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Resumo
Pesquisa de natureza teórica que investiga a Filosofia da História no pensamento de
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Objetiva fazer uma breve análise da
perspectiva negativa de progresso na história com base na filosofia do autor.
Fundamenta-se a partir dos conceitos de natureza, progresso, degeneração, história
e educação, embasados nas obras Discurso sobre as ciências e as artes, Discurso
sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homem e Emílio ou da
Educação. Desenvolveu-se metodologicamente a partir da análise
fundamentalmente teórica, discussões argumentativas em grupo, abordagem crítica-
reflexiva interdisciplinar, além de interpretação hermenêutica da referida bibliografia.
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Abstratc
Research of theoretical nature that investigates the Philosophy of History in the
thought of Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). It aims to make a brief analysis of
the negative perspective of progress in history based on the author's philosophy. It is
based on the concepts of nature, progress, degeneration, history and education,
based on the works Discourse on the sciences and the arts, Discourse on the origin
and the foundations of the inequality between the man and Emilio or the Education. It
was developed methodologically from the fundamentally theoretical analysis,
argumentative group discussions, interdisciplinary critical-reflexive approach, and a
hermeneutic interpretation of the aforementioned bibliography. Both works present
data that prove that the Genevan, in spite of being an Enlightenment philosopher,
criticizes the notion of progress, as far as scientific technical progress develops to the
detriment of moral progress. However, in Emile or Education, history acquires
exemplary character, insofar as it serves as a moral guide for the life of man in
society, however, the Genevan warns that it can not be any history, but strictly the old
one, which Represents the own age of the gold because it does not yet present a
high degree of degeneration. It follows that, according to the Discourses, the history
of man would be more for an itinerary of human decline than for an apogee of
civilization, whereas in the Treaty of Education, moral actions in history will serve as
a virtuous example for Emilio at the time of Social insertion.
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Introdução
Falar de progresso em Rousseau é falar do espírito iluminista pautado na autonomia
da razão, ou não bem é assim? Vamos entender.
O século XVIII ficou conhecido na história da Filosofia, como século das luzes.
Metáfora que vem para contrastar com o legado deixado pela Idade Média,
conhecido como “obscurantismo”. O movimento iluminista tinha como espírito de
época a aposta otimista na razão. Seu objetivo tinha como fim um o homem
esclarecido, que fosse capaz de eliminar os dogmas de uma fé cega (SALINAS
FORTES, L. R, 1985). Para tanto, contavam com empreendimento do século, a
enciclopedye: dicionário das ciências, das artes e dos ofícios. Com todos os
acontecimentos que antecedem o período, como a revolução copernicana eclodindo
um movimento renascentista, agora tínhamos o cenário perfeito para a emancipação
do homem. Os avanços da física, dariam ao conhecimento moderno o novo
paradigma a ser seguido: a física newtoniana, geradora de uma confiança no poder
emancipador da razão e assim, uma supervalorização da mesma. Todo esse espírito
efervescente que espalhava-se por toda Europa, com concentração na França, palco
dos maiores intelectuais da época, culminando em uma visão de progresso,
suscitado pelo desenvolvimento humano: das ciências da natureza, sociais, morais,
políticos e culturais., isto é, a liberdade humana mais que nunca estava em
evidência e o melhoramento humano era um objetivo possível.
Porém, nem todos pareciam concordar. Uma vez que falar de melhoramento
humano, não é falar apenas de um desenvolvimento técnico intelectual, mas
também implica, em um eminente melhoramento do homem e de suas virtudes.
Jean-Jacques Rousseau, um dos representantes da filosofia do século, não
parece contagiar-se com o espírito otimista do XVIII. O pensador apresenta uma
filosofia diversificada abrangendo áreas como linguagem, educação, estética e
política, podendo-se observar também uma filosofia da história em seu pensamento.
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Sua filosofia, aliás, a filosofia moderna, tem como pano de fundo a natureza
humana, em vista de se trabalhar um indivíduo que tende a moldar-se a partir de
suas experiências no mundo, mas que detém algo de estático e observável
fenomenicamente por meio de suas ações ao longo das épocas. Corroborando com
essa ideia, cito Rousseau:
Oh! Homem, de qualquer região que sejas, quaisquer que sejam tuas
opiniões, ouve-me; eis tua história como acreditei tê-la lido nos livros
de teus semelhantes, que são mentirosos, mas na tua natureza que
jamais mente. Tudo a que estiver nela será verdadeiro; só será falso
aquilo que, sem querer, tiver misturado de meu. Os tempos de que
vou falar são muito distantes; como mudaste! É, por assim dizer, a
vida de tua espécie que vou descrever de acordo com as qualidades
que recebestes, e que tua educação e teus hábitos puderam falsear,
mas que não puderam destruir (ROUSSEAU, J-J. Discurso sobre a
desigualdade,, 1978, p. 237)
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Hegel. A Razão na História, uma breve introdução geral à Filosofia da História.
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letras da época: O reestabelecimento2 das ciências e das artes terá contribuído para
aprimorar os costumes? As respostas foram muitas, mas uma em especial chama a
atenção. Um jovem suíço não muito conhecido se mostra contrário à unanimidade
das respostas. Rousseau causa alvoroço em toda Paris ao responder pela negativa
da questão. Seu discurso, não é o primeiro a acusar os vícios de seu tempo, mas de
maneira mais direta e ordenada, é o primeiro a atribuir clara importância à moral. No
Discurso obre a ciência e as artes, o filósofo nega o melhoramento do homem à um
desenvolvimento intelectual. Para ele os costumes não evoluíram ao passo que os
conhecimentos humanos foram aprimorando-se, porém, degeneraram-se.
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A questão do reestabelecimento das ciências e das artes é uma homenagem ao movimento
renascentista que contrastava com a “barbárie” da Idade Média. (Rousseau, J-J. Introd. Discurso
sobre as ciências e as artes. 1978, p 325.)
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Id. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Abril
Cultural, 1978.
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Considerações finais
Em função dos argumentos apontados ao longo da presente investigação, pode-se
concluir que Jean-Jacques Rousseau não compartilha do entusiasmo iluminista
quanto ao progresso humano. Para ele a humanidade caminharia para um
esclarecimento sim, mas não para um melhoramento da espécie. Os costumes
degeneraram ao passo que as ciências e as artes se desenvolveram; as
desigualdades morais se desencadearam com o desenvolvimento das relações de
troca entre os homens; o amor de si transformara-se em amor próprio, o orgulho
surgiu com as primeiras luzes e a piedade natural deu lugar à indiferença; a força
física ao comodismo e o amor à pátria esvai-se, pois não há mais cidadão, menos
inda pátria; apesar da história se apresentar como auxílio na educação moral de
Emílio. Portanto, Rousseau não nega que houve um progresso técnico-científico na
história do desenvolvimento da civilização, porém, sua análise aponta que o
progresso material e intelectual não estava atrelado a um progresso moral, fazendo
da história em seu pensamento não uma história do progresso, mas, uma história da
decadência humana. Então fica a pergunta, passados dois séculos e meio da crítica
rousseauniana, será que houve a transformação social esperada? Ou será que o
atual sistema educacional não está cada vez mais preocupado com números, ao
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Referências
SOUZA, Maria das Graças de. História e Declínio: Rousseau. IN: Ilustração e
história: o pensamento sobre a história no iluminismo francês. São Paulo:
Discurso Editorial, 2001.
ROUSSEAU, J.-J. Ensaio sobre a origem das línguas. São Paulo: Abril Cultural,
1978
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Cultural, 1978.
__________. Livro IV. In: Emílio ou da educação. Tradução: Roberto Leal Ferreira.
São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Sobre os autores
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Revista EducaOnline Volume 11, Nº 2, Maio/Agosto de 2017. Edição temática II Simpósio Nacional de
Tecnologias Digitais na Educação (II-SNTDE).
ISSN: 1983-2664. Este artigo foi submetido para avaliação em 25/07/2017 e aprovado para
publicação em 20/08/2017.
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