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O conceito de género é definido, segundo Alves e Pitanguy (1985), como uma construção
sociocultural, que atribui a homem e mulher papéis diferentes dentro da sociedade e depende dos
costumes de cada lugar, da experiência quotidiana das pessoas, bem como da maneira como se
organiza a vida familiar e política de cada povo.
Assim, podemos notar que as representações sociais se definem como uma categoria social que
retratam a realidade como ela é, e que serão discutidas em seguida. Deste modo as mulheres
devem ser consideradas como parceiras nas questões tanto sociais quanto profissionais, visto que
sua força traduz-se no emocional, quando gera e educa os filhos, edifica o lar, sendo
compreensiva com todas as questões do marido e de toda a família. Cabral e Diaz (1999)
ressaltam que as questões relativas à mulher são tratadas sob o termo de género, construído
socialmente buscando compreender as relações estabelecidas entre homens e mulheres, os papéis
que cada um assume na sociedade e as relações de poder estabelecidas entre eles. Assim, desde
pequena a mulher é conduzida ao papel que deve desempenhar, sendo estimulada em brincadeiras
consideradas tipicamente femininas, como bonecas, casinha, entre outras. Os brinquedos infantis
expressam as diferenças de sexo, mais que os instintos naturais, uma convenção social.
De acordo com TEIXEIRA, (1999), as representações sociais são como formas de compreender a
relação diária da vida em sociedade, onde o individuo é valorizado com a sua participação na
reelaboração de significados para fenómeno da vida quotidiana.
Moreira (2012) e Carloto (2001) corroboram com a ideia de que as actividades masculinas são
distintas das femininas, em espaços produzidos pelas esferas domésticas e públicas.
O afastamento da mulher da esfera doméstica, seu lugar natural, é muitas vezes tido como uma
degradação moral, consequência da exploração capitalista. Essa afirmação dos autores pode ser
observada ainda na infância, constatando que as meninas brincam com panelinhas, bonecas, de
casinha, sendo motivadas através dos brinquedos, a maternidade e cuidar do lar e da família,
reprodução da prole. Os meninos brincam com carrinhos, de bombeiro, polícia, caminhão,
bicicleta, brincadeiras directamente ligadas a profissões, imputando a ideia de que, ao homem
cabe a função de trabalhar para sustentar a família.
A maior transformação foi verificada nas classes média e alta, onde a mulher avança em suas
conquistas, abrindo espaço de trabalho nas grandes empresas e áreas públicas (SARTI, 2004).
Carneiro (2012), mostra que a luta feminina é uma busca para a construção de novos valores
sociais, morais e culturais. É uma luta pela democracia, que deve nascer da igualdade entre os
sexos e evoluir para igualdade entre todos, suprimindo a desigualdade de classe. A busca pela
democratização das relações de gênero persistiu e com a Constituição Federal de 1988 a mulher
conquistou a igualdade jurídica. Pode-se dizer, então, que o movimento feminista foi
imprescindível na luta do reconhecimento dos direitos da mulher. Neste sentindo, vem travando
uma luta, a fim de acabar com o conceito de masculino e feminino na sua posição de superior e
inferior.
Scott (1995) coloca a necessidade de rever se estamos no campo das relações assimétricas de
poder social, pois a concepção de que o poder social é unificado, coerente e centralizado,
imobiliza qualquer tentativa inovadora.
Affioti (1992), critica a determinação física sexual como representação do papel social que as
pessoas vão desempenhar. A relação entre os gêneros vai além da existência de dois sexos, mas
compreende a construção feita do social para o individuo, pois dependendo dos valores de cada
momento histórico, os indivíduos terão seus corpos e funções determinados de formas diferentes.
Portanto, é necessário avaliar as diferenças isoladas de interferências sociológicas, ideológicas,
religiosas e etc.