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Colégio Pitruca – Camama

I Prova do Professor - Língua Portuguesa


II Trimestre
Classe: 11ª Curso: Técnico Informática Turno: Tarde
Duração da Prova: 90 minutos Data: 27/Novembro/ 2020

Leia, atenciosamente, o texto abaixo e responda as questões que se seguem.


Capão Pecado
Rael acordava sempre às cinco da manhã. Horário Seu Zé colocou o cartão na árvorte e foi dormir,
que presenciava seu pai já arrumado e sentado na acompanhado de toda a família. A cama de solteiro
cadeira, tomando café, esperando alguns minutos era apertada para os três, mas eles sempre davam
para ir trabalhar. Sua mãe sempre lhe trazia café um jeito, o problema mesmo era a coberta, que não
com leite na cama, e ele não sabia que era essa a dava para cobrir os pés e a cabeça. Mas Rael era
época mais feliz da sua vida. miuto curioso, e não conseguia dormir. Algo o
incomodava. Levantou-se lentamente, acendeu a
Era véspera de natal, os três, em volta da árvore
luz, foi até à árvore, pegou o cartão e resolveu ler,
brilhante, se é que se pode chamar um cabo de
pois quando seu pai olhava o cartão, ele só estava
vassoura em um pote de margarina com cimento e
fingindo entender o escrito, pois tinha vergonha de
quatro varetas de bambu com pedaços de algodão
ficar dizendo que era analfabeto.
na ponta de árvore de natal. Rael perguntou por
que natal tem árvore de Natal e Papai Noel. Rael leu o cartão: ‘‘Um Feliz Natal e que seja feliz,
você e toda a família, é o que nós da METALCO
- É porque com o passar do tempo, o homem foi
desejamos a todos nossos funcionários, amor &
esquecendo o espírito real do natal, então fez essa
paz!’’ E Rael continuou a observar o cartão, notou
invensão toda, meu filho.
que atrás havia letrinhas minúsculas, e, curioso, as
- Ah! Sei. Foi mais um suspiro que uma leu: ‘‘Cartão comprado de associações
demonstração de entendimento. beneficentes com efeito de abate no imposto de
renda’’.
E eram já vinte horas.
Era Rael sábio e entendeu aquilo. Era Zé Pedro
O lugar dos presentes estava vazio. E era quase humilde e dormia tranquilo. Era mais uma família
natal. comum. Era um natal de paz.
- Ó Zé, tem alguém no portão! Exclamou Dona Rael carregou aquilo consigo, mas, com o tempo,
Maria. Zé Pedro correu seguido por seu filho, por isso se tornou algo insignificante. Suas perdas
seu gato, Raul, e por seu cachorro, Renato, e mais eram constantes e aparentemente intermináveis: o
algumas sombras. O carteiro, com a carta na mão, primeiro amigo a morrer lhe causou um choque e
esperava, pacientemente, imaginando mais uma tanto, mas a morte dos outros dois fora menos
caixinha. Zé não deu, Zé não tinha, pegou a carta desgastante, afinal, Rael estava crescendo. A
rapidamente e entrou. necessidade de roupas e de um material melhor
- O que é que é, velho? Perguntou Dona Maria, para a escola o fez trabalhar numa padaria. Nos
abalada. – É da Metalco! Respondeu Zé, finais de semana, ele fazia curso de dactilografia
reconhecendo o símbolo da empresa onde no mutirão cultural.
trabalhava. Naquele quinto dia do mês, foi seu pagamento, seu
- Abre, velho, abre. – Abre, abre, abre, gritavam primeiro pagamento. Ele chegou em casa todo
mãe e filho em coro com o latido do cachorro. O orgulhoso, e já havia separado a parte da sua mãe,
gato estava atento. O conteúdo do envelope era um mas ela não se encontrava na cozinha, isso era
cartão de natal. Todos pensaram juntos, a firma se sinal de que já estava dormindo. Rael foi conferir,
importa com o Zé, com certeza ele é muito e estava certo. Dona Maria dormia, enrolada na
especial. única coberta da casa. Também, o descanso
naquela hora era mais do que merecido, pois trabalhava em casa de família como diarista e
ainda realizava o serviço de casa. Rael voltou para a cozinha, pegou a chaleira, pegou um copo e derramou o
pouco de café que tinha em seu interior. Bebeu o café meio enjoado, pois o líquido negro estava gelado;
procurou fósforo para acender o fogão, mas não achou, e se lembrou que seu pai sempre esquecia as caixas de
fósforo nos bares quando já estava de fogo. Ficou nervoso com a lembrança das bebedeiras de seu pai e foi
dormir. Ferréz.CapãoPecado,2000.

I – Compreensão Textual

1.1. O texto que acaba de ler é literário ou não literário? Justifique.(1 v)

1.2. Descreva as personagens do texto que acaba de ler. (1v)


1.3.Neste enredo, narrador apresenta o protagonista. Pelos factos narrados, acções, sentimentos e falas
de uma personagem, é possível inferir suas características.
a) Com base nisso, apresente a caracterização completa de Rael. (1v)
1.4. A acções, a sequência dos factos e dos acontecimentos são elementos que compõem as narrativas. As
personagens estão sempre envolvidas em algum acontecimento.
a) Qual é e situação vivida inicialmente pela personagem? (1v)
b) Que sequência de factos gera mudança na vida da personagem? (1 v)
c) Caracterize a acção do texto quanto à delimitação. (1v)
1.5. O narrador de terceira pessoa pode ser ‘observador’ ou ‘omnisciente’. Identifique e explique o
narrador de ‘Capão pecado’’, com base no trecho a seguir:
[…] e ele não sabia que essa era a época mais feliz da sua vida. (1v)

II – Funcionamento da Língua

2.1. As palavras que se seguem abaixo são adjectivos no seu grau normal. Reecreva-os no grau
superlativo absoluto e sintético:
Apertada; feliz; humilde; adorável. (2v)

2.2. Retire do texto três formas nominais do verbo no infinitivo, três no particípio e três no gerúndio. (1v)
2.3. Diga se são regulares ou irregulares os verbos das alíneas seguintes. Justifique, conjugando cada verbo no
presente do indicativo.
a) acordar b) trazer c) ir (3v)
2.4. Tranforme os modos e tempos verbais das seguintes frases
a) Rael acordava sempre às cinco da manhã. (futuro composto/ind.) (1v)
b) Era véspera de natal, os três, em volta da árvore. (futuro do presente/cond. simples/ind.) (1v)
c) É porque com o passar do tempo, o homem foi esquecendo o espírito real do natal. (pret. mais-que-perf.
sim) (1v)
III – Oficina de Escrita
1. Novembro é o mês que reflecte a independência naciona de Angola. Num texto coerente, descreva
tudo que sabe sobre este marco histórico. (4v)
Obs: Ter-se-á em conta a qualidade de escrita!
Boa Sorte! Prof. Manuel Pierre

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