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REDES DE DISTRIBUIÇÃO, ENERGIA ELÉTRICA E SUBESTAÇÕES

AULA 1 – GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA


INTRODUÇÃO

1. Generalidades

É imprescindível que o projetista saiba onde se situa a sua instalação dentro de


um sistema elétrico mais complexo, a partir do gerador, até os pontos de utilização em
baixa tensão. O sistema elétrico compreende produção ou geração, transmissão (LT) e
distribuição, subdividida em distribuição primária (DP) e distribuição secundária (DS),
conforme ilustra a Fig. 1. As instalações elétricas de baixa tensão são regulamentadas
pela norma NBR-5410, da ABNT, que estabelece de 1000 volts como o limite para a baixa
tensão em corrente alternada e de 1500 volts para a corrente contínua. A frequência
máxima de aplicação desta norma é de 400 Hz.
Toda a energia gerada para atender a um sistema elétrico é sob a forma trifásica,
alternada, tendo sido fixada a frequência de 60 ciclos/segundo para uso em todo o
território brasileiro, por decreto governamental.

Figura 1 - Diagrama de um sistema elétrico

2. Produção

A geração industrial de energia elétrica pode ser realizada por meio do uso da
energia potencial da água (geração hidrelétrica) ou utilizando a energia potencial dos
combustíveis (geração termoelétrica).
No Brasil, cerca de 90% da energia gerada são através de hidrelétricas, porque o
nosso País possui um rico potencial hidráulico, estimado em mais de 150 milhões de kW.
As termoelétricas existentes no Brasil utilizam combustíveis fósseis (petróleo, carvão
mineral etc.), combustíveis não-fósseis (madeira, bagaço de cana, etc.), combustível
nuclear (urânio enriquecido).
Os geradores industriais de eletricidade necessitam de energia mecânica (energia
cinética) para fazerem girar os rotores das turbinas, nos quais estão acoplados, no
mesmo eixo, os rotores dos geradores de eletricidade. Então a geração necessita de uma
turbina (hidráulica ou térmica) e de um gerador síncrono, montados no mesmo eixo, em
geral vertical.

a. Hidrelétricas

O Brasil possui uma matriz de energia elétrica que conta com a participação de
77,1% da hidroeletricidade. Energia proveniente de 140 usinas em operação, com
perspectiva de aumento do uso dessa fonte. Ao longo dos últimos 30 anos, o País evitou
a emissão de cerca de 800 milhões de toneladas de CO2 equivalente por meio do uso de
etanol como substituto ou aditivo da gasolina.
A previsão do Plano Decenal de Energia é que o País terá 71 novas usinas até 2017,
com potencial de geração de 29.000 MW, sendo 15 na bacia do Amazonas, 13 na bacia
do Tocantins-Araguaia, 18 no rio Paraná e 8 no rio Uruguai. As 28 usinas hidrelétricas
planejadas na região amazônica têm no seu conjunto, a capacidade instalada de 22.900
MW.
O Brasil usa energia hidrelétrica desde o final do século 19, mas as décadas de
1960 e 1970 marcaram a fase de maior investimento na construção de grandes usinas.
Devido a essas opções feitas no passado, o País abriga hoje a maior hidrelétrica do
mundo em geração de energia. Inaugurada em 1984 depois de um acordo binacional
com o Paraguai, a Usina de Itaipu tem hoje potência instalada de 14 mil MW, com 20
unidades geradoras. Essa capacidade é suficiente para suprir cerca de 80% de toda a
energia elétrica consumida no Paraguai e de 20% da demanda do sistema interligado
brasileiro.
Já as usinas de Jirau e Santo Antônio – ainda em fase de construção, no Rio
Madeira –, por exemplo, utilizam a tecnologia de turbinas bulbo, diminuindo o
alagamento necessário e, consequentemente, efeitos negativos como o deslocamento
de populações locais, a desapropriação de terras e o impacto ambiental. Para monitorar
os impactos, o Brasil investe também no aperfeiçoamento das avaliações realizadas pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) antes
da instalação de qualquer usina.

b. Energia eólica

De acordo com o Atlas Eólico Nacional, divulgado em 2001, o Brasil é o País da


América Latina e Caribe com maior capacidade de produção de energia eólica, com
potencial estimado de 143.000 Mega Watts (MW), mas a boa notícia promete ser muito
melhor.
Segundo estimativas que devem ser concluídas em 2011, no segundo Atlas Eólico,
o potencial brasileiro pode chegar a 300GW, superando o que pode ser alcançado pelas
usinas hidrelétricas planejadas e já existentes. Isso se deve ao fato de que o novo Atlas
está levando em consideração a captação de ventos com torres de 100 metros de altura
e atualmente as torres possuem 50 metros.
É interessante observar que o Brasil tem um futuro promissor nessa área e está
enxergando as oportunidades de investir em eólica e ampliar consideravelmente o uso
dessa fonte energética. Atualmente, no Brasil, existem em operação parques eólicos que
somam 359 MW instalados, porém com investimentos de R$ 4,6 bilhões até 2010, por
meio do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), o
País terá oferta de 1,427 GW de energia eólica.
As iniciativas na área já estão atraindo investimentos de grupos nacionais e
estrangeiros, o que deve aumentar. A expectativa é que cerca de 10.660 empregos
diretos e indiretos sejam gerados nas próximas décadas.

c. Matriz Energética brasileira

A matriz energética do Brasil é muito diferente da mundial. Por aqui, apesar do


consumo de energia de fontes não renováveis ser maior do que o de renováveis, usamos
mais fontes renováveis que no resto do mundo. Somando lenha e carvão vegetal,
hidráulica, derivados de cana e outras renováveis, nossas renováveis totalizam 42,9%,
quase metade da nossa matriz energética:

Figura 2 - Matriz energética brasileira

a matriz elétrica é formada pelo conjunto de fontes disponíveis apenas para a


geração de energia elétrica em um país, estado ou no mundo. Precisamos da energia
elétrica, por exemplo, para assistir televisão, ouvir músicas no rádio, acender a luz,
ligar nossa geladeira, carregar nosso celular, entre tantas outras coisas.

Figura 3 - Matriz energética elétrica Brasileira


AULA 2 – GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
POTÊNCIA INSTANTANEA, CAPACIDA INSTALADA, ENERGIA

3. Generalidades
Quando tratamos de geração e consumo de energia elétrica utilizamos termos
como potência instalada e instantânea e energia gerada/consumida. Cada termo tem
sua finalidade e são confundidos na vivência profissional. Para evitar confusões, essa
aula traz as definições de cada termo.

a. Potência instantânea
Quando o tempo gasto for infinitamente pequeno teremos a potência
instantânea, definida eletricamente pela relação:
𝑃 = 𝑉𝐼
Onde V e I são a Tensão e a Corrente instantânea geradas ou consumidas.
–O que é Potência?

Potência é a energia gasta pela máquina para realizar algum tipo de trabalho.
Existem três tipos de Potência, e vamos vê-las logo abaixo.
–Potência Ativa:
Potência realmente gasta em dispositivos que oferecem resistência, no circuito
resistivo a tensão anda em fase com a corrente (V-I)=0º, e é expresso em W.

–Potência Reativa Indutiva:


Potência utilizada para a criação de campos magnéticos, necessário ao
funcionamento de equipamentos industriais (motores, transformadores, reatores, etc.),
sendo expresso seu valor em Var, no circuito indutivo a tensão anda adiantada da
corrente (𝑉 − 𝐼) = 90°
–Potência Reativa Capacitiva:
Potência utilizada em capacitores, no circuito capacitivo a tensão anda em atraso
em relação a corrente (𝑉 − 𝐼) = −90°, seu valor também é expresso em Var.

Figura 4 - Relação entre potência em um motor


b. Potência instalada

Entende-se por potência instalada (Pinst) ou potência nominal (Pn) o somatório


das potências nominais de todos os aparelhos (o que inclui tomadas) no caso de uma
instalação e a potência máxima que um gerador pode fornecer no caso de um gerador.
Na prática, percebeu-se que não é econômico dimensionar as instalações elétricas
com base somente na potência nominal, pois a potência demandada (Pd) sempre é
inferior à potência nominal. Para encontrar a potência demandada é necessário
multiplicar a potência nominal por um fator de demanda (f) que representa o percentual
da potência instalada que é realmente utilizado. Trataremos mais desse tema mas à
diante.

c. Energia gerada/consumida

O termo Energia refere-se à potência utilizada em um certo período de tempo. Para


determinar a energia consumida ou gerada, e necessário conhecer a potência média e
o tempo de funcionamento.

Ex.: Suponha um gerador hidroelétrico com potência instalada de 250 kWp. Esse gerador
funciona por 4h por dia com 80% da potência e 20 dias por mês. Qual é a energia diária
e mensal gerada por esse gerador?

Primeiramente encontramos qual é a potência média do equipamento durante o


funcionamento:

𝑃𝑚𝑒𝑑 = 𝑃𝑖𝑛𝑠𝑡 ∗ 80% = 250 𝑘𝑊𝑝 ∗ 0,80 = 200 𝑘𝑊


Com esse valor e sabendo que o gerador opera por 4 horas diariamente, obtemos:
𝐸𝑑𝑖𝑎𝑟𝑖𝑎 = 𝑃𝑚𝑒𝑑 ∗ 4ℎ = 200 𝑘𝑊 ∗ 4ℎ = 800 𝑘𝑊ℎ 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑎
Multiplicando a energia gerada diariamente pelo numero de dias em operação em 1
mês, obtemos:
𝐸𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 = 𝐸𝑑𝑖𝑎𝑟𝑖𝑎 ∗ 20 = 800 𝑘𝑊ℎ ∗ 20 = 16000 𝑘𝑊ℎ 𝑝𝑜𝑟 𝑚ê𝑠
AULA 3 – GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
HIDRELÉTRICAS

4. Hidrelétricas
As características físicas, geográficas e a grande disponibilidade de recursos
hídricos no Brasil, foram determinantes para que o país fosse hoje, o terceiro maior
potencial hidráulico do mundo. Em termos absolutos, os cinco maiores produtores desse
tipo de energia são Canadá, China, Brasil, Estados Unidos e Rússia (CERPCH, 2011).
A energia hidráulica é produzida através da força do movimento das águas. Para
que isso seja possível, há alguns fatores que influenciam na geração de energia elétrica.
Os principais fatores de influência são: a vazão do rio, a quantidade disponível de água
em diversos períodos do ano, a topografia, as alterações antrópicas, ou naturais, como
as quedas de água naturais, ou criadas artificialmente (ANEEL, 2008).

a. Etapas de implantação de Grandes Centrais Hidrelétricas (GCH)

1. Estimativa do potencial hidrelétrico:


−Análise preliminar: aspectos topográficos, hidrológicos e geológicos.
−Determina 1ª estimativa de custos/prazos.
2. Inventário hidrelétrico (para grandes empreendimentos, t-15 anos):
−Determina potencial hidrelétrico e melhor divisão de queda para máxima
energia ao menor custo.
3. Estudo de viabilidade (para grandes empreendimentos, t-15 anos):
−Concepção global do aproveitamento: dimensionamento; obras de
infraestrutura necessárias; reservatório e área de influência; uso múltiplo da água;
efeitos e licenças ambientais.
4. Projeto básico:
−Detalhamento do aproveitamento concebido no estudo de viabilidade;
definição do orçamento; execução dos estudos ambientais
5. Projeto executivo:
−Execução dos desenhos de detalhamento das obras civis e dos equipamentos
eletromecânicos.
−Inicia as medidas relacionadas com a implantação do reservatório
(deslocamento de pessoas, instalações e animais).
6. Execução da obra:
−Execução das obras civis; instalação e teste dos equipamentos

As usinas hidrelétricas são compostas, basicamente, por barragem, casa de força,


vertedouro e sistema de captação e adução de água, sendo que funcionam em conjunto
e de maneira integrada. A barragem interrompe o curso normal do rio e desvia para um
determinado local formando grandes reservatórios, que estocam a água e permitem a
formação de grandes quedas. Estas produzem força, que é utilizada para movimentar
turbinas e acionar o gerador elétrico (PANZERA, GOMES e MOURA, 2010).
Porém, a energia hidráulica também gera graves impactos negativos. Pois influenciam
diretamente no meio ambiente devido à construção das represas, que provocam
inundações em imensas áreas de matas, interferindo no fluxo de rios, destroem espécies
vegetais, prejudicam a fauna, e interferem na ocupação humana. As inundações das
florestas fazem com que as plantas de cobertura do solo entrem em processo de
decomposição, com isso a biodiversidade local é afetada, e ocorre a liberação de metano
na atmosfera, sendo que este é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa e pela
rarefação da camada de ozônio (INATOMI; UDAETA, 2005).

Figura 5 - Exemplo de geração Hidroelétrica

b. Como funciona uma Usina Hidrelétrica


No Brasil, a energia elétrica gerada é predominantemente hidrelétrica. Este texto
possibilita o conhecimento dos principais componentes de uma Usina Hidrelétrica e seu
funcionamento.
Em uma instalação hidrelétrica, a barragem represa as águas de um rio formando
um reservatório. Esta água represada é conduzida por meio de tubulações até uma
turbina (roda com pás).
A energia potencial, existente entre o nível do reservatório antes da barragem e
o nível do rio após a barragem transforma-se em energia cinética, através da água que
faz girar a turbina.
A turbina está ligada por um eixo a um gerador de energia elétrica que, que
consequentemente, também entra em movimento. No gerador a energia cinética, ou
energia mecânica, é transformada em energia elétrica.
A energia elétrica produzida vai para uma subestação de onde é transmitida para
os centros de consumo.
As turbinas, em função da sua forma, podem ser de 3 tipos: Kaplan, Francis e
Pelton. A escolha do tipo depende da altura da queda d’água e do regime de operação
da usina.
O gerador é composto de um rotor (imã), que gira no interior de uma bobina
(estator), provocando o aparecimento de uma corrente elétrica.
As figuras a seguir representam os principais elementos de uma usina hidrelétrica:

1. Reservatório ou lago: Surge


quando a água do rio é represada
pela construção de uma
barragem.

2. Barragem: É uma estrutura


construída no leito de um rio,
permitindo acumular água. Pode
ser de terra, enrocamento,
alvenaria ou concreto.

3. Vertedouro: Permite o
controle do nível da água do
reservatório, principalmente em
períodos de cheias. Pode ter ou
não comportas.

4. Tomada d’água: É a estrutura


que permite a condução da água
do reservatório para adução das
turbinas. Equipada com
comportas de fechamento e
grades de proteção.

5. Conduto Forçado: É a
canalização que conduz água,
sob pressão, para as turbinas.
Podem ser externos ou
subterrâneos.

6. Casa de Força: Local de onde


se opera a usina e estão
localizados os grupos turbo-
geradores e auxiliares.
7. Canal de Fuga: Local de saída
da água após movimentar as
turbinas.

8. Subestação: Recebe a energia


elétrica gerada na usina,
transformando-a em alta tensão,
para que possa ser transportada
pelas linhas de transmissão a
grandes distâncias.

9. Turbina: É uma roda com pás.


A água faz a turbina girar ao
atingi-la, transformando energia
hidráulica em energia mecânica.

10. Gerador: Está acoplado


mecanicamente à turbina. A
energia mecânica disponível no
eixo da turbina é transformada
em energia elétrica pelo gerador.

c. TIPOS DE TURBINAS
As turbinas podem ser classificadas em turbinas de ação (ou impulso) e em
turbinas de reação. Esta forma de classificação leva em conta a variação de pressão
estática. No primeiro grupo a pressão estática permanece constante entre a entrada e
saída do rotor. Exemplos do primeiro grupo são as turbinas Pelton, Turgo e
MichellBlanki (Fig.6).

Figura 6 - Turbinas Pelton (esquerda), Turgo (centro) e Michell-Blanki (direita) [Fonte: Alé, 2001].

Já no segundo grupo ocorre redução da pressão estática ao atravessar o rotor.


Exemplos são as turbinas Francis, Kaplan e Hélice (Fig.7).
Figura 7 - Turbinas Francis (esquerda), Kaplan (centro) e Hélice (direita) [Fonte: Alé, 2001]

Turbinas Francis

Essa turbina recebe o nome do engenheiro inglês James Bicheno Francis (1815-
1892) que a concebeu em 1848. Foi resultado do aperfeiçoamento da turbina Dowd,
patenteada em 1838 por Samuel Dowd (1804-1879). É uma turbina de reação, com
eficiência na faixa de 90%. Utilizada para alturas de 20 a 700 m, essa ampla faixa de
aplicação a faz o tipo de turbina mais usada no mundo.
Nas turbinas Francis o rotor fica internamente ao distribuidor, de modo que a
água, ao atravessar o rotor, aproxima-se do eixo. São vários os formatos possíveis para
rotores desse tipo de turbina, e dependem da velocidade específica da turbina, podendo
ser classificadas em: lenta, normal, rápida ou extra-rápida.
O distribuidor tem um conjunto de pás dispostas em volta do rotor, e que podem
ser orientadas durante a operação, assumindo ângulos adequados às descargas, de
modo a reduzir a perda hidráulica. As pás do distribuidor têm um eixo de rotação
paralelo ao eixo da turbina, podendo, ao girar, maximizar a seção de escoamento ou
fechá-la totalmente.
É o tipo de turbina mais utilizada, pois pode trabalhar de forma eficiente em uma
ampla faixa de condiçõesde operação. Isto porque a altura de queda e a vazão são os
dois fatores mais importantes para o desempenho de turbinas, e estão sujeitos a
variações sazonais, sendo que a turbina Francis consegue se adaptar bem a esta
sazonalidade. Sua faixa de operação vai de 45 a 400 m de carga e de 10 a 700 m3/s.

Turbinas Kaplan

Essa turbina recebe o nome do engenheiro austríaco Victor Kaplan (1876-1934)


que a concebeu em 1912.
Foi resultado do aperfeiçoamento da turbina Hélice. Ao contrário das turbinas
Hélice, cujas pás são fixas, no sistema de Kaplan elas podem ser orientadas, variando a
inclinação das pás, com base na descarga.

Turbinas Pelton

Também chamada de roda Pelton, recebeu o nome do engenheiro estadunidense


Lester Allen Pelton (1829-1908) que a patenteou em 1880.
Tem sua forma muito similar às antigas rodas d’água utilizadas em moinhos. Possui
como distribuidor um bocal, que tem forma apropriada a guiar a água até as pás do
rotor. As turbinas podem ter um, dois, quatro e seis jatos. Internamente ao bocal possui
uma agulha para ajuste da vazão. O rotor tem uma série de pás em formato de conchas
dispostas na periferia, que fazem girar o rotor.
Tem ainda um defletor de jato, que intercepta o jato, desviando-o das pás, quando
ocorre diminuição violenta da potência demandada pela rede de energia. Nesses casos
a atuação do defletor deve ser considerada ao invés da redução da vazão pelo uso da
agulha, pois a ação rápida da agulha pode causar uma sobrepressão no bocal, nas
válvulas e ao longo da tubulação forçada. Além do defletor, algumas turbinas Pelton de
elevada potência têm um bocal direcionado para o dorso das pás de forma a atuar na
frenagem

Figura 8 - Turbinas Pelton (A), Francis (B) e Kaplan (C)

d. Como medir a energia hidráulica e hidrelétrica?


A energia hidráulica é medida por duas grandezas: O desnível e a Vazão de água.
O desnível é a medida vertical entre o nível do lago da represa formada pelo barramento
e o nível mais baixo onde a água pode ser devolvida no leito natural do rio. A vazão é a
água disponível para a movimentação das turbinas. Para calcularmos a energia
hidráulica utilizamos a seguinte formula:

𝑃ℎ = ℎ ∗ 𝑄 ∗ 𝑔

𝑃ℎ = 𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 ℎ𝑖𝑑𝑟á𝑢𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑒𝑚 𝑘𝑊.


ℎ = 𝐷𝑒𝑠𝑛í𝑣𝑒𝑙 ℎ𝑖𝑑𝑟á𝑢𝑙𝑖𝑐𝑜.
𝑄 = 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝑚³/𝑠
𝑔 = 𝐴𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝐺𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 9,81 𝑚/𝑠²
Exemplo: Uma propriedade possui uma cachoeira com 12m de altura. Por meio
de uma pequena barragem construída na parte de cima, é possível elevar o nível do rio
4m acima da cachoeira. Assim, temos o desnível total de 16m. Medindo a vazão do rio
várias vezes no ano, encontramos uma vazão média de 4 m³/s.
𝑃ℎ = 16𝑚 ∗ 4 𝑚³/𝑠 ∗ 9,81 𝑚/𝑠²
𝑃ℎ = 627,84 𝑘𝑊

Esta é a potência Hidráulica. Para estimarmos a potência hidrelétrica da CGH a ser


instalada, devemos calcular as perdas inerentes aos sistemas de adução, turbinas,
geradores, etc. Estas perdas são estimadas em 15% para efeito de cálculo inicial. Sendo
assim temos:
𝑃 = 𝑃ℎ ∗ 85%
𝑃 = 627,84 𝑘𝑊 ∗ 85%
𝑃 = 533,664 𝑘𝑊
AULA 4 – GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
TERMOELÉTRICAS

Atualmente, no âmbito mundial, a maior parcela da energia elétrica é produzida a


partir de fontes de energia não-renováveis, como o carvão mineral e derivados do
petróleo. As unidades geradoras de energia responsáveis por tal produção são as usinas
termelétricas.

No Brasil, apesar de a produção de eletricidade ser em sua maioria composta por


usinas hidrelétricas, ainda existem 1570 unidades termelétricas de médio porte em seu
território. Devido à crise hídrica na qual o país vive atualmente, essas unidades
termelétricas são ativadas em períodos de seca com a finalidade de suprir a energia
elétrica que não é produzida pelas hidrelétricas, tendo assim grande importância.

1. Principais componentes das Centrais Termelétricas


A figura 09 apresenta a forma geral de uma usina termoelétrica.

Figura 9 - Usina Termo elétrica

a. Caldeiras
De acordo com a NR-13 “Caldeiras a vapor são equipamentos destinados a
produzir e acumular vapor sob pressão superior à atmosférica, utilizando qualquer fonte
de energia, excetuando-se os refervedores e equipamentos similares utilizados em
unidades de processo”. Assim, as caldeiras utilizam a energia química liberada pelo
processo de combustão de algum tipo de combustível e provoca a transformação da
água do estado liquido para o estado de vapor, a uma pressão elevada
Geralmente, as caldeiras de vapor que são usadas em uma central termelétrica
são projetadas para trabalharem com vapor superaquecido a temperaturas situadas na
faixa de 400 a 560°C. A faixa de pressão típica de operação é da ordem de 6 a 18 MPa,
no entanto, elas podem suportar pressões da ordem de 34 MPa. Caldeiras de vapor
utilizadas na indústria, normalmente operam com pressões menores que 2 MPa quando
usadas para fins térmicos. Já no caso de uma central de cogeração industrial, as caldeiras
trabalham com pressões na faixa de 2 a 8 MPa, quanto que sua temperatura de
operação típica varia entre 340 a 440°C.

De acordo com esse critério, as caldeiras podem ser classificadas como:


a)De circulação natural;
b)De circulação forçada;
c)De passe único.

Em caldeiras de circulação natural, a circulação do fluido de trabalho no interior


dos tubos acontece graças à diferença de densidade da água líquida e a mistura água-
vapor.
As caldeiras de circulação forçada são normalmente projetadas com paredes de
água e apenas um tambor separador. A água é movimentada de forma contínua por
diversas bombas. Seu projeto é concebido para a operação até pressões muito próximas
à pressão crítica da água.
As caldeiras de passe único foram idealizadas, preliminarmente, para ser utilizada
em centrais termelétricas de alta potência. A água é obrigada a circular apenas uma vez
pela tubulação por uma bomba de alimentação, desse modo, não existe a recirculação
de água. Em 1923, o inventor tcheco Mark Benson realizou a primeira tentativa de
aplicar uma caldeira de passe único de forma comercial.
No entanto, devido a problemas nas tubulações a caldeira teve que trabalhar com
pressões abaixo da pressão crítica do vapor. Em seguida a empresa Siemens obteve os
direitos comerciais e desenvolveu a tecnologia Benson de caldeiras. De acordo com
Frank e Wittchow (1997) a tecnologia Benson de caldeiras é a mais compatível para
centrais termelétricas que utilizam carvão mineral como combustível.
b. Fornalhas

A fornalha apresenta um sistema distribuidor de ar onde uma parte desse ar é


concedida juntamente com o combustível (ar primário) e o ar remanescente é injetado
por meio de um grupo de bocais posicionados em diversas seções do forno (ar
secundário). Esta distribuição visa assegurar um processo de combustão completo. O
tipo de fornalha a ser utilizado é consequência do tipo de combustível utilizado e da
capacidade da caldeira. O tipo e o volume de combustível possuem papel fundamental
na construção da fornalha, do queimador e da caldeira.
Os tipos mais frequentes de fornalhas utilizadas na queima de combustíveis
sólidos são:
Fornalhas de queima em grelha – este tipo de fornalha é, normalmente, utilizado
em caldeiras de pequeno e médio porte. Ainda que apresente algumas limitações, as
fornalhas de queima em grelha possuem grande importância uma vez que podem ser
ajustadas a diversos tipos de combustíveis. Hoje são aplicadas, sobretudo, em caldeiras
para a queima de lenha, bagaço de cana e resíduos da indústria. Outro emprego desse
tipo de fornalha que vem crescendo muito nos últimos anos é para a queima de lixo.
Fornalhas de grelha plana – são utilizadas em caldeiras de pequeno porte.
Fornalhas de grelha móvel ou rotativa – quando se utiliza uma caldeira de maior
porte recomenda-se que se utilizem fornalhas dotadas de grelhas móveis. Esse tipo de
fornalha garante a alimentação continua do combustível além de remover
automaticamente as cinzas.
Fornalhas de queima em suspensão para combustíveis sólidos – neste tipo de
caldeiras, o combustível sofre uma preparação prévia em moinhos onde acontecem os
processos de moagem e secagem com o objetivo de se alcançar os níveis de
granulometria adequados para a combustão. Geralmente, nesse tipo de fornalha, se faz
o uso de carvão mineral como combustível.
Fornalhas de turbilhão (vórtex vertical) ou de jatos tangenciais – neste tipo de
fornalha, queimadores são colocados em um arranjo tangencial nas extremidades da
fornalha criando um movimento rotacional turbulento no núcleo da chama.
Fornalhas de queima em leito fluidizado – hoje existe a possibilidade de se utilizar
combustíveis que apresentam uma qualidade inferior e que não seriam aproveitáveis
para outros fins além da queima e por isso apresentam um baixo valor no mercado, essa
possibilidade aliada com as rigorosas normas ambientais impostas promove um
estimulo para o uso desse tipo de fornalha.
c. Queimadores

Os queimadores são utilizados para introduzir a combinação de ar e combustível


na câmara de combustão. Normalmente, são utilizados na combustão de carvão
pulverizado, gás natural ou combustíveis líquidos. Alguns queimadores atuais também
auxiliam na redução de emissões de óxidos de nitrogênio uma vez que eles estruturam
o processo de combustão para que isto ocorra em diversas etapas fazendo com que as
temperaturas sejam mais baixas quando comparadas aos sistemas tradicionais.
Os queimadores podem ser do seguinte tipo:
Queimadores de injeção rotativa para carvão pulverizado – o ar é obrigado a
entrar na câmara de combustão em movimento rotacional.

Queimadores de múltiplos bocais – são posicionados nas extremidades da


fornalha. Visando garantir a uma boa qualidade na mistura de carvão e ar, são
empregados queimadores com diversos bicos injetores.
Queimadores de combustíveis líquidos – nos queimadores de combustíveis
líquidos a combustão acontece em suspensão na fornalha. Quando se utiliza óleo
combustível ou óleo diesel, eles devem ser aquecidos para possibilitar o trabalho de
bombeamento e assegurar uma viscosidade adequada para o processo de nebulização
e queima dentro da câmara de combustão.
d. Turbinas a Vapor
Uma turbina a vapor é uma máquina térmica rotativa onde a energia térmica
proveniente do vapor, medida pela entalpia, é convertida em energia cinética em
virtude de sua expansão. A energia é então convertida em energia mecânica de rotação
por meio da força que o vapor exerce nas pás rotativas.
As turbinas a vapor são as máquinas térmicas de combustão externa rotativa mais
disseminada, principalmente pela possibilidade de formar unidades de elevada potência
unitária, possuir alta confiabilidade, eficiência e vida útil.

Turbina a vapor é classificada como uma máquina de combustão externa uma vez
que os gases provenientes da combustão do combustível não entram em contato direto
com o fluído de trabalho que flui interiormente na máquina e efetua os processos que
convertem a energia do combustível em potência de eixo. Em consequência disto,
possuem uma alta flexibilidade em relação ao combustível que pode ser utilizado. Uma
grande vantagem da turbina a vapor é que, através de extrações reguláveis na sua seção
de fluxo, é possível prover o calor com os parâmetros demandados pelo consumo
externo. Diante disso, o custo deste calor é menor, uma vez que nos sistemas de
cogeração o vapor, antes de abastecer um consumidor de calor, faz proveito de seu alto
conteúdo de energia térmica na turbina durante o processo que produz energia elétrica.
O calor que é necessário para o processo de ebulição do condensado e para o
superaquecimento subsequente deve ser transferido dos agentes de combustão para o
fluído de trabalho por meio das serpentinas presentes no interior da caldeira.
e. Classificação das turbinas a vapor
As turbinas a vapor podem ser classificadas seguindo alguns critérios. Levando em
consideração a sua finalidade, pode-se classificá-las em:
Acionamento elétrico – usadas com o objetivo de acionar um gerador elétrico em
uma unidade industrial, que deverá atender as necessidades da indústria. Usualmente,
operam com velocidade síncrona (1800 ou 3600 rpm) e com uma potência que pode
variar de 16 a 1300 MW.
Acionamento mecânico – usadas para acionar grandes ventiladores de tiragem,
bombas, compressores, propulsão de navios e outros equipamentos de rotação de
grandes dimensões. Frequentemente, operam em velocidades de 900 a 10000 rpm e
em uma faixa de potência que varia entre 500 kW a 10 MW.
Com relação ao seu princípio básico de funcionamento, podem ser classificadas
em:
Turbinas de ação (impulso) – nesta categoria o seu funcionamento é baseado,
exclusivamente, na queda da pressão do vapor nos bocais e também devido a sua queda
de entalpia, com a alteração da variação da entalpia em energia cinética. O vapor com
alta velocidade irá então incidir sobre as pás (palhetas móveis), acarretando na
conversão de sua energia cinética em trabalho mecânico.
Turbinas de reação – fazem o uso, simultaneamente, da pressão do vapor e da
sua expansão nas rodas móveis. Observe que o vapor não sofre expansão completa no
distribuidor, na verdade, o vapor continua a sofrer, na roda móvel, uma queda de
pressão, ao passo que sua velocidade também sofre uma queda graças à alta velocidade
que palhetas móveis se deslocam. Deste modo, o distribuidor converte apenas uma
fração da energia térmica do vapor em energia cinética, enquanto que a outra fração da
energia térmica do vapor será convertida em energia cinética na própria roda móvel. As
turbinas de reação são qualificadas devido ao fato de que a roda móvel não utiliza o
vapor com uma pressão constante, mas sim, gradualmente variável, sofrendo uma
queda de montante para jusante, no que se refere ao percurso das palhetas.
Turbina de ação simples ou de Laval
São formadas por um ou vários bocais fixos, que descarregam o vapor sobre uma
fileira de palhetas que são fixadas no contorno de um disco vinculado a um eixo,
integrando o componente conhecido como rotor. Uma de suas características
fundamentais é o fato de que a difusão do vapor ocorre integralmente no bocal
convergente-divergente, o que gera um fluxo de vapor com grande velocidade em sua
saída. Uma vez que as palhetas móveis não assimilam toda energia cinética, o vapor irá
sair com uma velocidade consideravelmente alta, e isso pode ser considerado como
perda. Levando em consideração o baixo rendimento da turbina de ação simples ou de
Laval, sua facilidade de projeto e construção torna esse tipo de turbina aconselhada para
quando se necessita de potências pequenas e altas rotações. A Figura 10 ilustra esse
tipo de turbina.

Figura 10 - Turbina de Laval.

Turbina Curtis
Com o objetivo de diminuir as perdas que ocorrem devido à velocidade residual
consideravelmente alta nas turbinas de Laval, colocam-se duas ou mais fileiras de
palhetas móveis. Em sua estrutura são fixadas, entre as filas de palhetas móveis,
palhetas fixas visando mudar a direção do escoamento conservando a velocidade e a
pressão. Para esse arranjo se dá o nome de estágio Curtis ou de velocidade escalonada.
A conversão da energia cinética em trabalho acontece em diversos estágios de
velocidade. Uma vez que em todos os estágios deve transitar o mesmo volume de vapor
e a velocidade diminui gradualmente, se faz necessário que as seções, pelas quais o
vapor transita, sejam aumentadas, o que acarreta em uma variabilidade do diâmetro
dos rotores sucessivos. O principal problema dos diversos estágios de velocidade é que,
em virtude das altas velocidades do vapor, as perdas por atrito aumentam,
principalmente se o número de estágios for muito alto. Deste modo, os estágios de
velocidade são especialmente propícios para as turbinas de baixa e média potência (até
4000 H.P.) que não necessitam de muitos estágios. Na Figura 11 segue um diagrama de
uma turbina Curtis.

Figura 11- Diagrama de uma turbina Curtis.

Turbina Rateau
São turbinas a vapor com apenas um estágio de velocidade e vários estágios de
pressão. Ao invés da queda total de pressão do vapor, ou salto térmico total, acontecer
em apenas um único conjunto de bocais, a diminuição da pressão pode acontecer em
duas ou mais fileiras de bocais, de modo a se atingir um efeito equivalente ao que
ocorreria em uma disposição de duas ou mais turbinas de Laval arranjadas em série.
A principal vantagem está no fato de que se consegue atingir uma velocidade mais
apropriada das palhetas em termos de resistência dos materiais. No entanto, as turbinas
podem atingir grandes dimensões, caso o número de estágio Rateau seja elevado. Uma
vez que o volume específico do vapor cresce à medida que se passa de um estágio para
o outro, as seções por onde o vapor transita devem ir aumentando continuamente.
Outra característica importante se deve ao fato da variação de pressão usada nos
diferentes estágios ser reduzida, o que faz com que as velocidades adquiridas pelo vapor
também sejam pequenas, e desse modo às perdas por atrito serão reduzidas,
possibilitando o uso de um maior número de estágios. Na Figura 12 segue um diagrama
de uma turbina de Rateau.
Figura 12 - Diagrama de uma turbina de Rateau.

Princípio de funcionamento

Ciclo aberto: Neste ciclo, o fluido de trabalho sofre compressão, é transferido para
a câmara de combustão e então obtém energia proveniente do combustível, elevando
a sua temperatura. Quando o fluido de trabalho sai da câmara de combustão, ele é
levado até a turbina e lá sofre expansão concedendo potência para o compressor e
potência útil, conforme visto na Figura 13. A potência útil máxima que uma turbina a gás
pode fornecer sofre limitação devido a temperatura que os materiais, com os quais a
turbina foi construída e em associação com as técnicas de resfriamento, podem
suportar, além da vida útil dos equipamentos. Os fatores fundamentais que afetam o
funcionamento das turbinas a gás são: a eficiência dos dispositivos e a temperatura de
entrada da turbina.
Outro elemento que pode afetar o funcionamento da turbina a gás é o modelo de
câmara de combustão que é utilizado, se é o modelo de câmara de combustão a pressão
constante ou se é o modelo de câmara de combustão a volume constante.

Na teoria, o ciclo a volume constante possui uma eficiência térmica mais elevada
do que o ciclo pressão constante, porém apresenta obstáculos mecânicos maiores,
necessitando de diversas válvulas para isolar a câmara de combustão da turbina, além
disso, a combustão é descontínua impedindo que a turbina funcione de uma maneira
suave.

Figura 13 - Ciclo aberto.


Ciclo fechado: O ciclo fechado possui um processo de operação similar ao do ciclo
aberto, no entanto, nesse ciclo, o fluido de trabalho mantem-se no interior do sistema
enquanto o combustível sofre combustão no exterior do sistema.
A principal vantagem do ciclo fechado (o qual é mostrado na Figura 14) é que ele
possibilita o uso de uma pressão elevada em todo o circuito resultando em uma redução
das dimensões das máquinas para uma determinada potência útil, além de viabilizar a
variação da potência útil através da alteração do nível de pressão no ciclo. Este tipo de
controle possibilita que uma ampla faixa de potência consiga ser alcançada sem a
alteração da temperatura máxima do ciclo e com uma baixa alteração de eficiência.
Além disso, esse tipo de ciclo apresenta outros benefícios como: impede o processo de
erosão das palhetas da turbina e extingue a necessidade de filtros de ar.
Um dos maiores inconvenientes do ciclo fechado é a necessidade de um sistema
externo de aquecimento e para isso é necessário o uso de um ciclo secundário com uma
desigualdade de temperatura entre os gases da combustão e o fluido de trabalho. A
turbina a gás pode variar sua configuração de várias maneiras: adicionando-se
compressores, turbinas, intercoolers entre os compressores, câmaras adicionais de
combustão, trocadores de calor, que podem ser usados no sistema de exaustão para
aquecer o ar na entrada da câmara de combustão, etc. estes refinamentos podem ser
utilizados para aumentar potência útil e a eficiência térmica a custa do aumento da
complexidade, custo e peso.

Figura 14 - Ciclo Fechado.


AULA 5 – GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

O Brasil conta com um sistema principal denominado Sistema Interligado Nacional


(SIN) para geração e transmissão de energia elétrica. O qual abrange geração e a
transmissão de energia elétrica ao longo de quase todo território nacional. Embora
venha sendo ampliado ao longo do tempo, há diversos sistemas de menor porte não
conectados ao SIN, os chamados, sistemas isolados, a exemplo da região amazônica. Isto
ocorre porque a região é composta por floresta densa e heterogênea, além de rios
extensos, que dificultaram a construção de linhas de transmissão de grande extensão
para conectar tais sistemas ao SIN.
O modo atual de geração e distribuição de eletricidade nos Brasil é dominado por
plantas centralizadas. Essas plantas são tipicamente hidrelétricas ou combustão (carvão,
óleo e gás natural). Modelos centralizados como esses, requerem transmissão em alta
tensão para que a energia elétrica saia do centro de geração para os consumidores, que,
geralmente, estão muito distantes. Essa rede de transmissão tem tensões variando
entre 88 kV a 750 kV. Além disso, este sistema contém 63 concessionárias responsáveis
por conectar 61 milhões de unidades consumidoras às plantas geradoras. Assim que a
energia elétrica chega nas subestações das distribuidoras, a tensão é rebaixada e, por
meio de um sistema composto por fios, postes e transformadores, chega à unidade final
em 127 Volts, 220 Volts ou 380 Volts. Exceção a essa regra são algumas unidades
industriais que operam com tensões mais elevadas (de 2,3 kV a 88 kV) em suas linhas de
produção e recebem energia elétrica diretamente da subestação da distribuidora (pela
chamada rede de subtransmissão).
Esse sistema com plantas centralizadas tem muitas desvantagens. Em adição aos
problemas de transmissão à distância, esses sistemas contribuem para a emissão de
gases, ineficiências, perca de potência nas linhas de transmissão, além de problemas de
segurança.

Muitos desses problemas podem ser mediados através da geração distribuída. Ao


colocar a fonte de energia próximo ou mesmo, no consumidor final, os problemas nas
linhas de transmissão serão reduzidos. Geração distribuída é comumente produzida por
conversão de energia modular, como painéis solares e eólica. Essas unidades podem ser
integradas ou não a rede. Frequentemente, consumidores que tem painéis solares
instalados contribuem mais para a rede do que eles consomem, resultando numa
situação vantajosa tanto para o consumidor como para a rede de distribuição
(CONSORTIUM ON ENERGY RESTRUCTURING, 2007). O emprego das fontes alternativas
utilizadas na GD tem uma influência direta no desenvolvimento da rede de distribuição
em direção as redes inteligentes (Smart Grids), o que é amplamente defendido na
literatura técnica (NETO, 2015).
a. Tipos de geração distribuída

No Brasil, a soma das principais fontes de geração distribuídas totaliza 18,45% da


matriz elétrica no país, como é possível conferir na Figura 3.

Figura 15 - Gráfico da matriz elétrica no Brasil de forma percentual.

b. Condições necessárias para a conexão


No Brasil, a forma de conexão ao sistema elétrico é definida pelas concessionárias,
levando em consideração a Resolução Normativa ANEEL No 56 de abril de 2004 e os
Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST -
Módulo 3 – Acesso ao Sistema de Distribuição, que determina à aplicação do critério de menor
custo global de investimentos, consideradas as instalações de conexão de responsabilidade do
acessante, os reforços nas redes de transmissão, a distribuição e custos de perdas elétricas(LUIZ,
2012). Alguns dos critérios que mais se destacam definidos no Módulo 3 (ANEEL, 2015) são:

•O acessante que conecta suas instalações ao sistema de distribuição não pode reduzir a
flexibilidade de recomposição do mesmo, seja em função de limitações dos equipamentos
ou por tempo de recomposição;

•O paralelismo das instalações do acessante com o sistema da acessada não pode causar
problemas técnicos ou de segurança aos demais acessantes, ao sistema de distribuição
acessado e ao pessoal envolvido com a sua operação e manutenção;

•O acessante é o único responsável pela sincronização adequada de suas instalações


como sistema de distribuição acessado;

•O acessante deve ajustar suas proteções de maneira a desfazer o paralelismo caso ocorra
desligamento, antes da subsequente tentativa de religamento, cujo tempo de
religamento é definido no acordo operativo;

•No caso de paralelismo permanente, o acessante deve atender aos requisitos técnicos
de operação da acessada, observando os procedimentos operacionais definidos no
PRODIST- Módulo 4 - Procedimentos Operativos;
•Os estudos básicos, de responsabilidade do acessante, devem avaliar tanto no ponto de
conexão como na sua área de influência no sistema elétrico acessado, os aspectos
relacionado ao nível de curto-circuito, à capacidade de disjuntores, barramentos,
transformadores de instrumento e malhas de terra, à adequação do sistema de proteção
envolvido na integração das instalações do acessante e aos ajuste dos parâmetros dos
sistemas de controle de tensão e de frequência e, para conexões em alta tensão, dos sinais
estabilizadores.

•As tensões de conexão padronizadas para MT e AT são 13,8 kV (MT), 34,5 kV (MT),69
kV (AT) e 138 kV (AT).Ainda no módulo 3 são definidos os requisitos a serem observados
pelos acessantes que necessitam elaborar projetos de instalações de conexão, o que
inclui as características técnicas, normas, padrões e procedimentos específicos do
sistema de distribuição da acessada.

No contexto dos sistemas de proteção e controle para conexão de centrais geradoras,


destacam-se os itens a seguir:

•Os níveis de tensão devem seguir a Tabela 1;

•As funções mínimas de proteção em função da potência instalada devem seguir a


Tabela 2;

•Nas conexões de centrais geradoras acima de 10 MW as proteções de subtensão/


sobretensão e subfrequência/ sobrefrequência devem prever as operações instantânea
e temporizada, levando em consideração o esquema de proteção informado pela
acessada;

•Centrais geradoras com potência instalada acima de 300 kW devem possuir sistemas
de controle automático de tensão e de frequência;

•O paralelismo das centrais geradoras com o sistema de distribuição pode ser


estabelecido por um ou mais disjuntores, desde que supervisionados por relé de
verificação de sincronismo, os quais devem operar nas seguintes condições anormais:

(a) sobretensão es subtensão;


(b) sobrecorrentes de fase e de neutro;
(c) sobrefrequência/subfrequência.

Além disso, é necessário proteção de retaguarda;

•A acessada deve implementar medidas preventivas que impeçam a ocorrência de


sobreensões e subtensões sustentadas em seu sistema de distribuição.
Tabela 1 - Níveis de tensão considerados para a conexão de centrais geradoras.
Tabela 2 - Proteções mínimas em função da potência instalada.

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