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FREHSE, Fraya. Os Informantes Que Jornais e Fotografias Revelam PDF
FREHSE, Fraya. Os Informantes Que Jornais e Fotografias Revelam PDF
Nota: Fraya Frehse é professora de antropologia da Escola de Sociologia e Política de São Paulo e
pesquisadora do Núcleo de Anlropologia Urbana da USP.
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ca sobre esse mesmo objeto? E o que ocorre no meu caso. Na pesquisa que subsi-
dia estas ponderações, o que me interessava, entre outras coisas, era compreen
der as peculiaridades socioculturais das regras de conduta que podem ter media
do os comportamentos corporais e as interações de representantes das camadas
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Os illfomlalltes que jomais e fotografias
médias nascentes com terceiros quaisquer nas ruas da cidade de São Paulo antes
da chegada da ferrovia na cidade, entre 1865 e 1867. Em meio à prosperidade das
exportações cafeeiras, lado a lado com a decadência da escravidão, São Paulo foi
incorporada à lógica econõmica e social do capitalismo internacional moderno.
Isso acarretou, entre outras coisas, que fossem se difundindo com intensidade
cada vez maior na cidade profissões ligadas à consolidação histórica das camadas
médias, o que implicou a presença, nas ruas, de tipos humanos até entao pratica
mente inexistentes ali. Ganha sentido questionar: quais os padrões de civilidade
desses tipos humanos nesse espaço? A novidade histórica que eles representam
acarretaria novidades análogas quanto à maneira de movimentar-se fisicamente
e de interagir com terceiros, nas ruas?
No ãmbito dessas preocupações teóricas, tive de sair em busca de docu
mentação de época referente aos meus objetivos de pesquisa: em relação ao con
texto sócio-histórico em questão, especificamente textos e fotografias que, pro
duzidos entre os anos 1850 e'1 860, tematizassem a movimentação humana de
membros das então incipientes camadas médias nas ruas da cidade. Para fins
metodológicos, concentrei-me em fontes de época referentes particularmente às
vias centrais paulistanas, tendo em mente, com base em fontes secundárias, que,
no momento em questao, - este era o penmetro que congregava as maiS Importan-
" . .
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ria mais geral das relações sociais". E a existência desse plano epistemológico
que favorece, em relação às mais diversas temáticas investigativas, a constituição
de campos no sentido antropológico do termo, espaços sociais no interior dos
. quais.o diálogo "para valer" pode se dar e os dados etnográficos podem ser levan
tados. Todavia, no caso dos arquivos, são campos específicos.
A principal dimensão da noção de campo predominante na tradição an
tropológica consagrada por Malinowski é justamente a ênfase no contato direto
do antropólogo com os sujeitos que ele estuda. O "contato o mais íntimo possível
com os nativos" preconizado por esse autor tornou-se um lema do trabalho de
campo. Realmente, não se pode (jbliterar que, quando o arquivo é o campo da
pesquisa, o antropólogo é levado a uma dinãmica de levantamento de dados bem
diferente. E isso não somente pelo fato de ser impossível para o antropólogo o
contato físico com os sujeitos que lhe interessa compreender, mas também por
que o seu contato com a documentação, via indireta de acesso aos seus "nativos",
está sujeito a não poucas interferências externas ao trabalho de campo propria
mente dito.
A permanência nos arquivos é possível apenas em horários específicos,
predeterminados pelas respectivas instituições. Ou seja: existe uma rotina insti
tucional, sujeita a vicissitudes como greves, por exemplo, que acabam interferin
do no "convívio" do pesquisador com a documentação. Ademais, há a interfe
rência da técnica, no caso de se depender de máquinas de microfilmagem, por
exemplo, para ler jornais; ou de lupas para apreender detalhes contidos em foto
grafias de época. Enfim, certamente o mais determinante: se o campo conven
cional do trabalho antropológico é inevitavelmente marcado pela presença de
intermediários - para a insatisfação de Malinowski, que sugeria que o antropólo
go deveria tentar se afastar o máximo possível dos "homens brancos" -, no arqui
vo o campo que o antropólogo tem à sua frente para investigação é, de fato, resul
tante da in{!uência de intermediários vários. Quando Celso Castro, no seminário,
chamou a atenção para a importância de se "desnaturalizar" a existência do ar
quivo, reconhecendo-o como aquilo que sobrou frente a opções específicas dos
sujeitos que o constituíram e organizaram (Castro, 2004), deixou entrever a ne
cessidade de se levar em conta a interferência de diferentes intermediários - dos
proprietários primeiros do material aos arquivistas, passando pelos próprios
pesquisadores - sobre a documentação com a qual o antropólogo terá contato, ao
acessar determinado arquivo. Merece destaque também, nesse contexto, a me
diação dos próprios arquivistas, que controlam o acesso físico às fontes e a "per
manência" com a documentação. Fica claro então o caráter eminentemente
construído dos arquivos. E mais: o poder social que lhes subjaz, se recordamos,
com o historiador J acques Le Goff ([ 1988] 1992: 10), que o documento é expres
são do "poder da sociedade sobre a memória e o futuro".
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COlIstmilldo illfo1111al1tes
dos do século XIX. E saber como conformar, no interior desse campo, a partir do
cruzamento documental, um campo imaginário de ruas marcadas por regras de
civilidade "transmitidas" ao anrropólogo por informantes que lhe cabe primei
ramente definir como tais .
•
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rais, às suas interações. E nesse momento que a diferença entre os gêneros docu-
mentais -jornais e fotografias, textos e imagens - deixa de ser apenas tipológica,
a fim de aludir a diferenças entre os informantes, no campo imaginário que
constitui a documentação. São diferenças que carregam indícios da
complexidade antropológica implícita à novidade histórica que a civilidade das
camadas médias representa nas ruas da cidade da época.
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Os informantes que jOrl/ais e fotografias rel'c/am
- e no Brasil lOdo, na verdade, até o último quartel do século (Martins, 2001: 69)
-, a imprensa paulistana era marcada por publicações episódicas, no máximo
bissemanais, que começaram a ser lançadas após a Independência (Freitas, 1914:
342ss). Eram jornais de fôlego CUIIO que em seus editoriais, crônicas, cartas de
leilOres e na inconstante seção de notícias locais se voltavam, em sua imensa
maioria, para assuntos político-partidários - politicamente partidários que eram
os seus redalOres'e proprietários. Ou, quando muito, eram folhas de divulgação
literária - corrente que se nutria fortemente da presença dos estudantes da re
cém-criada Academia de DireilO na cidade (Morse, [ 1954]1970: 132-134). A lei
tura que, em janeiro de 2004, fiz dos exemplares de alguns dos jornais paulista
nos mais antigos atualmente disponíveis à pesquisa pública no Arquivo do Esta
do (O Farol Paulistano, 1828-1832; Correio Paulistano, 1832; O Novo Farol Paulis
tano, 1834; Aurora PalllistG/w. Folha Politica, Industrial e Licceraria, 1852-1853; O
COllSticllcional, 1853-1854) ateslOu a importância, nessas folhas, de temas explici
tamente referidos à dinâmica legislativa e executiva dos partidos políticos na
monarquia brasileira.
Tendo desaparecido alguns anos depois de sua criação, em 1832, o Cor
reio Paulisrano VOllOU a público como jornal diário (com exceção dos domingos),
em 26 de junho de 1854. Nesse novo contexlO, os edilOriais continuavam ativa
mente envolvidos em querelas políticas. Já as crônicas e notícias, nem sempre, o
que é revelador. Ao ler o Correio de 1854, me surpreendi com o falO de que nas se
ções de "Communicados" e de "FaclOs Diversos" (posteriormente "Noticias e
FaclOs Diversos") daquele ano se insinuam, no início com uma freqüência tími
da porém depois mais ostensiva, respectivamente, crônicas e notícias cujos aulO
res abordam de forma mais ou menos direta a aparência física e social das ruas da
cidade, em especial as centrais. Subjacentes a esses texlOS obviamente há emba
tes políticos, mas agora é a rua paulistana que se transforma em pretexlO para es-
•
ses mesmos embates. E ela o cenário quando o jornal expõe reclamações de ter-
ceiros sobre a infra-estrutura (calçamento, limpeza, iluminação)2 e sobre perso
nagens presentes nas ruas, fazendo indiretamente as vezes daquilo que são as
cartas de leitores dos jornais da atualidade;3 quando se trata de tematizar as pri
sões efetuadas pela "patrulha";4 quando o assunto são acidentes ou conflitos en
tre indivíduos na área central.5 Enfim, a rua é palco para a descrição de celebra
ções públicas, como a partida e a chegada do então presidente da província,6 e
festividades dos calendários católico e cívico do Império.7
O Correio deixa assim claro, em sua segunda versão, que existe o interes
se de determinados grupos em IOrnar a rua um objelO político. Cronistas e noti
ciaristas são seus porta-vozes. E isso embora, nos jornais aqui em questão, os cro
nistas que tratam da rua ainda não sejam realmente cronistas. Restringem-se a
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eswdos Iristóricos - 2005 - 36
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Os ill!ormalttcs lfue jornais e !orngrafirl.� rel/elam
centrais paulistanas) E nec essá rio levar em conta que a natureza da fotografia lhe
garan te uma inevitável Uteatralidade", um "efeito in tensificador" da experiência
histórica sem pre fra gm en tár ia retida na imagem. De fato, s(io intensificados
dentro da moldura arranjos espaciais c narrativos (Edwards, 2002: 19). Essa in-
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A/btwl C(}lIIparar;tl{) ti" Cidade de Sôo Paulo 1862·18871Arquim do Estadn de São Paulo.
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Os illfonnalltes que jornais efotografias revelam
A luz dessas consideraçoes, há como desvendar uma certa lógica dos en-
foques em primeiro plano nas imagens de Militão. Se estão em destaque indiví
duos que, pelos trajes e pelo fenótipo que se consegue ctiscernir nas fotografias já
amareladas (figuras 2, 3 e 4), sugerem não confundir-se com escravos, sempre
descalços pelas ruas, a verdade é também que aparece, às vezes, um menino que,
pelas vestes relativamente justas para o seu tamanho, insinua ser pobre (figura
4). Isso para não falar de um indivíduo que parece carregar um barril nos om
bros, no primeíro plano da rua do Rosário (figura 2). Esses são detalhes inciden
tais que, em conjunto com outros, que pude discernir com mais vagar em outro
momento (Frehse, 2004: 198-203), fazem da fotografia de Militão documento in
voluntário de uma atenção um pouco ctiferente daquela que se faz presente na
documentação jornalística. A deferência do primeiro plano vai também para me
ninos pobres, para um carregador de barris, atividade pouco prestigiada numa
sociedade escravista em que, quem podia, não carregava nada - carregavam por
ele. São incticios da possibilidade de uma regra de conduta específica entre fotó-
•
, '
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estudos histó,icos • 2005 - 36
Algumas colISiderações
Se, corno diz Geertz ([1973) 2000: 9), "o que chamamos de nossos dados
são realmente a nossa própria construção das construções de Outras pessoas", o
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Os illformalltes que ;omais efotografias revelam
mesmo vale para os arquivos. Por tudo que vimos, uma vez construídos os infor
mantes, há como reeditar metaforicamente, no campo que são os arquivos, o con
tato do antropólogo com as "construções" desses tipos humanos que já não exis
tem, o esquema de classificação destes. Chega-se assim a plagas já bastante co
nhecidas da disciplina, a seara das representações, cuja lógica simbólica de pro
dução e de difusão social cabe compreender. Essa lógica é explicitada através de
uma fórmula narrativa que é, também ela, tributária da perspectiva
epistemológica antropológica: a etnografia.
A etnografia permeia a estrutura argumentativa do estudo que resultou
do meu trabalho antropológico nos arquivos, em busca das transformações nos
padrões de civilidade não apenas de representantes das camadas médias, mas
também das elites nas ruas de São Paulo ao longo do século XIX (Frehse, 2004).
Partindo da busca, nas fontes, de indícios sobre os comportamentos corporais, o
texto avança em direção a pistas sobre os significados socioculturais das intera
ções nas ruas. E a inspiração de fundo é de que exista uma "hierarquia estratifica
da de estruturas significativas" (Geertz, [1973) 2000: 7) a envolver esses compor
tamentos e interações. A etnografia serve à descrição dessa hierarquia: uma "des
crição densa" (Geertz, [1973) 2000: 6-7), só que da civilidade nas ruas do passado.
O que, como tenho enfatizado na esteira de Marshall Sahlins ([1985) 1994), não
se faz sem buscar a maneira como história e cultura se imbricam na forma de os
indivíduos apreenderem o mundo que constroem.
Escaparia ao intuito deste texto adentrar nuances interpretativas refe
rentes ao próprio objeto de pesquisa. O que gostaria de reiterar, ao final deste ar
tigo, é que as especificidades do trabalho de campo nos arquivos não impedem a
relevância da figura do informante. Quando o objeto é o arquivo, os informantes
são freqüentemente os criadores e/ou organizadores deste; já quando o arquivo é
exclusivamente o campo da investigação, o informante precisa ser construído te
oricamente, o que se dá em meio a um diálogo do antropólogo com a teoria e o
campo.
Trata-se de um equacionamento teórico-metodológico que os historia-
o
dores já há muito empregam, mesmo sem defini-lo nesses termos. E a tal "crítica
das fontes", que leva o historiador às evidências que os documentos contêm acer
ca de determinada(s) personagem(ns) cuja(s) história(s) ele contará. De fato, se a
evidência se assemelha, como bem assinala Carla Ginzburg (2000: 298), "a um
espelho distorcido, o que significa dizer que só nos resta descobrir para que lado
ele está distorcendo, já que esse é o único meio que temos de ter acesso à realida
de", então o historiador é remetido, à sua maneira, a uma materialidade produto
ra de impressões sobre a realidade social. E não é isso que entra em questão nos
comentários produzidos por tal ou qual informante?
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(Montero, 1997: 48). E nesse contexto que ganha sentido a etnografia como gê
nero literário primordial da antropologia - mesmo nos arquivos. Ela favorece
narrativas que ressaltam as descobertas interpretativas aleatórias e fragmentadas
decorrentes da problematização teórico-metodológica justamente da diferença
cultural entre o antropólogo e os sujeitos estudados.
Essa ênfase no informante não significa um retorno· a uma antropologia
que ignora a interferência do antropólogo na produção do conhecimento coleta
do a partir do contato com determinados informantes no campo. Não podemos
esquecer que o papel do antropólogo, o seu vínculo com o Outro no campo, se dá,
no caso do trabalho com arquivos, no processo de construção do informante.
Quando o campo é o arquivo que aqui me interessou em função dos meus objeti
vos investigativos, a construção é dupla: não apenas porque os jornalistas e o fo
tógrafo só se conformam como informantes a partir da interlocução com a teoria,
mas também porque, na São Paulo do período em foco, a própria noção de cama
da médja é uma construção. Trata-se de um sujeito histórico que ainda não existe
como tal, mas apenas como indício sociológico; um processo, mais do que um
fato. E assim se constata de forma cabal que a etnografia é mesmo essencialmente
uma construção, fictícia no sentido etimológico original do termo "ficção": "al
go construído", "modelado" (Geertz, [ 1 973] 2000: 15).
Tudo isso integra um processo sempre teórico - e aqui entra em jogo a
complexa historicidade implícita à cristalização de um determinado problema
de pesquisa. Muito mais do que ao arquivo - e ao campo -, essa cristalização deve
a interesses pessoais e acadêmicos que antecedem a ida a campo, a opção pelo ar
quivo como campo em detrimento de outros campos. Mas é justamente "quando
o campo é o arquivo" que esse caráter eminentemente construído da reflexão an
tropológica se mostra com todo o vigor.
Por tudo isso, os informantes contribuem, à sua maneira, para assegurar
ao arquivo um lugar no chamado "presente etnográfico". Construídos teorica
mente a partir da interlocução do antropólogo com o campo, eles são, também no
arquivo, resultado dos objetivos do antropólogo no preSeIlle de sua pesquisa. O
que reafirma, a seu modo, que o arquivo é um conjunto vivo de documento s - do
cumentos do presente.
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em BREMMER,Jan & •
Resumo
O artigo visa a demonstrar que informantes são importantes mesmo "quando
o campo é o arquivo". Partindo de dois conjuntos documentais do Arquivo do
Estado de São Paulo, defino primeiramente especificidades metodológicas de
investigações em que o arquivo é o campo. Passo então a discernir
informantes, que são construções teóricas fundamentadas no contato do
antropólogo com a documentação. Essa é a característica que os informantes
partilham, embora tenham origem em tipos documentais distintos.
Entretanto há também diferenças, quando as fontes documentais pertencem a
sistemas de representação diversos: crõnicas e notícias jornalísticas sobre as
regras de conduta nas ruas paulistanas de meados do Oitocentos, ou
fotografias referidas ao mesmo espaço naquele tempo.
Palavras-chave: pesquisa de campo, informantes, sistemas de representação,
interdisciplinaridade, antropologia e história.
Abstract
This arriele intends to show that informants are important even "when lhe
field (of anthropological research) is the archive". Based on two sets of
historical sources preserved by the Arquivo do Estado de São Paulo I first
define methodological singularities of researches in which the archive is the
field. I then discern informants, which are theoretical constructions founded
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on the anthropologist's contact with the historical data. This is exactly what
these infolIuants have in common, even when originated from distincl kinds
of sources. Despite this characteristic they differ from each olher when lhe
sources belong to different systems of representation: newspaper reports and
comments about rules of conducl in the streelS of the city of São Paulo in
mid-nineteenth century, or photographs referred to this very space and time.
Key words: field research, informants, systems of representation,
inter-disciplinarity, anthropology and history.
Resumé
l:article vise à démontrer que les informants sont importants même "quand le
terra in (de la recherche anthropologique) esl l'archive". Basée sur deux
ensembles documentaux de l'Arquivo do Estado de São Paulo, je définis
d'abord des spécificités mélhodologiques des recherches áans lesquelles
l'archive est le terrain d'enquête. Je peux ensuite discerner des informants, qui
sont des constructions théoriques fondées sur le contact de l'anthropologue
avec la documentation. C'est ça ce que les informants ont en commun, même
si les types de sources historiques different entre eux. En même lemps,
pourtant, ils se distinguent quand leurs sources historiques appartiennel à des
differents systemes de représentation : chroniques et faits divers
journalistiques concernant les regles de conduite dans les rues de la ville de
São Paulo au milieu du XIXeme siêcle, ou bien photographies referées au
même space et temps.
Mots-clés: recherche sur le terrain, informants, systêmes de représentation,
interdisciplinarilé, anthropologie el histoire.
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