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ÁREAS URBANIZADAS 2020

Evelyn de Oliveira Meirelles 1, Joaquim Coimbra Martins da Silva 2, Lauro Cesar Martins da Silva 3
1
IBGE, evelyn.meirelles@ibge.gov.br ; 2IBGE, joaquim1.censo@ibge.gov.br ; 3IBGE, lauro.martins.censo@ibge.gov.br

urbanas brasileiras. Essas mudanças tiveram impacto na


RESUMO sociedade e na estrutura política, econômica, cultural e
espacial do Brasil, sendo percebidas de diversas formas,
O trabalho “Áreas Urbanizadas do Brasil 2020” busca inclusive por meio do mapeamento das manchas urbanas. O
identificar e mapear as áreas urbanizadas e localidades com trabalho “Áreas Urbanizadas do Brasil 2020” se propõe a
mais de dez domicílios em todos os municípios brasileiros apresentar um panorama do processo de urbanização do país
através do uso de imagens de satélite, apresentando um entre os anos de 2017 e 2020. Este trabalho, já realizado em
panorama do processo de urbanização do país entre os anos 2005 e 2015, retorna hoje alinhado às necessidades dos
de 2017 a 2020. Além disso, tem o intuito de gerar subsídios Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS e da
para atualizações futuras e comparabilidade com o Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável,
mapeamento já consolidado do “Áreas Urbanizadas do Brasil estabelecidos pela Cúpula das Nações Unidas sobre o
2015” pelo IBGE. Para a identificação das áreas urbanizadas Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2015, assim
são observados os aspectos morfológicos das imagens de como da Nova Agenda Urbana, pactuada na III Conferência
satélite, as texturas e os padrões de arruamento que das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento
caracterizam o modo de vida urbano. Foram observadas Urbano Sustentável-Habitat III, realizada em 2016.
alterações na área urbana, com predominância de Trata-se de uma continuidade do Áreas Urbanizadas do Brasil
adensamento e expansão, com eventuais retrações. 2015 [1], que realizou mapeamento nas Áreas de
Concentração Urbana acima de 100 mil habitantes [2]. Na
atualização, serão delimitadas as áreas urbanizadas de todos
Palavras-chave — áreas urbanizadas, feições,
os municípios do Brasil, incluindo as localidades adensadas,
urbanização, mapeamento, imagens de satélite.
com mais de 10 domicílios.
O objetivo do trabalho é fornecer uma perspectiva da
urbanização brasileira, de modo a complementar estudos
ABSTRACT acerca da forma urbana e suas diferenciações regionais, da
influência do meio físico (topografia, rios etc.) na
The work "Urbanized Areas of Brazil 2020" seeks to identify
conformação das áreas urbanizadas, bem como de estudos
and map urbanized areas and localities with more than ten
focados na identificação de tendências e potenciais vetores de
households in all Brazilian municipalities through the use of
expansão das cidades, podendo, enfim, subsidiar variadas
satellite images, presenting an overview of the urbanization
análises e pesquisas, possibilitando aos usuários de diferentes
process of the country between 2017 to 2020. In addition, it segmentos o acesso a uma base consolidada de áreas
intends to generate subsidies for future updates and urbanizadas das principais concentrações urbanas do Brasil.
comparability with the already consolidated mapping of
Assim, a dinâmica urbano-territorial do Brasil poderá ser
"Urbanized Areas of Brazil 2015" by IBGE. For the
analisada de modo a identificar tendências de expansão,
identification of the urbanized areas the morphological
retração ou estagnação das cidades, além daquelas
aspects of the satellite images are observed, the textures and
relacionadas ao aparecimento de novos núcleos urbanos,
the patterns of streets that characterize the urban way of life. processos de conurbação, etc.
Changes were observed in the urban area, with predominance
of densification and expansion, with occasional retractions. 2. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente mapeamento está sendo elaborado a partir de


Keywords — urbanized areas, features, urbanization, imagens do satélite compreendendo o período de 2017 a
mapping, satellite images. 2020. Para a identificação das áreas urbanizadas são
observados os aspectos morfológicos das imagens de satélite;
as texturas – considerando a proximidade entre as
1. INTRODUÇÃO edificações; e os padrões de arruamento que caracterizam o
modo de vida urbano.
As transformações sociais e econômicas ocorridas nas A atualização metodológica do mapeamento das áreas
últimas décadas no País tiveram grande repercussão no urbanizadas 2020 incluiu a alteração das imagens de
Território Nacional e, em especial, nas grandes aglomerações referência com o uso do satélite Sentinel-2, a delimitação das

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áreas urbanizadas de todos os municípios do Brasil, • Sem alteração: áreas urbanizadas que não sofreram
incorporação de novas categorias de classificação e a mudanças perceptíveis.
vetorização de áreas urbanizadas acima de 10 domicílios. • Não comparável: áreas urbanizadas que não foram o
foco no período de 2011 a 2014, e não foram
2.1 Classificação das áreas urbanizadas averiguadas. Ex: loteamentos vazios, concentrações
urbanas com menos de 100 mil habitantes e localidades.
Os polígonos das áreas urbanizadas foram classificados em • Não mapeado: áreas urbanizadas que deveriam ter sido
duas grandes categorias em termos de densidade: densa e mapeadas no período de 2011 a 2014. Ex: Falhas de
pouco densa. Ademais, uma nova categoria foi criada, mapeamento.
representada pelo loteamento vazio. • Reclassificado: áreas que tiveram uma reinterpretação
da densidade abastecida na tabela de dados em 2015 e
• Densa: ocupação urbana contínua, com pouco que sofreram alteração da classificação, após
espaçamento entre as construções e maior capilaridade reconsideração pela equipe do projeto.
de vias.
• Pouco densa: presença de feições urbanas, porém com
uma ocupação mais espaçada. 3. RESULTADOS PRELIMINARES
• Loteamento vazio: terrenos vazios delimitados por
lote, com arruamentos bem definidos.
Durante o mapeamento das áreas urbanizadas no presente
Além da densidade, as manchas urbanizadas foram estudo foram observadas alterações na mancha urbana, com
categorizadas pelo tipo, denominadas “vazios intraurbanos” predominância de adensamento e expansão. Eventualmente,
e “outros equipamentos urbanos”. Os polígonos que não se houve a exclusão de áreas anteriormente existentes, refletindo
enquadram nessas categorias foram classificados como “área fenômenos de remoção de áreas de assentamento precário
urbanizada”. (Figura 1).

• Vazios intraurbanos: áreas do tecido urbano


consolidado não ocupadas por construções. Vazios
urbanos com área total entre 0,25 km² e 2,5 km² foram
vetorizados e classificados conforme a mancha
urbanizada envolvente. Áreas que ultrapassavam esse
limite não foram vetorizadas. Ex: Parques, massas
d’água etc.
• Outros equipamentos urbanos: áreas que apresentam
em sua morfologia uso não residencial e que não são
contíguas às áreas urbanizadas (com distância de no
máximo 3 km de algum polígono de área urbanizada),
foram vetorizadas e classificadas conforme o polígono
mais próximo. Ex: Indústrias, aeroportos etc.

Para a análise temporal das Áreas Urbanizadas 2020, foi


acrescido um atributo de comparabilidade referente à
Figura 1: Evolução da área urbanizada do município de São
mudança das áreas previamente mapeadas no projeto anterior José dos Campos - 2015-2020
(Áreas Urbanizadas do Brasil 2015), servindo não somente
para acompanhar a evolução urbana no período como
também efetuar correções.
Área
• Adição: áreas urbanizadas que sofreram um processo de São José dos km² Percentual (%)
Campos/SP
expansão frente ao que já foi mapeado. Total Densa Pouco densa Densa Pouco densa
• Exclusão: áreas urbanizadas que sofreram um processo
2015 118 109,54 8,46 92,83 7,17
de retração. Ex: Remoção de moradias.
2020 120,75 111,12 9,63 92,02 7,98
• Densificação: áreas urbanizadas caracterizadas como
pouco densas que transformaram-se em densas. Tabela 1: Evolução da área urbanizada do município de São José
• Desdensificação: áreas urbanizadas caracterizadas dos Campos - 2015-2020
como densas que transformaram-se em pouco densas.
Ex: Remoção de áreas de aglomerados subnormais p/
construção de condomínios.

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A atualização da metodologia também revelou com maior
detalhe o padrão de ocupação disperso no território, incluindo
manchas de aglomerados de domicílios com mais de 10
unidades. A inclusão dos loteamentos vazios também auxilia
na identificação dos vetores de crescimento das cidades
(Figura 2).

Figura 2: Aumento de detalhe com aplicação de novos


procedimentos metodológicos

A inclusão na metodologia de áreas que compreendem 11 a


50 domicílios implicou em um aumento do tempo necessário
para efetuar o mapeamento, especialmente em municípios
com relevos fortemente acidentados, onde parte das pequenas
aglomerações estão estabelecidas em fundos de vale,
dificultando a visualização pelas imagens de satélite
(Sentinel-2). Do mesmo modo, a distinção entre os
equipamentos urbanos e rurais apresentou dificuldades que
foram mitigadas com a utilização do Cadastro Nacional de
Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), que contém
pontos georreferenciados dos estabelecimentos do Brasil e as
suas características, como tipo e função.

4. REFERÊNCIAS

[1] Áreas urbanizadas do Brasil: 2015. IBGE: Coordenação de


Geografia, Rio de Janeiro, Série relatórios metodológicos, v. 44, pp.
28, 2017.

[2] Arranjos populacionais e concentrações urbanas do Brasil,


IBGE: Coordenação de Geografia, Rio de Janeiro, 2. ed, pp. 167,
2016.

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