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MINHA MELHOR AMIGA, virgem

CARLIE FERRER

ACHERON - NACIONAIS
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Copyright 2017 © Carlie Ferrer


Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta obra pode ser utilizada ou reproduzida sob
quaisquer meios existentes sem autorização da autora. A violação dos direitos
autorais é crime estabelecido na lei n° 9.610/98, punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
Esta é uma obra de ficção, sendo assim criados pela autora, as regras de
luta livre exibidas, assim como ambientes e personagens.

Capa
Arte: Carlie Ferrer
Imagens: ©CanStock

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Caitlin finalmente aparece e permaneço onde estou, no sofá, olhando para


ela. Ela deixa a bolsa na mesa e aproxima-se, olha para o chão e não posso
ver a expressão em seu rosto, não posso saber como ela se sente.
— Então, você tem mesmo seguido a gente? Ou essa foi a primeira vez?
— Não foi. Tenho agido como um adolescente de bolas presas.
Ela fica um tempo em silêncio, então senta-se à minha frente e posso ver
claramente seus olhos. Ela está confusa.
— Por quê? Por que você faria isso? Por que ficaria tentando me seduzir?
Por que me levaria a um encontro? Eu juro que estou há semanas tentando
entender você, mas eu não consigo! Por que, Colin, por que tudo isso?
— Porque eu quero ser o seu primeiro, Caitlin! Eu quero tirar a sua
virgindade. Eu não entendo como você pode ter pensado em fazer isso com
outro homem, mas não posso permitir. O seu prazer me pertence. Isso que você
tem guardado por tanto tempo, o fez para mim. Você só precisa enxergar que eu
sou o cara certo para fazer isso com você.
Ela fica em choque. Levanta-se desnorteada e fica dando voltas na sala.
Quero confortá-la de algum jeito, mas não posso, eu mal posso me controlar
nesse momento.
— Por quê? Por que eu deveria fazer isso com você? — pergunta um tom
mais baixo do que sua voz normal.
— Porque ninguém te conhece como eu, eu sei exatamente onde você
precisa ser tocada, onde precisa ser beijada, eu sei dar a você todo o prazer
que merece como ninguém mais poderia e você sabe disso!
Levanto-me e pego sua mão, seus olhos se focam nos meus, sei que ela
está me ouvindo, só não sei como fazê-la entender.
— Desde que você revelou ser virgem, tudo o que consigo pensar é em
como você merece ser amada. Só consigo pensar em tudo o que você tem que
sentir na sua primeira vez. Em como tem que ser tocada e beijada, em como
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tem que gemer com prazer genuíno ao meu toque. Em como vai reagir a minha
boca em você, e como ficará satisfeita quando eu a preencher com meu pau, da
maneira exata que você merece! Eu sei que qualquer outro homem poderia te
dar prazer, Caitlin, não estou negando isso. Mas você sabe, e eu também, que
ninguém mais vai amar você da maneira como eu vou. Ninguém vai conhecer
você como eu conheço, nem vai cuidar de você, nem deixá-la louca, como eu
faço, porque sou eu que tenho que fazer isso.

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Introdução
A doce amiga virgem.
O intenso lutador devasso.

O mundo de Colin é escuro e repleto de erros, golpes e posições. Mas ele


consegue sobreviver como um vencedor, e afastar os demônios do passado
com a ajuda de sua melhor amiga, Caitlin. Responsável e bondosa, a doce
amiga não faz parte deste seu lado selvagem: o que sobe nos ringues e arrasa
os adversários. Mas conhece seu lado mais devasso, já que ele vive
quebrando suas regras anti-sexo no apartamento que dividem.

Enxergando-a como a garotinha que conheceu ainda criança, seu mundo


vira de cabeça para baixo quando a vê, de repente, como uma mulher. A mais
linda e desafiadora mulher que já conheceu. De repente Colin passa a ter
consciência de seu corpo, seu cheiro e do fato de que ela entregará tudo isso
ao único homem que Colin jamais suportaria ver tocá-la: seu maior adversário
Stephen.

Colin não tem certeza se Stephen a está usando para vingar-se dele, mas
não pretende tirar a prova, já que não há a menor chance de ele permitir que a
primeira vez de sua preciosa menina, seja com qualquer outro homem. Agora
que sabe que ela é virgem, agora que a vê como a linda mulher que se tornou,
Colin fará o impossível para ser o primeiro, e quem sabe único, na cama de
Caitlin.

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CAPÍTULO UM
As luzes atrás do meu adversário me permitem ver melhor sua silhueta.
Os gritos enlouquecedores à nossa volta não me distraem, me dão uma
sensação de adrenalina que eu adoro. Mas há algo nesse ringue que me distrai,
a Ring girl da noite. Ela é morena, alta e deliciosa. Lanço uma piscadela para
ela, preciso vencer essa, acabar com essa luta e levar a morena gostosa para
um motel. Volto a me concentrar no meu adversário. Ele me encara, eu o
encaro, e lanço um gancho de direita em seu rosto, ao que ele desvia e me dá
uma rasteira. Em seguida seu corpo cai sobre o meu, seu cotovelo em minha
barriga. A plateia grita ainda mais alto, mas tudo o que ouço é um zumbido
quando o filho da puta bate minha cabeça pela terceira vez no chão. Vejo algo
de branco contando e ele sai de cima de mim. Stephen Imbecil Ryan me
venceu de novo!
Bato em tudo o que vejo pela frente, ouvindo os gritos de Luke atrás de
mim, de que devo me acalmar. Mas não acho que eu deva. Eu deveria era me
irritar mais, quem sabe assim não vença ao menos uma luta contra esse
maldito! Jogo um banco pelos ares e quando me viro para mandar Luke, meu
grande amigo, calar a boca, a vejo. A Ring girl deliciosa.
— Olá — ela diz com uma voz manhosa, se fingindo de envergonhada. —
Você está bem?
Meu supercilio está sangrando e meu maxilar parece que está torto. Que
espécie de pergunta idiota é essa?
— Depende. Você veio aqui para ver o estrago, ou para ser estragada
pelo meu pau?
Ela arregala os olhos, fingindo estar chocada, mas logo diz:
— Vim cuidar de você, bonitão. E adoro ser estragada.

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Puxo a morena para meus braços e nem vejo Luke saindo do vestiário.
Tomo um banho rápido e a alcanço, preciso sair com ela logo daqui, preciso
descontar minha raiva.
Na saída, vejo Stephen, o imbecil com seu sorriso vitorioso. Mas ele
morre um pouco quando ele vê a Ring girl pendurada em meu braço. Ele pode
vencer todas as lutas, mas eu sempre levo as garotas. Ponto pra mim.
— Espero que consiga satisfazê-la mesmo com as costelas quebradas,
Hanson — ele provoca quando passamos por ele.
— Obrigado, Ryan. Espero que consiga... — faço uma pausa ganhando a
atenção de todos ali. — Ao menos uma garota. Nem precisa satisfazê-la. Não
esperaria isso com sua falta de experiência.
Faço um cumprimento observando bem seus olhos em chamas e saio com
minha garota.

Moro há quase um ano em um pequeno, muito pequeno, apartamento com


minha melhor amiga, Caitlin. Minha preciosa é estudante de direito, daquelas
meninas boazinhas e doces, com quem se pode ter uma convivência fácil e
tranquila. Mas claro, temos algumas regras para manter esta convivência. Na
verdade, ela tem algumas regras. E a primeira delas é: nada de sexo no nosso
apartamento. Por isso, assim que abro os olhos e percebo que o sol nasceu, e
que a Ring girl e eu dormimos sem querer, me levanto em um pulo para
acordá-la e dispensá-la antes que Caitlin acorde e a veja aqui.
Mas, quando olho para o lado da minha cama, está vazio. Respiro
aliviado achando que a garota deu o fora e que tudo está bem. Visto uma boxer
e saio assoviando completamente feliz do meu quarto, quando um cabelo preto
desbotado me chama atenção.
— Oh, merda!
— Bom dia, Colin. Nem vou perguntar como foi sua noite — Caitlin diz
com aquele sorriso pela metade, que ela só mostra quando está puta comigo.
Infelizmente, ela o mostra com certa frequência.
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— Bom dia, Caitlin, bom dia Ring girl. O que ainda está fazendo aqui?
— pergunto com um sorriso enorme para não ser grosso. Caitlin odeia quando
acha que sou grosso com as garotas.
— Oh! Bom dia, gatão! Eu estava de saída, mas a sua irmã gentilmente me
convidou para um café, agora estou fazendo as unhas dela.
Só então reparo que a garota da noite passa um esmalte vermelho demais
na mão da minha preciosa. E ela nunca usa essa cor de esmalte.
— Que bom que vocês ficaram amigas, Caitlin não se importa de ter uma
amiga dormindo em casa, certo, Caitlin? — Tento a sorte e recebo novamente
aquele sorriso pela metade.
— Ah não, de maneira alguma. Na verdade, acho que prefiro mil vezes
uma amiga dormindo aqui, do que meu irmão! — Ela dá uma ênfase enorme à
palavra irmão e trato de despachar logo a Ring girl para não irritar mais
minha melhor amiga.
Deus sabe que se ela se cansar de mim, estarei na merda.
Quando volto da porta, onde finalmente consegui fazer a Ring girl sair,
Caitlin está com sua mochila pendurada no ombro, de saída. Ela sacode as
unhas e faz um pequeno bico soprando-as, esperando que sequem.
— Caitlin, me perdoe.
— Não peça perdão se vai fazer de novo, Colin. Você ao menos sabe o
nome desta?
Nego com a cabeça, sem conseguir me sentir envergonhado por isso, mas
algo na maneira como ela me olha, aquele desapontamento, isso me incomoda.
— Que pena! Ela é uma excelente manicure. Se você sair com ela de
novo, por favor, pegue seu número para mim. Preciso ir, tem café fresco.
Coma algo e coloque a bolsa de gelo nessa cara, você está horrível.
Ela segue em direção a porta, e resolvo provocar, aproveitando seu bom
humor.
— Então, se as garotas forem úteis para você elas podem dormir aqui?
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— Bom, elas precisam ser úteis para alguma coisa além de te dar a falsa
ilusão de que é homem, só porque seu pau sobe para qualquer vagabunda nua.
Então, não me importo mais.
— Como assim não se importa mais?
— Não ligo. Pode trazer suas Ring girls e suas fãs para cá. É seu quarto,
sua vida, e eu estou desistindo de você.
Ela sai pela porta e eu deveria estar sorrindo emocionado e cantando pela
sala, mas, estou muito puto com ela. Desiste de mim? Que merda é essa? Ela
tem absoluta certeza que sou um idiota que só age com a cabeça de baixo e não
serve nem para cumprir uma mísera regra. Vou provar para essa santinha que
ela está...
Espera, o que estou dizendo? Ela está certa. Este sou eu e ela me conhece
muito bem. Ainda bem que Caitlin é uma péssima mentirosa, porque eu sei que
ela jamais desistiria de mim. Cantarolo feliz pela sala já pensando nas três
loiras, as primas que não comi na semana passada porque elas não aceitam
qualquer motel.
— Felicidade, aí vou eu!

Saio da faculdade com uma luta agendada, Honor Black. Nunca lutei com
ele, mas já o vi lutar. E sei que posso vencê-lo tranquilamente. Isso significa
dinheiro no final de semana. Encontro Luke me esperando em seu carro, ele faz
uma careta ao me ver, minha cara não está das melhores.
— Cara, você deveria esperar esse hematoma sumir antes de fazer mais
deles. Não sei como consegue pegar garotas com essa cara!
— Não terei novos hematomas, seu frango. E isso já, já melhora. Além do
mais, ninguém resiste aos meus olhos azuis e esse cabelo loiro — provoco-o e
recebo um palavrão como resposta. — Resolveu me dar carona hoje? A que
devo a gentileza?
— Sei que sua moto ainda está no conserto. E você sabe, nunca perderia a
oportunidade de ver sua companheira de apê.
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Dou um tapa na cabeça dele e entro no carro. Luke é meu amigo há anos,
sabe todas as merdas que já passei, as que fiz e que fizeram comigo. Caitlin é
minha amiga desde a infância. Morávamos em Madison, Wisconsin, e ela se
mudou antes de mim. Depois de tudo o que aconteceu, precisei sair da cidade,
e vim morar com ela. Luke também morava em Wisconsin, embora não tenha
conhecido Caitlin lá, ele se mudou comigo para cá e desde que a viu pela
primeira vez, ficou de bolas presas por ela. O problema é que minha adorada
preciosa, só pensa em estudo. E trabalho. Imagino que ela pegue uns caras,
porque dificilmente está estressada e ninguém é feliz sem uns bons orgasmos,
mas nunca vi nenhum. E ela não está interessada no meu amigo. Ainda bem,
porque seria estranho ver meus dois melhores amigos de casinho amoroso
pelo apartamento. Deus me livre encontrar Luke com as bolas balançando uma
manhã qualquer, como Caitlin sempre pega minhas garotas nuas. Então prefiro
não interceder nesse caso. Caitlin que decida se dará uma chance a ele ou não.
Eu espero que não.
Quando chegamos ao apartamento, Caitlin está sentada, seu longo e
volumoso cabelo negro preso no coque de sempre, com aquelas mexas soltas
que cobrem seu rosto. Usa um pijama de flanela, cheio de patinhos que deve
ser de sua mãe, pelo tamanho. Está com seus óculos de professorinha e
claramente irritada. Ela tem uns dez livros à sua frente e não deve estar
entendendo algo, pois escreve rapidamente, risca e bufa.
— Boa noite, Caitlin. Precisa de ajuda? — Luke logo se oferece.
— Não Luke, agradeço.
— Você parece tensa, precisa de uma massagem?
Ela desvia o olhar dele para mim, claramente me pedindo socorro, mas
me divirto vendo-a tentar se livrar do meu amigo pegajoso. Então dou de
ombros e ela me lança aquele olhar de vou me vingar, seu babaca.
— Ok — diz surpreendendo a Luke e a mim.
— C-como? — ele gagueja.
Ela se levanta, tira a blusa de frio de flanela, por baixo usa uma
camisetinha de seda branca, que é transparente ao ponto de dar para ver seu

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sutiã cor de rosa com lacinhos. Volta a se sentar e fica parada.


— Então, essa massagem é pra hoje?
Luke sai de seu transe e acho que parece tremer ao tocar a pele dela, eu
ouvi mesmo ele gemer? Babaca! Pego uma Coca na geladeira, dou uma
espiada no trabalho de Caitlin, a pergunta que ela não consegue responder, e
aponto para ela a resposta em um dos muitos livros que estão espalhados pela
mesa.
— Colin, muito de vez em quando, eu te amo — diz animada marcando a
página que mostrei.
Luke me lança um olhar acusador e dou de ombros, não tenho culpa se sou
bom com as mulheres. Até mesmo com a minha melhor amiga. Rio da cara de
idiota dele ao massageá-la e quando Caitlin emite um pequeno grunhido de
satisfação pela massagem, eu meio que não consigo me mover. Olho para Luke
e o filho da mãe tem um volume na calça. Ele está excitado com a minha
melhor amiga? Nem pensar!
— Já chega Luke, temos que ir ao clube.
— Não tem luta hoje — ele diz irritado.
— Tem sim, do Stephen. Quero vê-lo lutar de fora.
— Stephen é aquele cara que sempre ganha de você? — pergunta Caitlin
escondendo um sorriso.
— É — assumo entredentes.
— Ah, entendi. Você quer vê-lo lutar da plateia, para não apanhar dessa
vez, certo? — ela provoca.
— Quero vê-lo lutar da plateia para achar seu ponto fraco. E na nossa
próxima luta, você será a Ring girl, vou derrubá-lo e calar sua boca, atrevida!
Eles ficam rindo e eu vou tomar meu banho.

Caitlin nos dá um leve aceno com a mão quando estamos saindo, e mal
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passamos pela porta, Luke me barra.


— Vamos mesmo deixá-la aí?
— Quem? Caitlin? E para onde a levaríamos?
— Ao clube. Para ver uma luta. Para sair de casa. Pelo menos uma vez na
vida, ela precisa sair de casa. — Ao ver que não estou convencido, ele insiste
— Cara, olhe para ela. Está exausta e estressada, você sabe que ela irá
descontar tudo isso em você e nas suas festinhas. Pense bem, uma Caitlin feliz
é um Colin livre.
Sorrio.
— Pura balela tudo isso que você disse, mas ok, vou tentar tirar a
professorinha de casa.
Voltamos para o apartamento e Caitlin nem parece se dar conta disso.
Está tão centrada em seus afazeres, lendo algo claramente chato, estala o
pescoço numa tentativa de relaxar e morde a ponta do lápis.
— Eu poderia gozar vendo-a morder o lápis desse jeito — Luke diz
quase emocionado.
— Que nojo! Pare já com isso!
Aproximo-me de Caitlin e reparo que ela não apenas morde a ponta do
lápis, ela também bate com a língua nele e de vez em quando o gira na boca.
Luke também percebe, pois se escora em mim ao sussurrar:
— Cara, eu vou mesmo gozar.
O empurro para longe e isso chama a atenção de Caitlin. Ela nos encara,
parecendo perdida por um tempo, mas então seus grandes olhos claros se
focam em mim e ela sorri.
— Voltaram? Que horas são?
— A mesma de quando saímos, viemos buscar você.
— Ah — é tudo o que ela diz e volta a se concentrar no livro chato à sua
frente.
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— Vamos Caitlin, é quarta à noite, as jovens normais saem nas quartas.


— Achei que saíssem nas sextas. Que eu saiba quartas são dias de
semana, as jovens normais provavelmente estudam ou trabalham nas quintas,
certo?
— Errado. As jovens normais saem todas as noites, se divertem muito e
trabalham contentes no dia seguinte.
— Isso explica o grande aumento do uso de cafeína pelos jovens da
atualidade.
— Você parece uma enciclopédia falando. Largue este livro e venha
comigo.
Estendo minha mão, que ela tranquilamente ignora e isso se torna uma
questão de honra para mim. Quero ver essa menina séria fora de casa em uma
quarta à noite. Sento-me na mesa, em cima de um livro, bem à sua frente, fecho
seu notebook e a encaro.
— Onde você quer me levar? — ela pergunta cruzando os braços e me
encarando irritada.
Um pequeno franzido aparece em seu nariz e o desfaço com o dedo, como
sempre faço.
— Ao clube. Para ver a luta de Stephen comigo.
— Deixe-me pensar. Você quer que eu vá a um clube, para ver homens se
batendo até sangrar, mulheres seminuas gritando por sexo e bêbados idiotas
dando toda sua mesada apostando em algum daqueles homens ensanguentados?
Assinto.
— Parece ridículo com você falando assim — defendo meu ganha pão.
— É mesmo? Por que será?
— Caitlin, é só uma noite. Você nunca sai de casa, não sai desde Romeo.
Sei que peguei pesado, tocar no ex cafajeste dela é golpe baixo, mas ela
precisa sair um pouco, se distrair, ver homens lutando e mulheres seminuas.
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Precisa ver algo além dessas letras miúdas e de palavras escritas. Ela precisa
viver um pouco.
— Romeo não tem nada a ver com isso, Colin. É meu futuro.
— E você é a garota mais inteligente que eu conheço, não vai perder tudo
porque saiu por uma noite. Caitlin você tem dezenove anos, é jovem, bonita,
precisa sair mais. Sair pelo menos um pouco, vamos, prometo que se não
estiver se sentindo bem eu a trago para casa.
Ela respira e tira os óculos e sei que estou a um passo de convencê-la. Eu
sempre consigo o que quero com as mulheres, não importa que mulher seja.
— Você vai chegar lá, gritar palavrões enquanto assiste a luta, depois vai
achar uma garota seminua e trazê-la para cá e eu vou ficar como uma retardada
sem falar com ninguém e tendo de pedir carona para não ser a vela exótica do
seu amasso no carro. Saio com você na próxima luta que vencer, prometo.
Desço da mesa e a faço se levantar, segurando suas mãos pequenas nas
minhas, apertando-as para acalmá-la e deixá-la mansa para fazer o que quero
que ela faça.
— Colin, nem comece. O que eu vou fazer enquanto você se pega com
uma mulher qualquer lá?
— Ficar comigo! — grita Luke de repente. — Estarei ao seu lado o tempo
todo, juro não sair de perto de você.
Ela faz uma cara engraçada que me faz rir e me olha desesperada.
— Por favor, dê-me logo um tiro na testa, mas não me obrigue a isso.
Eu a abraço apertando-a em meus braços e beijo o alto de sua cabeça,
que alcança meu peito, por ela ser tão pequena e eu, tão grande.
— Se você for comigo, Caitlin Ross, eu prometo não pegar nenhuma
mulher hoje.
Ela se afasta num rompante e me encara com a sobrancelha arqueada, se
divertindo com minha promessa absurda.
— Você? Vai a um clube com mulheres seminuas e vai recusar se uma
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delas quiser lutar com você?


— Sim. Eu juro. Esta noite você será minha mulher, não vou pegar
nenhuma outra.
Ela parece sem graça num primeiro momento, mas logo se recompõe e diz
sorrindo:
— Ok, essa eu pago pra ver. Dois minutos enquanto eu troco de roupa.

— Você não pode ir ao clube vestida com isso! — decreto ao vê-la com
uma calça de moletom e um cardigã.
— Qual é o problema? — questiona irritada.
— Não vejo problema nenhum — concorda Luke me dando um soco no
braço.
Mas não vou deixar minha melhor amiga entrar no clube assim, será
motivo de piada o resto da vida dela. A pego pela mão e a arrasto até seu
quarto. Abro seu guarda-roupa e examino.
— Caitlin, você mesma disse que esse tipo de lugar é frequentado por
mulheres seminuas, o que acha que vão pensar ao vê-la vestida como uma
colegial virgem?
— Que não estou gritando por sexo?
A encaro com um sorriso.
— Preciosa, você está. Olha a sua cara.
Ela estende a mão no que é um limite para ela, já irritada.
— Colin Hanson, nada de falar pornografias comigo! Foi a primeira coisa
que a mamãe te disse quando se mudou para cá, lembra-se?
— Sim, ela também disse que eu podia fazer e não falar.
— Nós dois sabemos que isso nunca vai acontecer — ela diz
empurrando-me e pegando um vestido. Ainda é comprido, mas é justo. Bem
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melhor que a roupa que está usando.


— Menos mal, vista esse. Desculpe, Caitlin, você sabe que eu a respeito
mais do que qualquer outra pessoa nessa vida.
— Eu sei.
Ela tira o cardigã e começa a abaixar a calça, bem ali, na minha frente.
Viro-me para trás assoviando e não a olho, ela é minha melhor amiga e eu não
estava brincando quando disse que a respeitava mais do que qualquer outra
pessoa na vida. Ela passa por mim quando termina, coloca um brinco de
argola pequeno, mas é um brinco, e calça uma bota que abraça sua perna e
destaca sua coxa.
— Satisfeito? — pergunta dando uma volta.
— Você está quase lá, baby girl. Agora, vamos.
Ela bufa irritada com o apelido que detesta e me segue porta afora.
Fiz questão de sentar-me no banco do carona antes que Luke fizesse
Caitlin sentar lá. Mas vejo que ele mais olha para o discreto decote dela do
que para a estrada e para acabar com o desconforto da minha amiga, jogo
minha jaqueta para ela, que sorri em agradecimento e a coloca.
Caitlin ficou excepcionalmente calada no caminho até o clube, nem
mesmo quando Luke a cantava, coisa que ela sempre respondia com um “me
mate” e todo seu sarcasmo, ela respondeu. Parecia perdida em pensamentos.
Quando descemos do carro, peço a Luke que vá na frente e seguro Caitlin
um pouco comigo.
— O que está havendo, Caitlin? Você quer ir embora?
— Não, está tudo bem — diz e desvia os olhos.
— Ei! — Seguro seu queixo obrigando-a a focar aqueles olhos de
amêndoas em mim. — Você sabe que pode me dizer qualquer coisa, não sabe?
Desde aquele babaca do Romeo você perdeu o costume de me dizer as coisas,
Caitlin.
— Você vivia reclamando que eu falava demais, devia estar grato. Então,
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vamos entrar no seu mundo?


— Só quando eu entrar no seu. O que está havendo? Se é pelo Luke eu te
garanto que ele não vai tocar em você.
— Eu não sei se me encaixarei aqui. Quero dizer, não que eu vá
frequentar esse tipo de lugar depois disso, mas temo que vá me sentir péssima.
— Se isso acontecer eu a levo pra casa, como prometi.
— Sim, e será mais uma coisa do seu mundo da qual eu não faço parte. —
Ela cobre rapidamente a boca com a mão e tenta desconversar, falando sobre
uma mulher que me olha estranho, mas ela está certa.
Conheci Caitlin quando tinha seis anos e me achava o super-herói. Ela
havia acabado de entrar no jardim de infância, era muito pequena para sua
idade e frágil, parecia uma boneca. Ela era nova na cidade, andava vestida de
princesa e isso não condizia com a realidade do local onde morávamos. As
meninas mais velhas não gostavam dela, e começaram a ameaçá-la. Eu a via
chorar para a mãe sempre que ia deixá-la na escola. Sendo eu o super-herói
ali, tive que ajudá-la. Eu virei seu protetor. Nunca mais nos separamos.
Nossa amizade sempre foi algo difícil de entender e mais ainda de
explicar. Ela foi a garota que fez meu primeiro cavanhaque quando eu quase
não tinha pelos e segurou minha mão na minha primeira tatuagem aos treze
anos. Eu fui o cara que a ensinei a beijar quando ela se apaixonou por um nerd
retardado na quarta série, e fui seu acompanhante em todos os bailes de
escola. Quando ela fez quinze anos, eu estava proibido de pisar no bairro, mas
mesmo assim fui à sua festa, fui seu príncipe, não porque éramos apaixonados,
nem nada assim, mas porque nossa amizade vai muito além de qualquer
estereótipo e entendimento.
Sempre houveram piadas de que nos pegávamos, de que ela era minha
puta, coisas maldosas quando me envolvi com as pessoas erradas, e ela
sempre foi o ponto bom no meio de toda confusão. Ela, foi a única que esteve
ao meu lado quando tudo aconteceu. A única que me ouviu admitir o que eu
havia feito e não me olhou com julgamentos e pena, mas sim com uma ideia de
como me esconder. Ela foi a garota de quatorze anos que me escondeu em seu
porão por dois meses, deixando de comer para me dar suas refeições e me
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fazendo companhia todas as noites.


Ela é a única garota no mundo com quem eu posso dormir na mesma cama
e não tocá-la de forma erótica, íntima sim, mas sem segundas intenções. Eu
nunca a vi assim, ela sempre foi a melhor amiga, o porto seguro, a menina que
gostava de mim independente de qualquer coisa. Tínhamos liberdade de falar
tudo um para o outro, mas quando a testosterona passou a reger meu corpo,
acabamos nos afastando. Ela se mudou e eu só pensava em sexo e não podia
de jeito nenhum falar com ela o que pensava sobre as amigas gostosas dela.
Não queria que ela visse o grande sem vergonha que eu me tornei. Quando fui
morar com ela, isso ficou claro logo no primeiro mês, ela impôs suas regras,
não segui todas, mas como sempre, ela ainda é a garota que não me julga,
mesmo quando puxa minha orelha, e a que estará sempre aqui por mim. E eu
sinto falta da época em que podia falar de tudo com ela, e que ela fazia o
mesmo.
— Quando eu cheguei aqui, você estava namorando sério um grande
babaca há quase um ano e eu não sabia. Foi a primeira coisa que você me
escondeu, Caitlin. Depois de tudo o que ele fez, você nunca mais voltou a ser
você. Se concentrou tanto no trabalho e nos estudos, achei que fosse passar,
que fosse só para não sentir dor, mas você me colocou de escanteio também.
— Não, eu não fiz isso!
— Jura? Porque eu não sei com quem você sai agora, não conheço suas
amigas, mas sei que você tem alguma. Não conheço os caras com quem você
se relaciona.
— Você não ia gostar deles. E não quero você pegando minhas amigas
para partir o coração delas depois e me fazer perdê-las.
Sorrio.
— Me dê o benefício da dúvida. Não vou comer suas amigas.
Ela faz uma careta pela palavra que usei, fazendo-me rir ainda mais.
— Apresente-me ao menos uma. Juro não me meter com ela. E um cara
com quem você sai.

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Ela parece desconfortável.


— Não estou saindo com ninguém. Tudo bem, eu meio que te coloquei de
fora, mas a verdade é que você apareceu aqui depois de dois anos sem nos
vermos e você respirava sexo. Ficou tão diferente do Colin que eu conhecia!
— Não fiquei. Na verdade, eu só não mostrava esse meu lado para você,
morando juntos não tive como esconder.
Ela sorri e me dá um soco leve no braço.
— Não faço parte desse seu mundo depravado e violento. E se eu assistir
a uma luta e achar que esse ambiente é demais para mim? Não farei parte do
que você ama fazer também. Acho que vamos nos perdendo com os anos.
Seguro sua mão e olho em seu rosto de boneca assustada para que ela não
tenha dúvidas do que vou dizer:
— Eu não tenho nada, Caitlin, apenas você. Nunca posso perdê-la. Se
você achar que isso aqui é demais para você, então vou achar algo que goste
de fazer e que você considere aceitável.
Ela sorri.
— Tudo bem. Estou fantasiando mulheres amarradas e homens se
comendo com os dentes. Vamos tirar essa impressão de mim.
Entrar de mãos dadas com a Caitlin, estando ela com a minha jaqueta não
foi uma boa ideia. Os seguranças na porta logo repararam cada centímetro
dela, como se ela fosse mais uma das mulheres que pego. Será que esses
idiotas não percebem que ela ainda é uma menina? A puxo para mais perto de
mim, tentando protegê-la. Seus olhos curiosos observam tudo, logo que
entramos, no corredor que desce para o ringue, há vários quadros dos grandes
lutadores da casa. E bem na esquina onde viramos para entrar, em maior
destaque, há o dele: Stephen, o imbecil. Caitlin solta minha mão e se aproxima
do quadro, não sei o que viu nele até ouvi-la suspirar.
— Uau!
— Uau? O que quer dizer esse uau, Caitlin?

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— Você não entenderia. Tudo bem, você quer que eu te conte tudo,
então.... Olhe para esse cara! Esses músculos, a pele dele brilha! Eu consigo
contar quantos gominhos ele tem e meu Deus! Ele tem dez! Você já viu um cara
com dez gominhos? Ele exala testosterona e só de olhar para essas entradas
nesse tanquinho me dá vontade de ajoelhar-me aos pés dele e perguntar por
que ele não me deixa chupá-lo, só um pouquinho?
— Quando quiser, baby — uma voz atrás de mim faz Caitlin quase
desmaiar, ao reconhecer o cara da foto.
E merda! Eu estou quase arrancando esse quadro e cada um desses gomos
que a Caitlin enxergou nele. Caitlin abaixa a cabeça sem graça e se aproxima
de mim, mas claro que Stephen não deixaria isso passar batido.
— Sua garota é muito linda e esperta, Hanson. Melhor tomar cuidado com
essa.
— Vai à merda Stephen. Você não vai chegar nem perto dela.
— Veremos.
Ele olha milimetricamente para Caitlin, que ao invés de se encolher atrás
de mim como ela normalmente faria, sorri para ele, devolvendo a inspeção.
— Desculpe-me falar do seu... — Ela aponta com o dedo em direção ao
short que ele usa.
— Não tem problema, baby. É todo seu.
Puxo Caitlin pela mão e a arrasto para dentro do clube e a filha da mãe
ainda fica olhando para trás, para o filho da puta do Ryan. Assim que ele some
de vista, ela começa a rir.
— Que merda foi essa, Caitlin?
Mas ela ri tanto que mal consegue falar. Quase a sacudo para que pare de
rir e me responda, e quando ela percebe como estou nervoso, suspende o riso
com uma careta.
— Foi uma brincadeira, tá legal? Eu só queria brincar falando de forma
que você nunca falaria perto de mim, para quebrar esse gelo e nós nãos nos
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perdermos tanto.
— Você exaltou o maldito Stephen só para me mostrar que posso falar de
sexo com você?
Ela arregala os olhos vermelha como um tomate.
— Ah meu Deus, esse é o famoso Stephen? Colin, juro que não fiz por
mal. Mas devo admitir, ele é muito bonito. Não tipo modelo, mais como um
homem. Um homem muito lindo. — Ela está de novo com o olhar fixo nele e
sou obrigado a sacudi-la para trazê-la de volta à realidade.
Essa noite está me saindo muito pior do que poderia ter imaginado.

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CAPÍTULO DOIS
O maldito Stephen venceu a luta, mas eu não esperava menos do que isso.
O lado bom de tudo é que pude pegar bem seus pontos fracos.
— Ele apanhou mais por baixo, Colin. Ele não se defende ali — observa
Caitlin após um silêncio constrangedor na cadeira ao lado da minha.
A última luta da noite de Stephen vai começar e Caitlin está tentando tirar
a merda da tromba que não sai do meu rosto para ficar tudo bem.
— Preste atenção nessa luta e verá. As únicas vezes em que foi atingido,
foi por baixo. Não é muito inteligente da parte dele. Ele também bate depressa
demais, então não pode ser tão difícil prever seus movimentos.
— Ele faz isso para não dar tempo ao adversário de reagir. Bem
observado, senhorita Ross. Nem parece uma expectadora amadora de luta
livre.
Ela faz um floreio exagerado com a mão.
— Obrigada, eu sempre dou o meu melhor.
Neste momento avisto Serena, a irmã de Stephen com quem dormi no mês
passado e que não larga do meu pé, se aproximar. Aproximo-me de Caitlin
para uma saída rápida.
— Problema! — grito em seu ouvido.
— O quê?
Sem tempo para explicar, a puxo pelo cabelo e a beijo. Sei que vou levar
um soco do Luke por isso e provavelmente uns dez dela, mas não tive saída.
Eu pretendia apenas fingir beijar a Caitlin, mas, para não correr o risco de não
convencer a Serena, a beijei de verdade. Sem língua, mas foi um beijo. E eu
não me lembrava como seus lábios eram grossos.
Assim que me afasto, Serena passa por nós irritada e esbarra em Caitlin,
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derrubando seu refrigerante na minha jaqueta.


— Ela era o problema? — Caitlin pergunta calma demais.
— Sim, era. Você, baby girl, é a melhor amiga do mundo.
— E você é uma merda de amigo — Luke diz, mas Caitlin e eu fingimos
não escutar.
Ele vai entender depois, não é como se Caitlin e eu nunca tivéssemos nos
beijado antes. Não significa nada. Porra, eu a ensinei a beijar! Podemos
considerar isso como mais um treino.
Bagunço seu cabelo, obrigando-a a desfazer o nó para prendê-lo de novo,
quando o filho da puta do Stephen dá o golpe mais baixo da história dos
golpes baixos. Ele aponta para Caitlin e a convida para ser a Sorte dele.
No Clube Luck, onde lutamos, cada lutador pode escolher uma mulher da
plateia para ser sua Sorte. Ela fica lá em cima do ringue, assistindo a luta de
perto, e se ele vencer, ela lhe dá um beijo, pois deu sorte para ele. E nesse
momento o maldito do Stephen está chamando a minha melhor amiga para ser a
Sorte dele.
— Nem fodendo que você vai subir lá.
Só então ela percebe que todos estão olhando para ela. Solta o cabelo que
tentava prender e se encolhe atrás de Luke, que está ao seu lado esquerdo.
— Por que todos estão olhando para mim? — pergunta envergonhada.
— Não acredito que o filho da puta a chamou para ser a Sorte dele! —
reclama Luke irritado.
— Sorte? O que é isso?
Stephen desse do ringue em direção a ela, todos os olhares sobre eles.
Mas claro que não permito que ele se aproxime. Fico de pé e entro na frente
de Caitlin, impedindo-o de chegar até ela.
— Escolha outra, Stephen, ela não está disponível.
— Ela não me parece uma das garotas que você leva para a cama,
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Hanson.
— Eu não sou! — Caitlin diz atrás de mim e tenho vontade de matá-la.
— Ela é minha irmã e de jeito nenhum vai ser a Sorte para você.
— Sua irmã? Não seria perfeito? Uma irmã pela outra.
Quero matá-lo, mas mal dou um passo, dois seguranças me seguram.
— Não arrume briga na plateia, Colin. Sabe que o Thor te mata.
Thor é o dono do clube e briga aqui dentro só é aceitável em cima do
ringue. Então dou um jeito de esfriar a cabeça, enquanto o maldito fala com
Caitlin.
— Quero que seja a minha Sorte. Você só precisa subir lá e assistir a luta,
quando eu vencer, oferecerei meu prêmio a você.
Caitlin gagueja e não diz nada.
— Eu já disse que ela não vai.
— Não estou chamando você, embora seja seu sonho subir no ringue
comigo e sair como vencedor de alguma forma, não é mesmo?
Então o maldito fala a única coisa que convenceria Caitlin a subir no
ringue com meu maior inimigo.
— A garota para quem você fingiu ser a namorada dele é minha irmã. O
seu irmão, destroçou o coração dela. Só quero deixar bem claro que não sou
como ele.
Caitlin me olha com aquela decepção que odeio ver nos olhos dela e nem
preciso ver ela se levantar para saber que vai subir na merda do ringue.
— Caitlin, você não precisa fazer isso. Isso aqui não é você.
— Você tem razão, Colin. Isso aqui não sou eu. — Ela aponta para a
garota que nos olha curiosa de longe. — Eu vou com você, Stephen, mas quero
deixar claro que estou fazendo isso apenas pela sua irmã. Eu sou team Colin.
Ele sorri estendendo a mão e vejo minha amiga subir no ringue com
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aquele maldito. Completamente perdida. Seu cabelo solto voa com o vento em
seu rosto, ela tira minha jaqueta e a entrega a Ring girl que deixa o ringue. É
costume que elas saiam quando a Sorte está no ringue. E ali, com o cabelo
negro esvoaçante, um vestido colado ao seu corpo, e mordendo o lábio de
nervosismo, Caitlin Ross, minha melhor amiga, é o objeto de desejo de todos
os idiotas presentes aqui, incluído o Stephen.
A luta começa, mas não consigo ver nada dela. Só tenho olhos para
Caitlin, parecendo totalmente perdida em cima do ringue, olhando para todos
os lados menos para a pancadaria que se desenrola na frente dela, e claro,
para mim. Ela não olha em minha direção em nenhum momento. Recebo um
soco de Luke completamente irritado.
— Caralho! Quem teve a ideia de merda de trazer a Caitlin aqui?
— Você.
— Por que caralho você ainda escuta minhas ideias? Eu devia saber. As
garotas daqui são todas iguais, todas fáceis e oferecidas, mas ela? Basta olhar
para Caitlin para saber que é tímida, que é inteligente e não é uma piranha.
Sem contar que ela é de longe a mulher mais linda nessa merda de lugar.
— Caitlin é uma menina, Luke. Não a compare com as mulheres daqui.
Ele sorri debochado e dá um tapa forte na minha cabeça.
— Abra a merda desses olhos, Colin. Caitlin deixou de ser menina há
muito tempo. Ela é a mulher mais linda dessa merda toda e não sou só eu que
enxergo isso.
Olho para ela ali, Stephen diz algo em seu ouvido enquanto seu
adversário tenta se levantar que a faz rir, e ela relaxa visivelmente. Não gosto
da sensação de vê-la ficar bem com ele. Tantos homens exalando testosterona
nesse lugar e ela vai se interessar justamente pelo meu maior oponente. Mas o
que vejo quando a olho é a mesma bonequinha de porcelana de sempre. Minha
preciosa, a menina que devo proteger. E não estou fazendo isso direito.
O juiz dá a luta como encerrada e Stephen é o vencedor. Ele pega a merda
do pano branco da mão do juiz e o estende a Caitlin. Como ele não disse a ela
nada sobre beijo, tive uma vaga esperança de que ele não fosse cobrar isso,
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mas claro que ele não deixaria passar. Ele segura o rosto dela, diz algo que a
assusta e vagarosamente aproxima seu rosto do dela, depositando um puta
beijo em sua boca.
— Ele colocou a língua na boca dela? — Luke praticamente grita.
A plateia grita enlouquecida e eu seria capaz de subir naquela merda de
ringue agora mesmo e partir esse filho da puta ao meio. Ele agradece
convencido a atenção da plateia e ajuda Caitlin a descer do ringue. Então pega
sua mão e a arrasta para o vestiário.
— Colin... — Luke começa a falar, mas nem dou tempo que ele conclua
— Ele não vai levá-la para o vestiário, de jeito nenhum!
Passo pela multidão como um furacão e os alcanço quando ele vai fechar
a porta, consigo impedir com o pé e a empurro com força.
— Caitlin, vamos!
Ela arregala os olhos por meu grito, então tento me acalmar.
— Caitlin, minha preciosa, vem comigo. Vamos embora.
Estendo a minha mão e ela lança um olhar de desculpas a Stephen que
com um sorriso beija a mão dela. Se fazendo de cavalheiro, coisa que sei que
o babaca não é. Caitlin passa por mim sem pegar minha mão, o que indica que
ainda está brava comigo, mas pelo menos escolheu a mim. Não posso ameaçar
Stephen arriscando que ela ouça, mas faço isso com o olhar e ele parece levar
isso como um desafio.

Estou pensando em uma maneira de me desculpar com ela pelo beijo para
enganar Serena, quando alguém pula repentinamente na minha frente e um
perfume exagerado me toma enquanto dois braços rodeiam meu pescoço.
— Colin, meu bem. Que saudade de você!
— Ah, oi Rachel.
Caitlin me olha com aquele desapontamento, como se gritasse em minha
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cara que avisou que seria assim e segue até o carro. Preciso falar com ela.
— Rachel, hoje não posso. Nos vemos amanhã, tudo bem?
Dou um beijo rápido em sua testa e corro até o carro.
Caitlin está mexendo no celular e não diz uma só palavra o caminho todo.
Despede-se de Luke com um tchau seco e entra no prédio sem esperar por
mim. Corro atrás dela como um cachorrinho. Sei que faço isso, mas ela é
minha única família, minha única amiga de verdade. Quando entro no
apartamento ela está tirando o lenço branco da vitória do Stephen do bolso da
minha jaqueta, que havia sido devolvida a ela quando desceu do ringue.
Estende a jaqueta para mim e leva o lenço ao nariz.
— Até que não foi tão ruim. Quer dizer, não me importaria de assistir uma
luta sua um dia desses — diz com um sorriso.
— Minha ou desse babaca?
Ela revira os olhos e vai para o banheiro. Tenho um monte de coisas para
fazer, mas fico ali, sentado quase na porta do banheiro, esperando que ela saia.
Sei que já passou de sua hora normal de dormir, mas quero mesmo falar com
ela. Ela se assusta ao me ver ali, mas sorri para mim.
— Caitlin, me desculpe.
— Pelo que exatamente?
— Beijar você. Usá-la como parte de uma farsa para desenganar uma
mulher apaixonada. E por ser um babaca completo que só pensa com a cabeça
de baixo e vive decepcionando a única pessoa no mundo que ele quer
impressionar.
Ela sorri, aquele sorriso doce de quem me perdoou totalmente.
— Você ainda vai melhorar. Foi cruel o que fez com a irmã do Stephen,
mas não estou aqui para julgar você. Obrigada por não ter trazido a garota do
perfume forte para cá.
Pego sua mão e a acaricio levemente.
— Caitlin, eu nunca faria isso com você. Sei que vivo quebrando essa
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maldita regra, mas estar com você e mesmo assim precisar da companhia de
outra? Isso é algo que nunca vai acontecer.
Algo passa por seus olhos e ela me abraça. Rodeio seu corpo pequeno
com os braços, apertando-a a mim. E sinto seus seios pressionando meu peito.
Ela está só de toalha e seu cabelo está molhado. Afasto-me confuso, porque
nunca senti nada do corpo dela antes que não fosse o calor de seus pequenos
braços, e sentir que minha garotinha tem seios, é completamente insano. Ela se
afasta em direção ao seu quarto, e sendo o grande babaca que sou, não posso
permitir que ela vá dormir em paz.
— Stephen está usando você para me atingir, Caitlin. Sinto muito por isso
também.
Ela para onde está e me olha. Tenta aparentar calma, mas a conheço o
suficiente para saber que não está.
— Por que você acha isso?
— Porque ele me odeia e você estava comigo. Ele viu que é importante
para mim. E você não faz o tipo dele.
Seu rosto fica tão vermelho quando escuta a última frase, que só entendo
que a magoei quando ela fala, e sua voz parece embargada.
— Então, você acha que não sou bela o suficiente para atrair um homem
como ele? Acha que eu não posso seduzi-lo?
— Eu não quis dizer... merda, Caitlin! Você é uma menina! É claro que
não pode seduzi-lo, você não é assim.
— Boa noite, Colin.
Ela entra em seu quarto e bate a porta. Corro atrás, mas ela a trancou e eu
sei que não adianta tenta falar com ela quando tranca a maldita porta. Vou para
meu quarto, tento dormir, mas falho miseravelmente. Odeio me sentir brigado
com ela.

Ouço o tique-taque do relógio e sei que já passam das três da manhã,


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quando a porta do meu quarto é aberta.


— Colin — Caitlin chama baixinho. — Está acordado?
Acendo a luz do abajur e sento-me na cama.
— Aconteceu alguma coisa? Você está bem?
Ela usa uma camisola de flanela enorme e parece totalmente sem graça
por eu estar acordado.
— Não consigo dormir. Na verdade, eu não gosto de dormir brigada com
você. Desculpe ter trancado a porta.
Estendo a coberta e ela fecha a porta e se enfia debaixo dela comigo. A
deito em meu peito e acaricio seu cabelo para que ela durma.
— Também não gosto de brigar com você, minha preciosa.
— Não me chame assim. Me sinto um anel quando você diz isso.
Sorrio e ela se aconchega a mim, sua respiração ficando mais alta a cada
minuto.
— Você é muito bonita, Caitlin. E sei que não é uma menina, apenas eu a
vejo assim. Não acho que não seja capaz de seduzir alguém como o Stephen
babaca, só quero que tome cuidado. Não quero você machucada de novo,
porque eu a coloquei na mira de um inimigo. Você me entende?
Ela assente e responde com a voz arrastada pelo sono.
— Entendo. Mas você está certo, não sou mais uma menina. Eu sei me
cuidar.
Afundo o rosto no cabelo macio dela, e o cheiro de seu shampoo me faz
acalmar e finalmente dormir.

Caitlin não está ao meu lado quando acordo e quando vejo a hora no
despertador, me dou conta do motivo. Já passa das oito. Me levanto para
conferir se ela já saiu para o trabalho, mas ela está afoita, tentando fechar o
casaco com uma mão, enquanto enfia os pés em seus tênis e tenta tomar café.
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Queima a língua, grita um palavrão, se desequilibra e só não cai de cara no


chão, porque sou rápido o bastante para segurá-la.
— Me ajuda! Feche meu sutiã. E me diga que o fecho não arrebentou.
Ela tenta tirar o casaco, mas se embola toda, então a obrigo a ficar
parada.
— Tome esse café e me deixe fazer o resto, tudo bem?
Ela assente e tiro o casaco de seus braços, estava do lado avesso, o que a
faz dar uma gargalhada. Então ela sobe a batinha branca que usa e fica de
costas para mim. Abotoo seu sutiã e a informo de que não está estragado.
Coloco o casaco em seus ombros e me ajoelho para amarrar seus tênis
enquanto ela toma o café.
— Você comeu alguma coisa?
Ela nega com a cabeça.
— Não dá tempo. Eu como na lanchonete. É por isso que não gosto de
dormir com você, sempre me atraso.
Ela me dá um beijo rápido no rosto e corre porta afora, deixando a
mochila para trás. A levo até a porta e espero, pouco depois ela sai do
elevador correndo, puxa a mochila da minha mão e a impeço de correr de
volta, puxando-a pela mão.
— Meu beijo de tchau.
— Eu já te dei.
— Mas agora está me dando tchau de novo. Quero outro.
— Idiota!
Ela bate a testa em meu queixo na pressa, me xinga de novo e sai
correndo.
— Essa é minha garota.
Estranhamente, mesmo sabendo que o Stephen ficará no pé da Caitlin para
se vingar de mim, estou com um humor divino. Humor esse, que desfalece
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consideravelmente quando sou obrigado a entrar na maldita clínica. Eu


deveria estar preso pelo que fiz e entendo que foi errado, mesmo sabendo que
foi justo. Mas, como minha querida psicóloga sempre me diz, nem sempre o
justo é o certo. Eu fiz justiça com as próprias mãos e agora preciso arcar com
isso. Achei que fosse mesmo parar na cadeia, mas graças a Lorna, mãe da
Caitlin, estou em liberdade, sendo obrigado a comparecer nessa clinica uma
vez por semana até que a doutora espertinha resolva me dar alta, e prestando
serviços sociais aos finais de semana. Dessa parte eu gosto. Trabalho em um
orfanato e Caitlin sempre vai comigo, é algo de nossas vidas de adultos que
ainda podemos fazer juntos e que curtimos juntos.
A doutora Katy tem cabelos loiros bem curtos, por volta dos quarenta
anos e olhos cansados. Penso que a vida dela não deve ser uma maravilha, e
mesmo assim ela fica aqui tentando consertar a minha. Quando disse isso a
ela, ela me respondeu que todo mundo tem facilidade em cuidar da vida dos
outros. De vez em quando, eu gosto dela.
— Olá, Colin. Como está a Caitlin?
Ela sempre pergunta pela Caitlin antes de perguntar por mim. Abro um
sorriso enquanto me sento.
— Neste momento, deve estar envergonhada por ter chegado atrasada no
serviço. A senhora sabe como ela é.
— Sim, eu sei. Por isso estranho o fato de ela se atrasar. Aconteceu algo?
— Nada demais. Nós tivemos uma leve discussão ontem à noite,
custamos a dormir. Fizemos as pazes de madrugada e ela dormiu na minha
cama, por isso saiu atrasada.
Ela arqueia as sobrancelhas e anota algo em seu caderno.
— Não aconteceu nada entre a gente, doutora. Eu jamais tocaria em um
fio de cabelo dela dessa maneira. Além do mais, ela está interessada no idiota
do Stephen Ryan.
Não sei dizer se a expressão em seu rosto, além de surpresa, é de pena ou
de zombaria.

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— Stephen? Aquele seu adversário que sempre...


— Ele mesmo! — interrompo antes que ela complete que ele sempre me
vence.
— Interessante.
— Não vejo nada de interessante nisso. Caitlin é uma menina inocente e
ele só a está usando para se vingar de mim.
— Você não tem como ter certeza disso, então sugiro que não tente
protegê-la. Deixa a Caitlin se virar sozinha.
— O caralho que não vou protegê-la dele. Pode ter certeza que ele não
vai colocar as mãos nela. Não importa o que eu tenha que fazer, nunca
permitirei isso.
Ela anota furiosamente algumas coisas, depois, deixa o caderninho de
lado e me serve uma dose de vodca. Também pega uma para si. A primeira vez
em que fez isso, confesso que me assustei, mas então ela me disse que eu já
tinha mais de vinte e um e isso se tornou um costume. Ela acha que me solto
mais quando estou sob o efeito do álcool e para mim, é oportuno que ela pense
isso.
— Sabe, senhor Hanson, há algo curioso que gostaria que você notasse.
Sempre que entra em meu consultório e eu pergunto como você está, você
pouco diz, se fecha e nossa hora não rende. Mas, sempre que você entra em
meu consultório e eu pergunto primeiro pela senhorita Ross, você abre um
sorriso e conversa comigo por uma horinha inteira.
Viro minha dose de vodca fazendo uma careta e dou de ombros. Ela
espera que eu diga alguma coisa, mas o que eu poderia dizer? Não gosto de
falar sobre mim, gosto de fala sobre a Caitlin.
— E você acha normal isso?
— Ela é minha melhor amiga e mora comigo — mais uma vez, não
entendo onde ela quer chegar com essas observações.
— Você tem outros amigos, suponho, com quem convive diariamente e
acredito até, que divida mais da sua vida, do que faz com a senhorita Ross.
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— Tá legal, onde isso vai parar?


Ela imita meu gesto com um dar de ombros e um sorriso de que devo
descobrir sozinho que eu detesto nela.
— Em lugar algum, suponho. Só não é comum essa sua dependência dela.
— Eu não dependo dela. Ela só é uma coisa boa na minha vida. O que a
senhora está insinuando?
— Absolutamente nada. Você entrou em contato com a Hannah como eu te
pedi?
Ela achou mesmo que uma dose de vodca e ficar insinuando que sinto
algo mais pela minha melhor amiga me fariam responder essa pergunta de
alguma forma como se fosse um assunto comum?
— Não, isso não vai acontecer. Por que não voltamos a falar sobre a
Caitlin? — proponho já sabendo que ela vai voltar a bancar o cupido.
— É claro, mas não se iluda de que está desviando o foco da nossa
sessão. Descubro mais de você quando falamos dela. — Ao ver minha
expressão de dúvida, dá sua última cartada: — Por exemplo, você poderia
afirmar que ela é seu lado bom?
Olho para trás e quando repenso a minha vida, desde sempre até agora,
parece que algo faz todo sentido e essa megera casamenteira conseguiu
decifrar algo meu.
— Sim, na verdade, isso a define perfeitamente para mim, ela é o meu
melhor lado.
Ela volta a anotar furiosamente em seu caderno com um gesto negativo de
cabeça e acho que a escuto resmungar algo sobre ver tanto e enxergar tão
pouco.

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CAPÍTULO TRÊS
Olho o celular em minha mão como se ele fosse um bicho de sete
cabeças. Demoro cerca de dez minutos para ter a coragem de abrir os
contatos, mais uns vinte para rolar a tela até o nome da minha ex madrasta
malvada. E parece que vou demorar uma vida para ter coragem de fazer essa
ligação. Talvez nem a faça nessa vida. Apesar do que a doutora casamenteira
diz, eu ainda não acho que deva qualquer pedido de desculpas a ela, menos
ainda saber se está bem, quando realmente não me importo. Melhor ser eu
mesmo do que um cara bom.
Jogo-me na cadeira que até poucos minutos estava ocupada pela Caitlin e
resolvo um de seus exercícios. Ela odeia quando faço isso, gosta que eu a
ensine, mas não tenho vocação para lecionar, prefiro ajudá-la fazendo seu
dever. Ela cantarola no banho enquanto vou resolvendo tudo apenas para
irritá-la, e de repente algo vibra na mesa. É o celular dela. Dou uma olhada
por alto ao ver um número sem foto.
— Caitlin, seu telefone! — grito. — Quer que eu atenda?
Ela não para de cantarolar e pego o aparelho, me dirijo até a porta do
banheiro para entregá-lo a ela, quando reconheço o número na tela.
— Maldito!
Como diabos Stephen Imbecil Ryan conseguiu o número do celular dela?
Corro para o meu quarto com o aparelho e atendo, não estou
ultrapassando nenhuma regra de invasão de privacidade aqui, estou apenas
fazendo o meu papel de proteger a minha amiga.
— O que você quer? — atendo.
— Achei que esse número fosse da Caitlin, não seu.
— Última chance, babaca! O que você quer?

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— Falar com a Caitlin. Ela sabe que você atende o celular dela?
— Ela não pode atender.
Desligo o telefone que toca de novo em seguida. Atendo imediatamente,
pois ela parou de cantarolar no banheiro e não quero que ela escute.
— Hanson, deixa de ser criança, ok? Eu só quero convidar a Caitlin para
sair comigo hoje. Isso não tem nada a ver com você, ou com o clube, só quero
passar um tempo com ela.
Como se eu fosse acreditar que ele querer sair com minha melhor amiga
não tem nada a ver com o fato de eu ter magoado a irmã dele. Se o interesse
dele por ela não é pela nossa rivalidade no ringue, então é por vingança.
— Isso não vai acontecer. Quero você bem longe dela. Eu sei que fui um
babaca com a Serena, mas a Caitlin não tem nada a ver com isso. Vingue-se de
mim no ringue e deixe minha amiga fora disso!
— Você é mesmo um idiota prepotente se acha que meu mundo gira em
torno de você. Estou pouco me lixando para o que fez com a Serena, eu a
alertei sobre você, ela quis correr o risco. E mesmo se eu quisesse me vingar
de você por isso, eu já o faço, semanalmente no ringue, certo? O meu interesse
na Caitlin somente tem a ver com ela e mesmo que você desligue o celular
dela, eu vou bater na sua porta até que consiga falar com ela!
Ouço Caitlin cantarolando na cozinha, preciso desligar a ligação antes
que ela pergunte pelo celular.
— Eu vou dar o recado. Mas se você a magoar, Ryan, pode ter certeza de
que mesmo que eu seja expulso do clube, eu mato você.
— Não tenho medo de você. Mas não vou machucá-la.
Ele me passa o local de um restaurante não muito longe para que ela o
encontre às vinte horas. Juro que vou dar o recado, mas claro que não vou
fazer isso. Só preciso dar um jeito de tirar a Caitlin de casa, fazer o babaca
achar que ela deu um bolo nele e então a vida tomará seu rumo certo de novo.
A observo montar um sanduiche, ela me oferece, mas estou sem fome.
Devolvo seu celular à mesa, após apagar do registro as ligações do Stephen e
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penso em como tirá-la de casa. Principalmente porque tenho uma luta hoje.
— Por que você fez isso? — ela pergunta irritada e por um segundo
penso que descobriu sobre a ligação, mas está encarando as respostas no seu
trabalho.
— De nada, querida.
— Colin Hanson, você é o ser mais odiável e idiota da face da terra!
— Você deveria me agradecer, Caitlin. Fiz seu trabalho, agora você está
livre o resto da noite.
— É verdade, e o que mesmo eu vou fazer com ela? Ah, sim! Assistir uma
maratona de séries de heróis na Netflix e na semana que vem quando for fazer
a prova, eu vejo se a história de Oliver Queen pode me dar um dez!
Adoro quando ela faz esses dramas.
— Só que essa noite você não vai ficar sozinha com a Netflix. — Lanço
aquele olhar pidão e ela cai pesadamente na cadeira de frente para mim, já
com o dedo indicador fazendo um movimento negativo no ar.
— De jeito nenhum! Você não vai atrapalhar meu romance com Oliver
Queen para me meter em algum dos seus rolos! Não mesmo!
— Caitlin, por favor! — Faço minha melhor imitação do Gato de botas.
— Não!
— Caitlin, preciso de você. Quero que seja a minha Sorte essa noite.
Espero sua negação e uma lição sobre o que houve da última vez em que
a levei ao clube, mas estranhamente, ela permanece parada, como se seus
pensamentos estivessem a quilômetros de distância daqui, logo, me analisa
como se eu fosse um Alien, então parece cair em si e pigarreia sem graça.
Levanta-se da cadeira e, olhando para o chão, como uma menina
envergonhada, fala com a voz baixa e meio receosa:
— Para que você quer que eu vá? Sabe que assim não poderá voltar para
a casa com uma mulher, não sabe?

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— Não faço questão. Mas de você lá para me dar sorte, eu faço. Não
abro mão da sua companhia essa noite, senhorita Ross.
— Eu vou me trocar — diz baixinho e sai meio cambaleante em direção
ao seu quarto.
E eu não consigo fazer o mesmo porque não entendi merda nenhuma do
que acabou de acontecer aqui. Não acredito que a convenci tão facilmente. E o
que foi essa reação estranha dela? Bom, pelo menos ela não estará em casa
quando o imbecil vier buscá-la e estando em cima do ringue comigo, não
poderá atender nenhuma ligação dele.
— Hanson 1, Ryan 0! — grito comemorando e vou finalmente me
preparar para a luta da noite.

— Está pronta, preciosa? — grito para a porta do quarto dela, já pegando


minha mochila e pendurando-a no pescoço.
— Pare de me chamar assim — ela diz saindo do quarto.
— Caitlin, você está tão... — analiso seu vestido florido e a sandália sem
salto, ela parece uma boneca — fofa!
Ela faz uma careta e o som da campainha me salva de levar uns tapas.
Penso que deve ser o Luke, mas me surpreendo ao encontrar Rachel, muito
pouco vestida e extremamente maquiada, parada do lado de fora.
— Rachel?
— Oi meu bem! Você marcou comigo para hoje, lembra?
Ela me dá um beijo estalado nos lábios e entra mesmo sem ser convidada.
Avalia Caitlin com uma careta. Quero mandá-la embora antes que Caitlin me
olhe daquele jeito acusador, mas Rachel aponta para ela e diz:
— A bonequinha aí vai de novo? Achei que não tivesse se habituado ao
clube. Sem ofensas, bonequinha, mas é um lugar muito adulto, você sabe.
— Promíscuo, você quer dizer — Caitlin diz com a voz firme. — Não
tem problema, querida, boas meninas também podem ser más por uma noite.
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Vamos, Colin?
— Quem é você e o que fez com a minha boneca? — sussurro para ela,
que me dá de ombros e vai na frente.
Encontramos Luke na entrada do prédio e vamos todos no carro dele, que
abre um imenso sorriso ao ver Caitlin indo conosco.
Caitlin está com o celular na mão no banco do carona, enquanto do banco
de trás, tento ver o que ela está fazendo. Parece estar conversando com
alguém, e temo que seja o Imbecil Ryan, então digo algo para chamar sua
atenção, mas não funciona. Luke não para de falar no ouvido dela o trajeto
todo, penso que ela nem está ouvindo, concentrada em sua conversa com sabe-
se-lá-quem, mas no segundo em que ele cala a boca, ela comenta sobre o que
ele estava falando. Assim que descemos do carro, puxo Luke num canto e
advirto:
— Ela está dando um bolo no Imbecil Ryan sem saber, então faça o que
for preciso para mantê-la longe do celular até que eu a chame para o ringue.
— Por que você vai chamá-la para o ringue?
— Para ser a minha Sorte. Para que mais?
— E aí se você ganhar, terá que beijá-la? — Ele faz uma careta e parece
prestes a me dar um soco.
— É como beijar uma irmã na boca, Luke. Não é nada demais.
— Cara, ninguém beija a irmã na boca, você é doente!
— Que seja! Tome conta dela.
Rachel já sumiu de nossas vistas, como achei que faria, então abraço
Caitlin e explico para ela porque ela ainda está aqui, mesmo sabendo que
muito provavelmente irei levar Rachel para casa conosco.
— Na semana que vem começa o campeonato estadual de luta livre e
hoje, é a primeira eliminatória.
— Então, se você ganhar já está confirmado no campeonato?

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— Sim, é isso. Por isso preciso tanto de você aqui hoje, minha preciosa.
Você será a minha Sorte, sei que com você em cima daquele ringue, eu vou
vencer hoje.
Ela aperta as pontas dos meus dedos e assente. E tenho mais do que
certeza que vou ganhar.
Honor é chamado ao ringue primeiro, em seguida, ouço meu nome e ouço
a plateia gritar, principalmente as mulheres. Adoro a sensação de ter tantas
pessoas torcendo por mim, adoro ouvir o adversário sendo recebido com
silêncio enquanto eu sou recebido com o ápice do barulho. Isso por si só já me
dá a força de que preciso para vencer a luta. A outra parte da força vem da
menina tímida, com seu vestido florido na plateia. Eu a chamo até o ringue,
beijo sua boca no final, o que para mim será algo corriqueiro, mas o Stephen
saberá que minha princesa deu um bolo nele para vir ficar comigo. Duvido
muito que procure por ela depois disso.
— Honor, você tem uma Sorte? — o locutor pergunta ao meu adversário
que convida ao palco Rhea, uma loirinha sapeca que pisca para mim antes de
ir para o lado dele.
Já nos encontramos algumas vezes por aí.
— Hanson, você tem a sua Sorte?
Antes que eu possa afirmar, Rachel sobe no ringue, aproxima-se de mim e
deposita um beijo rápido na minha boca. Merda!
— O que você está fazendo?
Ela pisca para mim e assume seu lugar no ringue como a minha Sorte. Isso
é o que eu ganho por bancar o idiota com a minha melhor amiga. Tento
encontrar Caitlin entre a plateia e assim que a localizo, me concentro na luta.
Dei uma boa vantagem ao pequeno grande Honor, que apesar de ser gigante,
não tem muita técnica. Não a técnica que eu tenho, pelo menos. O acerto logo
na primeira tentativa, e não espero que reaja para acertá-lo com mais força.
Ele consegue me atingir duas vezes, vou ficar com mais um possível
hematoma, mas isso torna a vitória ainda mais saborosa. Deixo ele achar que
estou cansado, deixo-o pensar que tem vantagem e, no segundo em que ele se

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prepara para me atingir, eu o derrubo. Monto sobre ele cobrindo-o de socos.


Até que tudo o que posso ver de seu rosto é um borrão vermelho, então saio de
cima dele já ouvindo os gritos ensurdecedores da plateia. Eu venci.
Pego o lenço branco da vitória, Rachel aproxima-se de mim como uma
gata manhosa, mas a seguro pela mão e aponto para Caitlin. Sei que serei
punido por isso, o lenço da vitória pertence à sua Sorte, mas Rachel não era
para ser minha Sorte essa noite, então aceitarei a punição de bom grado.
Caitlin parece mortificada, a chamo com o dedo indicador, e completamente
sem graça por ser o centro das atenções, ela vem até próximo ao ringue, mas
não sobe nele. É o suficiente para mim, jogo o lenço para ela, como sinal de
gratidão por ela estar ali, ao que ela reage de maneira estranha, pega o lenço e
o leva ao rosto, olha para mim com algo que não sei identificar e não tenho
tempo de fazê-lo, pois Rachel se pendura em mim e sua boca toma a minha
num beijo voraz. A plateia grita mais uma vez e o juiz nos manda descer do
ringue.
— Nunca mais me apronte uma dessas, seu babaca! — Rachel reclama
antes de sumir de vista.

— Cara, você foi demais! Todo mundo pensando que você estava
desistindo, as apostas começaram a mudar, mas eu sabia que era um truque! —
Luke fala empolgado.
— Eu sei, ele é grande, mas não tem técnica. Ei, não vai dizer nada? —
Puxo de leve o cabelo da Caitlin provocando-a.
— Parabéns — ela diz e estende o lenço para mim.
— Ele é seu. Eu o dei a você, a tradição é que você o guarde, ou pode me
trazer má sorte.
— Eu não era a sua Sorte essa noite, então...
Rachel aparece como um fantasma e pega o lenço de sua mão,
agradecendo por devolver o que é dela. Como estou classificado para o
campeonato, tenho que comemorar. Já havia decidido isso antes mesmo do
Luke dar o grito, chamando os caras do clube para nossa comemoração.
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— Prepare-se Caitlin, amanhã você acordará com uma puta ressaca —


provoco-a.
— Você não me disse nada sobre uma noite de bebedeira com esses
brutamontes! — reclama.
— Fazer mais parte da minha vida, lembra? — Ela faz uma careta e
sorrio — Brincadeira, preciosa. Vou deixá-la em casa antes de irmos para o
pub.
Ela agradece com um gesto de cabeça e nos enfiamos no carro de Luke
combinando de encontrar o pessoal no pub. Sei que hoje minha bebida será
por conta da casa.

— Preciso usar o banheiro! — Rachel grita assim que o carro para em


frente meu prédio e desce na frente.
Sigo ela e Caitlin até o apartamento, vejo que Caitlin olha seu celular e
joga-o sobre a mesa desanimada enquanto tira sua sandália quase infantil.
— Esperando alguma ligação? — pergunto como quem não quer nada.
— Não é nada.
— Não está esperando algum contato do imbecil do Stephen, não é?
Caitlin, eu te disse que ele não serve para você.
— Eu sei, na verdade, eu estava. Sei que ele pediu meu número a
Mackenzie essa manhã, achei que ele...
— Quem é Mackenzie?
— Minha amiga, da faculdade.
— E por que ele sabe sobre ela e eu não?
— Porque ele não vai tentar transar com ela.
— Não é justo! Sinto muito que ele não tenha te ligado. — Sinto mesmo o
um nó no estômago por estar omitindo o que fiz, mas é para o bem dela. E
saber disso me faz sentir melhor.
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— Não tem problema, acho que no final das contas ele não está realmente
interessado.
— Você não vai para um pub vestida assim, não é? — Rachel grita
apontando Caitlin quando sai do banheiro — Boneca, eles nem vão te deixar
entrar. Você parece uma menina de quinze anos!
Caitlin cruza os braços irritada.
— Na verdade, eu não vou ao pub, e não pareço uma menina. O que tem
de errado com a minha roupa?
— Além das flores?
Rachel tira do ombro uma mochila e ao ver meu olhar questionador
explica:
— Eu trouxe porque sei que vou dormir aqui, baby, venha boneca — pega
Caitlin pela mão — vamos transformar você em uma mulher.
— Boa sorte! — grito ouvindo palavrões da duas do banheiro. — Caitlin
vestida com uma roupa da Rachel, isso vai ser hilário.
Pego uma maçã enquanto espero decidindo se serei um bom garoto e não
zombarei muito a minha amiga, ou se serei eu mesmo quando ela sair do
banheiro parecendo uma boneca com cara de palhaça, se a Rachel fizer nela as
maquiagens que faz em si mesma. Então, engasgo com o último pedaço da
maçã quando Caitlin finalmente sai do banheiro.
— Puta que pariu! — Parado feito um bobo na porta, Luke fala
exatamente as palavras que estavam na minha mente. — Eu vim chamar vocês,
mas uau! Caitlin, uau!
Ela dá uma voltinha para ele com um sorriso no rosto, e eu mal reconheço
esse rosto. Quer dizer, eu reconheço, mas eu não me lembro de ele ser de
uma... mulher. Caitlin está com um vestido preto colado demais ao seu corpo e
muito curto, com um decote mais do que generoso. E de alguma forma esse
vestido a deixou com as coxas grossas, uma senhora bunda e seios de dar água
na boca. Bato em mim mesmo para voltar a mim porque não é possível que
uma roupa faça tanta mágica. O rosto dela não parece uma palhaça, com um
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batom vermelho e uma sombra em volta dos olhos, ela parece... minha amiga
está... deliciosa!
Só posso estar ficando louco. Fecho os olhos e me lembro da menina que
ela era poucos minutos atrás, a doce menina que sempre me ajudou e ela,
definitivamente, não é uma mulher deliciosa. Abro os olhos e ela me encara
em expectativa, três pares de olhos aguardam meu veredito sobre sua
aparência e o dou com calma e certeza:
— O que uma roupa não faz, hein! Você quase parece uma mulher!
— Babaca! — Rachel pronuncia baixinho e Caitlin parece decepcionada.
É como se algo na maneira como ela me olha se quebrasse.

— Acho que sou o único aqui vendo minha menina como uma menina —
reclamo com Luke conforme vamos passando pela fila que aguarda para entrar
no pub, e vários pescoços se viram para babar na bunda da Caitlin.
— Porque ela não é uma menina. Há anos. Não sei como consegue olhar
para ela e não imaginá-la sem roupa — ele responde suspirando, ao que
respondo com um tapa forte em sua cabeça.
— Respeito.
O zumbido da música alta geralmente tira todos os pensamentos da minha
cabeça. Quando entro aqui apenas me movo, bebo, e me divirto de várias
maneiras. Mas hoje, estranhamente, mesmo após uma vitória tão importante, há
algo errado com esse lugar. O barman nos cumprimenta enquanto somos
guiados até nossa mesa de praxe, onde os caras já nos aguardam, campeões
são sempre bem-vindos aqui. Em um dia comum da minha vidinha normal, eu
me sentaria, duas morenas lindas viriam com bolsas de gelo tratar meus
ferimentos e eu beberia até esquecer o passado, sendo apenas o campeão. Mas
nesse dia em que por cinco segundos vi minha melhor amiga com seios, há
algo inquietante que não consigo decifrar. Todos os malditos caras desse lugar
olham para ela.
— Carne nova, Hanson? — Edgard com os dentes à mostra aproxima-se
de Caitlin, mas trato de cortá-lo.
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— Vaza! — ordeno apenas uma vez e ele prontamente obedece


resmungando.
— Você precisa aprender a dividir — reclama.
Quero pedir desculpas a Caitlin com o olhar, num código nosso que já é
antigo já que faço tantas cagadas com ela e nem sempre posso falar a palavra
desculpa no momento em que sou idiota, mas ela está me ignorando. Também
posso jogar esse jogo. Puxo Rachel para mais perto, mas sendo a Rachel, ela
se senta no meu colo e nos beijamos. Olho para Caitlin para ver a expressão
de desaprovação dela, mas ela está batendo papo com Luke, que lhe oferece
uma dose de tequila.
— Caitlin, você não tem que... virar de uma vez — completo após ela
fazer isso e fazer uma careta tão engraçada que todos na mesa riem.
Não sei como alguém ainda pode achá-la uma mulher. Não passa de uma
menina, minha menina. Rachel volta a me beijar e pelo canto do olho vejo
Caitlin virar a segunda dose. Afasto Rachel apenas para fazer meu papel de
amigo.
— Ei, Cait, vá mais devagar, princesa. Você não está acostumada a beber
assim.
— Relaxa, Colin babaca! Cuida da sua boca que eu cuido da minha — diz
praticamente gritando, o álcool já está subindo.
Rachel volta a atacar minha boca enquanto pressiona seu centro em meu
pau, adoro quando ela faz isso, mas a Caitlin vai ver e não quero que ela pense
que sou desses caras que transa em público, porque não sou. Afasto Rachel e
peço a ela que guarde o fogo para depois.
— Que merda está acontecendo com você? Se é por causa da bonequinha
ela nem está na mesa — reclama Rachel zangada.
Quase jogo Rachel no chão quando olho para a cadeira em que até um
minuto atrás minha preciosa estava e não a vejo. Levanto-me já procurando
entre os caras dali, se algum deles estiver com a mão nela... mas aí a vejo
dançando de um jeito engraçado com Luke, e não sei dizer qual deles é mais
desengonçado.
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— Acho que seu amigo finalmente vai se dar bem hoje — Patrick, um dos
lutadores do clube observa rindo.
— Duvido. Caitlin não se sente atraída por ele.
— Mas o álcool na cabeça dela não sabe disso.
Luke não se aproveitaria da minha amiga bêbada, não é? Ele não ficaria
com ela sabendo que não está em perfeitas faculdades mentais. Não é? Merda!
Saio da mesa como um furacão e me aproximo, enfiando-me entre os dois
e Luke fica branco de repente ao reparar minha expressão.
— Cara, você sabe que ela está bêbada, certo? Se eu vir você a menos de
dois metros de distância dela, juro que quebro a sua cara!
— Você é o pior amigo do mundo, Hanson — ele reclama.
Olho para minha menina que me empurra com um sorriso enorme no
rosto.
— Vai transar na mesa, Colin! Nos deixe em paz.
— Eu não faço... — desisto de tentar explicar e volto para a mesa, para
Rachel, sabendo que o Luke vai cuidar dela.
Mas, nem dez minutos se passam quando ouço um burburinho de homens
gritando como primitivos e aplaudindo, a música ambiente é substituída por
uma música sensual e todos estão em volta de uma mesa. Várias cabeças altas
à minha frente não me deixam ver qual é a atração. Provavelmente, mais uma
mulher tirando a roupa para aparecer. Procuro por Luke e Caitlin, mas não os
encontro. Será que ele...
— Cara, você precisa ver isso! — Patrick fala animado e me levanto,
vendo finalmente o que está causando esse alvoroço e minha alma quase sai do
corpo.
Ali, em cima de uma mesa, prestes a cair dela, porque mal consegue se
aguentar de pé, está Caitlin, dançando desengonçada ao som da música que
toca. Ela não está tentando tirar a roupa, ainda. Aproximo-me divertido e
gravo com o celular, isso será muito útil em um futuro próximo, tenho certeza.
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Após o showzinho e uma boa gravação, aproximo-me dela e seguro suas


pernas.
— Vamos descer daí, stripper? Está tão tonta que vai acabar caindo de
cara no chão.
Os caras vaiam pedindo que ela dance mais, ela faz isso de um jeito tão
embriagado, aos soluços e risadas histéricas que não entendo como eles
podem estar achando isso sexy. É só uma menina que bebeu demais, soltando
tudo o que tem mantido preso dentro dela por dezenove anos. Acho
engraçadinho, mas sensual? De jeito nenhum! Um cara alto e tatuado que nunca
vi aqui antes a segura por trás, puxando-a para junto dele, ela sequer se dá
conta do que está havendo antes que eu o empurre.
— Qual é, irmão? Ela está comigo!
Ele não diz nada, embora sua cara não seja nem um pouco amigável, mas
não me importo, ele se afasta dela e some no meio das pessoas. Ela tropeça
nos próprios pés e a seguro de um lado, enquanto Luke a segura do outro.
— Venha, preciosa, vamos descer daí.
— Colin o mandão, ele me arrasta para a farra e fica transando na mesa,
agora não quer que eu dance.
Os caras à nossa volta vaiam mais alto, enquanto rio de sua fala arrastada
e a desço quase à força, mas ela não reclama.
— Você deu um show e tanto, hein! — brinco.
— Dei, não é? Porque eles me acham sexy, não me veem como uma
criança.
Bagunço seu cabelo e Luke a abraça por trás e ela imediatamente o
arrasta para a pista de dança novamente. Missão cumprida, posso voltar à
mesa e deixar que meu amigo tome conta dela. Mas pouco tempo depois, Luke
aparece sem a Caitlin e antes que eu pergunte onde ela está, a vejo rebolando
muito perto de um cara alto, tatuado, o mesmo que tentou se aproveitar dela
minutos antes. Agora ele procurou briga! Levanto-me já preparando o punho e
Rachel pula na minha frente:
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— Você está de sacanagem! Vai ficar comigo ou vai ficar de babá dessa
menina a noite toda?
— O que você acha? — digo e vou até eles, já empurrando o folgado com
ainda mais força do que na primeira vez.
A multidão à nossa volta faz uma roda, pedindo briga.
— Qual é cara, a garota está bêbada, tire suas mãos dela!
Ele vem para cima de mim e é recebido com um gancho, que o faz
cambalear para trás. Ele também está bêbado.
— Para, Colin! — Caitlin grita me esmurrando irritada. — Deixa eu
viver minha vida!
— Hoje não, princesa. Você bebeu demais.
A arrasto de volta à mesa, mesmo ela resmungando, resmunga num tom
quase de choro e fico rindo de seu drama adolescente embriagado, a sento ao
meu lado, o que não agrada nem um pouco Rachel, que some na pista assim
que me chama pela milésima vez na noite de babaca. Mas ela nem me faz falta.
Os meninos à mesa começam a conversar com Caitlin, e ela fala da vida, da
universidade, das amigas gostosas, coisa que ela jamais faria perto de mim se
estivesse sóbria, ela esconde as amigas de mim como se fossem água e eu um
andarilho no deserto. De repente, ela para de falar e me encara, seus olhos mal
se focando, mas um copo de rum em sua mão.
— Cait, você não deveria misturar tantas bebidas.
— Agora eu vou ter que transar com você? — pergunta alto demais
fazendo todos na mesa prestarem atenção.
— O quê? Por quê? De onde tirou isso? — Estou suando frio de repente.
— Quero deixar claro que eu não insinuei isso hora nenhuma — explico a eles
que não estou tentando me aproveitar da minha melhor amiga embriagada.
— Você dispensou a outra por minha causa, vocês estavam quase
transando aí, achei que eu teria que continuar — fala de um jeito tão arrastado
que seria engraçado se não fosse tão absurdo.

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— Nós não vamos transar. E você bebeu demais, acho melhor irmos para
a casa.
— Deixa de ser trouxa, Hanson. Ela é divertida, deixa a princesa falar —
Patrick diz e recebe o apoio dos outros caras à mesa.
— Que bom — ela continua — porque eu não ia querer a minha primeira
vez em um bar.
De repente a música para, todo mundo some e só escuto o eco do que ela
acabou de dizer. Não é possível!
— Caitlin, você está dizendo que é virgem? — pergunto o mais baixo que
posso, mas sei que todos à mesa estão ouvindo porque já estavam totalmente
concentrados nela antes, depois dessa revelação então...
— Eu sou — diz parecendo sem graça — eu sou virgem. Não é culpa
minha, o Stephen babaca não me ligou. — Ela ri alto demais e engasga.
— Você ia perder sua virgindade com ele? — pergunto incrédulo e muito
grato por ter acabado com isso antes mesmo de ter começado.
Bato em suas costas e ela volta ao normal, notando então todos os olhares
da mesa sobre ela. Seu rosto cora violentamente e muito sem graça, ela se
defende:
— Mas eu tenho um vibrador. Ele é do tamanho... — ela começa a fazer
um gesto com os dedos indicando o tamanho e tenho que intervir.
— Chega, Caitlin! Vamos embora agora!
Sob os protestos dos caras à mesa, tiro ela dali e a arrastro para fora do
pub. Não deveria tê-la deixado beber tanto. Rachel nos vê saindo e me ajuda a
amparar Caitlin, e em seguida Luke aparece com a chave do carro e uma
expressão sonhadora no rosto.
— Mantenha suas mãos bem longe dela — advirto.
— Colin, entre ser seu amigo e ser o primeiro de uma gata dessas, sinto te
informar que a Caitlin sempre vence.
Nem respondo, a coloco o mais cuidadosamente possível no carro, o que
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quer dizer que ela bate a cabeça e grita seu “palavrão” preferido.
— Púbis!
Sorrio.
Rachel, ao invés de sentar-se na frente com o Luke para dar espaço atrás
para a Caitlin deitar, senta-se ao meu lado, atrás.
— Rachel por que não senta na frente? — digo com o carro já saindo do
estacionamento.
— Porque está frio! — Ela se encolhe e reparo que Caitlin também
parece encolhida.
— Está com frio, princesa? — pergunto, mas não espero uma resposta, já
tiro minha jaqueta e coloco sobre ela, puxando-a para meus braços.
Ouço Rachel me chamar de babaca, mas não me importo, só uma coisa
ronda minha mente: minha melhor amiga, é virgem. Não que ela seja assanhada
ou uma garota fácil, mas ela namorou por um ano! Ela tem quase vinte anos,
porra! Como é possível que seja virgem? Sei que embora seja ajuizada e
responsável, ela não é dessas que espera se casar primeiro e transar depois.
Tá que não falamos de sexo com frequência, ou não dá muito certo quando
tentamos falar sobre isso, mas já a ouvi ao telefone com amigas aconselhando-
as sobre isso. Merda! Ela ouve gritos de mulheres no meu quarto todos os
finais de semana e se eu soubesse que estava corrompendo os ouvidos de uma
virgem...
Estranhamente, todas as imagens da Caitlin somem da minha mente, não
consigo me lembrar de nada dela, de nenhum dos milhares de momentos
nossos. Preciso olhar de novo para seu rosto adormecido e babão no banco ao
meu lado, para saber que não adormeci também. E pela primeira vez desde
que a conheço, não sei como enxergar Caitlin Ross.

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CAPÍTULO QUATRO
A água quente corre por meu corpo e na minha mente só consigo pensar
em uma coisa: Caitlin é virgem. No meu mundo isso é uma grande coisa, uma
coisa impossível! Não consigo entender porque ela não se entregou ao idiota
que quebrou seu coração uma vez, pois teria dado tempo de fazê-lo antes de
descobrir que ele era um idiota. Ou por que ela nunca falou comigo sobre isso,
nem mesmo para me pedir mais respeito, porque merda! Eu teria tido. Não
teria quebrado muitas regras se soubesse que ela é virgem.
— Ei! Você está me vendo aqui? — Rachel reclama e só então me dou
conta de que ela está dentro do box comigo.
— Que horas você entrou aqui?
— Engraçadinho.
Ela me beija e se pendura em meu pescoço, seus seios se esfregando em
meu peito, os bicos intumescidos fazendo uma pressão que eu geralmente
adoro. Uma de suas mãos desce por meu corpo e faço o mesmo no corpo dela,
tentando retribuir o beijo e tocando sua bunda molhada. Ela toca meu pau com
selvageria, continuo a beijá-la, a tocá-la... Caitlin nunca experimentou isso.
Ela não sabe como é quando dois corpos nus se tocam por inteiro, ela nunca
tomou um banho erótico com ninguém.
De repente, Rachel se afasta me olhando furiosa.
— Que merda está acontecendo? — Ela aponta para meu pau e só então
me dou conta de que ele deveria estar de pé.
— Isso nunca...
— É, eu já ouvi essa antes, mas nunca achei que a ouviria de você.
Ridículo! A noite toda aceitando ser deixada para escanteio para no final
ainda acabar frustrada...
Ela sai do box reclamando e eu deveria estar preocupado, afinal de
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contas, foi a primeira vez na vida que falhei, mas parece que estou desligado
do mundo. Saio do banheiro para encontrar uma Rachel vestida e nervosa
abrindo a porta para ir embora.
— Estou indo.
— Tem dinheiro para o táxi?
— Peguei na sua gaveta.
— Boa noite e... foi mal.
— Foi mal? Vai me dizer isso e me deixar sair daqui a essa hora?
— Não é o que você quer? Estou confuso.
— Você é mesmo um babaca, Colin Hanson, tomara que a sua bonequinha
adorada não cometa a burrice de se entregar a você!
Ela bate a porta ao sair e só penso que isso jamais aconteceria. Eu e a
Caitlin?
Embora tenha sido eu quem a ensinou a beijar, então eu poderia ensiná-
la... não! Não poderia! Estou ficando louco!

Ouço o barulho de ânsia vindo do banheiro e preparo um café forte para


Caitlin, também pego um remedinho e espero que ela saia.
— Bom dia, flor do dia! — digo animado.
Ela está péssima. Seus olhos estão borrados da maquiagem da noite
anterior, seu cabelo parece um ninho e sua blusa está toda vomitada.
— Você deveria tomar um banho, vou te preparar algo para comer.
Ela fica estacada na porta me encarando.
— Está tudo bem? Tirando a ressaca, claro — pergunto preocupado e seu
rosto adoentado fica muito vermelho.
— Eu bebi muito ontem à noite — afirma.

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— É, você deu um enorme prejuízo pro bar.


Vencedores não pagam a conta no pub, nem aqueles que sentam em sua
mesa. Em troca, o lugar enche de gente que estava assistindo a luta e quer ver
os vencedores de perto. Somos como a atração ao vivo do lugar e bebemos em
troca disso.
— Hum... eu também falei um pouco ontem, não é?
Só então percebo que ela está querendo me perguntar o que disse à mesa
na noite passada, e se ela não se lembra do que falou, eu é que não vou
lembrá-la. Ela não precisa dessa lembrança desastrosa justo na única noite em
que aceitou sair para se divertir.
— Você só se divertiu um pouco demais. Do que você se lembra? —
sondo.
— De você batendo nuns três caras.
Sorrio.
— Estou aqui para te proteger, baby.
Girl... eu deveria ter dito baby girl, minha garotinha, mas por algum
motivo o final do apelido não saiu.
— Então... você me protegeu dos caras maus, não me deixou misturar
muitas bebidas... — ela puxa uma respiração dramática e me olha com olhos
suplicantes — e me tirou de lá antes que eu gritasse numa mesa repleta de
homens que sou virgem, certo?
Então ela se lembra. Nesse caso, negar não vai adiantar.
— Baby, eu não tirei você de lá a tempo nem de te impedir de gritar que
tem um vibrador.
— Oh não! — ela lamenta e corre para dentro do banheiro, para vomitar
de novo.
Entro atrás dela e seguro seu longo cabelo negro com uma mão, passo o
braço livre em volta de sua cintura para equilibrá-la, e ela choraminga. Não é
um choro de verdade, mas o jeito dela de resmungar.
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— Minha cabeça dói!


— Eu sei, já separei algo para ajudar com isso. Por que não toma um
banho e vai se deitar? Eu levo tudo para você na cama em seguida.
Ela concorda e se afasta de mim.
— Caitlin, sobre ontem, não foi nada demais. Ninguém vai saber se
estava falando a verdade, você falou muitas coisas absurdas à mesa e estava
muito bêbada — tento animá-la. — Podem até não achar que seja mentira a
história do vibrador de tamanho... — imito o gesto que ela fez com o dedo
para indicar o tamanho do vibrador, o que a faz fazer uma careta engraçada. —
Mas sobre você ser virgem? Ninguém vai acreditar nisso.
Ela não parece mais animada.
— Porque não pode ser verdade, não é?
Ela me lança um olhar surpreso e tira a blusa de frio suja do pijama.
— Caitlin, você é mesmo virgem? — quase grito.
— Você já me perguntou isso ontem e eu já te respondi, a gente pode por
favor nunca mais falar disso?
— Mas, por quê? E aquele idiota do Romeo?
— Eu não vou mesmo discutir minha vida sexual ou a falta dela com
você.
Ela tira a blusa deixando à mostra seu sutiã de moranguinhos. E não
consigo tirar os olhos do volume atrás deles. Os seios dela, brancos e cheios,
como eu nunca reparei isso antes?
— O que está fazendo? — ela pergunta e dou um pulo de susto.
Como explicar que acabei de descobrir que ela tem seios?
— Você nunca se importou de tirar a roupa perto de mim antes —
defendo-me.
— Porque você nunca olhou antes. Normalmente eu faço menção de tirar
a roupa e você já vira para o outro lado ou cobre os olhos, por que não fez
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isso agora?
Gaguejo, gaguejo e não sei o que dizer. Então ela dá de ombros e começa
a tirar a calça, e saio do banheiro antes que descubra que além de seios, ela
tem bunda.

Estou distraído colocando um café bem forte numa pequena xícara para
ela, tentando apagar da mente a imagem do volume em seus seios, de como a
pele ali parecia tão macia! O barulho da porta se abrindo me faz dar um salto
e derramo café quente nos dedos. Os levo à boca e olho para ela, e porra! Ela
usa um blusão meu que estava pendurado no banheiro, uma blusa com a qual
dormi e que nela fica enorme. Mas não grande o bastante para cobrir
decentemente suas pernas, de forma que só consigo olhar para suas coxas
nesse momento, com algum tipo de fascínio que nunca senti antes.
Ela repara a maneira estranha como olho para ela, vejo seus lábios se
movendo e sei que está dizendo alguma coisa, mas não tenho capacidade de
prestar atenção, me imagino por um momento tocando sua coxa, só para sentir
a temperatura de sua pele, só para saber se é tão macia quanto parece.
O que estou fazendo?
Enfio a cabeça debaixo da torneira da pia para refrescar meus
pensamentos e ouço seu resmungo surpreso.
— Isso é nojento! E por que está com essa cara?
— Você está usando minha blusa. — É tudo o que digo para não parecer
estranho, o que com certeza soaria se eu tivesse terminado a frase com
sinceridade: você está usando minha blusa e apenas ela.
— Algum problema? Já usei roupas suas antes, você nunca se importou.
— Achei que fosse tomar o café na cama, Caitlin — mudo de assunto
porque no exato instante não sei dizer se me importo que ela use minhas
blusas, e apenas elas. Não sei dizer se minha curiosidade incomum sobre a
textura de sua pele é algo que vai passar, que só está acontecendo porque esse
é um dia atípico e amanhã a verei de novo como a garotinha de aparelho a
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quem ensinei a beijar. Sendo assim, não vou proibi-la de fazê-lo e nem liberá-
la. Só preciso que o mundo entre nos eixos de novo e minha vida volte ao
normal.
— Ah meu Deus! — ela grita começando a subir a barra da blusa,
pretende tirá-la. Vejo um deslumbre de sua calcinha e pulo como um louco
quase em cima dela, impedindo-a de ficar ainda mais seminua na minha frente.
— O que está fazendo? — pergunto entredentes sentindo o ambiente se
aquecer de repente.
— Você nunca se importou de eu vestir suas blusas antes, se está reagindo
assim é porque a estava usando na noite passada, não é?
Assinto sem conseguir entender o que isso tem a ver e porque ela quer
tirar a roupa toda na minha frente.
— Você e a Rachel... — ela faz uma careta parecida com a que fez
quando estava vomitando — a camisa...
— Não! Eu dormi com ela, mas a Rachel foi embora logo que coloquei
você na cama. Não aconteceu nada na noite passada, menos ainda com essa
camisa.
Ela parece tão aliviada que chega a ser engraçado. Passa a mão na testa
em um gesto exagerado.
— Uau! Por um momento achei que minha primeira camisa pós sexo seria
uma que foi usada para diversão dos outros.
Sorrio. Só mesmo ela para achar que estava usando uma camisa que vesti
logo após transar com Rachel. A observo ajeitar a camisa de volta no lugar e
se aproximar da xícara de café. A cara ainda péssima da ressaca e o rosto
meio pálido, ela é quem está usando a camisa, e se fosse mesmo a primeira
camisa pós sexo dela, então teria que ser da diversão dela. Como essa camisa
é minha, então teria que ser da diversão entre ela e eu.
— Caitlin, vai deitar e vou levar seu café! — ordeno rispidamente e tento
corrigir quando ela me lança um olhar confuso. — Não quero que desmaie
aqui na cozinha, baby.
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— Vou tomar aqui mesmo. Tenho que ir trabalhar — diz sentando-se com
dificuldade na cadeira, como se todo seu corpo doesse.
— Você não está em condições, Cait. Deixa que eu ligo para a lanchonete
e explico que você está doente.
— Não estou doente, estou de ressaca. Não posso deixar de trabalhar por
causa de uma ressaca, não é? Ou eu posso? — Ela nem me dá tempo de
responder antes de choramingar exageradamente. — Ah meu Deus, quando foi
que me tornei as garotas com quem você dorme?
— O quê? Como? Dormir com você? — estou gritando e mais uma vez
queimo minha mão com café quente, tento me acalmar porque quando a olho,
ela me encara como se eu estivesse verde.
— Não foi o que eu quis dizer, estava me referindo a falta de
responsabilidade e de beber no meio da semana sabendo que não estará bem
para seus compromissos no dia seguinte, enfim... minha cabeça está doendo
demais e vou parar de falar agora.
Ela deita a cabeça sobre a mesa e levo até ela o remédio que a obrigo a
tomar, em seguida, ela volta a deitar a cabeça na mesa. Fica tão quieta que
acho que adormeceu. Então, o som estridente da campainha a faz saltar na
cadeira e gemer de dor, ao mesmo tempo.
Não acredito quando abro a porta e dou de cara com Lorna, a mãe da
Caitlin. Ela usa uma blusa verde repleta de coisas brilhantes muito chamativa,
a cara dela para essa hora da manhã. Me puxa em seus braços pequenos e me
aperta.
— Meu meninão! Como você está?
Sua baixa estatura faz com que sua cabeça fique abaixo do meu peito. E
seu abraço é um dos poucos de que realmente gosto.
— Estou bem, Lorna. Mas você não deveria te vindo aqui hoje.
Seus enormes olhos castanhos claros se abrem e um sorriso surge em seu
rosto.
— Não me diga que atrapalhei algo entre e você e minha filha, porque se
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for esse o caso, eu posso ir embora...


Sorrio e a convido a entrar, ela faz uma careta ao ver a cara da Caitlin,
jogada na cadeira com uma expressão de quem está prestes a vomitar.
— Não atrapalhou nada, só que levei sua filha para um pub ontem à noite,
ela bebeu demais e agora está com uma puta ressaca. O que a senhora vai
pensar de mim?
— Oh! — Ela se aproxima de Caitlin tocando seu rosto para ver sua
temperatura, em seguida afaga o cabelo da filha, evitando o abraço exagerado
que normalmente dá ao vê-la. — Vou pensar que finalmente alguém lembrou a
minha filha que ela ainda é jovem. Ah, Caitlin, sua primeira ressaca! Eu
deveria registrar esse momento, mamãe está tão orgulhosa! Quero saber
detalhes!
Ela se senta ao lado de Caitlin, ao melhor estilo amiga curiosa, e começa
a ser Lorna.
— Você bebeu muito? Tinha homens bonitos lá? Se divertiu?
Caitlin apenas geme e respondo por ela.
— Não deixei que nenhum espertinho se aproveitasse dela, Lorna.
Se eu esperava um agradecimento, estou muito enganado. Recebo uma
careta seguida de uma reprimenda:
— Querido, se você não vai levar minha menina para o paraíso, não pode
impedir que outros o façam.
— Mãe! — Caitlin resmunga. — Isso é que dá ouvir vocês, parece que
minha cabeça vai explodir.
Lorna me pede ovos mexidos, sou muito bom na cozinha e ela adora os
que faço, conseguimos com que Caitlin coma algo, e Lorna pede que eu a
carregue até o sofá. Caitlin insiste que consegue andar, mas a pego no colo e a
deposito com todo cuidado no sofá, não sem antes perceber seus seios
pressionando meu braço e o quanto minha mão está perto de sua bunda.
Louco! Estou ficando mesmo louco! Esse assunto de virgindade mexeu
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com a minha cabeça loucamente. Acho que é essa coisa toda de pureza, de
primeira vez, coisas com as quais não estou nem um pouco acostumado a lidar,
meu mundo normal é repleto de sexo, mulheres fogosas e muita sacanagem.
Morar com uma virgem de repente parece estar me tirando dos eixos. Só
preciso me acalmar, eu não transei ontem, o que contribui para que fique
enxergando coisas na Caitlin que não deveria, então só preciso resolver isso.
Sair essa noite, comer uma mulher sacana e amanhã verei minha amiga como a
doce menina que ela é.
Sou arrancado do meu plano perfeito por um puxão de Lorna, que
praticamente me joga para o sofá onde Caitlin está deitada.
— Fique perto dela, querido. Sei que ela ama sua companhia.
Ela pisca para mim e Caitlin reclama. Conversamos amenidades e nem
vejo a hora passar, Lorna é sempre alto astral e divertida. Às vezes até
demais. Fico impressionado em como ela é o total oposto de Caitlin, tão
centrada e tímida. Recebo duas caretas quando comento isso em voz alta, mas
Caitlin sabe que não tem absolutamente nada a ver com a mãe.
— Bom, eu preciso ir. Colin, espero que cuide da minha filha como
sempre, e Caitlin, querida, se precisar de qualquer coisa me ligue que chego
aqui em um peido.
— Ah mãe! — Caitlin resmunga.
— Colin, você deveria fazer uma massagem nos pés dela, já que estão
pousados bem perto do seu... — ela não precisa terminar de falar, Caitlin puxa
os pés imediatamente do meu colo, fazendo-nos gargalhar. — Bom, melhoras
querida.
Como sempre, ela sai pela porta e a espero porque ela sempre volta para
dizer a mesma coisa.
— Da próxima vez que eu vier aqui, espero receber o convite de
casamento de vocês. Vocês sabem, são perfeitos juntos. Só vocês não veem
isso. Mas não é nada que uma noite de sexo não resolva. — Ela pisca para
mim e bate a porta ao sair.
Olho rindo para Caitlin, que geralmente se esconde atrás do que estiver
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mais perto para não ter que ver minha cara após sua mãe ordenar que façamos
sexo e nos casemos, mas dessa vez ela está quase adormecendo. Resolvo
provocá-la.
— Por que será que sua mãe insiste tanto para que você fique comigo?
Quero dizer, essa não pode ser a meta dela para você. Eu não tenho família,
não tenho dinheiro, tenho muitas tatuagens e vivo metido em encrenca. Estou
me sentindo quase obrigado a te pedir em casamento.
Ela permanece séria, pensativa, então diz com a voz mais calma do
mundo:
— Acho que ela não se importa com suas tatuagens e sua falta de senso,
já que era prostituta e se casou com um cafetão... — Dá de ombros como se
não fosse nada demais e acho que meus olhos estão saltando fora das órbitas.
— O quê?
Então ela ri descaradamente.
— Brincadeira, Colin, viu como também sei ser engraçada?
— Você vai ver o que é ser engraçada — digo pulando sobre ela,
pretendia enchê-la de cócegas até irritá-la, mas no primeiro subir leve da
minha blusa por suas coxas, desisto da brincadeira e me recolho ao meu
quarto.
Eu. Preciso. Transar.

Uma Caitlin calada remexe a geladeira e pega um iogurte, seu rosto está
mais corado após o quarto banho do dia, e ela não vomita há horas. Já é noite,
quando se senta na frente da televisão e me encara.
— Estou indo dar uma volta, você vai ficar bem sozinha?
— Claro! Como se você passasse todas as noites comigo, não é Colin!
— Mas normalmente não a deixo em casa com uma pós ressaca.
Ela roda a colher pequena na boca e até isso me faz ficar encantado
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olhando para seus lábios carnudos. Desde quando os lábios dela são tão
grandes e tentadores?
— Não estou mais de ressaca e minha honra está quase toda recuperada.
Pode ir tranquilo. Vou ficar aqui quietinha com meu Oliver Queen.
Sorrio, não vou insistir porque preciso mesmo sair daqui urgentemente e
me afundar em uma mulher disposta, livre, que não seja virgem. De
preferência escolherei uma loira, alta e safada, bem o oposto da Caitlin para
não se repetir a cena lamentável do box com Rachel, quando não consegui
parar de pensar em tudo o que a Caitlin não conhece.
Mas, quase bato a porta de novo assim que a abro. Com a mão estendida
prestes a tocar a campainha e a cara mais lavada do mundo, está o imbecil
Ryan. Tenho o reflexo rápido de tentar fechar a porta, mas Caitlin o vê e se
levanta imediatamente.
— Stephen, o que está fazendo aqui?
Interfiro antes que ele diga algo que não deva.
— A Caitlin está de ressaca e não está se sentindo bem, é melhor você
voltar outra hora.
Mas, como se eu não tivesse dito nada, ele passa por mim e entra. E sou
obrigado a permanecer parado na porta porque sei que essa merda vai estourar
para o meu lado agora e preciso pedir desculpas a Caitlin antes de dar tempo a
ela de pensar no que fiz e analisar, porque aí fica mais difícil fazer com que
me desculpe.
— Eu fiquei surpreso quando cheguei no clube hoje e fiquei sabendo que
eu deveria ter tirado sua virgindade ontem — diz em tom brincalhão sem tirar
os olhos dela.
Caitlin parece prestes a vomitar de novo e corro até ela amparando-a.
— Está tudo bem?
Ela assente e muito sem graça olha para Stephen pensando em algo para
justificar. Tão inocente! Como se ele estivesse achando ruim ela querer transar
com ele. Se uma mulher soubesse o que um homem pensa quando escuta algo
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assim jamais tentaria remediar a situação.


— Fiquei mais surpreso ainda pelo fato de você ter dito isso depois de
ter me dado um bolo. Se você tivesse aparecido...
Nem quero imaginar o que teria acontecido. A Caitlin pode ficar com a
raiva que for de mim agora, não me arrependo do que fiz.
— Bolo? Do que está falando? — ela pergunta confusa e ele me lança um
olhar que diz “você está fodido, cara”.
Conta a ela das ligações que atendi e do recado que não dei e eu deveria
sair correndo porque ela sequer me lança aquele olhar de decepção que
costuma me fazer pedir perdão imediatamente e aí tudo fica bem. Não dessa
vez, ela sequer me olha. Pede desculpas a ele, afirma que não sabia sobre o
encontro e enquanto espero que ele vaze para eu poder conversar com ela, ela
tem a pior ideia do mundo.
— Se você quiser, podemos sair agora. Se não estiver ocupado.
Esteja ocupado, imbecil, esteja ocupado.
— Claro. Na verdade, vim te ver na esperança de passar um tempo com
você.
— Eu vou me trocar em um segundo, fique à vontade.
Ela me ignora mais uma vez ao passar por mim, chamo seu nome, mas ela
finge não ouvir. Assim que bate a porta do quarto deixando claro o quanto está
irritada, Stephen abre aquele sorriso idiota dele.
— Bela jogada, Hanson. Mas você deve saber que não estou acostumado
a perder para você. Nunca vou fazer isso.
— Ela não é um título que pode ser disputado, seu babaca...
— Não, ela não é! E também não é sua propriedade para que você decida
com quem ela deve sair. E sabe, eu pretendia ir bem devagar com sua amiga,
mostrar a ela que não sou igual a você, mas depois dessa sua gracinha, vou
levar a coisinha linda ali direto para um motel. Ela não quer perder a
virgindade?
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Quero dar um soco na cara dele e até dou um passo em sua direção, mas
me controlo e saio da sala. Entro no quarto de Caitlin como um furacão, e ela
está terminando de vestir uma calça muito apertada que nunca a vi usar.
— Que merda de calça apertada é essa? Desde quando você sai assim na
rua?
Ela me olha como se eu fosse louco.
— Desde sempre. É a calça que mais uso, seu babaca!
— Caitlin, você não pode sair com ele, ele vai levá-la para um motel! Ele
acabou de me dizer.
Ela para o movimento de pentear o cabelo que havia começado a fazer e
pensa, então volta a pentear como se não fosse nada demais.
— Bem, espero que seja em um dos caros.
— Você não está falando sério!
Eu estou suando, e meu coração bate tão rápido que vai sair do meu peito
a qualquer momento. Tenho vontade de trancá-la nesse quarto e gritar na
cabeça dela até que minhas palavras entrem e fiquem gravadas ali para
sempre: Stephen Ryan não serve para você, não perca a merda da virgindade
com ele!
— Você mesmo achou um absurdo eu ser virgem aos dezenove anos, não
foi? Está na hora de resolver isso.
— Caitlin... — quero dizer tantas coisas, o quanto está sendo ridícula e
infantil. Que isso não é algo que se faz assim, de qualquer jeito, quero gritar
coisas que ela está cansada de saber já que se guardou até agora, mas parece
que ela nem se importa.
— Eu poderia te dar algum crédito e tentar ouvir você, se você fosse
confiável. Se você fosse pelo menos homem! Mas atender meu telefone e
deixar de me passar o recado como uma garota insegura, francamente, Colin!
Eu vou dizer apenas uma vez e espero que isso fique gravado na sua mente! Eu
vou sair com ele. E vou perder a minha virgindade com ele se eu sentir
vontade de fazer isso, e você não tem o menor direito de interferir na minha
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vida!
Ela está tão magoada, tão decepcionada e aquele olhar de sempre está ali,
mas parece mil vezes pior. Parece que ela me enxerga de uma maneira inferior
à que enxergava até poucos dias atrás, até ontem para ser mais exato. Até o
instante em que a olhei vestida como uma mulher sedutora e disse que ela
quase parecia uma mulher. Aquela coisa que mudou em seu olhar ali, está aqui
agora, refletindo em cada jeito como ela me olha, em cada situação que era tão
previsível antes. Ela sai e bate a porta e nem tenho forças para ir atrás dela.
Acho que perdi minha melhor amiga, uma parte dela, pelo menos. A parte que
ainda via alguma coisa boa em mim.
Que se foda! Se ela quer cometer a burrice de se entregar para um idiota
que só quer usá-la é problema dela! Eu fiz o que podia e o que não podia para
alertá-la. Fiz minha parte. Fui o responsável por ela tê-lo conhecido, mas não
sou mais o responsável por ela deixá-lo ficar em sua vida. Foda-se pra que
merda de motel eles vão e o que vão fazer essa noite!
Saio de seu quarto batendo a porta, saio do apartamento batendo a porta!
Repetindo para mim mesmo até que eu acredito nisso: que se fodam a Caitlin e
o idiota do Stephen Ryan!

— ... que se dane! Ela não vai saber como é ter um homem que a deseja
de verdade, não vai vê-lo olhar para ela com todo ímpeto de devorá-la em sua
primeira vez! E a culpa é toda dela! Por que ela não me escuta?
— Eu não sei, mas você vai ficar aí falando e olhando minha boceta ou
vai descer a boca nela? — a loira nua e aberta diante de mim questiona
irritada.
— Eu vou fazer, querida. Porque eu sim sei dar prazer a uma mulher!
Desculpe por isso, eu só não entendo... como ela pode querer se entregar para
ele? É a primeira vez dela, porra! Como ela pode querer isso? Não que eu me
importe.
Ela fecha as pernas e se senta, seu rosto atingindo um tom vermelho
impaciente.

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— Eu acho que você se importa, e muito. Mas sua virgenzinha escolheu


outro para passar a noite e eu não estou aqui para ser sua psicóloga. Você vai
me comer ou vai ficar aí descontando sua raiva na minha boceta?
Que merda! Eu não estou com raiva, eu não me importo, não mais!
— Eu vou fazer o que sei fazer de melhor.
A empurro na cama e abro suas pernas e faço com ela tudo aquilo que a
Caitlin deveria ter da boca de um homem em sua primeira vez.

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CAPÍTULO CINCO
Chego em casa com o dia nascendo, no trajeto do motel até aqui, coloquei
a minha cabeça de volta no pescoço. Caitlin é minha melhor amiga, é quase
minha irmã mais nova, sei que é meu dever cuidar dela, mesmo que às vezes
precise ser bem babaca para isso, no fim das contas, ela vai entender que só
estava tentando protegê-la. Mesmo porque, Caitlin é do bem. É extremamente
doce e é a pessoa com mais facilidade para desculpar que eu conheço.
Acredito que tenha aprimorado esse dom comigo. Assim sendo, sei que não
perdi a minha amiga, nem uma parte dela. Talvez um pouco de sua devoção,
que sendo bem sincero, era infundada. Eu deveria me sentir mal por vê-la
acreditar tanto em mim, por perceber o quanto ela espera do meu lado bom,
quando sei que ele não existe há muito tempo. Então decido que será mais fácil
agora a nossa relação de adultos. Que todas essas coisas do meu mundo na
qual ela não se encaixa, deixarão de ser algo que tenho que esconder, afinal de
contas, agora ela pode me ver como sou de verdade. E sei que ela vai me amar
e estar aqui por mim mesmo assim, mesmo me vendo de verdade.
E vou fazer o mesmo por ela. Apesar de ser uma menina aos meus olhos,
sei que não é, é adulta, responsável e sabe tomar suas próprias decisões,
portanto, não vou mais interferir em sua vida. Apenas estarei aqui para quando
ela precisar do melhor amigo, mas a deixarei tomar suas próprias decisões.
Claro, isso assim que eu garantir que ela não vai perder a virgindade com
o Stephen imbecil Ryan! Isso aí está fora de cogitação, pois não se trata
apenas da minha intromissão. Se trata do meu maior inimigo querendo se
vingar de mim usando meu elo mais fraco, e não posso permitir isso. Sinto-me
até mais responsável e adulto ao aceitar isso.
Tomo um banho demorado, sentindo-me tão mais relaxado! Decido abrir
de leve a porta de seu quarto, apenas para garantir que está dormindo e bem.
Aproximo-me com todo cuidado para não acordá-la e, de repente, imagino se
ela não estiver ali. E se ela ainda estiver com Stephen? Se estiver em um
motel com ele, perdendo a virgindade? Quanto tempo demora para uma mulher
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perder a virgindade? Nunca desvirginei ninguém, eu não faço a menor ideia. E


se ela passou a noite com ele, se está nesse momento deixando que ele seja o
primeiro dentro dela, então eu.... Abro a porta de uma vez, quase sem ar e
sentindo uma raiva imensa correndo por todo meu corpo. Mas, ali está ela.
Dormindo profundamente, nem se mexe apesar da maneira abrupta com que
abri a porta, sua coberta caída ao chão e seu corpo encolhido na cama. A
cubro com cuidado e saio antes que ela acorde, e sinto um alívio tão grande e
inexplicável por vê-la ali, pelo menos não passou a noite com ele. Isso quer
dizer que se realmente tentaram algo, ele não foi bom o bastante, foi rápido
demais.
Será que eles tentaram algo? Será que ele foi rápido, mas foi o primeiro
homem da vida dela? E apesar de ter descontado toda minha confusão e tensão
na loira que não gosta de escutar, me sinto tenso e ansioso de novo.
— Merda, Caitlin! O que é que eu vou fazer com você?

Ela está de pé, com fones no ouvido e fazendo o café da manhã quando
me levanto, já vestida para ir trabalhar. Fico reparando se ela está sentindo
alguma dor, talvez, se ela andar de maneira estranha ou fizer qualquer
expressão de dor, isso signifique que perdeu a virgindade, não é? Dizem que
as mulheres ficam doloridas no dia seguinte à primeira relação. Sento-me em
silêncio e a observo. Ela anda de um lado ao outro na pequena cozinha, mas é
um caminho tão curto que não dá para saber se está sentindo algo. Observo
mais atentamente quando ela anda um caminho um pouco maior. Ela está
mancando? Não pode ser! Isso deve ser coisa da minha cabeça.
Será que há algo diferente nela essa manhã? Algo errado? Meus olhos
estão tão fixos nela, e do nada seus olhos aparecem na frente dos meus, me
fazendo congelar.
— O que você está fazendo? — pergunta confusa.
— Nada, eu... estava tentando reparar se você está andando esquisito.
— O quê? — Ela parece ainda mais confusa e me olha como se algo
estivesse esquisito, mas na minha cabeça.

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— Caitlin, me diz que você não foi mesmo para um motel com aquele
cara, diz que você não se entregou assim para ele.
— Ah, isso? — Ela começa a rir, como se fosse hilário meu desespero.
— Meu Deus, Colin, não acredito que está mesmo tão preocupado com isso.
Não, não aconteceu nada, foi nosso primeiro encontro, não sou tão descolada
quanto as mulheres que frequentam sua cama. Preciso conhecê-lo um pouco
primeiro.
— Muito! Você precisa conhecê-lo muito, conhecê-lo completamente!
— Se eu não estivesse tão em cima da hora iria comentar o fato de você,
Colin Garanhão Hanson, estar tentando me dar uma lição de bom
comportamento. — Ela pega suas coisas e vai em direção a porta de saída. —
Quando a gente acha que já viu de tudo no mundo...
— Ei, Cait, e meu beijo? — tento, mas ela apenas me olha e bate a porta
ao sair. Preciso fazer algo porque ela ainda está brava.

Luke aparece pouco após a saída de Caitlin, ele trabalha pela manhã no
Luck, na manutenção. Vem me dizer que Thor está me aguardando, algo sobre a
regra que quebrei ao dar o lenço da minha Sorte a Caitlin, e não a Rachel. Sei
que terei alguma punição, imagino que seja algo como ter de limpar o clube
por uma semana, ou fazer um serviço externo para Thor, ou, na pior das
hipóteses, perder o direito de ter minha Sorte nas primeiras lutas do
campeonato. Já vi isso acontecer e sei o azar que isso trouxe para aqueles que
sofreram esta punição, mas não dependo de uma mulher em cima do ringue
para vencer um adversário. Luke pergunta por Caitlin e parece querer me
contar algo, ele dá voltas e não diz nada.
— Porra, Luke, se tem algo a me dizer, diz logo! É sobre a Caitlin?
— Cara, você vai saber assim que entrar no Luck, apenas lembre-se que
você está indo ser punido por quebrar uma regra, não vá perder a cabeça e
quebrar outra.
Ele não diz mais nada e meu estado já constantemente ansioso, piora
consideravelmente. Entro no clube como se estivesse indo buscar o ouro no
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lugar marcado com o x, logo que entro, vejo os caras da manutenção fazendo
seu trabalho, Luke se junta a eles e me aproximo de Thor, sentado em sua
mesa, alguns lutadores à sua volta, com o celular na mão, provavelmente
dando feedback a eles de suas últimas lutas. O clube Luck será a sede deste
campeonato então a honra de Thor está no ringue, aqui. Ele faz questão que
seja um de seus lutadores a ganhar o título e ai de nós se outro clube vencer
aqui dentro. Claro que nenhum de nós pretende deixar isso acontecer sob
hipótese nenhuma, ele tem mesmo os melhores no time dele.
Cumprimento os caras e Thor, até esqueço por um momento do que Luke
tentou me dizer, mas logo recordo, porque presencio e entendo do que ele
estava falando. Hector, um dos lutadores de quem menos gosto, por ser muito
amigo do imbecil, diz com um sorriso debochado:
— E sua garotinha virgem, Hanson? Ouvi dizer que o Stephen deu um
trato nela.
— Quem você pensa que é para de falar dela?! — Vou pra cima dele, mas
me deparo com uma parede da minha altura e quase tão dura quanto eu. A
diferença entre nós é o olhar gélido que Thor crava em mim, e não me deixa
dar mais nenhum passo adiante.
— Brigas pessoais aqui dentro não, Colin. Principalmente, não com a
competição se iniciando na semana que vem. Você precisa se controlar, essa
garotinha está te fazendo perder a cabeça.
— Ele está falando da Caitlin.
Um toque de compreensão passa por seu rosto, ele conhece toda minha
história, sabe sobre minha única família, que se resume a ela.
— Não importa. Não deveria tê-la introduzido nesse mundo se não sabe
lidar com ela dentro dele. Concentre-se no campeonato, depois você pode
duelar por ela com quem quiser aqui. Principalmente, se a coroa do
campeonato estiver no armário de vitórias do Luck. Não me force a te alertar
de novo.
Concordo com um gesto, e ele parece insatisfeito com o que vai dizer.
— Foi para ela que você deu o lenço da Sorte na última luta?
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Confirmo e ele faz um gesto negativo com a cabeça, como se eu estivesse


muito errado por fazer isso.
— Se a queria como sua Sorte devia tê-la levado ao ringue, conhecendo a
Rachel imagino que ela não tenha te dado muita chance de chamar a senhorita
Ross, mas, uma vez que você aceitou a Rachel como sua Sorte, sabia que sua
vitória pertencia a ela. Você quebrou uma regra, meu filho, e preciso puni-lo.
— Estou ciente. Estou aqui para aceitar qualquer que seja sua punição.
— Você vai lutar amanhã. Não gosto de colocar meu segundo melhor
lutador em uma luta desnecessária às vésperas de lutas tão importantes, mas a
equipe do clube The Fierce quer fazer o reconhecimento do ringue e você vai
lutar com um da equipe deles.
Quando imaginei minha punição pelo lance da Sorte, jamais achei que
seria algo que poderia me prejudicar tanto. Me fazer lutar com um adversário
de um clube concorrente às vésperas do início do campeonato é dar a eles a
minha estratégia de luta. Thor jamais fez isso nos anos em que luto aqui e ele
sabe o quanto isso pode ser usado contra mim no ringue.
— Mas, Thor, isso é o mesmo que...
— Eu sei. Mais ninguém quis lutar por esse motivo, e acredite, eu não
queria que fosse você, mas você procurou uma punição na outra noite, quase
procurou outra agora. Vê se isso te incentiva a manter a cabeça no lugar.
Então esse é o ponto, não me punir por dar o lenço da vitória a Caitlin,
mas me fazer pensar duas vezes antes de perder a cabeça com qualquer um que
me provocar citando ela. Não posso dizer que concordo com esse castigo, mas
entendo. Pensando melhor, vai ser bom ter algo em que me concentrar que não
seja a virgindade da Caitlin.

Meu celular chama um número que não reconheço, mas reconheço o


prefixo, Madison, a cidade onde nasci, a cidade que jurei esquecer. Posso
imaginar quem seja ao telefone, só não posso imaginar o que ela quer comigo.
Talvez não esteja satisfeita por eu estar livre, de alguma forma. No lugar dela,
eu também não estaria, mas não há nada que ela possa fazer, e se ela acha que
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me provocar vai fazer com que eu dê um passo em falso e vá parar na cadeia


de novo, está muito enganada.
Logo que entro no consultório da doutora Katherine Mansfield, jogo meu
celular sobre a mesa, ela vê a ligação perdida, examina o número e me
devolve o celular, começa a anotar em seu caderninho antes mesmo de me
falar qualquer coisa.
— Olá, Colin — diz em seguida — quer se deitar e ficar mais à vontade?
— A senhora sabe que isso não funciona comigo. Mas, se tiver um whisky
isso vai me ajudar a falar.
— Hoje você quer falar? — pergunta espantada. Deve ser a primeira vez
em um ano que faço essas terapias forçadas em que quero ter essa sessão com
ela e estou disposto a cooperar.
— Pois é.
Na verdade, eu só preciso de um conselho, não de uma análise da minha
vida bagunçada.
Ela me serve a dose de whisky, que viro de uma vez, mas se recusa a me
servir uma segunda dose sem mais informações.
— Por que não atendeu a ligação da sua madrasta?
— Ela não é nada minha, e não é disso que quero falar.
— Imaginei que não fosse. O que houve? Você parece preocupado.
— Acho que essa palavra é extremamente adequada. O problema é a
Caitlin. Acho que devia trazê-la aqui para que a senhora converse com ela, de
mulher para mulher, para que possa aconselhá-la.
Ela franze o cenho e tenho sua total atenção.
— Não posso imaginar porque precisaria aconselhá-la em algo, a
senhorita Ross é a pessoa mais ajuizada que conheço.
— Era. Lembra do que te falei sobre ela e o Stephen? Pois é, ela quer
perder a virgindade com ele.
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Ela não diz nada, permanece totalmente parada, me encarando, mas sua
mente maquina em outro lugar, pouco depois, espero que ela diga algo como
“não acredito que ela ainda é virgem”, ou, “pode trazê-la aqui que vou
convencê-la a não fazer um absurdo desses”, mas, o que ela diz é:
— A não ser que você queira que eu a aconselhe a usar camisinha, não
entendo o que quer que eu faça, porque tenho certeza que ela sabe bem disso.
— Como? A senhora só pode estar brincando! A senhora ouviu direito o
que eu disse? Ela é virgem! E ele quer se vingar de mim! Ela não pode perder
a virgindade justo com ele! Vai me odiar o resto da vida quando perceber que
ele a está usando.
Ela anota algo em seu caderno enquanto vai falando comigo, como se eu
fosse uma criança fazendo pirraça por um brinquedo que um colega de escola
ganhou e eu não.
— Por que exatamente você está com raiva?
— Eu acabei de dizer.
— Vamos pesar isso direito, porque confesso que estou perdida aqui,
Colin. Nós dois sabemos que a Caitlin é adulta e responsável, que é ajuizada e
centrada. Se ela chegar a ter qualquer relação sexual com este rapaz, o fará
totalmente ciente do passo que está dando. Ela não o faria se tivesse a menor
dúvida de que ele a quer.
— Está dizendo que estou exagerando? Que estou ficando louco ao querer
defendê-la do que vai ser o pior erro de sua vida?
— Não. Estou dizendo que você não sai com os dois para saber como ele
a trata, para julgar se o que ele sente por ela é real ou um plano de vingança. E
estou dizendo que seus motivos para estar tão preocupado com isso são
superficiais. Você a conhece bem o bastante para saber que ela nunca te
culparia por algo que ela decidiu fazer. Você não a está jogando na cama dele,
ou está?
Ela parece estar certa, mas, ela não entende... nem eu entendo. Tento
aceitar o que está me dizendo, a Caitlin jamais vai me culpar por isso sendo
que tentei tanto alertá-la, mas mesmo assim, não posso permitir que isso
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aconteça. Não há uma razão no mundo que me faça aceitar que isso é o certo
que ela deve fazer.
— Então você não vai dizer a ela que é cedo demais e que precisa ter
mais certeza antes de dar esse passo? — pergunto já sabendo a resposta,
apenas uma tentativa de convencê-la a falar, nem que seja apenas isso.
— Não vou. Não sou amiga dela, Colin, você é. Se é tão importante, diga
você.
— Só que ela não está me escutando! Ela parece enfeitiçada por ele,
como se ele fosse tão melhor do que eu! Porra, eu nem sabia que era ela
virgem! Ela é minha melhor amiga, no entanto não me conta nada, me deixa de
fora de sua vida pessoal e agora isso, saindo justo com meu maior inimigo,
não acreditando mais em mim. Não posso estar louco por achar que o mundo
está de cabeça para baixo!
A maneira como ela me olha, me irrita, como se sentisse pena, pior, como
se me conhecesse o suficiente para saber que isso está me enlouquecendo mais
do que estou dizendo. Que vai além de uma preocupação ou medo de perder a
amizade da Caitlin. A doutora Katy faz sua melhor cara de escute a voz da
experiência antes de falar com a voz mais calma do mundo, como se houvesse
encontrado a chave que soluciona todos os meus problemas. Mas, não consigo
compartilhar de seu entusiasmo.
— Você precisa entender e aceitar que o problema aqui não é exatamente
com quem ela está decidida a dar esse passo, mas o fato de ela estar decidida
a fazer isso.
— Não tem nada a ver, eu nem sabia que ela era virgem, então não posso
estar tão preocupado com isso agora!
— Você não sabia, sendo assim nunca parou para pensar sobre isso, mas
agora que sabe, muda tudo! Porque você simplesmente não quer que ela dê
esse passo com outro homem.
— Como assim?
— Se não fosse o seu inimigo de luta, se fosse o seu melhor amigo, o
Luke por exemplo. E ela decidisse perder a virgindade com ele, estaria tudo
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bem para você? Certo?


— Não! Ela nunca gostou dele, nunca se sentiu atraída, se o escolhesse
para ser o primeiro dela seria por ansiedade de dar esse passo, não porque ela
realmente quer fazer isso com ele.
— Ok, e se for alguém da faculdade dela, que você não conhece, mas que
ela saia há algum tempo e só não comentou isso com você?
— Não acho prudente que ela se entregue tanto assim a alguém que eu
nem conheci. Quer dizer, se fosse tão importante para ela, ele frequentaria
nossa casa e ela teria me apresentado, certo? Logo, um desconhecido de seu
curso também seria por ansiedade.
— Você consegue imaginar algum homem, qualquer um, que seria ideal
para ser a primeira relação sexual dela?
Penso, penso e não, nenhum homem é bom o bastante para isso. Nenhum é
seguro o bastante. Não consigo responder e aqueles olhos sábios parecem rir
de mim por terem me vencido.
— Foi o que pensei. Boa parte do seu problema não é quem ela escolheu
para fazer isso, e sim que esse alguém escolhido por ela, não é você.
— Isso é ridículo! Ela é como uma irmã para mim! Somos amigos desde a
infância.
— Está dizendo que se ela escolhesse você para fazer isso, você não
aceitaria? Você não seria o homem perfeito para dar esse passo com ela?
— Eu a conheço como a palma da minha mão, estive com ela em todos os
momentos, assim como ela me conhece e confia em mim. Eu a ensinei a beijar,
eu cuido dela independente de qualquer coisa, então sim, eu seria o cara certo
para tirar a virgindade dela, não porque eu sinta qualquer coisa por ela ou ela
por mim, mas porque somos melhores amigos e ela não vai confiar em mais
ninguém da maneira como confia em mim!
Ao terminar de colocar esse ponto para fora, recebo em troca um sorriso
vitorioso da “voz da experiência”.
— Você já aceitou um ponto hoje então não vou insistir que abra sua
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mente toda de uma vez, já foi um progresso. Guarde isso para si mesmo se
sente-se melhor pensando assim, deixe que isso justifique o desejo que sente
por ela.
— Eu não vim até aqui pedir uma análise do que estou sentindo, eu vim
pedir um conselho de como convencê-la a não fazer isso até que tenha absoluta
certeza, e a não fazer isso de maneira nenhuma com ele.
— Diga a ela o que você sente. Diga como se sente em relação a decisão
e ao relacionamento dela. Vocês não são melhores amigos? Ela vai entender.
— O que você quer que eu diga? Que eu me sinto mal por ela perder a
virgindade com meu pior inimigo? Isso seria muito egoísmo. Não se trata de
mim.
— Então você não deveria se intrometer. Se você não tem certeza do que
realmente sente, não se meta na vida dela.
— Você é a pior psicóloga que eu já vi!

Aproximo-me da lanchonete onde Caitlin trabalha, logo, avisto Joy, a


única amiga da lanchonete que ela me apresentou, mas o fez com tanto receio,
que mesmo a Joy sendo tão linda, entendi que este era um terreno que eu não
deveria entrar, e não entrei. Não sou sempre um babaca egoísta com ela. Joy
me abre um sorriso lindo e corre para chamar Caitlin, não precisa ir muito
longe, ela já estava de saída, a mochila pendurada nas costas e o olhar de
cansaço em seu rosto.
As meninas da lanchonete me cumprimentam com risinhos e piscadelas,
mas respondo de maneira educada, minha atenção voltada totalmente à minha
melhor amiga, que parece linda com o cabelo bagunçado de fim de tarde e sua
expressão cansada.
— O que faz aqui?
Estendo a ela as flores que comprei há duas quadras da lanchonete, cubro
meu rosto com elas e imito uma voz engraçada, que a fazia rir sempre que
chorava quando era pequena, no jardim de infância:
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— Caitlin Evy Ross, eu sou um tremendo idiota e o pior melhor amigo do


mundo! Mas, baby, eu realmente adoro você. Você é tudo o que tenho, então
não fica brava comigo. — Abaixo as flores a tempo de ouvir os suspiros das
colegas de trabalho dela. — Quando você me afasta, nossa vida sai do eixo.
Ela sorri, o sorriso mais doce que já vi em seu rosto, estende as mãos
vagarosamente e pega as flores, as leva até o nariz e sorri ainda mais.
— Nós vamos enterrar tudo isso e seguir em paz? — pergunta
esperançosa com seus enormes olhos de gata analisando meu rosto.
— Nós podemos conversar sobre isso?
— Coli... — seu sorriso some e ela está prestes a me dar mais broncas,
mas faço um gesto com a mão, pedindo um tempo, e ela para de falar para me
ouvir.
— Eu sei o que vai dizer, e sei como se sente sobre a minha reação a
isso. Eu só quero conversar, ok? Sem idiotices, sem tentar te proibir de nada,
só quero que você entenda meu lado.
— Se ela não for com você, eu vou, campeão! — uma voz sedosa diz
atrás de mim, mas não me atrevo a verificar quem falou, não quando Caitlin
está me avaliando tão de perto.
— Tudo bem. Vamos para casa?
— Pensei em irmos andando se não for muito longe para você. Assim
podemos conversar melhor e teremos testemunhas caso você queira me matar.
— Essa fase já passou. Foi quando descobri o que você fez, agora só
estou decepcionada mesmo.
— Round one, fight! — brinco fazendo-a rir.
Vamos caminhando a passos lentos, sei que ela não é acostumada a
exercícios como eu, e não quero que o caminho se torne cansativo demais para
ela.
— Se você se cansar, eu te carrego — ofereço e recebo uma careta em
troca. — Caitlin, eu realmente penso que o Stephen a está usando para se
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vingar de mim, não porque ache que você não seria capaz de seduzi-lo, na
verdade, não imagino um homem que você não consiga seduzir com essa
carinha de menina e esse corpo maravilhoso de mulher...
Ela para onde está e me olha confusa, e merda! De onde saiu isso? Corpo
de mulher? Afasto as lembranças de seus seios naquele sutiã delicado e me
concentro no que preciso que ela entenda. Toco seu braço para que continue
andando e deixo minha mão ali enquanto falo, talvez o contato da minha mão
em sua pele possa ajudar a fazê-la entender que só quero seu bem.
— Eu sei que há uma chance, cinquenta por cento, na verdade, de ele
estar realmente interessado em você por você, por ser linda e tão doce. Eu sei
disso. Mas isso não faz com que ele deixe de ser o Stephen. Você entende? Eu
o conheço bem, ele não é uma pessoa boa e eu me preocupo com você.
Ela tira minha mão de seu braço e deposita um beijo leve em meus dedos.
— Agora, com você falando como um amigo adulto que sabe conversar,
eu entendi. Realmente entendo o seu lado, Colin, entendo que queira cuidar de
mim como sempre fez. Mas é a primeira vez em muito tempo que me interesso
por alguém diferente e ele se interessou por mim também. Acha que não tive
essas dúvidas? Que não me achei menina demais para ele? Eu me achei
incapaz de seduzir alguém do seu mundo, mas quando estávamos a sós, ele me
mostrou o quanto me quer, e não por eu ser sua amiga, ele apenas me quer.
Estou apostando muito nisso, e não estou pedindo que deixe de tomar conta de
mim, Deus sabe que eu estaria ferrada se não fosse sua proteção, mas me deixa
dar esse passo, ok? Relacionamentos são sempre um tiro no escuro, mas eu
vou arcar com as consequências disso, só preciso ver onde isso vai dar!
Minha parte racional, que costuma ser o que me guia quando não estou
diante de uma mulher nua, sabe que ela tem esse direito. Tem o direito de
arriscar e minha rivalidade com Stephen é problema meu e não dela. Mas há
uma parte em mim, algo que não compreendo, que sabe o quanto isso é
arriscado, o quanto é ridículo. E por mais que eu queira ficar em paz com ela,
não consigo aceitar.
— Desculpa, Caitlin. Mas não posso aceitar isso. Entendo tudo o que
disse, mas não aceito. Você e ele? Há tantos homens que fariam tudo para ter

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você, por que ele?


— Sabe, a gente vai falar, falar, brigar de novo e não vamos chegar a um
consenso. Vamos ficar com isso: a vida é minha e você não se mete!
Sinto algo rasgando uma parte do meu peito ao vê-la preferir perder a
proteção que sempre prezou para ficar com ele. Como se de uma hora para
outra eu fosse descartável, e ele, essencial para ela.
— Nunca pensei que você seria o tipo de amiga que quando arruma um
namorado, esquece dos amigos.
Espero por uma resposta sarcástica, mas ela começa a rir.
— Ah, Colin, o que é que está havendo com você? Eu não sou assim, ok?
Também não pensei que você seria o tipo de amigo excessivamente ciumento.
— Não estou com ciúmes.
E não estou mesmo. Isso é outra coisa.
— Tudo bem, não quero mais brigar. Será que dá para me deixar decidir
se eu prometer pensar bem em cada atitude dele?
— Isso melhora um pouco as coisas. Mas quero acrescentar algo de suma
importância ao nosso acordo. Eu vou deixar você em paz com esse assunto e
você vai tomar cuidado com as atitudes dele, e não vai perder a virgindade
com ele.
Ela para de andar de novo e abre um sorriso nervoso, dos que ela abre
quando quer me xingar, mas não quer.
— Você está fazendo uma tempestade desnecessária disso! Não é grande
coisa! É uma primeira vez, mas eu só não a fiz antes porque não senti vontade,
não é como se eu estivesse esperando ou algo assim.
— E está sentindo vontade agora? Com ele?
— É, eu estou. Por que é que você tem que se meter nisso? Eu não
escolho as púbis em que seu pau entra, porque se eu pudesse escolher, você
não dormiria com dez por cento das mulheres com quem dorme!

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— Você está sendo injusta.


— E você está louco! Ponha sua cabeça no lugar e me deixa em paz!
Ela vai andando apressada na frente, mas toma cuidado para não amassar
as flores, o que considero um ponto positivo a meu favor. Corro atrás dela sem
saber como fazê-la mudar de ideia. Maldita ideia dessa psicóloga de merda!
Falar o que sinto não ajudou em nada além de afastá-la mais de mim e jogá-la
mais para ele.
— Tudo bem, se você quer mesmo fazer isso, por favor só me escuta. Eu
tenho experiência nisso, você tem que me escutar! — Seguro seu braço e a
puxo, forçando-a a parar e me encarar.
— Você não vai vir com aquele papo de preservativos, não é? Porque a
minha mãe fez isso assim que tive minha primeira menstruação.
Faço uma careta que parece aliviá-la um pouco. Quero parecer confiante
e seguro do que estou dizendo, mas a verdade é que estou tremendo por dentro.
Como uma mulher que não sabe andar de salto. Minha pressão com certeza
está alta e no momento, tenho uma taquicardia perigosa. Tudo porque não sei
como falar o que preciso falar sem parecer maluco, ou um gay, ou um gay
maluco.
— Cait, pequena, isso não é qualquer coisa. Pode não ser algo que você
guardou como a um tesouro até encontrar o momento certo, mas também não é
algo que você poderá viver de novo na semana que vem caso não seja o que
você esperava.
Seu rosto suaviza e sei que estou conseguindo atingi-la.
— É sua primeira vez, você só a viverá uma vez, não pode ser com
qualquer pessoa. — Ali, me sinto estranho com o rumo que meus pensamentos
estão tomando, tudo culpa da maldita doutora Katy com aquela ideia de que eu
deveria ser quem faria dessa, uma maravilhosa experiência para ela. Não
posso dizer isso a ela, de maneira nenhuma, tenho que fazê-la entender de
outro jeito. Por que ela simplesmente não me escolheu desde o começo?
Respiro fundo para colocar meus pensamentos de volta no rumo certo e
volto a falar:
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— O Stephen é conhecido no clube por nunca sair com mulher nenhuma.


Ele é o que mais vence ali, mas não pega ninguém, sabe por que isso?
— Acho que não quero saber — toda a atenção que eu havia conseguido
se foi, e me desespero para que ela não se afaste de novo.
— Porque ele não é bom nisso. Você quer ter sua primeira vez com um
cara ruim de cama? Que não dará a você tudo o que merece? Caitlin, quando
uma garota tem uma primeira experiência ruim, isso afeta toda sua vida sexual.
Você quer ser frígida? Quer se importar mais com um livro do que com a
pessoa que está dentro de você na cama? Quer ser dessas que vai ter dor de
cabeça toda noite só para se livrar do trabalho com seu marido?
Sua expressão vai ficando cada vez mais estranha, sinto que estou falando
merda, mas não consigo melhorar as coisas, cada vez que abro a boca, a
enxurrada de coisas que saem, parece fazer menos sentido.
— Você esperou por dezenove anos e quando finalmente der esse passo
tem que ser algo memorável, algo bom, não quer contar na rodinha de amigas
numa festa do pijama seminua que sua primeira vez, como a delas, foi uma
merda, quer? Você tem que ser melhor do que isso. Quando duas pessoas
transam e não há a conexão que você precisa para que seja diferente, é só mais
uma transa. Você quer ser só mais uma transa para o homem para quem vai
entregar sua virgindade? Caitlin...
— Você está se ouvindo? — ela fala de repente e volta a andar. E não há
argumentos que me defendam do monte de baboseiras que acabei de dizer.
— Só pensa bem se quer mesmo dar esse passo com ele.
Ela ri, aquele sorriso debochado que raramente vejo em seu rosto, de
quando está perdendo a paciência e está com dó de acabar comigo.
— Ok.
— O que quer dizer esse ok? — pergunto enquanto corro atrás dela, para
quem não faz nenhum exercício a senhorita Ross anda bem rápido. — Estamos
bem, não estamos? Ei! — Puxo sua mão e ela olha em meus olhos, não parece
mais com raiva.

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— Se você me prometer que não vai interferir no...


— Não prometo! — interrompo porque sei o que ela vai pedir e não vou
mentir para ela. — Não prometo porque não vou prometer a você algo que não
vou cumprir. Não para você. Prometo tentar. Está bom assim?
Seu sorriso lindo surge de novo e ela se aproxima e se pendura em mim
para depositar um beijo suave em meu rosto.
— Está bem melhor assim. Quer passar no BK para comer algo?
— Vamos, estou faminto.
Finjo que não foi um completo e inútil desastre essa nossa conversa, e me
contento por hora com o fato de que pelo menos ela não está mais chateada
comigo.

Caitlin ficou a tarde toda em seu quarto, saindo raras vezes para comer
algo, ou beber algo. Embora tenha conversado comigo normalmente nos
momentos em que apareceu, senti falta de algo nela. Falta dos finais de semana
que passávamos no sofá, embolados embaixo de uma coberta vendo filmes ou
séries, e falando besteira. Rindo de nós mesmos, relembrando nosso passado.
Tardes essas, em que ela era apenas uma menina, minha menina, e eu não tinha
que me preocupar com o que ela faria à noite, quando eu saísse com alguma
mulher para qualquer motel na cidade, tardes em que as coisas pareciam tão
mais simples do que agora!
Tomo um banho para minha luta da noite, não faz diferença ganhar ou
perder já que não vale nada, mas não gosto de perder e somente por isso vou
dar um jeito de vencer, sem revelar meu real estilo de luta a um time de
adversários. Penduro minha bolsa surrada no ombro e encontro Caitlin na
cozinha quando estou saindo.
— Achei que o campeonato só começasse na semana que vem — comenta
quando me vê vestido para lutar.
— E começa. Mas tenho que lutar hoje porque estou sendo punido por tê-
la dado o lenço da Sorte na última luta.
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— Oh! — Um olhar de culpa passa por seu rosto, mas sorrio para ela e
bagunço seu cabelo macio, o que a faz rir em resposta. — Boa sorte, então.
— Por que você não vai comigo? Vem ser minha Sorte essa noite.
Prometo que não vou deixar mulher intrometida nenhuma subir no ringue antes
de você.
Ela sorri sem graça, mas não parece animada.
— Sinto muito, mas prefiro não ir. Esse não é o meu mundo, Colin. Não é
um ambiente em que eu me sinta bem.
— Mas você gostou de torcer na última luta, você reparou bem os pontos
fracos do Stephen, foi tão ruim assim?
Ela nega com a cabeça e se afasta.
— Não foi, mas era só uma tentativa desesperada de ficar mais tempo
com você. Não é meu ambiente. Acho que não precisamos ser o que não somos
um pelo outro, não é?
— Acho que não — a forma como ela dispensa passar essa noite comigo
mexe comigo de uma maneira estranha. Como se não fosse mais especial para
ela estar comigo, como se ela não se importasse. Sei que não está com raiva,
nem sendo cruel, é cruel apenas em mim o efeito que suas palavras têm.
— Divirta-se, e por mais que você diga que não precisa, boa sorte.
— Valeu.
Ela entra para seu quarto e vou para o clube com a sensação incômoda de
que algo ainda está faltando.

O clube está lotado, metade dos rostos aqui me são desconhecidos, são
lutadores e público do clube The Fierce, os ferozes e sua plateia. Talvez até
de outros clubes que vieram para conhecer os movimentos de dois de seus
adversários de uma só vez. Um prato cheio para os clubes que vão participar
do campeonato. Mal dá para andar aqui dento, de tão cheio. Os vestiários
estão cheios e esta noite, a plateia ocupa além das cadeiras, estão em pé em
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volta do ringue, gritando ansiosamente enquanto aguardam. O dinheiro rola


solto em apostas e ouço Luke dizer que estou na frente, mas pela primeira vez
desde que comecei a lutar, não me importo. Me sinto estranho. Peço a Luke
que não permita que eu tenha uma Sorte, não quero nenhuma, enquanto ouço o
locutor saudar a plateia ensandecida.
— Senhoras e senhores, bem-vindos ao clube Luck. Que a sorte esteja
com todos vocês esta noite. Já fizeram suas apostas? Pois aqui estão os
lutadores da noite, campeões, ferozes, prometem um espetáculo e tanto! Com
vocês, senhoras e senhores, Júlio Ramirez, representando o clube The Fierce.
A plateia dele grita alucinada, realmente faz muito barulho. Olho para
meu lado da torcida, que eles façam ainda mais barulho quando eu for
chamado ao ringue.
— E do outro lado, dois metros de puros músculos, o mestre da técnica
representando o clube Luck, nosso pequeno grande Colin Hanson! O
exterminador!
A minha plateia faz ainda mais barulho do que a do adversário, acredito
que muitos dos gritos vêm das mulheres de outros clubes que estão aqui.
— Que merda de apelido foi esse? — questiono Johnnys, o locutor, que
apenas dá de ombros com um sorriso maroto.
— Eu criei, personagens ganham a simpatia da plateia. Agora cale a boca
e vença essa luta.
— Pode deixar.
Cumprimento meu adversário, ele é mais baixo do que eu, porém, mais
forte. Seu rosto cheio de cicatrizes mostra que tem muita experiência. Essa
briga vai ser boa. Divertida, até. Mas, quando o locutor convida ao palco as
Sortes, explicando para os clubes visitantes a nossa tradição, eu a vejo.
Seu cabelo negro brilha entre a multidão, e seus grandes olhos de gata
vasculham o lugar até pousarem nos meus. Ela sorri seu sorriso tímido e só
consigo pensar em que merda ela está fazendo aqui. Vejo uma mulher subir ao
ringue e nego quando o locutor pergunta pela minha Sorte. Olho novamente e
reparo que ela está de mãos dadas com Stephen, que cumprimenta alguns
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lutadores do clube adversário. Seus olhos não saem dos meus e sei que ela
quer me pedir desculpas por estar aqui com ele quando não quis vir comigo.
Será que ele é tão importante assim para ela, que ela quer ser o que não é, só
para estar perto dele?
O primeiro soco me atinge e me obriga a desviar o olhar dela, vejo sua
expressão de dor e a torcida em seu rosto. Tento me concentrar no adversário,
mas sou derrubado em seguida, ele monta sobre mim e fico momentaneamente
zonzo com a quantidade de socos desferidos no meu corpo. Para minha sorte,
ele bate pouco na cara e mais em meu peito e braços. Uma boa maneira de
impedir que eu tenha força para revidar, e uma confirmação de que ele sabe
que vai ganhar.
Consigo me levantar, mas, ao tentar atingi-lo, avisto Stephen com os
braços em volta da Caitlin, dizendo algo que a faz desviar os olhos do ringue,
dura apenas dois segundos e ela volta o olhar para mim, diz algo que parece
ser reaja, Colin, mas não tenho certeza. Erro meu golpe e sou atingido com
força na orelha. Um zumbido em meu ouvido me impede de ouvir os passos
dele antes que ele me derrube de novo com um chute na canela.
É aí que me ocorre que se eu vencer, e pegar nas mãos o lenço da vitória,
posso oferecê-lo a ela. Posso chamá-la para subir ao ringe e ser a minha
Sorte, e posso beijá-la. E isso estragará a noite do imbecil do Stephen e tenho
certeza que vai matar qualquer desejo dele de desvirginá-la essa noite. Se eu
vencer, e a fizer subir ao ringue, garantirei mais um dia com status de virgem
para Caitlin.
Levanto-me depressa e consigo acertá-lo no peito, seguido de um
Mongolian chop[1], que o deixa zonzo. Sem demora, e num estilo que não é o
meu de lutar, se parece mais com o do Stephen, de não dar tempo para o
adversário pensar, o acerto de novo e mais uma vez. Eu não luto assim e posso
ver a incompreensão nos rostos de Luke e Johnnys. No meu modo de lutar, eu
consigo prever os próximos golpes dos adversários, eu consigo estudá-los e
desvendá-los e não bato muito para vencer uma luta, mas não essa noite. Como
um louco desenfreado vou desferindo golpe atrás de golpe, até que ele cai.
Com o mesmo respeito que ele teve por mim, não acerto mais seu rosto, já
causei certo estrago e não preciso mais disso para vencê-lo. Com um
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Facebuster[2], o impeço de se mexer e sou anunciado o vencedor da luta.


A plateia grita, o locutor exalta minha virada triunfal. Eu localizo o que
estou buscando e aponto para ela quando o juiz me entrega o lenço da vitória.
Caitlin olha para mim de olhos arregalados e dá um passo atrás, ao invés de
vir em minha direção. A chamo com o dedo, olho bem em seus olhos, insisto
que venha, mas ela não parece disposta. Então, não tenho outra saída. Pego o
microfone das mãos do Johnnys e a chamo.
— Caitlin, você poder vir aqui por favor? É muito importante que você
fique com isso. — Estendo o lenço e insisto com o olhar, sorrindo para ela,
ela parece em dúvida e Stephen fala nervoso ao pé de seu ouvido, é por causa
dele que ela não quer ser a minha Sorte. — Caitlin, por favor.
A plateia a encara e começa a gritar seu nome pedindo que ela suba no
ringue, ela tira sua mão das de Stephen com um solavanco e com passos
vacilantes, aproxima-se do ringue. Eu a pego pelas mãos e a levanto o
suficiente para que ela possa segurar nas cordas e passar suas pernas por elas.
A levo para o centro do ringue ao som ensurdecedor da plateia. Ela toca meu
lábio com delicadeza.
— Vai ficar uma cicatriz feia aqui.
Sorrio.
Ela limpa o sangue dos meus lábios com o lenço que estendo para ela. A
plateia continua gritando e só vejo seus olhos castanhos tão claros pelo reflexo
dos refletores de luz neles, seu rosto corado por ser o centro das atenções e
sua falta de jeito em cima do ringue. Mas, ela sorri para mim. Sorri porque por
mais que não queira admitir, faz mais parte do meu mundo do que imagina.
— Parabéns — diz com esse sorriso e seguro seu rosto o mais
delicadamente que consigo entre as mãos.
— Obrigado. Você sabe o que tenho que fazer, não sabe?
Ela assente e eu faço. Aproximo meus lábios dos dela e a beijo.
Começo devagar, testando o corte em meu lábio, mas não sinto qualquer
dor, sinto apenas o calor de seus lábios e suas mãos pequenas se apoiando nos
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meus braços. Então aprofundo o beijo, pressiono com força meus lábios nos
dela, a puxo mais para perto de mim. Minhas mãos deixam seu rosto para
prendê-la a mim e puxar seu cabelo forçando sua boca mais de encontro à
minha, forçando-a a abri-la, então invado sua boca quente com minha língua.
Encontro a sua e a domino, ela corresponde com sua doçura, e isso aumenta
ainda mais o desejo que tenho de beijá-la. Não é o bastante, não parece
suficiente. É a primeira vez que a beijo de língua e me pergunto por que
caralho não fiz isso antes, por que não fiz isso todos os dias. O beijo dela é
delicioso, é quente e intenso. Sinto seus seios pressionados em meu peito, não
ouço mais o ruído ensurdecedor da plateia, mas consigo ouvir sua respiração
acelerada. Não quero que isso acabe nunca, mas preciso tirá-la daqui, levá-la
para qualquer lugar em que possamos ficar sozinhos e terminar isso da
maneira perfeita como um beijo desses merece ser terminado. Diminuo a
pressão em seus lábios, mesmo não querendo fazer isso. Quero beijá-la de
novo, quero tê-la mais perto. Mas, no segundo em que meus lábios deixam os
dela, ela se afasta. Levanta o lenço que entreguei a ela e volto a ouvir a plateia
gritando. Aperta meus dedos com um sorriso leve e desce do ringue. Ela
praticamente corre assim que seus pés alcançam o chão.
E vai em direção a ele.
Ela reage como reagiu a cada beijo que já dei nela, quando não passava
de brincadeira, quando não passava de aula de como beijar. Não foi nada
demais para ela, nada que já não tenhamos feito antes. Então por que caralho
parece que acabei de dar o meu primeiro beijo? Por que ainda posso senti-la
em minha boca, nos meus braços? Seu cabelo negro some na multidão e só
consigo pensar em como é possível que ela não esteja em chamas como estou
neste momento. Será que não foi para ela como foi para mim? Será que ela não
sentiu que esse beijo não foi nem de longe o suficiente? Embora tenha sido de
longe o beijo mais gostoso que já experimentei na vida.
— O que é que eu vou fazer com você, Caitlin Ross?
Não consigo lembrar dela como a menina que sempre enxerguei. Não
consigo lembrar dela sem sentir seus lábios carnudos nos meus, sua língua
envolta pela minha. A Caitlin que eu sempre vi não existe mais.
Saber que minha melhor amiga é virgem, mudou completamente o modo
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como a enxergo. Ela é uma mulher, com o beijo mais gostoso do mundo! Eu
não sei explicar, é como se a vida toda eu estivesse enfeitiçado, e de repente
ela dissesse as palavras mágicas que quebram o feitiço: sou virgem!
Eu estou fodido.

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CAPÍTULO SEIS
O leve incômodo em meu rosto não me deixa dormir. Cheguei do clube,
tomei um banho e caí na cama, não sem antes conferir se ela estava no quarto,
mas não estava. Ela está demorando demais e temo que vê-la me beijando em
cima do ringue não tenha sido suficiente para inibir o desejo de Stephen.
Talvez eu o tenha atiçado ainda mais a fazer isso. Mas então me lembro da
sensação de seus lábios nos meus, da maneira como ela se agarrou a mim,
como se entregou, eu não estou fantasiando isso. Não pode ter sido tão
indiferente assim para ela. E se ela sentiu alguma coisa diferente, por menor
que seja, então não se entregou a outro esta noite, sei que não.
O barulho da porta me alerta de sua chegada, mas não quero ir lá para
saber o veredito. Fecho os olhos numa falha tentativa de dormir e deixo em
minha mente que ela não deu esse passo hoje. Não na noite em que demos
nosso primeiro beijo de verdade.
— Como você está gay, Colin — reclamo.
Ouço o barulho do chuveiro e fico imaginando sua pele de porcelana
molhada, seu cheiro misturado ao cheiro do sabonete, como ela deve passar a
esponja por seu corpo...
— Pare já com isso!
Me viro de lado na cama e tento pensar no meu adversário da noite. Mas
isso me remete de volta à luta, ao ringue, a minha vitória e aos lábios da
Caitlin. Preciso trocar de psicóloga porque a doutora casamenteira não está
dando conta.
O rangido da porta me alerta que ela está sendo aberta, fico quieto,
fingindo dormir, mas ouço sua voz baixinha, quase como se estivesse com
medo de falar comigo.
— Colin, está acordado?
Sento-me e acendo a luz do abajur. Não digo nada, apenas a observo em
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um blusão imenso meu, que vai quase até seu joelho e seu cabelo volumoso
solto em volta de seus braços.
— Está tudo bem? Como está sua boca? — Ela cora ao dizer a última
palavra e sorrio.
— Estou bem. Não está tão feio assim, está?
Ela nega com a cabeça, mas eu a provoco.
— Chegue mais perto e veja se ainda estou beijável com esse hematoma
novo.
— Não seja idiota, Colin — diz sorrindo — eu não podia dormir sem
antes falar uma coisa com você.
Acho que ela vai falar sobre o beijo, vai me perguntar se foi diferente
para mim e vou dizer que sim, que foi nosso primeiro beijo de verdade. Estou
tão ansioso que ela diga isso, que não sei como reagir ao real motivo de sua
visita noturna.
— Eu quero pedir desculpas por ter ido com o Stephen ao clube. Quer
dizer, eu não quis ir com você, disse que aquele não era meu mundo e não é, eu
não sabia que estávamos indo para lá. Quando percebi, não soube como dizer
a ele que eu o esperaria do lado de fora, além do mais os caras estavam
falando de você e eu quis verificar se estava tudo bem.
Não digo nada e ela entra no quarto, suas mãos entrelaçadas na frente de
seu corpo, como uma garotinha medrosa. Só que não se parece com uma
garotinha. Será que nunca mais a verei como a minha menina?
— Eu sinto muito.
— Ele é realmente tão mais importante para você do que eu, Caitlin?
Seus olhos se arregalam e ela parece nervosa.
— O quê? Não, claro que não! Ninguém é mais importante para mim do
que você, e isso não vai mudar.
O alivio que sinto ao ouvir essas palavras deixam claro que ela não fez
nada demais com o imbecil essa noite.
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— Fiquei feliz por vê-la lá, por poder dar minha vitória a você.
— Você só fez isso para provocá-lo. Me colocou em uma posição
terrível.
— Nem tanto, você só tinha que pesar quem era mais importante para
você, acho que o fez sem problemas.
Ela não sabe como responder e desvia seu olhar do meu, mirando seus
pés ao invés do meu rosto.
— Ele a beijou depois daquilo, Caitlin?
Ela se aproxima de mim e senta-se na beira da cama.
— Não fique olhando assim como estou andando, eu não fiz nada demais.
E sim, ele me beijou.
— Foi bom para você? O beijo dele, foi como nosso beijo?
— Onde você quer chegar com isso?
— A lugar algum. Só quero saber se há diferença no beijo dele e no meu.
— Sim. Se era só isso, boa noite.
Ela se levanta, mas sou rápido o bastante para segurar sua mão, e fazê-la
sentar-se de novo, seus olhos fixos nos meus.
— Qual beijo foi melhor? — Ela começa a protestar com uma careta, mas
a interrompo, falando ainda mais alto. — Eu só quero saber se você se
entregou a ele da maneira como se entregou a mim.
Ela parece confusa, e magoada. E não quero mais brigar, não sei porque
levei a conversa para esse lado, eu não preciso de uma resposta, se ela
sentisse com um beijo dele metade do que senti ao beijá-la, teria perdido a
virgindade essa noite. Só espero que ela ao menos pense nisso. Que compare
nós dois.
— Desculpe, Caitlin, deixa isso para lá, não quis chateá-la. Por que não
deita aqui comigo um pouco?
Ela demora um pouco a decidir, é nosso ritual sempre que nos
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desentendemos. Quando ela precisa me pedir desculpa, o que é uma coisa


muito rara, ela sempre vem aqui à noite e dormimos juntos. É algo inocente e
acolhedor.
Até agora.
Ela tira a pantufa e deita na cama, por cima da coberta, faço questão de
manter a luz do abajur acesa porque quero vê-la. Quero ver seu rosto e seus
lábios. Ver a maneira como ela me olha. Ela deita a cabeça sobre seu braço e
me olha daquele jeito doce, seu olhar se focando por um tempo maior no meu
lábio, ela sorri e diz:
— Você ainda está beijável. Se não estiver sentindo dor.
— Eu a beijei hoje, acha que estou sentindo dor?
Seu rosto cora e ela muda de assunto, falando sobre como o clube estava
cheio e como foi difícil passar pelas pessoas para chegar ao ringue, e só quero
perguntar se ela sentiu algo diferente esta noite. Quero ouvir de sua boca que o
beijo foi pra valer. Mas não vou fazer isso, nunca precisei de qualquer
confirmação de que mexi com uma mulher antes, e justo ela, minha melhor
amiga, é a maldita mulher que me faz ficar inseguro como um adolescente
cheio de espinhas. Tudo culpa de sua confissão embriagada. Por que ela tinha
que ter me revelado isso? Por que eu tenho que dar tanta importância a isso? A
cada vinte pensamentos que tenho, pelo menos dez são sobre sua virgindade e
a maneira com que poderia perdê-la. Cinco, sobre como impedir que ela a
perca com o imbecil Ryan. E os outros cinco, sobre o campeonato que está
para se iniciar e que vou perder feio se não estiver com a cabeça no lugar.
— Está pensando na luta? — pergunta baixinho e me dou conta de que a
deixei falando sozinha.
Sorrio, e puxo seu cabelo tirando de trás da orelha, deixando-o solto
sobre seu rosto, ele descansa por sua boca e o puxo novamente, alisando-o
entre os dedos, sentindo a maciez dos poucos fios, e o calor de seu hálito em
meus dedos enquanto ela reclama que eu pare de puxar seu cabelo. Assinto
respondendo sua pergunta, mas não continuo o assunto, ela também não
pergunta mais nada. Apenas me observa, mas não consigo identificar nada na
maneira como me olha, é o mesmo olhar de todas as noites calmas. E não era
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este o olhar que queria ver direcionado a mim essa noite.


É a primeira vez desde que nos conhecemos que ficamos tão quietos
estando acordados e tão perto. Sempre temos sobre o que falar, sempre temos
algo para provocar um ao outro e de repente parece que não somos amigos.
Somos apenas um homem muito ciente de uma linda mulher ao seu lado. E uma
linda mulher que quer parecer alheia ao que está à sua volta.
Resolvo pegar a ponta daqueles fios que deixei em seu rosto para voltá-
los para atrás de sua orelha, e percebo que as pontas descansam sobre seu
seio, minha blusa fica tão grande nela, que a gola deixa revelar um pedaço
grande de sua pele branca e arredondada. Pego os fios e brinco com eles por
ali, passeando-os pela pele descoberta de seus seios, onde queria que meus
dedos estivessem brincando. Ela não diz nada num primeiro momento, mas de
repente contorna a cruz tatuada em meu ombro com a ponta do dedo. Ela
sempre faz isso, fiz essa tatuagem por ela, é algo nosso. Só que essa é a
primeira vez que realmente sinto seu toque. Coloco os fios de cabelo de volta
atrás de sua orelha e seguro seu pulso, tirando sua mão pequena do meu
ombro, a levo até os lábios e beijo de leve cada um dos seus dedos. Sua pele é
quente e o cheiro de sua mão, do hidratante que ela usa é doce, como ela deve
ser.
Qual será seu gosto?
Meu pau dá o primeiro sinal de vida e solto sua mão abruptamente. Ela a
deposita de volta embaixo do rosto, sua testa franzida me avaliando.
— No que você está pensando? Nunca te vi tão quieto, Colin. Acho que
acabou de bater um recorde de silêncio.
Estou pensando no quanto deve ser doce seu gozo, minha pequena.
— Você não ia gostar de saber — é tudo o que digo.
— Você lutou diferente hoje. Parecia com raiva, parecia o Stephen.
Essa comparação geralmente me faria fazer uma careta e reclamar, mas
sorrio, ela está descoberta e na posição em que está, suas pernas estão à
mostra, de forma que posso ver suas coxas. E a curva que seu quadril faz
quando está assim, de lado, morrendo em sua cintura fina.
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— Não vá se confundir e perder a virgindade comigo.


Ela ri alto e muda de posição, deitando-se de barriga para cima, seu
braço encostando em meu peito nu e suas coxas grossas ainda mais à vista
para mim. Meu pau dá outro sinal claro de que está totalmente ciente dela, e
embolo um pouco a coberta sobre essa região para que ela não veja.
— Não acredito que ainda está pensando nisso. Acho que você ficou
impressionado, nunca tinha conhecido uma virgem, não é?
Sinto que ela me perguntou algo, mas estou momentaneamente perdido,
perdido no volume de seus seios na minha camisa, e no quanto posso ver deles
agora que estão apontados para cima.
— Eu deveria ter perdido logo a virgindade e então você não teria que se
preocupar tanto comigo como se eu fosse uma criança que vai fazer besteira, e
poderia se concentrar mais no seu campeonato. Foi inteligente imitar o
Stephen de certa forma, ele ficou bem nervoso, acho que terá que encontrar
outra forma de lutar porque não quer ser como você para os outros clubes. Ele
disse algo assim.
Estou prestando atenção no seu sutiã vermelho e no contraste que tem em
sua pele branca e pensando se usa uma calcinha combinando, como será o
contraste de uma calcinha vermelha em sua boceta branca? Merda! Meu pau
está totalmente duro e a coberta não é mais suficiente para escondê-lo, se ela
olhar para baixo, vai notar que estou excitado. Como posso esconder isso? Já
que não posso resolver como quero, dentro dela.
— Ele também disse que você é um bebê chorão, que sempre te vence e o
faz beijar seus pés e que você tem fama de ser broxa no clube. — Olho seu
rosto para ter certeza de que não vai olhar para baixo e ela me encara
atentamente, me avaliando. — Mas tenho a impressão de que você não está
ouvindo nada do que estou dizendo, porque sua cabeça está em outro lugar.
Ela ainda estava falando? O que foi que ela disse mesmo?
— No que é que você está pensando, Colin?
Sorrio.

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— Em como resolver um problema.


— Que proble...
Pulo sobre ela de repente e mordo seu lábio inferior, bem devagar,
apertando com o máximo de delicadeza que consigo para não feri-la. Não
quero machucá-la, e este deve ser o maior teste de autocontrole que já fiz na
vida. Ela fica totalmente imóvel, seus olhos arregalados sem saber como agir.
Solto seu lábio devagar e passeio minha língua por ele, bem de leve, só para
acariciar onde acabei de morder. Ela fecha os olhos e tudo o que quero é sugar
sua boca e entrar dentro dela, mas deposito um beijo leve em seus lábios e me
afasto.
Ela parece assustada e não é assim que vou fazer as coisas em sua
primeira vez.
— Foi a única maneira de calar sua boca, você fala demais, Caitlin. Por
que não dorme? Boa noite, baby.
Apago a luz do abajur e me viro de costas para ela, para que não perceba
minha ereção. Finjo dormir, mas a vejo se virar desconfortável na cama, não
sei se por estar tão excitada quanto eu, ou por não estar mais à vontade em
uma cama comigo. A verdade é que as coisas entre a gente nunca mais serão as
mesmas. Só peço para que mudem para melhor e que minhas bolas não fiquem
roxas e traumatizadas depois de uma ereção não saciada.
Quando acordo ela está dormindo encolhida o mais próximo possível da
parede. Alguém não queria encostar em mim à noite. Puxo vagarosamente sua
blusa, com medo de acordá-la, apenas para tirar uma dúvida.
— Isso!
Vermelha. A calcinha dela é mesmo vermelha. Vou para meu banho
resolver a ereção matinal e salvar minhas bolas enquanto penso nessa
calcinha.

Caitlin falou comigo normalmente pela manhã, como se nada tivesse


acontecido. Levantou tarde como sempre faz quando dormimos juntos, mas,
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como está de folga do trabalho, toma vagarosamente seu café da manhã.


— Sua boca está roxa — zomba.
E quase o meu pau fica também.
Sorrio e aceno para não responder e ela abre um enorme sorriso.
— Tenho uma teoria. Sempre que digo algo e você dá esse sorrisinho
falso ao invés de responder, quer dizer que me respondeu mentalmente.
Rio alto, essa garota realmente me conhece.
— Está certa, baby. E se eu não respondo em voz alta é porque você é
inocente demais para ouvir a resposta.
Ela pisca seus olhos grandes de gata e engole em seco.
— Não acredito que você se sentiria à vontade para falar comigo como
fala com suas acompanhantes diárias.
Me sentiria à vontade até mesmo para fazer com você tudo o que faço
com elas.
— Tem razão. Falarei com você como falo com uma garotinha virgem.
— Você não conhece nenhuma outra virgem, se conhecesse, saberia reagir
a isso. Você lida tão bem com a minha virgindade como eu lido com sua
personalidade devassa.
— Eu sou devasso? — pergunto provocando-a, aproximando-me dela que
se encolhe na cadeira. Mas logo levanta a cabeça e me responde. É difícil
intimidá-la.
— Você sabe a conta de com quantas mulheres já transou?
— Provavelmente não. Mas se soubesse não diria isso a uma garota
virgem, posso traumatizar você.
— Acho que não — diz levantando-se e indo até a pia para lavar sua
xícara. — Se você precisa de outra mulher para te satisfazer quer dizer que a
anterior não o fez. E amanhã vai precisar de outra porque a atual não vai fazer,
e assim vai seguir sua vida em busca de algo que não encontrará em nenhuma
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delas.
— Está parecendo a doutora casamenteira falando, você devia trocar seu
curso na faculdade. Sua teoria é que vou sossegar quando encontrar a púbis
certa?
Ela atira o pano de prato em mim. Caitlin tem dificuldades em falar
palavrão. Embora sua mãe fale mais palavrões do que palavras comuns, ela é
o total oposto, e até mesmo boceta, uma coisa tão natural que ela tem, não
consegue dizer, sempre se referindo a isso com a palavra púbis. Aliás,
qualquer palavrão que ela queira xingar o substitui por púbis. Sempre achei
engraçadinho, mas agora que sei que ela é virgem, percebo que é pura
inocência.
— Não. Estou dizendo que vai sossegar quando pegar uma DST e seu pau
cair.
— Uau! Caitlin do mal ativada.
Ela sai rindo e fico me perguntando se não a incomoda falar tão
abertamente sobre o número de mulheres com quem transei, será que isso não
a irrita nem um pouco?

— O Stephen está bem puto com você, cara. Acha que fez aquilo na
última luta para provocá-lo, como chamar a garota dele para ser sua Sorte —
Luke faz uma careta ao dizer “garota dele”.
— Ela não é propriedade dele. E eu não fiz nada de propósito. Estava
desconcentrado e perdendo a luta, me concentrei e tive que virar o jogo em
pouco tempo, não dava para ser técnico, precisei ser mortal. Se ele se sente
ameaçado por isso a culpa não é minha.
— Você arrasou ontem e ele não sabe como engolir isso, essa é a
verdade. Eu queria esclarecer uma coisa com você, sobre a Caitlin, e aquele
beijo de língua. Aquilo não foi um beijo entre irmãos. Que merda você está
fazendo?
Solto o supino e encaro meu grande amigo, malhando ao meu lado na
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academia do meu prédio. De jeito nenhum posso dizer a ele que quero ser o
primeiro da garota com quem ele sempre sonhou.
— O quanto você gosta dela, Luke? Falando sério, é um desejo porque
ela é linda, é uma vontade de ficar com ela, é seu coração ou seu pau que está
tão apaixonado por ela?
Espero seu riso fácil e uma provocação, mas ele fica sério, claramente
ofendido com a pergunta. Luke não é de sair com muitas mulheres, mas sai
com algumas, o que quer dizer que o que sente pela Caitlin não é tão profundo
quanto ele pensa que é.
— Eu sou apaixonado por ela desde a primeira vez que a vi e você sabe
bem disso. Não penso nela com a cabeça de baixo mais do que penso com a de
cima. E nem vou começar a pensar no porque está me perguntando isso depois
de fazer o que fez, porque certas coisas, cara, não tem amizade que perdoe.
Ele se levanta e pega sua bolsa, abandonando o treino e indo embora.
— É, se tudo der errado com você, Caitlin, vou perder meus dois
melhores amigos — constato para mim mesmo.
Luke esbarra nela quando está saindo e a cumprimenta, lançando-me um
último olhar mortal antes de bater a porta. Caitlin aproxima-se desconfiada e
aponta para a porta que milagrosamente não estilhaçou vidro para todos os
lados.
— Está tudo bem entre vocês?
Assinto e mudo logo de assunto. Não gosto de mentir para ela e não
poderia dizer o porquê de termos nos estranhado.
— Resolveu fazer exercícios, senhora virgem?
Ela faz uma careta tão engraçada que começo a rir, a tensão do momento
com Luke se esvaindo um pouco.
— Este é o meu novo rótulo? Quer dizer que você não enxerga mais
minha inteligência, beleza e bom senso? Agora só vê minha virgindade?
— Nada disso, vejo coisas até demais em você.
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— Tipo o quê?
Merda! Nunca precisei segurar a língua com ela antes.
— Tipo o quanto você fica gostosa com as minhas camisetas.
Ela pisca atônita e gagueja, então corrijo antes que fique um clima errado
entre a gente.
— Uma menina gostosa. Isso não tira sua carinha de garotinha.
Ela sorri sem graça, desviando seus olhos dos meus. Parece que este será
um novo costume agora, falar sem olhar para mim.
— Eu poderia dizer que estava com saudade desses seus apelidos, se
gostasse deles.
— Como assim? Por que sentiria saudade de coisas que digo todos os
dias e que sei que no fundo você adora.
— Na verdade você não me chama por esses apelidos há dias. Babygirl,
preciosa, garotinha. Daqui a pouco vai dizer que sou uma mulher e aí vou
poder atualizar meu status no face: finalmente uma mulher.
Eu não a estava chamando pelos apelidos? Do que a estava chamando?
Droga! Isso está saindo de controle.
— Caitlin, — chamo quando ela anda em direção a um aparelho distante
do que estou — por que quis fazer isso agora? Por que com ele?
Ela olha para os lados para se certificar que estamos sozinhos e dá de
ombros.
— Porque ele é legal. Porque é lindo, sexy, forte...
Seu olhar parece perdido e ela cora levemente ao falar dele. E tenho
vontade de sacudi-la até que ela se dê conta da asneira que está falando. Quer
se entregar a um cara só porque ele é forte? Acaso não sou forte o suficiente
para ela?
Vou em sua direção como um predador e a vejo dar um passo vacilante
para trás. Tiro minha camisa e me aproximo.
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— Por que ele? Não me acha bonito? Não sou sexy?


Ela gagueja e tenta se afastar, mas seguro seus ombros, da maneira mais
leve que consigo para não forçá-la a ficar ali, apenas incentivá-la.
— Você é lindo Colin, e é sexy, sabe disso. Quer me soltar agora?
— Então o que é? Não sou forte o bastante para você? Acha que não
sentiria tesão por mim, Caitlin?
Pego sua mão e a pressiono em meu peito, estou suado dos exercícios e
isso facilita para que sua mão deslize por meu abdome e barriga. Ela toca
cada gomo, mesmo depois que deixo sua mão livre, continua sua inspeção por
meu corpo, seus olhos vidrados em cada ponto que seus dedos tocam e posso
ouvi-la arfar.
— Acha que não sou melhor do que ele? — pergunto baixinho e aproximo
minha boca da sua.
Não acredito que a primeira vez dela será na academia do prédio, mas
não importa o lugar, importa que seja comigo. Mal toco meus lábios nos seus
ela se afasta em um pulo, sua respiração acelerada e seu rosto totalmente
tingido de vermelho. Dá um sorriso nervoso, mas controlado, e diz:
— Pode até ser, mas eu não vou perder a minha virgindade com você.
— Nem com ele. Porque isso não faria sentido se tem tudo o que vê nele
bem aqui. Não é mesmo, Caitlin Ross?
— Vou fingir que você não insinuou que eu deveria transar com você e
manter a nossa amizade. Acho que não preciso de mais exercícios. Bom treino,
Colin.
Ela sai quase fugida e sinto que fiz uma merda enorme. Decido ir treinar
no clube, usar minha raiva para algo realmente útil.

O treino no clube rende muito melhor. Hoje não quis lutar com ninguém,
fiquei no meu canto com o saco de pancada e consegui distrair a mente de
qualquer coisa que não seja o campeonato. Os caras estão combinando de sair
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à noite para mostrar a cidade a alguns lutadores de outros clubes, mas não
tenho ânimo para ficar de conversinha fiada hoje, quero dormir cedo, acordar
cedo e me concentrar no campeonato.
Duas mulheres sentam bem perto de onde estou, isolado do resto do
pessoal e conversam alto demais, rindo e gesticulando exageradamente. Se
queriam minha atenção, elas conseguiram. Uma delas é loira e tem os seios
turbinados desde o mês passado, eu tinha ouvido falar, mas ainda não a tinha
reencontrado. Será que ela já inaugurou os seios novos? Sorrio para
cumprimentar Amber e avalio sua amiga. A ruiva magrinha e pequena também
tem um belo par de seios, mas pelo formato sei que não foram feitos numa
clínica. Acho que já a vi aqui antes, embora não a conheça. E posso contar nos
dedos quantas mulheres que frequentam o clube eu não conheço intimamente.
Treino por mais meia hora, mais para me exibir para elas do que para
treinar. Thor bate em meu ombro avisando que irá fechar o clube mais cedo
esta noite, então avalia as meninas me dando mole no banco mais próximo.
— Achei que seu lance fosse sua amiguinha virgem.
— Até você está sabendo disso? — questiono com uma careta.
— Você sabe que uma virgem por essas bandas é como um bilhete
premiado.
— Caitlin não pertence a esse mundo.
— Não pertencia, você quer dizer. — Ele olha novamente as meninas dos
pés à cabeça e diz, seu rosto sério, mas sua voz num tom mais leve. —
Mantenha o foco, filho. Distrações você encontra em toda esquina, mas você
tem que saber priorizar o que realmente importa.
— Não se preocupe, estou focado no campeonato, nada vai me distrair
disso.
— Eu não estava falando do campeonato. — Ele vira as costas e se afasta
e não entendo do que então ele estava falando.
Tomo um banho rápido no vestiário e dou de cara com as meninas me
esperando ali dentro. Elas fingem surpresa ao me verem sair do banheiro e
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aproveito para vestir a roupa na frente delas. Quase posso ouvi-las salivar.
— Achei que o banheiro feminino fosse do outro lado, meninas. Estão
perdidas?
— De jeito nenhum. Acabamos de encontrar o que procurávamos — diz
Amber aproximando-se e me beijando.
Pego minha mochila e passo um braço em volta de cada uma delas. Acho
que preciso mesmo relaxar hoje, relaxar e tirar certa calcinha vermelha da
cabeça. Seduzir a Caitlin não está me ajudando, na verdade tem feito o efeito
contrário, afastando-a de mim.
Passo com as garotas pelos caras reunidos bebendo cerveja e rindo alto.
Procuro Luke para resolver de uma vez por todas essa história da Caitlin antes
que perca meu amigo, mas ele não está na turma. Ao me aproximar para
perguntar por ele, escuto um nome que me faz parar imediatamente para ouvir
a conversa: Caitlin.
— E a briga agora é pessoal, vamos ver se o Hanson vai perder para o
Ryan fora dos ringues também.
— Do que caralho vocês estão falando? — Interrompo e Bryan, o palhaço
que disse o nome da minha menina se levanta na defensiva. As mãos
estendidas como que me pedindo calma.
— Relaxa, Hanson. Só estava comentando sobre as novas apostas. Você
sabe, a rixa entre você e o Ryan, dos ringues para a vida real.
Patrick então se levanta e me explica, fala tão pausadamente que acredito
que teme que eu vá ficar irritado e descontar nele.
— É o que estão dizendo, Colin, não fomos nós que começamos.
— O que estão dizendo?
— Que a briga entre você e o Stephen agora é pessoal. Agora é pela
virgindade da sua amiguinha engraçada.
— É isso o que estão dizendo?
Ouço um riso debochado atrás de mim e me seguro para não socar a cara
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do imbecil Ryan, se for ele quem está espalhando essas coisas sobre a Caitlin
eu juro que acabo com ele, mesmo que seja expulso do campeonato.
— Neste caso, nosso querido Hanson perdeu antes mesmo de lutar,
Caitlin está comigo, não com ele. E não quero vocês falando dela.
Ele está me pedindo um dente a menos na boca ou quem sabe uma nova
tatuagem em volta dos olhos. Dou um passo em sua direção, mas Luke entra na
minha frente, me impedindo.
— Não caia nessa, cara. O campeonato, você não quer arranjar briga aqui
dentro.
— Vocês, — aponto para o bando de idiotas sentados com suas cervejas
achando que têm o direito de falar o nome dela — vocês não têm qualquer
moral para falar sequer o nome dela, Caitlin é uma garota incrível, inteligente,
doce e divertida, como alguns de vocês viram naquela noite! Se ela é virgem
ou deixa de ser, isso não é da porra da conta de nenhum de vocês! E o próximo
que eu pegar falando sobre ela de novo, vai ficar sem as merdas dos dentes.
Não pensem que o campeonato vai me parar porque sei exatamente onde cada
um de vocês mora, e vocês sabem do que sou capaz de fazer.
Nunca pensei que usaria o que fiz à minha madrasta como uma ameaça.
Mas deixo para refletir sobre isso depois.
— E você, — aponto para o idiota que acha que vai ser o primeiro dela,
mas não presta nem mesmo para defendê-la — devia ter vergonha de não ser o
homem que ela acha que você é, de ficar se gabando por aí por algo que ainda
nem conseguiu fazer e ao invés de se vangloriar por estar com ela, deveria
ensinar pra esses bostas que ela não é como as mulheres vagabundas que eles
estão acostumados, e que não deveriam nem mesmo falar o nome dela.
— Você não tem que me ensinar como defender a minha garota, Hanson.
Eu não sou você.
— Com certeza não, porque se estivesse comigo ela jamais seria o
assunto da rodinha de bebida deles.
— Mas ela não está.

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— Merda, Colin, vamos embora. Você só está confirmando para eles essa
merda de rivalidade pessoal, deixa isso pra lá — Luke intervém quase me
arrastando.
Nem preciso olhar para saber que as meninas da noite foram embora. Se
não foram quando me viram defender outra mulher, o fizeram quando usei a
palavra vagabunda. Palavra essa, que repudio ser usada para se referir a
qualquer mulher, só o fiz para deixar claro para esses brutamontes idiotas a
diferença entre elas e a Caitlin.

Luke fica calado o caminho todo até meu apartamento, mas quando vira o
carro na minha rua, abre a boca, como eu sabia que ele faria.
— Não vá cair nas armadilhas do Stephen à essa altura, cara. Você sabe
que ele só quer tirar você do páreo.
Concordo com a cabeça.
— Estão mesmo falando isso? Que estamos brigando pela virgindade
dela?
— Eu não tinha escutado nada sobre isso ou teria quebrado algumas
caras. Você sabe, eu não preciso me preocupar em ser desclassificado de
nada.
— Precisa se preocupar em perder o emprego.
— Tanto faz. Manutenção não é algo que vou fazer por muito tempo, além
do que, o Dustin está me descolando um desses lances de modelo dele.
Sorrio.
— Vai se exibir feito mulherzinha que nem o babaca do Dustin?
— Ele nada na grana com esse trabalho de mulherzinha. E pense pelo
lado de que a minha cara linda nunca terá um hematoma, como a sua.
Sinceramente, me pergunto como você será quando se aposentar das lutas.
Onde estarão seus olhos e nariz e quantos dentes ainda vai ter na boca.
— Cara, eu ainda vou ser mais bonito do que você — afirmo.
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— Seu gay.
Rimos e me dou conta de que preciso mesmo esclarecer as coisas,
principalmente porque não quero magoar mais ninguém com essa minha
obsessão maluca.
— Você sabe que não há nada entre ela e eu.
Ele para o carro em frente ao meu prédio e mexe em algo no celular. Está
desviando o assunto porque não quer encará-lo.
— Você acha que estou mentindo. Mas não estou — garanto.
— Então está me dizendo que não está travando essa guerra contra o
Stephen fora do clube porque sente algo pela Caitlin? Porque cara, é o que
está parecendo.
— Eu jamais faria isso com você e independente disso, ela é minha irmã.
Estou apenas tentando protegê-la. Há uma diferença enorme entre não permitir
que ela durma com ele e querer que ela durma comigo.
— Então, você, Colin Hanson, está dando sua palavra de que não está
interessado na Caitlin? Não sente nada diferente por ela?
— Não, eu não sinto. A minha melhor amiga não vai perder a virgindade
com meu pior inimigo. Stephen pode me vencer nos ringues, mas não vai
vencer essa. Vou fazer o que for preciso para impedir que ela cometa esse
erro, e isso pode parecer sentimental às vezes, mas é apenas isso. Estou
fazendo meu papel de amigo, nada mais.
Ele concorda com a cabeça e saio do carro mais leve por termos
esclarecido isso. Agora só falta enfiar tudo o que disse na minha cabeça para
que seja verdade. Ainda bem que não é tarde demais.
No elevador me dou conta de duas coisas:
Uma – preciso fazer com que a Caitlin veja quem é o verdadeiro Stephen
Ryan e se afaste dele, mas não posso seduzi-la no percurso. Por mais que o
Luke não a ame de verdade, ele ainda não percebeu isso, e não quero ser o
canalha que mente para o grande amigo.

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Duas – merda! Eu consigo seduzir a Caitlin. Agora que percebo a reação


dela mais cedo, na academia, a maneira como me tocou e ficou nervosa. Eu
posso fazer com que ela me deseje e se eu conseguir seduzi-la ao ponto de
fazê-la desejar apenas a mim, então ela não dará passo nenhum com o Stephen.

O dia mal nasceu e já estou dentro de um ônibus. Desço em frente ao


prédio que odeio realmente ter que entrar e me dirijo à recepcionista bonitinha
que apesar de achar que sou doido, me dá o maior mole. Ela entra no
consultório e volta pouco depois, dizendo que posso entrar.
Encontro a doutora Katy com seus óculos de idosa na metade do nariz e
uma expressão amedrontada.
— O que houve, Colin? Por que está aqui?
Ela acha que fiz alguma coisa errada. E eu fiz.
— Não temos sessão hoje, você se confundiu?
— Não. Eu preciso de ajuda.
— O que aconteceu?
— Eu acabei de mentir para o meu melhor amigo. E fiz isso para poder
seduzir e desvirginar minha melhor amiga. Preciso que a senhora me interne.

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CAPÍTULO SETE
— Então, você pode olhar bem dentro de você e dizer com absoluta
certeza que não sente nada especial pela Caitlin? — A doutora me pergunta
pela décima vez.
— Eu não sinto. A amo como a uma irmã, só estou confuso porque
demorei a perceber que ela não é mais uma menina, acho que fiquei em choque
ao me dar conta da linda mulher que ela é. Acredite doutora, eu não sou apto a
esse tipo de sentimento. Só estou agindo como ajo sempre que vejo uma
mulher bonita. Quero levá-la para a cama.
Ela se levanta e serve-se de uma dose de whisky, mas não a divide
comigo, nem mesmo diante do meu olhar de súplica por um pouco de álcool.
— Você não é uma má pessoa, Colin. Pincipalmente quando se trata da
Caitlin. Estou me perguntando se em nenhum momento você parou para pensar
no que estará causando a ela. Você não pensou que suas atitudes podem ter
consequências?
Do que ela está falando? Filhos? Porque eu sei usar camisinha.
— Não estou dizendo que estou agindo de maneira correta, por isso quero
que a senhora me interne, que me afaste dela de algum jeito. Mas se eu não
precisasse seduzi-la, se ela apenas me escolhesse para ser o seu primeiro
então eu o faria, sem qualquer culpa, porque eu sei que faria dessa a melhor
experiência da vida dela. Não querendo me gabar.
— Ah, não se preocupe, seus dotes no sexo não me impressionam.
Ela se senta pesadamente e fecha o caderninho. Estranhamente, hoje não
anotou quase nada e tenho certeza de que rabiscou o pouco que anotou. Sua
expressão parece cansada, mesmo sendo seu primeiro horário na manhã.
Duas batidas leves na porta a fazem voltar a si, e a linda recepcionista
entra dizendo que seu primeiro paciente já chegou.

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— Preciso que você vá, Colin. Só quero que pense em uma coisa, e não
vou dizer isso como sua psicóloga, mas como uma mulher mais velha que sabe
bem do que está falando.
Sinto que lá vem um belo tapa na cara, e estou mais do que disposto a
recebê-lo.
— Se ela te pedisse para tirar sua virgindade e você aceitasse, como acha
que seria para ela depois? Não quero que pense na melhor experiência da vida
dela, mas no depois dessa experiência. Você acha que ela voltaria a ser a sua
melhor amiga no dia seguinte e aceitaria te ver com outra mulher na mesma
noite? Acha que ela não iria esperar que você a visse com outros olhos e que
não precisasse mais de uma outra mulher?
O papinho da Caitlin de que vou seguir com mulheres diferentes porque
não encontro a certa me vem à mente, mas sei que se tem uma coisa que ela
não é, é iludida. Ela é a pessoa mais pé no chão que conheço.
— Acho que eu poderia deixar isso claro para ela antes de darmos
qualquer passo, não a estaria enganando.
— Sério? Você acha que ela guardou a virgindade até conhecer alguém
especial por quê? Para transar com ele e ser solteira na manhã seguinte sem se
preocupar se ele está comendo outra enquanto ela lava os lençóis da cama?
Não se engane, nem mesmo você pode ser tão paspalho. Ela está se guardando
para aquele cara que vai ficar com ela, se ela quisesse um devasso, já teria se
entregado a você há muito tempo, você não acha?
— Está dizendo que se eu transar com ela, ela vai esperar um buquê de
flores na manhã seguinte?
— Ah não, de jeito nenhum! — Quase respiro aliviado, mas ela termina
de enfiar a faca. — Ela deve saber que você não é do tipo que manda flores,
mas com certeza esperará um compromisso. Você estará pronto caso ela queira
isso?
Não. Não estarei. Eu não sou desses caras, nunca serei. Fui moldado para
acreditar em outras coisas.
— Se você nem sabe a resposta, ponha a cabeça no lugar, guarde seu
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pênis dentro da calça e não vá fazer nada que vá te tirar a única família que
você tem. O que você mais me diz aqui é que não saberia viver sem ela, acha
mesmo que uma noite de sexo vale em troca de perdê-la?
— Não, não vale. A senhora está coberta de razão. Eu não vou fazer isso.
Não vou nem tentar seduzir a Caitlin.
— Não estou levando muita fé nisso. — Ela se levanta e vai em direção a
porta, um convite educado para que eu me retire. — Ela ainda estará lá quando
você voltar, a mesma mulher doce e linda, com o mesmo corpo com que você
tem sonhado e o mesmo inimigo pendurado no braço.
Levanto-me e a sigo.
— Eu não vou. A senhora pode apostar comigo se quiser.
— Isso vai ser divertido, vou querer de você uma hora inteira como seu
diário humano, e você não vai poder me esconder nada.
— Não conte com isso. Mas prepare-se para me dar aquela garrafa doze
anos que por nada no mundo você toca. — Aponto a garrafa e ela faz uma
careta, mas logo seu rosto se suaviza e ela me estende a mão fechando um
acordo.
— Meu doze anos, seu olho grande! Ainda bem que não há a menor
chance de você ganhar.
Nós veremos, doutora casamenteira. Nós veremos.

Caitlin, para variar, está com a cara quase enfiada na tela do notebook,
com seus óculos de professorinha e seu charmoso nó no cabelo. Passo por ela
e o desfaço com um tapa, o que sempre a irrita. Ela apenas resmunga algo e
não tira os olhos da tela. Eu só preciso olhar para ela e ver a minha melhor
amiga de novo. Mesmo que não seja a menininha que conheci, que seja minha
linda e adulta amiga, mas apenas amiga. Intocável. Inalcançável. Totalmente
proibida para mim.
Ela para um momento e tenta identificar o que tem em meu copo, ao fazê-
lo, levanta-se e o toma da minha mão, terminando de beber meu suco.
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— Acabou de estudar?
— Não. Só preciso comer algo porque não poderei fazer a prova se
estiver morta.
Ela mexe na geladeira e pega os ingredientes para um sanduiche. Sem que
eu diga nada começa a montar dois, sei que um deles é para mim.
— Cait, preciso de pedir uma coisa, vai parecer estranho, mas é para o
seu bem.
Ela me olha desconfiada e levanta o pão do meu sanduiche.
— Estou fazendo sua comida, não me irrite, Colin.
— Não tem a ver com seu cabaço.
— Que horror! Saudade do tempo em que você fingia que tinha algo de
decente e não falava comigo desse jeito.
— Não está, não. Você estava louca para me conhecer de verdade. Sem
segredos, lembra?
— Diga logo o que você quer antes que eu te entregue seu lanche porque
aí não terei mais nada para usar contra você.
Sento-me de frente para ela e observo bem seus olhos de amêndoa.
— Quero pedir que você não volte mais ao clube.
Ela me observa em silêncio e senta-se, deixando os sanduiches de lado.
— Por que isso agora?
— Porque você é o que tenho de mais precioso. E está saindo com meu
maior inimigo. Andam comentando muito sobre isso no clube, e não quero que
nada disso chegue até você e te machuque.
Ela abre aquele sorriso doce e sinto vontade de beijá-la, só um pouco, só
para matar esse sorriso com minha boca. Pega minha mão sobre a mesa e a
acaricia, do jeitinho carinhoso dela.
— Obrigada, Colin, por sempre me proteger. Você é o melhor amigo que
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eu poderia ter. Eu imaginei que esse tipo de coisa estivesse acontecendo,


principalmente depois que revelei ser virgem para metade daqueles caras. Isso
não me atinge. Eu não me importaria de prometer isso a você, mas não posso.
Estou com o Stephen, lá é quase o segundo lar dele, não posso prometer que
não pisarei mais lá, entende?
Tiro minha mão grande de sua pequenina e seguro suas duas entre as
minhas.
— Então quero te pedir outra coisa, sinta-se à vontade para dizer não. Se
você vai voltar ao clube, então eu quero que seja minha Sorte durante o
campeonato.
Ela arqueia as sobrancelhas com uma expressão desconfiada que me faz
rir.
— Você não está fazendo isso só para ficar me beijando e provocando o
Stephen cada vez que vencer, não é?
— Juro que não! Eu nem a beijo se você não se sentir confortável com
isso. Só quero você ao meu lado, já que vai fazer parte desse mundo de
qualquer jeito, quero me certificar que continue sendo team Colin, e quero que
me dê sorte no caminho.
— Tudo bem. Eu vou ser a sua Sorte. Mas mesmo que eu não fosse, ainda
assim estaria torcendo por você, e por mais ninguém.
— Você é uma mulher linda, Caitlin. Linda, inteligente e divertida. Todos
aqueles caras já sacaram isso, esse é meu jeito de proteger você deles. Porque
o imbecil não vai fazer isso. Ele não é bom com essas coisas de proteção.
Ela parece atônita e não faço ideia do que falei de errado. Depois de um
tempo me olhando como se eu fosse um ET ela volta a si e se afasta de mim,
pegando os sanduiches. Me estende um e volta para a frente do seu notebook,
não me diz nada, mas sei que alguma coisa que eu falei atingiu algo nela. Só
não consigo imaginar o quê.

Ela sai do banho cantarolando e vai direto para seu quarto. Com certeza
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vai sair com ele. Ok, vamos ser claros aqui, uma coisa é que eu tenha aceitado
que não posso ser o primeiro dela, mas outra muito diferente é aceitar que ele
seja. Isso não vai acontecer. Ele sequer a defende de boatos maldosos, não
serve para cuidar dela. E se ele for um Colin na vida dela? Se fizer com ela o
que já fiz tantas vezes, inclusive com a irmã dele? Transar com ela e sumir na
semana seguinte, para depois ela vê-lo com outra, e isso vai acabar com ela.
Não posso permitir que ela corra esse risco.
É para o bem dela, não tem a ver com ele ser meu maior oponente, mas
com ele ser o Stephen, o cara que fica se gabando por ter sido escolhido para
tirar a virgindade dela. Caitlin merece mais do que isso.
— Colin, você pode me ajudar? — ela grita do quarto e vou depressa ver
o que aconteceu.
Eu não estava psicologicamente e menos ainda fisicamente preparado
para o que encontro ao abrir a porta. Ela está apenas de calcinha e sutiã.
Desvio meu olhar o mais rápido que posso, não sem antes dar uma bela
conferida na lingerie vinho, que ficou perfeita em sua pele. Esse sutiã abraçou
os seios dela tão bem! Merda!
— O que você acha? — pergunta animada.
— Do quê? — Ainda olho para o chão me esforçando ao máximo para
não olhar para ela. Não sei se conseguirei me segurar se olhar para ela
seminua de novo.
— Da lingerie, Colin. Eu sou nova nessas coisas. Não quero que ele me
veja como uma menina, Mackenzie me ajudou a escolher esta, o que você
acha? Ficou boa em mim?
— Ficou ótima!
Mais perfeita só se me deixar tirá-la com a boca.
— Eu preciso que você me olhe para saber se está ou não sexy, como
pode saber isso olhando para o chão?
Acredite, decorei para sempre essa lingerie em você.
Olho para ela incrédulo com sua atitude. Ela sorri docemente e dá uma
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voltinha, passa a mão pela lateral do corpo quando para e me olha em


expectativa. Ela não precisava ter dado essa voltinha, eu não precisava da
imagem de sua bunda na cabeça, meu pau está totalmente alerta e preciso sair
desse quarto agora mesmo.
— Então? Está sexy o suficiente...
— Muito! Você está deliciosa. Eu poderia... — vou em sua direção e ela
não se afasta, seus olhos fixos nos meus.
Não é possível que ela confie tanto que eu não vou agarrá-la agora
mesmo e rasgar essa maldita lingerie vinho com os dentes.
— Você poderia... — ela ainda me provoca.
— A inocência é uma arma muito perigosa, Caitlin.
— O quê?
A puxo de uma vez de encontro ao meu corpo tempo o suficiente para
sentir o calor de sua pele, a maciez de sua cintura e o volume dos seus seios
pressionando minha blusa. Então a solto ainda mais rápido, antes que ela sinta
a minha ereção pressionando a barriga dela e nunca mais me chame para
aprovar suas lingeries novas porque pareço um adolescente incapaz de me
controlar perto dela. Saio correndo do quarto direto para o banheiro. Tranco a
porta e ligo o som bem alto.
— Que ela não tenha comprado mais de uma lingerie, meu Deus!

Quando saio do banheiro ela está sentada na sala, usa um vestido curto,
mas decente, mas só consigo ver suas curvas angelicais quando olho para ele.
Por que tinha que ser tão colado ao seu corpo?
— Ei, tudo bem? — pergunta receosa aproximando-se de mim. — Me
desculpe por aquela coisa no quarto. Eu não queria te colocar em uma situação
ruim.
Não foi ruim, princesa. Foi boa até demais.
— O que você queria, Caitlin? Saber se um homem pode vê-la em roupas
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íntimas e não ficar excitado?


Ela cora violentamente e gagueja. Quando volta a olhar para mim, tem
aquele olhar doce de quem está tentando me entender.
— Eu queria confirmar algo que você me disse mais cedo. Você disse que
sou uma mulher linda, inteligente e divertida.
— Porque você é.
— Você não percebeu? Você se referiu a mim com a palavra mulher ao
invés de menina. Achei que pudesse ter sido sem querer, por isso quis tirar a
prova se você realmente me enxerga como uma mulher.
O quanto será que estou fodido?
— A minha ereção foi resposta suficiente para você? — pergunto quase
como um rosando.
— Eu não percebi... eu não vi... — ela fica desconcertada, mas logo se
recompõe. — A sua reação foi. Você sair correndo, então, foi hilário — diz
dando ênfase à palavra reação ao invés de ereção.
Mas já que ela não está assustada por saber que me deixou duro, não vai
ficar assustada se souber de mais coisas que faz comigo, não é?
— Pois é, eu a vejo como uma mulher e a mais linda delas. Graças a você
agora tenho consciência do quanto seus seios são grandes e sua bunda é
perfeitamente moldada. Eu quase posso imaginá-la nua. Parece que você
cresceu de uma hora para outra.
— Eu acho que você andou com os olhos fechados tempo demais — diz
bem baixinho, mas sou capaz de escutar perfeitamente o que disse.
Sem graça, ela praticamente abraça a si mesma, como uma menina, e não
entendo o que quis dizer. Mas não tenho tempo de perguntar, o som da
campainha a faz pegar a bolsa em um salto, então ela sorri para mim e toca
meu rosto gentilmente antes de sair.
— Até mais tarde, Colin.
Stephen quase deixa escorrer sua baba ao reparar cada centímetro do
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corpo dela, e não acredito que vou ficar para sempre com a imagem de um
anjo moreno seminu, enquanto esse idiota o terá por essa noite.
Parece que tem algo errado no mundo, algo com certeza está muito errado
nesse apartamento.

O vento frio perto do lago me faz pensar onde será que o idiota levou a
Caitlin. Não a vi pegar um casaco, se estiverem perto de água, ela deve estar
com frio. Será que ele vai se dar conta que deve dar seu casaco a ela? Claro
que vai! Ela não estaria tão na dele se ele não fosse um perfeito cavalheiro,
pelo menos na frente dela.
Lembrar a linda lingerie que ela está usando me faz sentir raiva. Do que
adiantou meu autocontrole e a comprovação de que a vejo como uma mulher,
uma deliciosa mulher, se no final da noite tudo aquilo foi para ele? Por que
será que de certa forma ele sempre me vence? Não que eu ache que ela vai dar
esse passo com ele esta noite, ela não estava nervosa e nem mesmo ansiosa
antes de sair com ele, e ela estaria se estivesse pretendendo perder a
virgindade, não estaria?
“Colin, meu querido, você vai perceber que minha filha cresceu quando
for tarde demais! ”
As palavras que Lorna disse uma vez me voltam à mente. Acho que ela
me jogou uma praga.

Paro no meio da Bow Bridge[3] e observo o calmo The Lake, deixando


que o frio trazido pelo lago me acalme um pouco. Nessas noites raras, em que
parece que algo no mundo não está certo para mim, costumo receber a visita
de fantasmas.
Começo a pensar no campeonato, no meu treinamento, em como seria
justo se eu finalmente derrotasse o imbecil e o fizesse no campeonato. Penso
em muita coisa ao mesmo tempo na tentativa desesperada de afastar os
fantasmas. Apesar do meu passado, e do que fiz, eu não sou um cara desses
que culpa as tragédias e má sorte da vida por seus erros. Não acho que tenho
uma vida ruim, sei que ela deveria ser bem diferente se as coisas tivessem
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seguido seu curso natural, mas não posso reclamar de como vivo e do que
tenho.
Por isso odeio esses dias em que permito que esses fantasmas tragam esse
passado de volta. De repente, não estou mais no Central Park, estou em
Madison, posso ver meu pai sentado na sala lendo um jornal, enquanto no
andar de cima, Hannah Thompson, sua nova esposa jovem e linda está
desviando todo o dinheiro deixado pela mamãe para uma conta própria.
Como em um flash a vejo entrando pela primeira vez na minha vida, a
nova amiga da mamãe, a garota que meu pai chama de louca, que ele diz que
está induzindo mamãe a agir como uma adolescente sem juízo. Lembro como
mamãe se sentiu tão mais jovem ao começar a sair com ela! As lembranças
boas são poucas, logo me lembro da polícia na porta da minha casa, de
segurar a mão da Caitlin e arrastá-la comigo para dentro, eu já sabia o que ia
ver. De alguma forma, eu sabia.
Disseram que foi um assalto, Hannah estava lá e viu tudo, mas ela não
estava ferida, enquanto minha mãe, estava morta. A casa não foi arrombada.
Eu sempre soube que essa maldita havia aberto a porta para os ladrões, mas
ninguém nunca acreditou em mim. Menos de um ano depois da morte da
mamãe, Hannah se mudou para minha casa, a nova esposa do meu pai. Alguma
coisa nela nunca me convenceu, era como se eu olhasse a linda mulher loira e
sorridente que todos viam e enxergasse a morte, com sua face assustadora
prestes a destruir meu lar.
Seguro firme as lágrimas que insistem em rolar ao pensar no destino do
meu pai, no que eu não fui capaz de fazer para ajudá-lo. E então eu vejo o
fogo, a casa toda queimando, eu não sabia que ela estava lá dentro quando o
iniciei. Eu tinha certeza que ela havia saído, eu a tinha visto, junto com a
Caitlin, quando entrou no carro de seu amante e saiu. Caitlin me pediu para
não fazer aquilo, mas se era pelo dinheiro que meu pai estava pagando tão
caro, eu queria dar um fim a ele. Eu planejei tudo tão meticulosamente, mesmo
para uma mente de um garoto de quinze anos, eu sabia exatamente o que estava
fazendo até que ouvi seu grito. A maldita morte estava lá dentro.
Quase me tornei um assassino. Mas fui tratado por todos a partir daquele
momento, como um.
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Já nem sei que horas são quando volto para a casa. Mantenho a cabeça
baixa ao perceber que Caitlin está ali, verifico se Stephen está com ela, mas
como ela usa apenas um blusão meu, sei que ele não está. Ela diz algo
sorridente e espera uma reposta, mas eu não consigo ouvi-la. Não até que a
compreensão tome seu rosto e ela corre até mim. Segura meu rosto em suas
mãos pequenas, seus olhos já cheios de água por mim. Posso ler em seus
lábios que ela me pede para escutá-la. E eu escuto.
— Ei, onde você estava? Essa casa é um tédio sem você.
Tento me focar em seus olhos grandes de gata e em seu sorriso doce.
— Se isso pode te animar pelo menos um pouco, eu não perdi minha
virgindade hoje.
— É, isso me anima um pouco — consigo responder e ela sorri em meio
as lágrimas.
— Nem estou surpresa. Vem aqui, deite-se aqui comigo.
Deixo que ela me leve até o sofá e caio pesadamente ao seu lado. Logo,
meu rosto está em seus braços e a puxo para meu colo.
— Esta é uma daquelas noites em que os malditos fantasmas estão
enchendo você? — pergunta docemente enquanto acaricia meu cabelo, como
se eu fosse um garotinho assustado com medo de assombração. E
curiosamente, este sou eu.
Assinto apertando-a ainda mais junto a mim.
— Sabe o que me animaria? — consigo falar lutando para segurar as
lágrimas.
— O quê? Faço qualquer coisa que você pedir.
— Se você disser um palavrão.
Sinto seu sorriso aliviado.
— Ok, eu posso tentar por você, mas não se acostume.
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Ela respira fundo, acho que procurando algo que possa falar, então solta:
— Púbis! Desculpe, estou nervosa. Merda! Merda é um palavrão. Eu
disse merda.
Sorrio e deixo que a porteira se abra, ela se prende a mim chorando
comigo.
— Não foi culpa sua, Colin. Você não fez nada demais, era só um menino
fazendo justiça, a culpa não foi sua.
— O- obr- obriga... — tento agradecer, mas nada sai em meio às lagrimas
que me tomam.
— Eu sei quem você é de verdade, eu conheço a pessoa maravilhosa que
você realmente é. E eu sempre vou estar aqui com você, sempre. Eu amo você,
Colin, você nunca vai estar sozinho.
Suas palavras me confortam, e deixo que ela divida comigo essa dor para
que passe mais rápido. Acabamos dormindo embolados no sofá, acabados
como sempre ficamos quando esses malditos fantasmas aparecem e dão uma
tremenda surra em nós dois.

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CAPÍTULO OITO
O cheiro de bacon me desperta aos poucos e o barulho do meu estômago
me diz que estou faminto. Avisto Caitlin rebolando pela cozinha com fones no
ouvido enquanto cozinha algo que definitivamente está dando errado, pelo
mais novo cheiro que toma o apartamento: queimado.
Desligo a frigideira com o bacon e ela faz uma careta engraçada ao ver
que queimou.
— Justo os bacons?
— Eu já te disse, Cait, queime a cozinha se for preciso, mas nunca
queime o bacon — repreendo-a.
— Eu só queria deixar daquele jeito torrado nas bordas e macio no meio,
como você faz. — Ela faz um biquinho tentador e desvio meu olhar de sua
boca para salvar nosso almoço, ou jantar, não sei que horas são se ela está em
casa.
— Não foi trabalhar hoje?
— Fui e voltei. Eu tinha hora na casa e o movimento estava fraco, então o
Adam me liberou. Aí resolvi fazer nosso almoço já que você parecia que não
ia acordar nunca.
— Não deu muito certo — brinco jogando o bacon queimado na lixeira.
— Querido, a cozinha é toda sua!
Ela tira o chapéu de chef que havia colocado e o avental e dá a volta na
bancada sentando-se de frente para mim. Pega uns picles e fica me observando
de um jeito estranho enquanto mastiga.
— Algum problema, Cait? — pergunto enquanto preparo algo decente que
possamos comer. Em defesa dela, o bolo de carne está realmente bom.
— Não. Você está bem hoje, certo? Sem fantasmas.
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— Sem fantasmas.
— Hum.... Você sabe que é meu melhor amigo, não sabe Colin?
Assinto e analiso sua expressão amedrontada, como se tivesse aprontado
algo. Estico a mão para pegar o molho e esbarro na mão dela, algo como um
choque corre por toda extensão da minha mão, e ela sente o mesmo, pois sorri
e leva o dedo à boca.
— Você sabe que eu faria qualquer coisa para acalmar você, não é? Você
também faria por mim. Nessas horas a gente fala o que é preciso para que o
outro fique bem — continua tentando explicar algo que ainda não faço ideia do
que seja.
— O que está havendo, Caitlin?
— Nada. Só queria deixar isso bem claro.
— Ok. Mas não me lembro de alguma vez em que tenha me ajudado com
algo e tenha dito uma mentira para me acalmar — tento me lembrar de suas
palavras na noite anterior, mas ela disse o que diz sempre, o que sei que é
verdade porque a conheço bem. — A não ser que seja mentira aquele papo de
estar sempre aqui por mim.
— Um dia vou me cansar de você — ela brinca e tiro um picles de sua
mão, comendo-o todo de uma vez.
— O que foi? — Paro de cozinhar e a encaro, querendo saber logo do que
ela está falando.
— O que foi o quê?
— Que mentira disse ontem para me ver bem? Não me lembro de nada.
— Porque eu não disse nenhuma. Você não se lembra exatamente do que
eu falei ontem, não é? — Ao ver meu esforço para recordar, parece se
desesperar. — Não precisa ficar tentando se lembrar. Vamos terminar logo
com isso, não comi na lanchonete e estou para desmaiar de fome.
Ela se levanta e passa atrás de mim para pegar os pratos, eu me viro na
mesma hora e batemos de frente. A seguro antes que ela se desequilibre e ela
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ri. Não é como se nunca tivéssemos nos encostado antes, ou nos esbarrado
nessa cozinha tão pequena, mas há algo diferente. Cada vez que a toco, levo
um pequeno choque, mas não é algo que me incomoda, é algo curioso.
Enquanto ela monta a mesa, finjo que vou ajudá-la e esbarro novamente nela,
só para tirar a prova. E ali está, o mesmo choque, não importa em que parte de
seu corpo eu encoste.
Me sinto meio bobo e até mesmo infantil, mas passo todo nosso almoço
encontrando desculpas para tocá-la. E não entendo como algo tão bobo pode
parecer de repente tão gostoso!

— Você lava as vasilhas, enquanto eu assisto séries — ela diz escapando


da tarefa.
— Não é justo, eu fiz a comida.
— Eu fiz a comida! Você só fez o bacon, e incrementou o que já estava
pronto, não conta. Além do mais, eu trabalhei hoje enquanto você, bebê
chorão, estava desmaiado no sofá. E olha que servi mesas com um braço só
porque sua cabeça grande deixou dormente meu outro braço pela manhã toda.
Tenho crédito.
— Engraçadinha.
— Você me ama, chorão.
Ela me lança um beijo no ar e entra para seu quarto e só quando processo
suas palavras é que me dou conta do que ela estava falando com aquele papo
estranho de mentir para me fazer sentir melhor. Ela disse uma coisa que não
costuma dizer quando estamos juntos, aliás, ela nunca me disse algo do tipo.
Ela disse que me ama.

Passamos uma tarde deliciosa e agradável, tranquila como eu me


lembrava, embolados na cama dela, assistindo séries bobas. Achei que sentia
falta de ter a vida como era antes, em que podíamos nos embolar como se
fôssemos um ser só, e isso não era nada demais. Mas dessa vez, foi algo
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demais, e foi melhor do que eu poderia ter imaginado. Cada toque sem
perceber dela, cada risada alta demais, cada vez que ela se apertava a mim
por medo, tudo o que ela sempre fez quando assistíamos algo juntos, mas
dessa vez, eu vi tudo, senti tudo, desejei tudo. Eu nunca estive com uma mulher
assim, de deitar em uma cama para trocar uma ideia e assistir algo. Cama e
mulher comigo sempre termina em sexo. E com a Caitlin sempre era um lance
fraternal. Agora sei como é ter uma linda mulher ao seu lado numa cama, e
ficar pensando em mil maneiras de comê-la naquele momento, mas não fazer
realmente isso porque esse climinha bobo de fazer coisas inocentes até que é
bom.
Eu deveria ligar para a doutora casamenteira e dizer que sou mais forte
do que ela imaginava e que pode ir se despedindo de seu doze anos, se eu não
tentei nem mesmo beijá-la após tantos toques em uma cama, sou totalmente
capaz de resistir a ela.
Me sinto um garoto bobo, orgulhoso de si mesmo, mas isso dura poucos
minutos, pois, ainda estou largado na cama da Caitlin enquanto ela se arruma
no banheiro, e seu celular está no meu pé quando vibra e acende. É uma
mensagem do Stephen:

“Princesa, infelizmente não poderei buscá-la, vc poderia chamar um


táxi e me encontrar na porta do Craft? Eu pago o táxi lá. Talvez
poderíamos pegar um cineminha depois, o que acha? ”

O que eu acho? Que ele está tentando comprá-la, pagando seu táxi e
levando-a a um restaurante caro. Poderia levá-la a um mais caro então, não
está fazendo seu esforço máximo por ela. Tudo bem, talvez ele só esteja sendo
cavalheiro, mas não acho certo que depois da noite de ontem, onde ela foi
mais uma vez meu porto seguro, e da tarde tão deliciosa que passamos juntos,
ela vá terminar a noite jantando e assistindo um filminho com esse babaca.
O que estou dizendo? Não cabe a mim decidir. Solto seu celular e me
levanto para sair do quarto, mas algo me faz voltar atrás e pegá-lo de novo.
Stephen imbecil Ryan está esperando uma resposta, qual poderia ser ela?
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Ouço um barulho vindo do banheiro seguido de um gritinho da Caitlin,


largo o celular e corro.
— Cait, está tudo bem aí? Você caiu no banheiro de novo?
Ela põe apenas a cabeça para fora do banheiro com uma careta de dor.
— Minha bunda com certeza está roxa.
— Posso examiná-la para você. Nem te cobraria a consulta — provoco.
— Obrigada, doutor. Mas eu não brinco mais dessas coisas com você —
diz batendo a porta.
— Que pena! Justo quando você estava começando a ficar divertida!
Ouço sua risada gostosa e não posso permitir que todo meu trabalho para
deixá-la de tão bom humor vá servir para benefício de outro. Pego novamente
seu celular e penso no que poderia responder. Mas a porta do seu quarto se
abre de repente e ela aparece, enrolada em uma toalha, mas com uma
maquiagem leve no rosto. Está linda!
— O que está fazendo com meu celular, Colin?
Não há acusação na sua voz, apenas um leve medo.
— Ia levar para você, seu amiguinho te mandou mensagem.
Me dói mais do que poderia prever entregar o celular a ela. Ela sorri
como uma garotinha ao ler a mensagem e digita rapidamente uma resposta.
Joga o celular na cama e pega uma calça que seu sei que vai ficar colada
demais nela, uma blusa de manga e volta para o banheiro. Nada de se trocar na
minha frente hoje. Não quero mais essa Caitlin recatada, gosto daquela que
fica me testando para saber se a enxergo como mulher.
— Ei, pode trocar de roupa aqui, acho que estou em dúvida se você é
mesmo uma mulher feita ou apenas uma menina.
Ela ri alto e grita antes de bater a porta do banheiro:
— Que pena, querido, mas não é você que quero impressionar essa noite.
O caralho que ela vai impressionar outro essa noite.
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Pego seu celular e vejo sua mensagem em resposta:

“Parece perfeito, te vejo lá. ”

Então rapidamente digito outra resposta:

“Querido, infelizmente não poderei ir. O Colin não está bem e não
posso deixá-lo sozinho. Não venha aqui hoje, não quero que ele fique ainda
pior. Podemos nos ver amanhã? ”

Não consigo imaginar como ela o chama, se tem algum apelido, então
resolvo colocar querido, algo que qualquer pessoa poderia chamar por
qualquer pessoa.

“Sempre ele. Mas o que posso fazer? Vou sentir sua falta, princesa.
Nos vemos amanhã e qualquer coisa me liga. Boa noite. ”

Apago rapidamente as duas últimas mensagens e deixo o celular dela


sobre a cama.
Ela se despede de mim e sai contente após chamar um táxi, e reviro minha
carteira em busca de dinheiro. Se ele pode levá-la a um lugar legal, eu também
posso. Tenho mais do que suficiente para pagar um belo jantar no Craft para
ela e levá-la ao cinema que fica quase ao lado. Espero por meia hora para dar
tempo de ela perceber que levou um bolo. Rezo para que ele tenha sido
previsível esta noite, e após ser dispensado por ela, tenha ido treinar de forma
que não vai ver o celular caso ela ligue.
Então decido tentar a sorte e pego minha moto, que voltou do conserto,
para ir buscá-la. Levo um capacete reserva porque me sinto esperançoso essa
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noite.
E lá está ela. Sentada sozinha no Craft, remexendo os dedos das mãos
nervosa. Penso em entrar, mas seria muito óbvio, será melhor se ela me vir na
rua. Que se foda! Vai ser muito óbvio de qualquer jeito! Me preparo para
entrar quando ela chama o garçom e se levanta. Dou meia volta e fico na
sombra. A vejo sair do restaurante, olhar de um lado ao outro e pegar o
celular. Antes que ela possa ligar para ele, esbarro nela, fingindo surpresa ao
vê-la.
— Colin, o que faz aqui?
— Caitlin? Que coincidência! — Será que estou exagerando demais? —
Eu estava indo ao cinema.
— Legal! E que filme ia ver?
— Eu... hum... aquele que... — Merda! Eu deveria ter planejado isso
direito. — O que você está fazendo aqui? Achei que estaria com o imbecil.
— É, eu também. Mas ele não apareceu e não atende o telefone. Não sei o
que houve.
— Deve ter tido algum problema para não ter aparecido, — ela levanta a
sobrancelha estranhando que eu o defenda e corrijo — ou você deveria aceitar
que ele é mesmo um idiota.
Ela olha de novo para dentro do restaurante e para os dois lados da rua,
ainda procurando por ele e parece bem chateada.
— Você comeu algo? Quer entrar e comer? — pergunto.
— Acho que esse restaurante é demais para nosso bolso, podíamos ir
comer um hot dog.
Demais para o nosso bolso? Eu não posso pagar por algo, mas ele pode?
Cruzo os braços e a encaro irritado e ela sorri, tentando conter seus cabelos
que voam com o vento para o seu rosto.
— Não quis dizer que você não possa pagar, sei que ganha dinheiro com
essa coisa de luta, só que eu prefiro comer algo menos formal.
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Tiro minha touca e coloco sobre sua cabeça, contendo seu cabelo
esvoaçante e ela sorri em agradecimento.
— Mesmo porque, acho que se eu entrar aí de novo, o garçom vai me
expulsar — brinca e sinto uma pontada de culpa por tê-la feito fazer papel de
boba diante dos garçons.
Foi por uma boa causa. Digo a mim mesmo e decido salvar sua noite
para compensar.
— Bom, já que estamos aqui que tal uma noite divertida? Uma que com
certeza você não teria com aquele imbecil.
— Sempre tão humilde, Colin Hanson. O que quer fazer? Ir ver o tal filme
que você nem sabe o nome?
— Não. Podíamos comer algo e fazer algo diferente depois, o que acha?
— Acho que tenho medo do que você pode considerar diferente. Mas
tudo bem, sou toda sua! — Ela arregala os olhos ao perceber meu olhar
malicioso por sua promessa e tenta corrigir. — Quero dizer, sua companhia,
para coisas diferentes, em que estejamos vestidos, você entendeu!
— Apenas Caitlin sendo Caitlin.
— Cale a boca e me surpreenda.
— Tudo bem, baby. Mas lembre-se que foi você que pediu.
Pego a moto e rio de sua careta por ter que andar nela, ela não gosta
muito, mas sempre cede. Vamos bem perto, ao Central Park e comemos o tal
hot dog que ela queria. E o tempo passa tão rápido enquanto comemos e
falamos sobre a vida e planos impossíveis para o futuro, que quando me dou
conta já é quase meia-noite e ainda estamos ali, no banco do Pak, rindo como
dois bobos e fazendo planos idiotas. Seu telefone toca, mas ela o ignora, o que
me dá um sabor de vitória delicioso. Tiramos fotos como turistas pela noite, as
melhores selfies das nossas vidas. É tão fácil falar com ela, estar com ela, é
diferente estando aqui, fora de casa, fora da minha zona de conforto, dando um
passo que não sei ao certo em que direção. Conhecendo-a como a conheceria
se nunca fôssemos amigos, se fôssemos apenas um jovem casal em seu
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primeiro encontro. E pela primeira vez entendo a graça de realmente sair com
uma pessoa sem que seja para um motel ou uma cama em qualquer que seja o
lugar. Sinto como é diferente conhecer alguém através de seus planos malucos
e perguntas intimas demais e ao mesmo tempo nada maliciosas. Se os casais
pudessem manter essa magia do primeiro encontro em todos os outros
encontros, então nenhum casamento chegaria ao fim.
Em um rápido momento, acho que efeito de tantos hot dogs e milhares de
flashes na minha cara, me pergunto como seria namorá-la, caso ela quisesse
mesmo aquele compromisso sério que a doutora casamenteira disse após uma
noite nossa. Será que seria assim? Que eu teria essa Caitlin divertida e leve,
que fala alto demais e ri mais alto ainda e me olha como se não existisse nada
além de nós no mundo? Mas logo volto a mim e tiro essa ideia da cabeça, não
vou procurar subterfúgios para fazer algo que prometi não fazer. Não vou para
a cama com ela e ponto final!
Quando ela boceja pela primeira vez, ainda não estou preparado para
encerrar nossa noite e tenho uma ideia absurda que sei que vai fazê-la
enlouquecer antes de aceitar que é uma boa ideia. Subimos na moto e a levo
devagar até o local planejado. Assim que descemos da moto, vejo seus olhos
se arregalarem quando vê os barcos à remo.
— O que viemos fazer aqui, exatamente?
— Eu tenho um amigo, que trabalha aqui nos alugueis de barcos.
— E que com certeza não está aqui agora.
— Você não me deixou terminar, querida. Ele faz guarda noturna, então
tenho certeza — aceno para Chase que responde o aceno e volta sua atenção
para seu celular — que não vai se importar de pegarmos um barco.
Ela dá um passo atrás enquanto entro na água.
— Primeiro moto e agora isso? Já entendi, você é desses “vida louca” e
tal, muito legal da sua parte, mas eu sou só uma menina medrosa e você está
extrapolando meu limite de risco para uma noite.
— Já passa da meia-noite, tecnicamente é manhã agora. Então você pode
encontrar mais um pouco da sua coragem e vir comigo. Prometo que faço valer
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a pena.
Ela parece em dúvida, mas como eu sabia que faria, acaba sorrindo e me
seguindo para dentro do barco. O primeiro contato com a água gelada a faz
gritar, mas sobe no barco comigo rindo como uma menina fazendo arte. Eu
remo longe o bastante para estarmos quase no meio do lago e deito no barco, a
cabeça apoiada no banco onde ela está sentada, observo as estrelas e a lua.
Logo, ela faz o mesmo. Ficamos um tempo em silêncio absorvendo a beleza do
céu acima de nós. Mas cometo o erro de olhar para o lado, por um segundo
apenas, mas é o bastante para vislumbrar a beleza de seu rosto com o reflexo
da luz da lua, e como seus olhos brilham olhando as estrelas.
— Se estivéssemos em um encontro, este seria o momento perfeito para
que eu a beijasse — lanço como quem não quer nada.
— Jura que você esperaria tanto tempo para me beijar? Nota-se que você
não é um cara de encontros.
Sorrio.
— Acho que é você que tem saído com os caras errados. Veja bem, a essa
altura você já estaria alimentada e cansada, então não haveria qualquer
tentativa de impedimento. Além do que, você teria passado toda a noite desde
quando nos encontramos pensando em que momento eu daria esse passo, e
estaria tão ansiosa por isso, que qualquer leve toque meu, seria algo muito
mais intenso, quase uma preliminar.
Ela ri alto da maneira como acabei com algo que quase soou romântico.
— Mas quando eu a beijasse, Caitlin, você saberia que nunca mais
precisaria sair com outros caras.
Ela me olha de um jeito que não sei identificar, mas há algo em seus
olhos, algo quase palpável, e eu queria ter mais experiência com essa coisa de
sentimentos para poder identificar isso e não permitir que ela esconda antes
mesmo de expressar. Como não tenho a menor noção do que fazer, logo ela
desvia seu olhar com um sorriso fraco, e quando volta a falar comigo, aquele
sentimento se perdeu.

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— Você pode admitir que jamais teria se divertido assim se o imbecil


Ryan tivesse aparecido — provoco enquanto a ajudo a descer do barco.
— Tudo bem, você venceu essa. Com ele o lance é sempre restaurante,
cinema e clube de luta. Não me queixando, mas para um primeiro encontro
você se saiu muito bem.
Sinto meu ego inflado e aquela coisa de que alcancei meu objetivo
quando ela assassina cruelmente minha pequena vitória com uma frase.
— Seja assim quando encontrar uma mulher especial e a terá para
sempre.
— O quê? Mas que merda! — sussurro para suas costas sentindo-me
extremamente derrubado.

Quase preciso carregá-la para o nosso andar quando chegamos ao prédio.


Mas, quando entramos no elevador, ela se recosta no espelho com seus olhos
pequenos de sono e não resisto, a pego no colo fazendo-a gritar e rir, mas se
aconchega a mim e embora já a tenha carregado muito, não o fiz depois que ela
foi embora de Wisconsin e nos reencontramos aqui. Definitivamente, ela
cresceu.
— Diga que foi o melhor encontro da sua vida — sussurro em seu ouvido
e ela abre um sorriso doce, mas nega com a cabeça.
— Não admitiria isso em voz alta jamais, senhor ego.
— Vamos, você sabe que eu mereço. Nunca a vi sorrir tanto.
— O que posso fazer? Sou uma garota feliz.
— Eu a fiz feliz essa noite.
E poderia fazer em muitas outras.
— Não vou admitir nada — diz rindo.
— Vamos, diga ou jogo você no chão e a deixo no elevador assim que ele
parar.
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— Se fizer isso vou dormir e ficar subindo e descendo nele o resto da


madrugada.
Descemos do elevador e paro diante da porta, sei que quando entrarmos
voltaremos a ser apenas os melhores amigos com uma tensão sexual no ar. Do
que estou falando? Durante toda a noite fomos apenas melhores amigos com
uma tensão sexual no ar, se tivéssemos deixado de ser amigos por um segundo
que fosse nessa noite, eu a teria beijado sem pensar duas vezes.
A desço dos meus braços, mas a seguro bem perto de mim. Ela sorri em
agradecimento e impeço que tente abrir a porta, seguro seu rosto focado no
meu e tento de novo:
— Preciso que diga agora, antes que a noite tenha seu final previsível.
— Que final previsível?
Solto seu rosto, mas ela não desvia seu olhar curioso do meu. Acho que
neste momento, antes mesmo de entrarmos no apartamento, vou quebrar todo o
encanto dessa noite tão boa. Olho seu rosto cansado e lindo, eu poderia apenas
beijá-la e levá-la para a cama, algo em mim sabe que ela não resistiria se eu o
fizesse, não depois da noite de hoje e desse clima gostoso que está entre a
gente agora. Mas, não vou ser aquele que tem uma noite tão perfeita para
despedaçá-la na manhã seguinte quando ela descobrir o que fiz. Não gosto de
mentir para ela, não tenho esse costume e não vou começar agora.
— Aquele em que você chega em casa e descobre que eu fiz de novo.
Desmarquei seu encontro com o Stephen usando seu celular só para poder
passar esse tempo com você.
Ela se afasta e vejo a confusão e a decepção passarem por seus olhos.
— Colin, por que você fez isso? Eu só quero entender, se você queria
ficar comigo, bastava ter me dito. Sabe que eu cancelaria qualquer coisa por
você, por que agir assim?
— Eu não sei.
Ela entra no apartamento e segue em direção ao seu quarto, mas a seguro
pela mão, preciso explicar alguma coisa, qualquer coisa, só preciso que essa
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noite não acabe com esse olhar de decepção em seus olhos.


— Se eu tivesse pedido para que cancelasse com ele e ficasse comigo,
seria assim, Caitlin? Você iria comigo para um quase encontro e teríamos
passado tantas horas realmente juntos? Porque quando estamos aqui e somos
os melhores amigos não é assim. Nós nunca nos ligamos assim. Só me diz que
seria a mesma coisa e vou deixar que fique com a raiva que for de mim, mas
porra! Olha para mim e diz!
— Isso não justifica...
— Isso justifica! Eu estava certo, ele não é o cara certo para você, se seu
melhor encontro foi com seu melhor amigo, então toda essa merda se justifica.
Eu posso não saber mostrar meu ponto da maneira mais correta ou justa, mas
eu mostrei. Você está procurando amor no lugar errado.
Seus olhos se enchem e espero por sua resposta, ou que ela surte, mas ao
invés disso, ela parece prestes a chorar. Fica olhando para mim sem dizer
nada, mas seus olhos quase transbordam de tantas emoções confusas.
— Cait, se tivéssemos ficado aqui como em todas as outras noites, seria a
mesma coisa?
Ela nega com a cabeça.
— Então você não está com raiva pelo que fiz, está?
— Não, Colin.
Ela me entendeu, finalmente entendeu. Se eu soubesse que para fazê-la
desistir dessa ideia precisaria apenas mostrar a ela o que é um encontro de
verdade e como é estar com alguém certo para ela, o teria feito há muito
tempo. Seguro seu rosto pequeno em minhas mãos e aproximo minha boca da
sua. Não vou tentar ir para a cama com ela, só quero provar um ponto, provar
mais um.
Ela dá um passo vacilante para trás, não se afastando totalmente de mim,
apenas impedindo o beijo, e pergunta, a boca ainda muito próxima a minha, me
dando a chance de terminar o que comecei:
— Você quer mesmo transformar nossa amizade em algo estranho e
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incerto?
Olho seus olhos marejados e sua boca tão perto da minha. Quase posso
sentir seu sabor, a maciez de seus lábios carnudos, eu quero tanto beijá-la...,
mas ela está certa. E de alguma forma isso parece mais difícil do que dormir
ao seu lado e não saciar minha ereção dentro dela. Eu tiro minha mão de seu
rosto, e deixo que ela entre para o seu quarto e feche a porta.

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BÔNUS CAITLIN
Há dois dias parece que estou desligada do mundo, mais desligada do que
o meu normal. Não presto atenção no que me dizem, não durmo direito, e a
fome... essa eu sinto em triplo. Acho que estou em um estado constante de
ansiedade e confusão que só melhora quando como.
Há dois dias não falo direito com o Colin, sinto falta de falar com ele,
mas não sei o que dizer. O que poderia dizer?
Ei, Colin, poxa eu sempre amei você e agora que você parece ter me
enxergado queria saber se vamos mesmo ficar juntos.
Talvez eu pudesse tentar algo mais incerto, como tudo na vida dele.
Ei, Colin, já que você não quer que eu dê esse passo com ele, o que
acha de fazer isso comigo? Afinal de contas, eu tenho guardado esse
momento para você a vida toda.
Não existe uma saída que me permita não sair machucada disso. Esse
risco por si só não me impediria de aproveitar cada novo toque e o jeito como
ele tem me olhado, é algo inacreditável para mim. Mas, o fato de que eu o
perderia depois é o que me impede. Porque para ele será mais uma transa e
para mim, uma recaída.
Violenta.
Sem volta.
E depois eu teria que me rebaixar a vê-lo com outras e fingir que não me
importo como tenho feito desde sempre, mas aí eu teria lembranças, eu teria
sensações com ele e tudo se tornaria mil vezes pior.
— Eu não posso fazer isso — admito para mim mesma.
O conheço a vida toda e sei que isso é um desejo, ele normalmente tem o
que quer de qualquer mulher e comigo não agiria de forma diferente, mas

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mesmo que não queira me magoar depois, ele vai, porque este é ele, o cara
que deseja intensamente, não o cara que se apaixona. Seu ciúme bobo e o jeito
malicioso como olha para mim agora não significam nem de longe um
sentimento maior, um compromisso. Ele não acredita nisso, e uma virgindade
não vai mudar isso.
Vou me contentar com o fato de que ao menos uma vez desde que nos
conhecemos, ele me desejou. Eu fui o objeto de seus desejos. E vou guardar
isso para sempre.
Stephen sorri para mim ao me ver sentada em nossa cafeteria preferida e
aproxima-se com uma rosa. Também não posso fazer isso. Ele é legal, é
sincero, atencioso e quase perfeito demais para ser real. E alguém que aprecie
isso mais do que eu, precisa descobrir esse seu lado, alguém que não vá fazê-
lo perder tempo. Eu tinha certeza que havia encontrado a pessoa certa para
perder minha virgindade, uma vez que aceitei que isso jamais vai acontecer
com o Colin. Ele me faz sentir segura e desejada, e eu o desejo também, ele é
lindo! Mas depois daquela noite, do não encontro com o Colin, depois das
coisas que ele disse e da forma como ele disse, me dei conta de que ele estava
certo esse tempo todo. Stephen não é o cara certo. O Colin é. Infelizmente, não
é certo o bastante, mas quem sabe um dia eu vá me apaixonar de novo, só que
por alguém que seja certo na medida certa e vou fazer isso sem medo.
Ele deposita um beijo leve em meus lábios e senta-se ao meu lado. Pego a
rosa de sua mão e agradeço, e me preparo para essa conversa difícil.
— Stephen, precisamos conversar.
Seu sorriso some e ele me pede um tempo com um gesto.
— Podemos falar mais tarde? Tem alguém chegando que quero que
conheça.
— Boa tarde, meninos! — Uma voz forte e alegre diz próxima a nós e
Stephen se levanta e cumprimenta o homem ali parado.
Ele é mais velho, muito bonito e é a cara do Stephen.
— Pai, esta é a garota de quem tenho falado, Caitlin. Cait, princesa, este é
Donald Ryan, meu pai.
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— Púbis! — sussurro baixinho e me levanto depressa, para cumprimentar


o gentil homem que passa a tarde conosco. A tarde toda dizendo o quanto está
feliz e parece até aliviado de conhecer a namorada do filho.
Terei que adiar essa conversa por hoje, mas de amanhã não passa. Tomara
que Stephen e eu possamos ser amigos, porque ele é mesmo uma pessoa
maravilhosa. E pode até parecer engraçado, mas ele e Colin, se não fosse a
rixa do ringue, se dariam muito bem. Quase posso vê-los sendo amigos e
dividindo a total atenção feminina se entrassem juntos em um único lugar...
não, Colin não é do tipo que divide atenção. Realmente esses dois nunca
seriam amigos.
No dia seguinte ele me busca na faculdade. Acho que teremos o momento
perfeito ao entrarmos em um restaurante caro e reservado no centro, mas ele
nos guia até uma mesa onde uma mulher linda e elegante está sentada.
— Caitlin, esta é Megan Ryan, minha mãe. Mãe, conheça a Caitlin.
Isso é sério? Sério mesmo? Ele vai me apresentar a família toda só para
dificultar essa conversa?
— Stephen, quantos parentes você tem? — pergunto baixinho enquanto
nos sentamos à mesa.
— Muitos, eu jamais conseguiria contar, por quê?
— Quantos você quer que eu conheça?
— Algum problema em te apresentar para os meus pais?
— Não, gostaria que tivesse me avisado antes, mas será que não dá para
fazer isso de uma vez? Você convoca todos eles, num mesmo lugar, num único
dia e me apresenta a todos num dia só?
Ele me olha como se eu fosse louca e a mãe dele começa a rir.
— Ah querido, como é engraçada sua namorada! Fale-me mais sobre
você, Caitlin, estamos mesmo muito felizes em finalmente conhecê-la.
— Então, eu não sou bem a namorada dele... a senhora conhece o termo
ficar?
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É, talvez em um ano eu consiga ter essa conversa com ele.

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COLIN
Há dias ela mal fala comigo. Há dias ela passa mais tempo na rua, ou em
seu quarto do que aqui. E quando está na rua, não tenho como saber se está
com ele, ou com as amigas da faculdade. Às vezes penso em segui-la, mas que
espécie de desesperado eu seria, não é mesmo?
Amanhã é a minha primeira luta do campeonato, por pura merda do
destino também é a primeira do Stephen, mas pelo menos, sei que ela será
minha Sorte. Quer dizer, espero que ainda seja. Ela chega e como tem feito a
semana toda, me dá boa noite, pega uma fruta e entra para seu quarto. Mas sei
que ela ainda vai tomar um banho antes de dormir, então vou ficar de plantão
para falar com ela. Quero minha amiga de volta. Vou exigir isso.
Resolvo tomar banho antes dela e quando a escuto bater a porta de seu
guarda-roupa tenho a ideia. Apago a luz do banheiro e deixo a porta
entreaberta. Acendo apenas a luz fraca do box e começo meu banho como se
tudo fosse a maior das coincidências.
Ela vem distraída e abre a porta do banheiro, acende a luz e me vê ali.
Nu, tomando banho tranquilamente, ensaboando meu pau. Foco meus olhos nos
dela e continuo o movimento, como se não fosse nada demais ela estar ali
parada, olhando para mim como se eu fosse comestível.
— Co-colin o que...
Seus olhos estão fixos em mim, passeiam por todo meu corpo. Penso em
uma explicação ao menos razoável para dar, algo como relaxar sem tanta luz
na minha cara, mas antes que possa convidá-la a se juntar a mim, ela sai
correndo.
— Nem pense nisso, Caitlin!
Passo uma toalha rapidamente pela cintura e corro atrás dela antes que
ela tranque a porta de seu quarto, senão terei que arrombá-la. Ela me deseja,
acabei de ter a prova e essa noite, ela vai ser minha. Foda-se minha promessa,

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foda-se a aposta, eu faço um diário se for preciso para a doutora casamenteira,


mas essa noite, preciso estar dentro dela de uma vez por todas.

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CAPÍTULO NOVE
— Caitlin!
Consigo segurá-la antes que entre em seu quarto e a viro para mim,
prendendo-a em meus braços, colada ao meu corpo molhado. Há tanto desejo
em seus olhos que quase me desmancho neles. Ela abre a boca em desespero
para me pedir que pare, vai me pedir que a deixe ir, mas eu não posso. Preciso
que ela peça que eu tire sua roupa.
Ainda a mantendo presa a mim, a guio até encostar suas costas à parede
ao lado da porta do seu quarto, sua boca tão perto da minha que posso ouvir
sua respiração acelerada. Ela mexe as pernas desconfortável e tiro uma mão
de seus braços, afrouxando a prisão em que a prendi apenas para segurar seu
rosto. Passeio meus dedos por ele, seus olhos não se desviam dos meus, toco
seu cabelo e o puxo de leve, levantando ainda mais sua boca para mim, para
que eu possa ir ainda mais fundo com a língua. Para que possa mostrar a ela o
que queria fazer dentro dela com meu pau.
Mordo seu lábio inferior tão devagar que chega a ser doloroso o efeito
que causa em mim, ela geme, mas ainda está tensa em meus braços.
— Relaxe, apenas sinta — sussurro em sua boca e a beijo.
Mas o beijo dura dois segundos, pois no momento em que meus lábios
tomam os seus, o som ensurdecedor da campainha nos faz dar um salto. E ela
aproveita isso para se soltar do meu braço e correr, trancando rapidamente a
porta de seu quarto. Dou um murro na parede, o desejo quase me fazendo agir
como um louco.
Abro a porta tentando conter a frustração e como não podia deixar de ser,
ali está ele, o imbecil. Ele avalia com uma expressão irritada a maneira como
não estou vestido e me empurra passando por mim como um furacão. Bate com
força na porta do quarto dela.
— Caitlin, está tudo bem? — Lança-me um olhar ameaçador e quase
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range os dentes ao falar comigo — O que você fez com ela?


— Infelizmente nada do que eu gostaria de ter feito.
— Você anda assim pela casa? Sem roupa?
— Está com medo da concorrência, Stephen? Não foi você quem disse
que não havia competição?
Ela abre a porta do quarto e, sem olhar em minha direção, pega a mão
dele e praticamente o arrasta para fora dali.
Assim que a porta da frente bate, um balde de água gelada parece cair
sobre meu corpo quente, pois começo a pensar que a deixei excitada e com
raiva, uma combinação muito perigosa para alguém que já está disposta a
perder a virgindade com um cara, e vai passar o resto da noite com ele.
Volto a esmurrar a parede rezando para que eu não tenha sido babaca o
suficiente para jogá-la direto na cama dele.
Rolei na cama a noite toda, mas não consegui pregar os olhos. Só depois
que ela chegou em casa, o que fiz questão de conferir no relógio e eram três e
meia da manhã, foi que me permiti dormir. Mas ainda consegui sonhar com ela
me dizendo que tinha feito sexo com ele. Minha primeira luta é hoje, e espero
que essa raiva me ajude a vencer, ao invés de tirar meu foco. Hoje é sábado, e
como em todos os sábados é dia do trabalho voluntário no orfanato. Isso faz
parte da minha sentença, mas eu o faria mesmo que não fosse uma punição.
Realmente tomei gosto por estar lá com aquelas crianças, é como se elas me
entendessem e eu sei exatamente pelo que elas estão passando.
A campainha toca e um buquê de flores é entregue, o cartão escrito com
uma letra muito bonita e arrumadinha é impresso. É do Stephen, agradecendo
pelo presente. Que presente? Esse cara não presta nem para escrever a próprio
punho o cartão, não acredito que a Caitlin deu a virgindade dela para ele.
O buquê tem aparência de caro, com flores que nem sei o nome, mas que
admito, são muito bonitas, então claro que a Caitlin não precisa de um gesto
romântico desse imbecil. Não vai adiantar jogá-las no lixo, porque são muito
grandes, tento enfiar na geladeira, mas não cabem, olho em três portas dos
armários, nada. Coloco embaixo da bancada, dificilmente a Caitlin cozinha,
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nunca irá achá-las, mas me dou conta de que vai sentir o cheiro forte de flores
e vai achá-las. Onde mais eu poderia escondê-las? Fico na dúvida entre meu
quarto e o elevador, e quando decido colocá-las no elevador e mandá-las para
o térreo, a porta do quarto da Caitlin abre e ela aparece já pronta para irmos.
— Bom di... que flores são essas? — Me cumprimenta com um sorriso e
age como se nada na noite anterior tivesse acontecido.
— Ah, foi engano — minto, mas ela puxa o cartão no exato momento em
que eu ia deixá-las no corredor.
— Oh! Ele é mesmo encantador!
Ela toma as flores da minha mão e ignora deliberadamente o fato de eu
estar tentando sumir com o buquê e de eu ter mentido para isso. Cantarola
enquanto coloca as flores num vaso e guarda o cartão na bolsa.
— Ele não sabe escrever? Porque mandar um cartão com uma mensagem
impressa é ridículo.
— Não acho que a caligrafia dele seja muito boa, mas o que conta são os
sentimentos expressos na mensagem, não a letra — me responde calmamente,
como se a noite anterior não tivesse ocorrido, como se não tivesse significado
nada demais.
Também não conversa comigo normalmente, apenas não me ignora mais.
Ah, isso e cantarola. Parece tão feliz e relaxada!
— Merda! Merda, Caitlin, está tudo bem?
Ela parece confusa com minha pergunta repleta de palavrões, mas assente
e pega sua bolsa.
— Vamos?
— Vamos de moto, tudo bem?
— Tudo bem, só vou prender o meu cabelo. Não quero assustar os
menores.
Ela nunca aceitou tão facilmente subir na minha moto. Ou ela está em uma
viagem alucinada na terra da felicidade ou, e não quero nem pensar nessa
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segunda opção, e não vou pensar. Ela não fez isso.


Ela se segura firme em mim na viagem até o orfanato e temo que este será
o máximo de contato que terei dela daqui para a frente. Vamos para alas
diferentes quando chegamos, mas logo nos reunimos por conta do nosso órfão
preferido: Carter.
Carter Henderson tem seis anos, mas às vezes parece ter dezoito, diz
coisas que deixam os adultos aqui sem chão e dificilmente perde uma batalha
verbal. É tão inteligente e vivo, como se não se lembrasse do que lhe ocorreu
no ano passado, como se não fosse nada demais. Mesmo sendo tão novo, ele
entendeu tudo o que aconteceu na sua frente, entendeu a crueldade e tragédia
do que presenciou, ele ficou seis meses sem falar, e escolheu a mim para ter o
privilégio de ouvi-lo falar após todo esse tempo. Lembro-me como se fosse
hoje, suas palavras exatas:
— Quando eu crescer, posso me casar com ela? — perguntou puxando
minha blusa e apontando seu pequeno dedo para Caitlin.
Os psicólogos brincam que agora fala por cada dia em que não o fez, já
que tem dificuldade em calar a boca. O que mais me liga a ele é o fato de
sermos tão parecidos, ele tem algumas das minhas manias, fala como eu, gosta
de se vestir como eu, e a mulher que mais adora no mundo é a Caitlin. Ele
também não é uma criança que se lamenta pelo passado ou por estar ali, nunca
reclama de nada, e quase não pede ajuda. E há sua história. O pai bebia muito
e batia em sua mãe, em uma noite bebeu tanto, que a jogou contra uma mesa de
vidro, na frente dele. A mãe não resistiu aos ferimentos, o pai foi preso e
condenado, e ele veio parar aqui. Com a lembrança da morte da mãe e confuso
sobre o que sentir por seu pai. Essa sensação de não saber como se sentir, não
saber se deve amá-lo ou odiá-lo, eu conheço bem, por muito tempo depois do
que fiz me condenei por ser um vilão, me uni a pessoas que eu julgava tão
ruins quanto eu e fiquei perdido. Às vezes, ainda me pergunto de que lado
estou.
Se pudesse eu o levaria embora e daria a ele a vida perfeita que ele
realmente merece.
— Tio Colin, o senhor perdeu a nossa namorada para outro? — pergunta

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após a décima vez em que prendo meus olhos na Caitlin, tentando achar aquela
diferença no jeito de andar.
— Como?
— O senhor estava tentando me roubar ela, eu percebi, só que não ligo de
dividir com o senhor. Só até eu crescer. Mas agora ela não olhou para o senhor
desde que chegou aqui, o senhor a perdeu para outro?
— Vamos comer, amor? — Caitlin o chama antes que eu tenha a chance
de responder.
Ele segura sua mão e senta-se entre mim e ela na pequena mesa da
cantina.
— Tia Cait, o tio Colin deixou você namorar outro?
Caitlin engasga com o aspargo e olha para ele de olhos arregalados.
— Ele disse que aceita que eu roube você dele, mas não aceita se outro
roubá-la de mim — explico.
Caitlin sorri e bagunça o cabelo dele, respondendo docemente:
— Ah querido, o tio Colin não é capaz de manter uma mulher feliz por
tempo suficiente para roubá-la de você. Não se preocupe.
Faço uma careta e imito seu gesto bagunçando seu pequeno cabelo liso
antes de retrucar:
— Sabe, Carter, a tia Caitlin é uma ingrata, porque o tio Colin deu a ela o
melhor encontro de sua vida e ela ainda reclama.
Rapidamente ele olha para Caitlin, esperando por sua resposta.
— Acho que o tio Colin precisa sair mais, com mais pessoas, para
superar isso.
Deixo Carter fora do jogo e olho diretamente para ela, que me olha de
volta contendo um sorriso.
— Acho que eu preciso refrescar sua memória bem de onde paramos
ontem à noite.
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Seu rosto cora violentamente e ela pigarreia, apontando para ele diz sem
voz, mas posso ler seus lábios algo como “criança esperta ouvindo”.
Após uma tarde agradabilíssima com as crianças vamos nos despedir de
Carter. Enquanto esperamos que ele saia do banho, resolvo puxar assunto,
aproveitar que ela está falante e feliz, cantarolando de novo. Tento chegar nela
de maneira sutil, apenas como um amigo preocupado para não irritá-la, mas o
que sai da minha boca, assim que a puxo pelo braço de forma brusca, é:
— Por que caralho está cantarolando assim? Ele a fez gozar? Você gozou,
Caitlin, por isso está feliz assim? Com esse brilho diferente nos olhos.
Ela olha para todos os lados alarmada e parece prestes a me matar.
— Colin! Alguma criança pode te ouvir, seu babaca!
Se solta do meu aperto e toda aquela felicidade sumiu. Não posso dizer
que estou triste com isso.
— Vai me responder ou não?
— Não há nada de errado em acordar de bom humor!
— Você não está de bom humor, está cantarolando como meninas de
séries românticas bobas. Como se tivesse visto o passarinho verde. Você viu o
passarinho verde? Viu algum passarinho?
Faço ideia do quanto devo estar ridículo, porque ela segura mesmo uma
risada e respira fundo antes de me responder.
— Isso não é da sua conta, mas não, não é nada disso. Eu só estou
apaixonada, não posso? — ela diz a palavra apaixonada quase separada em
sílabas, cada facada doendo mais do que a anterior.
— Apaixonada? — grito. — Por ele?
— Psiu! Quer parar de gritar?
— Pelo amor de Deus, Caitlin, não me diga isso nem de brincadeira. —
De repente parece que estou sem força, e quase sem ar. Eu nunca fico doente,
não entendo o que está acontecendo.

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— Ei, você está bem? — ela pergunta preocupada aproximando-se de


mim e me amparando.
— Passar um tempo que já me enlouquece com ele eu estou sendo
obrigado a suportar, mas ver você amar um cara como ele? Caitlin! Nem
brinca com isso!
— Colin, às vezes as pessoas que menos esperamos, são as mais dignas
de serem amadas.
— Ai! Pare! Você está tentando me matar! — Coloco a mão no peito e me
sinto ainda mais fraco, mas ela começa a rir.
Ela apaixonada, ele mandando flores agradecendo pelo presente e essa
cantoria de quem finalmente conheceu um orgasmo, não é possível! Preciso ter
certeza antes de morrer por causa disso, é do Stephen que estou falando, ele
não seria capaz de dar um orgasmo que deixasse uma mulher tão feliz assim.
Se bem que a Caitlin não teria como comparar porque nunca teve um orgasmo
na vida. Aí me sinto um amigo egoísta por deixar que minha melhor amiga
chegue aos dezenove anos sem saber o que é um orgasmo. Em minha defesa
ela era uma menina até alguns dias atrás, e desde que descobri que ela é uma
mulher, o que mais quero na vida é dar um orgasmo a ela.
Um risinho conhecido me faz ficar de pé e sair de cima da Caitlin para
encontrar Carter, seus olhos negros nos avaliando e um sorrisinho inocente no
rosto.
— Vocês fizeram as pazes. Caitlin, já que não vai ser minha namorada,
vocês podiam se casar e serem meus papais, não é?
Engulo em seco e Caitlin aproxima-se dele, beijando sua cabeça e
pegando-o no colo.
— Ah, meu amor! Tenho certeza que Papai do céu tem os melhores papais
do mundo para dar a você, só precisa esperar um pouquinho.
Ele a abraça de volta e não escuto mais o que dizem porque estou
ocupado sentindo raiva da vida e das injustiças que crianças tão inocentes,
como ele, têm que viver.

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Caitlin volta calada e não tem mais aquela felicidade radiante de mais
cedo. Pergunta se vou fazer o jantar ou pedir algo, e decido pedir alguma
coisa, então ela vai tomar banho. E eu fico remoendo e remoendo. Se ela deu
esse passo com ele, se ele vai ficar se gabando disso no clube com aqueles
retardados que o seguem como cachorrinhos. Se ele deu o valor que isso
merecia, se fez direito. Parece que estou entrando em curto. Um mundo de
emoções confusas passando pela minha mente e aí me lembro de ela estar
apaixonada por ele. Ela quase derreteu nos meus lábios ontem à noite como
pode estar apaixonada por ele? Ele teria que ser muito pica para apagar da
mente dela o que sente quando a toco. Será que ele a faz sentir-se melhor do
que sou capaz de fazer?
Sem me dar conta do que estou fazendo, acho a chave reserva do banheiro
e abro a porta com tudo. Caitlin se assusta e grita:
— O que está fazendo aqui? Colin, saia daqui.
Mas não a estou ouvindo, abro o box e entro nele, a água molhando minha
roupa imediatamente, e ela está nua. Avisto com clareza a perfeição de seu
corpo pequeno e curvilíneo. Seus seios cheios, com os mamilos rosados
apontam em minha direção, sua cintura fina, as coxas mais grossas e sua
boceta como eu imaginei que seria. Branquinha, lisinha, e ela tenta escondê-la
com as mãos. Ela continua gritando, mas não escuto, estou perdido nela. É tão
perfeita, que quase não consigo me controlar. A água escorre por seu corpo e
tudo o que quero agora é ajoelhar-me diante dela e beber essa água com seu
gosto.
— Sai daqui Colin! Você está louco?
— Você transou com ele Caitlin? — pergunto ainda desnorteado, mas me
lembrando que toda essa perfeição pode ter sido dele na noite passada, e isso
me faz sentir uma raiva incontrolável.
— Eu não vou discutir isso com você....
— Você transou com ele? — grito e a encosto à parede, prendendo seus
braços acima de sua cabeça. Olho bem em seus olhos e ela se cala, fixando

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seu olhar no meu. — Ele tocou você?


— Eu já disse que não!
— Se eu tocá-la, Caitlin, se eu enfiar o dedo em você agora, vou
encontrar alguma resistência?
Ela parece pensar na pergunta por tempo demais e quando responde,
quase me tira o chão.
— Não. Vai encontrar a resistência que está pensando que perdi, mais
nenhuma outra.
Ela vai me deixar tocá-la, vai me deixar comê-la aqui mesmo, agora.
— Mas vai querer isso sabendo que vou me sentir culpada amanhã? —
pergunta baixinho.
Merda! Encosto minha testa na dela, tentando colocar ordem nos meus
pensamentos, tentando controlar meu corpo que só quer tê-la agora.
— Você não o ama, Caitlin, não está apaixonada. Caso vá se esquecer
disso daqui a pouco quando estiver com ele, só quero que se lembre disso.
Solto sua mão e a puxo para mim, beijando sua boca com todo o desejo
acumulado que estou suportando. A beijo com força, quero deixá-la sem ar,
quero dominá-la. Quero que ela nunca mais queira beijar outro homem, porque
nenhum vai possui-la desse jeito. Sugo sua língua enquanto a aperto ao meu
corpo, à minha ereção que quase rasga a calça, domo sua boca até que a escuto
gemendo, se desmanchando em meus braços. Então, com muita dificuldade, a
deixo. Bem devagar vou diminuindo o ritmo e a força dos meus lábios sobre
os dela, afasto meu rosto e continuo a segurá-la. Beijo seu pescoço molhado
de leve, e sinto seus seios pressionados em meu peito. Sinto seu coração
acelerado como o meu.
—- Lembre-se disso, Caitlin. E se ele não a fizer se sentir desse jeito
com um beijo, não serve para você.
Então a deixo ali e saio de casa. Com a roupa molhada, uma ereção
pulsante e os pensamentos mais desgovernados do que já me lembro de terem
estado algum dia. Ela teria sido minha, teria se entregado a mim. E essa agora
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é a minha meta de vida, não vou sossegar até que ela peça que eu seja o seu
primeiro.

Não vejo a Caitlin desde a hora do banho, no final da tarde. Vim direto
para o clube, tomei banho e me arrumei aqui, e tive que fazer algo que não
fazia há anos para saciar a ereção que insistia em não ceder sem ela. Mas foi
pensando nela que gozei com força, pensando estar dentro dela, ela vai me
deixar louco! Minha luta é a primeira da noite, serão três lutas hoje, a seguinte
é a do Stephen, mas não pretendo ficar para vê-lo. Só quero sair daqui e
beber. Por isso, pretendo acabar com meu adversário bem rápido, para sumir
daqui direto para um bar.
Vejo o clube lotado e não me sinto animado com o espírito da
competição. Hoje nada vai me animar. Como será que ela vai reagir quando eu
vencer a luta e beijá-la no ringue? Será que vai me pedir para não fazer isso?
Eu disse a ela que não faria se ela pedisse, espero que este não seja o caso,
porque eu preciso beijá-la. Devagar e com cuidado para que ela veja que a
maneira como se sente quando a beijo, não é apenas quando a seduzo, não é só
quando o faço com tanta força que ela não tem como escapar. Quero que ela
sinta meu beijo em cada segundo para entender o que é ser realmente beijada.
O locutor inicia a noite arrancando gritos ensandecidos da plateia, olho
por todos os lados, mas não a vejo. Ela está atrasada. Não presto atenção no
que ele diz, e apenas quando a luz me ilumina me dou conta de que já fui
chamado. O exterminador, essa merda vai acabar pegando. Subo no ringue e
meu adversário já se encontra lá, sequer ouvi o nome dele. Olho de novo a
multidão procurando a Caitlin. Talvez eu não precise derrotá-lo tão depressa,
para dar tempo a ela de chegar. Enrolo o máximo que posso e só quando me
dou conta de que ela não vem, decido acabar de vez com isso. Derroto o
adversário em poucos minutos e quando o locutor levanta meu braço, vejo a
plateia gritando e o dinheiro rolando pelas mãos, ele me pergunta pela minha
Sorte. Apenas nego com a cabeça e desço do ringue com o lenço da vitória.
Passo pela multidão feminina que tenta chegar até mim, hoje não estou com
paciência para conversar com ninguém.
Estou indo em direção ao vestiário, mas ouço o locutor anunciar o
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Stephen e volto para ter certeza de que ela não está ali, mas ela está. A vejo
procurando por mim na multidão, o rosto vermelho e a respiração acelerada.
Seu olhar encontra o meu, mas saio dali, vou direito para o vestiário. Então
ela me castigou por conta do que fiz no banheiro. Ótimo! Eu não precisei dela
para vencer. Não preciso dela para nada!
Tomo um banho demorado e consigo não pensar em nada. E fácil desligar
minha mente quando realmente me empenho nisso. Não respondi ninguém, não
comemorei com Thor minha vitória e ele não insistiu. Decido não permitir que
minha vitória tenha um gosto amargo por causa dela, mas é aí que vejo que não
sou eu quem escolho isso, e sim o destino.
No momento em que saio do vestiário, Stephen está sendo anunciado
vencedor. O juiz levanta seu braço, as vozes ao meu redor parecem uma única
voz embolada, falando sem dizer nada, mas entendo bem o que foi dito quando
ele aponta o dedo para Caitlin. Sem graça, e andando como se não soubesse
onde pisar, ela vai até ele. Até o maldito ringue. E ele a nomeia como sua
Sorte.
— Filho da puta! Filho de uma puta!
Agora que foi apresentada como a Sorte dele, Caitlin não poderá ser a
Sorte de mais ninguém no campeonato.

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CAPÍTULO DEZ
Quero subir no ringue e quebrar a cara dele, mas alguém entra em minha
frente, quase sendo atropelada por mim. É Serena, a irmã dele. Ela pega minha
mão e pede que eu a siga, vamos para fora do clube, e estou prestes a gritar
com ela por ter me tirado dali quando ela diz:
— Está assim por amor, Colin?
Respiro fundo, contenho a ira que sinto e aceito que o mínimo que devo a
ela depois de tudo o que lhe fiz, é uma conversa educada.
— Não. Não é por amor, está mais para ódio.
— Achei que fosse pela Caitlin, a namorada do meu irmão. Ela conheceu
meus pais na semana passada.
Eu não sabia que as coisas entre eles estavam tão sérias, eu não fazia
ideia. Mas, depois do que ela fez agora à noite, não é de se estranhar. Não
quero parar pra pensar nisso agora, não quero pensar em nada agora.
— Que bom para eles, mas não tenho nada com isso, Serena. Desde que
seu irmão não a machuque, não tenho nada a ver com eles.
— Desde que ele não seja com ela como você foi comigo, você quer
dizer?
Olho seus olhos negros e não sei o que posso dizer. Sinto muito? Foi mal?
Sim eu posso ter sido um babaca, pois é, esse sou eu, mas ela me conhecia
bem o bastante para saber que seria assim. Não tenho culpa se às vezes as
pessoas querem se iludir e fazem coisas que sabem que vai dar errado
esperando que dessa vez dê certo. Ela não foi minha exceção à regra. Então
apenas dou de ombros. E ela continua, a voz calma, mais constatando algo do
que desejando que aconteça.
— Um dia você vai se apaixonar assim, não pense que está tão acima de
nós mortais, que vai se livrar de sentir. E quando você se apaixonar, será tão
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inseguro, tão medroso por se lembrar de tudo o que fez, que vai ficar se
perguntando o tempo todo se ela sente o mesmo, se ela te ama apesar do que
você é, ou se ela está usando você, como você fez com quem te amou. E você
nunca vai ter certeza de que é digno do amor dela.
De repente me lembro da Caitlin, de como me sinto tão desesperado e
confuso sobre ela, de como me fere os sentimentos dela por outro. Tirando a
parte de estar apaixonado, tudo se encaixa tão perfeitamente no que a Serena
acabou de dizer, e percebo que não é preciso estar apaixonado para se perder
por alguém.
— Neste caso, — digo a ela, deixando-a surpresa por eu responder,
quando nem eu mesmo achei que responderia a algo assim. — Acho que vai
gostar de saber que estou passando por tudo isso. Não que eu esteja
apaixonado. Mas eu sei que não mereço ser o escolhido dela, sei que nunca
vou ser melhor para ela do que o cara que está ao seu lado agora, mas nem
essa certeza e nem esse medo ridículo de perdê-la são fortes o bastante para
me impedir de tentar.
Ela arregala os olhos em surpresa e parece sentir pena de mim. Mas não
posso me irritar por isso esta noite, eu também estou sentindo pena de mim
nesse momento.
— Talvez a gente precise ir contra quem somos às vezes, para podermos
ser alguém melhor — concluo fazendo-a abrir um sorriso acolhedor.
— Para onde está indo, Colin?
— Beber alguma coisa, não pensar em nada, algo assim.
— Você deveria ir para a casa. A noite é uma armadilha perigosa para
alguém que não quer pensar em nada.
— Não tenho medo do perigo.
Afago seu cabelo em sinal de agradecimento, e subo na moto, decidido a
beber até que nem me lembre mais dessa noite. Talvez acabe a noite com uma
mulher que me faça esquecer a visão da Caitlin nua. Mas, quando me dou
conta, estou na porta do meu prédio. Vim mesmo para a casa.

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No grupo do clube já tem as fotos das lutas da noite, duas vitórias para o
Luck, uma para um clube adversário, Patrick está fora da competição e isso é
péssimo, ele é o maior brutamontes que temos na equipe. E entre tantas fotos
postadas, uma única fica por mais tempo na tela do meu celular, a da Caitlin
beijando o Stephen. Esse beijo era para ter sido meu, ela deveria ser minha!
Procuro no freezer e encontro algo para beber, é um whisky barato e ruim, mas
vai servir. Jogo-me no sofá e nem me dou ao trabalho de pegar um copo. Por
que ela fez isso? Está certo que fui um babaca ao invadir o banheiro daquela
maneira, não estava controlando meus atos, acho que ultimamente não tenho
controlado quase nada na minha vida. Mas eu sei que ela não me odiou por
isso, porra! Ela ia se entregar a mim! Naquela hora, naquele banheiro ela quis
ser minha! Então por que caralho não a tive? Por que não deixei essa
baboseira de sentimentalismo de lado e fiz o que teria feito se fosse qualquer
outra mulher ali?
— Vai, idiota, se importar com os sentimentos dela. Vai tomar cuidado se
ela pensa que ama outro, faz isso e se foda! — grito para mim mesmo e sinto
tanta raiva que arremesso a garrafa por menos da metade na parede.
Há um estrondo e vidro se estilhaça por todo lado.
— Seu babaca! Você é um idiota Colin Hanson, um otário! Você pegou ela
e a jogou nas mãos dele, na cama dele, babaca!
A raiva ainda me toma e jogo as almofadas do sofá, mas são leves demais
para aplacar minha ira, são inúteis.
— Eu devia ter quebrado a cara dele quando tive chance, e agora essa
merda está doendo mais do que uma surra, porque sou um idiota!
Nem vejo mais o que pego pela frente, apenas sinto a adrenalina de
arremessar algo e ouvi-lo quebrar, então preciso de algo maior, e depois
maior. E algo em meu peito parece apertado, não me sinto assim há anos, não
tenho tanto medo há anos e odeio ser tão pequeno e impotente. Odeio ser o
cara que a seduz, mas não o que ela escolhe, nunca o que ela escolhe. Odeio
ter ficado naquela merda de ringue procurando por ela enquanto ela estava
com ele!
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— Você me prometeu, Caitlin! — Arremesso uma jarra com água na porta


de entrada e no segundo seguinte ao estrondo, ela se abre e Caitlin aparece
alarmada.
Fica em choque ao ver o estado do apartamento, e mais ainda ao ver o
meu estado.
— Colin... — tenta aproximar-se de mim, mas não a quero perto de mim,
eu sinto raiva. A última vez em que me senti assim acabei na prisão. Quando
eu resolvi crescer e me mudar de lá, jurei a mim mesmo que nunca mais me
sentiria desse jeito.
Fecho meus olhos e tento me concentrar no som de sua voz angustiada, ela
parece cada vez mais perto.
— Ei, me dê isso. Me fala o que está acontecendo, estou aqui com você.
São aqueles fantasmas?
Quase sorrio, abro os olhos e a encaro ali, parecendo tão preocupada e
perdida! Querendo ser meu ponto de equilíbrio. Mas essa noite, Caitlin, a
culpa é toda sua! Olho a jarra de louça na minha mão, era a próxima a ser
arremessada. Ela continua falando, perguntando o que aconteceu e eu não
quero machucá-la, não vou fazer isso.
— Sai daqui Caitlin! — digo tentando controlar minha raiva.
— Não, não vou deixar você, eu sei que você não vai me machucar.
Olho para ela ali, tão perto de mim quando estou descontrolado desse
jeito. O quão idiota e inconsequente ela é?
— Você está com raiva de mim, Caitlin? Está com raiva pelo que fiz no
banheiro?
Ela parece surpresa, mas nega rapidamente com a cabeça.
— Você sabe que não. O que aconteceu para você ficar assim? Você
venceu hoje, se lembra? Todo mundo estava falando de como você derrotou
seu adversário tão rápido! O que houve depois?
— Você não apareceu na minha luta.
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Deposito a jarra sobre a bancada e me afasto de Caitlin, analisando o


estrago que causei na nossa sala. Ela fica lá alguns segundos, totalmente
parada, como que processando o que acabei de dizer.
— Você prometeu, Caitlin.
Ela finalmente vem até mim, me pega pela mão e senta-se comigo, de
frente para mim como se eu fosse uma criança descontrolada.
— Eu tentei. Algo deu errado no carro do Stephen, ficamos presos a
poucas quadras do clube, quando vi que não daria tempo, eu corri, mas quando
cheguei você já tinha descido do ringue e eu não te achava. Eu sinto muito,
Colin. Eu sei que as coisas estão tão estranhas quanto poderiam estar entre a
gente, mas eu nunca quebraria uma promessa a você. Você sabe disso.
Uma lágrima corre por seu rosto e ela a limpa imediatamente, mas não
passa despercebida por mim. Seguro sua mão de volta, sei que ela está sendo
sincera. Sei que ele fez isso de propósito.
— Eu juro para você que serei sua Sorte, em todas as lutas que você
quiser a partir de agora. Eu posso ser até sua ring girl se você me pedir.
— Você tropeçaria nos próprios pés e deixaria as placas caírem na sua
cabeça.
— Provavelmente, mas você me salvaria.
— Você tentou mesmo ir, não é?
— Eu fiz tudo o que pude, sinto muito não ter sido suficiente.
Solto sua mão e seguro seu rosto pequeno entre as minhas mãos, vejo seus
olhos molhados, a maneira como parece culpada, e o mais importante, ela não
me julga pelo ataque que tive. Não está com medo, não está me acusando, está
se desculpando comigo. Então olho bem em seus olhos porque quero ver sua
reação com o que vou dizer agora, quero ver aquela decepção que sempre é
direcionada a mim, ao menos uma vez, ser direcionada ao homem perfeito
dela.
— Você não vai mais ser minha Sorte nesse campeonato, Caitlin. Também
não vai cumprir essa promessa. Porque se você é a Sorte de um competidor no
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campeonato, não pode ser a Sorte de outro pelo resto dele. Essa é a regra.
Solto seu rosto e ela parece em choque, faz um gesto negativo com a
cabeça e se levanta, repete baixinho que não pode ser, olha para mim em busca
de um conforto, que eu diga que estou brincando, ou pelo menos que não vou
ficar chateado, mas eu vou. A cada luta que a vir com ele, a cada maldita luta
que estiver sozinho naquele ringue pensando que deveria estar beijando ela, eu
vou ficar com raiva!
— Pois é, ele fez de propósito! E você caiu! — digo levantando-me e
indo em direção ao meu quarto, só não quero mais ficar perto dela. — Eu
disse que a usaria para se vingar de mim.
— Ei, — ela corre e segura minha mão, parece tão sem chão quanto eu —
o que aconteceu? Por que você ficou tão mal?
Olho seus olhos claros marejados, a preocupação em seu lindo rosto e eu
poderia beijá-la e dizer que é por ela. E pedir a ajuda dela para entender
porque essa merda doeu tanto, mas não quero entender isso, eu apenas não
quero mais sentir isso. Então pela primeira vez em anos, escolho mentir para
minha melhor amiga.
— Foram os fantasmas.
Solto minha mão da sua e vou para meu quarto, tranco a porta para deixar
claro que não quero suas visitas noturnas de desculpas. Quero deixar claro
para mim mesmo que não preciso de mais nada dela.

— Bom dia, Leigh Ann, preciso que você ligue... — a doutora Katy para
de falar ao me ver sentado ali, uma ruga se forma em sua testa e deixa sua
recepcionista, fazendo um gesto para que eu entre em seu consultório.
— Sabe, Colin, eu atendo dois pacientes do governo por semana, e tenho
certeza que hoje é o dia do maníaco da navalha, então vou começar a cobrar
suas consultas.
— Não vai não, se eu parar de vir aqui a senhora não vai mais poder
beber em serviço.
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— Tudo bem, você me comprou. Devo começar a beber desde já? Porque
sua cara está mais assustadora que as navalhas do Conrad.
— Eu só preciso conversar. É uma coisa rápida, não é nada demais, mas
achei que a senhora precisava saber.
Ela se senta, não coloca seu jaleco, nem pega seu caderno e gravador
como geralmente faria, é uma mulher mais velha ouvindo um jovem perdido.
— O que houve?
— Eu tive um daqueles ataques ontem.
— Defina “um daqueles ataques”.
— De raiva.
Ela tenta esconder seu nervosismo, mas falha, eu percebo mesmo com ela
falando comigo tão calmamente em seguida.
— Achei que tivesse controlado isso com a luta.
— Não tem sido o suficiente.
Ela me encara e não diz nada. Fico esperando que me repreenda, que diga
que terá que suspender as sessões ou que me receite um calmante tarja preta,
mas ela apenas me observa. Esse silêncio me incomoda e começo a falar.
— Foi só uma vez, mas foi a mesma raiva que senti nas vezes em que me
meti em encrenca. E eu quase não consegui controlar dessa vez, eu quebrei um
monte de coisas.
— Ufa! — Ela faz um gesto exagerado com a mão, me interrompendo. —
Achei que você terminaria a frase com eu quebrei um monte de caras. Meu
Deus, Colin, não me assuste assim.
Sorrio, sentindo-me um pouco mais leve.
— Ninguém se machucou — garanto. — Além de mim.
— Eu quero que você pense bem na primeira coisa que vier à sua mente
quando eu te fizer essa pergunta, e me diga qual foi a primeira coisa. Sem
floreios e sem maquiar a resposta. Por que você ficou com raiva?
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— Porque ela não apareceu! Ela prometeu que seria minha Sorte,
prometeu que estaria lá, e depois foi a Sorte dele e agora será dele pelo resto
do campeonato.
— Sorte é aquele lance das ring girls com privilégio do seu clube de
luta?
— Não é bem isso, mas é isso.
— E imagino que quando diz ela, estamos falando da Caitlin?
Assinto.
— Ela já deixou de fazer coisas com você antes, por que exatamente isso
te irritou tanto?
— Porque pela primeira vez, doeu. Não venha me perguntar o que doeu
ou porque doeu, eu não sei. Não entendi e nem quero entender, só que doeu, foi
angustiante e apavorante e eu não sei lidar com a dor.
— Mas você é um lutador. Olha esse roxo na sua cara, você está sempre
sentindo dor.
— Não desse tipo. Prefiro levar uma surra do que sentir isso de novo. Há
anos eu não sentia essa dor.
— Essa dor pode ser medo?
— Pode ser qualquer coisa, não tentei entendê-la.
— E quando você voltou a si? Quando parou de quebrar as coisas?
— Quando a Caitlin apareceu.
— E aí a dor passou?
— Não, ela aumentou. Mas eu não queria feri-la. A raiva foi que passou
quando eu vi que não era culpa dela, mas a dor? Essa merda está escondida
aqui dentro e uma hora dessas vai aparecer de novo. Então a senhora pode me
mandar para a cadeia de novo. Ou pode me dar um desses seus remédios que
vai me deixar dopado, porque não sei o que quebrarei na próxima vez que essa
coisa aparecer.
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— Como você sabe que ela ainda está aí?


— Porque eu a sinto. Não está doendo agora, mas está aqui. Eu sei que
está só se preparando para foder com a minha cabeça de novo. Vamos, faça
seu trabalho e me dê um remédio.
Ela parece emocionada com meu sofrimento, segura minhas mãos com os
olhos brilhando e diz com um sorrio tão grande, que tenho uma leve vontade
de quebrar seus dentes.
— Ah, meu menino! Quando é que você vai abrir os olhos? Para certas
dores não existe remédio, Colin. Mas essa aí, escondida aí dentro, pode se
tornar a melhor coisa da sua vida se você souber como tratá-la.
— Como caralho uma dor pode ser algo bom?
— Não a dor, mas sua cura. Só que essa cura não vem com uma receita
prescrita numa tarja preta.
— Não me venha com esses papinhos de amor, não quero seu trabalho de
casamenteira, quero a merda da minha psicóloga!
— Não estou sendo nem uma das duas agora, meu bem. Estou falando a
você o que diria ao meu filho, se tivesse um. Isso não é uma consulta, é uma
conversa. E o que estou dizendo não é uma ordem, mas um conselho. Você está
começando agora, mas se ficar engatinhando por tempo demais, quando
aprender a andar será muito tarde. Pense menos, Colin, sinta mais.
Solto minhas mãos das suas e me levanto irritado.
— A sua sorte é que eu nunca, nunca mesmo, bateria em uma mulher.
Ela ri alto e se levanta também, ainda parecendo emocionada mesmo após
uma ameaça que ela poderia considerar um retrocesso meu.
— Eu realmente gostaria de vê-lo tentar.
Saio de sua sala na mesma em que entrei. Sendo ela casamenteira,
psicóloga ou mãe, a doutora Katy Mansfield não sabe o que está fazendo.

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BÔNUS CAITLIN
Nunca fui uma pessoa que faz barraco em público, eu sequer falo alto em
público, quando comecei a estudar, no primário, as professoras achavam que
eu era muda, de tão baixo que falava. Sempre fui tão calma e reservada, e é
mesmo difícil algo me irritar ao ponto de eu perder o controle, como acontece
no segundo que ponho meus pés para fora da faculdade, e avisto Stephen Ryan
encostado ao seu carro, me esperando.
Se fumaça pudesse sair da cabeça das pessoas quando elas estão com
raiva, a minha seria uma chaminé agora. Chego até ele tão rápido, que ele dá
um passo para trás ao invés de seu habitual abraço apertado.
— Boa noite? — pergunta ao invés de desejar.
— Como você foi capaz, Stephen?
A altura da minha voz o alarma, e ele pega minha mão praticamente me
enfiando dentro do carro. Depois dá a volta correndo e o tira dali.
— Não precisava ter feito isso, eu não ligo de gritar para você me escutar
por cima de todo barulho do mundo!
— Estou vendo, mas estamos sozinhos aqui e vou parar onde quase não
há barulho, não vai precisar gritar.
— Você não merece que eu fale baixo!
Ele para o carro em frente ao meu prédio, onde há menos barulho para
conversarmos. Permaneço dentro do carro, pois não sei se o Colin está em
casa e não quero que essa minha conversa com o Stephen termine em uma
briga entre os dois
— No que estava pensando? Eu não acredito que você me fez...
Abaixo a cabeça com raiva e respiro fundo, e ele tenta me acalmar, com
tapinhas desajeitados no ombro.

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— O que eu te fiz, Caitlin?


— Me fez perder a luta do Colin, não pude ser a Sorte dele e aí você me
fez ser a sua Sorte. E agora não posso mais ser a dele, eu tinha prometido,
Stephen.
Sua expressão é a de quem levou um belo tapa na cara.
— Sempre o Colin. Bom, se serve de consolo eu não fazia a mínima ideia
que a garota que está saindo comigo seria a Sorte dele!
— Não venha com essa para cima de mim. Você sabe que eu não queria
machucar ninguém, menos ainda você. Eu fui sincera com você, Stephen, eu te
disse que não podíamos mais fazer isso. Você até me mandou flores, agradeceu
pela sinceridade, achei que tivesse entendido. Que estivéssemos saindo como
amigos.
Ele se vira para mim, meio apertado no banco do carro por conta de seu
tamanho. Ele não é tão forte quanto o Colin, mas é bastante musculoso e alto.
De forma que fica desconfortável e espremido na posição em que está dentro
do carro.
— E estamos. A minha opinião a respeito disso não mudou, Caitlin. Em
uma noite você parecia estar se apaixonando por mim, e na noite seguinte,
você desmarcou um encontro, aí apareceu mais perdida do que já te vi com
esse papo de que não podia fazer isso comigo. E eu te entendi. Eu entendo que
você não possa mudar o que sente por ele, mas a minha posição não mudou.
— Isso não te dá o direito de me fazer perder a luta dele de propósito.
— E não fiz! Eu juro que não fazia ideia que você seria a Sorte dele,
achei que seria a minha. Achei que você não estivesse caindo no papo furado
dele à essa altura.
— Não se trata de nada disso, ele é meu melhor amigo e eu lhe fiz uma
promessa, que você me fez quebrar!
— Sinto muito.
— Você não sente, não.

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— Quer saber? Não sinto mesmo! Você deveria me agradecer por não ter
sido a ring girl dele, por não ter que ficar beijando-o a cada luta porque isso
te machuca!
Olho bem em seus olhos e sei que está mentindo, eu sinto isso.
— Eu achei que você fosse uma das melhores pessoas do mundo. Achei
mesmo que o Colin estivesse errado sobre você, que essa rixa idiota de vocês
não o deixava ver a verdadeira pessoa que você é, mas você jogou baixo,
Stephen. Você não tinha o direito de decidir isso por mim. Eu fui sincera com
você, eu disse que devíamos nos afastar e você prometeu que seríamos
amigos!
— Eu não prometi que concordava com isso! Tudo bem, eu fiz de
propósito, achei que se ele a visse a chamaria para ser a Sorte dele e você
então não poderia mais ser a minha. Não havia problema nenhum no carro.
— Bom, eu não vou mais ser a sua Sorte, Stephen. — Destravo a porta do
carro e a abro, mas digo antes de sair — e tomara que você perca.
Não desejo realmente que ele se dê mal no campeonato. Mas me pareceu
o certo a dizer após uma confissão de maldade dele. Entro no prédio e no
elevador, e ele aparece aqui dentro comigo.
— Não me siga, Stephen.
— Caitlin, será que você não percebe que a estou protegendo? Quando
você me disse que estava confusa, eu percebi o que não foi capaz de dizer em
voz alta, Caitlin. Você quis se afastar de mim porque está apaixonada por ele.
— Não estou. Já estive um dia, muitos dias, na verdade. Mas o conheci o
suficiente para acabar com isso. Eu quis me afastar de você porque fiquei
confusa com ele. E quis ser justa. Não acho certo começar um relacionamento
com você, quando uma noite boba na cidade com ele me faz ficar tão confusa.
Eu não o vejo apenas como um amigo, foi isso que quis te explicar.
Ele nega com a cabeça e segura meu rosto, olha em meus olhos, tentando
me convencer:
— Você o ama. Mesmo sabendo que ele nunca vai te dar isso de volta,
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mesmo sabendo que se ele descobrir sobre esse sentimento, vai se afastar de
você. E eu sei que você tenta não amar e tenta manter sua tão prezada amizade,
mas isso está te matando aos poucos. Então você se afasta de mim e na semana
seguinte está na cama dele. Pode ser bom no começo, mas como vai se sentir
quando ele aparecer com outra na noite seguinte? Você realmente serve para
ser mais uma dessas mulheres que ele leva para a cama, Caitlin? Porque eu
acho que você não é assim. E ele sabe disso, por isso ainda não tocou em
você, mas vê-la comigo o está levando ao limite.
Penso sobre a reação de Colin ao fato de eu não ter chegado a tempo da
sua luta. Ele ficou tão chateado, que se lembrou do passado, deixou que os
fantasmas entrassem. Então penso sobre sua reação a tudo que envolve o
Stephen, o ataque no orfanato quando eu disse que estava apaixonada. O que
ele fez no banheiro..., mas, quando eu cedi, ele se afastou. Talvez Stephen
esteja certo, eu sei que ele está.
— Caitlin ele vai enlouquecer você até levá-la para a cama, mas e
depois? Como você vai ficar depois? Vai perder seu tempo, seu coração e seu
tão querido amigo.
— Isso não te dá o direito de armar para mim, Stephen. As coisas entre
mim e o Colin e o que quer que eu sinta por ele, têm que ser resolvidas por
mim, não por você.
— Só que eu estou apaixonado por você, nunca te escondi isso e sinto
muito, mas não posso vê-la caminhar em direção a um precipício e deixar que
você salte de olhos fechados sem fazer todo o possível primeiro para impedir.
Eu sei que não joguei limpo, eu realmente sinto muito por ter me rebaixado ao
nível dele com você, eu peço desculpas a ele se você quiser, mas eu preciso
protegê-la. Caitlin, eu não me importo de passar um tempo com você como
amigos. Eu te disse aquela noite e repito, eu me apaixonei de verdade por
você. E se você me deixar provar que posso te fazer esquecê-lo, eu vou fazer
isso, Caitlin. Você não tem que me prometer nada, não precisa nem ao menos
se esforçar, só me deixa tentar.
Descemos do elevador e o impeço de entrar no apartamento. Apenas para
evitar o confronto entre ele e Colin. Ele entende meu gesto e se despede
beijando minhas mãos. Dá um passo em direção ao elevador, mas para e me
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olha, um sorriso em seu rosto, como se não tivéssemos acabado de ter mais
uma discussão difícil. Às vezes eu o admiro tanto, que me pergunto se não
estou jogando fora o cara certo para mim por um sentimento tão louco como o
que tenho pelo cara errado.
— Eu vou convencê-la, Caitlin. Você será minha.
Então entra no elevador e vai embora, e eu fico me perguntando em que
momento a minha vida se tornou uma série adolescente dramática onde eu fico
na dúvida entre o cara perfeito e o cara impossível. Claro que se fosse uma
série, o impossível também estaria apaixonado por mim. E claro que se fosse
esse o caso, não teria drama algum porque eu ficaria com ele.
Enquanto entro no apartamento, não sei se prefiro que o Colin esteja no
modo com raiva, ou no modo tentando me seduzir. Não sei com qual dos dois é
mais difícil lidar. Porque no final das contas eu convivo com ele há tempo
suficiente para saber que preciso tomar todo cuidado do mundo para não
ceder. Pelo menos não enquanto eu sentir qualquer coisa diferente por ele.
Porque depois que me tiver, ele vai me destroçar.
Mas, fico contente com uma nova meta de vida: não amar mais o Colin,
para poder finalmente ficar com ele.
Eu deveria procurar a psicóloga dele, há algo errado com meu cérebro.

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CAPÍTULO ONZE
— Eu vou convencê-la, Caitlin. Você será minha.
Ouço o imbecil falar para ela quando está se despedindo. Isso significa
duas coisas, uma: ela ainda não perdeu a virgindade com ele. E duas: ainda
tenho tempo de impedir.
Ela se assusta ao dar de cara comigo perto da porta, leva a mão ao
coração e sorri para mim. Então tenta defendê-lo, mas o faz sem convicção:
— Ele não sabia que eu seria a sua Sorte.
— É, ele preferiu não correr o risco — respondo e vou para a cozinha.
— Você ainda está bravo comigo?
Nem me dou ao trabalho de responder. Culpada ou não por não ter sido a
minha Sorte, eu tentei alertá-la sobre ele e ela não quis me ouvir.
— Você já se convenceu de que ele não serve para você?
— Colin, você só faz o que sabe que é o certo a se fazer?
Olho para seu rosto risonho e contenho a vontade de rir também.
— Você está querendo me zombar? — pergunto para entrar em seu jogo,
sei bem onde ela quis chegar.
— Pois é, não me julgue.
— Recado recebido, senhorita Ross. E ignorado.
Ela deixa as coisas sobre a bancada e dá a volta, aproximando-se de
mim. Para ao meu lado e me estende os braços.
— Vamos fazer as pazes? — pede.
— Está me oferecendo seu corpo como pedido de desculpas? Caitlin,
você é a melhor amiga do mundo.
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Largo o pimentão e a abraço, levantando-a com facilidade, rodopio com


ela que ri como uma menina e aquela coisa escondida no meu peito, esperando
para dar as caras, parece diminuir um pouco.
— Na verdade, só te ofereci um abraço — ela diz, e a coloco no chão
imediatamente.
A dor esperando para foder com a minha cabeça diminuiu um pouco. Só
porque abracei a Caitlin e a ouvi sorrir.
— Merda! Merda! Merda!
Vou para o meu quarto como um imenso bundão e a deixo ali sem
explicação. Eu teria que mentir de novo e isso não vai se tornar um costume.
Melhor não falar nada do que não falar a verdade. E nesse momento estou
considerando sacudir a doutora casamenteira até que ela desfaça a maldita
praga que rogou em mim. Ligo para ela que me atende no terceiro toque. Nem
dou tempo de ela me dizer nada, já a ameaço:
— Não é a dor, é a cura — imito sua vozinha fina de mulherzinha. —
Papinho furado de merda, desfaça essa porra agora mesmo!
Ela fica em completo silêncio e acho que não me ouviu, ou está chamando
a polícia. Mas então ela ri, dá gargalhadas e me diz que ganhou sua noite antes
de desligar o telefone na minha cara.

Durante esses dias tenho evitado muito contato com a Caitlin. Ela entrou
em semana de prova e isso facilitou para que não nos víssemos tanto, mas nos
momentos em que estamos juntos em casa, a trato com educação e me afasto.
Vejo que isso a machuca, mas até que essa dor escondida aqui suma
totalmente, terei que afastá-la. Preciso ser eu mesmo a sumir com essa coisa,
não ela. Sei que durante essa semana ele não vai convencê-la a fazer nada,
pois ela fica pilhada e entra no modo Caitlin zumbi quando é semana de
provas. E as bolas negras em volta de seus olhos deixam isso bem claro. Acho
que prefiro impedi-la de perder a virgindade com o babaca do Ryan sem que
ela acabe na cama comigo no percurso.
Abro a porta do meu quarto para me preparar para minha segunda luta no
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campeonato e a vejo na cozinha, com fones no ouvido e tomando sorvete


direto do pote. Este é seu ritual para quando as provas acabam, e como hoje é
sexta, foi seu último dia de martírio. Ela sempre fez isso, mas eu nunca tinha
reparado em como ela fecha os olhos e geme enquanto enfia a colher na boca,
e a imagino fazendo isso no meu pau, enquanto o enfio bem devagar na boca
carnuda dela, meu pau logo dá sinal de vida e aproximo-me dela devagar. Paro
atrás dela e respiro o cheiro de seu cabelo, ela geme mais uma vez e encosto
meu corpo ao dela. Ela se assusta, mas está cercada por meus braços enquanto
tiro a colher de sua mão, mergulho no pote de sorvete e a levo até minha boca,
minha cabeça pouco acima de seu ombro. Um pouco do sorvete cai em seu
ombro no percurso e o lambo imediatamente.
— Hum, chocolate — comento como se não fosse nada demais tê-la
lambido e levo a colher à boca ao mesmo tempo em que me recosto mais nela,
deixando que ela sinta minha ereção pressionada em suas costas, logo acima
de sua bunda.
Ela se mexe desconfortável e se vira nos meus braços, ficando de frente
para mim. Seus olhos de gata estão assustados e ela está vermelha como um
tomate.
— Você acabou de me lamber — diz num fiapo de voz.
Sorrio como se fosse uma coisa qualquer.
— Caiu sorvete no seu ombro. Imagina se você estivesse de frente para
mim, como está agora? Teria caído no seu seio, e eu começaria a lambê-la daí.
Viro a colher vagarosamente para deixar que caia sorvete em seu seio,
mas ela empurra meu braço e corre para seu quarto. E eu fico aqui, sentindo
falta do calor do corpo dela, imaginando por que caralho não joguei o sorvete
em seu seio e o lambi ao invés de falar isso para ela.
— Caitlin, Caitlin. Não é proposital, você apenas tem que ser minha. Eu
juro que tento, pequena, eu queria te deixar em paz, mas o destino não
colabora. Ele quer me ver de qualquer jeito dentro de você. O que eu posso
fazer? — falo baixinho esperando que ela tenha ouvido pelo menos um pouco
do que disse.

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Eu sei, sou um fracote quando se trata dela, decido e sei que é melhor não
fazermos isso, pelo bem da nossa amizade, mas há algo em meu corpo, na
minha cabeça e até mesmo no ar à nossa volta que não me deixa ser um cara
bom. Então terei que enfiar essa dorzinha escondida o mais fundo possível,
porque eu vou ser o primeiro dessa mulher. Se tenho que ser um cara mau para
isso, então serei. Estranhamente, me sinto um pouco mais feliz ao aceitar isso.
Essa coisa de manter as mãos longe dela estava me pesando a alma.
Guardo o sorvete na geladeira mais leve e disposto, ciente que mesmo
não a tendo em cima do rinque comigo essa noite, eu vou vencer.

Chego ao clube pouco antes do horário da luta, mas tenho dado tão duro
nos treinos durante a semana, que decidi deixar a tarde de hoje livre para
descanso. Porém, me sinto mais ativo do que nunca. O clube já está enchendo,
e os caras estão reunidos nos fundos, fazendo as apostas. Stephen lutou ontem
e venceu, vou usar isso como um incentivo para que eu vença também, e não
vou pensar no fato de que deve ter dado o maior beijão na Caitlin após sua
vitória de merda.
Não cumprimento os caras enquanto troco de roupa, acho que eles nem
veem que cheguei, fechados em sua rodinha de aposta. Enquanto me visto,
escuto o teor da conversa da noite. Quero saber se estão apostando em mim,
mas claro que estão. É incomum que façamos apostas no vestiário ao invés de
lá fora, mas às vezes, fazemos essas apostas internas, fora das que fazemos
com a plateia.
— Eu aposto no Colin — um deles diz e sorrio, como eu disse, apostando
em mim.
— Fala sério, cara, lógico que vai ser o Stephen, estão juntos há semanas!
Stephen? Mas ele não luta hoje, e não luta comigo.
— Mas ela deu um bolo nele ontem, você não viu? Ele ficou lá
procurando por ela e ela não apareceu. Não quis vir nem para assistir a luta.
— Mas ela também não viu a luta do Colin, então para mim ainda vai
perder a virgindade com o Stephen.
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— De que merda vocês estão falando? — Me intrometo já puto com a


merda de aposta que estão fazendo. Mesmo assim pergunto, porque quero ter
plena certeza antes de quebrar a cara de todos eles aqui dentro.
Eles estão assustados e tentam desconversar, mas já parto para cima,
sendo segurado por Thor e Luke, que nem vi de onde saíram.
— Seus malditos! Eu disse para não falarem mais o nome dela! Que
merda de aposta é essa? Não toquem no nome dela!
Sinto tanta raiva que continuo gritando enquanto sou levado dali. Está na
hora da luta, e toda minha concentração se foi, eu só sinto raiva.
— Acalme-se filho, ponha a cabeça no lugar! Vença esse campeonato e
pode quebrar a cara de cada um deles depois, mas agora, concentre-se! —
Thor tenta enquanto me leva para perto do ringue, onde o locutor já está se
preparando para iniciar a noite.
Mas não consigo me acalmar. A culpa disso é minha, maldita hora em que
a trouxe a essa merda de clube, nunca deveria ter feito isso. Encaro Luke que
está vermelho e se segurando e acuso:
— A culpa disso é sua! Que ideia de merda foi aquela de trazê-la para
cá?
— A culpa é nossa, seu bosta! Mas eu vou dar um jeito nisso!
— Luke, dê um passo para dentro daquele vestiário e será demitido! —
Thor alerta. — Vocês não vão brigar no meu clube essa noite. Há outros clubes
e um campeonato acontecendo aqui. Vocês são homens feitos então ajam como
tal! Resolvam essa criancice depois! Eu vou advertir os lutadores que fizeram
essa aposta, eles perderão suas porcentagens nas próximas lutas. Não façam
mais nada por ora.
Me preparo para responder, mas então a vejo. Caitlin. Ela parece perdida
e deslocada sozinha ali, procurando entre a multidão. Até que seu olhar
encontra o meu, ela sorri para mim e procura um lugar para se sentar. Mesmo
não sendo minha Sorte, ela veio assistir minha luta. Senta-se e estende um
cartaz que fez, onde está escrito com sua caligrafia perfeita: Team Colin.

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— Cara, ela está aqui! Sem o Ryan — Luke diz.


— Vá, fique ao lado dela, não deixe que nenhum daqueles idiotas diga
qualquer besteira a ela.
Luke assente e corre para sentar-se ao seu lado e Thor ainda me olha,
com sua melhor expressão de homem experiente.
— Você acha que há o menor risco de eles mexerem com ela? Ela é a
garota dos meus dois lutadores mais mortais, acredite, se alguém aqui dentro
está protegida, é Caitlin Ross.
— Ela não é... — Tento defendê-la, mas sou chamado ao ringue e preciso
me concentrar. Tenho que vencer essa luta. Para poder ganhar essa merda de
campeonato e quebrar a cara de todos aqueles babacas do vestiário, e claro,
para impressionar minha mais linda expectadora.
Caitlin, você pode não ser minha Sorte nesse ringue essa noite, mas a
minha vitória e todas as outras depois dela serão para você.

A luta foi páreo duro, o adversário da noite era bem mais difícil do que o
anterior. Apanhei mais do que planejava para impressionar minha
expectadora, mas no final, deu tudo certo e eu venci. Fiz questão de manter
meus olhos fixos nela enquanto o juiz levantou meu braço, e ela sorriu em
resposta, entendendo o recado. Em compensação, a cara de Luke não foi das
melhores, acho que ele também entendeu o recado. Preciso muito ter uma
conversa com meu amigo.
Desço do ringue recebendo os cumprimentos de alguns lutadores e de
Thor, que está mais feliz do que o vi o dia todo.
— Este era um dos mais preocupantes lutadores, Hanson. Você acabou
com ele!
A plateia grita meu novo nome “exterminador”, e vejo o dinheiro rolando
solto, quem apostou em mim, vai voltar para casa de bolsos cheios. Procuro
então minha menina e ela está em uma conversa com Luke, a cara de socorro
de sempre, enquanto ele segura sua mão. Vou em sua direção, quando esbarro
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em Serena. A irmã do meu maior inimigo está com algumas ring girls, então
me dou conta de que raramente a vejo com algum lutador ou qualquer homem
daqui. Aliás, não a vejo com ninguém do sexo masculino desde que...
— Serena — grito por cima da multidão.
— Colin, parabéns!
Pego sua mão e a levo até um lugar menos barulhento, de onde ainda
posso ver Caitlin, que procura por mim. Só quero ser o cara que ela acredita
que eu seja.
— Eu quero me desculpar com você, por tudo o que te fiz. Eu fui um
canalha e extremamente idiota e agradeço por você não me odiar. Eu não tinha
a intenção de ferir você, e realmente sinto muito.
Ela fica tão surpresa que demora um pouco a sorrir e dizer que está tudo
bem.
— Colin, eu nunca pensei que você seria...
Deixo de ouvi-la no segundo em que olho novamente para Caitlin e ela
está de pé, de mãos dadas com Stephen. Despede-se de Luke enquanto varre
mais uma vez o local com os olhos, provavelmente procurando por mim, me
vê num canto com a Serena e vira-se rápido o bastante para que eu não veja a
decepção em seus olhos. Merda! Isso é que dar tentar bancar o bonzinho.
Quero ir atrás dela, mas não o faço. Não posso dar ainda mais motivos
para que ela seja o alvo das apostas idiotas desse lugar. Não posso alimentar
ainda mais essa história de rivalidade fora dos ringues ou luta pela virgindade
dela. Ok que isso realmente existe, mas eles não precisam de uma
confirmação. Desanimado, olho para Serena olhando de mim, para o local
onde Caitlin estava e uma compreensão toma seu rosto.
— Você sabe que está apaixonado por ela, não sabe?
— Ei, Serena, quer ser a minha Sorte no campeonato? Seria a Caitlin,
mas você também é minha amiga, não é? Acho que vai me ajudar a vencer.
Seus olhos brilham e especifico meu convite antes que más interpretações
acabem em confusões desnecessárias.
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— Como amigos, claro. Sem benefícios. Apenas amigos.


— Eu entendi, Colin. Mesmo porque você ama a namorada do meu irmão,
o que nem vou comentar o quão fodido você está. A vida é mesmo
imprevisível. Mas sim, aceito ser a sua Sorte, podemos ser amigos, eu gosto
de você. Ficarei muito feliz em ajudá-lo a vencer. E meu irmão vai ficar doido
com a gente.
— Que bom! Preciso ir!
Despeço-me dela quando uma ideia começa a surgir em minha mente. Eu,
mais uma vez, excitando a Caitlin antes de ela ir passar a noite com o imbecil.
Preciso melhorar meus métodos de sedução se quiser colher os frutos da
minha plantação. Essa coisa de deixá-la molhada, para depois ela sair com ele
ainda vai acabar com a pouca sanidade que me resta.
Avisto Luke na saída, e eu deveria ir falar com ele, dizer que as coisas
mudaram. Não que eu esteja apaixonado pela Caitlin, não, isso é outra coisa.
Mas é uma outra coisa maior do que eu disse a ele que realmente era. Então,
preciso corrigir. Procuro por eles e encontro Stephen se despedindo de seus
amigos babacas, em seguida, abre a porta do carro para Caitlin.
Ridículo! Fingindo ser o cavalheiro.
— Caitlin, meu bem, prefira caras que saibam abrir suas pernas, não
portas.
Espero eles saírem com o carro, e mantendo o máximo de distância
possível para que não me vejam, eu os sigo. Só quero ver se irão a um motel,
nada demais. Ele a leva a um pub, um badalado que eu sempre quis conhecer,
mas não o fiz por falta de coragem de trair meu pub de sempre. Eu já posso ir
embora tranquilo e calmo ciente de que não foram a um motel, mas a Caitlin
me viu com a Serena naquele canto, deve estar pensando um monte de
baboseiras e está indo beber. Quando bebeu a primeira vez, dançou em uma
mesa de bar, o que poderá fazer com ele juntando bebida + calcinha molhada +
raiva de mim?
Estaciono a moto escondida por uma árvore e desço. Fico no vidro, do
lado de fora, observando-os conversar. Ela não parece muito animada com a

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conversa e ele faz carinhos demais no rosto dela. Por isso ele não pega
mulheres no clube, lento demais. Mulheres não querem viver de carinhos,
querem viver de orgasmos. No canto em que estão, se fosse eu com ela, meus
dedos acariciariam sua boceta, não seu rosto. Se ele não fosse tão babaca eu
poderia dar umas aulas para ele de como tratar uma mulher.
Um casal senta-se na mesa ao lado da deles cobrindo minha visão. Vejo a
mão dele descer de seu rosto e quase desfaleço por um segundo, porque no
outro, entro no pub, tentando me esconder atrás do garçom e sento em uma
mesa no segundo andar, que me permite vê-los. Tomara que eles não olhem
para cima. Ele fala sem parar e ela faz sua perfeita cara de paisagem. Será que
ele não a conhece o suficiente para saber que a está entediando? Ela mexe na
pulseira em seu pulso várias vezes seguidas, sinal claro de que quer ir
embora, ele sai tanto com ela e ainda não percebeu isso? Caitlin é como um
livro aberto e ele é tão babaca que não consegue lê-lo.
— Estou salvando você, meu bem — digo baixinho.
— Falando sozinho? — Uma mulher na casa dos quarenta anos, usando
uma blusa bem decotada e um short curto demais por cima de uma meia calça
suspeita senta-se à mesa comigo.
— Não. Estou aqui apenas como espião.
— Trabalha para o governo? — pergunta esperançosa.
— Ah não, não mesmo! Neste caso em particular, é um trabalho em
benefício do meu pau. Está vendo aquele casal ali? — Aponto os dois e ela
observa por um momento antes de constatar.
— O homem lindo e a garota entediada?
— Desnecessário colocar adjetivos nele, mas sim, ela está entediada. Ela
é minha melhor amiga e quer perder a virgindade com esse babaca, dá para
acreditar?
— Na verdade, dá. Ele é maravilhoso!
Mulheres. Por que tão focadas em aparências?
— Ele é ruim de cama — afirmo para acabar com seu fascínio por ele.
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O garçom entrega minha cerveja e ela pede algo, voltando a falar comigo
em seguida:
— Como você pode saber disso?
— Olhe a quanto tempo ele está acariciando a mão dela. Antes disso,
ficou a vida no rosto.
Ela parece desanimada e seu olhar se foca totalmente em mim, avaliando-
me dos pés à cabeça.
— É verdade, bem lento da parte dele. Já você, parece esperto demais —
levanta seu decote tentando me impressionar e teria dado certo, se não fosse o
casal lá embaixo e minha missão da noite.
— Querida, você não faz ideia do quanto.
— Quer ir para um lugar onde possa se concentrar em uma mulher que
não seja uma menina entediada?
— Agradeço, mas a garota entediada ali, é a próxima mulher que vou
levar a algum lugar.
— É uma pena! Mas só para que você saiba, você está ridículo sentado aí
espionando de longe a menina. Fala que ele é lento, mas há quanto tempo está
aqui ao invés de ir lá e pegá-la para você?
— É por isso que não gosto de mulheres mais velhas.
Eles se levantam e mais do que depressa levanto-me também.
— Ei, pague a cerveja por favor, obrigado e boa sorte — digo já saindo
correndo escada abaixo.
Pego a moto, que por algum motivo deixei longe demais da entrada e até
que consiga ligá-la, eles já sumiram. Dou uma volta pelas proximidades, mas
não os vejo mais. Bom, de qualquer forma, eles não iriam a um motel, ele
acabou com todo meu trabalho de mais cedo molhando a calcinha dela,
entediando-a.
— Valeu, Stephen. Está aí uma frase que nunca pensei que iria dizer.

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Volto para o apartamento, mas assim que desço do elevador escuto a voz
da Caitlin. Mais uma vez, por algum motivo, ela não o deixou entrar. Acho que
isso tem a ver comigo e o quanto fiquei mal por ele ter sabotado minha
operação Sorte. Escondo-me atrás de um vaso de plantas, ele não esconde
quase nada, mas Caitlin e Stephen não podem me ver de onde estão, porque
estou pouco antes da virada no corredor que dá na nossa porta.
— Caitlin, você pensou no que te pedi? Princesa, eu sou louco por você,
se me der essa chance, se for a minha namorada, prometo que vou fazê-la feliz.
Eu nunca quebro uma promessa, Caitlin. E nunca perco uma luta. Eu juro que
você vai ser feliz comigo, só preciso que diga sim.
Há o silêncio como resposta e temo não estar escutando a voz baixa dela,
inclino a cabeça um pouco e uma mão toca meu ombro, quase me fazendo
mijar nas calças.
— Colin, que bela noite para se espionar, não é mesmo?
— Lorna. Você não poderia ser mais inoportuna.
Ela abre um sorriso enorme e me aperta em seus braços.
— Olha sua cara, filho, você parece uma colcha remendada, vamos tratar
isso.
Pega minha mão e vira o corredor, ficando à vista de Caitlin, que abraça a
mãe parecendo aliviada.
O que será que ela respondeu?
— Colin, não te esperava aqui tão cedo — diz olhando-me rapidamente.
— E onde mais eu estaria?
Ela me lança aquele olhar de “queria te matar só um pouquinho” e
apresenta seu namoradinho para a mãe.
— Mãe, este é o Stephen, Stephen, esta é Lorna, minha mãe.
Ele beija a mão de Lorna e puxa seu saco elogiando sua beleza e maneira
de se vestir. Lorna é uma mulher linda, mas se veste horrendamente.

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— Lorna, já viu que ele é mentiroso, não viu? Sua roupa está estranha —
digo para provocá-lo e ela começa a rir, pega a mão dele e entra no
apartamento.
Caitlin a segue, mas seguro seu braço, puxando-a para mim.
— Como foi o beijo? — pergunto olhando em seus olhos.
— Que beijo?
— Que ele deu em você. Passou no teste? Fez você se sentir como eu fiz?
Ela cora e tenta se livrar do meu aperto.
— Colin, eu não acredito que você...
— Você nem deu um beijo nele, não é? Está com medo porque sabe que
nunca será a mesma coisa. Mas sabe, você deveria testar, deveria beijá-lo, e
comparar. A porta do meu quarto estará aberta quando você voltar correndo
para casa, e meu rosto estará limpo desses machucados, pra eu poder beijar
você. Do jeito que você gosta.
Solto seu braço e entro em casa, vamos ver como o Stephen se sai ao
conhecer a irreverente sogrinha dele.

— Filha, você demorou a eternidade para achar alguém, mas valeu a


pena! — Lorna avalia Stephen, passeando a mão por seus músculos e dando
uma apertada em seu traseiro, o que o deixa claramente desconfortável.
— Mamãe, por favor. Não vá traumatizá-lo.
— Ah, uns apertos ele aguenta. Não é, querido?
Ela anda até Caitlin e segura suas mãos.
— Querida, eu aprovo o seu namorado. Ele é lindo e fofo. E claro, ele
sabe que você não é uma menina. Você não fica cheio de dedos com ela, não
é? Sabe que ela precisa transar.
— Mãe! — Caitlin repreende corando como um tomate.

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— Estou tentando, senhora Ross, estou tentando — ele diz e Lorna pisca
para mim.
Essa velha trapaceira! Insinuando que eu vejo Caitlin como uma menina.
Ela fica tanto tempo elogiando Stephen e circulando em volta dele, que isso
me incomoda. Ela realmente gostou muito dele, ainda mais quando ele começa
a contar sobre seus planos na empresa de seu pai. Ao contrário de mim, ele é
alguém, tem uma família, uma casa, carro e um futuro. Tem muito mais a
oferecer a Caitlin do que eu. Encaro minha menina sentada ao lado dele, ela
sorri das gracinhas da mãe, mas eu a conheço o suficiente para saber que está
cansada e só quer que isso acabe logo para ela ir dormir.
Como ele pode nem perceber isso? Ele pode ter tudo para dar a ela, pode
dar a casa perfeita, a vida perfeita, o cachorro perfeito. Mas ele nunca a fará
feliz como eu poderia fazer. Ele nunca vai conhecê-la e entendê-la como eu.
Levanto-me confuso e cansado demais de repente e toco no ombro de
Lorna, meus olhos fixos em Caitlin.
— Acho que nossa menina está cansada, Lorna. Ela estudou duro a
semana toda, está tarde, ela precisa dormir.
Caitlin sorri para mim em agradecimento e Stephen finalmente se toca que
deve ir. Ele se despede de Lorna como o puxa saco babaca que é e passa
direto por mim. Caitlin vai levá-lo até a porta.
— Muito bonito, sua velha assanhada! Aprova o namoradinho dela? Que
palhaçada, sua traíra!
Ela abre um sorriso enorme e passeia a mão por meu peitoral.
— Ah querido, você é mais gostoso do que ele! Você sabe, você só é
meio cego. Apesar que, você os estava espionando e agora está com ciúmes.
— Isso não é ciúmes. É outra coisa.
— Ainda cego, Colin, meu bem. — Ela pega sua bolsa e segura minha
mão em seguida, com seus olhos de mulher sábia, o que sabemos que ela não
é. — A garota dorme na porta de frente para a sua, você precisa ser muito
idiota para perdê-la para ele.
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Então, ela solta minha mão e aperta meu saco, de leve, mas é o bastante
para me assustar e me fazer dar um pulo para trás constrangido.
— Você é maior do que ele. Use isso que tem no meio das calças.
— A senhora apalpou o pau dele?
— Ah, ela apalpou — Caitlin responde voltando a sala. — Mãe, guarde
essa bolsa, precisamos conversar.
— Bom, eu vou tomar um banho — digo afastando-me para deixá-las no
momento delas.
Quando saio do banheiro, Lorna já se foi e Caitlin está indo dormir
também. Dou boa noite a ela, que responde com um sorriso, e a recordo da
minha oferta.
— A porta do quarto está aberta.
Ela cora levemente e me retiro ao meu quarto, esperançoso que ela
apareça. Afinal de contas, ficou horas com ele entediada e sem dar sequer um
beijo. Quando saí com ela em nosso encontro, eu queria beijá-la o tempo
inteiro, com ele não pode ser diferente. Mas ela não quis beijá-lo, e estava
entediada, o que claro, é um ponto a meu favor.
Merda! Eu realmente os segui como um adolescente maluco apaixonado
quando disse a mim mesmo que jamais faria isso?
— Amarrem minhas bolas, eu sou um desesperado!

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CAPÍTULO DOZE
Os dias passaram sem maiores novidades e minha terceira luta é hoje.
Logo após a do imbecil Ryan. O que quer dizer que terei que vê-la no ringue
ao lado dele, quando deveria estar comigo. Tenho feito de tudo para que ela
perceba que deseja a mim e não a ele. Eu ando seminu pela casa, toco nela
mais do que o normal e nossas conversas estão sempre cobertas de segundas
intenções da minha parte. Tirando agarrá-la e fazê-la gozar com minha mão,
não sei mais como fazê-la entender que seu prazer pertence a mim. Estou
ficando sem ideias.
Avisto Luke logo quando chego, conversamos sobre várias coisas, menos
sobre o que eu deveria realmente falar com ele. Não sei se meu amigo vai
entender e não quero correr o risco de perdê-lo. A vida podia colaborar
comigo só um pouquinho e fazê-lo se interessar de maneira especial por outra
mulher, para perceber que não ama a Caitlin como acha que ama, ele apenas a
deseja. Coisa que poderia acontecer com qualquer homem que olha para ela.
Mais uma vez, fico esperando uma mãozinha da vida e deixo essa
conversa para depois, pois Stephen vai começar a lutar. O locutor anuncia os
lutadores da noite, dando início ao barulho ensurdecedor da plateia.
— Boa noite, senhoras e senhores. Nessa noite o chão desse clube vai
tremer. A competição está ficando menor e consequentemente, apenas os
melhores estão sobrevivendo. Quem vai cair hoje? Quem ficará mais perto do
cinturão de campeão? Só posso garantir uma coisa, o clube Luck vai guardar
esse troféu este ano.
Uma parte da plateia aplaude e outra vaia, e ele continua:
— Sem mais delongas, vamos a primeira luta da noite. Tirem a mão dos
bolsos, porque a briga é boa. Ele, o maior campeão de Nova York, o mestre
do Luck, com vocês, o invencível Stephen Ryan.
A plateia grita e o dinheiro rola solto quando o imbecil sobe ao ringue,
meus olhos estão correndo toda a plateia em busca dela, mas não a vejo em
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lugar nenhum.
— Ele escapou de uma prisão no Alabama para estar aqui essa noite,
senhoras e senhores. Mortal, preciso, indestrutível! Ele é Jeff Dowson, o
martelador.
Mais gritos e o dinheiro continua rolando de mão em mão em apostas. Os
tesoureiros mal dão conta de colher tudo. O locutor convida as Sortes a
subirem no ringue, e uma garota sobe por Jeff, ela está grávida e beija-o na
boca, deve ser a esposa dele. Stephen olha para um ponto na plateia fixamente,
e percebo que está olhando Caitlin, ela está aqui, na plateia, não no ringue com
ele. Ele suplica a ela com os olhos que suba no ringue, mas ela não o faz, e ele
diz ao locutor que não tem uma Sorte. Sei que isso vai gerar mais apostas
idiotas e ainda mais conversas com o nome dela, mas sinto-me absurdamente
feliz por ela se recusar a subir lá.
A plateia está cheia e claro que não há lugar ao lado dela, mas preciso
saber porque ela não quis ser a Sorte dele. Ando pela multidão, me
esquivando de mãos mais assanhadas e paro de frente para o cara sentado ao
seu lado.
— E aí, cara? Vaza!
Ele sai rapidamente e recebo um olhar de reprimenda de Caitlin, mas não
me importo, sento-me ao lado dela com o maior sorriso do mundo na cara.
— Por que está sorrindo assim? Colin, você feliz desse jeito me assusta
— grita.
— Minha melhor amiga não é a Sorte do meu inimigo, não posso
comemorar?
Ela parece desconfiada, mas por fim dá de ombros e presta atenção na
luta de Stephen. E eu fico como um cachorrinho pedindo atenção ao seu dono,
grito por sobre o som da plateia, a toco, tento manter uma conversa na medida
do possível, mas seus olhos não se fixam em mim por mais de três segundos e
voltam para a merda do ringue, para ele.
Essa deve ter sido a luta mais difícil do campeonato até agora, o
martelador além de força tem muita técnica e Stephen apanhou bastante antes
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de vencê-lo, coisa que raramente acontece. Ele pega o lenço da sorte e Caitlin
vira-se para mim imediatamente, deixando claro para ele que não irá subir
naquele ringue.
— Ufa! Achei que essa coisa de sorte funcionasse e fiquei com medo dele
perder a luta porque eu não subi lá — comenta aliviada.
— Funciona. Mas a vida é extremamente generosa com esse babaca, ele
sempre vence. Além do que, depois do que fez ele merecia perder. Agora que
está me vendo aqui, por que não subiu lá com seu namoradinho?
— Era para eu ter sido a sua Sorte e não fui por causa dele, só não achei
justo ser a dele, sabe?
Sinto um orgulho enorme dessa minha menina e do carinho e amor que ela
sempre tem por mim. Ela não vai mais ser a Sorte desse babaca o campeonato
todo por minha causa. Isso me deixa quase tão feliz quanto se ela fosse a
minha Sorte no campeonato. Se eu puder beijá-la mais vezes, então me sentirei
tão feliz quanto.
Despeço-me dela para a minha luta. Em poucos minutos meu nome será
chamado, mas estou confiante e calmo, esta noite minha técnica vai vencer a
luta.
Bebo uma água e na saída do vestiário, encontro Stephen, também saindo.
— Então, parece que você ficou sem sorte para o campeonato não é
mesmo? — provoco.
— Não pense que você venceu essa, Hanson. Ela pode não ter subido ao
ringue comigo hoje, mas está indo embora comigo agora. Quem ganhou?
— Eu já disse que ela não é um objeto para que você fique disputando e
exibindo! Uma hora ela vai perceber o grande babaca que você é.
Ele dá um passo em minha direção, mas se controla. E eu torço que ele
me acerte, foco meu olhar nele, incitando-o a me atingir, só preciso de um
toque para que ele seja desclassificado.
— Sabe qual é o seu problema, Hanson? Você nunca a olhou como uma
irmã! Você a teve nas suas mãos a vida toda, e achou que poderia curtir a vida
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e depois ela estaria ali quando você resolvesse sossegar. Só que não é assim
que as coisas funcionam. Você teve sua chance com ela, para sermos justos,
teve mais chances do que qualquer outro homem terá um dia com ela, e você
jogou isso fora. Devia ser homem ao menos para assumir isso e deixá-la ser
feliz.
As palavras dele me machucam mais do que qualquer golpe que ele
poderia ter me dado. Porque sei que ele está certo em grande parte do que
disse. Exceto que meu amor por ela realmente era algo fraternal e apenas
recentemente mudou. E claro, que ela não poderia ser feliz longe de mim,
porque eu fui moldado em torno dela, para conhecê-la por inteiro, para
adivinhar os pensamentos dela. Eu posso ter tido mais chances do que
qualquer outro homem na vida dela, mas isso porque nenhum outro homem
poderia fazê-la feliz como eu.
Ela dá um passo à frente, e percebo que estava ouvindo a conversa. Seus
olhos de amêndoa estão focados em mim, e parecem tristes. Eu não vou deixar
que esse imbecil saia com a última palavra essa noite, mas respondo mais
para ela, para que ela entenda, do que para ele.
— Você está errado, eu a via como uma irmã, sim. A amava como se
fosse sangue do meu sangue. Eu percebi tarde demais que ela não é minha
irmã, e não é mais uma menina, eu admito isso. Estive de olhos fechados por
tempo demais. Mas eu acredito, eu realmente espero, que não exista tarde
demais para alguém aprender a fazer a pessoa mais importante da sua vida
feliz.
Os olhos dela enchem, ainda focados em mim. Stephen pega sua mão e a
chama para ir embora, mas pego a outra, impedindo-a de ir com ele.
— Você não vai assistir minha luta?
— Não, nós já estamos de saída — Stephen responde, mas ela olha para
ele e aperta sua mão, tranquilizando-o.
— Claro que vou. Eu prometi que não perderia uma luta sua, não
prometi?
— Obrigado — digo quase sem voz e ela solta a mão de Stephen e me

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abraça.
— Boa sorte, Colin. O grito mais descoordenado e fora do tom, será o
meu.
Sorrio e ela vai com ele. Não importa se estará de mãos dadas com ele, é
para mim que estará torcendo.

Venci a luta com mais facilidade do que achei que teria, mas ela se foi
logo que venci. Também não pareceu muito contente ao ver Serena subir ao
ringue como a minha Sorte, mas foi a reação de Stephen que me divertiu mais.
Ele ficou sem cor e juro que se pudesse me matar o teria feito naquele
momento. Bom, se ela que é da família não se importa em irritar o irmão, eu é
que não vou poupá-lo.
Infelizmente, não consegui sair do clube a tempo de segui-los. Não que eu
fosse fazer isso essa noite, só queria mesmo saber para onde ele a estava
levando. Thor me prendeu lá para uma comemoração porque mais uma vez,
dois lutadores do Luck passaram. A competição se torna cada vez mais difícil,
mas a equipe dele está indo muito bem.
Chego em casa e vou direto para o banheiro, analisar o estrago na minha
cara, Luke veio comigo, já me enchendo a paciência por conta de um corte
abaixo do olho direito que não para de sangrar. Geralmente quando o
campeonato acaba, preciso de alguns meses para ter a cara limpa de novo.
Caitlin chega quando estou limpando o sangue, já o lavei, o que estancou
por algum tempo, mas, após um banho, voltou a sangrar. Luke se ajeita
imediatamente no sofá e muda o canal da televisão de um reality show bobo
que estava assistindo, colocando no canal de documentário.
— Babaca.
— Fica na sua, Hanson.
Ela o cumprimenta e olha minha luta em frente ao espelho.

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— Voltou rápido, Caitlin. Ficou entediada?


— Tenho que ir à faculdade amanhã cedo ajudar uma amiga com um
trabalho. Preciso dormir.
Ela para no batente da porta e espero, sei que ela vai tirar esse algodão
da minha mão e fazer ela mesma o curativo.
— Isso está feio, você não deveria ir ao médico?
— Baby, quando você me viu ir a um médico?
— Tirando a doutora casamenteira?
— Tirando essa peste.
Ela pega o algodão da minha mão e o molha, em seguida, segura meu
rosto imenso em suas mãos pequenas e concentra-se em limpar a ferida. Seus
lábios carnudos ficando perigosamente ao alcance dos meus.
— Nunca entendi porque você a chama de casamenteira.
— Ela repete com certa frequência que já casou vários de seus pacientes.
— Ela tenta fazer isso com você? — pergunta curiosa, olhando-me com
um sorriso divertido no rosto.
— Em todas as sessões. Ela acha que eu devo me casar com você, e está
certa que até o final do tratamento terá conseguido isso.
Ela parece sem graça e seu sorriso some, então volta a se concentrar no
meu machucado.
— É difícil colocar um curativo aqui, vou colocar apenas um micro poro,
tudo bem? Você troca sempre que tomar banho.
— Sim, doutora.
Ela se aproxima ainda mais e seu cheiro doce me faz ter vontade de
abraçá-la bem apertado e levá-la para dormir comigo. Estou tão cansado que
seria apenas dormir mesmo, mas com ela.
— Obrigado — digo quando ela termina e beijo sua mão. — Ela acha que
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você é a cura da minha loucura. Mas, eu já disse a ela que é você quem me
deixa louco, não o contrário.
Ela pisca os olhos perdida em meus lábios e quero tanto beijá-la que
chega a doer. Mas, olho para o lado e vejo Luke ali, nos observando, com uma
expressão confusa e quase ferida. Então me afasto e bagunço o cabelo dela,
indo até a geladeira. Tentando ao máximo agir como se não fosse nada demais.
Como posso saber que estou agindo errado com ele e mesmo assim querer
tanto continuar fazendo isso? Entendo então que muitos erros que cometemos,
o fazemos sabendo que estamos errados, mas simplesmente não conseguimos
não fazer. É algo maior do que nós.
Ele puxa conversa com ela por mais algum tempo, e quando ela diz que
está cansada e vai dormir, ele resolve ir embora. Mal se despede de mim e
Caitlin percebe, pois se oferece para levá-lo até a porta, coisa que nunca faria.
— Cait, já que me trouxe até a porta, que tal um beijo de boa noite? —
ele tenta aproximando o rosto do dela.
Ela impede o beijo dele colocando a palma da mão em sua boca, de uma
maneira engraçada, e o empurra porta afora.
— Vai sonhando, Evans — diz antes de bater a porta na cara dele.
Assim que fecha a porta e se vira, a cerco com meus braços, colando seu
corpo à porta e não dando a ela chance de sair de perto de mim.
— E aí? Você o beijou?
— Colin, me solta!
— Só quero uma resposta, Caitlin. Você o beijou? Foi a mesma coisa?
Ficou molhada com o beijo dele?
Ela gagueja um pouco e parece realmente irritada, mas está corando e sei
que quer tanto quanto eu um beijo.
— Me diz, há algo da boca dele na sua hoje?
— Eu não tenho que te dar satisfações do que faço.
— Não tem, mas você vai. — Aproximo minha boca de seu rosto e
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passeio os lábios levemente por seu pescoço. — Ele a beijou, Caitlin? Você
deixou que ele a beijasse depois daquele beijo? Você gostou do beijo dele?
Me diz, ele a beijou?
Só de senti-la tão perto de mim, meu pau já está acordando, e eu quero
tanto pegá-la no colo e levá-la para minha cama, mas tanto! Tenho que me
controlar ao máximo para não levar meus lábios até seus seios e sugá-los por
cima da blusa fina que ela usa. Para não descer minha não por seu corpo e
tocá-la com força por sobre a calça, para fazê-la gozar com a pressão dos
meus dedos em seu clitóris, mesmo estando vestida. Seria tão fácil dar prazer
a ela!
— Caitlin... — insisto e ela cede num ataque de raiva, socando meu peito
descontrolada.
— Não! Não beijei e não sou obrigada a ficar me...
Calo sua boca com a minha. Sugo seus lábios com força, e quando ela
geme ao primeiro contato de nossos lábios, a possuo com minha língua,
mostrando toda a fome que tenho dela. Eu a quero mais do que é possível
suportar com sanidade. A aperto em meu corpo, levantando o seu para que
possa ampará-la com o joelho.
Ela geme descontroladamente enquanto sugo sua boca e pressiono meu
joelho em seu centro, levantando-a e abaixando-a rapidamente, cuidando para
que tenha a pressão certa ali, levando o beijo a outro nível para ela. Quando
sinto que ela está prestes a gozar, deixo seus lábios, aumentando a pressão em
seu centro e falo em seu ouvido:
— O seu prazer é meu.
— Não — ela sussurra, então faço a coisa mais difícil da minha vida. Me
afasto dela.
Deixo que seus pés toquem o chão e assim que ela recupera o equilíbrio,
me afasto, absorto em seus olhos anuviados e no desejo evidente em seu rosto.
— Qual é o tamanho do seu vibrador mesmo? Esse? — Imito com a mão
o gesto que ela fez na noite de bebedeira no pub. Então toco meu pau duro por
sobre o short, e seu olhar cai no meu movimento, no volume concentrado ali.
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— Não seria a mesma coisa, mesmo que você realmente tivesse um. Boa noite,
Caitlin, durma bem.
Vou para o meu quarto mais uma vez matar meu desejo por ela com a mão,
mas sei que ela não vai dormir essa noite pensando em mim. Pensando no que
teria acontecido se eu não tivesse interrompido. Pode ser difícil agora para
nós dois, é uma manobra que atinge a mim tanto quanto a ela, mas ela precisa
perceber que sim, seu prazer pertence a mim.

Não vejo Caitlin há dias, mas a maneira dela se esconder de mim só me


prova que estou certo. E mais cedo do que pensa ela terá que admitir isso.
Hoje Stephen está lutando, e embora ela não seja mais sua Sorte, sei que virá
assistir sua luta, porque essa é Caitlin. Ela espera dar sorte a ele do banco da
plateia, do que achar que ele perdeu por causa dela. Então fico do lado de
fora, torcendo que ele perca, só pra vida variar um pouco, e esperando que
eles saiam. Não vou segui-los, só quero ver um pouco de como está a
interação deles depois de provar mais um ponto a ela.
Faço um gesto para que Luke venha até mim quando o vejo, ele tem me
evitado na faculdade, mas ele vai na direção oposta, também me evitando
aqui. Eu poderia dizer a ele que a cena que viu no banheiro não foi nada
demais, nada comparada a que se desenrolou na porta assim que ele saiu, mas
não sou tão filho da puta assim. Eu realmente não sei o que dizer a ele, não sei
como explicar a merda que estou fazendo, nem o fato de que apenas não
consigo evitar. E eu tentei, juro que tentei. Então deixo que ele vá até que eu
possa encontrar um ponto de compreensão nisso tudo e aí finalmente explicar
para ele porque estou sendo o maior dos babacas com ele.

Avisto Stephen e Caitlin saindo, ele com certeza venceu, porque carrega o
lenço da vitória e em um sorriso enorme no rosto, além dos hematomas
habituais. Caitlin sorri ao lado dele, mas não parece confortável ali, entre os
caras do clube. Fico me perguntando se ela ouviu algo sobre essa aposta
idiota, ou qualquer falatório por parte deles. Mas não quero pensar que esse
imbecil a deixaria perto deles se fosse esse o caso, seria humilhante demais

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para ela.
Ele a leva rapidamente para o carro, a expressão em seu olhar eu conheço
muito bem, é uma que nunca vi em seu rosto antes. É a mesma que faço toda
noite que saio com uma mulher do clube: ele quer comê-la. Subo na moto mais
do que depressa e os sigo. Não é uma coisa de adolescente bobo de bolas
presas, é uma operação de resgate.
Ele a leva a uma boate reservada, dessas que tem aqueles cantos mais
afastados e escuros. Estaciono a moto e desço rapidamente. Sei que estou
bagunçado para entrar nela, eles podem me barrar, mas, se não o fizeram com
o Stephen que está com a cara quebrada, não vão fazer comigo. Aproximo-me
do segurança que me olha dos pés à cabeça e antes que eu diga qualquer coisa,
abre um sorriso.
— Colin Hanson! É uma honra recebê-lo em nossa boate.
— Você me conhece?
— Ganhei um bom dinheiro apostando em você na semana passada. Eu
tripliquei minha aposta e você venceu. Amanhã com certeza estarei lá e vou
apostar cinco vezes mais.
— Pode apostar, te garanto que vou vencer.
Ele me dá passagem e consigo localizar os dois sendo guiados, como eu
imaginei até uma das mesas escondidas. Esse sem vergonha! Os sigo o mais
discretamente possível e sento-me na mesa atrás, na lateral deles. Eles podem
me ver aqui, mas não acredito que ele vá tirar os olhos dela para isso, e ela
está de costas. Não consigo ouvir o que dizem, apesar de aqui a música ser
mais baixa do que no primeiro ambiente da boate, a distância em que estou não
me permite escutá-los, principalmente porque ele fala bem baixo.
Chega um momento em que ele se levanta e enfio minha cabeça no
cardápio achando que ele me viu, mas ele senta-se ao lado dela, pegando sua
mão e falando com ela ao pé do ouvido.
Esse imbecil! Se ela não o deixava beijá-la antes, por que o faria agora?
Porque mais uma vez, você a deixou molhada, excitada e frustrada. E eu
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estou aqui justamente para saber como ela tem agido com ele depois disso. E
se ela resolveu dar logo a virgindade para ele para se livrar de mim?
Levanto-me um pouco para tentar ouvi-lo, mas não consigo, e saio da
mesa só um pouquinho, para ouvi-lo. Ainda não dá para entender então dou um
passo bem devagar parando bem atrás dele, mas ainda não o escuto. Então
coloco a cabeça por cima da dele e vejo suas mãos indo em direção aos seios
dela. Eu não sei se ela ia ou não deixá-lo tocá-la ali, porque não dou tempo de
ele descobrir. Quase pulo sobre a mesa, segurando seu braço ainda no ar.
— Algum problema aqui?
— Colin!? — Caitlin fica muito surpresa, confusa, mas Stephen saca de
cara o que está acontecendo.
— Você nos seguiu?
Ele se levanta e Caitlin rapidamente se levanta com ele.
— Colin isso é verdade? Você nos seguiu?
— É claro que seguiu, esse idiota, o que pensa que está fazendo?
Ele parte para cima de mim e Caitlin grita, então rapidamente dois
seguranças aparecem para nos separar. Eu poderia facilmente passar por eles
e socar a cara desse imbecil, mas Caitlin me olha daquele jeito decepcionado
e tudo o que faço é me acalmar e dizer a ela, antes de sair:
— Você sabe como se sente, Caitlin. Não adianta ir contra isso.
Então saio dali ostentando uma dignidade que claramente não tenho após
segui-los, mas mereço algum crédito por não ter acertado a cara dele no ápice
da minha ira.

Já se passaram duas horas e ela ainda não chegou. Estou começando a


sentir aquela merda de dor escondida, ela quer zombar de mim, eu sei. Tento
mantê-la presa, cerro os punhos tentando mostrar que sou mais forte do que
ela, mas ela consegue passar por minhas barreiras, e fica ali, me rodeando e
rindo da minha cara. Sou mesmo um babaca!
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Caitlin finalmente aparece e permaneço onde estou, no sofá, olhando para


ela. Ela deixa a bolsa na mesa e aproxima-se, olha para o chão e não posso
ver a expressão em seu rosto, não posso saber como ela se sente.
— Então, você tem mesmo seguido a gente? Ou essa foi a primeira vez?
— Não foi. Tenho agido como um adolescente de bolas presas.
Ela fica um tempo em silêncio, então senta-se à minha frente e posso ver
claramente seus olhos. Ela está confusa.
— Por quê? Por que você faria isso? Por que ficaria tentando me seduzir?
Por que me levaria a um encontro? Eu juro que estou há semanas tentando
entender você, mas eu não consigo! Por que, Colin, por que tudo isso?
— Porque eu quero ser o seu primeiro, Caitlin! Eu quero tirar a sua
virgindade. Eu não entendo como você pode ter pensado em fazer isso com
outro homem, mas não posso permitir. O seu prazer me pertence. Isso que você
tem guardado por tanto tempo, o fez para mim. Você só precisa enxergar que eu
sou o cara certo para fazer isso com você.
Ela fica em choque. Levanta-se desnorteada e fica dando voltas na sala.
Quero confortá-la de algum jeito, mas não posso, eu mal posso me controlar
nesse momento.
— Por quê? Por que eu deveria fazer isso com você? — pergunta um tom
mais baixo do que sua voz normal.
— Porque ninguém te conhece como eu, eu sei exatamente onde você
precisa ser tocada, onde precisa ser beijada, eu sei dar a você todo o prazer
que merece como ninguém mais poderia e você sabe disso!
Levanto-me e pego sua mão, seus olhos se focam nos meus, sei que ela
está me ouvindo, só não sei como fazê-la entender.
— Desde que você revelou ser virgem, tudo o que consigo pensar é em
como você merece ser amada. Só consigo pensar em tudo o que você tem que
sentir na sua primeira vez. Em como tem que ser tocada e beijada, em como
tem que gemer com prazer genuíno ao meu toque. Em como vai reagir a minha
boca em você, e como ficará satisfeita quando eu a preencher com meu pau, da
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maneira exata que você merece! Eu sei que qualquer outro homem poderia te
dar prazer, Caitlin, não estou negando isso. Mas você sabe, e eu também, que
ninguém mais vai amar você da maneira como eu vou. Ninguém vai conhecer
você como eu conheço, nem vai cuidar de você, nem deixá-la louca, como eu
faço, porque sou eu que tenho que fazer isso.
Ela fica tanto tempo me olhando, pensando no que acabei de dizer, vejo
tantas emoções diferentes em seus olhos de gata e não consigo decifrar o que
se passa em sua mente. Permaneço ali, quase enlouquecendo, esperando por
sua resposta, esperando que surte e grite, ou que se jogue em meus braços, e
Deus! Se ela fizer isso irei amá-la agora mesmo, aqui nesse sofá, porque quase
não posso suportar não estar dentro dela. Quando seus olhos tomam um foco,
ela solta as mãos das minhas e finalmente me responde. Sua voz baixa, mas
convicta.
— Não.
— O quê?
— Eu disse que não. Não vou dar esse passo com você. Eu jamais faria
isso.
Sinto-me renegado e abandonado. É um sentimento parecido com isso,
que não sei bem explicar que me toma nesse momento. Estou confuso, com
raiva e magoado, aquela dor idiota me venceu de novo e não consigo entender
porque não posso ser o que ela precisa.
— Por que não? Eu sei que não tenho nada para te oferecer, eu não tenho
um futuro certo para te dar, mas Caitlin, você acha mesmo que vai se sentir à
vontade com qualquer outro homem como se sentiria comigo? Me diz! —
Estou quase suplicando e sei que pareço ridículo e fraco, eu nunca fiz isso,
mas estou desesperado.
— Não se trata disso, não se trata de nada do que você disse. É só que
Colin, você já parou para pensar em como seria depois? Eu vou transar com
você, vou te entregar minha virgindade e na noite seguinte terei que vê-lo com
outra. Por mais que eu não espere um compromisso de você, você acha que eu
vou suportar isso? Eu sei que não vou. Por mais que você não me prometa
nada, você terá sido meu primeiro, você terá sido o dono do meu prazer, como
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você diz. E não quero ficar no meu quarto imaginando você fazendo com outra
tudo o que fez comigo. Eu não posso.
— Caitlin...
— Colin, não! Eu admito que você seria o cara certo, acha que não sei
disso? Mas isso custaria nossa amizade, e me perguntei nesses últimos dias em
que você tem tentado me enlouquecer mais de mil vezes se valia a pena, mas
não vale. Não posso perder você. E isso seria o fim de tudo porque nunca
mais nos veremos como amigos de novo.
— Eu não vejo você como amiga há muito tempo, Caitlin. Desde quando
você fez aquela maldita confissão, tudo o que vejo quando olho você é a
mulher que eu preciso ter.
— Então temos que corrigir isso. Então tenho que fazer logo isso com
qualquer outro cara para que você pare de me ver assim! Eu não quero ser
mais uma mulher na sua cama, eu sou sua melhor amiga!
— Mas você não seria! Você ficou louca? Nunca seria mais uma em
minha cama, você é especial, Caitlin.
Ela sorri debochada e magoada. Como se eu a tivesse apunhalado.
— Você diz isso para todas. Foi o que disse para a irmã do Stephen, não
foi?
Merda! Merda! Foi exatamente o que eu disse, mas dessa vez, é verdade.
Claro que ela não vai acreditar em mim.
— E se você não tiver que me ver com nenhuma outra mulher? Caitlin, se
você me deixar ser o seu primeiro, eu não vou dormir com nenhuma outra
mulher até que você tenha certeza de que pode confiar em mim.
— Você? Vai negar sexo por um ano se eu resolver esperar esse tempo?
— Eu não vou ficar com mulher nenhuma até ter você, Caitlin. Eu não
desejo mulher nenhuma além de você, todo o meu tempo e todos os meus
esforços, cada pensamento e ideia que tenho tido, tudo isso tem sido
exclusivamente para você há muitos dias. Eu te prometo, não toco mais em
nenhuma mulher e você se entrega para mim.
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— E depois?
Merda! Eu queria tanto dizer a ela o monte de coisas que vem à minha
mente com sua pergunta, mas não quero iludi-la com algo que não entendo.
Não quebro as promessas que faço a ela, não posso prometer algo que não sei
se depois que a tiver, vou cumprir. Eu não posso perdê-la apesar de tudo. Não
posso sequer correr esse risco. Então decido ser sincero, e torço que isso não
seja uma coisa tão ruim para ela quanto parece na minha mente.
— Não posso prometer como será depois. Eu nem sei como me sinto
agora, tirando o fato de que preciso ter você, então não posso saber como será
depois. Mas eu sei o que posso fazer agora, e eu te juro que não tocarei em
outra mulher até que você seja minha!
— Eu não acredito em você — diz baixinho, tentando convencer a si
mesma.
— Nesse caso, prepare-se para se surpreender, Caitlin. Porque eu vou ser
digno de tocar você, custe o que custar.
Vou para meu quarto deixar que essa dor idiota tripudie em cima de mim e
a deixo ali com seus pensamentos. Então rezo, que mesmo não acreditando na
minha promessa absurda ela ainda me dê o voto de confiança que sempre dá e
espere. Que me dê uma chance de mostrar a ela que está errada. Eu só preciso
que ela entenda que eu nunca, jamais irei machucá-la, estou disposto a ser
qualquer coisa que ela precisar que eu seja depois que fizermos amor.

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CAPÍTULO TREZE
Hoje é minha quarta luta, e a tensão sexual no apartamento está tão forte,
que não conseguia me concentrar para treinar lá. Então estou desde bem cedo
aqui no clube. Não falei com ninguém, usei o método de me desligar do mundo
da Caitlin, fones no ouvido e música muito alta. Então treinei sem parar por
horas a fio. Quando paro para comer algo percebo que ainda é cedo, eu teria
tempo de ir para a casa e descansar um pouco, mas não vou fazer isso. Ainda
me sinto pilhado e tenso, mas sei que isso nada tem a ver com a luta da noite, e
sim com a minha luta interna que não consigo saber se vou vencer.
Tomo um banho demorado e assim que saio, encontro uma mulher nua em
frente ao meu armário. Paro onde estou, a loira nua diante de mim é uma das
mulheres mais lindas que já vi na vida, e com certeza não é daqui, ou eu me
lembraria dela. Deve ser de algum dos clubes competidores que estão na
cidade e essa seria minha chance de fazer um “intercâmbio” e relaxar antes da
luta.
Mas claro, não posso fazer isso porque prometi a Caitlin que não faria, e
por mais que exista a chance de ela estar com o imbecil, nesse momento, eu
não vou quebrar minha promessa.
— Maldita promessa! — reclamo baixinho para mim mesmo.
Aproximo-me da loira imaginando o quanto será difícil dar o fora nela e
dispensar tudo isso tão disponível para mim. Mas aí penso na Caitlin, nos
lábios dela, na maneira como geme quando a toco e como se derrete quando a
beijo e de repente, parece fácil demais dispensar a loira boasuda. O faço sem
nenhum pesar, como se fizesse isso todos os dias.
Que merda está acontecendo comigo?

Almoço em um restaurante na esquina do clube, cuja dona é uma senhora


que abomina violência, mas ironicamente é mãe de dois dos lutadores do
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clube, então acaba tratando a todos nós como se fôssemos seus filhos também,
nos servindo as melhores refeições caseiras e ainda cuidando do que comemos
antes das lutas.
— Vai vencer hoje, filho? — pergunta bagunçando meu cabelo.
— Claro! Não sou bundão como seu filho! — brinco e Patrick, um dos
filhos dela que já foi eliminado, me arremessa um aipo, mas Candice entra em
nossa frente impedindo nossa costumeira guerra de comida.
— Onde estão seus modos, meninos? Temos lutadores de outros clubes
aqui, hoje.
Encaro Patrick e localizamos lutadores de um clube do Texas, nos
preparamos juntos e arremessamos o aipo neles. A guerra começa e Candice
desiste e fica no seu canto contabilizando tudo o que estamos desperdiçando e
fingindo estar brava.
— Vocês são crianças grandes que gostam de bater, tantos músculos em
vocês é um perigo! — Ouço-a resmungar.
Volto para o clube para treinar um pouco mais, mas Thor me chama assim
que entro, em sua face uma expressão de pesar me alerta de que algo não está
certo.
— Colin, tem alguém procurando por você. Pedi que ela a esperasse na
minha sala.
Penso ser Caitlin e não entendo porque ele pediria a ela para aguardar
onde ele não deixa absolutamente ninguém pisar. Vou em direção a sua sala,
mas ele me impede, falando comigo de maneira suave, porém decisiva,
deixando claro que se trata de uma ordem mais do que de um conselho.
— Você está a três passos de vencer esse campeonato, não jogue todo seu
trabalho no lixo. E se isso não for o suficiente para te impedir de perder a
cabeça, pense na Caitlin. Você está em condicional, Colin, se voltar para a
cadeia vai deixá-la arrasada.
Votar para a cadeia? Por que eu voltaria para lá?
Então me dou conta de quem está me esperando na maldita sala, e não
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acredito que ela teve a cara de pau de aparecer aqui. Entro como um furacão e
o cabelo loiro de Hannah se mexe quando ela se levanta, avaliando-me dos
pés à cabeça com uma expressão zombeteira na face da morte.
— O que você quer aqui? — Cerro os punhos e não me atrevo a
aproximar-me mais dela, tomo o cuidado de ficar perto da porta para uma
saída rápida, caso sinta que vou perder o controle.
— Olá, Colin, como você está? Você não atendia minhas ligações nem
respondia meus e-mails. Tive que vir pessoalmente.
— Que merda você quer aqui?
— Eu não vim aqui confrontar você, vim por questões legais.
— Podia ter mandado a merda do seu advogado, eu não quero ver sua
cara nunca mais, você entendeu?
— Ou o quê? Está me ameaçando, Colin? Porque se for esse o caso acho
que seu agente da condicional vai amar saber disso.
— Fale logo o que você quer.
Respiro fundo o máximo que consigo, sinto minhas mãos tremerem e a
raiva me dominar como quando era mais novo. Todo meu controle parece ir
embora quando vejo essa mulher, até meu apreço por liberdade é testado em
minha mente, comparado ao que posso fazer com ela caso não me importe de
voltar para a cadeia.
— Preciso que você assine esses papéis.
Ela me estende uns papéis, mas não pretendo me aproximar mais dela.
Para a própria segurança dessa maldita que acabou com a minha vida.
— Do que se trata?
— Do justo. Você disse que não queria nada, apenas que eu não o
procurasse mais e eu não fiz a justiça reverter sua pena e mandá-lo de volta
para a prisão, que era onde você deveria estar. Vejo que está indo bem aqui.
Deve ganhar um bom dinheiro com essa vida clandestina.
— Do que se trata? — grito e ela dá um passo vacilante para trás, mas
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logo se recompõe e diz, com a cara mais lavada do mundo:


— São os papéis que dizem que você concorda em abrir mão de sua parte
na herança dos seus pais e doá-la a mim.
Abro um sorriso tentando conter a raiva. Ela só pode estar de
brincadeira.
— Você precisa que eu assine umas merdas de papéis ou não pode pegar
o dinheiro? É isso?
— Nem você poderá.
— Eu não ligo. Não quero esse dinheiro que causou a morte deles, mas
ver você na rua da amargura seria uma ótima recompensa da vida. — Cruzo os
braços fingindo uma calma que não estou sentindo. — Tá aí, nunca achei que
ficaria tai feliz em vê-la, Hannah. Agora suma da minha frente e não me
procure nunca mais!
Saio pela porta, mas ela diz algo que me faz congelar e voltar para trás
para estrangulá-la:
— Foi um acidente a morte da sua mãe, não era esse o acordo, eles só
tinham que levar o dinheiro, mas ela tentou bancar a heroína, achando que o
filhinho precioso estava em casa, acabou levando um tiro.
Não enxergo mais nada na minha frente quando vou em sua direção com
toda a minha raiva, pronto para matá-la se for preciso, quando uma pequena
criatura toca meu peito, e sua voz me alcança, tirando-me dos meus mais
profundos desejos.
— Colin, não faça isso, não vale a pena! Colin, me escute! Sou eu, Colin!
Consigo ver Caitlin pouco antes de quase acertá-la, porque ela entrou na
minha frente.
— Caitlin?! Você ficou louca? Por que entrou na minha frente?
— Você não pode encostar nela, vai voltar para a cadeia e dar tudo o que
ela quer, controle-se. Venha comigo.
Ouço a risada de Hannah, em contraste com a voz doce e desesperada da
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Caitlin.
— Colin, olhe para mim, me ouça. Vamos sair daqui agora, você vem
comigo, deixa ela para lá, não vale a pena. Ei! Olhe para mim! — Ela está na
ponta dos pés e suas mãos estão em volta do meu rosto, ela parece tão
desesperada quanto eu, e consigo me acalmar um pouco, o suficiente para não
ser um monstro na frente dela.
— Ah, Colin, você não muda. Será sempre o louco que se esconde atrás
de uma menina, porque não sabe se defender sozinho sem que acabe em
tragédia, não é mesmo? Pode não ser agora, pode nem ser pelas minhas mãos,
mas você vai acabar a sua vida preso numa cela, e vai ter o mesmo fim do seu
querido papai. — Hannah provoca mostrando todo seu ódio por mim.
— Cale a boca sua maldita! — Caitlin grita e parte para cima dela, e a
seguro antes que encoste em Hannah, ela é a pessoa mais calma e centrada que
conheço, mas permanecer são, diante dessa megera é algo impossível e sei
bem o que minha pequena está sentindo.
— Deixa, Caitlin, como você disse, não vale a pena. No final das contas,
eu tenho sempre alguém que me ama o bastante para me defender e ela está
sempre sozinha. Pode até conseguir pegar o dinheiro dos meus pais, mas vai
continuar sozinha.
Levanto uma Caitlin assassina do chão e a arrasto para longe dessa
maldita e toda sua energia negativa de ódio. Deposito Caitlin no chão dentro
do vestiário, e ela parece bufar, tamanho o seu nervosismo.
— Eu não acredito que essa filha da mãe veio mesmo até aqui! —
reclama.
— Como você sabia que ela viria aqui?
— Ela foi lá em casa, não sei como conseguiu nosso endereço, eu não
disse a ela onde você estava, mas achei que ela ia descobrir e viria te
atormentar.
Deixo de ouvi-la porque estou me lembrando do passado, de ver meu pai
sendo preso, de achar ser a maior injustiça que além de perder minha mãe,
meu pai fosse preso injustamente, mas aí me lembro de quando eu fui me
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despedir dele, jurando em toda minha dor que o tiraria da cadeia. Ele me disse
para não fazê-lo, porque era o que ele merecia. Só então reconheci a
expressão de culpa em seu rosto e soube que ele era mesmo culpado. Era
como ela, os dois mereciam morrer atrás das grades. Eu jurei nunca mais
acreditar em ninguém depois daquilo, mas Lorna me mostrou que eu não podia
deixar que eles tirassem mais nada de mim. Como ela costuma me dizer, a
cada pessoa má e cruel no mundo, há dez boas. E só preciso acreditar que no
meu caminho encontrarei mais a segunda opção.
— Ei, não deixe esses fantasmas entrarem. Você tem uma luta daqui a
pouco, lembra? Colin, concentre-se. Quer que eu ligue para a doutora
Mansfield?
Nego com a cabeça e aperto a mão da Caitlin até sentir me acalmar. Mas
a merda da minha mente parece não saber pensar em outra coisa que não seja o
passado, e toda a merda envolta nele. Por tanto tempo me puni por achar ser
como meu pai, o filho perfeito dele, com uma grande disposição a fazer o que
é errado e destruir tudo à minha volta. Eu escolhi fazer o meu caminho, mas,
olhando Caitlin tão desesperada ajoelhada ao meu lado, Luke que nem olha
mais na minha cara e tudo o que tenho feito, me pergunto se no final das contas
não estou mesmo destruindo tudo à minha volta. O que vai sobrar para mim
depois? A mesma solidão que desejei à maldita que acabou com a minha
família. E mais nada.
Afasto Caitlin e agradeço seu cuidado, subo na moto e saio sem direção,
prometendo estar de volta a tempo da luta. Eu só preciso rodar.

Olhando o lago gelado e as pessoas felizes à minha frente, luto para


esconder os fantasmas de volta no fundo da minha mente perturbada e voltar a
ser apenas o babaca que sempre fui. Não é irônico que eu, um lutador
acostumado a vencer as mais difíceis lutas, não consiga vencer de mim mesmo
em uma batalha interna? Os fantasmas não me obedecem e ficam ali,
enchendo-me de lembranças e todo aquele medo e fúria que senti nos anos que
se seguiram à morte deles. E se isso já não fosse o bastante para foder com a
minha mente, ainda há aquela maldita dor, escondidinha, aparecendo para me
dizer que não importa o quanto eu tente, nunca serei bom o bastante. Nem para
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um amigo, nem para a Caitlin, nem para honrar a memória da minha mãe, para
absolutamente nada! Porque a maldita da Hannah está certa, ela me tirou tudo
uma vez e saiu impune a isso, e agora vai tirar tudo de novo e eu vou
simplesmente deixar, mais uma vez, para não decepcionar alguém a quem
decepciono todos os dias. Que diferença vai fazer? Se eu for bom ou mau, que
merda de diferença vai fazer para ela?
Me vem à mente todos aqueles momentos em que eu quis fechar os olhos
e sumir, e ela estava ali por mim, sendo meu ponto de equilibro, minha luz. E
eu jurei a ela que seria digno de tocá-la. Mesmo que depois nossa amizade se
perca por causa disso, eu apenas não sou forte o bastante para deixá-la ficar
com outro.
Olho para meu reflexo no vidro de uma loja, mas não sei o que vejo ali.
— Isso é ser bom, Colin? Ser egoísta e babaca com ela é ser bom? Você
acha que é bom para ela? Acha que vai ser digno de tocá-la um dia? — A
raiva me toma e acerto o vidro, estilhaçando-o em milhões de pedacinhos,
assustando as pessoas ali presentes, confirmando que eu nunca serei estável.
Olho o sangue na minha mão e consigo me acalmar, eu só preciso achar um
jeito de deixá-la livre. Procuro o dono da loja para resolver a merda que
acabei de fazer no vidro dele.

Está quase na hora da luta e eu deveria ter pego o caminho mais curto até
o clube, mas, por algum motivo decidi passar por aqui, e quando a vejo
sentada ali, parecendo angustiada vejo que fiz a escolha certa. Paro a moto em
frente ao ponto de ônibus e buzino, estendendo a ela o capacete.
— Ei, você está bem? — Caitlin pergunta segurando minha mão o mais
apertado que consegue.
— Quer uma carona para o clube?
— Eu estava indo para lá — ela diz tirando o capacete da minha mão e
subindo na moto.
— Você gosta de se arriscar por mim, não é Caitlin? Você nem sabe se
estou bem, se estou descontrolado, se estou bem o bastante para pilotar. Como
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você sobe assim na minha moto?


Ela passa seus braços pela minha cintura agarrando os dedos na minha
blusa e encosta-se a mim.
— Estou com você, Colin. Onde eu poderia estar mais segura?
Aquela dorzinha insuportável e entrona leva um imenso chute e se encolhe
dentro de mim. É por isso que não consigo deixá-la ir. Ela é tudo o que tenho.

O locutor cumprimenta o clube lotado e os gritos se misturam em sons


desconexos e ensurdecedores. Caitlin está sentada ao lado de Luke, que apesar
de tudo, vai torcer por mim, e me olha com seu jeitinho de súplica que eu
vença essa. Eu deveria estar analisando o adversário do outro lado, deveria ao
menos prestar atenção no nome dele, mas não consigo. Minha cabeça está
longe e não há nada que eu faça que a faça sossegar no lugar.
Quando todos ficam me encarando percebo que está na minha hora de
subir ao ringue, nem olho na direção da Caitlin porque se ela me pedir para
não lutar, eu não vou lutar, e não quero desistir sem tentar. Mas não ouço
quando o juiz inicia a luta e sou atingido de surpresa. Meu adversário, seja ele
quem for, tem uma excelente técnica, quase pau a pau com a minha, quando
estou em um dia bom. Porque no dia de hoje, qualquer um dessa plateia
poderia me vencer. Eu tento acertá-lo, mas mal o vejo. Estou sendo pisoteado
sem nem me dar conta de que caí no chão. Chega um momento em que fecho os
olhos, deitado ali, e decido deixá-lo vencer, não há mais nada que eu possa
fazer para impedir. Mas, sinto um toque quente em minha mão que está para
fora do ringue e abro os olhos para encontrar Caitlin, com lágrimas nos olhos
e apertando minha mão com suas duas mãos pequenas.
— Levante-se, eu apostei todo meu salário! Você tem que vencer! — Ela
grita e sorrio para ela, que parece se desesperar mais ainda. — Púbis! Colin,
você está dando outra vitória a Hannah e aos fantasmas dela, não deixe que
isso aconteça. Levante-se agora mesmo e vença essa luta!
Eu tento me levantar, mas não tenho força, logo, sou atingido em cheio
com um chute na orelha e caio de novo.

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— Colin Hanson, deixa de ser bundão! Você vai mesmo me decepcionar


assim?
Eu disse que todas as minhas vitórias seriam para ela. A minha derrota
não pode ser. Ela está aqui, apostando em mim e me pedindo que vença.
— Ah Caitlin, você sempre me faz fazer o impossível, não é?
Consigo desviar do próximo chute e agarro os pés dele, derrubando-o.
Sinto-me dolorido em todo o corpo, nem sei que golpes levei hoje, mas
preciso reagir. Levanto-me com dificuldade e aplico um Elbow drop[4],
levando a plateia aos gritos. Eu não vou conseguir bater nele, não tenho forças
e algo parece doer demais na minha costela, deve estar quebrada. Eu só
preciso de técnica, penas fazê-lo desmaiar sem mais esforços. Com
dificuldade, subo nas cordas a tempo de impedir seu próximo ataque e então
pulo sobre ele, não sei como consigo ter forças para subir nas cordas e aplicar
um Springboard clothesline[5], mas ele bate com tudo a cabeça no chão e sei
que não vai levantar mais. O juiz levanta meu braço anunciando o vencedor, eu
me levanto, pego o lenço da vitória nas mãos e entrego a Serena, que parece
em pânico ao ver minha cara. Procuro Caitlin na multidão, e a encontro onde
estava na última vez que a vi, ao lado do ringue, sorrindo para mim com toda
sua admiração.
— Foi por você, baby — digo apontando para ela pouco antes de tudo
escurecer e eu não vejo mais nada.

Um zumbido no meu ouvido me desperta, mas me sinto dolorido em todos


os lugares possíveis. Há uma agulha enfiada em minha mão, e a arranco. Odeio
essas coisinhas enfiadas em mim. Minha visão se ajusta à luz na minha cara e
começo a perceber onde estou.
— Passando a mão na bunda das enfermeiras, Hanson? Você não está em
condições de comer nenhuma delas, não deveria assanhá-las — Luke provoca
sentando-se ao lado da minha cama.
— Que merda! O filho da puta me mandou para o hospital?

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— Se serve de consolo, você devia ver o outro cara. Você acabou com
ele. Foi tipo ver um zumbi atacar um gigante vivo, mas no final das contas deu
tudo certo. Você levou uma surra e tanto, está se sentindo bem?
— Acho que meu traseiro está em contato direto com esse lençol de
hospital, tirando isso, me sinto vivo, o que já é um bom começo.
— Caitlin estava aqui. Foi tomar um banho, mas com certeza volta. A mãe
dela também. Elas não saem daqui, você tem novos cães de guarda.
— Não fale assim delas, são minha família.
Tento me sentar, mas sinto uma dor terrível na costela e gemo, me
encolhendo na cama.
— Você fraturou a costela. Acho melhor ficar quietinho.
— Quando é a próxima luta?
— Em uma semana. Você não vai poder lutar, cara.
— Claro que vou.
— Vamos ver isso depois que você sair daqui.
Noto que Luke parece tenso e procura um jeito de me dizer alguma coisa.
Me ajeito na cama e espero, mal acordei e lá vem alguma notícia ruim.
— Desembucha, Luke. Odeio quando você faz isso.
— Há um boato correndo no clube. Sobre você ter rejeitado a ring girl
russa. Ela disse que estava nua na sua frente e você a mandou embora. Eu
disse a eles que isso é impossível... — ele se cala e me encara, esperando que
eu concorde com ele.
Mas, temo que vá levar outra surra nesse momento, porque não vou mentir
para ele de novo.
— Isso é verdade.
— Eu penso, penso e não consigo entender porque você a dispensaria.
Que eu saiba, você não está pegando ninguém.

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— E não estou. Na verdade, não foi tão difícil assim dispensá-la. Achei
que seria pior. Mas não transei com ela e não vou transar com nenhuma outra
mulher por um motivo.
Ele se levanta e tento sentar-me de novo, sem sucesso.
— Luke, eu preciso que você me escute até o final. Preciso que você
entenda.
— Esse seu motivo é a Caitlin, não é? Porque quando eu disse para ela
que você rejeitou uma mulher linda, ela pareceu estar emocionada. Cara, eu
realmente não quero acreditar nisso, eu sei que você não colocaria as mãos
nela.
— E não coloquei. Não como está pensando. Eu prometi a ela que não
dormiria com mulher nenhuma mais.
— E por que você prometeu isso?
— Luke, você não a ama. Eu sei que vai me achar um idiota, mas pense
bem. Você sai com outras mulheres, se interessa por outras. Você não teria
rejeitado a russa.
— Isso não tem nada a ver! Eu não sairia se estivesse com ela!
— Você não sairia se a amasse, porque eu não tive que fazer esforço
algum para não sair com outra mulher por ela.
Ele anda de um lado ao outro e me encara, a fúria em seus olhos
mostrando que não está entendendo, e tento de novo.
— Luke, eu prometi a Caitlin que não dormiria com mulher nenhuma até
que ela seja minha. Mas eu preciso...
— Você é um idiota! Eu não acredito que você fez isso comigo que está
fazendo isso com ela! Você vai acabar com ela, seu babaca, ela não é como as
putas que você pega!
— Acalme-se, pare de gritar, me deixa explicar.
— Não tem merda de explicação nenhuma! A menos que você pretenda
ficar com ela para sempre, nada disso aqui se justifica! Você vai? Vai ficar só
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com ela para sempre? É por amor que está apunhalando seu melhor amigo?
— Não é isso, é outra coisa. Mas é maior do que parece, eu...
— Você é um idiota, um cafajeste e o pior amigo do mundo! Não precisa
mais falar comigo, e tomara que a Caitlin seja esperta o bastante para não cair
na sua, eu vou dar uns bons conselhos para ela.
— Luke, espera...
Ele bate a porta ao sair e sinto que perdi uma parte minha hoje. Eu sei que
procurei por isso, sei que minhas desculpas foram péssimas, eu só estava
tentando dizer a verdade, mas a verdade mesmo é que isso que me faz querer
tanto tê-la, não tem explicação.

Há três dias estou estirado nesse sofá vendo a vida passar em séries na
televisão e dando trabalho a Lorna e Caitlin. Hoje, Lorna teve que ir embora,
depois de garantir que já consigo me mover. A verdade é que consigo andar
desde o primeiro dia, mas elas não me deixaram fazer isso, trazendo tudo nas
minhas mãos. A pior parte foi a Lorna querendo me dar banho. Ainda bem que
ela teve uma filha e não um filho, senão iria traumatizá-lo.
Nesses dias em que ficou comigo, Caitlin não saiu com o Stephen, mas,
não foram poucas as vezes em que ele ligou para ela, chamando-a para
fazerem algo. O pior de tudo é que percebo que ela gosta dele, realmente
gosta, pelo jeito como sorri quando fala com ele, e como cora quando fala
dele. Às vezes, muito de vez em quando, penso que deveria deixá-la ficar com
ele, deixá-la ser feliz com alguém que vai querer passar mais do que uma noite
com ela, mas há algo em mim que não permite. Eu não sabia que era tão
egoísta até ver minha melhor amiga apaixonada por outro. E por mais que ela
responda aos meus toques e beijos, de nada adianta eu conseguir seduzi-la, se
é ele quem a faz sorrir desse jeito tímido e corar com facilidade.
Será que eu seria capaz de fazê-la feliz fora da cama? Será que eu saberia
ser romântico como ele? Eu seria um namorado melhor do que sou um amigo?
Ela se senta ao meu lado e a observo fazer as unhas dos pés. Fica numa
posição engraçada no sofá e tenho vontade de pegá-la no colo só para irritá-la

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e atrasar seu serviço. Não seria nada sexual, pelo menos não no começo.
Talvez seja esse tipo de coisa que eu poderia fazer como namorado, tocá-la
sempre, beijá-la mais ainda, mimá-la com tudo o que ela gosta todos os dias,
tatuá-la ainda mais em meu corpo. Se são essas as coisas que um namorado
tem que fazer, então eu poderia ser um namorado bom para ela, porque eu faria
isso por ela sem qualquer dificuldade.
— Caitlin, o que você espera de um namorado?
Ela fica tão chocada com a minha pergunta que vira o vidrinho de esmalte
no tapete, e grita um púbis desesperado, tenta se levantar para ir pegar um
pano, mas está com um separador de dedos nos pés e quase cai. Levanto-me
em um pulo do sofá e a seguro, o que a faz gargalhar.
— Ah, meu Deus, isso sou eu sendo sua enfermeira? Você está bem?
— Está tudo bem, doutora. Eu já volto, não saia daí, não precisamos de
dois machucados nessa casa.
Procuro por algo para limpar a bagunça e volto para perto dela com um
pouco de água e um pano, que ela toma da minha mão e abaixa-se com
facilidade para limpar a mancha rosa no tapete.
— Você parece bem — comenta. — Então por que está me fazendo
perguntas estranhas?
— Não é estranha. Você e o Stephen, a coisa está séria entre vocês?
Ela me encara como se fosse delicado falar disso, a expressão em seu
rosto é tão confusa, que por um momento penso que vai me dizer que a relação
deles é séria o bastante para ela ter perdido a virgindade com ele em algum
momento nesses últimos dias. Faço um gesto com a mão impedindo-a de falar,
parece que estou sem ar.
— Você, e ele... não me diga que vocês...
— Por que você está vermelho? Colin, você está respirando? Colin, pare
com isso!
Estou mesmo ficando sem ar, vou morrer asfixiado porque ela deu aquele
passo com outro. Em um segundo ela está sobre mim, me mandando respirar,
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meio assustada.
— O que foi isso? — pergunta confusa quando volto a respirar.
— Responda minha pergunta, Caitlin. Não importa o quanto isso vá doer.
— Toda essa cena era por causa da minha resposta? — Ela começa a rir
alto e vai para a poltrona, longe de mim. — Ah, Colin, você chega a ser fofo
de tão bobo.
— Você está se tornando uma pequena bruxa.
— Não estamos namorando, se é o que quer saber.
— Por que não? Ele a pediu em namoro, você disse não?
— Como você sabe disso? — Dou de ombros e ela continua — Eu não
estava pronta ainda, mas não quero entrar em detalhes, isso é tudo o que você
precisa saber.
— Então, você está esperando para me dar uma chance de provar a você
que posso ser digno de tocá-la — constato.
— Não foi o que eu disse, e não estou. Nós não vamos fazer isso, Colin.
Por mais comportado que você esteja.
— Você me viu dispensar pelo menos dez mulheres nesses últimos dias
— defendo-me.
— Não acho que você poderia fazer qualquer coisa com elas, de qualquer
maneira, você está meio que quebrado no momento.
— Ah Caitlin, como você é inocente! Se eu não estivesse conseguindo
andar, ainda teria minha boca e minhas mãos, e claro, meu pau não sofreu
ferimento algum. Ela só teria que abrir suas pernas e sentar-se sobre mim, bem
em cima do meu...
— Eu entendi! — ela me corta, seu rosto atingindo uma cor adorável.
— E mesmo assim não mereço um voto de confiança?
— Pelo seu enorme sacrifício?

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— Não foi nenhum sacrifício. Não tenho problema algum em dispensar


uma mulher que não seja você. Mas, deixar você em paz para ficar com outro,
está aí uma coisa que eu não consigo fazer. E eu te juro que tentei.
Seus olhos se fixam nos meus e quero beijá-la, abraçá-la. Quero tocá-la
de algum jeito para que ela entenda o que quero dizer, mas assim que me
levanto em sua direção, ela se levanta também, afastando-se de mim como se
eu a estivesse machucando.
— Você pode fazer o que quiser, Colin, eu tenho certeza da minha
posição. Não precisa vir com essa fala melosa, isso aí não é você. E eu não
vou fazer isso, se está tudo bem para você jogar nossa amizade fora, eu sinto
muito, não está para mim.
— Não vamos jogar nada fora. Estou tentando te dizer de um jeito que
você entenda que eu quero você.
— É você que precisa entender que isso não vai acontecer. Nós somos
amigos, melhores amigos. Nunca seremos mais do que isso, eu já aceitei isso
Colin, está na sua vez de aceitar.
Não entendo o que ela quis dizer sobre já ter aceitado isso, como se
tivesse sido algo difícil, sendo que ela parece ter aceitado isso fácil demais.
— Eu não vou desistir, Caitlin.
— Então nós vamos ter sérios problemas.
— Ótimo! Eu adoro problemas!
Ela bufa irritada e vai para seu quarto e eu começo a planejar o que
poderei fazer depois da nossa primeira noite para mostrar a ela que posso ser
um bom namorado, se for mesmo isso o que ela vai esperar de mim. Não tem
problema, posso ser qualquer coisa que ela precise.

Após nossa conversa Caitlin saiu, não disse com quem e só posso torcer
que não tenha ido com o imbecil. Não a ouvi ao telefone com ele hoje, não a vi
sequer com o telefone na mão, então tenho uma esperança vaga de que ela
esteja com alguma amiga, ou comprando algo. Ficar preso nesse apartamento
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está me deixando louco! A próxima luta é em poucos dias e eu deveria estar


treinando, não preciso estar cem por cento para vencer uma luta, mesmo que
seja a semifinal do campeonato. Isso significa que meu adversário passou por
vários outros lutadores, assim como eu, então ele será ainda mais difícil do
que todos os outros que enfrentei. Mas eu não vou desistir sem tentar.
Assim como não vou desistir da Caitlin sem antes tentar de tudo para
convencê-la.
Interfono ao porteiro e peço que ele me avise quando a Caitlin chegar,
procuro um bom filminho animado na televisão, e acho que por conta do meu
recorde de dias sem transar, meu pau rapidamente está disposto. O porteiro me
interfona e finalmente posso dar um alívio para meu querido pau. Começo a
tocá-lo, bem de leve, devagar, esperando por ela. Ouço a porta abrir e ela
entra com umas sacolas, tinha mesmo ido ao mercado, não saído com alguém.
Ela chama por mim e fica calada de repente, a passos leves, aproxima-se de
mim, seus olhos arregalados e a boca aberta em choque.
O filme pornô continua na televisão, mas ela olha para ele por dois
segundos antes de seu olhar cair sobre mim, ela tenta falar algo, mas acelero
um pouco o movimento, fingindo que ainda não a vi ali, e vejo pelo canto do
olho seu olhar se fixar no meu pau, e ela desiste do que quer que ia dizer.
Então olho para ela, fixo meus olhos nos seus.
Seguro meu pau firmemente, exibindo-o para que ela o veja. Quero aquele
olhar delicioso de desejo em seus olhos de novo, quero saber que ele é
direcionado a mim, não a nenhum outro homem. Que seu corpo deseja o meu.
Olho em seus olhos, preso em sua reação, totalmente enfeitiçado pela forma
como seu rosto cora, como ela engole em seco e lambe os lábios, como parece
com medo e ao mesmo tempo, maravilhada com o que vê. Quero oferecê-lo a
ela, pedir que ela o toque, pedir que me deixe tirar sua roupa e acabar com
isso de uma vez por todas antes que nós dois percamos completamente nossa
sanidade, mas não consigo dizer nada. Não consigo fazer qualquer outro
movimento além deste que estou fazendo para ela. Ela não se aproxima de
mim, mas também não se afasta, seus olhos estão fixos em mim e no que estou
fazendo.
— Caitlin... — chamo seu nome baixinho pouco antes de um orgasmo me
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atingir com força, fecho os olhos um segundo, em êxtase, e quando os abro, ela
não está mais ali. Correu para seu quarto.
Tomo um banho rápido, porque não quero permitir que ela saia sem falar
comigo, mas ela não sai do quarto. Eu espero por horas, e como ela não está
disposta a me encarar, sou eu quem vai falar com ela.
— Fingir que nada aconteceu não vai fazer o desejo sumir — grito para
sua porta, nem sei se ela está ouvindo. — Eu sei que você está me odiando
agora, e provavelmente eu mereço isso. Sei que você me conhece o suficiente
para achar que isso é desejo, Caitlin. Que é apenas isso. Mas não é. Porra,
estamos falando de você! Você é a pessoa que mais amo no mundo, talvez a
única pessoa que eu ame, e eu nunca, nunca mesmo, faria qualquer coisa que a
machucasse. Eu sei que você não é uma dessas mulheres que transa com um
cara e não quer vê-lo mais na manhã seguinte.
Ela não responde e não há qualquer barulho vindo do seu quarto. Penso
que pode estar dormindo, mas continuo, para o caso de ela estar ouvindo.
— E eu não sou um desses caras com quem você sonhou perder a
virgindade, sendo sincero, eu não me acho mesmo digno de você. E eu tentei
colocar a cabeça no lugar, porque desejos, a gente controla, Caitlin, mas o que
eu sinto por você, não consigo controlar! Eu tentei, eu juro! Eu queria não
querer ser o seu primeiro, eu queria não vê-la como a mulher que eu mais
desejei na vida, mas não posso mudar isso! Por favor, abra essa porta e diz
que não me odeia, diz que vai pensar, pelo menos isso... Caitlin, por favor!
Não tenho qualquer resposta e abro a porta do seu quarto, ela está
quietinha em sua cama, sua respiração leve e seu corpo pequeno descoberto. A
cubro com cuidado para não acordá-la e saio dali atordoado.

Chego ao clube e sou recebido como um herói, o que mais ouço dos caras
é “cara, você sobreviveu”, meu humor melhora rapidamente estando entre a
bagunça deles. Claro, os que não foram babacas o suficiente para fazer apostas
evolvendo minha Caitlin. Thor me cumprimenta, examinando meu estado e
ainda brinca:

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— E aí, Hanson? Consegue dar um soco?


— Consigo até mesmo derrotar meu próximo adversário. Vim confirmar
data e horário da luta.
Ele parece confuso e olha para os lados, antes de falar comigo.
— Colin, não acho uma boa ideia você lutar agora. Você mal se recuperou
de um ferimento grave, você fez tudo o que pôde, filho, fez mais do que podia,
não precisa mais lutar.
— E abrir mão do campeonato? De jeito nenhum! Eu sei o que você vai
dizer, mas eu sei os meus limites e estou disposto a ultrapassá-los, acredite
Thor, vai me fazer menos mal lutar assim, todo quebrado, do que não lutar.
Posso ver a admiração em seus olhos, mas, por algum motivo que
desconheço, ele continua tentando me convencer a mudar de ideia.
— Não seria prudente você lutar agora, Colin, pense bem. Graças a Deus
não foi nada que deixasse uma sequela dessa última vez, mas abusar da sorte
para quê? Você não está cem por cento, melhor não arriscarmos que algo mais
grave aconteça.
— Eu estava muito mais ferido quando me levantei naquele ringue e o
derrubei. Você sabe que posso lutar assim e que posso vencer. Por que não
quer que eu lute?
Ele não responde, derrotado, aponta para o quadro com os cronogramas
das lutas.
— Só restaram dois clubes na semifinal, dois lutadores de cada clube.
Então, por decisão unânime dos patrocinadores, a final não pode ser entre dois
lutadores de um mesmo clube, de forma que nessa semifinal...
Ele para de falar, mas não é necessário que continue, porque encontro ali
no quadro pendurado na parede. A próxima luta é em três dias, e meu
adversário é nada mais nada menos, do que Stephen Ryan.
— Não lute, filho. Todo mundo vai entender que você não está em
condições

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— Eu vou lutar!
— Colin, — Garrick, um dos lutadores que mais gosto, intervém — ele
sempre vence você quando está nos seus melhores dias, imagina lutando
quebrado? Você não terá a menor chance.
— Não importa, eu não vou desistir sem tentar.
Thor começa a falar de novo, mas o corto, quero deixar claro que não há
um assunto a ser discutido aqui, a minha decisão está tomada.
— Eu vou lutar! Vocês não têm permissão para me tirar do campeonato,
eu não quebrei nenhuma regra! Então sugiro que não tentem, isso é pessoal e
eu vou lutar com ele, e vou vencer!
Eles desistem de tentar me persuadir e volto para casa me perguntando
como caralho vou vencê-lo se mal consigo me virar, mas eu vou. Dessa vez,
pela primeira vez, vou vencer Stephen Ryan.

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CAPÍTULO QUATORZE
Quando chego em casa, Caitlin está jantando, sentada à mesa com cara de
poucos amigos. Abre um sorriso curto quando me vê e volta sua atenção ao
prato diante dela.
— Seu prato está no forno — diz.
Sento-me diante dela e a observo.
— Você não estava dormindo. Se não tivesse escutado o que eu disse, não
estaria aqui falando comigo e conseguindo olhar para minha cara, mesmo que
por poucos segundos.
— Eu ouvi o que você disse — é tudo o que diz, e sem olhar para mim.
— Eu não odeio você, se é o que quer saber.
— E a outra parte?
— Não força, Colin.
— Tudo bem.
Pego o prato de macarronada que ela deixou no forno e sento-me de frente
para ela. Noto que seu olhar pousa em mim algumas vezes, mas logo ela
desvia. Até que por fim, ela decide parar de me evitar.
— Está tudo bem? Você parece tenso.
— Por que acha isso?
— Porque está balançando a perna sem parar e mordendo o garfo ao
invés da comida.
Sorrio. Ela vai me pedir para não lutar e eu preciso realmente fazer isso.
— Eu fui ao clube. A semifinal é em três dias e meu adversário é Stephen
Ryan.

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Ela para o movimento de levar o garfo até a boca no ar, e me encara em


choque.
— Que púbis!
— Pois é.
— E o que você vai fazer?
— Vencê-lo, é claro.
Ela larga o garfo e cruza os braços, sorrindo divertida e sei que vou levar
tamancadas a partir de agora.
— É claro, porque você sempre faz isso, certo? Ah não, espera, Stephen
não é aquele cara que sempre vence você?
— Bom, nessa luta irei enxergá-lo como aquele cara que quer entrar na
sua calcinha, acho que isso vai me ajudar a vencer.
Ela sorri e pega minha mão por cima da mesa.
— Você não tem que fazer isso, você sabe. Mas, acho que vai fazer assim
mesmo.
— Você me conhece bem, baby.
— Não adianta você enfrentá-lo com raiva ou rivalidade apenas. Você
sempre fez isso e nunca funcionou. Você está machucado, sentir raiva não vai
fazê-lo se curar de repente.
— Caitlin, não estou conseguindo entender onde você quer chegar. Está
dizendo que tenho que vencer ou me convencendo a não lutar?
— Não enche, não sou boa com essas coisas de luta. Estou dizendo que
você pode vencê-lo, use a cabeça ao invés da raiva. Você derrotou um
brutamontes quando achei que ele te mataria, então pode derrotá-lo se der os
golpes certos.
Sinto uma pontada em meu peito e meus olhos parecem querer encher.
Como se eu estivesse emocionado, e feliz e... não entendo o que é essa outra
coisa, mas eu daria tudo para puxar essa mulher para o meu colo agora mesmo
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e cobri-la de beijos.
— Você acha mesmo que tenho alguma chance?
— Eu acredito em você, Colin. Só não me faça ter que implorar de novo
para que você vença, faça isso de maneira bonita.
— Eu farei isso de um jeito que irá encher você de orgulho, minha
pequena.
— Até que eu estava com saudade desses seus apelidos fofos — ela diz
soltando minha mão, mas durante o jantar, não consigo deixar de olhar para
ela, com essa conexão nova que não entendo, mas gosto.

Sou obrigado a desligar meu telefone porque a maldita da Hannah não


para de ligar. Ela só pode estar louca se acha que vou assinar aqueles papéis e
dar a ela tudo o que a levou a destruir minha família. Sei que preciso evitar
outro confronto frente a frente, porque a Caitlin pode não estar por perto para
me impedir de perder a cabeça e eu realmente preciso estar com ela, ficar
livre por ela.
Vejo-a andando pela cozinha cantarolando, seu perfume preenche o
ambiente e ela usa um vestido de renda que abraça seu corpo perfeitamente e
uma maquiagem leve que realça seus olhos de gata e a deixa ainda mais linda.
— Uau! Quer dividir essa felicidade, toda? — brinco e sinto que ela fica
tensa.
— Eu vou sair um pouquinho — diz como uma criança confessando uma
arte aos pais.
Seus grandes olhos estão focados em mim e apenas abaixo a cabeça.
Depois da merda de conexão que tivemos no jantar ela vai sair com outro. Do
que estou falando? Eu tive essa conexão, não ela. Tento impedir que a raiva
me tome, porque não preciso mesmo ser mais idiota com ela do que tenho
sido, mas porra! Ela ainda precisa sair com ele? Que merda mais tenho que
falar e fazer para ela entender de uma vez por todas que é minha?
Levanto-me em sua direção e ela estende as mãos, andando para trás com
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os olhos arregalados.
— Colin Hanson, saia do modo maluco e não faça nenhuma besteira.
— Por que você vai sair com ele?
— Porque eu gosto da companhia dele. Colin, você precisa parar de agir
assim. Você não pode surtar cada vez que me vir saindo com alguém, seja o
Stephen ou qualquer outro, é a minha vida!
— Eu não vou surtar. Por que acha isso?
— Porque está com aquele olhar assassino, assustador de quem vai surtar.
— Eu nunca machucaria você — garanto a ela, olhando em seus olhos e a
vejo vacilar um pouco.
— Existem muitas maneiras de se machucar uma pessoa.
— Eu sei bem, você está fazendo isso comigo agora.
— É esse tipo de conversa que não quero ter com você. Prefiro que você
surte, pode surtar, quebre as coisas, grite, sei lá mais o que você pode fazer.
— Ele está vindo te pegar?
— Não, eu irei encontrá-lo em um local onde você não vai aparecer para
espionar, ok?
— Não vou. E não vou surtar também. — Dou um passo em sua direção e
ela dá outro para trás. — Eu só quero adverti-la de que está perdendo seu
tempo saindo com ele. Você me pertence, Caitlin.
— Só porque você quer transar comigo, isso não faz de mim, sua.
Dou mais dois passos quase a alcançando e seus olhos enormes estão em
pânico, seu rosto corado, porque ela sabe o que vou fazer.
— Você é minha porque sou eu que controlo o seu prazer, Caitlin. Você
pode sair com ele, eu não vou impedi-la, nem gritar ou nada assim.
— Que bom que você é adulto e entende que não é dono de ninguém.

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Sorrio.
— Acho que preciso te provar um ponto.
— Eu acho que não — ela diz e tenta correr, mas a seguro e a puxo para
mim, guiando-a até o sofá.
— Isso é para que você se lembre quando estiver com o seu namoradinho.
Porque se você não vai ficar com ele, não faz sentido ficar saindo com ele
vestida assim.
— Isso não é um encontro, nós vamos apenas...
A calo com minha boca e deixo que meu corpo caia sobre o dela. Sua
resistência logo deixa de existir e ela corresponde, daquele jeito doce e
apaixonado que me faz perder o controle. Toco seus seios por cima do vestido
delicado e ela geme, então desço minhas mãos, passeando por todo seu corpo
delicioso, até tocar suas coxas. As subo bem devagar, sentindo o calor de cada
centímetro de sua pele quente. Ela trava debaixo de mim, seus lábios não
correspondendo mais ao meu beijo e tento tranquilizá-la.
— Eu não vou fazer nada demais, Caitlin. Você estará com seu
namoradinho na hora marcada. E você sempre pode me pedir para parar.
— Parar o quê?
Afasto sua calcinha delicada e toco sua boceta, pequena e molhada. Ela
geme e se contorce embaixo de mim, quase me fazendo perder o controle.
Então pressiono seu clitóris, bem devagar, brincando com ele, fazendo-a
morder os lábios para não gritar. Suas mãos que apertavam meus braços
relaxam e ela está totalmente entregue a mim.
— O seu namorado faz isso, Caitlin? Ele a faz sentir-se assim?
Ela apenas geme e nem tenta me responder, enquanto vou aumentando a
pressão em seu clitóris.
— Responda, Caitlin! — Pressiono mais forte e abaixo a taça de seu
vestido, ela não usa sutiã e seu mamilo rosado, intumescido, se aquece dentro
da minha boca. Sugo com força e ela grita. Tenho tanta fome dela que me sinto
um selvagem, quero rasgar essa roupa e fazê-la minha, e é difícil me controlar.
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— Responda! — exijo pouco antes de passear os dentes pelo seu mamilo


e pressionar um dedo em seu centro, bem de leve, apenas testando sua
resistência. — Responda!
Ela grunhe a resposta pouco antes de gritar em êxtase.
— Não! Ele não é ... — ela se desmancha nos meus dedos, e espero até
que esteja parada e sem forças para tirar meu dedo dela, seu rosto rosado e
sua boca aberta enquanto se recupera. Eu nunca a vi tão linda, eu poderia tirar
uma foto dela assim e ficar olhando para ela todos os dias, sem me cansar. Ela
é maravilhosa! Levanto-me antes que eu perca de vez o controle.
— Isso, Caitlin, se chama prazer. Mas aquele seu namoradinho de merda,
não sabe o que é isso! Você pode sair com ele quantas vezes quiser, mas você
está perdendo seu tempo. Eu estou bem aqui!
A deixo sem reação, seus olhos cravados em mim, mas não consegue
dizer nada. Levo meus dedos à boca para sentir seu gosto. Divino, perfeito.
Como eu sempre soube que seria. E ela joga a cabeça pesadamente no sofá,
seu cabelo volumoso em volta de seu rosto corado pós orgasmo.
Então a deixo ali ciente que isso precisa ser mais rápido, preciso mais do
que depressa tê-la inteira só para mim.

Passo a manhã seguinte na academia do prédio testando o quanto posso


me mover sem sentir dor. Consigo levantar alguns pesos e fazer exercícios que
achei que não suportaria. A dor diminui quando você a enfrenta. Ou quando se
acostuma com ela. Quando subo, estou quebrado, só posso imaginar como
ficarei amanhã. Stephen pode me quebrar, mas sairei morto como o vencedor.
Brincadeira. Não pretendo mesmo apanhar nessa luta. Agora tenho algo que
nunca tive antes nas vezes em que o enfrentava: um lindo e apaixonante
incentivo.
Abro a porta do apartamento e vejo uma mala no meio da sala.
Aproximo-me pensando quem poderia estar de mudança para cá, e Caitlin
aparece com uma bolsa pendurada nos ombros, olhando-me com tristeza e
segura a mala.

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A minha ficha não quer cair.


— O que está acontecendo? — pergunto, mas antes de qualquer resposta,
a maldita dor já está saindo de seu esconderijo.
— Estou indo passar um tempo fora. Não podemos continuar nessa
situação, Colin.
Faço um gesto negativo com a cabeça e deixo a garrafinha de água cair no
chão. Aproximo-me dela olhando em seus olhos, e seguro a mala, não vou
permitir que ela saia de jeito nenhum!
— Por que está indo embora? Para onde você acha que vai? Não pode me
deixar aqui, por que quer fazer isso?
— Por que você acha? — ela grita e seus olhos estão cheios, ela está
tentando se controlar. — Você está me enlouquecendo, Colin! Está me
deixando maluca! Você é o senhor do sexo, conseguiu provar isso, mas eu não
aguento mais! Cada vez que você me toca eu quase cedo e depois eu fico me
odiando por isso.
— Não, Caitlin, por favor não faz isso comigo. Minha intenção não é
fazer você se sentir mal, eu não teria que apelar tanto se você cedesse, se
entendesse que você é minha!
— Mas eu não sou! Colin eu não sou sua e não sou um objeto que você
deseja e pode fazer o que quiser para comprá-lo, não funciona assim.
— Eu não estava tentando comprar você. Caitlin, não me deixa, eu não
saberia viver sem você, eu não sei nem começar a pensar como seria isso, por
favor.
— Não dificulte as coisas. Precisamos nos afastar por uns dias, esfriar a
cabeça, esperar as coisas voltarem a ser como antes.
— Não vão voltar! Não serão como antes nunca, porque eu sei seu gosto,
eu conheço seus beijos eu sei como tocá-la agora e não vou esquecer isso. Eu
não vou esquecer como você é linda quando goza, ou como se perde quando eu
a beijo, você poderia ir para o outro lado do mundo, eu ainda continuaria
pensando em você, desejando você e ainda seria o mesmo maluco
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descontrolado sem você por perto.


Ela fecha os olhos e as lágrimas caem.
— Eu não sei o que é pior, Colin. Quando você me toca ou quando diz
essas coisas, não sei mesmo o que me machuca mais.
— Caitlin, não vá. Eu juro que nunca mais vou machucá-la, eu não vou
mais tentar tocá-la, eu... não, eu não posso jurar isso porque sei que não vou
cumprir, mas eu prometo que se você disser pare eu paro e não tento de novo
por horas, eu só preciso que você esteja aqui todos os dias. Caitlin, eu sou
louco, é você que me mantém um pouco são, se eu perder você não vai sobrar
nada.
— Não é verdade. Você é esquentado e inconsequente, mas tem um
coração de ouro e é tão inteligente, Colin! Você não precisa de ninguém para
ficar bem.
— Preciso de você. Não vou ficar bem sem você.
Ela tira minha mão da mala e a arrasta até a porta, mas a seguro. Não
posso deixar que ela saia, não posso!
— Caitlin, vamos fazer um acordo. Venha aqui comigo, me deixe apenas
beijar você e se eu a fizer gozar sem tocá-la com as mãos, então você fica.
Mas se eu não for capaz de entender o seu corpo e suas necessidades então a
deixarei ir. Não é sedução! Não vou tocá-la, eu só preciso beijar você. Você
vai entender!
Não sei como dizer que não sei dizer o que sinto e talvez se eu beijá-la
sem que isso envolva meu toque descontrolado sobre ela, ela sinta também,
talvez ela entenda e fique, porque vai saber que não a quero por uma noite
apenas.
— Eu sei que você é capaz. Colin, eu te conheço tão bem! E ainda assim
nesses últimos dias você conseguiu me surpreender sendo fofo e desesperado
com seu ciúme, mas isso é pior para mim do que quando você me seduz e me
toca.
— Caitlin...
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— Eu não vou fazer acordo nenhum com você. Eu não estou me sentindo
bem aqui com você e se você realmente gosta de mim como diz, precisa me
deixar ir.
— Não! Não! Eu não posso! Eu vou perdê-la para sempre, eu não posso!
— Você quer que eu fique aqui com você mesmo que isso me faça infeliz?
— Não — respondo derrotado e fico de costas para ela. Não quero que
ela me veja chorando. — Para onde você vai?
— Para a casa de uma amiga da faculdade, a Mackenzie.
— Qualquer coisa que você precisar, me liga tá? Assim que deixar de me
odiar e puder falar comigo, me avisa, pra eu ir ver você.
— Colin, eu não te odeio. — Ela toca meu ombro, mas não me viro. Não
quero que ela me veja assim. — Eu vou ligar assim que as coisas se
acalmarem. Não se preocupe comigo. E você sabe que qualquer coisa que
você precisar eu estou aqui.
— Não está, não. Mas pode ir em paz. Se cuida, Caitlin.
— Você também.
Ouço seus passos no chão e o som das rodinhas da mala, então a porta
bate e eu desmorono. Nunca imaginei como seria viver sem ela, embora
soubesse bem que não conseguiria. Mas em cada plano idiota que fiz do meu
futuro, mesmo os mais bobos a incluíam. E eu nunca pensei que chegaria o dia
em que eu precisaria descobrir como viver sem ela. Cada canto desse
apartamento tem ela, com seu sorriso doce, suas piadas ácidas e sua paixão
por essas séries bobas de heróis. Tem ela na cozinha queimando a comida e
tomando sorvete da maneira mais sensual do mundo. Tem ela na minha cama,
jogando conversa fora, enquanto tenta se desculpar por algo pelo qual já nem
estou mais bravo. Tem ela no chuveiro se derretendo na minha boca, dizendo
que iria se entregar a mim. Em cada canto dessa casa tem ela, e cada
lembrança dela me fere mais do que a anterior, não posso ficar aqui!
Visto uma roupa e pego a moto, isso não funciona bem, quando preciso
não pensar e saio sem rumo dificilmente volto melhor, mas ficar aqui dentro
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está me enlouquecendo e para quem mais eu poderia contar o que estou


sentindo? Eu a perdi. Realmente consegui perdê-la.
Vou até o consultório da doutora Mansfield, mas ela já foi embora e não
consigo contatá-la pelo celular. Maldita casamenteira que não está quando
mais preciso dela! O que eu vou fazer sem a Caitlin? O que vou fazer sem
saber do seu dia, dos seus planos? Sem vê-la se atrasando para as coisas ou
enfiando a cara em livros com aqueles óculos de professorinha e a expressão
de estresse adorável?
Aquela dorzinha maldita está cantando a plenos pulmões que no final das
contas, eu tentei tanto correr daquilo que poderia acabar com ela, achando que
eu poderia ser homem o bastante para sumir com ela sozinho, quando na
verdade, estava sendo um grande covarde negando algo que sempre esteve na
minha cara, e eu não queria ver. Se eu tivesse deixado que a Caitlin mandasse
essa maldita dor para o inferno, estaria com ela agora, e eu podia até ser esse
babaca inconstante e imprevisível, mas estaria com ela. E muitas das merdas
que tenho feito para estar com ela sem realmente estar, eu teria evitado.
A dor parece rir mais ainda de mim quando vou me dando conta do que
mais está errado na minha vida agora, ela aponta o dedo para mim
cantarolando bem alto que não adianta achar a cura depois de corrompê-la.
Caitlin nunca acreditaria em mim se depois do meu discurso quero comê-la e
nada mais, eu simplesmente dissesse que todo esse meu desespero e idiotice é
culpa de algo com o qual não sei lidar. Jamais acreditaria em mim se eu
confessasse que apenas agora entendi que eu...
— Merda! Merda! Malditas rogadoras de pragas! — xingo a plenos
pulmões a doutora casamenteira e Serena, com aquele papo idiota de amar.
Meu coração salta no peito, minha cabeça dói como se eu tivesse levado
um soco em cheio na cara, e me falta ar por um breve momento.
Tenho feito as coisas erradas, mesmo sabendo que estão erradas e
machucado pessoas que nunca tive a intenção de machucar, e eu achei mesmo
que estava fazendo tudo isso por ser um otário com um pau que comanda a
cabeça e não consegue se controlar, quando na verdade há um motivo para eu
ter me perdido tanto. Há um único e complicado motivo para eu estar disposto

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a ser um grande babaca, contando que a Caitlin seja minha.


Não posso acreditar que era isso o tempo todo e eu não percebi. Como
caralho eu não percebi? Ela esteve ali o tempo todo diante de mim, como
posso ter sido tão cego? E tão burro?
Tremendo um pouco pelo choque, pego meu celular e vejo uma foto dela,
de anos atrás, rindo para a câmera enquanto a carrego como seu cavalinho. E
vejo meu olhar para a câmera. Merda! Quando foi que isso começou? Desde
quando sou apaixonado por ela sem perceber isso? Olho várias fotos em que
estamos juntos e em cada uma delas a maneira como a olho ou como reajo
estando com ela é muito clara. Até um cego veria isso. Todo mundo viu, a
doutora Katy, a Lorna, até mesmo a Serena, menos eu.
— É Colin, você estava errado. Realmente é preciso estar apaixonado
para se perder por alguém.

Após horas rodando sem rumo, volto para a casa vazia, minha cara no
espelho está assustadora, não me lembro quando foi a última vez que chorei.
Sim, eu me lembro. Só não me lembrava que doía tanto. Aquela dor chata de
amar alguém e perdê-la não me abandona, mas sei que ela nunca irá embora,
então preciso entrar em um acordo com ela.
— Vá, sua maldita! Faça seu estrago agora, depois você me dá um
sossego para que eu consiga dormir, tudo bem?
Acho que a doutora Katy vai ter que me internar.
O som da campainha parece atingir em cheio lá dentro da minha cabeça.
Abro a porta e quase consigo ficar feliz, pelo menos animado, mas não
consigo.
— Quem é vivo sempre aparece. Você está ridículo, seu babaca! —
cumprimento Dustin que parece radiante de tão feliz.
— Cala a boca, seu merda! Eu passei no clube e o Thor me disse que
você estava quebrado, mas não achei que estivesse tão quebrado.
— É, eu estou. Fui bem quebrado hoje.
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— E mesmo assim vai enfrentar Stephen Ryan depois de amanhã?


— É, eu vou.
— Cara, você é mesmo maluco. Mas se não quer morrer é melhor me
encontrar amanhã cedo para a gente treinar.
— Voltando às suas origens, modelinho? Quem sabe assim seu pau não
volta a subir como o homem que você deveria ser?
— A minha esposa não está reclamando do meu desempenho, então cale a
sua boca!
Só então percebo a presença feminina atrás dele. De cabelos negros e um
sorriso lindo, a garota estende a mão para mim parecendo sentir pena. Pego
sua mão e me apresento, e ela faz o mesmo.
— Sou Carolina, mas pode me chamar de Carol.
— Ela é brasileira — Dustin diz.
— Eu sei. Todo mundo sabe sobre a sua Carol, você só fez chorar por ela
nos últimos meses.
— Onde está a Caitlin? — pergunta procurando por ela no apartamento.
Agora vem a parte mais difícil.
— Foi embora. Essa tarde.
— Que merda! Como você está com isso?
— Como você acha?
Ando até o banheiro e volto de lá com uma caixinha de lenços, tiro um e
estendo para a linda esposa do meu amigo e pergunto:
— Você gosta de drama e de idiotas apaixonados?
Ela me avalia com o lenço na mão, provavelmente achando que sou
louco.
— Adoro — responde finalmente piscando para Dustin que sorri em

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resposta.
— Ótimo, então você vai precisar disso — entrego o lenço a ela, e tiro
um para Dustin.
— Cara, para que eu vou precisar disso?
Tiro meu próprio lenço e como uma adolescente abandonada dessas
séries dramáticas, começo a chorar.
— Sabe quando você demora demais a perceber que ama alguém?
Conto toda a história a eles, e me surpreendo por Dustin ter passado pela
mesma coisa com a Carol. Mas, ele corrigiu seu erro e foi buscá-la assumindo
o que sentia e se redimindo. Eu estou pronto para fazer isso, estou pronto para
dizer a Caitlin como me sinto e trazê-la de volta, eu só não sei como fazer
isso. Mas acho que a Carolina aqui vai me ajudar.

Eu mal dormi à noite, minha cara parece péssima e me sinto um zumbi.


Mas meu corpo não dói o que é um grande consolo. Pego o celular o tempo
todo enquanto treino com Dustin, mas não tenho coragem de ligar em nenhuma
das vezes, eu só queria perguntar a ela se ela vai assistir minha luta, mas ela
precisa de um tempo. E não posso mais uma vez colocar as minhas
necessidades acima das dela. De qualquer forma, a manterei comigo na luta,
em pensamento. Dustin me disse claramente que eu tinha que dormir essa
noite, como se fosse minha, essa escolha. Não preguei os olhos, foram tantas
lembranças me preenchendo e eu não sei como caralho eu não percebi antes o
que sentia. Não é possível ter sido tão burro!
Consigo dormir um pouco depois que o sol nasce, depois que vou me
deitar na cama dela, sentindo seu cheiro gostoso, foi como se ela estivesse
aqui.

Assim que chego ao clube, procuro Serena e a libero de ser minha Sorte
esta noite. Não seria legal, já que o adversário é seu irmão. Recebo um tapa na
cabeça de Dustin quando conto a ele o que fiz, seguido de uma zoeira.
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— Oh, o bebê chorão está crescendo! Alguém liga para a Caitlin e avisa!
— Seu babaca! — reclamo.
O clube está cada vez mais cheio e eu deveria estar nervoso, ou pelo
menos ansioso, mas só espero que ela venha e que torça por mim. A plateia
está se direcionando a um lado específico da torcida. Noto que uma parte dela
é de quem está apostando no Stephen e outra de quem está apostando em mim.
Engraçado, em questão de torcida estamos pau a pau. Mas ela ainda não
chegou. É provável que não venha, ela tem esse direito. Ela não costuma
quebrar suas promessas, mas dessa vez, eu não consideraria como uma quebra,
porque fui quem a provocou ao ponto de ela não se sentir mais bem ao meu
lado.
— Pronto para perder, Hanson? Me dá até peninha enfrentar você quando
está claramente incapaz, mas já que você insiste...
Nem me dou ao trabalho de olhar para ele para respondê-lo. Hoje
realmente não estou no clima para essas batalhas verbais idiotas.
— Se você precisa parar aqui e ficar me dizendo isso, é porque não está
tão certo assim que vai vencer.
— Eu não preciso te provar nada, a gente se entende no ringue. Se está
procurando a Caitlin, ela não vem. Não sei o que fez com ela e nem quero
imaginar que você a tenha tocado, mas se você queria acabar com ela,
parabéns! Você conseguiu!
Olho para ele quase suplicando por notícias dela, e ele parece confuso ao
ver minha cara.
— Ela está tão mal assim?
— Ela não vai aparecer aqui hoje.
— Você a viu? Ela fez alguma piada sarcástica com você ou parecia
triste?
— Não a vi, ela não quis me ver, não quer ver ninguém pelo que entendi.
Mas por sua voz ao telefone eu diria que está bem triste. Não sei como ajudá-
la.
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— Merda! — Levo as mãos à cabeça com a culpa me corroendo ainda


mais. O que foi que eu fiz com ela?
O locutor cumprimenta a plateia e chega a hora de irmos. Stephen vai
primeiro, eu ainda procuro por ela mais uma vez, então memorizo seu rosto ao
gozar para ter forças de vencer essa luta. O locutor faz uma piada sobre meu
estado de saúde que leva a plateia aos risos, mas não consegui ouvir direito o
que disse. Há um zumbido em meus ouvidos, não é nada parecido com os
malditos fantasmas, é apenas algo que me deixa fora do ar. E não posso sair do
ar agora. Aperto a mão de Stephen, uma cordialidade apenas, já que somos da
mesma equipe.
— Quero deixar claro uma coisa, não estamos lutando pela Caitlin aqui.
Essa batalha não é por ela — ele diz, como se eu estivesse pensando algo
assim.
Sorrio em resposta e respondo seu aperto de mão com a mesma força que
ele está colocando na minha.
— Você deve estar se doendo, não é? Porque mesmo eu sendo um grande
babaca ela ainda assim não quis ficar com você. E eu sei o quanto você tentou!
— Também não a estou vendo ao seu lado.
— Ela está aqui onde mais importa. — Bato a mão no peito para que ele
entenda.
— Aproveite enquanto pode, porque eu vou arrancá-la daí! — ele ameaça
e eu preciso mesmo quebrar a cara desse idiota!
O juiz dá início à luta. Ataco primeiro, acertando-o com um chute,
seguido de um soco que o pega em cheio. Mas, logo ele revida com uma
sequência de socos na minha barriga e costela, perco o ar por alguns segundos,
a dor dilacerante quase me fazendo cair. Então ele não vai lutar limpo, eu
realmente esperava que ele fosse melhor do que isso. Me esquivo de seus
próximos golpes tentando encontrar uma brecha para acertá-lo, quando me
lembro do que a Caitlin disse na primeira vez que veio ao clube: as poucas
vezes em que ele foi atingido, foi por baixo, porque ele não se defende ali. Ele
vem em minha direção com o punho e retruco chutando-o, e derrubando-o em

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seguida. Porém, ele é rápido e me derruba na sequência, e mais uma vez, a dor
me atrapalha de reagir com a rapidez com que teria feito em um dia normal.
Merda! Por que não pedi que adiassem essa luta até que eu me
recuperasse por completo?
Olho para a plateia e algo chama minha atenção, desviando meu foco da
luta o suficiente para ser atingido em cheio de novo, na costela.
Caitlin está aqui. Sentada do meu lado da torcida, com seu cartaz na mão.
Ela teve o cuidado de levá-lo quando foi embora porque pretendia estar aqui
hoje. Sorrio para ela que acena e se junta ao coro da plateia gritando meu
nome e pedindo que eu reaja. Stephen também a vê, parece decepcionado por
ela estar ali. Como não jogo baixo como ele, espero que sua atenção esteja de
volta na luta para acertá-lo. Caitlin está vendo, então não vou perder essa luta
de jeito nenhum!
Ignoro o máximo que posso a dor na lateral do meu corpo e o ataco de
novo por baixo, usar os pés na verdade dói menos do que usar as mãos nesse
momento. Consigo derrubá-lo e apesar de saber que isso vai me matar de dor,
aplico nele um knee drop[6], acertando em cheio seu braço com o joelho. Ele
grita de dor e sei que no mínimo desloquei seu braço, o que me dá uma imensa
vantagem. O problema é que tenho muita dificuldade em me levantar, assim
como ele, e ficamos de pé ao mesmo tempo. Porém, seu forte são seus socos, e
ele não pode fazer isso agora com o braço inutilizado. Então ele me ataca com
chutes, me acerta o primeiro na barriga, mas, no segundo, seguro seu pé e o
giro, jogando-o mais uma vez ao chão. Agora que fiquei de pé, posso usar isso
a meu favor, pois ele vai demorar de novo a levantar-se. Pulo sobre ele
usando seu braço machucado para aplicar o Crucifixo, prendendo-o ao chão
de forma que ele não consegue escapar. O juiz faz a contagem, e sou declarado
o campeão.
Eu venci o Stephen babaca.
Caitlin me aplaude de pé. Pego o lenço da vitória e o beijo, em seguida o
levanto e a plateia vai à loucura. Sorrio para minha expectadora mais
importante, que sorri de volta, o orgulho estampado em sua cara. Eu estou na
final do campeonato. Vou ajudar Stephen a se levantar, mas ele recusa minha
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ajuda e logo, Thor aparece para levar nós dois ao hospital. É possível que eu
tenha fraturado outra costela hoje.

Na tarde seguinte já estou em casa e com um plano em mente. Percebi que


não tenho que seduzir a Caitlin para que ela queira ficar comigo, eu preciso
conquistá-la. Preciso mostrar a ela que a quero para muito mais do que fazer
amor.
Encontro Carolina na porta do meu prédio e subimos juntos, eu sei
cozinhar muito bem, mas não sei decorar o ambiente para o que tenho em
mente e ela vai me ajudar. Me concentro na comida e o resto deixo por conta
dela, que resmunga, me mandando fazer várias coisas ao mesmo tempo.
— Ei, paciência, eu estou todo machucado.
— Ah, por favor! Não venha bancar o bebê chorão comigo! Eu vi você
lutar ontem, poderia levantar essa mesa no estado em que está, pare de moleza
e carregue isso agora mesmo! Eu não vou pegar peso para você.
— Agora entendo como você domou o Dustin, você é mandona, hein!
— Estou ouvindo você reclamar? Porque se estiver eu vou embora!
— Meu Deus! O Dustin vai direto para o céu — brinco e ela responde
com olhos apaixonados.
— Você diz isso porque não faz ideia do que passei até conseguir domá-
lo. Ele merece a Carol mandona e você, se não andar logo com essa mesa, vai
conhecê-la também!
— Está me dizendo que isso aí ainda não é ela?
Ela me arremessa uma almofada e trato de carregar logo a mesa para
onde ela quer deixá-la.
Devo confessar que esse lance romântico e fofo está legal pra caralho!
Quando terminamos, olho o ambiente e não acredito no que fizemos em tão
pouco tempo. Caitlin vai amar. Posso até imaginar sua cara quando vir isso.
— Você tem certeza que ela vem? — Carol pergunta pela terceira vez e a
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encaro com uma careta.


— Você é extremamente irritante, garota. Ela vem, não estoure meus
sonhos.
— Foi mal, estou só perguntando.
— Ela vem. Agora você pode ir.
— Claro, me usa e depois joga fora. Só para você saber eu iria de
qualquer jeito porque o meu marido já chegou. Boa sorte com seu jantar e sua
garota.
— Obrigado, Carol. E agradeça ao Dustin por ter me emprestado você.
Ela faz uma careta e desce resmungando que não tinha que pedir
permissão a ele porque não é um brinquedo dele. Essas nossas mulheres...
Tomo um banho e visto minha melhor roupa: uma camisa surrada que sei
que a Caitlin adora. Coloco tudo à mesa e espero. Espero mesmo que ela
venha. Dustin teve muito trabalho dizendo a ela que eu estava quase morrendo
de dor e me recusava a ir ao hospital. Será que ela vai ficar mais brava ou
feliz com a mentira? Espero que feliz.
Logo, a porta é aberta e ela entra, já chamando meu nome irritada. Então,
estaca quando vê a mesa, as velas, os balões e almofadas.
— Uau! O que aconteceu aqui?
— Um jantar. Para você.
Ela abre um imenso sorriso.
— Então, você não está morrendo de dor.
— Depende do ponto de vista. E depende se você vai aceitar jantar
comigo. Se você disser não eu posso mesmo morrer.
— Colin, você sempre julgou meus dramas, mas você está me saindo
melhor do que a encomenda — ela brinca desconcertada observando tudo com
atenção.
— Você não fez tudo isso sozinho.
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— Não. Tive ajuda de uma amiga. Casada. Com meu amigo — explico
antes que ela imagine se tratar daquele tipo de amiga, já que minha única
amiga de verdade é ela. — Mas a ideia foi minha. Caitlin Ross, você aceita
jantar comigo? Para que fique claro isso é um encontro.
— Por que você está fazendo isso? — pergunta com seu jeito doce,
tentando muito não ficar emocionada, mas seus lindos olhos de gata já brilham.
— Eu só quero fazer as pazes. Eu preciso que você volte.
— Colin... — Seguro seu rosto tentando esconder meu desespero, não
quero assustá-la.
— Por favor, Caitlin, não me deixe. Eu posso superar qualquer outra
perda na vida, menos essa. Eu sou péssimo com palavras e essas coisas e não
sei dizer a você o que sinto, então me deixa mostrar. É tudo o que te peço. Se
depois de hoje você ainda quiser ir embora, então não pedirei mais. Não é
verdade, eu tentarei de novo, mas te darei mais alguns dias.
Ela ri e me abraça, devagar, tomando cuidado com meus machucados.
— Senti falta desse seu jeito louco. Parece que faz dias que nos
afastamos.
— Eu sei.
— Você não vai tentar me seduzir nem nada assim, não é?
— Não, meu bem. Essa noite não se trata disso. — A aperto em meus
braços e como senti falta dela! Do cheiro do seu cabelo, de ter que me curvar
para ficar do seu tamanho, do calor que seu corpo pequeno emana e que
consegue incendiar todo meu corpo.
— E se trata de quê então?
— Há um lado inteiro meu que você não conhece. Mas ele existe por
você, então preciso que me deixe mostrá-la.
Ela assente e puxo a cadeira para ela, servindo-a seu prato preferido, o
que a deixa claramente feliz. Sento-me ao seu lado e começamos a conversar.
Como sempre fizemos, porém, com mais intimidade do que pensei ser
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possível. Ela ri tão facilmente ao meu lado, como se os últimos dias não
tivessem acontecido. Quando terminamos de comer a levo até as almofadas,
onde nos deitamos. Esse seria o lugar e o momento perfeito para fazermos
amor, mas eu disse que essa noite não se trata disso, e não se trata.
Pairo meu corpo sobre o dela que arregala os olhos na defensiva,
acaricio seu rosto e a tranquilizo:
— Não vou fazer nada. Só quero beijá-la, tudo bem?
Ela assente e finalmente tomo sua boca. Ciente do que sinto por ela,
tentando mostrar isso a ela porque tenho medo de dizer. E ela corresponde,
toda sua doçura direcionada a mim, eu me derreto por ela. Eu seria capaz de
qualquer coisa por ela, não sei como fui tão cego e não percebi isso antes, mas
agora, parece que sinto em dobro por cada dia em que não assumi para mim
mesmo o que sentia. Ficamos horas assim, juntos, ela deitada nos meus braços,
relaxada. Coloco um de seus filmes de amor bobos para vermos, mas não a
deixo realmente assisti-lo porque não consigo parar de beijá-la.
Eu sei que tenho tanto a me desculpar com ela, e vou começar a fazer isso
agora, e estenderei essas desculpas por todos os outros dias se for preciso.
Sirvo duas taças de um vinho barato, porque esqueci de comprar um bom, e
levo em sua direção. Ela está com o celular numa mão, pega a taça da minha
mão com a outra e diz:
— É o Luke.
— Está tudo bem?
— Não sei.
Ela dá play em algum áudio que ele mandou para ela e sinto meu mundo
ruir conforme escuto a minha voz conversando com ele:

— Você acha que estou mentindo. Mas não estou.


— Então está me dizendo que não está travando essa guerra contra o
Stephen fora do clube porque sente algo pela Caitlin? Porque cara, é o que
está parecendo.
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— Eu jamais faria isso com você e independente disso, ela é minha


irmã. Estou apenas tentando protegê-la. Há uma diferença enorme entre não
permitir que ela durma com ele e querer que ela durma comigo.
— Então, você, Colin Hanson, está dando sua palavra de que não está
interessado na Caitlin? Não sente nada diferente por ela?
— Não, eu não sinto. A minha melhor amiga não vai perder a
virgindade com meu pior inimigo. Stephen pode me vencer nos ringues, mas
não vai vencer essa. Vou fazer o que for preciso para impedir que ela
cometa esse erro, e isso pode parecer sentimental às vezes, mas é apenas
isso. Estou fazendo meu papel de amigo, nada mais.

Não acredito que ele gravou isso.


— Caitlin, não é o que parece, eu posso explicar!
Ela se levanta e pega sua bolsa e corro atrás dela.
— Caitlin, por favor. Eu não sabia, eu só disse isso para acalmá-lo, não
estava sendo sincero. Eu estava tentando me convencer do que falei, eu não
sabia ainda o que sentia por você. Caitlin!
Mas ela não quer me ouvir. Entra no elevador e consegue fechá-lo antes
que eu a alcance, porque não consigo andar rápido o suficiente com essa tala
de merda na costela. Volto ao apartamento, pego o celular e peço socorro. Eu
não vou conseguir pilotar assim e preciso achá-la.
Assim que chego à rua, não a vejo em lugar nenhum, e uma voz atrás de
mim me faz querer matá-lo.
— Ela entrou em um táxi.
Luke está parado ali, olhando-me como se tivesse vencido, como se eu
fosse o culpado por perdê-la mais uma vez. E eu fui, mas não vou parar para
admitir isso agora.
— Seu filho da mãe! — O seguro pela camisa e bato seu corpo na parede.
— Que merda achou que estava fazendo gravando aquela conversa? Você tem
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ideia do que fez?


— Você não ia levá-la para a cama fingindo sentir algo por ela. Acha que
não vi o que fez na luta? A maneira como olhou para ela. Você a está iludindo,
Colin! Fingindo que a ama para conseguir tê-la.
— Eu não estava fingindo porra nenhuma! Estava fingindo quando falei
aquelas merdas para você! Eu amo a Caitlin, amo mais do que posso explicar
e por sua causa eu não sei onde ela está agora!
Ele parece em choque e o solto. Bater nele agora não vai adiantar. Onde
está o imbecil do Dustin? Eu preciso achá-la. Conheço os lugares onde ela
pode ter ido.
— Eu só fiz isso porque achei mesmo que você a estava usando, Colin. E
não achei justo que você fizesse isso com ela.
— Mas eu não estava! — respondo sem me dar ao trabalho de olhar para
ele.
— Se você tivesse me dito que a amava, nada disso teria acontecido. Eu
nem teria ficado chateado se soubesse.
Por que é tão difícil entender que eu era cego e não percebia que a
amava? E que mesmo quando descobri não sei lidar com essa merda. Por que
é tão difícil que as pessoas parem de esperar que eu aja como elas quando não
sou como elas? Não sou como ninguém! Sou só uma merda de um louco
apaixonado!
— Você sabia disso, Luke. Todo mundo sabia disso! Só eu que não!
Ele não responde mais, não há o que ser dito.
Dustin buzina em seu carro, Carol está ao seu lado, desce rapidamente
quando me vê e me abraça.
— O que houve? O que deu errado?
— Ele deu errado — digo apontando para o idiota do meu ex melhor
amigo. — Vamos, precisamos achá-la.
Entro no carro com eles e dou o primeiro endereço que acho que ela pode
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estar, tomara que eu consiga impedir que ela cometa alguma besteira e que ela
me deixe explicar, porque juro que vou perder o medo e dizer a ela de uma vez
por todas que eu a amo!

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CAPÍTULO QUINZE
Não sei há quanto tempo estamos rodando, mas já olhei em todos os
lugares que sei que a Caitlin costuma ir quando está triste, e ela não estava em
nenhum deles. Estou ficando sem ideias de onde procurá-la, e esse medo de
perdê-la de vez parece que vai me sufocar a qualquer momento.
— Não sei mais onde procurar. Olhamos em todos os lugares onde ela
costuma ir — admito desesperado.
— Ela deve estar em um lugar onde você não pode encontrá-la, Colin —
Carol diz com a mão em meu ombro, tentando me consolar. — Mas ela vai
aparecer, assim que essa raiva passar.
— E se não passar?
— Cara, vocês são amigos desde que me lembro, aquela garota realmente
te adora, ela vai te dar uma chance de contar sua versão da história.
Estou sentindo que não.
Quero liberar Dustin e Carol para que possam ir dormir, enquanto eu
continuo rodando à procura dela, mas eles não aceitam ir para a casa. Perdi a
conta de quantas vezes liguei para seu celular e o de Lorna, mas Lorna não
sabe dela e ela não me atende. Até que meu celular toca, e é Caitlin.
— Cait, onde você está? Você está bem?
Há um barulho enorme ao fundo e mal consigo ouvir a voz do outro lado
da linha, mas sei que não é Caitlin.
— Oi, é o Colin? Meu nome é Mackenzie, sou amiga da Caitlin. Não
aconteceu nada grave, ela só bebeu um pouco e não parece muito bem. Eu não
sei mais o que fazer com ela.
— Onde vocês estão?
Sei onde fica o pub onde ela foi, e sei o que acontece quando ela bebe.
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Temo chegar lá e encontrá-la nua em cima de uma mesa, mas a encontro


chorando em um canto, uma garrafa quase vazia em sua mão e duas amigas
cansadas ao lado dela.
— Mackenzie?
A loira a direita de Caitlin levanta-se e me cumprimenta.
— Estávamos aqui quando ela ligou, ela nunca veio com a gente antes,
começou a beber sem parar e chorava. Depois, ela queria beijar um cara
qualquer que estava passando. A namorada dele estava na mesa ao lado, foi
uma confusão. Ela misturou um monte de coisas.
Aproximo-me de Caitlin, que está com a cabeça sobre a mesa e a chamo:
— Ei, baby, vamos embora. Vim buscar você.
Ela levanta a cabeça vagarosamente e vejo a raiva em seus olhos, ela
olha Mackenzie e fala de maneira arrastada.
— Não deixa ele me levar.
— Eu juro que não vou machucá-la — digo a Mackenzie. — Não mais do
que já fiz.
— Você pode levá-la porque sei que só você vai poder ajudá-la agora.
Mas fique sabendo que vou ligar de hora em hora e vou querer falar com ela.
— Tudo bem. Obrigado, Mackenzie.
Pego Caitlin com todo cuidado, o ambiente pouco iluminado por luzes
coloridas, a arrasto dali enquanto ela pede a amiga que não me deixe levá-la.
A abraço forte no carro, ela tenta me afastar, mas cede e acaba adormecendo.
— Obrigado a vocês dois pela ajuda — digo ao descer do carro.
— Tem certeza que não quer que eu a leve lá para cima? — Dustin
oferece por causa da minha cara de dor.
— Não precisa. Não vou sair de perto dessa pequena de qualquer
maneira.
— Se cuida, cara. Qualquer coisa liga.
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Levo-a direto para o banheiro, ela resmunga coisas desconexas enquanto


tiro sua roupa.
— Brigando em um bar por um homem comprometido? Eu queria ter visto
isso, Cait. Você vira outra quando bebe, é quase como se tivesse dupla
personalidade.
— Ele nem era tão bonito — ela resmunga de olhos fechados tentando me
afastar.
Só então percebo que há uma marca roxa em seu queixo, no lado
esquerdo.
— O que é isso?
Ela não responde e me pergunto se a tal namorada do cara bateu nela. Se
essas amigas incompetentes dela deixaram que ela apanhasse. Termino de
despi-la e a levo para a água quente. Ela resmunga quando a água escorre por
seu corpo e fecha os olhos. Fico ali debaixo com ela, amparando-a, sentindo-a
tão perto de mim, e eu tive mesmo medo de nunca mais poder tocá-la de novo.
Depois de uns minutos ela abre os olhos, sua cara está péssima, mas
consegue ficar em pé sozinha, mesmo ainda um pouco zonza.
— Você não precisa ficar — diz baixinho.
— Não vou a lugar nenhum, Caitlin.
— Eu não quero você aqui.
— Vai ter que se acostumar, porque eu não vou a lugar nenhum!
— Por que você não me entende? — ela grita e tenta me acertar, mas se
desequilibra e a seguro, prendendo-a em meus braços.
Ela me bate, ainda mais fraco do que bateria se estivesse sóbria, mas
sinto sua raiva pelo jeito como grita enquanto me soca lentamente, se
esforçando para me acertar.
— Eu te odeio! — diz e começa a chorar.
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— Caitlin, não. Não chora, quando você dormir e acordar, vamos


conversar e vou te explicar tudo. Só me deixa cuidar de você agora, tudo bem?
Ela continua chorando e deita a cabeça em meu peito, parecendo fraca e
perdida. Questionando por que eu fiz isso. A abraço apertado, e a embalo,
movendo-a levemente embaixo da água quente, tentando niná-la. Acalmá-la.
Porque eu sou um babaca que te ama demais e não faz nada certo.
Porque eu não queria mesmo amar alguém desse jeito e correr o risco
de perder tudo, perdendo essa pessoa.
Porque agora eu sei que aquela dorzinha que vem me acompanhando,
que cessa quando estou com você e quase me mata quando você está longe,
nada mais é do que amor.
— Eu não fazia ideia que amar podia doer tanto — falo baixinho.
— Pode. É o que mais pode doer — ela responde com a voz sonolenta e
desligo a água. A seco, tendo que ampará-la porque ela não parece capaz de
ficar de pé sozinha e a levo para minha cama. Visto-a com um blusão meu e me
seco rapidamente, entrando debaixo da coberta com ela. Ela se aconchega a
mim, passando o braço à minha volta e deitando a cabeça em meu peito, e
assim que vejo que ela dormiu, começo a rezar.

Não preguei os olhos a noite toda, com medo de apagar e não vê-la
acordar. E aí ela poderia ir embora sem que eu explicasse para ela o que
realmente aconteceu. O sol nasceu há algumas horas, e sua respiração é tão
suave em meu peito, que por um momento quero que ela demore bastante a
acordar, para tê-la assim mais tempo. Mas por outro lado, quero que ela
acorde e que a gente converse, para ver se essa angústia que estou sentindo
diminui um pouco.
Pouco depois, ela se mexe e resmunga, e acorda. Fica um tempo
quietinha, acho que se lembrando de onde está e como veio parar aqui. Então,
levanta a coberta e vê que está vestida, sai do meu peito e geme de dor ao
deitar a cabeça no travesseiro.

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— Vou te preparar um café — aviso.


— Não precisa. Estou bem.
— Você está com uma cara péssima.
Ela abre os olhos e me encara.
— Sua cara não está melhor do que a minha, tenho certeza.
— Eu não dormi. Fiquei com medo de você acordar e eu não perceber, e
você ir embora sem que a gente converse.
— Eu não quero conversar, Colin. Eu quero ir embora.
— Não acho que a sua amiga queira te ver hoje — digo levantando-me.
— Há um hematoma no seu rosto, que provavelmente está em mais partes do
corpo dela. Já que você se envolveu numa briga e ela era a única sóbria o
bastante para te defender. Ela me disse que apanhou um bocado até conseguir
contê-la.
Ela arregala os olhos e faz aquela careta de quem passou vergonha.
— Ah meu Deus, eu fiz mesmo isso? Achei que pudesse ter sido um
sonho.
— Amor, você já deveria saber à essa altura, que esse tipo de coisa
quando se bebeu demais, nunca é um sonho.
A deixo ali e vou fazer um café e providenciar um remédio para ela. Junto
tudo e levo para ela na cama, ela não parece tão mal quanto na primeira vez
que bebeu, mas sua cara não está nada boa.
— Coma isso e depois tome um banho, vai melhorar.
Ela come em silêncio enquanto a observo. Depois, recusa minha ajuda e
vai para o banheiro. Veste outra roupa minha, já que levou quase todas as suas
roupas embora e deita-se em sua cama. Entro em seu quarto e sento-me ao seu
lado.
— Sei que você não quer conversar, então vou conversar sozinho.
Como imaginei, ela não diz nada.
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— O Luke desde que a viu pela primeira vez, achou que estava
apaixonado por você. E eu digo que ele acha que está, porque ele sai com
outras mulheres, ele se interessa por outras, e quando se ama alguém de
verdade, esse tipo de coisa não acontece.
Ela me olha com uma expressão surpresa e incrédula, e com um sorriso
irônico, afunda a cabeça no travesseiro, fechando os olhos, deixando claro que
não quer nem mesmo me ouvir. Mas bem, eu nunca fui aquele que segue suas
vontades, não é?
— Quando você disse que era virgem, meu mundo virou de cabeça para
baixo. Parece que retrocedi dez anos com as atitudes que tive e eu tentei
justificá-las. Tentei justificar que fosse tão egoísta por não conseguir deixá-la
ser feliz com outro. Tentei justificar que fosse tão babaca que magoasse desse
jeito um grande amigo, e a conversa que você ouviu, ele estava puto comigo,
eu não sabia que ele estava gravando, e tive que inventar qualquer coisa que
pudesse justificar minhas atitudes em relação a você. E eu mesmo tentei
acreditar naquilo que disse para ele, porque eu não conseguia entender porque
eu não podia te deixar pertencer a outro. Eu só não podia. Ainda não posso.
Ela não responde e nem se mexe, e temo que tenha dormido, mas
continuo, talvez não vá falar essas coisas nunca mais.
— Eu sei que a magoei muito, Caitlin. Magoei todo mundo, inclusive a
mim mesmo, mas só porque fui lento demais em perceber e aceitar o óbvio.
Você precisa saber que minha intenção nunca foi feri-la, precisa saber que eu
daria minha vida sem pensar duas vezes para você ficar bem. Eu morreria e
mataria por você.
Ela ainda não me responde, acho que depois de tudo, amá-la não vai
remediar tudo o que causei a ela.
— Eu vou embora, assim que você estiver bem, se for melhor para você.
Não é justo que você saia, aqui já era sua casa quando eu vim para cá. Eu vou
deixar que você viva em paz, e irei vigiá-la à distância, se você preferir. Eu só
preciso que você saiba que eu te amo, Caitlin. Eu sou apaixonado por você, eu
sempre fui. Desde a primeira vez que a vi. Só que eu não percebia isso. Uma
vez você me disse que eu buscava algo em várias mulheres e continuaria

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buscando porque não encontraria em nenhuma delas e você estava certa. Eu


buscava você em cada uma delas, e nunca era o bastante. Estar com você
sempre me completou mais do que qualquer uma delas, e eu não queria admitir
isso. Eu sei que dizer que te amo agora não vai consertar as merdas que fiz,
mas você precisa me ensinar a fazer isso.
Toco seu cabelo macio, acho que ela está mesmo dormindo, a viro bem
devagar e seus olhos descansam, sua respiração leve, ela está dormindo. Não
deve ter ouvido nada do que eu disse. Beijo sua testa, a cubro e a deixo ali.
Minha cabeça está pesada, eu preciso dormir, preciso tirar essa coisa
apertando o meu peito, cumprimento a dor que sei que estará ali para sempre e
não sei mais o que fazer. Junto minhas coisas em uma mochila. Não tenho
muitas roupas, nunca fui muito ligado a isso. Ainda não sei para onde posso ir,
talvez ficar uns dias no clube até a final do campeonato e depois eu poderia
sumir, ir para outro país, quem sabe.
A quem estou enganando? Jamais iria tão longe dela. Só preciso de uns
dias no clube, até achar um lugar. Mas antes, há uma coisa que preciso fazer.

— Você está atrasado — a doutora Katy me repreende logo que entro em


seu consultório
Me dirijo ao divã e aponto para seu whisky caro.
— O que houve? — pergunta preocupada. — Parece que você não dorme
há dias. Você apanhou feio nessas últimas lutas, não é?
— Vim cumprir nosso acordo. Acho que você pode tomar do seu whisky
doze anos enquanto eu falo.
— Fala o quê?
— O que aconteceu. Tudo o que aconteceu. Aquele lance de diário
humano, lembra?
Ela serve duas doses desse whisky intocável e me serve uma. Senta-se ao
meu lado, mas não pega seu caderninho, nem um gravador, nem nada assim.
— Estou te ouvindo, filho.
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— Eu tinha treze anos, quando minha mãe conheceu uma mulher mais
jovem na academia. O nome dela é Hannah Thompson. As duas ficaram muito
amigas, e essa mulher virou a cabeça da minha mãe, ela começou a sair muito,
chegava tarde, dormia até tarde, então se arrumava e saía de novo. Meu pai
começou a surtar, dizia que ela não estava agindo como uma mãe de família,
eles começaram a brigar muito. Eu nunca gostei dessa Hannah, ela era linda e
doce, como todos diziam, mas quando eu olhava para ela, via algo ruim. Tentei
alertar a mamãe, mas ela dizia que era cisma minha, coisa de adolescente
bobo.
Respiro fundo e continuo.
— Aí aconteceu o assalto. Eu estava chegando da escola, vi os carros de
polícia, senti que alguma coisa estava errada. A versão da Hannah foi de que a
minha mãe tentou reagir e foi baleada, mas eu sabia que tinha uma coisa
errada, que não batia. Eu disse isso aos policiais, eles disseram que iriam
investigar e por um bom tempo, foi tudo o que tive deles. Tentei falar com o
meu pai, mas ele só bebia e não me escutava. Um ano depois da morte dela,
Hannah veio morar conosco, estava noiva do meu pai. Eu nem sabia que eles
estavam se vendo, só então fui descobrir que ela o consolou da morte da
mamãe. Comecei a reparar mais nela, em suas atitudes, e no quanto meu pai
parecia estranho, mesmo estando cum uma mulher mais jovem e tão bela. Ele
estava sempre nervoso, e parecia enfeitiçado por ela, mas não feliz. Uma tarde
a flagrei com os cartões da mamãe do banco. Os tirei dela, nós brigamos, mas
quando o meu pai chegou me mandou devolver a ela, disse que ela tinha
direito às coisas da mamãe. Eu me lembro que fiquei revoltado. Comecei a
andar com as pessoas erradas, a fazer coisas erradas. A única pessoa em quem
confiava e a quem respeitava, era a Caitlin. Longe dela, eu era o pior que
podia ser. Mesmo assim meu pai nunca me corrigia, nunca reclamava das
coisas que ouvia, ele não queria mais ser pai.
Viro o pequeno copo e ela se apressa a enchê-lo de novo. Então continuo.
— Eu tinha quinze anos quando as coisas pioraram. Um dia, Hannah caiu
da escada, eu estava no meu quarto com a Caitlin, não vi o que aconteceu. Eles
gritaram e ela caiu em seguida. Mas, ela disse à polícia que ele a empurrou.
Eu sabia que meu pai jamais faria aquilo! Poucos dias depois ela retirou a

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queixa porque ele pediu perdão a ela, e prometeu que se casariam em breve. E
eles se casaram no papel, ela passou a usar o nosso sobrenome. E gastava todo
o dinheiro dele e o da mamãe, e ele não fazia nada para impedir. Ela começou
a roubar da conta da mamãe, da minha poupança da faculdade e da conta dele.
Eu consegui juntar provas para ele uma vez, mas ele disse que não se
importava. E que eu não devia me preocupar com isso. Foi aí que uma noite, a
polícia invadiu a nossa casa e levaram meu pai preso. Acusado de ter
facilitado a entrada dos assaltantes que mataram minha mãe. Eu tive tanta raiva
por ver essa injustiça, tanta raiva! Principalmente, quando ele disse que eu não
deveria tentar tirá-lo da cadeia, que ele merecia estar lá. Um policial veio
falar comigo e me explicou que investigaram por todo esse tempo, pegaram um
dos assaltantes, o que atirou na minha mãe, e ele confirmou o envolvimento do
meu pai. Ele armou para que parecesse um assalto. Eu demorei a entender que
ele fez isso porque ia pegar todo o dinheiro e fugir com a Hannah. Mas ela fez
questão de me explicar isso poucos dias depois da prisão do meu pai. Eles
não tinham prova alguma contra ela e meu pai, idiota, não a entregou. Ela ficou
lá na minha casa, recebendo seus amantes, gastando o dinheiro da minha
família, enquanto eu não tinha mais ninguém.
Fecho os olhos tentando conter as lágrimas. Hoje não, fantasmas, hoje
não.
— Um dia, a ouvi ao telefone com um cara que dormia lá em casa de vez
em quando. Ela havia retirado do banco uma quantia enorme de dinheiro e eles
fugiriam na tarde seguinte, porque ela achava que meu pai ia entregá-la. Eles
combinaram de ele buscá-la para comprarem as passagens e algumas coisas
que ela precisaria. Depois voltariam para a minha casa, dormiriam e partiriam
na manhã seguinte. Eu vi a chance perfeita. Arquitetei tudo, e tinha tanta
certeza que daria certo! Que tiraria dela aquilo que a levou a tirar a vida da
minha mãe! Esperei ela sair com esse cara, sabia que eu tinha pouco tempo até
ela voltar, espalhei gasolina pela casa inteira. Eu achava que era o plano
perfeito, mas na verdade, nem estava pensando. Eu só sentia raiva, uma fúria
que não sabia como controlar e eu tinha que machucar alguém para que
melhorasse. Tinha que machucá-la! Coloquei fogo na casa. Confesso que doeu
bem menos do que achei que doeria, desfazer-me assim do lugar onde cresci.
Ele havia se tornado o lugar onde minha mãe morreu, não mais o meu lar.

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Estava pronto para ir embora e deixar a casa queimando, quando ouvi gritos.
Os vizinhos vieram desesperados, ligaram para os bombeiros, havia uma
pessoa lá dentro. Hannah estava lá. Não sei porque ela voltou antes da hora,
eu juro que não a vi entrar. Os bombeiros chegaram a tempo de salvá-la, mas a
senhora sabe, boa parte do seu corpo ficou queimado, ela ficou irreconhecível.
Eu fugi, mas fui pego e a senhora sabe o resto. Fui preso, indiciado, e
condicionado à minha punição. Pouco depois que fui preso, meu pai morreu na
cadeia e assim que saí da prisão, eu vim para cá, conversar com a senhora
toda semana.
Katherine fica em silêncio, coisa muito rara nela. Viro a segunda dose do
whisky e enquanto me serve a terceira, ela fala.
— Você não é um monstro, Colin. Só estava sozinho e confuso, e era
jovem demais. Mas você é uma das pessoas mais sensacionais que conheço.
Você é capaz de amar de uma maneira que quase ninguém é. Só precisa se
descobrir.
Você está atrasada, doutora.
— A Caitlin não está mais falando comigo.
— Bom, quando você deitou aí e começou a contar sua história, achei que
você quebrou seu trato no acordo e a seduziu, não foi?
— Eu tentei, tive orgulho de mim mesmo por poucas horas. Mas não fui
capaz de resistir. Eu não consigo resistir a ela.
— E conseguiu o que queria?
— Não mesmo. Nada do que queria. Estou saindo do apartamento para
deixá-la em paz. Ela nem quer falar comigo depois de tudo o que fiz para
impedi-la de dormir com ele.
Então conto a ela tudo o que fiz, sobre a gravação do Luke, e sobre eu ter
vencido finalmente uma luta contra Stephen Ryan.
— Meus parabéns, Colin! Sabia que esse dia chegaria! Na verdade,
quando você me disse que a Caitlin estava saindo com o Stephen, eu tive
certeza que você venceria a próxima luta contra ele.
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— Muito espeta, doutora.


— Então você está desistindo da Caitlin? Não vai mais tentar seduzi-la?
— Não estou desistindo, quando eu disse isso? De jeito nenhum! Mas não
vou mais tentar seduzi-la eu preciso conquistá-la.
Ela arqueia as sobrancelhas tentando entender, acho que pensando
erroneamente que pretendo fingir-me de apaixonado para tê-la, então trato de
corrigir.
— Eu a amo. Muito mesmo. Sou perdidamente apaixonado por ela, e só
percebi isso depois de quase perdê-la pela primeira vez. Agora a perdi pela
segunda. E não sei mais o quanto posso suportar isso, então preciso aprender a
dizer a ela como me sinto, para poder convencê-la de que posso fazê-la
imensamente feliz.
Os olhos da doutora Katy se enchem e ela parece tão orgulhosa, que me
faz rir.
— Ah Colin, finalmente, meu Deus! Eu estava a ponto de bater sua cabeça
na parede até que você entendesse o que sentia, porque isso ficou óbvio para
mim desde a primeira vez em que você falou dela.
— Acho que só eu não via isso.
— E ela. Ela não faz ideia do que você sente, então você precisa dizer.
Meu menino, que orgulho de você!
Ela me abraça como se eu fosse um filho e fico ali mais alguns minutos
bebendo de seu whisky caro, e ouvindo um monte de conselhos de como
conquistar o amor da minha vida.

Quando chego em casa, Caitlin está deitada no sofá. O rosto corado, mas
com uma expressão cansada. Pergunto se ela está bem e ela assente. Olhando
assim para ela, não sei se consigo me afastar, por mais que entenda que ela
precisa desse momento agora, eu acho que ficarei louco longe dela. Mal tenho
tempo de decidir, quando ela desliga a televisão e senta-se no sofá. Seus olhos
cansados pousam em mim e ela fala, a voz baixa e receosa:
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— Por que todas as suas roupas estão em uma mochila?


— Você andou mexendo nas minhas coisas — respondo sentando-me na
poltrona, longe dela.
— Não é como se você nunca tivesse mexido nas minhas.
— Você não ouviu o que eu disse a você no quarto, não é?
— Você disse que ia embora?
Assinto e ela se mexe desconfortável.
— E é isso o que quer fazer? Quer ir embora?
— Caitlin, você ouviu o que eu disse a você no quarto, mais cedo?
— Não, só até um pouco depois da parte em que você disse como é amar
alguém, eu tentei ficar acordada, mas não consegui.
Ela não ouviu nada do que eu disse. Talvez essa não seja a hora de falar.
Talvez eu me saia melhor mostrando do que falando.
— Eu não quero ir embora, eu nunca vou preferir me afastar a estar com
você. Mas você precisa de um tempo, e não é justo que você saia da sua casa.
— É nossa casa, não é só minha.
— Eu vou ficar uns dias fora. Não estarei longe, se você precisar de mim,
é só me chamar que volto rapidinho.
— Por que você está me machucando de novo? Você diz que não tem a
intensão e está sempre fazendo isso, por quê?
— Não. Estou fazendo isso para que você fique bem.
— Não vou ficar bem se você for embora — uma lágrima corre por seu
rosto e quase pulo no sofá, puxando-a para meus braços.
— Achei que não quisesse me ver agora.
— E não quero. Mas eu não fico bem sem você.
— Ah, Caitlin! — A aperto mais forte, sentindo uma emoção que mal sei
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como conter.
— Você disse que eu posso chamá-lo se precisar, não é?
— Claro que pode, sempre pode.
— Estou precisando agora. Preciso que meu melhor amigo não vá
embora.
— Então eu não vou. Vou ficar aqui com você. E vou tentar mesmo não
feri-la mais, tudo bem?
Ela assente e fica ali, presa em meus braços e já começo a pensar em mil
maneiras de mostrar a ela que a amo.

Uma semana se passou desde que ela voltou para casa, e as coisas estão
tão calmas quanto poderiam estar. Não nos vemos muito, porque estou
treinando mais pesado agora para a final. Thor adiou o máximo possível para
que eu me recuperasse e a luta pudesse ser justa e não posso decepcioná-lo.
Chego do treino e Caitlin está com seus fones no ouvido, cantarolando e
rebolando enquanto assa um bolo.
A parte mais difícil de conviver com ela tem sido não tocá-la e não beijá-
la como quero fazer cada vez que a vejo. Especialmente, agora que ela usa
uma camiseta minha e está abaixada olhando o bolo e me dando uma visão
deliciosa de sua bunda. Friendzone é uma meda! E controlar meu pau a cada
façanha dela, é uma merda maior ainda. Eu poderia chegar por trás dela e
talvez, só talvez, brincar com ela como antes, para ver aqueles olhos
desejosos de novo.
Mas não posso. Estou tentando provar que a amo e não que quero tê-la em
minha cama. Mesmo que eu queira, muito mesmo.
Ela se vira e leva um susto ao me ver ali.
— Ou! Que susto! Como foi o treino?
— Suado.
— É, está dando para notar.
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— Acho que devo tomar um banho.


Ela sorri de um jeito tímido, que não é característico dela.
Merda, Caitlin, não faça isso comigo. Não comece esse jogo porque
meu pau não trabalha há semanas e não vou conseguir controlá-lo.
Passo por ela e abro a geladeira, pego uma garrafa de água e jogo na
boca, deixando cair um pouco na blusa grudada ao meu corpo. Quando me
viro, esbarro em sua mão, e ela vira a calda quente de chocolate em seu peito.
— Ah meu Deus, Caitlin! Você vai se queimar!
A arrasto até a pia, mas ela está rindo.
— Não está quente, seu tonto! Eu te mataria se estivesse. Fiz essa há um
bom tempo, mas o primeiro bolo que assei queimou, então a calda esfriou até
eu fazer esse segundo.
Sorrio.
— Por que você ainda tenta cozinhar?
Ela dá de ombros e está ali, tão pequena perto de mim, tão linda com
minha blusa e coberta de chocolate. Sem me dar conta do que estou fazendo,
abaixo minha cabeça e lambo uma parte do chocolate sobre seu seio, por cima
da blusa, mas sinto o peso dele na língua. Então percebo o que fiz e me afasto,
esperando que ela surte. Mas ela está me olhando daquele jeito, meio perdido,
com aqueles olhos de amêndoa desejando algo. Abaixo a cabeça mais uma vez
e lambo o chocolate acima do seu seio, ela fecha os olhos e não surta, então
subo com a língua por seu pescoço, seu queixo até alcançar seus lábios.
E quando chego ali, perco o controle. Sugo seu lábio com força puxando-
a para mim, devorando sua boca, matando a saudade de beijá-la desse jeito.
Ela se prende a mim correspondendo com o mesmo desespero. Nos tornamos
uma mistura quente de suor e chocolate. Quase sem fôlego, afasto minha boca
da dela louco para carregá-la para o banheiro comigo.
— Acho que você também precisa de um banho — comento em seus
lábios.

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Por favor, Caitlin, não me peça para parar.


— Eu também acho.
Era tudo o que eu queria. A carrego até o banheiro, minha boca de volta
na sua, nossas línguas se entrelaçando enquanto quero ainda mais dela. Tiro
sua roupa como um desesperado e arranco a minha em seguida, seus olhos
estão arregalados e ela está com medo. Então pego suas mãos nas minhas, para
tranquilizá-la.
— Vamos só tomar banho, tudo bem? E eu vou beijar você. Muito. Mas
não vai passar disso se você não quiser.
Ela assente e quase a arrasto para debaixo da água. Sei que tenho que me
controlar, não quero assustá-la, mas eu a quero tanto, é quase como uma força
que está sobre mim e que me move em direção a ela e me faz querer tomá-la
agora mesmo e penetrá-la antes que eu enlouqueça.
Seguro seus seios em minhas mãos enquanto os lavo e ela geme, aperto-os
de leve, massageando-os, então sugo com força um mamilo, ela treme
levemente e a amparo, sugando com ainda mais força.
— Você disse que ia apenas me beijar — diz com uma voz rouca
deliciosa.
— Estou só beijando.
Sugo novamente seu mamilo, e volto para sua boca. Pressionando-a a
mim, deixando que minha ereção sinta sua pele quente. Ela toca meu pau
enquanto nos beijamos, sua mão pequena subindo e descendo, quase me
fazendo perder a cabeça. Desço meus lábios por seu pescoço, e antes que goze
antes mesmo de penetrá-la, a levanto, encostando-a à parede. Ela passa as
pernas por minha cintura para se apoiar, e tê-la ali, aberta diante de mim, é
melhor do que ganhar o maior banquete de ação de graças. Beijo sua boca e
todo seu corpo onde minha boca alcança. Sinto o gosto de sua pele molhada, e
quente, mas minha boca não alcança onde quero chegar. Então a subo um
pouco mais na parede. Passo suas pernas por meu ombro e ela se agarra em
meu cabelo.
Sua boceta branquinha e pequena está na altura do meu peito agora, ao
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alcance da minha boca.


— Como eu queria beijá-la! — murmuro antes de tocá-la com a língua,
sentindo seu gosto, explorando o lugar onde mais quero estar.
Passeio minha língua por sua boceta e ela geme, então sugo seu clitóris
com força, quero ouvir seus gritos, e ela grita imediatamente, fazendo-me
sugar com ainda mais força. Incontáveis vezes. Fecho os olhos e me perco
nela, presa a mim, aberta para mim, sugando-a com toda a fome que tenho
dela. Quando sinto que ela está prestes a perder o controle, a penetro com a
língua, raspando os dentes em seu clitóris e ela goza, grita alto, se agarra ao
meu cabelo e preciso ampará-la. A desço devagar pela parede, passando seu
corpo pelo meu, ela geme alto quando sua boceta passa pela extensão do meu
pau, e espero que ela firme os pés no chão. E a beijo. Ela se prende a mim,
totalmente entregue.
— Isso é o que eu chamo de beijo! — brinco.
— Eu acho que gosto do seu beijo — diz baixinho.
— Acha? Então não fiz isso direito. Embora, não foi o que pareceu
enquanto você quase arrancava meus cabelos.
Ela sorri e seu rosto atinge aquela tonalidade vermelha deliciosa.
Desligo o chuveiro e ela parece confusa. Pego as tolhas e a seco
minunciosamente, fazendo uma pressão maior em seu clitóris sensível, e ela
quase perde o equilíbrio, apoiando-se em mim.
— Você quer fazer isso? — pergunto acariciando seu rosto.
— Quero, quero muito, mas não sei se devemos. Já fomos longe demais
para uma noite, não sei se tenho coragem.
Sei do que ela está falando. Daquele papo de sermos amigos e de como
será depois. Mas não vou dizer nada, não vou fazer qualquer promessa. Eu vou
mostrá-la. Amanhã, quando ela acordar nua na minha cama, presa nos meus
braços e eu fizer amor com ela de novo, ela vai saber que não a quero só por
uma noite, vai saber que é minha, e que nunca mais irei deixá-la.
— Já passa da meia-noite, tecnicamente é manhã agora. Então você pode
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encontrar mais um pouco da sua coragem e vir comigo. Prometo que faço valer
a pena — repito as palavras que disse em nosso primeiro encontro e ela sorri.
Deposita suas mãos em meus braços e me beija.
É toda resposta que preciso. A pego no colo e a levo para meu quarto.
Minha boca já tomando a sua antes mesmo de depositá-la em minha cama.
Deito sobre ela beijando-a com fome, desesperado para tê-la. Minhas mãos
passeiam por todo seu corpo, acariciando, memorizando sua pele. Desço meus
beijos para seu pescoço enquanto toco seu clitóris, de leve, para deixá-la
molhada de novo. Quando ela começa a se contorcer, enfio um dedo nela, que
grita. O giro dentro dela, até que consigo enfiar o segundo dedo e ela parece
prestes a explodir de novo. Então sugo seu seio, em perfeita sintonia com os
movimentos dos meus dedos dentro dela e ela grita, chegando ao orgasmo e
cravando as unhas nas minhas costas.
Mais linda impossível.
— Agora sim, está bem molhadinha.
Ela apenas me encara, parecendo perdida em outro mundo. Pego uma
camisinha no criado e a coloco depressa, seus olhos fixos nos meus
movimentos, um pouco assustados. Queria poder dizer que não irei machucá-
la, mas não posso. Me encaixo no meio de suas pernas, a visão de sua boceta
linda apenas pela luz acesa da cozinha, que entra pela porta aberta do quarto,
mas o pouco que vejo já me deixa com água na boca.
Deito sobre ela, sentindo seus seios sobre meu peito, e a beijo
suavemente enquanto a penetro devagar. Até que encontro a resistência. Eu
nunca transei com uma virgem, e nunca fiz amor antes dessa noite.
— Lembra que eu disse que não a machucaria nunca mais? — sussurro.
— Faça logo!
E eu a penetro. Ela grita de dor, e seguro suas mãos, deixando que aperte
meus dedos, porque não consigo parar. Ela se contorce embaixo de mim, seus
gritos uma mistura perfeita entre dor e prazer, e isso faz com que eu me
descontrole, saber que ela está sentindo dor e gostando me faz meter com
ainda mais força, bombear ainda mais rápido. Beijo sua boca, recebendo seus

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gritos dentro de mim, ela solta minhas mãos e passa os braços por meu
pescoço, me prendendo mais a ela. Eu posso senti-la em cada centímetro do
meu corpo. Acelero os movimentos, meu pau sendo apertado por sua boceta
pequena, quase me deixando louco! Ela prende suas pernas na minha cintura e
alcanço ainda mais fundo nela, que grita, ainda mais alto que antes, suas unhas
se cravando em mim, e vou junto com ela. Sinto meu mundo todo cair, perdido
em puro prazer, preso a ela de uma maneira que me completa. Gozo gritando
seu nome, e sentindo-a em mim por inteiro.
Valeria a pena esperar uma vida por ela.
Caio pesado sobre seu corpo pequeno, quase sem forças para me livrar
da camisinha, mas o faço e a puxo para debaixo da coberta comigo, para meus
braços, porque não consigo tirar as mãos dela.
Ela me olha de um jeito como nunca a vi olhar antes, e parece feliz e
saciada. Acaricio seu rosto de boneca e a beijo, prendendo-a em meus braços.
— Você está bem? — pergunto baixinho em seu ouvido e ela assente.
— Mais do que bem. — Entrelaça sua mão na minha, prendendo-as em
seus seios, onde sinto seu coração acelerado. — Eu não fazia ideia que seria
assim. De tudo o que já imaginei, eu não fazia ideia...
Suas palavras morrem, mas sei exatamente o que ela quer dizer.
— Então somos dois, porque nunca foi assim para mim também.
Ela espera uma explicação, mas não sei explicar. Eu a amo, e isso muda
tudo. Logo, ela adormece nos meus braços e não me lembro de já ter me
sentido tão feliz assim.

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Continua em MEU MELHOR AMIGO, devasso...

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PROMOÇÃO!!!
Você que chegou até aqui com esse livro, e gostou da primeira parte da
história de Caitlin e Colin, quer ganhar bottons e marcadores para se lembrar
do nosso intenso lutador e sua amiga atrapalhada?
É muito simples!
Avalie o livro na Amazon, opine sobre o que achou dele, (isso me ajuda
muito a ter o seu feedback e reconhecimento), depois, é só enviar o print da
sua avaliação e o seu endereço para o e-mail: avaliacoes.carlie@gmail.com
Prontinho! Você receberá em sua casa um lindo kit contendo bottons e
marcadores do livro!
Espero que goste e um grande beijo!

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Uma espiada em

MEU MELHOR AMIGO,


devasso...
Lançamento em setembro!

Caitlin Ross está encrencada. Apaixonada desde sempre por seu melhor
amigo, Colin Hanson, luta durante anos para esconder esse sentimento tão
fundo, de forma que nem o sinta mais. Porém, ele a deseja, e após uma noite
mágica de sexo, ela não sabe o que fazer para garantir que ele nunca mais
precise tocar em outra mulher.
Ela sabe que ele não é do tipo que se apaixona, e menos ainda, do tipo
que tem apenas uma mulher. Mas, ele é o amor de sua vida e ela não pode
mais negar isso a si mesma.
Disposta a tudo para fazê-lo se apaixonar por ela, Caitlin faz o
impossível para seduzi-lo todos os dias. O que ela não contava é que a
redenção de um devasso pudesse metê-la em tantas confusões. Pois, cada
plano perfeito que cria, acaba dando errado por seu jeito atrapalhado, e o
jeito imprevisível de Colin, que sabe enlouquecê-la como ninguém.
Será que a doce menina conseguirá conquistar o maior devasso que já
conheceu?

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Dedicatória
Este livro é dedicado à uma pessoinha especial, que com sua alegria e
jeitinho únicos, conseguiu transformar cada gesto de carinho, em um imenso
presente.
A Edilãine Cardoso (Ellah), obrigada por tudo!

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Agradecimentos
Terminar este livro, até pouco tempo, estava acima de qualquer
possibilidade disponível para mim. No entanto, graças a pessoas que
estiveram ao meu lado incondicionalmente, que me alegraram e empurraram
para a frente, e que não desistiram de mim após um grande afastamento do
mundo literário, aqui está ele!
Então eu quero agradecer primeiramente a Deus. Por cada segundo. Por
cada dia, mesmo àqueles em que achei que não conseguiria, pois foi através
deles, que me tornei mais forte. Obrigada por mais um sonho realizado.
Obrigada por mais uma vez, ser o Senhor a guiar meus passos, e fazê-lo na
direção dos meus sonhos. Obrigada por seu amor e misericórdia sempre! Sem
Ti, eu não seria nada, meu Pai.
Obrigada a minha família, vocês são o maior presente que eu poderia ter
recebido. Minha maior dádiva.
E obrigada, de todo coração e alma, a você.
Você que me mandou um e-mail me dando forças, uma mensagem, um
comentário, uma avaliação. Você que continuou me acompanhando, esperando,
acreditando que eu voltaria. Você que betou este livro e me fez acreditar que
eu podia terminá-lo. Você que me cobrou coisas novas, e disse estar feliz com
a minha volta. Você que orou por mim, e com suas energias positivas, me fez
ficar de pé. Obrigada a cada leitora, a cada gesto, a todo carinho que jamais
agradecerei o suficiente.
Hoje, não vou citar nomes aqui, mas você sabe que estou falando de você,
de cada um de vocês, que se tornaram minha segunda família.
Amo vocês!

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Contato com a autora

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E-mail: carlieferrers@gmail.com
Confira outras obras da autora na Amazon: http://migre.me/ua38C

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[1] É um movimento no qual o lutador acerta os dois lados do pescoço do adversário usando suas
duas mãos na diagonal ao mesmo tempo.
[2] Jogar o oponente de cara no chão.
[3] É uma ponte de ferro fundido localizada no Central Park, em Nova York, cruzando sobre o lago
chamado The Lake e usada como passarela de pedestres.
[4] O movimento é realizado com o lutador caindo ou pulando sobre qualquer parte do corpo de seu
oponente com seu cotovelo flexionando.
[5] O lutador executa um salto do lado de fora do ringue, da apron, onde logo após estar com os
ambos pés em cima da corda superior executa um salto para frente na direção do oponente que está
dentro do ringue e o aplica o golpe.
[6] Joelhada.

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