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Se nos debruçarmos sobre a intriga central de Os Maias, poderemos verificar que uma
das características fundamentais de que se reveste é a sua dimensão trágica. De facto, a
natureza e o percurso dos amores de Carlos e Maria Eduarda constituem uma história bem à
medida das tragédias gregas.
Os presságios
A tragédia grega, na sua notável construção, vai preparando o espectador para o
desenlace trágico, fornecendo-lhe indícios subtis que apontam para esse desenlace.
São sinais que pressagiam o desfecho terrível, que prevêem a fatalidade
inultrapassável.
Também Os Maias estão povoados desses indícios, alguns deles já implicitamente
apontados no ponto anterior, já que eles se ligam, naturalmente, à força inexorável do destino
que se vai abatendo sobre as personagens.
(ver o manual, p. 146)
As etapas
Pedro desafia a ordem/ o destino (hybris) ao casar com Maria Monforte sabendo da
oposição do pai; também Maria Monforte desafia a ordem ao fugir com Tancredo e ao
separar os filhos; Afonso desafia as “paredes fatais” do Ramalhete.
Guimarães encontra Maria Eduarda por acaso e faz revelações a Ega (mudança súbita
dos acontecimentos – peripécia, e reconhecimento – anagnórise).
Carlos sabe que é irmão de Maria Eduarda e não resiste ao incesto voluntário – desafio à
moral vigente – climax.
Catástrofe – morte física de Afonso, separação de Carlos e Maria Eduarda, morte social
da família.
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O tema
O incesto era já o tema fulcral de uma tragédia como o Rei Édipo, de Sófocles. O
incesto, pelo seu carácter de ocorrência excepcional, está desde logo talhado para servir
uma acção que reúna dois requisitos importantes no contexto da estética da tragédia: a
impossibilidade de solução pacífica do conflito instaurado e o facto de atingir, com o seu
impacto destruidor, seres dotados de condição superior e acariciados pela felicidade.
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