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Tema: Filhos
Introdução: - características idênticas entre pai e filho
Já falamos de quem sou eu? A nossa identidade , nosso registo
Como filhos temos deveres e responsabilidades como também previlegios
Nós não podemos pensar somente no presente, dizendo: “O meu filho obedece-me e respeita-me porque
eu sou firme e rígida com ele…”. Não! Este filho vai crescer ao ponto de não conseguir “domá-lo” mais,
e a única forma de ele a respeitar hoje, e continuar a respeitá-la para sempre, estando você presente ou
não, será pelo “Temor a Deus”. Sim, o seu filho deve temer a Deus e não ter medo de si.
“Honra a teu pai e a tua mãe, como o Senhor, teu Deus, te ordenou, para que se prolonguem os teus dias e
para que te vá bem na terra que te dá o Senhor, teu Deus.” (Dt. 5:16)
O mandamento geral de “temer ao Senhor” inclui uma variedade de aspectos do relacionamento entre o
crente e Deus.
(1) É fundamental, no temor a Deus, reconhecer a sua santidade, justiça e retidão como complemento do
seu amor e misericórdia, i.e., conhecê-lo e compreender plenamente quem Ele é (cf. Pv 2.5). Esse temor
baseia-se no reconhecimento que Deus é um Deus santo, cuja natureza inerente o leva a condenar o
pecado.
(2) Temer ao Senhor é considerá-lo com santo temor e reverência e honrá-lo como Deus, por causa da sua
excelsa glória, santidade, majestade e poder (ver Fp 2.12). Quando, por exemplo, os israelitas no monte
Sinai viram Deus manifestar-se através de “trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e
um sonido de buzina mui forte” o povo inteiro “estremeceu” (Êx 19.16) e implorou a Moisés que este
falasse, ao invés de Deus (Êx 20.18,19; Dt 5.22-27). Além disso, o salmista, na sua reflexão a respeito do
Criador, declara explicitamente: “Tema toda a terra ao SENHOR; temam-no todos os moradores do
mundo. Porque falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu” (Sl 33.8,9).
(3) O verdadeiro temor de Deus leva o crente a crer e confiar exclusivamente nEle para a salvação. Por
exemplo: depois que os israelitas atravessaram o mar Vermelho como em terra seca e viram a extrema
destruição do exército egípcio, “temeu o povo ao SENHOR e creu no SENHOR” (ver Êx 14.31).
Semelhantemente, o salmista conclama a todos os que temem ao Senhor:
“confiai no SENHOR; ele é vosso auxílio e vosso escudo” (Sl 115.11). Noutras palavras, o temor ao
Senhor produz no povo de Deus esperança e confiança nEle. Não é de admirar, pois, que tais pessoas se
salvem (Sl 85.9) e desfrutem do amor perdoador de Deus, e da sua misericórdia (Lc 1.50; cf. Sl 103.11;
130.4).
(4) Finalmente, temer a Deus significa reconhecer que Ele é um Deus que se ira contra o pecado e que
tem poder para castigar a quem transgride suas justas leis, tanto no tempo como na eternidade (cf. Sl
76.7,8).
Quando Adão e Eva pecaram no jardim do Éden, tiveram medo e procuraram esconder-se da presença de
Deus (Gn 3.8-10). Moisés experimentou esse aspecto do temor de Deus quando passou quarenta dias e
quarenta noites em oração, intercedendo pelos israelitas transgressores: “temi por causa da ira e do furor
com que o SENHOR tanto estava irado contra vós, para vos destruir” (9.19).
O filho obedece ao pai (sujeição)
Observemos uma profecia a respeito do trono de David: “A tua casa, porém, e o teu
reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre”
(2 Sm 7:16). Então, a profecia a respeito do herdeiro eterno: “Porque um menino nos
nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome
será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Do aumento do
seu governo e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o
estabelecer e o fortificar em rectidão e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do
Senhor dos exércitos fará isso” (Is 9:6,7). O trono do Pai é o trono do Filho conforme
está escrito: “Mas do Filho diz: O teu trono, ó Deus, subsiste pelos séculos dos séculos,
e cetro de equidade é o cetro do teu reino” (Hb 1:8).
O Filho veio ao mundo para formar o seu reino sob autoridade delegada pelo Pai, como
está escrito: “Porque Deus enviou o seu filho ao mundo, não para que julgasse o mundo,
mas para que o mundo fosse salvo por ele” (Jo 3:17). O Pai enviou o Filho, e este
sujeitou-se à Sua vontade porque era também o Seu propósito. O Filho veio e amou-nos
até à morte na cruz para propiciar os nossos pecados e podermos participar no seu reino:
“Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou
a nós e enviou seu filho como propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 4:10).
O Filho deu sempre exemplo de sujeição ao Pai, até nas coisas menores: Na ocasião do
seu baptismo, disse o Senhor a João: “Consente agora; porque assim nos convém
cumprir toda a justiça. Então ele consentiu” (Mt 3:15). Após o acto consumado “eis que
uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mt 3:17).
Na ocasião do encontro com a Samaritana chegaram os discípulos com alimentos e
convidaram-no a comer. “Disse-lhes Jesus: A minha comida é fazer a vontade daquele
que me enviou e completar a sua obra” (Jo 4:34).
Em toda a Escritura, há revelações sobre a pessoa de Deus. Ele se mostra como o Senhor (Ez 20:19), o
amigo (Jo 15:14), o rei (Sl 10:16), o médico (Mt 9:12), entre tantas outras formas. Porém, nenhuma é tão
sublime e de tão grande alcance como a sua revelação como pai.
Deus é o pai paciente, que não perde as estribeiras com nenhum dos seus filhos. Deus também é o pai
justo, que disciplina quando necessário. E a sua disciplina não está dissociada do seu afeto, já que a Bíblia
diz que Deus disciplina os filhos que ama (Hb 12:7-8) e o pai que não disciplina, na verdade, não está
dando nenhuma prova de amor ao filho (Pv 13:24).
Deus tem toda autoridade, mas não é um pai autoritário. Ele tem todo poder, mas não usa desse atributo
para infringir o direito de escolha dos seus filhos. Deus Pai conhece os corações, mas não usa de sua
onisciência para manipular. Ele é um Pai cheio de amor, que ama incondicionalmente, sem pedir ou
cobrar nada em troca.
A parábola do filho pródigo exemplifica bem isso (Lc 15:11-32). O filho rebelde pediu sua parte na
herança, gastou-a, arrependeu-se e voltou. O versículo 20 diz que o filho ainda estava longe quando o pai
o viu e correu ao seu encontro. O filho não foi rejeitado, mas perdoado. Não foi humilhado, mas sim
abraçado. Não foi punido, mas recebeu do pai amor, vestes e calçados novos, um anel e uma festa de
acolhida.
Deus se revela como pai e espera que os pais dependam dEle para exercer de forma excelente sua
paternidade, como fez Manoá, pai de Sansão. Sem saber o que fazer após receber a notícia de que sua
mulher estéril ficaria grávida, Manoá orou ao Senhor, pedindo instrução de como cuidaria do filho que
iria nascer (Jz 13).
O apóstolo Paulo, em sua carta aos efésios, também dá instruções de como o exemplo de Deus deve ser
seguido pelos pais. “Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do
Senhor” (Ef 6:4).
No entanto, muitas crianças não têm a oportunidade de conhecer a paternidade concebida por Deus, por
não terem bons referenciais paternos dentro de casa. “Muitas crianças têm pai, mas pais ausentes, ou que
não são bons referenciais. As crianças esperam ver no pai aquela figura que sai para trabalhar e volta com
o pão. Só que muitas nem sabem no que o pai trabalha”, disse a assistente social Josemaira Coutinho, que
atua num projeto social com 102 crianças, em Flexal 2, Cariacica.
É muito difícil falar e cobrar responsabilidade das pessoas nos dias atuais. E o
que é mais triste é que isto tem entrado na igreja e muitos cristãos pensam não
ter responsabilidade, passam esta parte para seus pastores e líderes, esquecendo
que cada um prestará conta diante do tribunal de Cristo, individualmente.
O maior exemplo Jesus nos deixou com a parábola dos dez talentos, na qual o senhor
daqueles servos ao retornar cobrou de cada um o que lhes havia confiado. Talento quer
dizer ministério, responsabilidade e todos nós o temos. Quando o Senhor for nos cobrar
dirá: “Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei;
entra no gozo do teu senhor”; ou “servo mal e negligente […] E lançai o servo inútil
nas trevas exteriores…” (Mt 25.26,30.) Creio que você tem se esforçado e preparado
para apresentar o melhor lucro para o Senhor de tudo quanto Ele lhe responsabilizou.
O que é responsabilidade? Dever; obrigação. Quem se responsabiliza com algo, se
compromete.
É obrigação geral de responder pelas conseqüências dos próprios atos ou pelos de outrem.
Responsabilidade é obrigação, não é algo que faço ou deixo de fazer se quiser, independe da
minha vontade.
O líder responde pelos atos dos seus liderados e os dele próprio, os liderados respondem pelos
seus, ou seja, ninguém fica impune diante de um ato não praticado ou mal praticado.
A palavra de Deus afirma que todos deverão prestar contas no tribunal de Cristo dos atos
praticados ou não. A omissão também é irresponsabilidade. Muitas pessoas pensam que por
não estar fazendo algo está tudo bem, mas pode estar se omitindo de alguma
responsabilidade e isto lhe será cobrado também.
1. Obedecendo ao seu líder – Hb 13.17. O princípio básico para todo cristão poder ter
uma vida de compromisso com Deus é a obediência ao seu pastor ou líder.
2. Não deixando de congregar – Hb 10.25; Sl 27.4; 84.10. Davi afirmou diversas vezes à
importância de estar na Casa do Senhor, é o lugar onde se podia contemplar a beleza do
Senhor e aprender. A Igreja quando congregada pode viver a comunhão que surgiu no início
pelos apóstolos – At 2.42-47. Koinonia: compartilhamento, uniformidade, associação próxima,
parceria, participação, fraternidade. Koinonia é uma uniformidade realizada pelo Espírito
Santo. Koinonia une os crentes ao Senhor Jesus e uns aos outros. Não existe por sermos
“bonzinhos”. Manifestamos nosso amor ao próximo através de Cristo, quando nos reunimos
no Seu nome e participamos na comunhão com os irmãos.
3. Permanecendo fiel aos ensinamentos doutrinários – Ex 15.26. O Senhor dá uma ordem
para Moisés e promete saúde ao povo se obedecessem aos ensinamentos. Muitas pessoas
estão doentes hoje por serem desobedientes ao Senhor, mas, nesse mesmo texto Ele afirma
que é o “Jeová Raphá” – Yahweh Raphá. Já no Novo Testamento Jesus adverte que precisamos
ouvir os ensinamentos dele e guardá-los, ou seja, não apenas ouvir, mas obedecer. Não
adianta chamarmos e reconhecermos Jesus como Senhor se não fizermos o que Ele diz – Lc 6-
46-49. Se não guardarmos os seus mandamentos é porque não somos dele – Jo 8.47.
5. Amando-vos uns aos outros – 1Jo 4.7-21. Só podemos afirmar que temos uma
responsabilidade de amor para com Deus se amarmos nossos irmãos e, especialmente, os
nossos inimigos. Jesus nos ensinou a amar nossos inimigos e a orar por eles; não amaldiçoar os
que nos perseguem. O princípio de uma vida de vitória se chama amor e perdão. A
responsabilidade com a Igreja depende de vivermos em amor – sem ele não existe Koinonia,
motivação para congregar, não se pode obedecer aos líderes, é impossível guardar os
mandamentos e ter um bom testemunho. Como está o seu relacionamento com seu irmão,
você o ama ou apenas o suporta?
E se você não chegar a esta conclusão errada de que você deve empenhar seus próprios
esforços para satisfazer a Deus, outros cristãos, infelizmente, serão muito eficazes em fazer
você se sentir culpado e pressionado a obedecer melhor a Deus.
Este artigo (espero) lhe dará entendimento bíblico sobre como viver a vida cristã sem que você
comece a sentir o peso das falsas expectativas de satisfazer a Deus. Você verá como Deus o
ama profundamente e como ele quer que você se relacione com ele.
A história da filiação
Princípios
Como é óbvio, o primeiro filho, Adão, foi desobediente ao seu Pai. A imagem de Deus não foi
perdida, mas ela agora vem com a herança maldita do nosso pai terreno, uma natureza
corrompida e arruinada pelo pecado. Desse ponto em diante, a inclusão na família de Deus
não é mais por nascimento, mas por adoção.
Um novo começo?
Em Gênesis 12, Abrão, o filho de um idólatra, é adotado por Deus a fim de tornar-se o pai de
uma nova nação. Ele recebe um novo nome: Abraão. Ele recebe a promessa de um filho e,
mais do que isso, de uma herança para aquele filho.
De novo e de novo, essa promessa é posta em xeque: pela esterilidade, pela traição, pela
fome, pela própria morte. Quando Deus chama Abraão a sacrificar o seu filho como oferta
queimada (Gênesis 22.2), parece que a promessa e a história do filho estão acabadas, porque o
filho ainda é o filho de Adão que merece morrer.
Mas Deus não acabou. Ele resgata o filho de Abraão, o filho de Isaque e os filhos de Jacó, até
que o filho se torna a nação de Israel inteira.
Em Êxodo 4, Deus diz a Moisés que diga a Faraó: “Deixe o meu filho ir para prestar-me culto”
(v. 23, NVI). Deus então resgata o seu filho corporativo, Israel, do rei-serpente e conduz o seu
filho à sua herança, a terra prometida, um segundo Jardim do Éden.
Deus também suscita um rei, um homem segundo o seu coração, chamado Davi, e lhe
promete que um filho dele governará sobre um reino que não terá fim. O filho de Davi será o
filho de Deus, que representará tanto Deus como o seu povo. Ele reinará em justiça e fará a
obra que o Pai lhe confiar, resgatando o seu povo das mãos de seus inimigos.
Mas nem o filho corporativo nem os filhos de Davi são fiéis. Eles continuam em sua rebelião.
Ao final do Antigo Testamento, o trono de Davi está vazio.
Então veio o verdadeiro Filho de Deus. Jesus é o Filho Divino encarnado, o verdadeiro Rei, o
Messias que veio para fazer a obra que o Pai lhe confiara (João 4.34, 5.19, 6.38). Ele afirmou
representar Deus: se você o visse, teria visto o Pai (João 1.49). Jesus é a verdadeira imago Dei,
o segundo Adão, o verdadeiro Israel. Enfim, tal Pai, tal Filho.
Uma vez adotados, eles são conformados à imagem do Filho a quem Deus ama. Esse processo
não terminará até o dia em que o virmos, quando enfim seremos como ele é. “Vede que
grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus” (1 João
3.1). E, quando enfim formos como ele é, reinarmos com ele como filhos e filhas de Deus
(2 Timóteo 2.2; Apocalipse 20.4, 6).
Como esse enredo de filiação impacta o modo como nós usamos essa identidade bíblica em
nosso discipulado e aconselhamento? Quero enfatizar quatro coisas.
Primeiro, o Pai ama os filhos porque o Pai ama o Filho. O amor de Deus por nós como filhos
não começa conosco. Começa com o seu amor pelo Filho Jesus Cristo. Por quê? Porque o Filho
sempre foi e sempre será obediente ao Pai (João 10.17). E é esse amor que transborda em
amor por nós, os filhos que estão unidos a Cristo pela fé.
Cristão, você é amado, não porque você é amável ou obediente, mas porque Cristo é amável e
obediente e você está em Cristo. Você foi adotado.
Segundo, o papel de um filho é dar glória ao seu Pai ao representá-lo perante o mundo. Jesus
fez essa afirmação acerca de sua própria vida repetidamente. João 5.19: o Filho somente pode
fazer “aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também
semelhantemente o faz”. E tudo isso é para trazer glória ao Pai. Como Jesus orou, “Eu te
glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer” (João 17.4).
Mas o que é verdade acerca de Cristo também é verdade acerca dos filhos que estão em
Cristo. Mateus 5.9: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de
Deus”. Mateus 5.44-45: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que
vos torneis filhos do vosso Pai celeste”. Efésios 5.1: “Sede, pois, imitadores de Deus, como
filhos amados”. Herdeiros de Deus devem portar o nome do Pai e fazer avançar a reputação do
Pai. Esse é um elevado chamado e privilégio.
3. O privilégio do Filho é uma herança segura
Terceiro, o privilégio do Filho é uma herança segura. Jesus afirma isto: “O escravo não fica
sempre na casa; o filho, sim, para sempre” (João 8.35). Paulo assimila a mesma idéia: “E,
porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba,
Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus”
(Gálatas 4.6). Muito mais do que uma experiência emocional e psicológica de amor, este
versículo nos promete uma herança e um lugar permanente na família. Essa herança é certa e
segura.
Que é essa herança? A principal imagem no Antigo Testamento é de uma terra. Na era
presente, nós não recebemos uma terra, mas o Espírito. E, incrivelmente, o Espírito é apenas
um penhor. A nossa plena herança ainda nos aguarda, pois a nossa plena herança é o próprio
Deus Trino em uma nova criação perfeitamente planejada para o nosso florescimento e a sua
glória.
Quarto, a meta do Filho é a obediência. Essa deveria ter sido a meta de Adão, de Israel e de
Davi. Mas foi, sem dúvida, a meta de Jesus. Ele foi obediente ao Pai até o fim. Não foi uma
obediência relutante, desejando que houvesse outro caminho. Não foi uma obediência
mesquinha, na esperança de que talvez o Pai lhe amasse por obedecer. Não foi uma
obediência orgulhosa, do tipo “Ei, olhe para mim!”. Foi uma obediência voluntária – “eu
espontaneamente a dou” (João 10.18). Foi uma obediência confiante – “porque me amaste
antes da fundação do mundo” (João 17.24). Foi uma obediência humilde – Jesus não se
envergonha de nos chamar irmãos (Hebreus 2.11). E essa obediência foi a sua alegria.
Eu poderia chegar ao ponto de dizer que o tema dominante vinculado à filiação no Antigo
Testamento e no Novo não é intimidade, acesso, afeição, nem mesmo segurança. É
obediência.
Tudo se encaixa em Romanos 8. Deus nos predestinou para sermos conformes à semelhança, à
imagem do seu Filho, a fim de que ele fosse o primogênito entre muitos irmãos (Romanos
8.29). E, portanto, Paulo diz, “Portanto, irmãos, estamos em dívida, não para com a carne, para
vivermos sujeitos a ela. Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo
Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo
Espírito de Deus são filhos de Deus” (Romanos 8.12-14, NVI). A meta dos filhos é a obediência.
A próxima coisa que Paulo diz é que pelo Espírito nós clamamos “Aba, Pai” (Romanos 8.15). E
assim o círculo se fecha. Intimidade e obediência andam lado a lado na história do Filho.
Uma nova história
Nós vivemos numa era terapêutica, uma era de relacionamentos quebrados e famílias
fraturadas, em que pais são tolos, bufões, capatazes, ou apenas completamente ausentes. Os
filhos criam a si mesmos até a fase adulta por meio de imagens da internet e da TV.
Francamente, com as filhas é ainda pior. Então, não deveria nos surpreender que, na
linguagem bíblica de filhos e filhas, nós encontramos um poderoso antídoto para um veneno
mortal.
Mas, de fato, em nossa identidade como filhos e filhas de Deus nós recebemos algo muito mais
poderoso do que um antídoto para os fracassos de nosso tempo. Recebemos uma identidade
que nos chama além de nós mesmos e de nossas necessidades emocionais para o enredo da
glória de Deus.
Um dia, a nossa esperança será recompensada; a nossa obra terá um fim. “A ardente
expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus” (Romanos 8.19). E essa
expectativa não será frustrada. Naquele dia, uma nova história começará: a história da gloriosa
liberdade dos filhos e filhas de Deus.