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Considerações sobre a segurança das estruturas de concreto em situação de


incêndio.

Conference Paper · October 2004

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2 authors:

Carla Neves Costa Valdir Pignatta Silva


University of Campinas University of São Paulo
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Seminário Internacional – Demandas Sociais, Inovações Tecnológicas e a Cidade

CONSIDERAÇÕES SOBRE A SEGURANÇA DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO


EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO.
COSTA, Carla Neves(1); SILVA, Valdir Pignatta(2).
(1)
Engª Civil, M.Sc., Doutoranda – e-mail: carlac@usp.br
(2)
Professor Doutor – e-mail: valpigss@usp.br
Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
Av. Prof. Almeida Prado, Trav. 2, n° 271, Ed. Paula Souza [Eng. Civil] – CEP 05508-900 – Cidade Universitária –
São Paulo – S.P. – Tel.: +55 +11 3091-5542 / 5562. Fax: +55 +11 3091-5181.

RESUMO
As estruturas de concreto armado são, tradicionalmente, consideradas mais resistentes à ação térmica, por serem
menos esbeltas (mais “robustas”) quando comparadas às estruturas metálicas.
O concreto armado é um material heterogêneo, mas comporta-se como material homogêneo à temperatura
ambiente. Em altas temperaturas a heterogeneidade “adormecida” é realçada e a reação ao calor diferenciada de
cada constituinte contribui na degeneração progressiva do material. A reação de desestruturação físico-química
do concreto durante o incêndio está associada às características de dosagem e aos tipos de esforços suportados
pelos elementos estruturais.
Entidades internacionais científicas e de normatização têm buscado soluções práticas para previsão do
desempenho do elemento estrutural de concreto, levando em conta a influência dos fatores tecnológicos e
mecânicos mais comuns nos edifícios usuais de múltiplos-andares, a fim de garantir a proteção à vida por meio
da segurança estrutural.
Neste trabalho são descritos o comportamento do concreto armado endurecido e as prescrições das principais
normas internacionais (Eurocode 2 Part 1.2 (2002) e ACI 216R (1989)) para o dimensionamento estrutural
seguro.
A divulgação de informações científicas sobre o comportamento do concreto armado em altas temperaturas e as
soluções atuais para evitar uma eventual falência precipitada de algum elemento estrutural é importante para a
manutenção da qualidade das estruturas correntes.
Palavras-chave: altas temperaturas, concreto armado, resistência ao fogo, sustentabilidade em incêndio.

ABSTRACT
The reinforced concrete structures are considered more resistant to the thermal action, then the steel structures
because they are not so slender (more robust) as much as the steel frames.
The reinforced concrete is a heterogeneous material; however it behaves as a homogeneous material at the room
temperature. This “asleep heterogeneity” is enhanced in high temperatures and the differentiated reaction to heat
of each constituent (paste, aggregates, steel and water) contributes to the progressive deterioration of the
reinforced concrete. The reaction of physical-chemical degradation of concrete is related to the characteristics
and the kinds of efforts supported for the structural elements.
Scientific international council and standardization associations have attempted to adopt practical solutions to
evaluate the performance of the structural elements and to take into account the influence of technological and
mechanical factors more common in the usual multi-storey buildings, in order to assurance the life protection by
means of structural safety.
The behavior of the hardener concrete and the prescriptions of main international codes (Eurocode 2 Part 1.2
(2002) e ACI 216R (1989)) are described in this paper for the safe structural design.
The scientific information publishing about the behavior of reinforced concrete in high temperatures and the
current solutions to prevent a possible early failure of some structural element are important to keep the quality
of usual building.
Keywords: high temperature, reinforced concrete, fire resistance, sustainability in fire.
Seminário Internacional – Demandas Sociais, Inovações Tecnológicas e a Cidade

1 INTRODUÇÃO
A ação térmica produz o aumento da temperatura nos elementos estruturais. A variação térmica para níveis de
temperatura sucessivamente elevados causa alterações no comportamento atômico das moléculas do material que
constitui esses elementos estruturais.
No concreto endurecido, as alterações físico-químicas influenciam sobremaneira as propriedades mecânicas do
concreto, tais como: módulo de elasticidade, resistências à tração e à compressão. Há alongamento excessivo e o
aparecimento de esforços solicitantes adicionais nas estruturas hiperestáticas.
A ação térmica é descrita pelos fluxos de calor radiativo e convectivo. O primeiro é gerado pelas chamas e pela
superfície aquecida dos elementos estruturais e de compartimentação. O segundo, pela diferença de densidade
entre os gases do ambiente em chamas: os gases quentes são menos densos e tendem a ocupar a atmosfera
superior, enquanto os gases frios, de densidade menor, tendem a se movimentarem para a atmosfera inferior do
ambiente (SILVA (2001)).
Para fins de projeto estrutural, o incêndio é caracterizado pela relação temperatura x tempo, representando a
variação da temperatura no compartimento durante o período de duração do incêndio.
A relação temperatura x tempo é representada pelas “curvas temperatura-tempo” ou “curvas de incêndio”, as
quais podem ser padronizadas (curva-padrão) ou parametrizadas pelas características do cenário do incêndio
(curvas naturais). A partir dessas curvas é possível calcular a máxima temperatura atingida pelas peças
estruturais e a sua correspondente resistência (COSTA & SILVA (2003)).

2 AÇÃO TÉRMICA NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO


2.1 Efeito do calor nos constituintes do concreto endurecido
Como em qualquer outro material, o concreto sofre alterações no arranjo interatômico das moléculas; devido à
elevação de temperatura há variação na intensidade das forças de ligação interatômicas em sua microestrutura, a
qual levam à formação e propagação de fissuras na microestrutura e produz deformações (elásticas e plásticas)
na macroestrutura (CALLISTER Jr. (2002)).
A pasta de cimento Portland desestrutura-se quimicamente por desidratação, enfraquecendo o concreto
endurecido. A água livre presente na pasta evapora-se à medida que a temperatura se eleva. Nos concretos usuais
saturados e nos concretos de baixa porosidade, a pressão de vapor desenvolvida pode-se elevar a tal ponto,
ultrapassando a capacidade de liberação dos vapores através dos poros, aumentando o risco de “spalling”
(lascamentos).
Além da pressão interna de vapor, COSTA et al. (2002a) descreveram outras possíveis causas do “spalling”. O
“spalling” pode ser controlado ao adicionar fibras poliméricas à mistura. NINCE et al. (2003) investigaram o
desempenho das misturas submetidas a temperaturas elevadas, em função do teor e tipo de fibras plásticas para
dosagens típicas do Brasil.
Agregados graníticos se expandem subitamente a temperaturas elevadas, devido às transformações
mineralógicas. A expansão volumétrica contribui no aparecimento de “pop outs” (pipocamentos) localizados,
expondo partes da armadura ao calor (COSTA et al. (2002b)).

2.2 Efeito do calor nas estruturas de concreto armado


A heterogeneidade dos materiais constituintes do concreto (pasta, água, agregados, aço) conduz à degradação do
concreto armado; a reação da macroestrutura do material por meio de “pop outs” (pipocamentos) e “spalling”
(lascamentos) expõe as armaduras à ação direta do fogo. Com o “spalling” há perda de uma porção considerável de
material da estrutura, expondo também as camadas do interior do concreto à ação direta do fogo, promovendo o
enfraquecimento progressivo das camadas do concreto.
O calor se propaga mais rapidamente no aço, do que no concreto. A temperatura se uniformiza rapidamente ao
longo das ferragens; elas dilatam mais do que o concreto, flambam e comprimem a zona de aderência aço-
concreto. Por essa razão, pode haver perda de aderência e ancoragem (COSTA & SILVA (2002)).
Devido à temperatura elevada, as transformações físico-químicas do concreto e do aço manifestam-se por meio
da redução das propriedades mecânicas de ambos materiais. Do ponto de vista da Mecânica das Estruturas, a
reação do concreto armado ao calor assume a forma de redução da capacidade resistente dos elementos
estruturais.

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O colapso progressivo de edifícios altos em situação de incêndio ganhou destaque no meio técnico-científico
após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Contudo, o colapso estrutural total ou parcial de
edifícios altos de concreto causado pelo incêndio não é incomum.
COSTA & SILVA (2003) citam alguns edifícios de múltiplos andares em concreto armado que tiveram colapso
progressivo parcial ou total, com vítimas fatais:
Sede I e Sede II da CESP em São Paulo (1987) (Figura 3.1);
“Condomínio Edifício Cacique” em Porto Alegre (1996) (Figura 3.2);
Edifício industrial de 6 pavimentos, fábrica de roupas em Alexandria – Egito (2000) (Figura 3.3) e
Edifício residencial de 9 pavimentos, em São Petersburgo – Rússia (2002) (Figura 3.4).

Figura 3.1: Incêndio no edifício da CESP Figura 3.2: Danos nos pilares do Edifício Cacique em Porto Alegre (KLEIN
em São Paulo (Revista Incêndio (2000) apud et al. (2000)).
COSTA & SILVA (2003)).

Figura 3.3: Desabamento de fábrica de roupas em Alexandria – Egito


(BBC News (2000) apud COSTA & SILVA (2003)).
Figura 3.4: Desabamento de edifício em São
Petersburgo – Rússia (O Estado de São Paulo
(2002) apud COSTA & SILVA (2003)).

O incêndio levou outros edifícios de concreto na Europa, ao colapso parcial ou totalmente:


“Minin works” em Surrey – Reino Unido, 1969 (THE INSTITUTE OF STRUCTURAL ENGINEERS
(1975) apud BAILEY (2001));

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fábrica Linde na Alemanha, 1971 (MALHOTRA (1978) apud BAILEY (2001));


loja de departamentos “Katrantzos Sport” em Atenas – Grécia, 1980 (PAPAIOANNOU (1986) apud
BEITEL & IWANKIW (2002));
biblioteca de Linköping na Suécia, 1996 (Van ACKER (2001) apud BAILEY (2001)).

Na América do Norte há relatos da mesma natureza:


edifício comercial “One New York Plaza” em New York – U.S.A., 1970 (BEITEL & IWANKIW (2002));
“Military Personnel Record Center”1 em Overland – U.S.A., 1973 (SHARRY et al. (1974) apud BEITEL &
IWANKIW (2002), GRAUERS et al. (1994));
edifício residencial “Jackson Street Apartment” em Hamilton – Canadá, 2002 (BEITEL & IWANKIW
(2002)).

3 MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO EM SITUAÇÃO DE


INCÊNDIO
3.1 Normatização internacional
O dimensionamento das estruturas de concreto em incêndio depende de vários fatores, sendo os mais
importantes: a taxa de carregamento da peça, a temperatura no interior do concreto e da armadura e a
propriedades térmicas do concreto em altas temperaturas.
Os códigos de projeto estrutural dos principais continentes (ACI 216R (1989), NBCC2 (1990) apud
HARMATHY (1993), FIP-CEB Bulletin N° 208 (1991), prEN 1992-1-2 (2002), BS 8110-2 (1985), NZS 3101
Part 1 (1995), AS 3600 (2001)) apresentam métodos de dimensionamento simples, admitindo que a temperatura
do incêndio de materiais celulósicos obedece à curva-padrão.
A curva-padrão (ISO-834 (1975) apud ISO (1990)) não representa um incêndio real, mas é internacionalmente
recomendada por meio de normas e procedimentos de ensaios por questões práticas3. As curvas naturais de
incêndio são recomendadas para os métodos avançados de projeto, conduzidos por uma análise estrutural
refinada, com o objetivo de avaliar o desempenho da estrutura (SILVA (1999)).
A temperatura do ambiente em chamas, a ser considerada seguindo a curva-padrão está associada a um tempo
preestabelecido pela legislação vigente, em função do risco da edificação. COSTA & SILVA (2003) descrevem
com detalhes a determinação desse “tempo”, conhecido como TRRF – tempo requerido de resistência ao fogo.
A NBR 14432 (2000) – “Exigências de Resistência ao Fogo de Elementos Construtivos das Edificações” e a
Instrução Técnica IT 08/01 (CB-PMESP (2001)) apresentam os tempos requeridos de resistência ao fogo
(TRRF’s), recomendáveis para diversos tipos de edificações brasileiras.
Na Europa, os “hot Eurocodes” – Eurocodes para o dimensionamento de estruturas em incêndio – oferecem duas
opções para a base de cálculo do projeto estrutural (Figura 3.5): exigências prescritivas e exigências de desempenho.
As exigências prescritivas fundamentam-se em uma característica-limite, por exemplo, um tempo-limite (os TRRF’s)
ou uma temperatura-limite (a chamada “temperatura crítica”) da estrutura que garante a “segurança”. Ultrapassando-se
esses limites, o elemento estrutural é considerado incapaz de cumprir a sua função de suportar as ações térmicas e
mecânicas, independente de outras variantes, por exemplo, o arranjo estrutural e a eficiência da proteção ativa.

1
Edifício de 6 andares e área de piso 200 x 85 m² em concreto armado.
2
Supplement to the National Building Code of Canada (Associate Committee on the National Building Code 1990).
3
A representação de incêndios por modelos realísticos é particularmente difícil em virtude da grande variedade e variabilidade das
características do cenário de incêndio para cada situação de incêndio (SILVA (2001), COSTA & SILVA (2003), VILA REAL (2004)).

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Procedimentos de cálculo
(projeto)

Recomendações prescritivas Recomendações baseadas no


(ações térmicas - curvas padronizadas) desempenho
(com base nas ações térmicas)

Análise de elementos Análise de Análise global Escolha de modelos de incêndios


isolados partes da estrutura da estrutura simples ou avançados

Análise de elementos Análise de partes da Análise global


Determinação das ações Determinação das ações Seleção das
isolados estrutura da estrutura
de origem mecânica de origem mecânica e ações mecânicas
condições de contorno condições de contorno

Métodos tabulares Métodos simplificados Métodos de cálculo Métodos simplificados Métodos de cálculo Métodos de cálculo Determinação das ações Determinação das ações Seleção das
(modelos simples de cálculo) avançados (modelos simples de cálculo, avançados avançados mecânicas e condições mecânicas e condições ações mecânicas
se existirem) de contorno de contorno

Métodos simplificado Métodos de cálculo Métodos de cálculo


(modelos simples de cálculo, avançados avançados
se existirem)

Figura 3.5: Procedimentos de cálculo estrutural para segurança contra-incêndio recomendado pelo Eurocode 1 Part 1.2 (prEN 1991-1-2 (2002)).

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As exigências de desempenho fundamentam-se na análise ponderada dos elementos em jogo, durante o sinistro:
cenário de incêndio, arranjo estrutural, eficiência da proteção ativa, dentre outros (VILA REAL (2004)). O
desenvolvimento tecnológico atualmente permite adotar novos materiais e sistemas construtivos, novas alternativas e
soluções técnicas de papel importante no comportamento estrutural em incêndio.
Os procedimentos de cálculo estrutural para segurança contra-incêndio recomendados pelos “hot Eurocodes” (Figura
3.5) apresentam 3 níveis de solução (COSTA (2002)):
nível 1: soluções práticas de projeto, de aplicação imediata adotando-se métodos gráficos e tabulares para
elementos estruturais;
nível 2: métodos simplificados de dimensionamento para elementos estruturais específicos;
nível 3: modelos gerais de cálculo para simular o comportamento global da estrutura, tais como: análise do
efeito do conjunto, de partes da estrutura ou de um elemento estrutural isolado.

As soluções de níveis 1 e 2 não requerem mão-de-obra especializada para operar programas de computador
complexos, enquanto as soluções de nível 3 são dispendiosas por necessitar de grandes investimentos em
hardwares e softwares e treinamento intensivo de pessoal. Os ensaios em laboratórios são o “último recurso”
para as situações que não se enquadrem nesses 3 níveis (COSTA (2002)). Ao adotar as soluções de nível 1, a
verificação da estrutura em situação de incêndio não é necessária.

3.1.1 Métodos gráficos


Os métodos gráficos são constituídos por nomogramas ou diagramas, os quais permitem determinar as
características geométricas dos elementos estruturais, adequadas em função do TRRF.
A norma americana ACI 216R (1989) apresenta ábacos para o dimensionamento de lajes que correlacionam a
espessura ao TRRF considerando o tipo de agregado (Figura 3.6). As normas oceânicas (AS-3600 (2001) e NZS
3101 Part 1 (1985)) apresentam diagramas para dimensionamento de vigas e pilares, relacionando as dimensões
mínimas ao TRRF (Figura 3.7).

Nota: admite-se a temperatura máxima de 139


°C (250 °C) para superfície não-
exposta ao fogo. vigas contínuas pilares

Figura 3.6: Correlação entre a espessura Figura 3.7: Dimensões de largura “bmin” e o cobrimento das armaduras “cmín”
mínima da laje e o TRRF, considerando distância “a” entre o centro geométrico da armadura principal e a face exposta ao
o tipo de agregado (ACI 216R (1989)). fogo (AS-3600 (2001), NZS 3101 Part 1 (1985)).

3.1.2 Métodos tabulares


Os métodos tabulares são métodos de dimensionamento com base em dados organizados em tabelas, as quais
fornecem dados correlacionando as dimensões mínimas dos elementos ao TRRF. Esses métodos são encontrados
nas normas internacionais pesquisadas (ACI 216R (1989), NBCC2 (1990) apud HARMATHY (1993), FIP-CEB
Bulletin N° 208 (1991), Eurocode 2 (prEN 1992-1-2 (2002)), BS 8110-2 (1985), NZS 3101 Part 1 (1995), AS

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3600 (2001)).
Como exemplos, a Tabela 3.1 e Tabela 3.2 fornecem, respectivamente, os valores mínimos de espessura e
cobrimento de armaduras recomendados pelo Supplement to the National Building Code of Canada (NBCC2
(1990) apud HARMATHY (1993)) para alguns elementos estruturais.
Em face das inovações tecnológicas, as versões mais recentes das normas internacionais apresentam-se mais
rigorosas nas exigências de segurança contra-incêndio. Por exemplo, o método tabular do Eurocode 2 (prEN
1992-1-2 (2002)) apresenta as dimensões mínimas em função do TRRF, considerando a estanqueidade, a
esbeltez, as condições de vínculo e as taxas de armadura e de carregamento (Tabela 3.3).
O Eurocode 2 (prEN 1992-1-2 (2002)) ainda recomenda certos limites para as características tecnológicas do
concreto, como o teor de umidade livre e fator água/cimento. Tais medidas têm o objetivo de prevenir o
“spalling” instantâneo e alguma conseqüente falência estrutural.

Tabela 3.1: Espessura mínima recomendada para lajes e vigas de concreto, em função do TRRF (NBCC2 (1990) apud
HARMATHY (1993)).

Espessura mínima (mm) de lajes de concreto armado ou protendido e paredes de concreto


Tipo de
agregado TRRF (min)
30 45 60 90 120 180 240
silicoso 60 77 90 112 130 158 180
calcáreo 59 74 87 108 124 150 171
leve 49 62 72 89 103 124 140
COSTA & SILVA (2003) compararam os valores obtidos pelos métodos tabulares de várias normas
internacionais, inclusive algumas antigas, já canceladas, a fim de avaliar a evolução das normas de projeto de
segurança contra-incêndio. Nessa referência podemos encontrar os valores mínimos recomendados para lajes,
vigas e pilares de edifícios usuais.

Tabela 3.2: Cobrimento mínimo em mm das armaduras para lajes e vigas de concreto armado e protendido, em função do
TRRF (NBCC2 (1990) apud HARMATHY (1993)).

A = Área da Cobrimento mínimo das armaduras (mm)
Tipo de
Elemento estrutural seção transversal TRRF (min)
agregado
em m² 30 45 60 90 120 180 240
lajes silicoso, calcáreo
— 20 20 20 20 25 32 39
Concreto
armado

(cobertura e piso) e leve


silicoso, calcáreo
vigas — 20 20 20 25 25 39 50
e leve
lajes silicoso, calcáreo
— 20 25 25 32 39 50 64
(cobertura e piso) e leve
protendido
Concreto

0,026 < A ≤ 0,097 25 39 50 64 – – –


silicoso e
0,097 < A ≤ 0,194 25 26 39 45 64 – –
vigas calcáreo
A > 0,194 25 26 39 39 50 77 102

leve A > 0,097 25 25 25 39 50 77 102



As lajes devem atender às espessuras mínimas recomendadas na Tabela 3.1.

Para lajes e vigas com vários cabos protendidos em profundidades diferentes, a espessura dada deve ser interpretada como a média dos
cobrimentos desses cabos, obedecendo aos valores mínimos recomendados, a saber: o cobrimento sobre cada camada não pode ser menor
que a metade do valor recomendado nesta tabela ou menos que 20 (25) mm.

Tabela 3.3: Dimensões mínimas para pilares de seções retangular e circular sujeitos à flexão composta (valores moderados
para momentos de 1ª ordem: excentricidade e = 0,5.b ≤ 200 mm) com taxa mecânica de armadura ω = 1 (prEN 1992-1-2
(2002)).
Dimensões mínimas (mm) para a largura do pilar “bmin” e distância
índice de
TRRF “a” do eixo da armadura
esbeltez
(min) η = 0,15 η = 0,3 η = 0,5 η = 0,7
λ
bmin a bmin a bmin a bmin a
30 200 30 500 30
30 150 25* 150 25*
300 25* 550 25

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250 30 500 40
40 150 25* 150 25*
450 25* 600 30
150 30 300 35
50 150 25* 550 35
200 25* 500 25*
200 30 350 40
60 150 25* 550 50
250 25* 500 25*
200 30 450 50
70 150 25* (1)
300 25* 550 25*
250 30 500 35
80 150 25* (1)
350 25* 600 30
200 35 350 40 550 45
30 150 25*
450 25* 600 30 600 40
150 30 200 40 450 50
40 600 40
200 25* 500 25* 500 35
150 35 250 40 500 40
50 600 60
250 25* 550 25* 600 35
60
200 30 300 40 500 50
60 (1)
350 25* 600 25* 600 40
250 30 350 40 550 50
70 (1)
450 25* 600 30 600 45
250 55 450 40
80 600 70 (1)
500 25* 500 35*
200 35 250 50 500 50
30 600 70
300 25* 550 25* 600 40
200 40 300 50 500 55
40 (1)
450 25* 600 30 600 45
200 45 350 50
50 550 50 (1)
500 25* 600 35
90
200 50 450 50
60 600 60 (1)
550 25* 600 40
250 45 500 50
70 600 80 (1)
600 30 600 45
250 50 500 55
80 (1) (1)
500 35 600 45
200 50 450 45 550 55
30 (1)
450 25* 600 25* 600 50
250 50 500 40
40 600 65 (1)
500 25* 600 30
300 40 500 50
50 (1) (1)
550 25* 600 35
120
350 45 500 60
60 (1) (1)
550 25* 600 40
450 40 550 60
70 (1) (1)
600 30 600 50
450 45
80 600 65 (1) (1)
600 30
* Normalmente o cobrimento recomendado em situação normal é suficiente.
N 0,Ed
η= , onde N0,Ed é o carregamento de 1ª ordem aplicado ao pilar.
(A c ⋅ f cd + As ⋅ f yd )
A s ⋅ f yd
ω=
A c ⋅ f cd
(1) É necessária largura maior que 600 mm. Uma avaliação particular da flambagem é requerida.

3.1.3 Métodos simplificados


Além dos métodos gráficos e tabulares, alguns códigos internacionais apresentam, adicionalmente, os chamados
“métodos simplificados” para avaliação analítica da capacidade de suporte dos elementos. Tais métodos
fundamentam-se na Teoria das Estruturas ou são semi-empíricos, envolvendo extrapolações de resultados

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experimentais com base na curva-padrão.


Nos modelos simplificados, a segurança contra-incêndio é verificada pelo dimensionamento à flexão,
considerando os efeitos da temperatura sobre os materiais. Quando dimensionados adequadamente à temperatura
ambiente, os elementos estruturais de concreto raramente sofrem ruptura por cisalhamento em incêndio
(GUSTAFERRO (1986) e LIN et al. (1988) apud HARMATHY (1993), BUCHANAN (2001)).
ALMAND et al. (1992) citam CULVER et al. (1973), OSSENBRUGGEN et al. (1973) e UDDIN & CULVER
(1975) como os primeiros pesquisadores a difundir princípios de dimensionamento em situação de incêndio, com
base nos mesmos modelos de cálculo utilizados para projetos à temperatura ambiente.
Eles introduziram coeficientes de redução de resistência dos materiais aos modelos de cálculo, para simular o
efeito da temperatura elevada sobre o aço e o concreto, diferenciando assim, o projeto à temperatura ambiente do
projeto em situação de incêndio.
A redução da resistência do concreto endurecido, em função da temperatura é estimada por meio do coeficiente
redutor κc,θ (expressão 3.1 e Figura 3.8). O valor característico da resistência em função da temperatura θ (°C) é
apresentado na expressão 3.1 e o valor de cálculo dessa resistência, na expressão 3.2.
f ck ,θ = κ c ,θ ⋅ f ck [3.1]

onde: fck,θ = resistência característica do concreto à compressão à temperatura elevada θ (°C) [MPa];
κc,θ = coeficiente de redução da resistência à compressão do concreto em função da temperatura θ (°C)
[adimensional];
fck = resistência característica do concreto à compressão à temperatura ambiente [MPa].

f ck [3.2]
f cd ,θ = κ c ,θ ⋅
γc
onde: fcd,θ = resistência de cálculo do concreto à compressão à temperatura elevada θ (°C) [MPa];
κc,θ = coeficiente de redução da resistência à compressão do concreto em função da temperatura θ (°C)
[adimensional];
fck = resistência característica do concreto à compressão em temperatura ambiente [MPa].
γc = coeficiente de minoração da resistência característica do concreto à compressão em situação
excepcional [adimensional], inferior ao normalmente utilizado à temperatura ambiente.

1 1
agregados silicosos (granito, quartzito, ...) DTU (1974)
agregados calcáreos HERTZ (1980) apud HERTZ (1999)
0,9 BOUTIN (1983)
agregados leves (vermiculita, argila expandida, ...)
DIEDERICHS et al. (1988) apud PHAN (1996)

0,8 0,8 JUMPANNEN (1989) apud TÓMMASSON (1998)


MORITA et al. (1992) apud PHAN (1996)
FURUMURA et al. (1995) apud PHAN (1996)
0,7 BUCHANAN (2001)
prEN 1992-1-2 2nd Draft (2001)
κcE,θ = Ec,θ/Ec

0,6
κc,θ = fck,θ/fck

0,6
0,5
κsE,θ = Es,θ/Es
módulo de elasticidade do aço laminado
0,4 (para comparação)
0,4
0,3

0,2
0,2
0,1

0
0 0 200 400 600 800 1000 1200
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura θ (°C)
Temperatura θ (°C)
Figura 3.8: Coeficiente de redução da resistência do Figura 3.9: Coeficiente de redução do módulo de elasticidade
concreto à compressão, em função da temperatura (prEN do concreto, em função da temperatura (COSTA (2002)).
1991-1-2 (2002)).

A redução do módulo de elasticidade do concreto, em função da temperatura elevada é considerada por meio do

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coeficiente redutor κcE,θ (expressão 3.3). A Figura 3.9 apresenta alguns resultados experimentais.

E c ,θ = κ cE ,θ ⋅ E ck [3.3]

onde: Ec,θ = módulo de elasticidade do concreto à temperatura elevada θ (°C) [GPa];


κcE,θ = coeficiente de redução do módulo de elasticidade em função da temperatura θ (°C)
[adimensional];
Ec = módulo de elasticidade do concreto à temperatura ambiente [GPa].

De forma análoga ao concreto, a redução da resistência aço em função da temperatura elevada é determinada por
meio do coeficiente redutor κs,θ da Figura 3.10. O valor característico da resistência em função da temperatura θ
(°C) é apresentada na expressão 3.4 e o valor de cálculo, na expressão 3.5:
f yk ,θ = κ s ,θ ⋅ f yk [3.4]

onde: fyk,θ = resistência característica do aço à temperatura θ (°C) [MPa];


κs,θ = coeficiente de redução da resistência do aço em função da temperatura θ (°C) [adimensional];
fyk = resistência característica do aço à temperatura ambiente [MPa].

f yk [3.5]
f yd ,θ = κ s ,θ ⋅ = κ s ,θ ⋅ f yk
γs
onde: fyd,θ = resistência de cálculo do aço em situação de incêndio, à temperatura elevada θ (°C) [MPa];
κs,θ = fator de redução da resistência do aço em função da temperatura θ (°C) [adimensional];
fyd = resistência de cálculo do aço à temperatura ambiente [MPa];
fyk = resistência característica do aço à temperatura ambiente [MPa];
γs = coeficiente de minoração da resistência característica do aço em situação excepcional
[adimensional], inferior ao normalmente utilizado à temperatura ambiente.

1 1
laminados a quente (CA) aços laminados a quente (CA)
aços trabalhados a frio (CA)
trabalhados a frio (CA)
aços trabalhados a frio (CP)
trabalhados a frio (CP)
0,8 0,8
κpE,θ = Ep,θ/Ep
(módulo de elasticidade do aço
trabalhado à frio para armadura
κs,θ = fyk,θ/fyk

κsE,θ = Es,θ/Es

0,6 0,6 protendida)


κs,θ = fyk,θ/fyk

0,4 0,4

0,2 κp,θ = fpk,θ/fpk 0,2

0 0

0 200 400 600 800 1000 1200 0 200 400 600 800 1000 1200

Temperatura θ (°C) Temperatura θ (°C)

Figura 3.10: Coeficiente de redução da resistência Figura 3.11: Coeficiente de redução do módulo de
convencional ao escoamento do aço, em função da elasticidade dos aços para concreto armado e protendido
temperatura (prEN 1991-1-2 (2002)). (prEN 1992-1-2 (2002)).

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Semelhante ao concreto, o decréscimo do módulo de elasticidade do aço em função da temperatura elevada é


considerado por meio do fator de redução κsE,θ (Figura 3.11). A determinação do módulo de elasticidade em
função da temperatura elevada θ (°C) é apresentada na expressão [3.6]:
E s ,θ = κ sE ,θ ⋅ E s [3.6]

onde: Es,θ = módulo de elasticidade do aço à temperatura elevada θ (°C) [GPa];


κsE,θ = Coeficiente de redução do módulo de elasticidade em função da temperatura θ (°C)
[adimensional];
Es = resistência característica do concreto à compressão à temperatura ambiente [GPa].

Os procedimentos de cálculo de CULVER et al. (1973), OSSENBRUGGEN et al. (1973) e UDDIN & CULVER
(1975) apud ALMAND et al. (1992) foram rudimentos dos métodos simplificados posteriores.
Algumas normas americanas (ACI 216R (1989) e NBCC2 (1990) apud HARMATHY (1993)) e britânica (BS
8110-2 (1985)) indicam os princípios de CULVER et al. (1973), OSSENBRUGGEN et al. (1973) e UDDIN &
CULVER (1975) apud ALMAND et al. (1992) na íntegra para o projeto de elementos de concreto e,
eventualmente, impõem temperaturas-limite aos materiais.
Em face da baixa condutividade térmica do material e das grandes seções dos elementos, os elementos de
concreto possuem elevados gradientes térmicos em situação de incêndio, sendo difícil estimar uma temperatura
uniforme equivalente, representativa para o cálculo da resistência real do concreto.
Por isso, os métodos simplificados indicados nas versões mais recentes de normas e handbooks são consideram a
redução da resistência do concreto, por meio da redução de área da seção do elemento. São eles: o método de
Hertz, idealizado pelo dinamarquês HERTZ (1985) apud PURKISS (1996) e, o “método dos 500 °C”, idealizado
pelo sueco ANDERBERG (1978) apud RIGBERTH (2000).
O Eurocode 2 (prEN 1992-1-2 (2002)) indica ambos os métodos; o FIP-CEB Bulletin N° 208 (1991) e a BKR-99
(1999) apud RIGBERTH (2000), apenas o “método dos 500 °C”. Os procedimentos básicos de cálculo para
ambos os métodos são similares, diferenciando apenas a forma de reduzir a seção de concreto:
1° determinar a distribuição de temperatura na seção transversal do elemento de concreto, em função do TRRF
(tempo requerido de resistência ao fogo);
2° reduzir a seção transversal, correspondente à região periférica do elemento, formada pelas camadas
superficiais de concreto danificadas pelo calor;
3° determinar a temperatura das barras da armadura;
4° determinar a redução das características mecânicas do aço em função da temperatura elevada;
5° estimar a resistência da peça com as propriedades mecânicas e a seção transversal reduzidas, por meio do equilíbrio
de esforços da seção transversal análogo ao modelo de cálculo utilizado no projeto à temperatura ambiente;
6° comparar o valor de cálculo do esforço resistente em temperatura elevada ao valor de cálculo do esforço
atuante em situação excepcional.

COSTA et al. (2004) aplicaram os princípios do “método dos 500 °C” ao modelo de cálculo utilizado à
temperatura ambiente, para o dimensionamento à flexão composta normal em pilares de concreto armado. A
iniciativa tem o objetivo de fornecer subsídios para o dimensionamento de elementos comprimidos em situação
de incêndio, com base nos mesmos procedimentos de cálculos adotados no projeto à temperatura ambiente.
Algumas normas (NBCC2 (1990) apud HARMATHY (1993), AS 3600 (2001)) apresentam expressões empíricas
que permitem determinar o tempo de resistência ao fogo da estrutura em função de suas características
geométricas, da resistência do concreto e do carregamento axial aplicado, este último, no caso de pilares. A
origem dessas expressões está nos estudos canadenses desenvolvidos por LIE & ALLEN (1972) apud
ALMAND et al. (1992), ALLEN & LIE (1974) apud HARMATHY (1993), LIE et al. (1984) apud ALMAND et
al. (1992), LIE & WALLERTON (1988) apud WADE et al. (1997) e LIE & IRWIN (1990) apud HARMATHY
(1993).
A simplicidade dessas expressões esconde exaustivas simulações numéricas, baseadas em ensaios. Por exemplo,
a expressão [3.7] indicada pela AS 3600 (2001), para o cálculo do tempo de resistência ao fogo (TRF) de pilares
de concreto armado requereu ao todo, 792 simulações numéricas com base em 18 ensaios realizados pelo

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National Research Council of Canada (LIE & WOOLLERTON (1988) apud WADE et al. (1997)).
As simulações foram divididas entre grupos caracterizados pelas resistências dos materiais, cobrimento das
⎛ ⎞
armaduras, esbeltez e relação entre as dimensões dos pilares ⎜ h pilar ⎟ . A aplicação da expressão [3.7] é restrita à
⎜b ⎟
⎝ pilar ⎠
h
relação entre as dimensões 1 ≤ pilar ≤ 8 , aos cobrimentos 20 mm ≤ cobrimento ≤ 40 mm, às resistências do
b pilar
concreto 20 MPa ≤ fck ≤ 50 MPa e ao comprimento do pilar ℓpilar ≥ 5.hpilar.
κ ⋅ f ck 1,3 ⋅ b pilar 3,3 ⋅ h pilar 1,8 [3.7]
TRF =
10 ⋅ N d ⋅ lpilar
5

N d ≥ 0,4 ⋅ N Rd

⎪⎧1,5 se ρ < 2,5%


κ =⎨
⎪⎩1,7 se ρ ≥ 2,5%

onde: TRF = tempo de resistência ao fogo do pilar [min];


κ = constante que depende da taxa de armadura;
fck = resistência característica à compressão do concreto [MPa];
bpilar = menor dimensão do pilar [mm];
hpilar = maior dimensão do pilar [mm];
Nd = valor de cálculo do esforço axial atuante, em situação excepcional [kN];
NRd = valor de cálculo do esforço axial resistente [kN];
ℓpilar = comprimento efetivo do pilar [mm];
ρ = taxa de armadura da seção.

3.2 Normatização nacional


Atualmente não há qualquer norma brasileira que permita o meio técnico respeitar a legislação vigente (NBR
14432 (2000), IT-08 (2001) em São Paulo).
No Brasil já houve uma norma exclusiva para estruturas de concreto em situação de incêndio – a NBR 5627
(1980) – cancelada em 2001 e substituída pelo Anexo B do texto de revisão da NBR 6118, versão de 2001.
Posteriormente, esse anexo foi suprimido na versão final de 2002 do referido texto de revisão. O Anexo B
fornecia as dimensões mínimas a serem consideradas em projeto em função do TRRF e os fatores de redução das
características mecânicas do concreto e do aço em função da temperatura.
Na ausência de normatização brasileira para o dimensionamento de estruturas de concreto em situação de
incêndio, o projetista de estruturas precisará recorrer a normas estrangeiras para elaborar um projeto estrutural
em consonância com a legislação em vigor.
Ressalta-se que o engenheiro projetista estrutural tem responsabilidade civil sobre o seu projeto. Portanto, os
prejuízos do sinistro podem ser contestados, se comprovada negligência ou erro de projeto.
A publicação da nova norma de dimensionamento de estruturas de concreto NBR 6118 (2003) levará à
concepção de elementos de concreto, com resistências ao fogo, ligeiramente superiores àqueles projetados de
acordo com as normas antigas. A NBR 6118 (2003) recomenda aumentar cobrimentos e dimensões mínimas das
peças de concreto visando a durabilidade das estruturas de concreto. Assim, indiretamente aumenta também a
sua resistência ao fogo. Entretanto, edificações de maior risco (em função da área, altura, tipo de uso) ainda
estarão aquém das exigências internacionais.
Elementos pré-moldados típicos do Brasil ainda estão sem solução, pela falta de infra-estrutura técnica
(laboratórios de ensaio de resistência ao fogo, fomento à pesquisa da área) no país, a fim de avaliar o real
comportamento dessas estruturas.

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4 A ENGENHARIA SUSTENTÁVEL E O INCÊNDIO


Nos últimos anos, a preocupação ambiental na concepção e execução de edifícios em zonas urbanas atravessou
todo o processo de construção, desde as fases iniciais da concepção, passando pela construção e continuando na
fase de utilização até ao fim da vida útil do edifício, incluindo a sua demolição.
Durante a Conferência “ECO’92”, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, governos e instituições da sociedade
civil de 179 países aprovaram a Agenda 21. Trata-se de um documento de 40 capítulos que contém
compromissos para um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça
social e eficiência econômica para o século XXI (UNCED (1992)).
Desde que a Agenda 21 foi formulada, o Congresso Mundial da Construção promovido pelo CIB (International
Council for Research and Innovation in Building and Construction) em 1998, estimulou a criação de uma
Agenda internacionalmente aceita sobre Construção Sustentável, publicada em julho de 1999 (CIB (1999)).
De acordo com CIB (1999), o desafio da Engenharia Sustentável consiste em projetar, construir e manter
edifícios utilizando o mínimo de energia não-renovável, mas que forneçam conforto, saúde e a segurança às
pessoas que vivem ou trabalhem neles. Esses edifícios – “green buildings” – devem atender aos quesitos de
qualidade e segurança para o fim os quais foram projetados durante todo o período de vida útil.
Em outras palavras, os edifícios devem suportar durante um tempo de resistência a ação sinistra, por exemplo, de
um incêndio, dentre outras ações excepcionais, durante o período de vida útil da estrutura. É admitido no projeto
estrutural, a ocorrência de pelo menos uma vez, a cada 50 anos, uma ação excepcional extrema, durante a vida
útil dos edifícios.
O CEB (1997) apud ISAIA (2002) define o conceito de durabilidade das construções de concreto como “a
capacidade de uma estrutura apresentar o desempenho requerido durante o período de serviço pretendido, sob
a influência dos fatores de degradação incidentes”.
A durabilidade de uma estrutura de concreto tem sido avaliada deterministicamente, estabelecendo parâmetros
como cobrimento mínimo, relação água/aglomerante máxima, tipos de cimento e de aditivo, etc. Esses
parâmetros são resultados de pesquisas laboratoriais, de campo ou empíricos; eles são afetados pelas condições
reais do ambiente e do concreto usado nas peças estruturais. Dessa forma, a durabilidade obtida, mesmo
satisfatória, apresenta variações significativas (CEB (1997) apud ISAIA (2002)). Por isso, o desempenho do
concreto endurecido pode ser insatisfatório “in loco”, quando o elemento de concreto é sujeito a situações
especiais.
Em face dos avanços tecnológicos, a Engenharia Estrutural restringiu-se ao aprimoramento de métodos
computacionais para analisar a estrutura. Da mesma forma, a Engenharia de Materiais: enquanto muitos
tecnologistas possuem noções insuficientes do comportamento mecânico de uma estrutura e das inovações
computacionais, muitos projetistas de estruturas desconhecem o comportamento dos materiais do concreto
armado e métodos construtivos (NEVILLE (2000) apud ISAIA (2002)). Estendendo a questão para ações
excepcionais, a situação de ignorância é mais crítica em ambas as áreas, associada à “síndrome do menor custo”,
eliminando-se do projeto qualquer medida “supérflua” que implique em aumentar o custo do projeto (a curto
prazo) com ações incomuns.
O desempenho de um elemento estrutural em situação de incêndio está associado às medidas de prevenção
integradas – projeto estrutural, dosagem e controle rigoroso do concreto fresco. Os elementos estruturais devem
resistir, dentre outras ações excepcionais, a um incêndio por um período de tempo predeterminado, pelo menos
uma vez ao longo da vida útil da edificação, a fim de atender às exigências legais e de sustentabilidade da
construção civil.

5 CONCLUSÕES
O concreto armado, como qualquer outro material, sofre os efeitos da ação térmica, comprometendo a sua
capacidade mecânica e de compartimentação. As reações ao calor da microestrutura do concreto são traduzidas
pela redução das propriedades mecânicas. Na macroestrutura, as reações ao calor assumem a forma de
deformações térmicas e fissurações excessivas dos elementos.
Na normatização internacional são encontradas prescrições sobre controle tecnológico e dimensões mínimas dos
elementos de concreto, a fim de assegurar a resistência estrutural durante um tempo mínimo preestabelecido pela
legislação.
Nas principais normas da América, Europa e Oceania também são encontrados métodos de dimensionamentos
com base em modelos simples de cálculo. Os métodos sugeridos, contudo, não são detalhados para todos os tipos

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de elementos estruturais pela literatura pesquisada.


Dentre outras diretrizes da Engenharia Sustentável, oferecer ambientes sadios e seguros aos usuários e reduzir
custos de operação e manutenção são aquelas relacionadas diretamente à sustentabilidade funcional de edifícios
(necessidades funcionais, qualidade ambiental interior, desempenho técnico, durabilidade de materiais e
componentes da construção, etc.), durante toda a vida útil da construção.
Os elementos estruturais devem resistir, dentre outras ações excepcionais, a um incêndio por um período de
tempo predeterminado, pelo menos uma vez ao longo da vida útil da edificação, a fim de atender às exigências
de segurança e, indiretamente, às exigências de sustentabilidade da construção civil.
O meio técnico brasileiro ainda não se conscientizou da importância de seguir-se padrões internacionais para o
dimensionamento das estruturas de concreto em situação de incêndio, visando a qualidade do desempenho da construção.

6 AGRADECIMENTOS
Agradecemos à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pelo apoio dado a esta
pesquisa.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ALMAND, Kathleen H.; LIE, Tiam T.; LIN, Tung. D. Fire Resistance of building elements. In: LIE, Tiam.
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estruturas de concreto. Procedimento. Projeto NBR 6118:2002. São Paulo: ABNT/CB-02/CE-02:124.15,
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[7]
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procedimento. NBR 6118. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. [Válida a partir de 30.03.2004]
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Proceedings of the Institution of Civil Engineers. N° 149, Issue 4. Part of the Proceedings of the
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São Paulo, 11 a 15 de outubro de 2004. 16/16

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