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XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Gestão de projetos e Engenharia de produção
Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010
1. Introdução
Com o crescente desmatamento e pressão sobre as florestas tropicais, bem como sobre
as áreas de reflorestamento, torna-se cada vez mais necessária a busca por materiais
renováveis e soluções alternativas capazes de atenuar em parte este processo. A cultura do
bambu, embora seja milenar em nosso planeta, tem sua utilização e pesquisa, em sua maioria,
restritos aos países orientais, sendo que ultimamente no ocidente, uma maior atenção vem
sendo dedicada a esta cultura. O bambu é uma cultura predominantemente tropical, renovável,
perene, de produção anual, de rápido crescimento, com centenas de espécies espalhadas por
todo o planeta e com milhares de aplicações além de ser considerado um rápido seqüestrador
de carbono atmosférico (PEREIRA & BERALDO, 2008).
Segundo Manzini & Vezzoli (2008) a contribuição para o efeito estufa proveniente do
gás carbônico supera os 50%, dos CFC é em torno de 20%, o restante é determinado por
outros gases. O tempo de absorção da atmosférica para estes gases superam o século. Do gás
carbônico, 80% provêm dos processos de transformação energética (em particular o petróleo e
o carvão), 17% através das produções industriais e os 3% restantes dos desmatamentos
florestais. Analisando estes dados entende-se a significativa contribuição que o cultivo do
bambu pode exercer na atual realidade. Além de seu caráter ecológico o bambu possui, ainda,
características físicas e mecânicas que o tornam apto a ser utilizado no desenvolvimento de
produtos normalmente produzidos com madeira nativa ou de reflorestamento. Desta forma,
diversas pesquisas são direcionadas ao bambu por atender inúmeros quesitos de
sustentabilidade.
Todo o ciclo de sustentabilidade torna-se mais profundo e consistente quando se insere
o ideal do “socialmente justo”. Também de acordo com Manzini e Vezzoli (2008), um projeto
sustentável deve se possível, permitir a sustentabilidade daqueles que o usufrui. Uma das
linhas do Design que atende isso é o Design Solidário. A premissa do Design Solidário é criar
meios, através das práticas de design, de servir ao bem comum, poder atender e gerar
oportunidades para qualquer grupo que esteja à margem da sociedade. Essa ação pode
acontecer de diversas maneiras que são definidas a partir das necessidades e potencialidades
da comunidade ou grupo, permitindo a geração de renda e desenvolvimento sustentável, o
cooperativismo e a recuperação da auto-estima.
Um projeto de extensão utiliza-se desses conceitos. A Extensão é uma via de mão
dupla, com trânsito assegurado á comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a
oportunidade da elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico. No retorno a
Universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido a reflexão teórica,
será acrescido a aquele conhecimento. Este fluxo, que estabelece a troca de saberes
sistematizados – acadêmico e popular -, terá como conseqüência: a produção de conhecimento
resultante do confronto com a realidade brasileira e regional: a democratização do
conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade
(TAVARES, 2001).
O projeto de extensão “A implantação do Projeto Bambu no Assentamento Rural Horto
de Aimorés” trabalha a mais de dois anos com a comunidade do Assentamento, localizado na
divisa dos municípios de Bauru e Pederneiras, cerca de 15km de Bauru e possui
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aproximadamente 350 famílias assentadas pelo INCRA desde o ano de 2007. Seu objetivo
além de repassar todos os ensinamentos sobre manejo e plantio do bambu; é o de
conscientizar esse grupo da fonte de renda que é possível ser gerada a partir da produção e
confecção de produtos com bambu.
2. Objetivo
2.1. Gerais
- Permitir a comunidade do Assentamento o conhecimento sobre as potencialidades do bambu
e sua importância como fonte de renda.
2.2. Específicos
3. Metodologia
3.1. Espécie de Bambu
A espécie utilizada neste trabalho foi o bambu gigante – Dendrocalamus giganteus, o
qual é relativamente comum em nosso meio rural e de fácil reprodução e cultivo. As mudas
deste bambu provenientes de moitas existentes na região, foram plantadas no ano de 1995 e
desde o ano 2001 produzem anualmente colmos viáveis para utilização em pesquisas e
desenvolvimento de produtos. Foram selecionados 20 colmos para essa análise, com
dimensões variadas, para criação do colmo médio.
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A partir desses 20 colmos, fez-se a média aritmética das dimensões gerando assim a
altura, a espessura e o diâmetro médio.
Para a altura:
Ht(1) + Ht(2) + Ht(3)....Ht(20) / 20
Onde: Ht= altura de cada colmo
Para o diâmetro:
De(1) + De(2)...De(20) / 20
Ds(1) + Ds(2)...Ds(20) / 20
Onde: De= diâmetro de entrada do colmo
Ds= diâmetro de saída do colmo
Para a espessura:
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Ee(1) + Ee(2)...Ee(20) / 20
Es(1) + Es(2)...Es(20) / 20
Onde: Ee= espessura de entrada do colmo
Es= espessura de saída do colmo
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Onde:
G = lateral do bambu
g = lateral da „geratriz‟
Cs = Comprimento superior
Cb = comprimento da base
R = raio da base
r = raio superior
H = altura do bambu
h = altura da „geratriz‟
Por semelhança de triângulos e pelo teorema de Pitágoras foi possível obter a área
plana representativa do colmo médio, de modo a que se possa estimar a quantidade de
produtos possíveis de serem confeccionados por colmo.
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Cada produto teve sua área analisada a fim de ser quantificada em relação à área do
colmo. Para facilitar a análise, as áreas foram encontradas a partir de um retângulo, pois essa é
a forma inicial antes de cortar e processar o produto como mostrado esquematicamente na
Figura 5.
Para a espátula, colher grande, colher de chá e espátula para patê usa-se a fórmula:
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PRODUTO PREÇO
Espátula grande R$ 8,00
Colher grande R$ 8,00
Colher de chá R$ 5,00
Espátula para patê R$ 3,00
4. Resultados
4.1 Medidas do Colmo Médio
Na tabela 3, podem-se observar as medidas encontradas para o colmo médio.
TABELA 3 – Colmo médio.
COLMO MÉDIO
DIÂMETRO DIÂMETRO DA ESPESSURA ESPESSURA DA
ALTURA SUPERIOR BASE SUPERIOR BASE
19,23 m 8,63 cm 11,8 cm 0,8 cm 2,5 cm
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Teorema de Pitágoras: g ² = h ² + r ²
g ² = (5,17)² + (0,043)²
g² = 5,17m
Teorema de Pitágoras: g ² = h ² + R ²
Sl = 3,14.0,059.24,4 – 3,14.0,043.5,17
Sl= 3,8m²
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PRODUTO QUANTIDADE
Espátula grande 79
Colher grande 67
Colher de chá 103
Espátula para patê 103
5. Conclusão
Os resultados obtidos permitem considerar o bambu um excelente material para
confecção de produtos artesanais. A quantidade de produtos possíveis de serem
confeccionadas por colmo, mostra que o bambu pode ser uma ótima opção para geração de
renda. Ainda pode-se considerar que o plantio de bambu seria além de uma fonte de renda,
seria uma forma de fixação da comunidade ao campo.
Referências
PEREIRA, M.A. dos R. & Beraldo, A.L. Bambu de corpo e alma. Canal 6 editora. Bauru, S.P. 2007.
MANZINI E. & VEZZOLI C. Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis. Os requisitos ambientais dos
produtos industriais. Ed. EDUSP / 2008.
TAVARES, M. G. M. Os múltiplos conceitos de extensão. Construção conceitual da extensão universitária na
America Latina. Brasília: Universidade de Brasília - UnB. p. 73 – 83, 2001
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