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Efeitos de extremos de pressão sobre o corpo humano

Condições Hiperbáricas

Um exemplo clássico de condição onde os seres humanos estão expostos á altas


pressões é durante o mergulho submarino. A pressão em torno do corpo aumenta muito.

Para impedir que os pulmões colapsem o ar também tem de ser suprido sob pressão
elevada, o que expõe o sangue nos pulmões a pressão gasosa alveolar extremamente
elevada, condição denominada hiperbarismo.. Além de certos limites, essas pressões
elevadas podem causar grandes alterações na fisiologia corporal. A cada dez metros a
baixo no nível do mar a pressão aumenta aproximadamente 1 atm, conforme a tabela
abaixo:

Profundidade (Metros) Atmosfera (s)


Nível do mar 1
10 2
20 3
30 4
40 5
50 6
60 7
90 10
120 13
150 16

Outro efeito importante da profundidade é a compressão dos gases em volumes cada


vez menores. Assim, o volume ao qual uma dada quantidade de gás é comprimido é
inversamente proporcional à sua pressão. Este é o princípio físico denominado Lei de
Boyle, que é extremamente importante nos mergulhos, porque o aumento da pressão
pode fazer colapsar as câmaras aéreas no corpo do mergulhador, incluindo os pulmões,
causando frequentemente graves danos.

Os três gases aos quais um mergulhador respirando ar é normalmente exposto são


nitrogênio, oxigênio e dióxido de carbono, e cada um deles pode, por vezes, ocasionar
graves efeitos fisiológicos sob pressões elevadas.

Narcose do nitrogênio sob elevadas pressões de nitrogênio.


Quando o mergulhador permanece submerso por 1 hora ou mais e está respirando ar
comprimido, a profundidade em que os primeiros sintomas de narcose leve se
manifestam é de aproximadamente 36 m, além de 75 m (8,5 atm), o mergulhador torna-
se geralmente quase inútil em conseqüência da narcose do nitrogênio. A narcose do
nitrogênio tem características muito semelhantes às da embriaguez alcoólica.

O mecanismo do efeito de narcose é considerado como sendo o mesmo de praticamente


todos os gases anestésicos. Ou seja, o nitrogênio dissolve-se livremente nos tecidos
adiposos do organismo, se dissolve nas membranas neuronais e reduz sua
excitabilidade, devido a seu efeito físico de alterar a condutância elétrica das
membranas.

Toxicidade do oxigênio a pressões elevadas.

Quando a Po2 do sangue se eleva muito acima de 100 mm Hg, a quantidade de oxigênio
dissolvida na água do sangue aumenta acentuadamente. A partir de 4 atm de pressão nos
pulmões a quantidade de oxigênio dissolvido no sangue chega a 29 mL a cada 100mL
de líquido, como os capilares absorvem apenas 5mL de O2 a cada 100mL de sangue,
sobram 24 mL residuais, que se acumulam

O oxigênio molecular tem capacidade muito pequena de oxidar outros compostos


químicos. Para isso ele tem de ser convertido primeiro numa forma "ativa" de oxigênio;
designada como radicais livres de oxigênio. Mesmo quando a Po2 tecidual apresenta-se
normal, ao nível de 40 mm Hg, pequenas quantidades de radicais livres são
continuamente formadas a partir do oxigênio molecular dissolvido. No entanto, os
tecidos também contêm múltiplas enzimas que removem rapidamente os radicais livres.
Por esta razão, enquanto o mecanismo da hemoglobina-oxigênio funcionar
adequadamente e mantiver a Po2 tecidual normal, os radicais livres oxidantes vão ser
removidos tão rapidamente que têm pouco ou nenhum efeito sobre os tecidos.

Por outro lado, acima da Po2 alveolar crítica (acima de 2 atm), o mecanismo da
hemoglobina-oxigênio falha e a Po2 tecidual pode, então, elevar-se até centenas ou
milhares de milímetros de mercúrio. Os radicais livres oxidantes afogam os sistemas
enzimáticos que os removem, tendo, então, efeitos destrutivos graves, e até mesmo
letais, sobre as células
De fato, a exposição a 3 atmosferas de pressão de oxigênio (Po2 – 3.040 mm Hg) causa
convulsões, seguidas por coma, na maioria das pessoas. As convulsões ocorrem
frequentemente sem qualquer aviso e, por razões óbvias, podem ser letais a
mergulhadores submersos.

Toxicidade do dióxido de carbono nas grandes profundidades.

Em certos tipos de equipamento de mergulho o dióxido de carbono pode


frequentemente se acumular no ar do espaço morto do aparelho e ser novamente
respirado pelo mergulhador. Até a pressão alveolar de dióxido de carbono (Pco2) de
cerca de 80 mm Hg, duas vezes a dos alvéolos normais, o mergulhador suporta esse
acúmulo, aumentando seu volume-minuto respiratório até um máximo de oito vezes,
para compensar o aumento de dióxido de carbono. Acima desse nível a situação torna-se
intolerável e o centro respiratório acaba ficando deprimido, e não excitado, a respiração
do mergulhador começa, então, a falhar, em vez de efetuar a compensação. Além disso,
o mergulhador apresenta grave acidose respiratória e sobrevêm graus variáveis de
letargia, narcose e anestesia.

Descompressão do mergulhador após exposição a altas pressões

Por não ser metabolizado pelo organismo, o nitrogênio permanece dissolvido até que a
pressão de nitrogênio nos pulmões diminua, quando ele é então removido pelo processo
respiratório reverso. Ao nível do mar o nitrogênio presente no corpo esta dissolvido um
pouco mais nos tecidos adiposos do que nos líquidos corporais.

Várias horas são necessárias para que as pressões gasosas de nitrogênio em todos os
tecidos corporais entrem em equilíbrio com a pressão gasosa de nitrogênio nos alvéolos,
porque o sangue não flui de modo suficientemente rápido e o nitrogênio não se

difunde com rapidez suficiente para levar ao equilíbrio instantâneo.

O nitrogênio dissolvido na água corporal chega à saturação praticamente completa em


menos de 1 hora, mas o lipídio, requerendo muito mais nitrogênio para a saturação e
tendo também um suprimento sanguíneo relativamente insuficiente, só atinge a
saturação após algumas horas. Por esta razão, só vai haver uma quantidade muita grade
de nitrogênio dissolvido se o individuo demorar para voltar à superfície. Enquanto ele
permanecer profundamente submerso, a pressão contra a parte externa de seu corpo
(5.000 mm Hg) comprime todos os tecidos corporais o suficiente para manter em
solução os gases dissolvidos. Quando o mergulhador sobe subitamente até o nível do
mar, contudo, a pressão do lado de fora de seu corpo passa a ser de apenas 1 atmosfera
(760 mm Hg), enquanto a pressão nos líquidos corporais é a soma das pressões do vapor
d'água, dióxido de carbono, oxigênio e nitrogênio, ou um total de 4.065 mm Hg. Assim
os gases podem sair do estado dissolvido e formar bolhas, tanto nos tecidos como no
sangue, onde entopem os pequenos vasos. Entretanto, as bolhas podem demorar a
aparecer, porque os gases podem permanecer dissolvidos no estado "supersaturado".

Condições Hipobáricas

À medida que o homem subiu a altitudes maiores na aviação, escalando montanhas e


em veículos espaciais, tornou-se cada vez mais importante conhecer-se os efeitos da
altitude e das baixas pressões gasosas, assim como diversos outros factores sobre o
corpo humano.

Em altitudes elevadas, o organismo tende à hipoxia. Como o ar entra com muito menos
pressão no pulmão, há imediatamente um reajuste na frequência respiratória, na
frequência cardíaca e na pressão arterial, a fim de que haja um aumento do fluxo
sanguíneo.

Alguns dos importantes efeitos agudos da hipoxia, começando na altitude aproximada


de 3.600 m, são sonolência, lassidão, fadiga mental e muscular, por vezes cefaléia,
ocasionalmente náuseas e, por vezes, euforia. Todos esses efeitos evoluem para um
estado de abalos musculares ou convulsões acima de 5.400 m e culminam em coma, em
pessoas não aclimatadas, acima de 7.000 m. Um dos efeitos mais importantes da hipoxia
é a diminuição da eficiência mental que prejudica o juízo crítico, a memória e a
execução de movimentos motores precisos- Quando um aviador fica a 4.500 m por 1
hora, por exemplo, sua eficiência mental normalmente cairá para aproximadamente 50%
do normal, e, após 18 horas nesse nível, para aproximadamente 20% do normal.

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