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Para programas populares, é uma fórmula eficiente. Para softwares de código aberto que
contam com poucos programadores empenhados no desenvolvimento, isso já não é tão
verdade. A publicação do código fonte, portanto, pode trazer segurança. Mas não é
garantia.
O código do Windows pode ser fechado. Mas a plataforma é aberta. Ou seja: qualquer
um pode escrever programas para o universo Windows. Alguns bons, outros nem tanto.
Alguns de código aberto, outros fechados.
Muito se pode fazer usando ferramentas livres da trupe de Mountain View – seja com o
Google Maps, com o Gmail cada vez mais incrementado, com a suíte de programas
Docs. O Google usa em seus servidores o sistema livre Linux muito adaptado para
aguentar o tranco de acesso vindo de todas as partes do mundo. Se o Linux não fosse
aberto, os engenheiros do Google não poderiam tê-lo adaptado para suas necessidades
particulares.
Mas isso não quer dizer que tudo no Google seja aberto.
Pergunte qual a fórmula de sua busca e a resposta será: segredo de Estado. Pergunte
quais critérios decidem a escolha de manchetes e subs no GoogleNews e os engenheiros
de Mountain View farão ouvidos moucos. O que determina quais imagens vêm do
Google Images? Silêncio. Seus algoritmos são fechados. Não temos a liberdade de dar
uma olhada para dizer se os critérios são justos ou não.
É um bocado de poder para uma empresa só: os critérios fechados do Google decidem
quem é visto e quem não é visto na internet.
Quando a Apple sugere que sua plataforma móvel será fechada, não se refere apenas aos
códigos. É mais que isso: nem todo mundo poderá colocar um software ali. Eles serão
previamente avaliados pela Apple. É fechado em todos os sentidos.
No momento em que a rede for para o celular de todos, e não estamos a muita distância
disto, há um dilema sob a mesa.
De um lado, uma plataforma aberta. Todo mundo instala o que quiser. A vantagem é
criativa.
Do outro, uma plataforma fechada. Uma empresa, uma organização, decide o que entra
e o que não entra. A vantagem é um filtro contra, por exemplo, botnets.
Só porque a plataforma é fechada, não quer dizer que nela não possa entrar um software
de código aberto. Coisas distintas.
Mas há um raciocínio que não fiz no último post e que aponta para uma terceira via.
Uma solução que não polariza.
Isto tampouco quer dizer que o sistema da Apple ou o Linux sejam seguros. (Se é
digital, por definição terá falhas de segurança.) Eles são apenas menos atacados. O
Windows é mais atacado, e o Explorer é mais atacado, porque são mais comuns.
Se, numa floresta, um vírus que ataca micos varre boa parte da população destes, araras,
capivaras ou jaguatiricas continuam de pé. Variedade de espécies mantém a vida.
Biodiversidade é bom. Se tivéssemos uma população de browsers e de sistemas
operacionais mais variada, teríamos uma internet mais segura. Uma fragilidade
descoberta num sistema não poria a rede em risco, afetaria menos máquinas.
Se a plataforma móvel da Apple for bastante forte, e a do Google também, se RIM (do
Blackberry) conseguir se sustentar importante e, de repente, até o Windows Mobile se
segurar num ambiente em que cada um tem mais ou menos um quarto do mercado,
talvez aí tenhamos uma rede móvel mais segura.