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E de onde estava avistei um anjo que trajava roupas brancas, tão brilhantes
como a luz do sol. Ele descia dos céus segurando uma espada na mão direita e
uma bíblia na mão esquerda e anunciava o fim dos tempos. Clamava em alta
voz dizendo: oh homens de toda terra, arrependei-vos que o fim dos tempos é
próximo. Porém, os homens, acostumados a comprar indulgências, não o
ouviam e continuavam mergulhados nas suas iniquidades. Enfurecido o anjo de
deus rogou quatro pragas contra os homens de toda terra que são o prenúncio
do fim dos tempos.
Ergueu sua espada e a primeira praga caiu sobre o mundo. A terra se encheu de
ambição. A ambição era tanta e desmedida que Homens, em nome dela, se
levantaram uns contra os outros, envenenaram uns aos outros, criaram
doenças de laboratórios e tudo para saciar a ambição pelo poder. Antes que os
mortais assimilassem o mal que lhes assolara, eis que o “enviado do Senhor”
lança a segunda praga. Num instalar de dedos o mundo ficou repleto de inveja.
Os homens invejavam uns aos outros com a mesma natureza com que
respiram. Os pobres invejavam os ricos, os plebeus aos nobres, os que tinham
pouco aos que tinham um pouco mais. O anjo do senhor subiu no monte mais
alto e rogou a terceira praga: o egoísmo. Os Homens, ambiciosos e invejosos,
foram tomados por um egoísmo desmedido. Ninguém mais pensava em
ninguém. Cada um era por si e deus por todos. Ainda no cimo da montanha o
anjo lançou a última das quatro pragas aos Homens. E por fim o mundo se
encheu de soberba. Os Homens, soberbos por natureza, estavam piores do que
antes e se achavam por deus diante dos outros.
O anjo do senhor após ter rogado todas aquelas pragas sentou-se e contemplou
a sua obra. Era para isso que o deus capitalista criara o anjo Dollar, o anjo do
abismo que separa os pobres dos ricos, o sul do norte.
Gervásio Maquiquele