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RESUMO
As estruturas de concreto armado são, tradicionalmente, consideradas mais resistentes à ação térmica, por serem
menos esbeltas (mais “robustas”) quando comparadas às estruturas metálicas.
O concreto armado é um material heterogêneo, mas comporta-se como material homogêneo à temperatura
ambiente. Em altas temperaturas a heterogeneidade “adormecida” é realçada e a reação ao calor diferenciada de
cada constituinte contribui na degeneração progressiva do material. A reação de desestruturação físico-química
do concreto durante o incêndio está associada às características de dosagem e aos tipos de esforços suportados
pelos elementos estruturais.
Entidades internacionais científicas e de normatização têm buscado soluções práticas para previsão do
desempenho do elemento estrutural de concreto, levando em conta a influência dos fatores tecnológicos e
mecânicos mais comuns nos edifícios usuais de múltiplos-andares, a fim de garantir a proteção à vida por meio
da segurança estrutural.
Neste trabalho são descritos o comportamento do concreto armado endurecido e as prescrições das principais
normas internacionais (Eurocode 2 Part 1.2 (2002) e ACI 216R (1989)) para o dimensionamento estrutural
seguro.
A divulgação de informações científicas sobre o comportamento do concreto armado em altas temperaturas e as
soluções atuais para evitar uma eventual falência precipitada de algum elemento estrutural é importante para a
manutenção da qualidade das estruturas correntes.
Palavras-chave: altas temperaturas, concreto armado, resistência ao fogo, sustentabilidade em incêndio.
ABSTRACT
The reinforced concrete structures are considered more resistant to the thermal action, then the steel structures
because they are not so slender (more robust) as much as the steel frames.
The reinforced concrete is a heterogeneous material; however it behaves as a homogeneous material at the room
temperature. This “asleep heterogeneity” is enhanced in high temperatures and the differentiated reaction to heat
of each constituent (paste, aggregates, steel and water) contributes to the progressive deterioration of the
reinforced concrete. The reaction of physical-chemical degradation of concrete is related to the characteristics
and the kinds of efforts supported for the structural elements.
Scientific international council and standardization associations have attempted to adopt practical solutions to
evaluate the performance of the structural elements and to take into account the influence of technological and
mechanical factors more common in the usual multi-storey buildings, in order to assurance the life protection by
means of structural safety.
The behavior of the hardener concrete and the prescriptions of main international codes (Eurocode 2 Part 1.2
(2002) e ACI 216R (1989)) are described in this paper for the safe structural design.
The scientific information publishing about the behavior of reinforced concrete in high temperatures and the
current solutions to prevent a possible early failure of some structural element are important to keep the quality
of usual building.
Keywords: high temperature, reinforced concrete, fire resistance, sustainability in fire.
Seminário Internacional – Demandas Sociais, Inovações Tecnológicas e a Cidade
1 INTRODUÇÃO
A ação térmica produz o aumento da temperatura nos elementos estruturais. A variação térmica para níveis de
temperatura sucessivamente elevados causa alterações no comportamento atômico das moléculas do material que
constitui esses elementos estruturais.
No concreto endurecido, as alterações físico-químicas influenciam sobremaneira as propriedades mecânicas do
concreto, tais como: módulo de elasticidade, resistências à tração e à compressão. Há alongamento excessivo e o
aparecimento de esforços solicitantes adicionais nas estruturas hiperestáticas.
A ação térmica é descrita pelos fluxos de calor radiativo e convectivo. O primeiro é gerado pelas chamas e pela
superfície aquecida dos elementos estruturais e de compartimentação. O segundo, pela diferença de densidade
entre os gases do ambiente em chamas: os gases quentes são menos densos e tendem a ocupar a atmosfera
superior, enquanto os gases frios, de densidade menor, tendem a se movimentarem para a atmosfera inferior do
ambiente (SILVA (2001)).
Para fins de projeto estrutural, o incêndio é caracterizado pela relação temperatura x tempo, representando a
variação da temperatura no compartimento durante o período de duração do incêndio.
A relação temperatura x tempo é representada pelas “curvas temperatura-tempo” ou “curvas de incêndio”, as
quais podem ser padronizadas (curva-padrão) ou parametrizadas pelas características do cenário do incêndio
(curvas naturais). A partir dessas curvas é possível calcular a máxima temperatura atingida pelas peças
estruturais e a sua correspondente resistência (COSTA & SILVA (2003)).
O colapso progressivo de edifícios altos em situação de incêndio ganhou destaque no meio técnico-científico
após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Contudo, o colapso estrutural total ou parcial de
edifícios altos de concreto causado pelo incêndio não é incomum.
COSTA & SILVA (2003) citam alguns edifícios de múltiplos andares em concreto armado que tiveram colapso
progressivo parcial ou total, com vítimas fatais:
Sede I e Sede II da CESP em São Paulo (1987) (Figura 3.1);
“Condomínio Edifício Cacique” em Porto Alegre (1996) (Figura 3.2);
Edifício industrial de 6 pavimentos, fábrica de roupas em Alexandria – Egito (2000) (Figura 3.3) e
Edifício residencial de 9 pavimentos, em São Petersburgo – Rússia (2002) (Figura 3.4).
Figura 3.1: Incêndio no edifício da CESP Figura 3.2: Danos nos pilares do Edifício Cacique em Porto Alegre (KLEIN
em São Paulo (Revista Incêndio (2000) apud et al. (2000)).
COSTA & SILVA (2003)).
1
Edifício de 6 andares e área de piso 200 x 85 m² em concreto armado.
2
Supplement to the National Building Code of Canada (Associate Committee on the National Building Code 1990).
3
A representação de incêndios por modelos realísticos é particularmente difícil em virtude da grande variedade e variabilidade das
características do cenário de incêndio para cada situação de incêndio (SILVA (2001), COSTA & SILVA (2003), VILA REAL (2004)).
Procedimentos de cálculo
(projeto)
Métodos tabulares Métodos simplificados Métodos de cálculo Métodos simplificados Métodos de cálculo Métodos de cálculo Determinação das ações Determinação das ações Seleção das
(modelos simples de cálculo) avançados (modelos simples de cálculo, avançados avançados mecânicas e condições mecânicas e condições ações mecânicas
se existirem) de contorno de contorno
Figura 3.5: Procedimentos de cálculo estrutural para segurança contra-incêndio recomendado pelo Eurocode 1 Part 1.2 (prEN 1991-1-2 (2002)).
As exigências de desempenho fundamentam-se na análise ponderada dos elementos em jogo, durante o sinistro:
cenário de incêndio, arranjo estrutural, eficiência da proteção ativa, dentre outros (VILA REAL (2004)). O
desenvolvimento tecnológico atualmente permite adotar novos materiais e sistemas construtivos, novas alternativas e
soluções técnicas de papel importante no comportamento estrutural em incêndio.
Os procedimentos de cálculo estrutural para segurança contra-incêndio recomendados pelos “hot Eurocodes” (Figura
3.5) apresentam 3 níveis de solução (COSTA (2002)):
nível 1: soluções práticas de projeto, de aplicação imediata adotando-se métodos gráficos e tabulares para
elementos estruturais;
nível 2: métodos simplificados de dimensionamento para elementos estruturais específicos;
nível 3: modelos gerais de cálculo para simular o comportamento global da estrutura, tais como: análise do
efeito do conjunto, de partes da estrutura ou de um elemento estrutural isolado.
As soluções de níveis 1 e 2 não requerem mão-de-obra especializada para operar programas de computador
complexos, enquanto as soluções de nível 3 são dispendiosas por necessitar de grandes investimentos em
hardwares e softwares e treinamento intensivo de pessoal. Os ensaios em laboratórios são o “último recurso”
para as situações que não se enquadrem nesses 3 níveis (COSTA (2002)). Ao adotar as soluções de nível 1, a
verificação da estrutura em situação de incêndio não é necessária.
Figura 3.6: Correlação entre a espessura Figura 3.7: Dimensões de largura “bmin” e o cobrimento das armaduras “cmín”
mínima da laje e o TRRF, considerando distância “a” entre o centro geométrico da armadura principal e a face exposta ao
o tipo de agregado (ACI 216R (1989)). fogo (AS-3600 (2001), NZS 3101 Part 1 (1985)).
3600 (2001)).
Como exemplos, a Tabela 3.1 e Tabela 3.2 fornecem, respectivamente, os valores mínimos de espessura e
cobrimento de armaduras recomendados pelo Supplement to the National Building Code of Canada (NBCC2
(1990) apud HARMATHY (1993)) para alguns elementos estruturais.
Em face das inovações tecnológicas, as versões mais recentes das normas internacionais apresentam-se mais
rigorosas nas exigências de segurança contra-incêndio. Por exemplo, o método tabular do Eurocode 2 (prEN
1992-1-2 (2002)) apresenta as dimensões mínimas em função do TRRF, considerando a estanqueidade, a
esbeltez, as condições de vínculo e as taxas de armadura e de carregamento (Tabela 3.3).
O Eurocode 2 (prEN 1992-1-2 (2002)) ainda recomenda certos limites para as características tecnológicas do
concreto, como o teor de umidade livre e fator água/cimento. Tais medidas têm o objetivo de prevenir o
“spalling” instantâneo e alguma conseqüente falência estrutural.
Tabela 3.1: Espessura mínima recomendada para lajes e vigas de concreto, em função do TRRF (NBCC2 (1990) apud
HARMATHY (1993)).
Tabela 3.2: Cobrimento mínimo em mm das armaduras para lajes e vigas de concreto armado e protendido, em função do
TRRF (NBCC2 (1990) apud HARMATHY (1993)).
†
A = Área da Cobrimento mínimo das armaduras (mm)
Tipo de
Elemento estrutural seção transversal TRRF (min)
agregado
em m² 30 45 60 90 120 180 240
lajes silicoso, calcáreo
— 20 20 20 20 25 32 39
Concreto
armado
Tabela 3.3: Dimensões mínimas para pilares de seções retangular e circular sujeitos à flexão composta (valores moderados
para momentos de 1ª ordem: excentricidade e = 0,5.b ≤ 200 mm) com taxa mecânica de armadura ω = 1 (prEN 1992-1-2
(2002)).
Dimensões mínimas (mm) para a largura do pilar “bmin” e distância
índice de
TRRF “a” do eixo da armadura
esbeltez
(min) η = 0,15 η = 0,3 η = 0,5 η = 0,7
λ
bmin a bmin a bmin a bmin a
30 200 30 500 30
30 150 25* 150 25*
300 25* 550 25
250 30 500 40
40 150 25* 150 25*
450 25* 600 30
150 30 300 35
50 150 25* 550 35
200 25* 500 25*
200 30 350 40
60 150 25* 550 50
250 25* 500 25*
200 30 450 50
70 150 25* (1)
300 25* 550 25*
250 30 500 35
80 150 25* (1)
350 25* 600 30
200 35 350 40 550 45
30 150 25*
450 25* 600 30 600 40
150 30 200 40 450 50
40 600 40
200 25* 500 25* 500 35
150 35 250 40 500 40
50 600 60
250 25* 550 25* 600 35
60
200 30 300 40 500 50
60 (1)
350 25* 600 25* 600 40
250 30 350 40 550 50
70 (1)
450 25* 600 30 600 45
250 55 450 40
80 600 70 (1)
500 25* 500 35*
200 35 250 50 500 50
30 600 70
300 25* 550 25* 600 40
200 40 300 50 500 55
40 (1)
450 25* 600 30 600 45
200 45 350 50
50 550 50 (1)
500 25* 600 35
90
200 50 450 50
60 600 60 (1)
550 25* 600 40
250 45 500 50
70 600 80 (1)
600 30 600 45
250 50 500 55
80 (1) (1)
500 35 600 45
200 50 450 45 550 55
30 (1)
450 25* 600 25* 600 50
250 50 500 40
40 600 65 (1)
500 25* 600 30
300 40 500 50
50 (1) (1)
550 25* 600 35
120
350 45 500 60
60 (1) (1)
550 25* 600 40
450 40 550 60
70 (1) (1)
600 30 600 50
450 45
80 600 65 (1) (1)
600 30
* Normalmente o cobrimento recomendado em situação normal é suficiente.
N 0,Ed
η= , onde N0,Ed é o carregamento de 1ª ordem aplicado ao pilar.
(A c ⋅ f cd + As ⋅ f yd )
A s ⋅ f yd
ω=
A c ⋅ f cd
(1) É necessária largura maior que 600 mm. Uma avaliação particular da flambagem é requerida.
onde: fck,θ = resistência característica do concreto à compressão à temperatura elevada θ (°C) [MPa];
κc,θ = coeficiente de redução da resistência à compressão do concreto em função da temperatura θ (°C)
[adimensional];
fck = resistência característica do concreto à compressão à temperatura ambiente [MPa].
f ck [3.2]
f cd ,θ = κ c ,θ ⋅
γc
onde: fcd,θ = resistência de cálculo do concreto à compressão à temperatura elevada θ (°C) [MPa];
κc,θ = coeficiente de redução da resistência à compressão do concreto em função da temperatura θ (°C)
[adimensional];
fck = resistência característica do concreto à compressão em temperatura ambiente [MPa].
γc = coeficiente de minoração da resistência característica do concreto à compressão em situação
excepcional [adimensional], inferior ao normalmente utilizado à temperatura ambiente.
1 1
agregados silicosos (granito, quartzito, ...) DTU (1974)
agregados calcáreos HERTZ (1980) apud HERTZ (1999)
0,9 BOUTIN (1983)
agregados leves (vermiculita, argila expandida, ...)
DIEDERICHS et al. (1988) apud PHAN (1996)
0,6
κc,θ = fck,θ/fck
0,6
0,5
κsE,θ = Es,θ/Es
módulo de elasticidade do aço laminado
0,4 (para comparação)
0,4
0,3
0,2
0,2
0,1
0
0 0 200 400 600 800 1000 1200
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura θ (°C)
Temperatura θ (°C)
Figura 3.8: Coeficiente de redução da resistência do Figura 3.9: Coeficiente de redução do módulo de elasticidade
concreto à compressão, em função da temperatura (prEN do concreto, em função da temperatura (COSTA (2002)).
1991-1-2 (2002)).
A redução do módulo de elasticidade do concreto, em função da temperatura elevada é considerada por meio do
coeficiente redutor κcE,θ (expressão 3.3). A Figura 3.9 apresenta alguns resultados experimentais.
E c ,θ = κ cE ,θ ⋅ E ck [3.3]
De forma análoga ao concreto, a redução da resistência aço em função da temperatura elevada é determinada por
meio do coeficiente redutor κs,θ da Figura 3.10. O valor característico da resistência em função da temperatura θ
(°C) é apresentada na expressão 3.4 e o valor de cálculo, na expressão 3.5:
f yk ,θ = κ s ,θ ⋅ f yk [3.4]
f yk [3.5]
f yd ,θ = κ s ,θ ⋅ = κ s ,θ ⋅ f yk
γs
onde: fyd,θ = resistência de cálculo do aço em situação de incêndio, à temperatura elevada θ (°C) [MPa];
κs,θ = fator de redução da resistência do aço em função da temperatura θ (°C) [adimensional];
fyd = resistência de cálculo do aço à temperatura ambiente [MPa];
fyk = resistência característica do aço à temperatura ambiente [MPa];
γs = coeficiente de minoração da resistência característica do aço em situação excepcional
[adimensional], inferior ao normalmente utilizado à temperatura ambiente.
1 1
laminados a quente (CA) aços laminados a quente (CA)
aços trabalhados a frio (CA)
trabalhados a frio (CA)
aços trabalhados a frio (CP)
trabalhados a frio (CP)
0,8 0,8
κpE,θ = Ep,θ/Ep
(módulo de elasticidade do aço
trabalhado à frio para armadura
κs,θ = fyk,θ/fyk
κsE,θ = Es,θ/Es
0,4 0,4
0 0
0 200 400 600 800 1000 1200 0 200 400 600 800 1000 1200
Figura 3.10: Coeficiente de redução da resistência Figura 3.11: Coeficiente de redução do módulo de
convencional ao escoamento do aço, em função da elasticidade dos aços para concreto armado e protendido
temperatura (prEN 1991-1-2 (2002)). (prEN 1992-1-2 (2002)).
Os procedimentos de cálculo de CULVER et al. (1973), OSSENBRUGGEN et al. (1973) e UDDIN & CULVER
(1975) apud ALMAND et al. (1992) foram rudimentos dos métodos simplificados posteriores.
Algumas normas americanas (ACI 216R (1989) e NBCC2 (1990) apud HARMATHY (1993)) e britânica (BS
8110-2 (1985)) indicam os princípios de CULVER et al. (1973), OSSENBRUGGEN et al. (1973) e UDDIN &
CULVER (1975) apud ALMAND et al. (1992) na íntegra para o projeto de elementos de concreto e,
eventualmente, impõem temperaturas-limite aos materiais.
Em face da baixa condutividade térmica do material e das grandes seções dos elementos, os elementos de
concreto possuem elevados gradientes térmicos em situação de incêndio, sendo difícil estimar uma temperatura
uniforme equivalente, representativa para o cálculo da resistência real do concreto.
Por isso, os métodos simplificados indicados nas versões mais recentes de normas e handbooks são consideram a
redução da resistência do concreto, por meio da redução de área da seção do elemento. São eles: o método de
Hertz, idealizado pelo dinamarquês HERTZ (1985) apud PURKISS (1996) e, o “método dos 500 °C”, idealizado
pelo sueco ANDERBERG (1978) apud RIGBERTH (2000).
O Eurocode 2 (prEN 1992-1-2 (2002)) indica ambos os métodos; o FIP-CEB Bulletin N° 208 (1991) e a BKR-99
(1999) apud RIGBERTH (2000), apenas o “método dos 500 °C”. Os procedimentos básicos de cálculo para
ambos os métodos são similares, diferenciando apenas a forma de reduzir a seção de concreto:
1° determinar a distribuição de temperatura na seção transversal do elemento de concreto, em função do TRRF
(tempo requerido de resistência ao fogo);
2° reduzir a seção transversal, correspondente à região periférica do elemento, formada pelas camadas
superficiais de concreto danificadas pelo calor;
3° determinar a temperatura das barras da armadura;
4° determinar a redução das características mecânicas do aço em função da temperatura elevada;
5° estimar a resistência da peça com as propriedades mecânicas e a seção transversal reduzidas, por meio do equilíbrio
de esforços da seção transversal análogo ao modelo de cálculo utilizado no projeto à temperatura ambiente;
6° comparar o valor de cálculo do esforço resistente em temperatura elevada ao valor de cálculo do esforço
atuante em situação excepcional.
COSTA et al. (2004) aplicaram os princípios do “método dos 500 °C” ao modelo de cálculo utilizado à
temperatura ambiente, para o dimensionamento à flexão composta normal em pilares de concreto armado. A
iniciativa tem o objetivo de fornecer subsídios para o dimensionamento de elementos comprimidos em situação
de incêndio, com base nos mesmos procedimentos de cálculos adotados no projeto à temperatura ambiente.
Algumas normas (NBCC2 (1990) apud HARMATHY (1993), AS 3600 (2001)) apresentam expressões empíricas
que permitem determinar o tempo de resistência ao fogo da estrutura em função de suas características
geométricas, da resistência do concreto e do carregamento axial aplicado, este último, no caso de pilares. A
origem dessas expressões está nos estudos canadenses desenvolvidos por LIE & ALLEN (1972) apud
ALMAND et al. (1992), ALLEN & LIE (1974) apud HARMATHY (1993), LIE et al. (1984) apud ALMAND et
al. (1992), LIE & WALLERTON (1988) apud WADE et al. (1997) e LIE & IRWIN (1990) apud HARMATHY
(1993).
A simplicidade dessas expressões esconde exaustivas simulações numéricas, baseadas em ensaios. Por exemplo,
a expressão [3.7] indicada pela AS 3600 (2001), para o cálculo do tempo de resistência ao fogo (TRF) de pilares
de concreto armado requereu ao todo, 792 simulações numéricas com base em 18 ensaios realizados pelo
National Research Council of Canada (LIE & WOOLLERTON (1988) apud WADE et al. (1997)).
As simulações foram divididas entre grupos caracterizados pelas resistências dos materiais, cobrimento das
⎛ ⎞
armaduras, esbeltez e relação entre as dimensões dos pilares ⎜ h pilar ⎟ . A aplicação da expressão [3.7] é restrita à
⎜b ⎟
⎝ pilar ⎠
h
relação entre as dimensões 1 ≤ pilar ≤ 8 , aos cobrimentos 20 mm ≤ cobrimento ≤ 40 mm, às resistências do
b pilar
concreto 20 MPa ≤ fck ≤ 50 MPa e ao comprimento do pilar ℓpilar ≥ 5.hpilar.
κ ⋅ f ck 1,3 ⋅ b pilar 3,3 ⋅ h pilar 1,8 [3.7]
TRF =
10 ⋅ N d ⋅ lpilar
5
N d ≥ 0,4 ⋅ N Rd
5 CONCLUSÕES
O concreto armado, como qualquer outro material, sofre os efeitos da ação térmica, comprometendo a sua
capacidade mecânica e de compartimentação. As reações ao calor da microestrutura do concreto são traduzidas
pela redução das propriedades mecânicas. Na macroestrutura, as reações ao calor assumem a forma de
deformações térmicas e fissurações excessivas dos elementos.
Na normatização internacional são encontradas prescrições sobre controle tecnológico e dimensões mínimas dos
elementos de concreto, a fim de assegurar a resistência estrutural durante um tempo mínimo preestabelecido pela
legislação.
Nas principais normas da América, Europa e Oceania também são encontrados métodos de dimensionamentos
com base em modelos simples de cálculo. Os métodos sugeridos, contudo, não são detalhados para todos os tipos
6 AGRADECIMENTOS
Agradecemos à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pelo apoio dado a esta
pesquisa.
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