrônicos. Vê-se
dupla integral - a fim de se obter a indutância mútua dos circuitos. Pode-se responder a claramente em alguns deles o
questão anterior observando-se que a troca de papéis entre os circuitos 1 e 2 é circuito primário e o circuito
completamente simétrica, de modo que: secundário. Em virtude da Lei da
indução de Faraday, quase todas as

“ Quaisquer que sejam as formas e as posições dos anéis de corrente, o fluxo


através do circuito 2, quando se faz fluir uma corrente I através do circuito 1,
aplicações deste dispositivo
relacionam-se a circuitos onde há a
é idêntico ao fluxo através do circuito 1 quando se impõe a mesma corrente I
ao circuito 2. ” presença de correntes alternadas.

ou seja, a indutância mútua é sempre igual à indutância mútua .

Repare que a equação para a autoindutância de um solenoide pode ser obtida fazendo-se o circuito primário e secundário
coincidentes, ou seja, supondo-se que ambos são o mesmo circuito.

Das equações acima conclui-se que as unidades tanto da autoindutância quanto da indutância
mútua devem corresponder à unidade da constante multiplicada por uma unidade de
comprimento. Tem-se pois:

, ou seja,

Indutores típicos empregados em eletrônica têm indutâncias que variam de uns poucos
microhenrys a alguns milihenrys, e normalmente não têm núcleos de ar. Para indutores com
núcleos maciços tem-se que fazer uma correções associada às propriedades magnéticas dos A unidade de indutância, o
materiais em seus núcleos, que, devido à magnetização, geralmente intensificam o valor do henry, carrega consigo notória
campo magnético no interior desses componentes. Deve-se para tal fazer uma correção através homenagem ao cientista
da permeabilidade relativa, ou seja, deve-se usar a permeabilidade magnética absoluta do estadunidense Joseph Henry.
material e não a do vácuo nas referidas equações para o cálculo da indutância. Além dos estudos acerca da
autoindutância e indutância
A título de ilustração cita-se a indutância de um toroide retangular de raio interno a, raio mútua credita-se também a
externo b, altura h, formado por N voltas de fio sobre um núcleo material cuja permeabilidade Henry, embora não tenha sido
absoluta é vezes a permeabilidade do vácuo. esse o primeiro a registra a
associada patente, a invenção
do motor elétrico.
[1]

A indutância de um componente com núcleo material é proporcional à indutância do mesmo componente sem núcleo material.
A constante de proporcionalidade é a permeabilidade relativa do material, por vezes também nomeada .

Um pouco mais além


A Lei da Indução de Faraday estabelece que a variação do fluxo magnético em um circuito é
responsável pela indução de uma tensão elétrica nesse, sendo essa tanto maior quanto maior
for a taxa com que o fluxo varia. Tem-se tal comportamento expresso via equação:

onde representa a tensão elétrica verificada ao longo do perímetro que define a área a qual
associa-se o fluxo magnético em questão.

A mesma lei figura nas Equações de Maxwell, em sua forma integral, como se segue.[25]

Michael Faraday aos 52 anos.


Na forma diferencial essa traduz-se por:[25] Retrato a óleo creditado a
Thomas Phillips; data: 1842.

A Lei da Indução de Faraday justifica o uso quase que obrigatório de correntes alternadas ou variáveis ao se lidar com
transformadores ou indutores: só há tensão e corrente elétricas induzidas no circuito secundário caso o fluxo através do mesmo
esteja a variar, e em tais componentes o fluxo através do secundário varia quando a corrente através do circuito primário é feita
variável. O conceito de autoindução faz com que o mesmo raciocínio aplique-se também aos indutores.

Visto que o campo elétrico induzido pela variação do fluxo não se mostra conservativo, considerações importantes quanto a esta
lei atrelam-se à energia envolvida no processo e à sua conservação. Aparte o afrente abordado, este assunto foge ao escopo desse
artigo e não será por tal aqui discutido. Pormenores sobre o assunto encontram-se contudo disponíveis e bem descritos no
âmbito do eletromagnetismo.

Lado a lado com a corrente

Um conceito amplamente difundido no estudo dos fenômenos envolvendo campos elétricos conservativos é o conceito de
potencial elétrico - especificamente, o conceito de tensão elétrica. A ideia intuitiva de se estabelecer raciocínio análogo para os
fenômenos magnéticos não se mostra, entretanto, tão imediata. Em vista de o campo magnético, salvo em sistemas muito
específicos, não admitir um potencial escalar para descrevê-lo, definir-se-á o então chamado "potencial magnético" como uma
grandeza vetorial e não como uma grandeza escalar, e por tal este não admitirá um sentido físico tão explícito como o
encontrado para o caso elétrico, o de energia associada à unidade de carga.

Mesmo sem um sentido físico diretamente expresso, o potencial magnético desempenha um papel de vital importância teórica
para a compreensão dos fenômenos associados. Constitui também uma poderosa ferramenta prática para a soluções de
problemas na área. Um domínio um pouco mais aprofundado sobre campos e álgebra vetoriais mostra-se, contudo, necessário.
A compreensão das subseções que se seguem requer também familiaridade com operadores lineares tais como gradiente,
divergente, rotacional e laplaciano.

Sobre potenciais e campos vetoriais

Na teoria dos campos vetoriais encontra-se o Teorema de Helmholtz, que em sua essência afirma: "Dadas as condições de
contorno adequadas, um campo vetorial é univocamente determinado uma vez conhecidos seu divergente e seu
rotacional".[22] Tem-se em verdade

que se traduz-se por:

“ Um campo vetorial bem comportado pode sempre ser expresso como o gradiente de um campo escalar

mais o rotacional de um segundo campo vetorial . ”


Condições de contorno adequadas estão geralmente presentes no estudo da eletrostática e magnetostática de tal forma que os
campos elétricos e magnéticos associados usualmente são expressos também em função de rotacionais e divergentes de seus
respectivos campos potenciais. Considerável simplificação é neste caso observada - tanto em magnetostática quanto em
eletrostática - dado o fato que o campo eletrostático é sempre irrotacional e o campo magnetostático é sempre um campo não
divergente:

Nesses termos o campo elétrico pode ser expresso apenas como o divergente de um campo escalar visto que o rotacional
do divergente de um campo escalar é sempre nulo. Tem-se pois que , um campo escalar e não vetorial, carrega em si todas as
informações relativas ao campo elétrico associado, o que leva diretamente ao conceito de potencial elétrico e ao conceito de
tensão ou diferença de potencial elétricos:

De forma similar tem-se a condição de que um campo magnético pode ser expresso como o rotacional de um campo vetorial
visto que o divergente do rotacional é sempre nulo.

O potencial magnético

O campo vetorial acima definido é conhecido como potencial magnético, desempenhado


não de forma tão simples - visto que trata-se de um campo vetorial e não escalar - um papel em
muito similar ao papel que o potencial elétrico desempenha no caso da eletrostática.

É de relevância pontuar-se aqui que o conhecimento do campo magnético define qual deve
ser o rotacional do campo , contudo nada diz a respeito da divergência deste último. Há
assim vários campos vetoriais que diferem entre si por parcelas associadas a campos não
Representação por linhas do
rotacionais quaisquer que, contudo, representam igualmente bem o campo magnético em
campo potencial magnético
questão. Como exemplo, todos os campos derivados de mediante uma transformação de (linhas vermelhas) em regiões
gauge externas a um toroide - esse
visto em corte axial - quando
[24] solicitado por uma densidade de
de corrente J (em amarelo).
- onde é um campo escalar qualquer - são aceitáveis como campos potenciais para o mesmo Repare que embora o campo
campo em questão visto ser o rotacional do divergente de uma função escalar sempre nulo. magnético (em preto) seja
nulo para todos os pontos
Algo similar acontece em eletrostática: campos potenciais elétricos (escalares) que difiram externos ao toroide, isso não
entre si apenas pela soma ou subtração de um valor constante representam o em essência o implica a nulidade dos vetores
mesmo campo elétrico. A escolha mais óbvia em ambos os casos é atribuir-se o valor zero à do campo potencial magnético
liberdade de escolha ofertada sempre que possível. Com a condição de que o campo potencial nos referidos pontos.
magnético seja escolhido como um campo rotacional puro, ou seja, que o potencial magnético
seja escolhido de forma a ter divergente nulo, a Lei de Ampère, a rigor escrita como:

[24]

se transforma em:
[22][24]

Ou seja, para vetores potenciais escolhidos de forma que o laplaciano do potencial magético é proporcional à
densidade de corrente .

Assumindo-se que a densidade de corrente seja nula no infinito pode-se determinar o vetor potencial a partir da distribuição da
densidade de corrente mediante a integral:

[22]

onde representa o elemento de volume, localiza a densidade de corrente em relação à origem do sistema de coordenadas,

localiza o ponto onde determina-se o potencial magnético em relação à origem do mesmo sistema, e corresponde ao
valor da distância entre os dois elementos anteriores.

É importante ressaltar que: "... uma vez que a força magnética não realiza trabalho, não admite uma interpretação física
simples em termos de energia potencial por unidade de carga [elétrica]" como aquela associada ao potencial elétrico. "Em alguns
contextos [específicos] ele pode ser interpretado como o momento por unidade de carga [elétrica]. Contudo, o vetor potencial
tem substancial importância teórica...",[22] inclusive a ponto de merecer menção neste artigo, mesmo requerendo conhecimento
mais aprofundado em cálculo vetorial.

A título de curiosidade cita-se alguns potenciais magnéticos em sistemas específicos. Solicita-se ao leitor que consulte a
literatura quanto à matemática, não muito trivial, associada ao cálculo dos mesmos.

O potencial e o solenoide infinito

Para um solenoide infinito com n espiras por unidade de comprimento, raio R e corrente por espira I:[22]

para pontos internos ao solenoide (r < R).

para pontos externos ao solenoide (r > R).

Repare que o vetor potencial mostra-se "paralelo" à corrente no solenoide, ou seja, em quaisquer dois pontos radialmente
conectados o vetor determinado pelo primeiro ponto e o vetor sobre o ponto da superfície do solenoide radialmente
associado apontam sempre em mesma direção, neste caso em direção paralela à direção do vetor unitário atrelado aos
referidos pontos uma vez obedecidas as regras do sistema de coordenadas cilíndricas em consideração. O "paralelismo" entre os
vetores potencial magnético e densidade de corrente é, aparte o sistema de coordenadas mais adequado, geralmente observado
em todos os sistemas que exibam alta simetria, incluindo-se na pertinente lista não apenas o presente sistema mas também o
sistema formado pela esfera girante com densidade superficial de carga uniforme discutido a seguir.

O potencial e a esfera girante

Para uma casca esférica de raio R carregada com densidade superficial de carga uniforme que gire com velocidade angular
constante :[22][24]

para pontos no interior da esfera.

para pontos exteriores à esfera a uma distância r de seu centro.


Curiosamente o campo magnético é uniforme dentro da esfera, o que, assumindo-se um
sistema esférico de coordenadas com coincidindo com o eixo Z:

O magnetismo e a energia

Ao falar-se em energia potencial normalmente tem-se também em mente um campo de forças


adequadamente associado, força essa responsável pela conversão da energia potencial em Compreender o campo
energia cinética (e vice-versa) quando o sistema sofre transformações espaciais que impliquem magnético gerado por uma
variação na primeira. A exemplo, associado à energia potencial gravitacional e ao campo esfera girante com densidade
gravitacional tem-se o campo de forças gravitacionais. Associado à energia potencial elétrica e superficial de carga uniforme é
ao campo elétrico tem-se o campo de forças elétricas. certamente muito mais simples
do que compreender o campo
Ao falar-se em energia magnética há contudo uma série de divergências significativas do magnético da Terra. Os
raciocínio anteriormente exposto, a começar pelo fato de que, ao contrário das forças elétrica e mecanismos que levam à
gravitacional, a força magnética não realiza trabalho. existência do magnetismo
terrestre ainda não encontram-
se completamente elucidados.
Sobre o ócio da força magnética

Parafraseando um pouco, a força magnética é por natureza um ente físico um tanto quanto
ocioso visto que literalmente não trabalha. Tal argumento fundamenta-se na definição física de
trabalho, diretamente relacionada à conversão ou transferência da energia associada ao
movimento - a energia cinética. O diferencial de trabalho realizado por uma força é
definido como o produto entre o diferencial de deslocamento sofrido por um objeto e a
componente da força que neste atua de forma paralela a este deslocamento, ou seja, como o
produto entre o diferencial de deslocamento e a componente da força paralela à velocidade do Um feixe de elétrons
objeto. Tem-se pois que o diferencial de trabalho corresponde ao produto escalar entre o vetor termoemitidos desloca-se em
movimento circular sob a ação
deslocamento e a força , e o trabalho total realizado sobre o objeto é a soma, ou seja, a de um campo magnético gerado
integral, dos diferenciais de trabalho ao longo da trajetória em questão: pela bobina externa. O feixe
torna-se visível devido à
ionização do gás a baixa
pressão confinado na ampola. A
força magnética altera a
A título de curiosidade, diferenciando-se ambos os lados em relação ao tempo, tem-se que, velocidade dos elétrons (o vetor
para campos de força independentes do tempo, o produto escalar entre a força e a velocidade velocidade) sem contudo alterar
instantânea fornece a potência instantânea associada ao trabalho sendo realizado: o seu módulo (seu valor).

Relembrando o fato de que a força magnética mostra-se sempre perpendicular à velocidade da carga elétrica q sob seu efeito -
em função do produto vetorial entre e presente na equação - conclui-se que o produto escalar entre a força
magnética e a velocidade, e por tal entre a força magnética e o diferencial de deslocamento, vetores sempre ortogonais, é sempre
nulo. Logo, com tradução literal:

“ A força magnética não trabalha.



A força magnética não consegue, pois, alterar a energia cinética de uma carga em movimento, sendo capaz de alterar a
velocidade dessa apenas no que se refira à sua direção e sentido. Forças magnéticas colocam as cargas em movimento curvilíneo;
contudo sem alterar o módulo de suas velocidades.

Energias em circuitos de corrente


Ao se estabelecer uma corrente elétrica em um circuito real diversas transformações de energia
ocorrem simultaneamente ao longo do processo que leva ao crescimento e por fim à
manutenção da corrente I em questão. A compreensão destes processos é de grande
importância para no estudo e na compreensão dos princípios de funcionamento de qualquer
dispositivo elétrico ou eletrônico presente no nosso dia a dia.

Estabelecer uma corrente elétrica requer energia, e a quantidade total de energia requerida é
determinável pela soma de várias parcelas: a energia dissipada via efeito joule; a energia que
será irradiada na forma de ondas eletromagnéticas; a parcela de energia associada à força
contra-eletromotriz encontrada em dispositivos como motores elétricos, esta diretamente Sem as ferramentas e
convertida em energia mecânica nestes dispositivos; a parcela de energia atrelada ao campo conhecimento necessários,
eletrostático estabelecido em virtude do acúmulo de cargas ao longo do circuito, a exemplo a procurar por defeitos em
circuitos de corrente pode
energia armazenada em capacitores elétricos conectados ao mesmo; e a energia que encontrar-
mostrar-se mais difícil que
se-á diretamente associada ao campo magnetostático atrelado à corrente estabelecida, sendo a
procurar uma agulha em um
última parcela geralmente conhecida por energia magnética.
palheiro.
O efeito joule implica basicamente a contínua conversão de energia elétrica em energia térmica
em um material resistivo quando percorrido por uma corrente elétrica. É o efeito associado ao aquecimento das resistências
elétricas encontradas nos chuveiros, ferros de passar roupas, aquecedores elétricos, e outros aparelhos cuja principal função seja
a de aquecer o ambiente que os cerca. Visto que esta energia elétrica, uma vez convertida em térmica, não é mais passível de ser
recuperada em sua forma original - dadas as propriedades da resistência elétrica e do efeito joule - é a esta parcela que associa-se
a necessidade de manter-se uma fonte de energia elétrica continuamente conectada aos circuitos elétricos cotidianos a fim de
manter-se constante a corrente elétrica através deles. Removendo-se a fonte de energia (fonte de tensão), a corrente
rapidamente reduz-se a zero devido às perdas de energia por efeito joule. Em supercondutores - materiais cuja resistência é
absolutamente zero - visto que não há a dissipação de energia por efeito joule, uma corrente elétrica constante pode ser mantida
por tempo indeterminado sem que se tenha a necessidade de uma fonte de energia elétrica conectada ao circuito. Maiores
detalhes sobre resistividade elétrica, supercondutores e efeito joule podem ser obtidas em artigos específicos ligados ao estudo
dos circuitos elétricos resistivos e ao estudo da resistividade dos materiais.

Uma parcela de energia também irrecuperável no próprio circuito uma vez a ele
fornecida associa-se à parcela de energia radiada na forma de ondas
eletromagnéticas, emitidas quando faz-se a corrente elétrica variar de
intensidade. Correntes constantes não irradiam ondas eletromagnéticas, contudo
ao variar-se a corrente elétrica em um circuito há a emissão dessas ondas, e por
conseguinte há radiação de energia e por tal a transferência dessa energia para as
vizinhanças do sistema. A quantidade de energia radiada é fortemente
dependente da geometria do circuito, e baseado nestes princípios tem-se o
funcionamento das antenas rádio-transmissoras: correntes elétricas variáveis no
Diagrama de um circuito elétrico contendo uma
tempo são estabelecidas nos elementos dessas antenas - elementos estes
fonte de tensão (VE), um indutor (L1), um
geometricamente dispostos a fim de maximizar a radiação; nelas, devido à
capacitor (C1), um resistor (RL), uma chave liga-
permanente variação da corrente - mantida via geradores de correntes
desliga (CH!), e um elemento não linear, no caso,
alternadas - tem-se a contínua emissão de ondas eletromagnéticas. Maiores
um diodo (D1). Os capacitores armazenam
detalhes podem ser obtidos em artigos específicos destinados ao estudo das energia elétrica em vista dos campos elétricos
telecomunicações, das antenas, do eletromagnetismo e das ondas devidos ao acúmulo de cargas elétricas suas
eletromagnéticas. placas. Os indutores armazenam energia
magnética em vista dos campos magnéticos que
A parcela de energia de interesse no escopo deste artigo corresponde à energia os rodeiam quando estes encontram-se
diretamente armazenada na corrente elétrica ou campo magnético associado percorridos por correntes elétricas.
uma vez que estes tenha se estabelecido no circuito. Aparte a questão de que
pode-se com igual valor afirmar ou que a energia encontra-se armazenada no
campo magnético ou que esta encontra-se armazenada na distribuição de corrente estabelecidos, fato é que tal energia é passível
de ser completamente devolvida ao próprio circuito ao reduzirem-se a corrente elétrica e também o campo magnetostático a ela
associado. Entre as duas, a ideia de associar-se a energia ao campo magnético é certamente é muito frutífera no contexto, e
geralmente a mais explorada. Tem-se pois a energia magnética.

A energia transferida em virtude da tensão contra-eletromotriz desenvolvida em dispositivos como os indutores elétricos em
muito guarda relação com a energia magnética, principalmente no que refere-se ao princípios envolvidos nesta transferência.

A parcela de energia associada ao acúmulo de cargas nada mais é que a energia potencial elétrica associada à distribuição de
cargas elétricas no circuito, ou caso seja de preferência, associada ao campo eletrostático determinado por esta distribuição de
cargas.
A energia magnética e a corrente

Dada uma determinada geometria - o que implica uma determinada indutância L - para o circuito em consideração, e também
uma corrente I de valor pré-definido a percorrer este circuito, verifica-se que a quantidade de energia magnética associada a essa
corrente e ao campo magnético estabelecidos é independente de como a corrente atingiu o valor especificado. Pode mostrar-se
que nas condições citadas a energia magnética pode ser determinada através da expressão:

A dedução dessa expressão passa por uma importante consideração: a de que a força magnética
não realiza trabalho, e por tal não pode ser a responsável pelo processo de transformação de
energia que culmina com energia armazenada na forma de energia magnética no circuito em
questão. Em verdade a força associada a essa transferência de energia é uma força elétrica, esta
correspondendo à força diretamente atrelada à tensão induzida que surge no circuito devido à
sua autoindução e à variação do fluxo magnético nesse provocada pela necessária variação de
corrente durante o processo que estabelece o valor estático I da corrente nesse circuito.

A tensão é determinável a partir da Lei da Indução de Faraday antes comentada. Associado o


fato de que o fluxo magnético através de um circuito devido à sua autoindução pode ser
determinado pelo produto entre a indutância deste circuito e a corrente que o percorre, tem-se
que: Transformador automotivo, mais
conhecido por bobina
automotiva. Uma corrente
elétrica elevada é estabelecida
no circuito primário através dos
dois fios conectados aos bornes
Como a potência desenvolvida em um certo tempo t é dada pelo produto entre a tensão e a
desencapados. Os enrolamentos
corrente I no tempo t em consideração, tem-se que a taxa de conversão de energia elétrica em
dos circuitos primário e
magnética (a potência) no tempo t em questão pode ser determinada por:
secundário são sobrepostos de
forma a estarem atrelados ao
mesmo campo magnético e
terem um par de pontas em
comum (conectado a um dos
A integração da expressão acima do instante em que a corrente era zero até o instante em que bornes). O cabo de alta tensão
esta atinge o valor I especificado leva diretamente à expressão inicialmente citada para a ao centro conecta-se à outra
energia magnética armazenada em um circuito com indutância L percorrido por uma corrente ponta do circuito secundário.
I. Energia magnética é
armazenada no campo
magnético estabelecido.
A densidades de energia e o campo magnéticos

Aplicando-se um pouco de álgebra vetorial à expressão é possível expressá-la em termos do campo magnético

estabelecido pela corrente I, do vetor potencial magnético estabelecido pela mesma corrente, ou mesmo, para fins de
simplificação, em função dos dois - visto que ambos encontram-se intimamente relacionados via expressão .
Procedendo-se os cálculos pode-se demonstrar que a energia magnética também é determinável via expressão:

A primeira parcela da expressão acima corresponde a uma integral de volume do quadrado do valor de B ao longo de todo um
volume escolhido de forma a no mínimo encerrar toda a distribuição de corrente I do circuito, e a segunda parcela corresponde a
uma integral de superfície do produto vetorial entre o vetor potencial magnético e o campo magnético ao longo de toda a
superfície fechada que define o volume v em consideração na primeira parcela. Como a única restrição associada ao volume é a
de que este encerre todo o circuito em consideração, este volume pode ser feito tanto maior quanto se queira. Verifica-se que à
medida que o volume em consideração é tomado cada vez maior, a integral de volume resulta um valor certamente maior e a de
superfície um valor cada vez menor, isto de forma que a soma de ambos resulte sempre um mesmo valor, o valor da energia
magnética associada ao circuito. No limite em que o volume estende-se até o infinito a integral de superfície anula-se, e em tal
situação tem-se:
a ser calculada sobre todo o espaço (sobre o universo).

A título de curiosidade, esta expressão é, feita as devidas associações, análoga à expressão que
permite o cálculo da energia armazenada em um campo eletrostático:

O circuito primário do
transformador é subitamente
onde E aqui representa o valor do campo elétrico e representa a permissividade elétrica do interrompido pela abertura de
um contato, o platinado, visto
vácuo.
acima. A corrente no
transformador não pode reduzir-
Ao contrário do que parece, as expressões anteriores encontram diversas aplicações práticas, e
se a zero sem que antes a
através delas pode-se concluir, mediante a ideia de que a energia encontra-se armazenada no
energia magnética seja contudo
campo - tanto magnético como elétrico - que a densidade volumétrica de energia magnética
dissipada. Uma alta tensão e
associada a um ponto onde o campo magnético possui valor B é dada por:
uma corrente elétrica surgem
instantaneamente no secundário
e essas encarregam-se de
transferir a energia magnética
para um dispositivo conhecido
e que a densidade de energia elétrica associada a um ponto onde o campo elétrico possui valor como vela de ignição. A energia
E é dado por: dissipa-se em uma centelha
elétrica que incendeia a mistura
explosiva no interior do cilindro.

Se a preferência for pela ideia de que a energia magnética encontre-se armazenada na distribuição de corrente e não no campo
magnético em si, é possível expressar a integral anteriormente citada como:

onde representa a densidade de corrente e a integral de volume é tomada novamente sobre todo o espaço.

Neste caso diz-se que a energia está armazenada na distribuição de corrente, em densidade volumétrica igual a:

O magnetismo e a matéria

É sabido que as partículas atômicas fundamentais - elétrons, prótons e nêutrons - possuem momentos angulares intrínsecos, e
que os prótons e elétrons, em virtude de serem partículas carregadas, também possuem momentos magnéticos intrínsecos.
Também é sabido que os elétrons encontram-se dotados de energia cinética, e por tal em movimento, ao redor dos respectivos
núcleos em uma estrutura atômica neutra, e que as partículas que compõem o núcleo também não encontram-se estáticas na
estrutura que juntas formam.[23]

É certamente de se esperar, pois, que a interação magnética seja pertinente à compreensão da estrutura atômica e da matéria
conforme concebida hoje, e que toda e qualquer matéria, de forma sensível aos sentidos humanos ou não, responda, de alguma
forma e com alguma intensidade, ao menos microscopicamente, às influências externas de origem magnética (a campos
magnéticos). É sabido que uma das parcelas da interação magnética total que a matéria exibe frente à influências magnéticas
externas - interação total esta certamente dependente das particularidades de cada material - é traduzida por uma tênue
repulsão magnética entre o objeto e as fontes magnéticas externas, e que esta parcela, mesmo que em um significativo número
de casos mostre-se mascarada por parcelas atrativas ou repulsivas muito mais intensas, encontra-se sempre presente. Materiais
que possuem estruturas que não impliquem outras parcelas além desta pequena repulsão são enquadrados em uma classe de
materiais designada por materiais diamagnéticos. O diamagnetismo, embora não implique que todos os materiais sejam
diamagnéticos, é pois inerente à estrutura de toda a matéria.
É importante de antemão ressaltar ao se estudar a relação entre magnetismo e matéria que os
campos em consideração são, assim como para o caso elétrico, salvo exceções explícitas, os
campos macroscópicos, ou seja, os campos termodinamicamente mensuráveis. Os campos
macroscópicos correspondem ao valores médios das flutuações inerentes dos vetores campo
magnéticos ou elétricos nos pontos em consideração, flutuações estas decorrentes da complexa
dinâmica das partículas que compõem a matéria em si. Cita-se que os campos magnético e
elétrico nas proximidades de um elétron são certamente muitíssimos maiores do que quando
este encontre-se apenas um pouco distante do ponto em consideração. O valor real do campo
em um dado ponto da estrutura da matéria pode sofrer variações consideráveis tanto em
módulo como em sentido em curtíssimos intervalos de tempo, contudo, os valores médios
adequadamente associados representam o estado termodinâmico do sistema e o
comportamento macroscopicamente mensurável da matéria, constituindo estes últimos o alvo
de estudo em questão. Recursos oriundos do formalismo termodinâmico aplicam-se
indubitavelmente com justo valor ao estudo dos sistemas vinculados.
Grafite pirolítico, essencialmente
Antes que se siga adiante na busca por uma compreensão mais detalhada acerca dos carbono em estrutura alotrópica
mecanismos de respostas da matéria frente à influências magnéticas externas deve-se primeiro artificial, flutuando sobre um
fazer uma descrição fenomenológica e estabelecer o conceito de magnetização. conjunto de ímãs de neodímio.
O grafite pirolítico exibe
propriedades diamagnéticas.
Magnetização

O termo magnetização refere-se ao fenômeno de resposta da matéria frente a campos


magnéticos excitantes, na maioria dos casos frente a campos excitantes externos. Quando se
imerge um pedaço de matéria qualquer em uma região onde há uma campo magnético
preexistente, a estrutura deste material responde ao campo no qual fora imerso mediante a
produção de um campo magnético próprio, cuja intensidade e orientação dependem não
apenas do campo externo excitante como também das propriedades do material que compõe o
objeto em questão. Diz-se então que o material encontra-se magnetizado.

A magnetização do material mostra-se, nos casos mais simples - para materiais isotrópicos,
Guindaste eletromagnético em
homogêneos e não fortemente magnetizáveis - diretamente dependente do campo magnético
operação. O ferro é o mais
excitante. Em tais casos a magnetização é nula quando o campo magnético indutor também é popular material com
nulo, e cresce gradualmente, a favor (paramagnetismo) ou contra (diamagnetismo) - mas propriedades ferromagnéticas.
contudo paralela - ao campo excitante a medida que a intensidade deste último aumenta.
Entretanto, em casos mais específicos - o que depende diretamente da natureza e estrutura do
material em questão - a magnetização pode relacionar-se com o campo magnético externo de formas bem mais complicadas,
havendo a necessidade do uso de tensores ou ferramentas matemáticas mais avançadas para descrevê-la, e em casos extremos,
esta pode inclusive depender do histórico de exposição às influências magnéticas externas[26] - fenômeno notoriamente visível
em materiais que exibem memória e histerese magnéticas.

Materiais que possuem histerese magnética podem encontrar-se magnetizados mesmo na ausência de campo excitante em um
dado momento, e podem, em virtude de seu histórico, exibir magnetização nula mesmo quando imersos em campos excitantes
não nulos.

Os ímãs permanentes são compostos por materiais que apresentam, em seu estado de equilíbrio termodinâmico ou em estados
metastáveis com longos tempos de vida - uma magnetização notoriamente não nula. Embora tais materiais certamente
respondam a campos excitantes externos de forma que a sua magnetização total mostre-se não obstante também dependente da
excitação externa, os imãs permanentes diferem dos demais materiais por associar-se a eles uma parcela de magnetização
permanente não nula com origem na própria estrutura do material - com um certo abuso de linguagem, com origem em uma
"autoexcitação" magnética - sendo esta parcela em específico para a maioria dos casos completamente independente de uma
excitação magnética externa.

A magnetização e a densidade de momento de dipolo magnético

Um exame ao microscópio ou com técnicas mais específicas revela que um material torna-se magnetizado mediante um maior
ou menor alinhamento - induzido pelo campo excitante - de um enorme número de minúsculas regiões magnética, por vezes
denominadas domínios magnéticos.[nota 11] Estas minúsculas regiões funcionam cada qual como um momento de dipolo
magnético orientado em uma dada direção. Como a magnetização total do material é o resultado da maior ou menor cooperação
de todos estes dipolos, a medida da magnetização deriva diretamente da medida do momento de dipolo efetivo em cada
minúscula região - em cada minúsculo dipolo - ou seja, associa-se à densidade volumétrica de momento de dipolo magnético:
= média vetorial do momento de dipolo magnético por unidade de volume ao
longo de todo o volume considerado.

,[1] em que representa cada um dos momentos de dipolo


magnético presentes no interior do volume V considerado.

O vetor é denominado magnetização do material.


Fotomicrografia exibindo
A unidade de magnetização corresponde pois à unidade de momento de dipolo magnético, no
estrutura de domínios
Sistema Internacional de Unidades o ampère metro quadrado (A.m²), dividida pela unidade de magnéticos em amostra de
volume, o metro cúbico (m³). Tem-se pois que a unidade de magnetização é o ampère por NdFeB, material utilizado na
metro (A/m). Quanto maior a magnetização, maior o momento de dipolo magnético efetivo confecção dos ímãs de terra rara
associado a cada minúsculo volume do material, e maior o momento de dipolo magnético total (neodímio). O domínio em
associado ao objeto. destaque orienta-se de forma
quase perpendicular aos
Para um material linear, isotrópico e homogêneo definindo um objeto com simetria axial demais.
adequada - a exemplo um cilindro maciço com eixo devidamente orientado de forma paralela
ao campo magnético excitante, este em um campo uniforme, condições estas assumidas por
simplicidade - a magnetização do material corresponderia ao momento de dipolo induzido associado ao objeto em tais condições
dividido pelo seu volume total.

É importante ressaltar que embora a quantificação da magnetização tenha sido apresentada mediante o conceito de domínios
magnéticos diretamente observáveis, a identificação visual destes não se faz necessariamente obrigatória, sendo possível
reduzir-se a escala do problema até o nível atômico, e se ainda necessário, por extrapolação, além deste limite. Desta forma o
conceito de magnetização pode ser aplicado ao estudo dos próprios domínios magnéticos, se requisitado. Não obstante, a
magnetização é extrapolada a uma grandeza espacialmente contínua e não espacialmente quantizada; para todos os efeitos o
material passa a ser descrito como composto por infinito número de domínios (dipolos) magnéticos efetivos idênticos, cada qual
com momento de dipolo e volume com valores diferenciais.[1] Neste caso:

Tal definição aplica-se de forma justa aos materiais homogêneos e isotrópicos.

A magnetização e o campo magnético

O campo magnético devido a um objeto dotado de uma magnetização M conhecida pode ser determinado através do campo
magnético produzido por cada um de seus minúsculos dipolos magnéticos . Em termos de vetor potencial magnética tem-
se, para um dipolo puntual:

[22]

onde representa o vetor que localiza o ponto onde se determina o potencial magnético - ponto este localizado por

considerada a origem do sistema de coordenadas adotado - em relação ao dipolo em questão - este localizado em se a
referência for a origem do citado sistema de coordenadas.

No objeto magnetizado, cada elemento de volume tem associado um momento de dipolo , de forma que o
vetor potencial total resultante devido à magnetização do objeto é:

A execução deste cálculo depende, entre outros, de se conhecer não somente o volume mas também a geometria objeto, exigindo
doravante dados específicos a cada problema.
Sobre as correntes sem alforria

Mediante algumas ferramentas matemáticas é possível reescrever a expressão anterior para o vetor potencial magnético devido a
um objeto magnetizado de forma que essa venha a fornecer algumas informações físicas de considerável relevância aos
modelamento teórico dos sistemas associados. Após alguns cálculos - passíveis de serem verificados na literatura pertinente[22] -
mostra-se que a expressão anterior pode ser reescrita na forma:

A compreensão desta expressão leva ao fato de que o vetor potencial e por tal o campo magnético devido à magnetização de um

objeto é o mesmo que seria produzido por uma densidade volumétrica de corrente ao longo da parte

interna do material adicionado ao campo produzido por uma densidade de corrente superficial ao longo
da superfície do material, onde representando um vetor unitário normal a esta superfície em cada ponto considerado.[nota 12]

De fato verifica-se não apenas teórica mas também praticamente o que a análise matemática sugere: se em um dado ponto o
rotacional da magnetização difere de vetor nulo, há associado a este ponto uma corrente elétrica - mais especificamente uma
densidade volumétrica de corrente elétrica - não nula, mesmo esta corrente não correspondendo diretamente a uma corrente
elétrica tradicional - que implica o traslado de carga ao longo da estrutura e cuja causa associa-se, para o caso de materiais
resistivos, a uma fonte de tensão externa como pilhas ou baterias. As causas da corrente no caso em debate, ao contrário, não
associam-se a tais tensões e campos elétricos externos e sim ao campo magnético excitante bem como a forma como a matéria
respondeu a esta excitação, ou seja, à magnetização do material. Esta corrente difere pois certamente das corrente convencionais
- no contexto tradicionalmente identificadas como correntes livres - e é, dado o mecanismo de sua origem, usualmente
denominada corrente ligada.

Assim, distinguem-se doravante na análise do magnetismo atrelado à matéria, por tal, dois tipos de corrente elétrica. A corrente
livre, tradicional em análise de circuitos e que implica o traslado de portadores de cargas livres ao longo da estrutura do material
ou espaço em consideração, e a corrente ligada, corrente esta resultante da adequada justaposição de um número significativos
de minúsculos circuitos elétricos associados às estruturas dos pequenos dipolos magnéticos ligados à magnetização do material.
Às correntes ligadas não associam-se pois portadores de cargas livres em movimento, e sim à cooperação de inúmeros
portadores de carga que, movendo-se presos cada qual ao respectivo momento de dipolo magnético, ou seja, à respectiva
estrutura atômico-molecular que integra o material, também movem-se, dada a justaposição dos minúsculos circuitos, de forma
a passarem todos juntos por um dado ponto em questão, implicando neste ponto uma corrente elétrica efetiva de valor
consideravelmente maior do que a verificada em cada pequeno circuito de forma independente. O índice "b" é geralmente
utilizado para identificar as correntes ligadas, e deriva da expressão inglesa para corrente ligada: "bound current".

Para análise teórica e prática, a magnetização em um material produz os mesmos efeitos que seriam esperados caso existisse
apenas uma distribuição de correntes análoga à distribuição das correntes ligadas adequadamente inferidas da magnetização em
questão. Tal afirmação vale tanto para o caso de magnetização com rotacional diferente de zero - o que implica uma densidade
volumétrica de corrente ligada diferente de zero no interior do material - bem como para magnetização não rotacional - que
embora não implique uma densidade de corrente ligada no interior do material, geralmente implica uma densidade de corrente
na superfície do material. Para ser mais exato, o magnetismo oriundo de corpos magnetizados, em vista da ausência empírica de
monopolos magnéticos - é não apenas análogo ao que observar-se-ia para uma distribuição de correntes livres análoga à de
correntes ligadas como é em verdade efetivamente devido às correntes ligadas, ou seja, as correntes ligadas têm existência real e
não apenas teórica no interior e superfície do material em consideração.

Dadas as semelhanças entre dipolos extrínseco e intrínseco, a existência de correntes ligadas na superfície do material devido à
magnetização é melhor compreendida uma vez considerado que, associado a um vetor momento de dipolo magnético , pode-
se sempre pensar a existência de uma corrente i circundando-o de forma que o produto dessa corrente pelo vetor área associado
ao circuito por ela definido resulte o momento de dipolo magnético em questão. Seguindo-se o raciocínio anterior, associado ao
momento de dipolo total do objeto com magnetização uniforme (irrotacional), pode-se pensar corretamente em uma corrente
elétrica fluindo pela superfície do material, sendo essa corrente, certamente, também identificável como uma corrente ligada. A
área desse dipolo tamanho família corresponde a área da seção do objeto em questão. É imediato compreender que densidade
superficial de corrente ligada associada tem que mostrar-se perpendicular tanto à magnetização como ao vetor normal à
superfície no ponto em questão - encontrando-se esta necessária orientação em virtude da aplicação da regra da mão direita e
em vista do fato desta corrente encontrar-se restrita à superfície do material. É fácil perceber que, dados diversos dipolos iguais
e de dimensões reduzidas, todos orientados na mesma direção (ver figura), as correntes
associadas a cada um deles somam-se na superfície externa que determinam e cancelam-se no
interior dessa, de forma que há, ao fim, apenas uma corrente efetiva (contudo ligada) na
superfície da estrutura que encerra tais dipolos.

A analogia em discussão no parágrafo anterior remete diretamente à comparação entre o


campo de um solenoide simples - este com núcleo a vácuo (ou por aproximação, de ar) - e por
tal com corrente apenas na superfície do cilindro que o define - e o campo produzido por um
ímã material permanente cilíndrico com dimensões similares e magnetização constante Na figura à direita: o efeito de
alinharem-se paralelamente
adequadamente escolhida ao longo de sua estrutura, ou seja, em direção axial. A magnetização
vários dipolos magnéticos. Há
do ímã é irrotacional, e a tal associa-se, conforme já discutido e aqui esperado, ausência de
na superfície da estrutura
correntes ligadas no interior deste. Uma vez estabelecido que o campo magnético análogo ao
associada uma corrente ligada.
produzido pelo eletroímã (solenoide) em questão, tanto internamente quanto externamente ao Na figura à esquerda: raciocínio
mesmo, é análogo ao produzido pelo ímã, conclui-se que à corrente livre existente no solenoide análogo é utilizado para explicar
associa-se no ímã material em barra uma corrente ligada de igual valor em sua superfície. densidade superficial de carga
(ligada) resultante de uma
Ressalva-se mais uma vez que, embora apresentado como uma ferramenta teórica para auxiliar polarização elétrica uniforme.
na análise dos sistemas físicos em questão, as correntes ligadas nas estruturas dos materiais
magnetizados - a exemplo no ímã anterior - têm fundamento físico e são por tal reais, tão reais
quanto as correntes ditas livres, embora certamente não tão acessíveis ou controláveis experimentalmente quanto estas últimas.

O grandioso "B" versus o famigerado campo "H"

Uma vez compreendido que a magnetização implica campo magnético diretamente associado, é
hora de colocar na balança não apenas o campo devido à magnetização mas também o
campo que estaria presente na região na ausência do objeto magnetizado, sendo este devido
às fontes magnéticas externas e geralmente - mas não necessariamente - o responsável por
induzir a referida magnetização no material. É notório que o campo magnético total
mensurado em um dado ponto do sistema composto é resultante não apenas de uma das
citadas parcelas em particular, mas sim da superposição dos campos devidos às duas causas.

O campo excitante - o campo magnético que estaria presente na região na ausência do objeto A magnetização do prego é
magnetizado - que não raro é responsável por induzir a magnetização do material e que por induzida pela presença do
[1][6] - é tradicionalmente - aparte uma constante - conhecido campo excitante , este tendo
vezes é representado por
por origem no presente caso o
como "campo ".[22][24] ímã ilustrado à esquerda. Sendo
o prego geralmente feito de
material ferromagnético e que
Tratamento macroscópico - no vácuo
apresenta histerese magnética,
o prego permanece magnetizado
Em virtude de razões práticas, o campo reflete - geralmente mas não de forma obrigatória - mesmo após a remoção do
o campo devido a correntes livres. A associação com as correntes livres dá-se na prática não campo excitante.
raro por planejamento e deve-se ao fato destas correntes, bem como a geometria do circuito
envolvido, poderem ser facilmente mensuradas e determinadas na prática com a precisão
necessária. Controles na fonte de tensão ou corrente, e galvanômetros, são não obstantes propositalmente instalados para
permitir o controle das correntes livres, controle que traduz-se - em problemas práticos assim concebidos - em controle direto
do campo , que pode então ser previamente escolhido e feito presente conforme planejado.

As correntes ligadas - estas associadas à resposta da matéria ao campo excitante ou à auto-magnetização (ímãs) - certamente
não são facilmente determináveis ou controláveis na prática. Contudo deve-se perceber que não são raros os sistemas onde há
correntes ligadas - sistemas envolvendo ímãs e materiais magnetizados, a exemplo - responsáveis pelo campo a ser
considerado em alguma outra parte do sistema. Exemplo típico encontra-se esboçado na figura ao lado: a magnetização de um
prego via campo excitante produzido por um ímã permanente. O campo em consideração ao assumir-se o prego como objeto
móvel em estudo certamente não é um campo devido a correntes livres em sentido de associarem-se à presença de fontes de
corrente ou tensão típicas, ou seja, a portadores de carga livres e em movimento ordenado, sendo o campo no prego devido
em verdade a correntes ligadas à estrutura do ímã. Assim, tanto correntes livres como correntes ligadas podem constituir fontes
de campo , e associá-lo apenas às correntes livres sem os devidos cuidados não raro leva a situações e resultados incorretos.
Por razões teóricas e também por razões práticas, embora o campo em um dado ponto seja em princípio um campo
magnético, [nota 13], a unidade na qual usualmente mensura-se o campo não é a unidade de campo magnético - o tesla - e sim a
mesma unidade utilizada ao mensurar-se o momento de dipolo magnético - o ampère por metro (A/m). Tal conversão de
unidades é feita mediante uma constante de proporcionalidade escolhida apropriadamente, sendo esta a permeabilidade
magnética do meio, no caso a do vácuo , já antes citada no presente artigo. Assim:

Nada impede, contudo, que o campo seja medido em tesla se necessário ou conveniente, o que contudo raramente é feito.
Nesse caso opta-se por explicitar diretamente do campo excitante em detrimento ao campo . Ao explicitar-se
não se deve contudo esquecer que o campo excitante citado geralmente não se comporta, em meios materiais, como
um campo magnético tradicional e sim um campo magnético auxiliar, apresentando algumas peculiaridades se comparados ao
comportamento esperado para um campo magnético tradicional, a exemplo se comparado ao padrão de comportamento sempre
observado para o campo magnético total efetivamente mensurável quer em meios materiais quer no vácuo. Tais
peculiaridades justificam por si só a preferência explícita pelo campo auxiliar em detrimento de nesse, e por
extrapolação, em todos os casos (ver próxima seção).

Tratamento diferencial - em meio material

Considerado o campo magnético resultante mensurado em um dado ponto no interior de um corpo material e a
magnetização associada ao respectivo ponto, deriva-se para um tratamento puntual a seguinte relação constitutiva para :

de onde o campo magnético devido tanto à magnetização como ao campo excitante é então determinável via expressão:

constitui-se pois pela parcela do campo magnético total no ponto que não encontra-se associada à magnetização do meio
material no próprio ponto em consideração e vizinhança diferencial imediata, ou seja, pela parcela que encontrar-se-ia ali
presente na ausência do momento de dipolo magnético atrelado ao ponto em consideração.

Para uma análise puntual evidencia-se, via Lei de Ampère, que o campo em um dado ponto é associado à densidade de
corrente livre encontrada no ponto:

visto que o rotacional da magnetização associa-se à densidade de corrente ligada no ponto em questão:

Retomando o raciocínio anteriormente apresentado para o caso macroscópico, tem-se na relação constitutiva para em escala
microscópica simplesmente a aplicação do mesmo raciocínio, contudo em escala puntual: o diferencial de volume "dv" que
encerra o ponto em consideração é tratado como o "objeto" material, e esse é tratado como estando sob influência de um campo
excitante devido a correntes externas - associadas a toda e qualquer corrente presente no restante do corpo macroscópico -
excetuado o elemento de volume "dv" - ou mesmo na vizinhança externa ao citado corpo. Mesmo correntes identificadas como
correntes ligadas em outras partes do corpo macroscópico são assim tratadas como possíveis fontes de campo excitante no ponto
em questão na relação constitutiva conforme apresentada.

Dada a definição anterior, a equivalência do campo auxiliar ou excitante a um campo magnético se dá com
precisão na ausência de magnetização (no vácuo), contudo deve ser feita de forma cautelosa no interior da matéria. Interno à
estrutura da matéria, o campo magnético (auxiliar) não segue todas as características de um campo magnético tradicional (o
que por vezes justifica o uso da expressão "campo auxiliar " em detrimento de campo magnético ). Em particular,
enquanto para qualquer campo magnético (total) verifica-se sempre a ausência de divergência - o que reflete a ausência
empírica de monopolo magnético e implica que as linhas representativas do campo
magnético sejam linhas sempre fechadas - para o campo auxiliar verifica-se
experimentalmente que uma divergência não nula na magnetização do material em um
dado ponto atua - de forma parecida ao que esperar-se-ia de uma "carga de campo " -
como fonte de campo - o que implica que a divergência do campo auxiliar não é
obrigatoriamente sempre nula. As linhas do campo auxiliar podem assim, ao contrário
das linhas de campo magnéticas, divergirem ou convergirem para pontos materiais
específicos. Calculando-se o divergente a partir da relação constitutiva deduz-se, visto
que

(sempre)

o seguinte resultado:

que, conforme verificação empírica, não tem associado a obrigatoriedade de anular-se.

No ponto acima encontra-se a justificativa para não associar-se as fontes de campo Campos magnéticos e criados por
exclusivamente a correntes livres. Embora seja verdade que o rotacional do campo um ímã permanente. A magnetização é
auxiliar deva-se apenas à presença de correntes livres mostrada em azul. Em cima: as correntes
magnéticas ligadas (em
, magenta) criam um campo magnético
(em vermelho) similar ao que é produzido
fato que considerado isolado induz à associação errônea entre campo auxiliar e as por um solenoide. Abaixo: As "cargas
correntes livres - e que leva os mais desatentos a fazer uso tolo da associada e válida lei magnéticas" (em ciano),
de ampère em sua forma integral para o campo : ou seja, os monopolos magnéticos
induzidos - não confundir com carga
elétrica ou monopolos magnéticos livres
(que não foram até hoje observados) -
criam um campo auxiliar (em verde).
a ausência de correntes livres não é suficiente para garantir a nulidade do campo e são os mesmos na região externa
excitante. mas diferem visivelmente, inclusive em
sentido, no meio material (ver texto).
Tem-se bom exemplo quando considera-se o campo auxiliar devido apenas um ímã
cilíndrico em forma de barra portando magnetização constante. Embora haja a ausência
completa de correntes livres e, uma vez explorada a simetria do problema, a integral de linha em caminho fechado do campo
auxiliar resulte sempre em zero, tais fatos não implicam o campo auxiliar por ele devido como sendo nulo. O campo auxiliar
devido ao ímã certamente não é nulo, tão pouco o é o campo magnético a ele devido na região que o cerca (suposta em
vácuo).

Mídias lineares e não lineares

Ao se estudar o comportamento magnético da matéria a primeira consideração usualmente feita é dividi-la em dois grandes
grupos, um encerrando os materiais que não possuem magnetização permanente e que respondem de forma proporcional a
campos excitantes moderados, e outro encerrando os materiais que possuem magnetização permanente ou que respondem ao
campo excitante de forma diversas excluída a forma proporcional. O primeiro grupo define o grupo das mídias lineares
enquanto o segundo define o grupo das mídias não lineares. O estudo normalmente se inicia com enfoque no primeiro grupo
visto que a linearidade da resposta permite consideráveis simplificações teóricas e práticas.

Susceptibilidade e permeabilidade magnéticas

Em mídias lineares a magnetização é, em cada ponto do meio material, diretamente proporcional ao campo excitante .A
constante de proporcionalidade é conhecida por suscetibilidade magnética e geralmente representada por .
A suscetibilidade magnética é uma grandeza adimensional (sem unidades) que varia de substância para substância,
apresentando valores positivos para as mídias paramagnéticas e negativo para mídias diamagnéticas. A tabela abaixo apresenta
alguns valores para a suscetibilidade magnética de alguns elementos e materiais típicos.

Suscetibilidade magnética a 1 atm e 20°C.


Diamagnéticos Paramagnéticos
Material Suscetibilidade Material Suscetibilidade
Bismuto -1,6 x 10 -4 Oxigênio 1,9 x 10 -6
Ouro -3,4 x 10 -5 Sódio 8,5 x 10 -6
Prata -2,4 x 10 -5 Alumínio 2,1 x 10 -5
Cobre -9,7 x 10 -6 Tungstênio 7,8 x 10 -5
Água -9,0 x 10 -6 Platina 2,8 x 10 -4
Dióxido de Carbono -1,2 x 10 -8 Oxigênio líquido (-200 °C) 3,9 x 10 -3
Hidrogênio -2,2 x 10 -9 Gadolínio 4,8 x 10 -1

A suscetibilidade magnética pode depender de forma considerável das condições físicas do material. O gadolínio, a exemplo, é
ferromagnético em temperaturas abaixo de sua temperatura de Curie, 15 °C, condição que eleva dramaticamente sua
suscetibilidade (caso ainda aplicável).

Relembrando a equação geral para o campo magnético :

em mídias lineares a situação se escreve:

ou

onde

A constante é a chamada permeabilidade magnética ou, especificamente, a permeabilidade magnética absoluta do material.

No vácuo não há magnetização e por tal a suscetibilidade do vácuo é nula. Sua permeabilidade , sendo esta a razão da
constante ser tradicionalmente nomeada permeabilidade magnética do vácuo. A permeabilidade absoluta do material possui
a mesma dimensão da permeabilidade do vácuo, e geralmente suprime a aparição dessa última em expressões associadas a
meios materiais lineares.

Caso queira-se deixar em evidência a permeabilidade magnética do vácuo, define-se ainda a permeabilidade magnética relativa
do material - tradicionalmente também nomeada por alguns autores - como a razão entre as permeabilidade absoluta do
material e a permeabilidade do vácuo:

Ao contrário da permeabilidade absoluta do material, que possui unidade, a permeabilidade relativa do material é, assim como
sua suscetibilidade magnética, adimensional, e por tal geralmente figura acompanhando da permeabilidade magnética
(absoluta) do vácuo nas expressões associadas.

Uso típico
Um exemplo típico e interessante implicando o uso de materiais lineares e das constantes que o caracterizam já foi apresentado
em seção anterior no corrente artigo. A indutância de um toroide com núcleo a vácuo é determinável conforme visto pela
expressão:

(núcleo em vácuo)

Repare a presença da permeabilidade do vácuo na expressão. Caso no núcleo tenha-se agora um material com comportamento
magnético linear essa indutância mostrar-se-á certamente diferente. Ela será em verdade vezes maior, representando a
permeabilidade magnética relativa do referido material.

[1] (núcleo material)

Figuram na expressão acima tanto a permeabilidade relativa do material quanto a permeabilidade absoluta do vácuo. Pode-se
contudo ainda escrever:

(núcleo material)

onde há agora apenas a permeabilidade magnética absoluta do material. A permeabilidade do vácuo não encontra-se mais
explicitamente presente.

Histerese magnética

O comportamento magnético de materiais classificados no grupo dos materiais não lineares -


ou mesmo de materiais classificados no grupo dos materiais lineares quando sob condições que
transcendem as de linearidade - é habitualmente descrito através de curvas de resposta
magnética que discriminam ou a magnetização do material em função do campo excitante (M x
H) ou o valor do campo magnético total observado em função do campo excitante aplicado
(gráfico B x H). Esses gráficos são tradicionalmente conhecidos como gráficos de histerese.

A primeira forma de desviar-se do comportamento magnético proporcional descrito na seção


anterior encontra-se atrelada ao demasiado aumento da intensidade da excitação magnética
aplicada a um material. Verifica-se que mesmos os materiais classificados no grupo dos Gráfico idealizado para histerese
materiais lineares deixam de responder proporcionalidade ao campo excitante quando o valor magnética em um material.
desse atinge patamares os mais elevados, ocorrendo então o que se denomina por saturação Partindo-se de uma situação
magnética do material. com magnetização nula sob
campo excitante nulo (origem)
A saturação magnética resulta do alinhamento de todos - ou praticamente todos - os momentos percorre-se a curva em acordo
de dipolo magnéticos disponíveis no material quando sob campo excitante ( ) intenso o com o sentido indicado pelas
setas (ver texto). No exito
suficiente, de forma que aumentos subsequentes em doravante deixam de ter efeito por não vertical a magnetização M, no
haver mais dipolos a serem alinhados. O material exibe, na saturação, a máxima magnetização horizontal o campo excitante H.
possível. A proporcionalidade entre a magnetização induzida e o campo excitante em
mídias lineares é valida apenas para valores moderados desse último; em condições onde uma
significativa parcela dos momentos de dipolo (ou domínios magnéticos) ainda não mostram-se completamente orientados pelo
campo excitante. Em mídias lineares observa-se contudo que, reduzido o campo excitante, restaura-se a proporcionalidade, e
removido o campo, não há mais magnetização macroscópica mensurável no material.

Há, contudo, materiais que apresentam memória magnética, dos quais os materiais a base de ferro constituem exemplos típicos.
Nesses materiais a magnetização em um dado instante de tempo depende não apenas da excitação presente no exato instante
como também de todo os histórico magnético do material. Cita-se para compreensão o comportamento idealizado de uma
material com elevada histerese, esse esboçado no gráfico M x H idealizado ao lado: partindo-se de uma barra de material
desmagnetizada em ausência de campo excitante (origem no gráfico), sujeitando-a a um campo excitante crescente observa-se
resposta inicialmente proporcional ao campo excitante dada a magnetização gradual do material. Elevando-se o campo excitante
a patamares maiores, deixa-se a região e proporcionalidade e aumentando-o ainda mais atinge-se a saturação. Reduzindo-se
contudo a excitação, observa-se que a magnetização não se reduz de forma compatível com a redução da excitação; a curva
desenhada com o decréscimo do campo excitante não se sobrepõe assim à desenhada durante o processo que levou ao valor
máximo do campo excitante. Verifica-se que mesmo após completamente removida a excitação ainda há uma magnetização
residual apreciável no material, no gráfico muito próxima à magnetização observada na saturação (interseção da curva com o
eixo vertical, acima). É necessário a aplicação de um campo excitante em direção inversa
(negativo) com apreciável valor para anular-se novamente a magnetização do material
(interseção da curva com o eixo horizontal, à esquerda), e um campo de módulo ainda maior
para inverter-se à magnetização até a saturação em direção inversa (ponto extremo inferior do
gráfico, terceiro quadrante, o mais à esquerda). O processo se repete de forma similar ao
anterior à medida que reduz-se o campo excitante a zero (interseção do gráfico com eixo
vertical, abaixo) e posteriormente aumenta-se o campo em direção positiva até atingir-se uma
magnetização nula (interseção da curva com o eixo horizontal, à direita) e novamente Curvas de histerese
saturação em direção compatível com a primeira saturação (ponto superior no primeiro praticamente obtidas para uma
quadrante, o mais à direita). amostra de aço devidamente
preparada. Cada cor representa
A curva de histerese para uma dado material mostra-se usualmente muito dependente não uma curva de histerese obtida
apenas do material mas também das condições física em que esse se encontra (destaque para a sob condições de campo
temperatura), e também da frequência com que se percorre a curva, ou seja, da frequência do máximo excitante conforme
campo excitante. Mostra-se também muito dependente do valor máximo do campo excitante indicado na legenda. BR
utilizado. representa, para a situação
descrita em vermelho, o valor do
A histerese é fator importante ao selecionarem-se materiais para compor núcleos de campo remanescente, e HC o
transformadores ou bobinas visto que associado à histerese há um custo energético nem valor do campo coercivo. Curvas
sempre desconsiderável; a inversão "forçada" da magnetização do material requer energia. obtidas sob frequência de 50Hz.
Também é fator importante na escolha de materiais onde far-se-á o registro magnético de
dados digitais ou analógicos.

As curvas de histerese magnética podem ser facilmente determinadas para os materiais nos núcleos de transformadores através
de um osciloscópio, uma fonte de tensão alternada e alguns componentes auxiliares. Ao lado tem-se um exemplo prático de
curvas de histerese mensuradas para uma amostra de aço adequadamente preparada (técnica experimental contudo
desconhecida).

Classes magnéticas

A resposta da matéria à presença de um campo magnético excitante ou mesmo o fato desta possuir ou não uma magnetização
permanente encontra-se diretamente relacionada às propriedades particulares de cada material a se considerar. Possuindo
momentos de dipolo intrínsecos, a forma como as partículas fundamentais integrantes da matéria interagem e se distribuem
para formar um átomo, íon ou molécula - sendo de particular relevância os elétrons, seus orbitais e a distribuição eletrônica nas
estruturas que formam - bem como a maior ou menor interação entre átomos, íons e/ou moléculas vizinhas fazem com que
materiais diferentes possam apresentar comportamentos magnéticos macroscópicos e respostas a um campo magnético externo
também bem diferentes. No estudo do magnetismo convencionou-se dividir os diversos materiais em classes magnéticas a fim
de sistematizar a compreensão dos diversos comportamentos magnéticos observados. As estruturas materiais são pois
classificadas em cinco classes magnéticas, cada qual caracterizada por um certo conjunto de propriedades particulares. São elas:
a classe dos materiais diamagnéticos, dos paramagnéticos, dos ferromagnéticos, dos antiferromagnéticos e por fim a classe dos
materiais ferrimagnéticos.

Não encontra-se no escopo da discussão que se segue os pormenores acerca dos modelos teóricos que elucidam as características
de interação pertinentes a cada grupo, sendo doravante fornecida apenas os argumentos teóricos fundamentais. Dada a
extensão, detalhes teóricos acerca de cada classe implicam por si só à edição de artigo específico para cada classe ("Ver artigo
principal").

Diamagnetismo

Embora, conforme antes referido, o diamagnetismo seja uma propriedade em princípio inerente a toda e qualquer matéria,
caracterizando-se por uma fraca repulsão magnética entre a matéria e campos magnéticos de natureza externa, encontram-se
nesta classe magnética apenas os materiais que não exibem nenhuma outra forma de interação magnética a não ser a antes
citada e doravante elucidada. Nestes termos materiais classificados como diamagnéticos são assim fracamente repelidos por
fontes magnéticas externas, e não apresentam magnetização quando em ausência de campo excitante (campo ). Materiais
diamagnéticos típicos são caracterizados por uma susceptibilidade magnética negativa da ordem de , podendo entretanto
ter valor -1 no caso dos diamagnéticos perfeitos - os supercondutores.

Materiais diamagnéticos não possuem momentos de dipolo permanentes. Possuem estruturas que lhes conferem magnetização
nulas na ausência de campos excitantes de forma que a resposta à aplicação desses será devida aos momentos de dipolos
induzidos no ato da excitação.
A origem do diamagnetismo encontra-se na Lei de Lenz e na distribuição eletrônica dos
átomos. A Lei de Lenz estabelece basicamente que a variação do fluxo magnético em um
circuito fechado de corrente faz surgir nesse uma força eletromotriz induzida - e por tal uma
corrente elétrica induzida - sempre em sentido o necessário para que o campo magnético
criado pela corrente induzida oponha-se à variação do fluxo que a induz. Olhando-se a
estrutura atômica de cada átomo sob ponto de vista adequado à situação vê-se vários circuitos
elétricos fechados envolvem o núcleo, cada qual representado por uma órbita no modelo
atômico de Rutherford-Bohr - por um orbital no modelo atômico atual - adequadamente
preenchidos com um ou dois elétrons cada (Princípio da exclusão de Pauli).

A submissão de tais circuitos de corrente a um campo magnético excitante faz surgir uma
corrente induzida (altera os níveis de energia dos orbitais) de forma que um dipolo magnético Um sapo, vivo, levita - em
induzido tenha orientação contrária ao campo indutor, orientação que leva a uma repulsão virtude do diamagnetismo
entre entre o dipolo induzido e o campo excitante, ou melhor, entre o circuito de corrente e a(s) inerente a todos os materiais
fonte(s) do campo indutor. Multiplicando-se esse efeito a todos os orbitais e a todos os átomos (predominante no caso) -
quando submetido a campos
da estrutura de um material diamagnético tem-se o fundamento da repulsão entre o material e
magnéticos exacerbados em
a(s) fonte(s) do campo excitante.
direção vertical. O exemplar da
foto encontra-se sob ação de um
A situação pode ser parcialmente exemplificada dependurando-se um leve anel de alumínio
campo magnético de 16 teslas.
com um barbante de forma a compor um pêndulo. Aproximando-se rapidamente um ímã do
anel, esse será repelido pelo ímã, o que leva ao deslocando o pêndulo em sentido que o afasta
do ímã. Há uma substancial diferença contudo no que observa-se a seguir. Nesse caso, uma vez
o ímã feito estático próximo ao anel, não observa-se-á repulsão entre o ímã e o anel. Tal
observação deve-se à presença de resistência elétrica no circuito formado pelo anel de
alumínio, que dissipa energia e leva a corrente elétrica induzida à extinção, resistência não
presente nos circuitos de corrente associados à distribuição eletrônica dos átomos. Se o anel
fosse composto por material supercondutor a corrente induzida não cessaria, e a repulsão far-
se-ia presente mesmo com o ímã em repouso. O afastamento do ímã levaria a uma supressão
da repulsão nesse caso, e leva a uma atração entre o ímã e o anel de alumínio no anterior.
Ímã flutuando sobre base de
A levitação de um supercondutor sobre um ímã fornece certamente um exemplo bem mais
material supercondutor
próximo do que ocorre em escala atômica no caso de materiais diamagnéticos. Aproximando-
(diamagnético perfeito). O
se um supercondutor de um ímã, aquele será por esse repelido (e vice-versa), e a repulsão nitrogênio líquido é acrescido a
permanece enquanto o estado de supercondutividade for mantido. Se o material transitar para fim de garantir a baixa
um estado não supercondutor, devido ao aumento da temperatura a exemplo, a repulsão cessa. temperatura necessária à
O Efeito Meissner é assunto recorrente ao se falar de magnetismo e supercondutividade. manutenção da
supercondutividade. Aquecido, o
material transita para um estado
Paramagnetismo
condutor clássico e a repulsão
cessa.
O diamagnetismo é observado em materiais que não possuem estruturas que lhes confiram
momentos de dipolo atômicos ou moleculares permanentes. São bons exemplos de materiais
diamagnéticos os gases nobres e vários metais como o cobre ([ Ar ] 3d10 4s1) que, doando o elétron mais externo à ligação
metálica, permanece com cada um dos íons resultantes em uma configuração fechada - camadas 1,2 e 3 completas - que confere
momento magnético nulo aos mesmos.

O paramagnetismo é típico em materiais cujas estruturas eletrônicas ou moleculares implicam


momentos de dipolo magnéticos permanentes aos seus constituintes mais fundamentais,
contudo sua organização estrutural implica independência de cada um desses constituintes em
relação aos demais ao se buscar por uma interação magnética de extensa abrangência entre os
associados dipolos. Não há interação magnética de longo alcance entre um dipolo e os seus
vizinhos. Uma forma bem simples de se pensar a situação é associá-la a um gás ideal de dipolos
magnéticos. Em um gás ideal as partículas não interagem umas com as outras; sua energia
interna associa-se apenas à energia cinética das partículas que o integram (energia térmica). Material paramagnético em
No caso do gás de dipolos magnéticos isso equivale a dizer que a energia interna do sistema ausência de campo excitante. A
magnético em consideração independe da orientação espontânea dos dipolos encontrados em energia térmica mantém os
sua estrutura - ou mostra-se muito pouco dependente delas - a ponto de não implicar a dipolos não interagentes
orientação espontânea dos mesmos quando a amostra encontra-se em ausência de campo aleatoriamente orientados.
magnético excitante externo. A agitação térmica cuida então de mantê-los aleatoriamente
orientados, de forma que o material, em ausência de campo magnético excitante, exibe uma
magnetização total - macroscopicamente mensurável - nula.
Os dipolos permanentes encontrados nos materiais paramagnéticos (e ferromagnéticos) tem
origem essencialmente na distribuição eletrônica dos átomos; nos momentos de dipolo
intrínsecos de elétrons (número quântico S) e nos momentos magnéticos atrelados aos
movimentos orbitais dos elétrons (número quântico L). A fim de determinar-se o momento
magnético resultante para o átomo deve-se considerar o acoplamento entre os dois momentos
magnéticos anteriores ao longo de todos os orbitais ocupados por elétrons, assunto que por si
só resultaria em um artigo (acoplamentos Acoplamento L-S ou Acoplamento J-J). Há casos em
que tem-se primeiro que acoplar todos os momentos magnéticos de spin dos elétrons, todos os Material paramagnético em
momentos magnéticos orbitais, e então proceder a soma para determinar-se o momento presença de campo excitante
magnético total do átomo; e há casos em que deve-se determinar primeiro o acoplamento entre moderado. A energia térmica e a
os momentos magnéticos de spin e orbital para cada elétron, e depois somarem-se os energia potencial de orientação
resultados para todos os elétrons a fim de determinar-se corretamente o momento magnético dos dipolos competem entre si.
total do átomo. Os detalhes quanto aos procedimentos não são aqui abordados por A magnetização é determinável
extrapolarem o escopo em questão, contudo encontram-se bem descritos na literatura através da Lei de Curie.
pertinente.

Submetendo-se um material paramagnético a um campo magnético excitante externo os


dipolos magnéticos de sua estrutura tendem a alinhar-se com o mesmo. Associado à orientação
de cada dipolo imerso no campo magnético excitante há uma energia potencial que pode ser
determinada mediante o produto escalar em o momento de dipolo em questão e o campo ao
qual encontra-se submetido

.
Em uma dada temperatura,
quanto maior o campo excitante,
O ângulo corresponde ao ângulo entre os vetores e , esse último o campo excitante ao maior a magnetização da
qual o dipolo encontra-se submetido. amostra. Para campos muito
intensos observa-se uma
Poder-se-ia supor que a aplicação de um pequeno campo excitante levaria à rápida ordenação saturação na magnetização do
de todos os dipolos presentes na estrutura do material, resultando em uma rápida saturação da material.
magnetização macroscopicamente mensurável no material e em uma resposta instantânea de
atração máxima entre o material paramagnético e a fonte do campo excitante. Entretanto, em
sólidos paramagnéticos a energia associada ao alinhamento dos dipolos é, para valores típicos de temperatura e campo
excitante, da ordem de grandeza da energia térmica kb.T dos átomos do material. Verifica-se que há em decorrência uma literal
competição entre o campo magnético tentando alinhar os dipolos e a temperatura tentando desorientá-los, de modo que a
magnetização induzida macroscopicamente mensurável mostra-se dependente tanto do campo aplicado como da temperatura. A
uma dada temperatura verifica-se usualmente a proporcionalidade da magnetização macroscópica com o campo aplicado, o que
leva os materiais paramagnéticos ao grupo dos materiais lineares. Demonstra-se tanto prática como teoricamente que para
materiais paramagnéticos tradicionais a dependência da magnetização total com a temperatura faz-se mediante uma relação
inversa.

A dependência da magnetização macroscopicamente observada com o campo magnético e a temperatura encontra-se sintetizada
na conhecida Lei de Curie:

onde M é a magnetização macroscopicamente mensurável no material paramagnético, e C uma constante adequadamente


determinada para cada material ou situação.

Como a magnetização dá-se de forma proporcional ao campo, o dipolo induzido no material alinha-se com esse, e observa-se em
decorrência a fraca atração característica do paramagnetismo entre o objeto magnetizado e a fonte de campo excitante.

Verifica-se que materiais paramagnéticos exibem magnetização total nula quando em ausência de campo excitante, conforme
esperado. Em ausência de campo excitante a agitação térmica cuida de manter os dipolos microscópicos orientados
aleatoriamente.

Ferromagnetismo

Ferromagnetismo é a existência de magnetização espontânea em pequenas regiões do material de forma independente de um


campo excitante externo. Aparte os compostos, os únicos elementos ferromagnéticos são o cobalto, o níquel, o gadolínio, o
disprósio, e como o nome da classe sugere, o próprio ferro.[23]
Origem

Em uma abordagem muito simplista e pouco rigorosa, o ferromagnetismo é por muitos citado
como resultante de um alinhamento dos momentos de dipolo magnéticos atômicos devido a
uma simples interação mútua entre eles, em uma forma que levaria o material ferromagnético
a exibir uma magnetização uniforme ao longo de toda a sua extensão. Análises mais atentas
frente aos fatos conhecidos mostra que esse não é o caso, e a explicação do ferromagnetismo
observado em materiais passa por um conjunto de considerações bem mais complexas do que
as encontradas nessa conjectura inicial.
Domínios em material
ferromagnético (aço)
A primeira consideração a se fazer é que a energia de interação entre dois momentos de dipolos
inicialmente não magnetizado.
vizinhos em um material ferromagnético, se tratados como independentes, não explica o
ordenamento desses dipolos. A exemplo, o ferro: determinando-se a energia de interação
magnética entre dois de seus átomos quando separados por 3 angstroms (o espaçamento
interatômico do ferro), possuindo cada um dos átomos dipolos, supostos alinhados nesse caso,
um momento magnético igual a 2,2 magnétons de Bohr, chega-se ao valor de 3,1 x 10−24 joules.
Essa energia é equiparável a energia térmica k.T de um objeto à temperatura de 0,22 kelvins, o
que expressamente sugere que a interação dipolo-dipolo não pode ser a responsável pela
ordenação magnética dos dipolos à temperatura ambiente, tipicamente 300 kelvins.[23] À
temperatura ambiente espera-se uma energia térmica por átomo com ordem de grandeza de
10−21 joules, pelo menos mil vezes maior que a anterior. A energia térmica evidentemente
sobrepuja por completo a energia de interação magnética.

Ademais observa-se que o material ferromagnético não exibe magnetização uniforme ao longo
de toda a sua extensão e sim uma grande quantidade de pequenas regiões, cada qual
certamente com magnetização uniforme contudo orientadas, delimitadas as condições físicas,
de forma mais ou menos aleatória umas em relação às outras: têm-se os domínios magnéticos.

Verifica-se que a magnetização de materiais ferromagnéticos é dependente da temperatura,


sendo máxima à temperatura absoluta nula e caindo a zero em uma temperatura conhecida Reorientação e expansão de
como temperatura de Curie Tc. Para o ferro Tc = 1 043 K = 770 °C. Acima da temperatura de domínios magnéticos em
Curie os materiais passam a se comportar como materiais paramagnéticos sujeitos à Lei de material ferromagnético exposto
Curie adequada à situação, sendo a susceptibilidade magnética então expressa por a campo excitante cujo modulo é
, C uma constante. feito lenta e gradualmente maior
até um valor apreciavelmente
A construção de um modelo que elucide as origens do comportamento ferromagnético exigem elevado. No início tem-se campo
necessariamente consideração oriundas da mecânica quântica, sobretudo de um processo excitante nulo e o material
conhecido como interação de troca, que envolve a simetria das funções de onda que descrevem desmagnetizado. Ao término,
os elétrons em um átomo ou conjunto interagente de átomos e a indistinguibilidade mediante campo máximo e saturação do
permutação de posições de partículas idênticas. A interação de troca determina entre outros a material.
orientação dos momentos angulares quantizados (spin) dos elétrons em seus orbitais, quer
atômicos quer ligantes, sendo os detalhes acerca dessa influência determinantes para que alguns elementos sejam
ferromagnéticos ao passo que todos os demais não.

A construção do modelo passa também pelo fato que a magnetização em materiais ferromagnéticos é em essência devida à
orientação dos momentos intrínsecos dos elétrons (spins) e não aos momentos de dipolo magnéticos associados aos movimentos
dos elétrons em seus orbitais; por considerações acerca das dimensões dos orbitais d nos metais de transição se comparados à
separações interatômicas (parâmetros de rede) características de cada elemento, e por considerações sobre a quantidade de
elétrons e sobre a distribuição eletrônica desses nos referidos orbitais.

A situação que leva ao ferromagnetismo implica um balanço delicado entre diversos fatores: é necessário que a subcamada d,
que comporta quando cheia 10 elétrons, esteja apenas parcialmente cheia (3d6 no caso do ferro), e que o raio da subcamada d
seja suficientemente grande para permitir uma certa superposição espacial entre as camadas de átomos vizinhos e assim
justificar a existência de uma interação de troca entre eles, mas por outro lado pequena o suficiente para permitir que a largura
de banda de valência não seja demasiadamente grande de formar que, em virtude da degenerescência energética e da localização
da energia de Fermi, os orbitais com menor energia em função da interação magnética permaneçam completamente ocupados
enquanto orbitais que implicariam orientações de spins contrárias ao dos encontrados no primeiro caso mostrem-se pouco ou
efetivamente não ocupados; resultando assim um momento de dipolo magnético total não nulo no domínio em consideração. O
parâmetro determinante nesse balanço de distâncias é a razão entre a separação dos núcleos atômicos R e o diâmetro "D" da
subcamada d. Verifica-se que valores superior a 1,5 para esta razão levam às condições necessárias para o ferromagnetismo. A
exemplo, para o manganês a citada razão é 1,47, ao passo que para o ferro é 1,63, para o cobalto 1,82 e para o níquel 1,98.
A ideia anterior é corroborada pelo fato de que o manganês, um elemento não ferromagnético em condições normais, é utilizado
na confecção de compostos ferromagnéticos. As estruturas desses compostos são tais que implicam uma separação um pouco
maior para os átomos de manganês em interação, levando-os à condição de exibir comportamento ferromagnetismo. As ligas de
Heuster constituem típicos exemplos pertinentes ao caso.

Foge ao escopo desse artigo contudo entrar nos pormenores dos modelos que visam elucidar o ferromagnetismo em seus
detalhes visto que esses modelos, em seus pormenores, resultam em artigos com razoável extensão e mesmo livros inteiros, fato
facilmente verificável mediante pesquisa na literatura pertinente à área. Encontra-se no escopo desse, contudo, considerações
acerca dos domínios magnéticos e do comportamento macroscópico de um material ferromagnético.

Domínios e energias

Tipicamente, reduzindo-se gradualmente a temperatura de um material ferromagnético


fundido abaixo da sua temperatura de Curie, embora a formação de domínios aleatoriamente
orientados possa ser microscopicamente observada, uma magnetização macroscopicamente
mensurável é usualmente verificada. Essa só será observada ser for aplicado um campo
magnético excitante externo, o que leva diretamente ao comportamento descrito pela curva
saindo da origem no diagrama de histerese idealizado apresentado na correspondente seção.

O comportamento global dos materiais ferromagnéticos descritos em suas respectivas curvas


de histerese surgem em virtude da necessidade de se minimizar não uma mas ao todo três
energias diferentes contudo diretamente relacionadas ao comportamento magnético do Diagrama esboçando o
material: a energia magnética associada ao campo magnético macroscopicamente mensurável, comportamento dos domínios
a energia associada às fronteiras dos domínios magnéticos, sítios de campos magnéticos em um material ferromagnético
intensos, altamente localizados e não uniformes; a energia associada à orientação da inicialmente desmagnetizado. A
magnetização em relação aos eixos de simetria do material cristalino. Tipicamente a orientação e o tamanho dos
minimização dessas energias implica a inexistência de um campo externo se o ponto de partida domínios são alterados pela
for o inicialmente descrito acima; os domínios formados, embora com magnetizações aplicação de campo de forma
uniformes dentro de seus domínios, orientam-se aleatoriamente de forma a se cancelarem não espontaneamente
mutuamente, impedindo qualquer magnetização macroscópica e por tal a existência de um reversível, levando o material a
campo magnético total externamente mensurável. uma situação de magnetização
permanente (BR) após a
A aplicação de um campo excitante externo muda a situação, contudo. Percebe-se facilmente remoção do campo excitante.
que domínios cujas orientações mostrem-se alinhadas com o campo são agora energeticamente
favorecidos, e em decorrência observa-se a expansão das fronteiras desses domínio em
detrimento dos demais. É também observado empiricamente a rotação da direção de magnetização dos demais domínios em
sentido de alinharem-se com o campo excitante. A aplicação do campo excitante leva a uma reconfiguração geométrica e
energética do sistema de domínios magnéticos, e a minimização da energia após remoção do campo excitante não implica o
imediato retorno à condição inicialmente descrita nos materiais ferromagnéticos. O movimento das fronteiras limites entre
domínios não é completamente reversível; sendo inclusive influenciados por imperfeições cristalinas tais como impurezas ou
tensões. Observa-se pois que o material permanece macroscopicamente magnetizado mesmo após a remoção do campo
excitante, dando origem ao que se denomina magnetização permanente do material. Tem-se então um ímã.

A aplicação de um campo externo em sentido contrário remete diretamente ao comportamento descrito pela curva de histerese
do material. A reconstrução das inúmeras fronteiras de domínio suprimidas e a reorientação da magnetização desses envolve
energia, devendo essa ser suprida pela fonte de campo excitante sendo aplicado.

Embora a aplicação de campo externo seja o caso mais estudo, há outros processos bem diferentes que também levam a
alterações na magnetização de um material ferromagnético. Variações bruscas de fatores físicos como a temperatura ou mesmo
a pressão podem certamente induzir a reorientação e redimensionamento dos domínios magnéticos e por tal induzir mudanças
na magnetização permanente do material: tratamentos térmicos e choques mecânicos geralmente acarretam efeitos notórios
sobre a magnetização permanente do material.

Antiferromagnetismo

As origens da interação antiferromagnética encontram-se, assim como no caso ferromagnético, atreladas às interações de troca
que ocorrem entre átomos vizinhos. Assim como no ferromagnetismo a interação implica a existência de momentos magnéticos
permanentes nos átomos, mas ao contrário do que ocorre no ferromagnetismo, as interações de troca levam nesse caso ao
alinhamento dos momentos magnéticos dos átomos em sentidos opostos, em um processo bem similar ao que ocorre com as
orientações dos spins de dois elétrons quando ocupam o mesmo orbital atômico. Materiais antiferromagnético apresentam
assim momentos magnéticos efetivos extremamente pequenos para não dizer completamente nulos.
Exemplo de material ferromagnético é o dióxido de manganês (MnO2. Em sua estrutura
cristalina o íon negativo de oxigênio encontra-se rodeado por dois íons positivos de manganês.
Os momentos de dipolo magnéticos dos dois íons de manganês orientam-se nesse caso de
forma oposta dado estarem cada qual também orientados de forma antiparalela com um
respectivo elétron do íon negativo de oxigênio, elétrons que por sua vez também têm
orientações de spins contrárias, encontrando-se o sistema assim formado em sua configuração
de mais baixa energia. A presença íons de um único elemento magnético, no caso o manganês,
orientados alternadamente em oposição leva ao antiferromagnetismo observado.
Estrutura antiferromagnética do
dióxido de manganês exibindo o
Materiais antiferromagnéticos tradicionalmente não respondem de forma significativa à
acoplamento dos orbitais d dos
aplicação de campos magnéticos moderados. Podem vir a fazê-lo de forma moderada se
íons de manganês com um
imersos em campos magnéticos exorbitantes, contudo. Nesse caso alguns dos momentos de
orbital p do íon de oxigênio. O
dipolo magnéticos da estrutura alinham-se paralelos ao campo em detrimento do alinhamento acoplamento com os os elétrons
antiparalelo com os íons vizinhos. no íon de oxigênio leva à
orientação antiparalela dos
Materiais antiferromangéticos também têm suas propriedades dependentes da temperatura. dipolos magnéticos nos íons
Em temperaturas acima de uma temperatura limite conhecida como temperatura de Néel estes positivos de manganês.
tornam-se paramagnéticos. A denominação "temperatura de Néel" expressa o reconhecimento
da relevância dos trabalho de Louis Eugène Félix Néel (1904-2000) na área.

Ferrimagnetismo

Nos materiais inclusos na classe ferrimagnéticos observa-se que a ação da interação de troca
leva os momentos de dipolos magnéticos a se alinharem em configuração antiparalela, em um Há diversas estruturas possíveis
processo muito similar ao observado em materiais antiferromagnéticos. Diferentes desses que levam ao comportamento
últimos, contudo, nas substâncias ferrimagnéticas estão presentes dois ou mais tipos diferentes antiferromangético. O dióxido de
de íons, esses com momentos de dipolo diferentes, de forma que a magnetização resultante não manganês enquadra-se no caso
é nula. Há assim a formação de domínios similares aos observados no ferromagnetismo. mais simples, acima.

Os materiais ferrimagnéticos, também chamados de ferrites, exibem comportamento


magnético macroscópico intermediário entre os observados em materiais ferromagnéticos e em
materiais antiferromagnéticos. A comportamento dos domínios em ferrites são similares aos
observados nos materiais ferromagnéticos no que se refere aos aspectos que levam a uma
elevada permeabilidade magnética característica desses materiais. O ferrites magnetizam-se
com extrema facilidade. Contudo, ao contrário do observado em materiais ferromagnéticos, os
ferrites não retêm magnetização quando o campo excitante é removido.

A elevada permeabilidade magnética dos materiais ferrimagnéticos, quando associada à


ausência de campo residual e à baixa condutividade elétrica características desses materiais,
faz dos ferrites elementos muito úteis para a confecção de componentes eletrônicos de
precisão. Os ferrites são usualmente utilizados para a confecção de bobinas, transformadores e
demais componentes eletrônicos magnéticos destinados a circuitos nos quais a presença de
correntes induzidas parasitas (correntes de Foucault) bem como as perdas de energia
associadas nos núcleos formados por esses materiais mostrar-se-iam intoleráveis caso os
tradicionais materiais ferromagnéticos fossem empregados em substituição.
Acima: o interior de um filtro de
Ferrites são tradicionalmente muito empregados em bobinas destinadas a circuitos de
interferência, feito de ferrite.
radiofrequência elevadas, bobinas de frequência intermediária (FIs), e como núcleo de antenas
Abaixo: emprego usual em
magnéticas destinadas à detecção de ondas eletromagnéticas de baixa intensidade. cabos de sinal ou alimentação.

Nos tradicionais rádios transistorizados portáteis da década de 90, enquanto a antena externa,
de metal, dedica-se à detecção de sinais eletromagnéticos na faixa de FM, os sinais de na faixa de AM são detectados por uma
antena magnética montada sobre núcleo de ferrite, no interior do rádio. A bobina do próprio circuito destinado à sintonia das
estações funciona no caso como antena. Sobre esse ferrite montam-se também a bobina do oscilador local e a bobina destinada à
coletar a soma dos dois sinais, todas acopladas magneticamente, sendo o sinal soma resultante coletado então enviado às etapas
amplificadoras subsequentes e aos filtros de frequências intermediárias (FIs). Tal configuração é a que confere a notória
sensibilidade direcionada ao rádio quando sintonizado na faixa de AM: girando-se o rádio (e o ferrite) sobre eixo perpendicular
ao do ferrite percebe-se notoriamente as variações na intensidade do sinal recebido através das respectivas variações no volume
do sinal sonoro reproduzido. Há uma posição em que se recebe o sinal de forma mais intensa, e há uma posição em que não se
capta praticamente sinal algum. Tal fenômeno, característico das antenas magnéticas (antenas de loop), encontra aplicações
importantes. A exemplo é empregado no sistema de navegação aérea, onde os aviões
voam guiados pelo direção de recepção dos sinais emitidos por um radiofarol específico,
direcionando-se em orientação estabelecida pelo goniômetro quando há recepção nula e
não máxima - dada a maior precisão alcançável no primeiro caso.

Acima, bobinas ajustáveis com núcleo de Aplicações


ferrite. O ajuste é feito enroscando-se
mais ou menos o parafuso de ferrite no
núcleo da bobina. Abaixo, antena
Diante de tantas aplicações do magnetismo em nossa
receptora tradicional em rádios de AM: vida moderna, é um tanto surpreendente saber que,
uma bobina montada sobre núcleo de quando Hans Christian Ørsted estabeleceu a conexão
ferrite. entre eletricidade e magnetismo, a única aplicação
relevante desse último efeito era nas já há muito
conhecidas bússolas. Com a descoberta dos efeitos
magnéticos da eletricidade a situação começou a mudar rapidamente. Um dos primeiros
avanços técnicos implementados foi a invenção e difusão do telégrafo. Um conversor
eletromecânico fundado na atração magnética entre um eletroímã e uma alavanca interpotente Um telégrafo que remonta ao
com material ferromagnético ao centro era usado para perfurar uma fita de papel em uma ano 1837. Facilmente
sequência de pontos e traços que, obedecido um padrão predeterminado pelo código Morse, identificável tem-se o eletroímã
permitiu pela primeira vez a transmissão de informações a longas distâncias de maneira responsável pelo movimento do
praticamente instantânea. Fios telegráficos espalharam-se acompanhando as linhas férreas por mecanismo. O telégrafo
todos os lados, trazendo a humanidade à era da comunicação elétrica. representa uma das primeiras
aplicações práticas do
magnetismo.
Conversores eletromecânicos

Um conversor eletromecânico é um dispositivo capaz de converter energia elétrica em energia


mecânica, ou seja, de produzir movimento a partir de correntes elétricas; quase sempre
fazendo-o de forma a utilizar diretamente os efeitos associados ao magnetismo. A exemplo os
motores certamente são conversores eletromecânicos, encontrando-se o princípio de
funcionamento desses já discutido nesse artigo. Há, além dos motores elétricos, outros
Um relé: um conversor
conversores eletromecânicos mais simples, contudo também muito difundidos. Os tradicionais
eletromecânico utilizado para
relés, e os alto-falantes, são exemplos típicos pertinentes ao caso.
comutar interruptores elétricos.
Em um relé um eletroímã gera um campo magnético de forma a atrair um elemento móvel -
constituído de material ferromagnético - situado em suas proximidades, provocando assim o
movimento do sistema mecânico a ele acoplado. Ao cessar a corrente no eletroímã, molas
geralmente cuidam de fazer o sistema mecânico retornar a posição inicial de forma que o
processo possa se repetir. Nos relés propriamente ditos o circuito mecânico aciona ou desliga
um ou mais interruptores elétricos, permitindo assim o controle de correntes elétricas elevadas
por uma corrente elétrica de valor bem menor, a corrente da bobina do relé.

Um mecanismo muito similar aos dos relés é encontrado nas trancas automáticas quer de
portas residenciais quer em automóveis, encontrando-se a diferença essencialmente no
dispositivo conectado ao conversor eletromecânico. No caso da tranca o mecanismo móvel Alguns relés comerciais de uso
aciona a trava da porta e não o contato elétrico característico do relé. Há casos em que ele geral.
aciona os dois, havendo também um interruptor conectado ao mecanismo a fim de indicar a
posição atual da trava.

Nos alto-falantes há a inversão de papéis, permanecendo agora o material magnético, no caso um ímã permanente, em repouso,
enquanto a bobina é fixada ao dispositivo móvel, no caso um diafragma de papel ou similar. O movimento do diafragma tem por
fim comprimir ou rarefazer o ar à sua volta, sendo o alto-falante estruturado de forma a produzir som audível segundo os
padrões determinados pela corrente elétrica que se faça circular pela bobina móvel. Em uma explicação simplificada, se a
corrente é feita circular em um sentido, o eletroímã formado pela bobina terá polos alinhados com os polos do ímã permanente,
o que leva a uma atração entre a bobina e o ímã. A bobina e o diafragma movem-se para dentro, sugando assim o ar à frente do
alto-falante. Fazendo-se a corrente circular em sentido contrário os polos do eletroímã se invertem, e se no primeiro caso houve
atração, agora verifica-se uma repulsão entre a bobina e o ímã. Tanto a bobina como o diafragma movem-se para fora,
pressionando o ar à frente do alto-falante.

A figura ao lado revela a estrutura interna de um alto-falante. Sobressaindo ao centro, similar a uma lata metálica, em papel
laminado, o suporte sobre o qual assenta-se a bobina, esta não visível na figura. O ímã, também não visível, com conhecida
geometria em forma de anel de espessas paredes, fixa-se sob o chassi metálico. A bobina move-se no interior do orifício no ímã.
Há ainda, delimitando a bobina pela parte de dentro, um núcleo de material ferromagnético,
esse de tonalidade metálica prateada, bem ao centro na figura. Esse núcleo, também fixo,
acopla-se ao ímã de forma a criar um campo magnético sempre perpendicular às espiras na
bobina; condição essencial a um melhor desempenho do alto-falante.

Os microfones ditos microfones dinâmicos têm estrutura interna análoga à dos alto-falantes,
sendo apenas redimensionadas para uma melhor qualidade na conversão da energia mecânica
em elétrica. Trata-se de um conversor "mecanoelétrico", ou seja, um conversor eletromecânico
que converte energia mecânica em elétrica. Como recurso emergencial, um alto-falante
funciona razoavelmente bem no lugar de um microfone dinâmico. O movimento da bobina
induzido pela recepção de sons no diafragma faz variar o fluxo magnético através dessa. Em
Bobina de um alto-falante de acordo com a Lei da Indução de Faraday, ter-se-á nos terminais de conexão da bobina uma
tamanho grande. tensão elétrica diretamente associada ao sinal sonoro sendo recebido. Esse sinal elétrico
reproduz o sinal sonoro recebido, e pode ser encaminhado a etapas eletrônicas seguintes, a
exemplo, amplificadores e alto-falantes potentes.

Televisores

Os efeitos de campos magnéticos sobre elétrons ou íons


quando em movimento no vácuo são amplamente explorados
em diversos dispositivos, encontrando-se um deles, ao
contrário do que a complexidade associada ao vácuo e à
Estrutura de um alto-falante. produção de tais partículas carregadas livres possa sugerir,
presente no cotidiano de todos. Trata-se da conhecida
televisão com tubo de raios catódicos.

Em um tubo de imagem por raios catódicos um canhão de elétrons termoemitidos produz um Diagrama de um tubo de
feixe eletrônico que é acelerado em direção à tela por um campo elétrico intenso estabelecido imagens em televisão com tubo
entre uma tela metálica perfurada (anodo) colocada imediatamente antes da camada de raios catódicos.
fosforescente onde formar-se-á a imagem e o canhão de elétrons no outro extremo do tubo
(catodo). A imagem é desenhada um ponto por vez controlando-se a maior ou menor
intensidade do feixe incidente. Campos magnéticos gerados em bobinas colocadas em torno do
pescoço do tubo cuidam da deflexão tanto vertical quanto horizontal do feixe de elétrons,
determinando assim o ponto de incidência do feixe sobre a tela. Há dois circuitos, os circuitos
de deflexão vertical e horizontal, que produzem as correntes necessárias nas bobinas de forma
a fazer o feixe varrer toda a tela de forma periódica, iniciando no canto superior esquerdo e
terminando no canto inferior direito, uma linha por vez. Os campos magnéticos, conforme dito,
não são capazes de alterar a velocidade dos elétrons no feixe, mas são capazes de mudar a
direção de movimento dos mesmos.

Há no tubo diversos elementos, tanto elétricos como magnéticos, destinados ao foco do feixe Tubo de raios catódicos com
yoke encaixado ao pescoço. Vê-
sobre a tela fosforescente. Na figura vê-se também uma bobina destinada a esse fim. Essa
se na parte anterior do yoke três
encontra-se mais presente em televisores coloridos do que em televisores preto e branco dado
pequenos anéis magnéticos
ser o primeiro em verdade similar a três televisores preto e branco montados em um único
justapostos, instalados de forma
tubo. O tubo colorido encerra nesse caso três canhões de elétrons, e uma máscara perfurada a girar sobre o eixo do tubo.
(tela matizadora - o anodo) cuida de garantir que cada feixe produzido acerte apenas os pontos Estes são destinados ao ajuste
fosforescentes correspondentes a uma das cores primárias. A tela é recoberta nesse caso por fino de foco.
materiais fosforescentes de três cores diferentes ao invés do tradicional material fosforescente
branco presente tubos monocromáticos, sendo dispersos em um padrão simétrico de pontos
(ver figura).

As bobinas de deflexão nas televisão com tubo de raios catódicos são montadas sobre uma estrutura de material ferrimagnético.
O conjunto é usualmente denominado yoke.

Não é necessário citar que as bobinas encontram-se presentes em praticamente todos os circuitos eletrônicos de uma televisão.
Assim como no rádio, há nessa também ao menos um alto-falante.

Armazenamento de dados
Uma das aplicações de materiais com propriedades magnéticas de grande importância na
sociedade moderna encontra-se atrela ao armazenamento de dados, quer analógicos quer
digitais. Todos que possuem um computador e nele mantêm dados importantes arquivados
sabem o quão traumático pode ser a informação de que o disco rígido de sua máquina foi
danificado. Em tempos modernos o uso de cartões de crédito também não é estranho a
ninguém, e todos estão certamente cônscios da existência de trajas magnéticas no verso desses,
tarjas que carregam magneticamente arquivadas as informações importantes a respeito do
proprietário, de sua conta e do cartão em si. Até cartões de telefone hoje têm os créditos
armazenados em tarjas magnéticas.
Cartões magnéticos de crédito.
Os primeiros dispositivos de armazenamento magnético de As tarjas magnéticas situam-se
informação de amplo acesso foram as fitas, de acesso no verso. A leitura das
informações magneticamente
sequencial, muito populares há décadas atrás como meio para
gravadas é feita por
distribuição de músicas, quer na forma de rolos (tapes), quer
equipamentos próprios
na forma compacta em caixas de plástico (cassete). Enquanto
presentes em caixas eletrônicos
os tapes destinavam-se ao uso profissional, o cassete caiu ou similares.
rapidamente em domínio público.
Uma fita cassete em invólucro As fitas magnéticas eram em essência fitas de plástico flexível e resistente, sempre recobertas
transparente.O acesso aos com material ferromagnético adequado. Eram posteriormente protegidas com uma camada
dados é sequencial.
lubrificante, o que impedia a destruição da mídia magnética quando em atrito com a cabeça de
leitura/gravação.

A cabeça de leitura/gravação consistia de uma bobina montada em estrutura adequada capaz de gerar campos magnéticos
alternados com amplitude determinada pelo dado a ser gravado, campos que determinavam a magnetização do material
ferromagnético impregnado na fita à medida que essa se deslocava sobre a cabeça. A bobina também era capaz de sentir a
alternância e a amplitude da magnetização presente na fita à medida que essa se deslocava sobre a cabeça, permitindo assim a
recuperação da informação outrora gravada. Em equipamentos de melhor qualidade as cabeças de gravação e leitura eram
distintas, e havia uma cabeça exclusivamente destinada a apagar as informações na fita.

Sempre tendo por base o mesmo princípio de funcionamento, a fita cassete foi seguidas pela sua irmã gêmea de maior porte,
adequadamente redimensionada ao arquivamento não apenas de áudio mas também de imagens. Inicialmente também
disponíveis na forma de rolos (tapes), essas podem ser encontradas às centenas em locadoras de vídeo, ainda na atualidade, em
sua forma cassete tradicional. Os tradicionais gravadores videocassetes, embora hoje obsoletos em virtude do advento dos
DVDs, são ainda facilmente encontrados ao lado de muitas televisões.

Tradicionalmente armazenam-se dados analógicos em fitas cassete em virtude do acesso


sequencial inerente. Os tapes certamente foram empregados, contudo, em sistemas de
armazenamento de dados digitais nos primórdios da era digital. Os bancos de dados foram
durante longa data guardados em gravadores de rolo que permitiam, embora de forma lenta, o
acesso aleatório aos dados arquivados na fita. Marcações de posição eram arquivadas junto aos
dados, e os equipamentos tinham a capacidade de posicionar a fita em posição especificada, se
de forma rápida para a época, de forma muitíssimo lenta se comparado ao acesso aleatório
encontrado em dispositivos modernos, a exemplo nos discos rígidos. Nos primórdios da
informática em domínio público havia nos computadores pessoais uma saída destinada à
conexão de um gravador cassete comum - dispositivo normalmente utilizado para a reprodução
ou gravação de sons - que permitiam o arquivamento de dados digitais quer relativos aos
Disquete antigo de 8 polegadas,
programas quer relativos ao conteúdo gerado pelo usuário nas fitas cassete. O acesso era
80 quilobytes.
contudo sistemático, sequencial e lento.

Os tradicionais disquetes utilizados para armazenamento de dados digitais foram


desenvolvidos em virtude da ineficiência das fitas proverem acesso aleatório e rápido aos dados digitais. Inicialmente em
tamanho família e flexíveis, os disquetes rapidamente evoluíram de forma a terem seu tamanho reduzido e sua capacidade de
armazenamento de dados aumentada, sendo as últimas versões distribuídas em caixas de plástico resistentes e não flexíveis. Os
primeiros disquetes tinham dimensões da ordem de 8 polegadas e arquivavam meros 80 quilobytes, isso na década de 70. Na
década de 90 e na década do milênio seguinte os disquetes eram tradicionalmente encontrados com tamanho de 3 polegadas e
meia e capacidade de armazenamento de 1,44 megabytes.

O princípio dos disquetes levou rapidamente aos discos rígidos tradicionalmente encontrados nos computadores modernos. Os
últimos avanços na área devem-se à magnetorresistência gigante (GMR), tecnologia que permitiu a popularização de discos
capazes de armazenar alguns terabytes de dados. No prólogo do corrente artigo tem-se uma figura ilustrativa e a descrição do
princípio de funcionamento de um disco rígido.
Para finalizar, um olhar mais atento elucida que o magnetismo encontra-se presente não
apenas na mídia em si responsável pelo arquivamento dos dados como também nos
mecanismos necessário ao movimento da cabeça de leitura/gravação e da própria mídia
magnética (fita ou disco), em praticamente todos os esquipamentos de armazenamentos de
dados tradicionais. É por tal simplesmente essencial à área.

Ressonância magnetonuclear

A técnica de ressonância magnética nuclear, um técnica


espectroscópica, fundamenta-se no princípio já descrito de Uma unidade de
que um dipolo magnético , quando imerso em um campo leitura/gravação de disquete de
magnético , tem uma energia potencial armazenada igual a: 3 1/2 polegadas. Ao centro, em
preto, a cabeça de
. leitura/gravação. A cabeça tem a
liberdade de mover-se sobe a
A técnica fundamenta-se na absorção ressonante de energia mídia circular, que gira quando
eletromagnética - ondas de rádio na faixa de VHF no caso - em funcionamento, presente no
disquete a ser inserido. A
pelos momento magnético dos núcleos atômicos quando
estrutura é montada de forma a
Imagem de um joelho produzida imersos em um intenso campo externo aplicado. Explora-se
permitir acesso aleatório aos
através da técnica de no técnica a propriedade de quantização da componente z do
dados.
ressonância magnética nuclear. momento nuclear, no caso o momento magnético, o que em
termos leigos significa dizer que o momento nuclear, quando
imerso em um campo magnético, pode orientar-se apenas em direções distintas, usualmente
duas, "para cima" e "para baixo" (núcleo com spin 1/2). De forma mais clara, a quantização do momento nuclear implica que o
ângulo na expressão acima é assim restrito a apenas dois valores muito bem definidos, um agudo e um obtuso. Tais valores são
contudo diferentes de 0° e 180º, o que leva a precessão do momento angular (e magnético) em torno do eixo Z.

As quantizações do momento angular e de sua projeção no eixo Z definido pelo campo magnético aplicado, amplamente
explorados na mecânica quântica, não são exclusividades dos momentos nucleares, e encontram-se presentes em todos os
sistemas quânticos, inclusos os momentos angulares de spin e orbitais dos elétrons nas eletrosferas dos átomos.

A quantização do momento magnético nuclear, tradicionalmente sob enfoque na técnica


de ressonância o momento nuclear do elemento hidrogênio (do próton), implica que,
quando imerso em um campo magnético predeterminado, esse núcleo orientar-se
apenas em duas direções possíveis, ou a favor do campo, ou contra, situações
notoriamente distintas pela energia potencial atrelada à orientação do momento em
relação ao campo. Há em decorrência uma diferença de energia muito bem estabelecida
entre os dois estados de orientação possíveis.

Nas condições descritas acima, ondas eletromagnéticas com a frequência exata, e por tal
com a energia de seus fótons no valor exato da diferença de energias entre os dois
possíveis estados de orientação nuclear, serão de forma ressonante absorvidas pelos
Equipamento de ressonância magnética
núcleos do elemento, fazendo-os alternar as orientações de seus momentos nucleares
nuclear.
em relação ao campo. Uma varredura tridimensional que mensure a quantidade de
radiação absorvida ou emitida em cada localidade do espaço permite então determinar
as concentrações do citado elemento em diferentes partes do objeto em análise, o que traduz-se na identificação dos diferentes
tecidos no interior do corpo de um paciente sobre exame. Os detalhes do processo de tratamento dos sinais são bem mais
complicados do que a primeira impressão possa sugerir, mas ao fim tem-se como resultado uma imagem tridimensional do
interior do objeto em análise com excelente resolução.

O uso de tal técnica é impossível sem a presença de um intenso campo magnético . Na fotografia ao lado tem-se a imagem de
um equipamento de ressonância magnética nuclear típico. O enorme cilindro redondo visível na foto encerra um eletroímã de
proporções compatíveis responsável por produzir o intenso e uniforme campo magnético necessário à análise em seu interior. O
cilindro também encerra os emissores e sensores das ondas de rádio na faixa de VHF necessárias à produção da imagem. O
paciente é inserido no núcleo desse eletroímã. No início dessa seção tem-se uma imagem obtida através da técnica.

Ciclotrons e espectrômetros de massa


A capacidade que o magnetismo possui de colocar um feixe de partículas carregadas que se
move no vácuo em movimento curvilíneo foi amplamente explorada desde os primórdios da
compreensão sobre o assunto, sendo particularmente úteis não apenas em televisões como
também em equipamentos mais sofisticados como os cíclotrons, do qual o LHC - Large
Hardron Colider - na fronteira entre a França e a Suíça é certamente o maior exemplo, e os
espectrômetros de massa, aparelho utilizado entre outros na determinação da massa atômica
que figura em praticamente todas as tabelas periódicas de razoável precisão.

A ideia central em ambos os aparelhos é fazer com que a força magnética que atua sobre as
Uma seção do acelerador de partículas do feixe exerça o papel de força centrípeta, levando as partículas a um movimento
partículas do LHC, o maior e
circular. A força centrípeta em uma partícula de massa m que se move com uma velocidade
mais potente acelerador de
partículas do mundo. Com uma
de módulo v descrevendo uma trajetória circular de raio r é muito bem estabelecida pela física
extensão total de 27 clássica. Igualando-se a expressão citada à conhecida expressão para a força magnética sobre
quilômetros, encontra-se todo uma partícula de carga q que se mova à velocidade v em um campo magnético B tem-se:
instalado no subsolo, na
fronteira França-Suíça. Campos
magnéticos criados por fios
supercondutores de Ni-Ti
resfriados à nitrogênio líquido Levando-se em conta que o campo é feito perpendicular ao plano da trajetória circular nesse
garantem o movimento circular caso o valor do seno do ângulo que este forma com a velocidade é a unidade. Reescrevendo a
das partículas em aceleração. expressão acima a fim de determinar-se o raio da trajetória tem-se que:

As aplicações são imediatas. Em um espectrômetro de massa prepara-se inicialmente um gás


de íons do material a ser analisado utilizando-se para isso variadas técnicas, a exemplo
bombardeio por feixe de elétrons, termoemissão, bombardeio por laser e outras. O feixe de íons
é colocado em movimento com uma velocidade v, a exemplo por um campo elétrico, e é então
direcionado ao interior de um campo magnético uniforme perpendicular à sua velocidade. As
partículas iônicas, sobre a ação da força magnética, passam a descrever trajetórias curvas
circulares. Conduto, por serem diferentes, quer por constituição elementar quer por
constituição isotópica, os diferentes íons têm diferentes massas. Voltando-se a atenção para a
equação que define o raio da trajetória a ser descrita por elas vê-se que, dadas a mesma carga
(mono-ionização), o mesmo campo magnético e a mesma velocidade, partículas com massas Um calutron, em essência um
maiores descreverão trajetórias com raios maiores, e partículas com massas menores gigantesco espectrômetro de
descreverão trajetórias com raios menores. Ao final de um semicírculo o feixe inicial estará massa, utilizado para a
separação dos isótopos de
dividido em vários, cada um contendo partículas com determinada massa descrevendo
urânio durantes os esforços de
trajetória com um determinado raio distinto dos demais. As diferenças nos raios podem é então
guerra que culminaram com a
utilizadas para comparar as massas das diferentes partículas.
produção da arma nuclear que
arrasou a cidade de Hiroshima
Espectrômetros de massa de grandes proporções, chamados calutrons, que consumiam quando
em 1945.
em operação energia elétrica equivalente ao consumo de uma cidade de médio porte, foram
utilizados no Projeto Manhattan a fim de promover a separação entre os isótopos altamente
físsil (U235) e menos físsil (U238) do urânio durante a segunda guerra mundial. O projeto Manhattan levou à produção da
primeira bomba nuclear da história da humanidade. Considerável parte do urânio físsil presente na bomba que destruiu
Hiroshima foi separado nesses espectrômetros de massa.

Os cíclotrons são aparelhos construídos a fim de se produzir um feixe de partículas


carregadas com elevada energia cinética para o uso em experimentos na área da física
de partículas, essa também conhecida como física de altas energias. Aceleradores de
partículas lineares foram concebidos e montados, contudo suas enormes dimensões e
custos podem podem ser substancialmente reduzidos sem perda de rendimento
utilizando-se para tal campos magnéticos que coloquem as partículas em um
Síncrotron instalado no Laboratório movimento circular ao invés do movimento linear inicial. Um campo magnético intenso
Nacional de Luz Síncrotron, Campinas, faz o feixe entrar em movimento circular no interior de uma câmara cilíndrica circular,
Brasil. Trata-se do único acelerador de essa dividida em duas câmaras semicirculares com um espaçamento adequado entre
partículas instalado no hemisfério sul. elas; em configuração que faz lembrar uma letra D justaposta ao seu reflexo quando
vistos por cima. A cada uma das semi-câmaras atrela-se um eletrodo de uma fonte de
tensão alternada com frequência adequadamente sincronizada com o movimento do
feixe no interior das semi-câmaras. O feixe, injetado próximo ao centro com baixa energia cinética, percorre, dada a baixa
velocidade, uma trajetória semicircular de raio pequeno no interior da primeira semi-câmara, e ao entrar no espaçamento entre
as semi-câmaras, é acelerado pelo campo elétrico existente entre elas. O feixe entra na segunda semi-câmara com velocidade
maior, descrevendo agora trajetória com raio maior. O processo se repete no espaço entre as duas semi-câmaras e o feixe retorna
à primeira delas, agora com velocidade maior ainda. O processo é repetido até que o feixe, com elevada energia cinética
(velocidade) e já descrevendo a trajetória de maior raio possível no interior do cíclotron, é direcionado para fora do ciclotron,
geralmente em direção a um alvo e aos sensores que permitirão a análise dos resultados.

Os cíclotrons descritos foram os primeiros produzidos. Evoluções do mesmo levaram aos sincrocíclotrons e posteriormente aos
chamados síncrotrons. Nesse último, um campo magnético variável garante que as partículas movam-se em trajetórias sempre
com o mesmo raio mesmo diante do considerável aumento de velocidade experimentado. Os campos magnéticos variáveis são
também utilizados para produzir o campo elétrico que acelera as partículas segundo o princípio estabelecido pela Lei da Indução
de Faraday.

Comentários finais
Não se pode deixar de citar, ao fim de uma explanação sobre magnetismo, um de seus mais difundidos usos: os adesivos de
geladeira. Trata-se de uma aplicação muito prática e comum de "armazenamento de dados" úteis, por muitos também utilizada
como forma de arte.

Também é importante comentar que em locais sinalizados com o símbolo internacional de magnetismo
(figura ao lado) não se deve entrar com cartões de crédito, chaves, celulares, discos rígidos portáteis, ou
qualquer outro objeto metálico ou magnético, que funcione ou seja sensível ao magnetismo. Caso o faça, você
poderá ter surpresas muito desagradáveis ou mesmo perigosas à sua integridade física. A propósito, não faça
exames de ressonância magnética caso possua peças metálicas implantadas em seu corpo.

Notas
5. O teorema de Green é um caso particular do teorema de
1. Sabe-se contudo que todos os materiais respondem - Stokes quando a fronteira encontra-se confinada à
mesmo que de forma não diretamente perceptível - ao superfícies planas.
magnetismo. Para maiores detalhes, favor consultar
diamagnetismo e paramagnetismo. 6. David J. Griffiths dedica o primeiro capitulo de seu livro
Introduction to Eletrodynamics (vide referência)
2. É comum aos leigos no assunto a ideia de que ímãs
inteiramente à apresentação do ferramental matemático
atraem qualquer metal, sendo isto facilmente verificável em necessário ao estudo do assunto, inclusos os teoremas em
turmas de ensino fundamental ou médio ainda não questão, fazendo-no de forma simples, objetiva e direta.
apresentadas ao assunto. Contudo, isto não é verdade,
Trata-se de uma boa introdução ao assunto. Há ainda um
sendo a realidade justamente oposta: poucos são os apêndice um pouco mais aprofundado intitulado "Cálculo
metais ferromagnéticos. Tem-se por exemplos que os vetorial em coordenadas curvilíneas" (tradução). Livros
seguintes metais, muito comuns no dia a dia, não são
específicos de cálculo são contudo certamente indicados
magnéticos: alumínio, zinco, prata, ouro, cobre e outros. para maiores rigores de natureza matemática.
Alguns dos poucos metais ferromagnéticos são o Ferro, o
Cobalto e Níquel. 7. A lei de Ampère sempre é válida para o campo magnético
3. Contudo a interação entre estruturas que formam dipolos . Contudo, quando há materiais magnetizáveis
elétricos pode mostrar-se dependente da orientação envolvidos, não é possível de antemão saber-se as
espacial, ao exemplo da força dipolo permanente correntes induzidas neste material, de forma que não se
observada entre moléculas polares, como as da água. Há conhece ao todo as correntes que atravessam o circuito de
de se considerar também o caso de materiais ampère, o que inviabiliza o cálculo direto de . Contudo as
magnetizáveis sujeitos à histerese magnética como o ferro, correntes extrínsecas - presentes na bobina e demais
cobalto ou níquel, que, quando sujeitos à intensa interação condutores - são geralmente bem conhecidas, o que
magnética, exibem sempre atração (no caso permite o cálculo do campo que surgiria na ausência do
ferromagnético - um pedaço de ferro em presença de um núcleo material e que irá induzir a magnetização no
ímã de neodímio, a exemplo), sendo a orientação espacial material nele imerso. Trata-se da estimulação magnética
irrelevante neste caso. Contudo, quando imerso em
campos menores que os necessário para o pleno percurso . O campo é o campo magnético propriamente dito,
na curva de histerese - a exemplo o campo magnético da resultante das contribuições tanto das correntes
terra - a dependência espacial é ainda observada. extrínsecas quanto da magnetização do material.
4. Até a presente data, mesmo após exaustivos esforços,
nunca observou-se um monopolo magnético - uma carga
magnética - na natureza. O magnetismo mostra-se sempre
associado à presença de dipolos magnéticos, sendo esta a
principal diferença entre os fenômenos magnéticos e
elétricos. A presença de monopolos elétricos, contudo, é
bem-estabelecida.
8. Os termos B e H são acompanhados de uma "confusão" 10. O letra usual para representar-se indutância é a letra L,
em suas nomenclaturas, e para posicionar-se sobre a sendo também muito comum na literatura o uso da letra M.
situação se deve primeiro perceber que ambos os campos Contudo, como estas já haviam sido destinada a outras
e encontram-se relacionados à mesma grandeza grandezas, a saber o comprimento L e a magnetização M
física - o campo magnético - diferindo estes apenas em neste artigo, optou-se por usar a designação Ind. para para
relação às fontes magnéticas (correntes) que lhes dão a grandeza indutância. O leitor deve ficar, contudo, atento
origem quanto ao fato destas serem previamente ao consultar a literatura, para não fazer confusão quanto
conhecidas ou não. Não se justifica pois o uso de aos significados dos símbolos.
quaisquer nomenclaturas que tente caracterizá-los como 11. É sabido que os domínios magnéticos podem não apenas
grandezas diferentes, mesmo sendo estes geralmente se realinhar como também podem crescer sobre a
medidos em unidades distintas ( é medido em Tesla influência do campo excitante. Maiores detalhes, consulte
em ampère por metro.). Tal diferença de unidades é Física - Alberto Gaspar ou Física Quântica - Eisberg e
justificável visto que entre estes campos há normalmente Resnick.
uma constante de proporcionalidade - a permeabilidade 12. O vetor mostra-se paralelo ao vetor diferencial de área
magnética - constante esta que também possui unidade
que orienta cada ponto da superfície, contudo
(newton por ampère quadrado). Em materiais homogêneos possuindo módulo unitário (1), e não módulo . Em
e lineares: , e por tal a unidade do campo deve
corresponder à unidade do campo dividida pela unidade termos matemáticos,
da permeabilidade magnética.
9. Segundo David Griffiths, p. 271,[22] "Em um laboratório
você vai ouvir frequentemente as pessoas falando sobre o 13. A equivalência do campo auxiliar ou excitante a
H, (mais do que o B em si)... A razão é esta: para construir um campo magnético típico se dá com precisão na
um eletroímã você circula uma certa corrente em uma ausência de magnetização (no vácuo), contudo deve ser
bobina. A corrente é a grandeza mensurável no feita de forma cautelosa no interior da matéria, podendo
instrumento e ela determina H (ou sua integral de linha). B em certos casos induzir a erros ingênuos. Maiores
depende especificamente dos materiais sendo utilizados, e detalhes, vide próxima subseção.
no caso do ferro, até mesmo da história do seu magneto.
Vários autores chamam H, não B, de "campo magnético".
Então eles têm que inventar um novo nome para B: a
"densidade de fluxo magnético", ou "indução magnética"
(uma escolha absurda, uma vez que este termo tem pelo
menos dois outros significados em eletrodinâmica). De
qualquer modo, B é inquestionavelmente a quantidade
fundamental e assim continuaremos a chamá-la de campo
magnético, como todos o fazem na linguagem falada. H
não tem nome específico: simplesmente chame-o H."

Ver também
Ímã
Eletricidade
Eletromagnetismo
Indução magnética
Eletroímã
Magnetita

Referências
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2. Luz, Antônio Máximo Ribeiro da; Álvares, Beatriz
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Alvarenga - FÍSICA Ensino Médio, Volume 3 - Editora 1ª Edição - 2000 - ISBN 85-262-3018-2
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publicado na wikipedia lusófona às 13h38min de 4 de abril
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eletromagnéticas. Cargas que movem-se segundo as Editora Campus - 1979 - ISBN 85-7001-309-4
geodésicas pertinentes não irradiam. Nestes termos tem- 24. Jackson, John David - Classical Electrodynamics - Third
se que uma carga em queda livre, embora acelerada para Edition - John Wiley & Sons, Inc - Berkeley - California -
um referencial fixo ao solo, não irradia ondas 1999 - ISBN 0-0471-30932-X
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O mesmo se passa para uma carga elétrica em um satélite
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questão", subseções "física", "outros assuntos". Procure GWuIC4Cg&ved=0CDMQ6AEwAA#v=onepage&q=magneti
pela questão 5. Sítio eletrôncio: zation%20%22by%20an%20external%20magnetic%20fiel
http://www.seara.ufc.br/questoes/fisica/qoutros.htm d%22%20%22past%20states%20of%20the%20material%2
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Ligações externas
Magnetismo e magnetização - Astronoo (http://www.astronoo.com/pt/artigos/magnetismo-e-momento-magnetico.html)

Bibliografia
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José Roberto Castilho Piqueira e Luís Ricardo Arruda de Andrade, Física 2 - Eletricidade Básica/Eletromagnetismo, Gráfica
e Editora Angloaa Ltda, São Paulo, 2002.
Ference Jr., M., Eletromagnetismo, Editora Blücher Ltda, CE Stevaux.

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