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Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008.

Intensivo MP\RJ

Boa tarde. Eu estava refletindo sobre a aula, tentando lembrar que a gente tinha
combinado alguma coisa, e eu não me lembro se eu perguntei a vocês, ninguém soube me
dizer, então eu vou seguir a minha orientação. No meio da aula é que começaram a
aprender um monte de sugestões e tal, acerca de temas e eu não me lembro se eu combinei
com vocês, eu não me lembro se eu combinei com vocês algum tema, ou se o caso seria de
seguir o que a gente estava vendo. Pelo visto vocês também não se lembram. Quem tem o
material da aula passada, para eu saber o que eu estava falando, para eu recomeçar do
ponto. A gente falou da anterioridade. A gente finalizou falando da anterioridade.

Então vamos fazer o seguinte, vamos falar de IMUNIDADE TRIBUTÁRIA hoje. Um


tema muito badalado, sempre presente nos concursos. Imunidade tributária.

Bem, a imunidade tributária tem natureza jurídica de limitação constitucional do poder


de tributar. Significa dizer que a imunidade é verdadeira limitação de competência. Onde
houver imunidade, não haverá competência tributária. A imunidade não é um favor que a
entidade tributante faz a pessoa imune. Não se trata de um favor fiscal. Deixar de tributar a
situação imune é reconhecer a ausência de competência tributária. Ausência de poder de
tributar. É muito importante entender isso para distinguir a imunidade da isenção. Não é a
imunidade, repito, um favor fiscal da entidade tributante. A imunidade representa limitação
do poder que a entidade tributante possui para realizar a tributação. Onde houver
imunidade, não haverá competência. Disso resulta a tese necessariamente constitucional da
imunidade. Por que a imunidade tributária necessariamente está na CR? Porque se trata de
limitação de poder. Norma portanto que integra a estrutura fundamental do Estado. norma
que integra a estrutura fundamental do Estado é aquela chamada norma materialmente
constitucional. Ou seja, não está na CR por um capricho do constituinte. Está na CR porque
tem matéria de CR. Já a isenção, ao contrário da imunidade, pressupõe competência
tributária, porque se trata de um favor fiscal concedido pela entidade tributante.

Então, a isenção resulta de discricionariedade do legislador da entidade tributante,


alcançando hipótese que poderia ter sido tributada, e seria não fosse a norma de isenção. O
legislador da entidade tributante, o legislador entende como por exemplo, a lei do imposto
de renda, que confere isenção sobre rendimentos de aposentadoria e pensão auferidos por
portadores de doenças graves, como cardiopatia grave, neoplasia maligna, mal de Parkinson,
enfim, tem lá arroladas as doenças que conferem ao portador isenção do imposto de renda
no tocante aos proventos de aposentadoria e pensão. Essas pessoas poderiam ser tributadas
porque a CR não consagra a imunidade aos portadores de doenças graves. Mas o legislador
federal discricionariamente (aliás se diz que o legislador tem discricionariedade natural na
atividade legislativa) entendeu por bem isentá-los. Não se pode afastar a competência
tributária, até porque amanhã o legislador pode mudar de idéia e revogar essa isenção, e
passar a tributar os portadores de doenças graves. Então a isenção não afeta a competência.
Ao contrário, pressupõe a competência tributária, pois só se isenta o que se pode tributar.
Esse é o motivo pelo qual a isenção estará sempre presente na lei da entidade tributante.
Trata-se de um favor fiscal em situação em que o legislador poderia tributar, mas opta por
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isentar. Já no caso da imunidade não é um favor da entidade tributante. Por quê? Porque a
imunidade suprime a própria competência tributária, o próprio poder de tributar. Entenderam
o motivo pelo qual a imunidade estará sempre na CR e a isenção na lei?

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Claro. A isenção pode ser setorial, pode ser regional, pode ser pessoal,
certo? A isenção tem que ser interpretada como uma norma excepcional. A regra é que
ocorrido o fato gerador, nascida a obrigação, seja o contribuinte chamado a recolher o
tributo. Excepcionalmente, ocorrido o fato gerador, o contribuinte não é chamado a recolher
o tributo, por força da norma isencional, que é portanto excepcional. A exceção pode ou não
se justificar, em função dos critérios eleitos pelo legislador. Esses critérios formam o
chamado discriminem, que é o critério de discriminação eleito pelo legislador para beneficiar
determinada categoria de contribuintes.

Então, é evidente que sendo norma excepcional, vai alcançar apenas uma fração do
número de contribuintes. Ora, saber que fração é essa, é identificar o discriminem, os
critérios de discriminação. Pode ser a localização, pode ser a atividade profissional, pode ser
uma condição de saúde, pode ser a renda auferida por cada um deles. Então vários são os
critérios que podem ser eleitos. O importante é que se verifique uma compatibilidade entre o
critério de discriminação e a finalidade da norma que o tenha eleito. Se houver uma
compatibilidade entre o critério de discriminação e a finalidade da norma, naturalmente o
benefício será válido. Se houver uma incompatibilidade, é porque o benefício é odioso. É
porque se trata de um benefício que viola o princípio da igualdade, da isonomia, e portanto
será excepcionado.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: diz ela que caiu no MP se a Constituição Estadual pode prever a imunidade?
O que vocês acham? Vejam, a Constituição Estadual, é norma organizacional do Estado,
correto? O Estado pode se comprometer a não tributar determinadas situações, através da
sua Constituição. Agora, essa norma terá natureza de imunidade, natureza jurídica de
imunidade? Eu entendo que não. por quê? Repito, imunidade é norma materialmente
constitucional. Quando a gente fala em norma materialmente constitucional, porque integra
a estrutura fundamental do Estado, a gente está se referindo a CRFB. Do ponto de vista
prático, pode o Estado se comprometer a não tributar determinadas situações, embora na
minha visão, seja imprópria a inclusão dessa norma na Constituição. Por quê?

Porque o texto constitucional, da CR, ao tratar da isenção no art.150 &6º, exige que
ela seja veiculada por lei específica. O art.150 &6º da nossa CR estabelece como exigência
para a concessão de isenção, a sua previsão em lei específica, e a Constituição Estadual não
é lei específica.
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Então eu considero imprópria, até mesmo a pretexto de isenção, essa previsão no


texto constitucional.

Pergunta: Nem por simetria?

Resposta: Veja bem, você está voltando para a questão da imunidade? Veja bem, a
simetria pressupõe determinadas previsões contidas na CRFB relacionadas à União, e que
podem ser atribuídas também a Estados e Municípios, nas correlatas normas organizacionais,
Constituição e Leis Orgânicas. Exemplo, a medida provisória. A medida provisória é deferida
ao Presidente da República na CR. Por simetria, o STF admite que a Constituição Estadual
também permita que os Governadores editem medidas provisórias e as leis orgânicas dos
Municípios também autorizem os prefeitos a editarem as medidas provisórias, porque a CR
tratou apenas do chefe do Executivo Federal, do Presidente. Certo?

Então aí a simetria se justifica para autorizar que a Constituição Estadual e a Lei


Orgânica Municipal permitam. Agora, no plano da imunidade, não há como se valer do
argumento da simetria, por quê? Porque as imunidades previstas no texto constitucional não
estão relacionadas com tributos federais exclusivamente. Estão relacionados a todos os
tributos. Nós vamos ver, há imunidade quanto a impostos estaduais, especificamente;
quanto a impostos municipais; há imunidade quanto a impostos em geral. Então não há que
se falar em simetria porque aqui a própria CR tratou de impedir a incidência de tributos,
muitas vezes, genericamente considerados, a determinadas situações. Então o próprio
constituinte já tratou das imunidades estaduais a serem observadas pelos Estados e
Municípios. Além disso, a imunidade excepciona a regra constitucional de repartição do poder
de tributar. Quem reparte o poder de tributar é o texto constitucional, como decorrência da
criação de uma Federação. Não se pode criar uma federação que é concebida através de
características básicas, dentre as quais, a autonomia dos entes da federação, sem atribuir a
esses entes federativos, capacidade arrecadatória, porque ninguém tem efetiva autonomia
se não puder arrecadar, se não puder legislar para gerar receita própria. Não é isso que um
pai sempre diz para um filho? Enquanto você viver debaixo do meu teto, sustentado por
mim, terá que obedecer aos meus comandos. Não é isso?

Pois bem, a entidade federativa é mais ou menos isso. Você cria uma entidade, e
torna-a dependente de repasses alheios para sobreviver, ela não tem efetiva autonomia. Por
isso é que eu digo, o poder de tributar repartido, que é na verdade competência tributária, é
instituto de CR, necessariamente. Não pode a CR criar uma federação, dizer que está criando
uma federação, e se negar a repartir o poder de tributar, porque a federação é caracterizada
pela descentralização política. A imunidade segue essa trilha, porque ela excepciona as
regras de competência, muitas vezes em função de direitos fundamentais, como a imunidade
dos templos, que protege a liberdade de credo, a imunidade recíproca que protege a própria
autonomia dos entes da federação, de maneira que é norma materialmente constitucional.
Não há como conceber que o Estado, na sua norma organizacional possa ampliar o conteúdo
da imunidade. Até porque muitas dessas imunidades são cláusulas pétreas, porque
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consagram direitos fundamentais. Então o máximo que o Estado poderia é se comprometer a


não tributar determinadas situações, mas mudando de idéia, com um quórum adequado,
revogaria a previsão da Constituição, e passaria a tributar novamente. Ora, se se tratasse de
imunidade propriamente dita, não caberia essa revogação, porque são cláusulas pétreas, a
prever essa imunidade. São verdadeiras garantias individuais dos contribuintes,
especialmente quando tutelam direitos fundamentais. Então, eu responderia dessa maneira.
O Estado pode até se comprometer a não tributar, não tem problema nenhum, ele tem
autonomia para isso, mas não é tecnicamente isso uma imunidade, porque a imunidade
decorre de norma materialmente constitucional.

Agora, não me pergunte qual foi a resposta da banca examinadora, porque eu não sei.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: que não são taxativas? É, mas aí são garantias implícitas, tipo o princípio da
tipicidade, segurança jurídica. Aquelas que dependem especificamente de norma
reconhecendo, me parece que em termos de imunidade, não poderiam ser criadas. O que
pode haver, repito, é uma garantia que não tenha natureza de imunidade. Então veja bem,
eu não nego a eficácia da disposição da Constituição Estadual, eu nego a natureza jurídica de
imunidade. Entendeu?

Agora, isso me leva a dizer uma coisa para vocês, imunidade não é um termo que o
constituinte usa. Isso é mais um problema para essa resposta. Você não vai encontrar na CR
esse termo, imunidade. Imunidade é terminologia doutrinária. E para agravar ainda mais
essa resposta, há autores como o Ricardo Lobo Torres que defendem que essa expressão
imunidade está necessariamente reservada às intributabilidades relacionadas a direitos
humanos. Intributabilidades estabelecidas na CR, mas com propósitos exclusivamente de
desenvolvimento econômico, conjunturais, não teriam, não mereciam o termo imunidades.
Seriam meras não incidências qualificadas pela CR.

Então vejam, ele defende que imunidade você só pode usar, por exemplo, para
qualificar a intributabilidade dos templos, a intributabilidade dos livros, jornal, periódico, ou
papel destinado a sua impressão, a intributabilidade das entidades da federação, se bem que
ali está mais relacionado ao pacto federativo, nesse último caso. Enfim, aquelas que tenham
por escopo tutelar um direito fundamental do cidadão. Na verdade é uma visão humanística
do direito tributário. Talvez, uma visão histórica mostrando que o termo imunidade foi
concebido após, no pós- revolução francesa, para tutelar esse tipo de liberdade individual. E
portanto, não seria propriamente imunidade a previsão constitucional que afasta a incidência
de IPI nas exportações de produtos industrializados de investimento para o exterior. Por
quê? Porque quando a União, quando a Constituição impede a União de cobrar IPI sobre o
produto industrializado de exportação, ela não está tutelando nenhum direito fundamental.
Ela está simplesmente tutelando uma opção econômica, porque interessa ao país que o
produto exportado chegue lá fora com um preço competitivo. É uma espécie de subsídio à
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exportação. Deixa de ser exigido o IPI para desonerar o industrial que vai exportar a sua
produção, de maneira que o produto brasileiro ganhe competitividade, e com isso o capital
internacional não especulativo ingresse com o equilíbrio da balança comercial brasileiro. Não
seria isso uma imunidade porque não é nenhum direito fundamental relacionado a essa
garantia, simplesmente uma opção econômica. Então, seria uma não incidência qualificada
pela CR, pura e simplesmente. E a pergunta ainda falava em imunidade né. Ora, direito
fundamental é tutelado na CR.

Agora, olha aqui, essa doutrina que restringe o termo imunidade a essas
intributabilidades relacionadas a direitos humanos não foi acolhida pelo STF, embora
também isso não tenha sido prático né. O STF dá o nome de imunidade nos seus votos, os
ministros, nas ementas, a qualquer limitação de competência estabelecida no texto
constitucional, qualquer que seja ela, seja por opção econômica, seja para tutelar direitos
fundamentais, o STF trata como imunidade.

Então na dicção do nosso Tribunal máximo, essa distinção terminológica não é


adotada.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Perfeito. Veja bem, eu até concordo com você, mas essa repetição é
despicienda, absolutamente desnecessária. Ela é feita. Se você abrir a Constituição Estadual,
estão repetidas lá as imunidades previstas na CR, apenas para fins didáticos. Para não ter
que abrir as duas Constituições, quando for tratar de direito tributário, você abre só a
Constituição Estadual, e está repetida. Mas não é essa a pergunta, porque pela pergunta, é
para criar novas imunidades. Entendeu? Porque para repetir ela não está criando nada, ela
está só repetindo. Aliás, se você abrir um regulamento por exemplo do IPTU, do ISS, está
tudo repetido também, e o regulamento não está criando imunidade, ele está só
reproduzindo toda a base normativa, e esmiuçando essa base para evitar de você ter que
trabalhar com o regulamento, com a lei e com a CR. Trabalha só com o regulamento, que
está tudo repetido ali. Certo?

Bem, as imunidades podem ser genéricas ou específicas. As mais badaladas, as mais


importantes, são as imunidades genéricas, porque genéricas? Porque elas alcançam
impostos em geral. Já as específicas, também chamadas de extravagantes, atuam no campo
de incidência de determinados impostos. Então, quando a CR diz, é vedado fazer recair
impostos sobre templos. É uma imunidade genérica, a gente vai ver. Qualquer imposto está,
encontra no templo, obstáculo para a sua incidência, seja federal, estadual ou municipal.

Agora quando a CR diz que não incidirá IPI sobre produtos industrializados de
exportação, destinados à exportação, é uma imunidade específica ou extravagante, porque
específica para o campo de incidência do IPI. Nós vamos ver quais são elas todas aí, a parir
de agora.
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Para finalizar, fechar essa introdução, detalhe: A CR ao tratar da imunidade, não usa a
expressão imunidade, como nós já vimos. Por outro lado, não usa uma expressão única. A
CR coloca barreiras à incidência de tributos de diversas formas, com diversas terminologias,
com diversas expressões. Eu vou exemplificar algumas para vocês do próprio texto
constitucional. Quando trata das imunidades genéricas, que são as mais importantes, no
art.150, VI, a CR diz que é vedado instituir impostos sobre. Então, ele está excepcionando a
competência das entidades tributantes com essa frase, “é vedado instituir impostos sobre”. E
a gente extrai daí a imunidade. No entanto, naquele caso do IPI, lá no art.153 &3º, III, a
expressão já é outra. Art.153 &3º, III. O imposto previsto no inciso IV, que é o IPI, não
incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. Não incidirá. É vedado
instituir impostos e agora o não incidirá. Outra imunidade vazada em diferentes termos.

Mais uma, art.195 &7º. São isentas de contribuição para a seguridade social, as
entidades beneficentes de assistência social que atendam as exigências estabelecidas em lei.
São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes. Isso é
imunidade. “Ah, mas a CR diz que são isentas”. Mas a CR diz que são isentas sem nenhuma
preocupação com o sentido técnico da expressão isenta. Até porque a CR não é feita para o
jurista, é feita para o povo. Quando ela diz que são isentas, ela está dizendo que são livres,
desoneradas, não incidirá contribuição quando o contribuinte for uma entidade beneficente
de assistência social. Entenderam? Então são isentas, leia-se, são imunes, não incidirá- é
uma outra expressão. Agora, para finalizar, um último exemplo. Art.5º, LXXVII da CR.

Olha o que está lá, são gratuitas as ações de HC e Habeas Data. São gratuitas as
ações de HC e HD. São gratuitas quer dizer o que? Que quem ingressar com HC ou com HD,
não pode ser obrigado a pagar nada por isso. Ora, o que se paga normalmente quando se
ingressa com uma ação judicial? Taxa judiciária. “São gratuitas” significa imunidade às
taxas. Haverá imunidade quanto às taxas, no caso de HC e HD. Entenderam? Na expressão
“são gratuitas”, você encontra implícita aí a previsão da imunidade.

Então, não é um padrão. O constituinte cria a imunidade se valendo de terminologias


distintas. Cabe ao interprete, até porque a imunidade é uma terminologia doutrinária, uma
concepção doutrinária, cabe ao interprete analisando o texto constitucional extrair da sua
previsão, uma exceção à regra de competência, e por isso qualificá-la como o STF faz, como
imunidade tributária. Entenderam?

Vamos então conhecer as imunidades genéricas, que são as mais importantes. Abram
o inciso VI do art.150 da CR.

Pergunta: Então nos casos do art.195 e no caso do HC e HD, são imunidades


específicas?
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Resposta: São específicas. A 1ª para a contribuição para seguridade social, e a 2ª,


taxa judiciária. Fiquem calmos porque isso é só a introdução. Eu vou falar para vocês das
imunidades genéricas, depois das específicas, e vocês vão conhecer todas elas.

Bom, a 1ª das imunidades genéricas é da alínea a do art.150, VI. É a chamada


imunidade recíproca. Diz lá a CR que é vedado a U-E-DF-M instituir impostos sobre
patrimônio, renda e serviços uns dos outros. A imunidade recíproca, já foi dita pelo STF, é
uma forma de expressão do pacto federativo. Por quê? Porque na verdade, ele tutela a
autonomia das entidades que compõem a Federação. Disso resulta que a imunidade
recíproca é cláusula pétrea. Conclusão do STF, com base no art.60 &4º, I que diz, não será
objeto de deliberação proposta de emenda tendente a abolir: I- a forma federativa de
Estado. Qualquer proposta de emenda que venha a minimizar o alcance da imunidade
recíproca, será considerada tendente a abolir a própria Federação, e portanto incidirá no
vício do art.60 &4º, I.

Pergunta: Quando ela fala em impostos, é só impostos ou tributos em geral?

Resposta: Só impostos. Não se estende a imunidade recíproca a outros tributos que


não os impostos. Nada impede ao Município de cobrar por exemplo, taxa de lixo, de coleta
de lixo da União, pelo lixo que o Município recolhe através da Conlurb no prédio da justiça
federal. “ah, mas não cobra”. Se não cobra, não cobra por força de isenção, benefício contido
na sua própria lei. A União por exemplo, na lei que trata da taxa judiciária, a Lei. 9.289\96,
isenta entidades integrantes do Conselho de Fazenda Pública da taxa judiciária federal. Não
precisava, mas o legislador optou por isentar. Se amanhã mudar de idéia, revogará a
isenção e poderá cobrar taxa judiciária de entidades públicas. Por quê? Porque a imunidade
recíproca só alcança impostos. Muitas vezes, taxas e contribuições não são exigidas, mas
não por força de imunidade, e sim por benefícios isencionais. Certo?

A propósito, a CR fala em patrimônio, renda ou serviços. Certa vez a União tentou


cobrar IOF das aplicações financeiras realizadas pelos Municípios. A tese era a seguinte, o
IOF não é imposto que incida sobre patrimônio, renda ou serviço. É imposto sobre operação
financeira. Então se valeu de classificação que leva em conta as materialidades tributadas
para tentar viabilizar a tributação, mesmo prevendo a CR a imunidade recíproca. O STF
brecou essa tentativa. Diz o STF, não é válido adotar classificações que levam em conta as
materialidades para, com base nelas, fazer recair impostos sobre o argumento que não é
classificado imposto sobre o patrimônio, renda ou serviço. Até porque, diz o STF, quando
você cobra imposto da entidade federativa, você está sacrificando o patrimônio dela, em
última análise. Então, impostos em geral. Embora a CR tenha dito patrimônio, renda ou
serviço, a interpretação do STF é essa, impostos em geral. Dúvidas?

Pergunta: Você pode repetir por que não é válido a classificação que leva em conta a
materialidade?
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Resposta: Não é válido classificar os impostos de acordo com materialidade para


tentar burlar a imunidade com base nessa classificação. A imunidade segundo o STF alcança
impostos em geral. Entenderam?

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Vamos lá no art.13. Olha, veja bem, quando se tratar , se o serviço for
concedido, ele não se qualifica como público. Mas o problema não é esse. O problema é que
quando o serviço é concedido, muda o prestador. O prestador passa a ser quem? Uma outra
entidade que não a entidade imune. A imunidade aqui é pessoal, é da Fazenda Pública. O
problema do serviço não é bem esse, o problema do serviço é a contraprestação. É o que
está no &3º do art.150, que afasta a imunidade dos serviços remunerados por
contraprestação pelo usuário. Eu vou falar isso com vocês daqui a pouco então. Guarda essa
sua dúvida, que eu vou tentar solucioná-la no &3º do art.150.

A imunidade recíproca só pode ser invocada pela Fazenda Pública quando ela seja a
indicada como sujeito passivo tributário. Não pode a Fazenda Pública pretender estender a
imunidade ao produtor ou comerciante no caso de IPI e ICMS, para evitar a incidência do
imposto sobre operação em que ela adquire bens. Não entenderam nada né?

Eu vou explicar melhor para vocês. Quando a Fazenda é a proprietária dos bens, não
pode recair imposto sobre esses bens. Quando ela presta serviço, não pode recair imposto
sobre o serviço. Quando ela aufere renda, não pode recair imposto sobre a renda. Mas e
quando ela adquire mercadoria? E quando ela é a compradora de uma mercadoria? Pode
incidir ICMS sobre essa operação? Pode. Por quê? Porque nesse caso, ela não é contribuinte.
Contribuinte é o comerciante. Qual é o interesse da Fazenda? Estender a imunidade dela ao
comerciante para que sobre aquela operação não recaia o tributo e assim, ela possa comprar
um produto mais barato. Porque a gente sabe que esses impostos são indiretos, se agregam
ao preço. Mas a União, quando compra produtos, quando compra mercadorias, é adquirente
como qualquer outra pessoa. Não há imunidade nessa operação. Por que não há imunidade
nessa operação? Porque nesse caso, ela não pode pretender estender uma imunidade que é
pessoal dela, para o comerciante ou produtor, para que ela sofra o efeito econômico dessa
imunidade. Isso está expresso na Súmula 591 do STF. A imunidade do comprador não se
estende ao produtor, contribuinte do IPI. Somente haveria imunidade se a União fosse a
produtora. Como a União não é a produtora (no caso não é a União, vamos dizer o Estado,
porque a União é o próprio ente tributante aqui), como o Estado não é o produtor, ele é o
comprador, ele não pode pretender que a sua imunidade se estenda ao produtor para que
naquela operação, haja um desconto de tributo. Entenderam?

O STF na Súmula 591 veda essa pretensão. Então só quem pode invocar a imunidade
é o contribuinte. Terceiro não pode estender ao contribuinte essa imunidade. Por outro lado,
vamos ver agora o outro lado da moeda, quando a entidade pública é proprietária de um
bem, esse bem não pode sofrer a incidência de IPTU. Vamos imaginar um imóvel, um imóvel
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urbano, a União é proprietária de um imóvel. Não pode recair IPTU sobre esse imóvel.
Correto? Muito bem. No entanto o Município do RJ tem na sua legislação a previsão segundo
a qual no caso em que a União alugue um imóvel para um particular, pode recair IPTU sobre
o imóvel, cobrado do particular. Aqui é o outro lado da moeda. O Município quer retirar a
imunidade do bem, uma vez que ele está alugado a um particular, para poder cobrar o
tributo do particular. Também não é possível isso. Quando o bem é público, goza de
imunidade. Estando alugado a um particular, não perde a imunidade, até porque o particular
não é contribuinte de IPTU. Locatário não é contribuinte de IPTU. Então não pode o Município
transferir a responsabilidade do ente imune para o ente não imune com o único propósito de
arrecadar. Se o imóvel é da União, não importa que esteja alugado a um particular, continua
imune.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Não, aí é autarquia, a gente vai chegar lá. Eu estou falando de entidade
federativa.

Vamos agora falar do &2º, que estende a imunidade recíproca a entidades


autárquicas. Diz o &2º do art.150 da CR. A vedação do inciso VI, a, que é a imunidade
recíproca, é extensiva às autarquias e as fundações instituídas e mantidas pelo poder público
no que se refere ao patrimônio, a renda e aos serviços, vinculados às suas necessidades
essenciais ou as dela decorrentes. A imunidade recíproca é extensiva portanto às entidades
autárquicas, autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público, mas aí
condicionadamente, no que se refere a patrimônio, renda e serviços vinculados as suas
atividades essenciais ou as dela decorrentes. Só que a jurisprudência é bastante liberal. Por
exemplo, ela falou assim, imóvel alugado. O INSS por exemplo, que é uma autarquia federal
tem uma série de imóveis alugados a particulares. Esses imóveis gozam de imunidade? Não
deveriam gozar, porque o INSS não tem como atividade essencial alugar imóveis. Certo?
Mas o STF não sabe essa imunidade, dizendo que ele aluga para produzir renda para a sua
atividade essencial. Pra mim confunde, porque uma coisa é não tributar renda do aluguel,
outra coisa é não tributar a propriedade do imóvel. Mas o STF não deixa tributar nada.
Então, em última análise, como autarquia, tudo que ela faz, em última análise, reverte tudo
para a sua atividade essencial, acaba gozando de uma imunidade plena. Quer dizer, com
essa interpretação elástica, o STF acaba tornando sem sentido a restrição do &2º, no que
pertine, no que concerne às suas atividades essenciais ou as dela decorrentes. Mas é a
posição do STF.

Muito bem. Pessoa jurídica de direito privado pode gozar de imunidade, essa
imunidade recíproca? O STF entende que sim, no caso das estatais e prestadoras de serviços
públicos. O STF por exemplo, estendeu a imunidade a INFRAERO que é uma empresa pública
federal. O que entendeu o STF? Que a empresa pública que presta serviço não se confunde
com a empresa pública que exerce atividade econômica. A esta última se aplica aquela
previsão constitucional que veda que as estatais tenham benesses fiscais não extensíveis as
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demais empresas do setor privado, porque como são estatais que exercem atividade
econômica, hão de se submeter ao princípio da livre concorrência. E por isso não podem ter
benesses porque teriam custo diminuído e assim acabariam apresentando, acabariam se
beneficiando com o monopólio disfarçado. Agora, no caso de estatal de serviço público, o STF
entende que tem que gozar de benefício porque reverte em prol da própria sociedade. E
sendo estatal de serviço público, e dependendo do serviço, sequer se submete a
concorrência. Por exemplo, a INFRAERO tem concorrência? Existe alguma outra empresa que
faça a administração da infra-estrutura dos aeroportos? Não. Então se você não der
imunidade, você vai acabar onerando a taxa que se paga a INFRAERO para embarque,
desembarque, a taxa que nós pagamos quando nos valemos do serviço do aeroporto, a taxa
que as empresas áreas pagam.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Não, o fundamento principal está naquele antigo julgado em que ele
distinguiu a atividade econômica do serviço público, referente aos correios. Em relação ao
serviço postal. Hoje em dia, na agencia do correio você compra até banana. Nos correios,
você paga conta de banco, tem uma série de atividades ali que não são monopolizadas. Até
porque aquilo é franquia. Agora, o serviço postal propriamente dito é monopolizado. Então, o
STF tem estendido a imunidade inclusive, porque sabe o que o STF entende? Que a opção
entre descentralizar a forma autárquica e criar uma estatal, decorre de fenômenos alheios ao
serviço que é prestado. A INFRAERO poderia ser uma autarquia. Não é porque o Governo
achou por bem criar uma empresa pública, para se livrar de algumas amarras do setor
público, por exemplo, regime estatutário dos servidores. Mas em síntese, isso não modifica o
serviço, a natureza do serviço prestado. De maneira que a INFRAERO faria jus então a
imunidade. Quer ver um julgado sobre a INFRAERO específico, é o RE 363.412. Quem tiver a
apostila, está inclusive transcrita ali, página 92 da apostila. E da ECT, RE 407.099. Agora, o
que parece o STF não ter observado, foi a disposição do &3º que excepciona a imunidade
recíproca e a extensão às autarquias e fundações.

Vamos ver os casos em que segundo o texto constitucional, não haveria imunidade.
&3º excepcionando portanto a imunidade recíproca e sua extensão as essas entidades.

§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas


e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

Começa aqui o seguinte, quando se tratar de patrimônio, renda e serviços de entidade


imune, mas relacionado com exploração de atividade econômica, regida pelo direito privado,
aí não pode haver imunidade. É evidente, em nome do princípio da livre concorrência,
porque senão seria muito bom para União. Ela criaria por exemplo uma sociedade de
economia mista de atividade econômica e não incorporaria os seus bens ao patrimônio dela.
Apenas cederia o uso. Seria uma forma de diminuir o custo dessa entidade por ela
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controlada conservando a imunidade sobre tais bens. Evidentemente que ela perderá a
imunidade nesse caso específico, porque está submetendo o seu patrimônio a exploração de
atividade econômica, regida por normas aplicadas em empreendimentos privados. A regra
geral é que quando o Estado explora atividade econômica com finalidade lucrativa, é
submissão às mesmas regras da concorrência, da iniciativa privada. Então a CR está sendo
coerente com o art.173 &2º da CRFB, nesse particular.

Segunda exceção: ou em que haja contraprestação ao pagamento de preço ou tarifa


pelo usuário. Esse é o problema do serviço, voltando ali a pergunta dela. Quando houver
contraprestação ao pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, não há imunidade, porque
quem está remunerando o serviço é o usuário, não é a entidade prestadora. Então o STF
pisa na bola quando por exemplo, afasta a incidência de ISS ao serviço prestado pela
INFRAERO, ECT, por quê? Porque esse serviço é remunerado pelo usuário. E a CR,
expressamente no &3º excepciona a imunidade nesses casos. Ele se preocupa muito com a
natureza do serviço, mas esquece que ele é remunerado por terceiro, e a CR expressamente
rechaçou. Então não importa que ele seja prestado pela própria entidade, ou que tenha sido
concedido. Se for remunerado por terceiro, não haverá imunidade.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Não, não é que esteja ligado, ele tem que ser interpretado à luz dessa
disposição.

E finalmente, não exonera o promitente comprador de pagar imposto relativamente ao


imóvel. Aqui é o seguinte, é casuística. O STF tinha uma Súmula dizendo que o bem público
imóvel mesmo objeto de promessa de venda a particular, continuava imune à incidência de
impostos locais. Aí já na CR passada, foi editada uma norma similar a essa que nós estamos
vendo e essa Súmula caiu. E o STF diz agora que perde a imunidade esse imóvel. O imóvel
quando é objeto de venda a particular, perde a imunidade, até porque passa a ser tributado
ao particular promitente comprador. Não fosse assim, aquele que celebrasse promessa de
compra e venda com o poder público envolvendo imóvel, nunca levaria a registro, porque a
promessa de compra e venda registrada, embora seja direito real, não transfere a
propriedade. Então o sujeito quitaria o preço, e não teria interesse em fazer a escritura
definitiva para levar a registro, porque com isso transferiria a propriedade do bem do poder
público para o seu patrimônio e passaria a ser tributado. E era o que acontecia no passado, o
pessoal não formalizava a transferência. Ele vendia não a propriedade, ele cedia o direito à
aquisição.

Então eram cessões ao direito aquisitivo e o bem ficava por longos anos imune à
incidência de impostos, e já economicamente vinculado ao patrimônio do particular. Então,
agora está expresso. O bem público imóvel, no momento que seja objeto de promessa de
venda a particular, perde a imunidade e o promitente comprador, particular, passa a
responder pelo tributo. Entenderam?
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Então está aí a imunidade recíproca, e as suas cláusulas excepcionais, a sua extensão


e as suas cláusulas excepcionais do &3º. A Súmula do STF sobre o promitente comprador é a
Súmula 583 do STF.

Súmula 583 do STF: PROMITENTE COMPRADOR DE IMÓVEL RESIDENCIAL


TRANSCRITO EM NOME DE AUTARQUIA É CONTRIBUINTE DO IMPOSTO PREDIAL
TERRITORIAL URBANO.

Segunda imunidade genérica. Imunidade dos templos de qualquer culto. Qualquer


culto hen, zen, budismo, igreja católica, maranata, batista, universal do reino de Deus,
adoradores de satã, qualquer que seja o culto, o credo.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Não, pode ser feita referencia para ilustrar, quer dizer, como acréscimo.
Além de tudo é monopólio, não concorre e tal. Mas é casuístico. Eu quero dizer o seguinte,
eu em uma prova eu colocaria, olha a INFRAERO e a ECT ganharam a imunidade por decisão
do STF, mas eu não estenderia de maneira indiscriminada não. E eu ainda diria, que essa
interpretação é uma interpretação do &3º, porque presta um serviço, pode até imunidade
sobre patrimônio, renda. Agora no serviço não, porque é remunerado pelo usuário.

Bom, imunidade dos templos de qualquer culto. Ao contrário do que se supõe, a


imunidade não alcança exclusivamente o bem imóvel. A imunidade alcança também o
serviço, a renda, porque quando se fala em imunidade dos templos, dá a entender que é só
esses que ficam a salvo, né. Só igreja, a sinagoga, a casa de oração, a casa de trabalhos, de
oferendas. Não, nada disso. A edificação, os serviços, o patrimônio, tudo aquilo que se
relaciona a atividade religiosa. Aliás o templo, imagina-se sempre uma edificação, mas ele
pode ser um veículo. Nada impede que a igreja tenha um veiculo e ali dentro esteja
estabelecido um templo e que seja um local em que as pessoas se reúnem, a igreja
itinerante, um ônibus, nada impede, para levar a palavra de Deus a locais inóspitos. O
templo na verdade é o veiculo que não sofrerá a incidência de IPVA que é o imposto que
onera a propriedade de veiculo automotor. Serviços, olha, a missa, a missa encomendada, o
batizado, o casamento, rituais, oferendas, despachos, trabalhos. Nada disso sofre a
incidência de imposto. A renda na instituição religiosa, o patrimônio ainda que alugado a
particulares, isso foi uma grande vitória de ordens religiosas aqui no RJ, a ordem do Carmo,
a ordem de São Bento. Aqui no centro do RJ, são proprietários de diversos imóveis e
brigaram com o Município, ganharam no STF. O STF entendeu o seguinte, desde que elas
provem que a renda do aluguel reverte para a atividade fim, os imóveis são imunes, ainda
que alugados a particulares. Tem até uma Súmula, que não é específica do templo, mas se
aplica também, segundo o STF a eles, que é a Súmula 724 do STF que diz exatamente isso,
quando se prova que a renda do aluguel reverte para essa atividade.
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Em relação aos templos, vigora a norma do &4º do art.150, que estende a imunidade
a patrimônio, renda e serviços, voltados as suas atividades essenciais. Então
pragmaticamente, vamos ver questões pontuais a respeito. Já se deu imunidade por
exemplo, aquelas atividades, vamos dizer, acessórias dos templos. Exemplo, venda de velas,
santinhos, bazar, feira de artesanato, feira da providencia, enfim. São atividades que não
estão diretamente relacionadas a religião, mas são indiretamente, porque produzem renda,
para que seja mantida a instituição religiosa. Lanchonete da igreja, até o estacionamento,
mesmo que cobre, a igreja pelo estacionamento. Cobra porque tem que manter um seguro
lá dos veículos, tem que pagar um vigia, mas quando se prova que a exploração do
estacionamento é apenas para viabilizar o acesso dos fieis, não há incidência, nem sobre o
imóvel, nem que se realize o estacionamento quando não é o mesmo imóvel da igreja, nem
sobre o serviço prestado. Agora, terceiriza o estacionamento, não há imunidade porque o
contribuinte passa a ser quem? A empresa que explora a atividade. Aí o contribuinte do ISS
é a empresa prestadora. Quando é a própria igreja, não há a incidência do ISS.

Bom, a imunidade é do templo, não é do pastor, do padre, do rabino, como pessoa


física, evidentemente. Não tem imunidade como pessoa física, pelo fato de ser o chefe lá,
não sei, o sacerdote, a imunidade é da instituição. E a gente quando fala das atividades
acessórias, fala de atividades economicamente singelas, estamos falando de bazar, festa
junina, venda de velas, santinhos, certo? Nós não estamos falando da rede Record de
televisão, por exemplo. E aí sabidamente, da igreja universal do reino de Deus. Quer dizer,
não é da igreja, mas são sócios da Rede Record, integrantes dessa igreja, da direção dessa
igreja.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Sim, mas aquela rede só veicula isso ou... a rede Globo também transmite
isso, e não quer dizer que ela tenha imunidade. Não, não tem não. aí é uma atividade
pública que ela presta, mas isso não confere imunidade a ela.

Pode haver imunidade a instituição religiosa alugar horário na grade, para veicular
informação religiosa e que vamos dizer, auferir renda de anunciante, por exemplo, nesse
período. É discutível, mas se a atividade religiosa, se a renda é exclusivamente para custear
o que se paga, um valor alto inclusive, para alugar espaço, aí me parece razoável que essa
publicidade já seja utilizada exclusivamente para o aluguel do horário, dos equipamentos que
permitam a transmissão. Mas são casos excepcionais, específicos.

Agora, aplicando-se sempre a Súmula 591 do STF. Quando a instituição religiosa


adquire bens, ela é adquirente. Não há imunidade alguma aí. Ela não pode estender a
imunidade dela a quem está vendendo, para comprar o bem ou mercadoria com desconto
tributário, porque aí não há imunidade. A imunidade é do contribuinte. Se ela é adquirente,
ela não é contribuinte. Não pode estender para o adquirente ou pretender estender essa
imunidade.
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Muito bem. Agora, a imunidade da alínea c, dos partidos políticos. Partidos políticos e
fundações, sindicatos de trabalhadores, instituições de educação, e de assistência social,
sem fins lucrativos.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI- instituir impostos sobre:

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

Primeiro, partido político. A imunidade dos partidos políticos é decorrência do


pluripartidarismo, a garantia para o pluripartidarismo. Está relacionada a liberdade
ideológica, por quê? Porque seria muito fácil ao Estado desestimular a criação e a
manutenção de partidos economicamente mais ricos, com uma tributação elevada, que só
pudesse ser suportada pelos detentores do poder econômico. Então, a imunidade consagra
aí, tutela a democracia, o regime democrático, o pluripartidarismo, e alcança as fundações
dos partidos políticos, desde que tenham objetivo previsto na lei orgânica dos partidos
políticos, que é a Lei. 9.096\95. E as fundações tem por fins institucionais estudo, pesquisa,
doutrinação e educação política. Então, sendo fundações com esses objetivos, devem gozar
de imunidade.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: No art.53. Olha lá, estudo, pesquisa, doutrinação e educação política.


Também nessa alínea c estão previstos os sindicatos de trabalhadores, entidades sindicais de
trabalhadores.

Atenção, entidades sindicais de trabalhadores, quem abrir a CLT vai ver, existem 3
níveis. Na base são os sindicatos, depois você tem as federações, que são reuniões de
sindicatos, e as confederações, que são reunião de federações. Nesses três níveis as
entidades gozam de imunidade. E aí se aplica também aquele &4º do art.150, patrimônio,
renda ou serviços voltados à atividades essenciais. Recentemente, alguém aí tem a apostila
da 1ª edição? Quem tiver a apostila da 1ª edição, pegue a atualização gratuitamente, ela já
está na 2ª edição, e já foi incorporada essa inovação. A Lei. 11.648\08, alçou à categoria de
entidades sindicais de trabalhadores as centrais sindicais, como a CUT e a força sindical. As
centrais sindicais eram vistas como meras associações civis, não integravam o movimento
sindical formalmente, embora comandassem, como comandam, o movimento sindical
brasileiro.

Por isso até que havia uma divergência, porque alguns entendiam que elas gozavam
de imunidade, porque se as entidades componentes delas que eram os sindicatos gozavam,
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por que elas não gozariam? A tese era de que o todo seguiria a sorte das partes que o
compõem. Agora, isso não se discute mais porque foi alterada a CLT pela Lei. 11.648\08 e
alçou as centrais sindicais ao movimento sindical formal brasileiro. Então as centrais sindicais
gozam de imunidade tributária.

Bom, as entidades sindicais patronais não gozam de imunidade. A FIRJAN por


exemplo, não goza de imunidade. Aqui é uma entidade sindical patronal. Alguns autores
criticam, mas o constituinte certamente levou em consideração a hipossuficiência do
empregado na relação que mantém com seu patrão. Certo?

Finalmente na alínea c, instituições de educação e de assistência social sem fins


lucrativos. Diz lá, atendidos os requisitos da lei. Essa lei aí, tem-se entendido, é lei
complementar, embora na alínea c, não haja o qualitativo complementar. Tem-se entendido
que é lei complementar. Por quê? Porque se a imunidade é uma limitação ao poder de
tributar, como nós vimos, você aplicaria aí a essa disposição, você faria uma remissão ao
art.146, II, segundo o qual cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao
poder de tributar. Ora, se a imunidade é uma limitação do poder de tributar, a lei que vai
estabelecer requisitos para essas entidades serem consideradas sem fins lucrativos e
gozarem de imunidade, teria que ser uma lei complementar. E o legislador reconheceu isso,
porque a norma que cria requisitos, é a norma do art.14 do CTN. Façam outra remissão aí,
art.14 do CTN, que foi alterado recentemente por uma LC, a LC 104\01. Então o próprio
legislador reconheceu a necessidade de LC para tratar desses requisitos.

O que é uma instituição sem fins lucrativos? Uma instituição sem fins lucrativos é
aquela que não distribui qualquer parcela do seu patrimônio ou de suas rendas a qualquer
título, inciso I do art.14. Inciso II, aplica integralmente no país os seus recursos na
manutenção dos seus objetivos institucionais, inciso II; e mantém escrituração em livros
formais, em formalidades capazes de assegurar sua exatidão. Operam no plano estritamente
formal.

Então, instituição sem fim lucrativo não é que não dá lucro, ela pode dar um lucro
altíssimo. Pode inclusive cobrar pelo serviço prestado, como cobram vários colégios aí de
padres, São Bento, Santo Agostinho, São Vicente. São todas instituição de educação sem
fins lucrativos. Cobram? Cobram. O problema não é cobrar. Não se exige que seja gracioso o
serviço, o que se exige é que não haja distribuição e que seja reaplicado no país os recursos
na manutenção dos seus objetivos institucionais. O sócio de uma empresa privada dessa,
não pode receber dividendos, não pode fazer retiradas, agora evidentemente se ele dá aula,
ele pode receber pela aula. Não pode haver distribuição disfarçada de lucro. Você vai pagar
um salário de professor normal para ele, média de mercado. Pagar muito acima do normal,
fica caracterizado a distribuição disfarçada e perde o caráter de entidades sem fins
lucrativos.
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Vamos fazer um intervalinho e a gente volta com algumas questões atinentes a essa
imunidade.

Intervalo.

Bem, essa imunidade das entidades de educação e assistência social sem fins
lucrativos, tem por objetivo estimular a criação e a manutenção dessas instituições, porque
elas auxiliam o Estado num campo em que as prestações, elas são notoriamente
beneficentes, que é o campo da saúde, assistência e educação em geral. Então estimula-se a
iniciativa privada, auxilia o Estado desde que sem finalidade lucrativa. Eu selecionei aqui na
apostila alguns julgados do STF marcantes acerca da extensão da delimitação dessas
imunidades. Então, eu vou ler para vocês aqui, porque a jurisprudência em relação a
imunidade é fundamental em concurso. É sempre muito questionado.

Então no RE 221.395, o Supremo estendeu as imunidades à imóveis destinados a


escritórios e residências dos membros das entidades. Então não é o imóvel usado para
atividade essencial da entidade, mas usado para moradia e escritório dos membros dessas
entidades. Também estendeu para rendimentos e ganhos de capital oriundos de aplicação
financeira, afastando o IOF.

Estacionamento. Nesse caso do estacionamento, era um hospital que era controlado


por uma entidade de assistência social, era uma santa casa, hospital beneficente e que tinha
um terreno anexo que era um estacionamento e caiu na prova do MP inclusive, uma questão
relacionada ao estacionamento de entidade de assistência social. Dois ou três dias saiu o
informativo, o informativo saiu na 4ª, e caiu na prova do MP. Aliás foi a 1ª prova do MP que
caiu tributário. Antes não caia direito tributário, quando começou a cair, logo na 1ª prova em
que caiu tributário no MP, caiu essa questão, dias depois de sair no informativo. Se incidia
IPTU sobre o imóvel onde explorado o estacionamento usado pelos hospitais, ou pela santa
casa, para acesso aos doentes e tal. E o STF entendeu que não porque embora não seja
atividade fim do hospital, é uma atividade relacionada, que viabiliza o acesso dos doentes e
tal. A questão do estacionamento foi no RE 144.900. 1ª questão de tributário no MP Estadual
do RJ. Cada vez eles estão criando mais matérias para o concurso né. Para a área federal,
agora então, econômico, ambiental, internacional. E tem matérias que vão se desgarrando,
agrário, vão se desgarrando do direito administrativo, tutela de direitos difusos, cada vez a
gente tem que estudar mais.

Imóveis alugados, desde que a renda de aluguel reverta para atividade fim, é a
Súmula 724 do STF. E olha só que extensão interessante. A entidade aqui de assistência
social sem fins lucrativos, adquiriu o imóvel, para oferecê-lo a locação, para que a renda de
alugueis fosse aplicada na sua atividade essencial. Nessa aquisição do imóvel, o STF não
permitiu a incidência de ITBI, dizendo que ele estava adquirindo o imóvel, para com esse
imóvel produzir renda, que iria reverter para sua entidade. Então, não deixou recair ITBI
sobre essa aquisição. RE 235.737.
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Para finalizar, falar da jurisprudência do STF acerca das entidades de previdência


privada. O que é entidade de previdência privada? É aquela entidade que normalmente é
criada por empresas grandes, para complementar aposentadoria e pensões pagas pelo
regime geral de previdência, pelo RGPS. Porque vocês sabem que o regime geral de
previdência tem tanto um teto de contribuição, quanto um teto de benefício. Pode ser um
grande diretor de empresa multinacional, ganhe R$100 mil reais de salário, ele vai pagar
contribuição com base no teto; teto de contribuição que eu acho que é R$3 mil. E o benefício
também tem um teto similar. Olha, como é que o sujeito vai se aposentar se ele ganhava
R$100 mil na ativa, e vai passar a ganhar R$2, 3 mil do RGPS. Então a empresa cria um
fundo de previdência, para beneficiar os seus empregados. São os planos de previdência
fechada, privada e fechada. Esses fundos de previdência são riquíssimos, porque eles são
muito administrados. Então você tem o PETRUS, o PREVI, enfim, uma série de fundos de
previdência, e que brigavam com a União, para obter imunidade, no tocante ao imposto de
renda, principalmente. Essa briga chegou ao STF e foi uma briga de milhões. O STF
entendeu que essas entidades não integram o conceito, ainda que genérico, de assistência
social, porque não tem o caráter de solidariedade, universalidade. Ou seja, não são
acessíveis a todos os brasileiros, apenas aos funcionários da empresa, são planos fechados
de previdência. Então embora não tenham fins lucrativos, são planos fechados, não têm o
caráter de universalidade que o STF entende que deve estar presente nas entidades de
assistência social para merecerem a imunidade.

No entanto, depois desse julgado, ofereceram embargos de declaração ao STF


dizendo, mas espera aí, e quando a previdência, embora fechada, privada, seja suportada
exclusivamente pelo patrão? Ou seja, e quando não se exija contribuição do beneficiário, ou
seja, quando seja uma previdência graciosa? O patrão suporta todo o encargo. Aí o STF: Aí
está bom, nesse caso então, embora não tenha o caráter de universalidade, eu concedo a
imunidade. Foi uma decisão salomônica.

Então o STF em relação a previdência privada, fechada, nega a imunidade, salvo no


caso de entidade mantida com contribuição exclusivamente do patrão. É o que diz a Súmula
730 do STF. Súmula 730 no seguinte sentido.

SÚMULA Nº 730

A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA CONFERIDA A INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM


FINS LUCRATIVOS PELO ART. 150, VI, "C", DA CONSTITUIÇÃO, SOMENTE ALCANÇA AS
ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL PRIVADA SE NÃO HOUVER CONTRIBUIÇÃO
DOS BENEFICIÁRIOS.

Então está sumulado e o que está sumulado para vocês é igual a lei. Tem que estar na
cabeça de vocês. Tudo bem?
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Finalmente, quanto às imunidades genéricas, a imunidade dos livros, jornais e


periódicos e do papel destinado a sua impressão. Alínea d.

Notem o seguinte, essa imunidade, ao contrário das demais, é objetiva, porque as


demais são imunidades subjetivas, concedidas em função de aspectos pessoais do obrigado.
Essa aqui é objetiva. Não importa a quem pertença os livros, jornais e periódicos, e o papel
destinado a sua impressão. Ela é objetiva. Ela alcança todas as operações relacionadas a
livros, jornais, periódicos, e papéis destinados a sua impressão. Qual é o propósito dessa
imunidade? Tutelar o livre acesso a informação, tutelar a difusão de cultura escrita, evitar a
censura indireta, entenderam? Esse é o propósito do texto constitucional. E é com esse
propósito que a gente vai interpretar os diversos questionamentos que aparecem acerca da
extensão dessa imunidade. Por exemplo, jurisprudência aqui para vocês. Entidades que
divulgam informação via radiodifusão de sons e de sons e imagens, rádio e televisão, não
gozam de imunidade, só informação escrita, porque a imunidade é de livros, papéis e jornais
destinados a sua impressão. O STF já decidiu isso.

Lista telefônica. Bom, lista telefônica não tem nada a ver com tutela de cultura,
informação, realmente não; mas o STF entendeu que a lista telefônica é veiculo de utilidade
pública e goza de imunidade. Então coloca aí, lista telefônica e imunidade. É o RE 101.441.

Folhetos de propagandas em cartazes, jornais e revistas não gozam de imunidade,


porque a sua índole, a sua natureza exclusivamente propagantística. Aqueles encartes da
casa e vídeo, apostilas. O STF concedeu, disse que são veículos de transmissão de cultura
simplificados, mas gozam de imunidades. Não precisa ter ofendido né, apostila tão bonitinha,
tão completinha, chamar de veiculação de cultura simplificada, esculhambou, mas goza de
imunidade. RE 183.403.

Filmes e papeis fotográficos, necessários à publicação de jornais e periódicos, gozam


de imunidade. Súmula 657 do STF. Quando o STF julgou essa questão, ele julgou uma
questão muito maior. Porque as empresas queriam a extensão da imunidade a diversos
outros insumos, a tinta para a impressão, a linha para a costura de livros, a cola para a
capa, e aí o STF negou a tudo, dizendo que o constituinte sabia que vários eram os insumos
para a consecução, a confecção do livro, mas só estendeu ao papel. Então, não cabe ao
interprete estender desmedidamente. O constituinte deliberadamente teria deixado que
fossem tributados os demais insumos, só o papel que não. No caso de filme e papel
fotográfico ele estendeu. Então não foi uma vitória do contribuinte, foi uma vitória parcial. O
contribuinte perdeu mais do que ganhou.

O serviço de transporte de jornais, sofrem a incidência de ISS. Transporte de jornal,


porque aí não é operação com livro, com jornal né. É operação de transporte em geral, e
sofrem a incidência do imposto sobre serviço.
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Estendeu também o STF a imunidade aos filmes destinados à confecção de capas


moles de livros. Isso aqui não tem imunidade, esse plástico aqui, agora esse filme de
plástico que reveste a capa tem. Esse que se a gente passar a unha descasca. O STF
entendeu que a adere ao papel, não é papel, é plástico, mas adere e para conservar a
utilidade, o livro, enfim, estendeu. Isso se chama filmebopp. Diz que similar ao papel. Foi
uma opção do STF. Opção política, poderia dizer que não, que não era papel. Aí é casuística.
RE. 392.221.

Que tal as tiras plásticas utilizadas para amarrar os jornais? Os jornais são distribuídos
amarrados em tiras plásticas. Não deu imunidade as tiras plásticas. RE.208.638.

Álbum de figurinhas. Deu imunidade dizendo, não cabe formular juízo subjetivo acerca
da qualidade cultural ou do valor pedagógico de publicação destinado ao público infanto-
juvenil. RE. 221. 239. E com razão, porque olha aqui, nesse caso específico, sabe qual era o
objeto do álbum de figurinhas? Novela da globo. Aí disseram, não, isso aí não tem nenhum
valor cultural, pedagógico. Realmente não tem nenhum. Mas o STF entendeu que você não
pode formular esse juízo subjetivo de valor, até porque você abre um precedente perigoso.
Isso nos leva a discussão da revista pornográfica. Se goza ou não goza de imunidade. A
pornografia seria um lixo cultural. Quer dizer, você teria a cultura erótica e a pornografia.
Cultura erótica é uma expressão cultural aceitável e tal, e gozaria a revista de imunidade,
mas a pornografia não. Claro, como você vai precisar uma linha divisória entre a cultura
erótica e a pornografia? Aliás, mesmo que você chame a pornografia de lixo cultural, nada
mais é do que a cultura do trash, que é inclusive disseminada e tem vários adeptos aí. Então
você não pode começar a formular esses juízos subjetivos, porque você acaba descamando
para a censura. Não, eu não vou tirar a imunidade porque eu discordo do valor cultural do
seu veiculo. Entenderam?

Então, até porque, por que a pornografia não gozaria de imunidade e o voyerismo,
como é o voyerismo explícito ou no caso da revista Caras, e similares gozariam. Que tipo de
informação cultural relevante a mais, do que a revista pornográfica ou a revista Caras
divulgariam? Eu inclusive a esse respeito eu sempre daquele filme o povo versus Lerry Flynt.
É um filme super interessante, o Lerry Flynt era, e é até hoje, ele está vivo, ele é o criador
da revista Hustler, que é uma revista que surgiu nos EUA como um contra-ponto a Playboy.
A Playboy fazia um nu, supostamente artístico, a mulher ficava de ladinho, e a Hustler
colocava o nu frontal, escandalizando a sociedade, principalmente a sociedade americana,
que na verdade vive a base de um falso moralismo, uma hipocrisia total. Então, os falsos
moralistas americanos levaram as barras do Tribunal o Lerry Flynt, querendo que o Tribunal,
que a justiça, proibisse a publicação dele. E o livro conta a vida dele e a saga dele perante a
justiça americana para viabilizar a venda da sua revista. E ele acaba chegando a Suprema
Corte Americana. E a Suprema Corte Americana dá ganho de causa a ele, porque não
consegue precisar exatamente essa linha divisória entre a pornografia e a cultura erótica. E o
americano tem o lado bom porque ele é muito ligado ferrenhamente ligado aquela cláusula
constitucional dele da liberdade de expressão. Então, embora tenha esse lado do falso
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moralismo, eles também se orgulham de ser o país das liberdades. E acaba prevalecendo a
liberdade do Lerry Flynt.

E isso vale também para efeitos de imunidade, está certo? Porque o que não interessa
a você, interessa ao seu vizinho. Você não pode pretender tributar como forma de censura,
evidente.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Que eu saiba sim. Que eu saiba, não goza de imunidade revista com
natureza propagantistica. A revista do shop time, e outras revistas apenas catálogos de
dinheiro. Aí não goza de imunidade porque aí evidentemente o intuito é exclusivamente
lucrativo, vender o produto. “Ah, mas elas contem receitas”, sim aquilo é só para você não
se sentir mal lendo, porque todo mundo lê, todo mundo gosta de ler. Eu gosto muito de ver
essas novidades tecnológicas. A gente não usa, não precisa daquilo, mas fica com vontade
de comprar e aquelas coisas. A máquina de fazer suco, imagina o dinheiro que você vai
ganhar em frutas usando essa maquina de fazer suco, você coloca uma maça inteira ali. Mas
você quer tomar um suco, coloca três maças ali dentro e toma um copo de suco, e aí
acabaram as maças. Você em dois sucos, acabou com as maças, tem que comprar mais
maças, não compensa, não vale à pena. Gasta muito dinheiro com fruta.

Tinta. Tinta não goza de imunidade. Nós já vimos, a tinta é insumo mas a CR não
estendeu à tinta. RE 265.025.

Outra questão interessante relacionada a imunidade dos livros, jornais e periódicos,


são aqueles itens que acompanham, especialmente revistas. Por exemplo, o faqueiro de
Caras. Quando você compra a revista Caras, vem um peça do faqueiro. Aí você compra
outra, você ganha outra peça. Você vai comprando até completar o faqueiro. Essa peça goza
de imunidade? É evidente que não, não tem nenhuma relação com o conteúdo da publicação,
ou aqueles brinquedos ou aqueles DVD’s de filmes. É impressionante, eles vendem hoje em
dia tudo enrolado em revista, em banca de jornal. Qual é o propósito? Imunidade.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Indevidamente. Porque as bancas não são fiscalizadas, porque banca


tecnicamente vende o que? Jornal e periódico. Banca de jornal vende jornal e periódico. As
bancas hoje vendem de tudo, mas elas não são fiscalizadas, porque tecnicamente...mas veja
agora, filme, show em DVD, é evidente que tem que tributar. Eles dizem, “ah, mas aqui é
brinde”, não é brinde coisa nenhuma. Você não compra a revista, você compra o DVD.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Não, porque na verdade não é brinde. Ele está invertendo ali os valores.
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Pergunta: E se for efetivamente um brinde? Veja bem, não vai incidir ICMS porque o
valor é zero. Certo? Mas nas operações anteriores, porque a empresa tem que comprar o
faqueiro, a Caras tem que comprar a faca. Incide. Diferente do papel usado na impressão.
certo? Tem que incidir. No caso do DVD, é uma fraude, porque você está comprando o DVD.
O Lobão disse que brigou com as gravadoras e vendeu efetivamente os CD’s dele nas bancas
de jornal. Olha, o que está por trás disso, a par da briga com a gravadora? A imunidade que
ele quis estampar. Então, ele não queria efetivamente o CD, ele queria uma revista, enrolou
o CD nessa revista, e vendeu a revista, supostamente com o CD como brinde. Entenderam a
malandragem? Para que? Para não haver incidência de ICMS sobre a venda do CD, o que na
verdade é uma fraude. Tem que incidir. Basta que você descaracterize a venda da revista,
venda do DVD, venda do CD. Diferente do faqueiro de Caras. Você não está comprando o
faqueiro, você está comprando a Caras e por acaso vem a faca. Mas pode ser até um brinde
ali. Mas nas operações anteriores, foi tributado, tinha que ter sido.

Agora, diferente é o caso do fascículo do curso de línguas, porque aí vem com o CD,
com uma fita cassete antigamente. Ali é parte integrante do material. Você não vai aprender
língua sem ouvir a pronúncia. Não há como aprender língua, sem ouvir a pronúncia. Então,
ali sim faz sentido você estender a imunidade ao CD, ou ao DVD, ou ao Pen Drive, ou cartão
de memória, enfim, o que quer que seja, porque aí sim aquele item, tem plena relação com
o objetivo cultural da publicação. Entenderam?

Para finalizar, a questão relacionada ao livro eletrônico. O livro eletrônico é aquele que
não está estabelecido na mídia, papel, é uma mídia alternativa de armazenamento de dados.
Pode ser uma mídia, como CD room, pode ser um cartãozinho de memória, pode inclusive
não se materializar, quando você compra pela internet e faz o ________________ do micro.
E aí, há imunidade ou não há? A receita federal entende que não, só o micro de papel. Mas
essa é uma tese absurda. “Ah, a CR ao falar no papel destinado a sua impressão, só garante
a imunidade ao livro em papel, agora?”. Em 1998, não havia outra mídia, vamos dizer,
vulgar, popular, de armazenamento de dados, de livros e jornais que não o papel.

A partir do momento em que você se desenvolve, econômico, tecnologicamente, você


tem que fazer a sua interpretação constitucional. É a famosa mutação constitucional. A
interpretação acompanha a evolução social, política, econômica e tecnológica. Porque senão
o Brasil fica para trás, porque o empresário brasileiro se desestimula porque perde a
imunidade, de desenvolver essas vias alternativas. Há quem sustente que o livro em papel
vai acabar em 10 anos. “Ah, isso é uma previsão furada, as pessoas não abrem mão de
manusear o papel, e tal”. Pode ser em 10, 20 anos, mas vai acabar, um dia, alguém tem
dúvida?”.

O e-book player hoje é tão bom quanto o livro, com uma vantagem, você não precisa
carregar, ele é carregável(?). E ele tem uma memória que você joga lá, três mil livros,
dentro da memória dele. Inclusive o e-book player tem uma tela que imita o papel, imita a
luminosidade do papel, para não cansar a sua vista e você vai apertando o botão, e vai
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passando as folhas. Já criaram a tela maleável, e o jornal do futuro vai ser assim, uma tela
maleável em que você vai ligar no seu computador, no seu celular, e vai baixar o jornal do
dia. Olha, esse é um futuro não muito remoto, é um futuro aproximado. Ninguém duvida, a
tecnologia está correndo muito mais do que a gente pode imaginar. Por que você vai negar a
imunidade ao livro eletrônico, ao jornal eletrônico? Então é o que a doutrina entende, mas
não há manifestação ainda do STF sobre isso.

Muito bem. Falemos agora então das imunidades específicas, porque as imunidades
genéricas são essas. Vamos ver as imunidades específicas, aquelas que atuam no campo de
incidência de determinados impostos. Eu vou basicamente citar para vocês quais são. Se
tiver alguma controvérsia eu explico.

Aquela do IPI. A 1ª, art.153, &3º, III. É aquela que afasta a incidência de IPI na
exportação de produto industrializado. Vocês já sabem o porquê.

Agora, sobre o ITR. Imposto que onera a propriedade territorial rural. Art.153, &4º, II.
Cuidado porque houve alteração pela EC 42. Vou explicar para vocês. Atualmente o art.153
&4º, II, afasta a incidência de ITR sobre pequenas glebas rurais definidas em lei, quando as
explorem o proprietário que não possua outro imóvel. A redação original antes da EC 42 era
“quando as explore só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel”. Essa
expressão “só ou com sua família”, foi abolida, e muito justamente, por quê? Porque todo
mundo sabe que no interior é muito comum o sujeito ter que contratar empregados para
momentos de colheita, nos momentos de plantio. São chamados volantes ou bóias-frias. Eles
trabalham só num determinado período rapidamente, para ajudar na colheita do plantio. E
essa contratação, já inviabilizava a imunidade. Então, o cara tinha que fazer muito filho para
ajudá-lo, porque falava “só ou com sua família”. Filho é família.

Então, o cara fazia 10 filhos para não precisar contratar ninguém, e aí ele gozava de
imunidade. Já o outro que não podia ter filhos, não tinha família, era só ele ou só a mulher,
tinha que contratar, perdia a imunidade. Então essa expressão “só ou com sua família”, foi
abolida. Pode até contratar empregados. O importante é que seja pequena gleba rural, e que
o sujeito só tenha o que ele explore- a terra, e que ele só tenha um imóvel, dele. Aí você vai
dizer, “só um imóvel rural, mas ele pode ter outro urbano?”, não, ele não pode ter nenhum
outro. Só o imóvel rural, porque essa imunidade protege o mínimo existencial. O sujeito tem
uma pequena gleba rural e vive da terra, retira o seu sustento da terra, e só tenha aquele
imóvel.

Bom, o que é pequena gleba rural? Está definida na Lei. 9.393\96, art.2º. Se o imóvel
tiver na Amazônia Ocidental ou no Pantanal Mato Grossense, no sul Mato Grossense, 100
hectares, até 100 hectares é pequena gleba rural. Se tiver no polígono das Secas ou na
Amazônia Oriental, até 50 hectares é pequena gleba rural. E se tiver em qualquer outro
município do Brasil, até 30 hectares. Então varia a pequena gleba rural, a definição, de
região para região, 30, 50 e 100.
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Você vai dizer assim, “mas vem cá, pode a lei ordinária regulamentar uma
imunidade?”. Em tese não, porque imunidade é limitação ao poder de tributar, incide o
art.146, II da CR, que reserva à LC esse papel. Então você vai dizer, então como é que se
aceita que a lei ordinária faça isso? Aceita-se por quê?

Essa imunidade está estabelecida em norma de eficácia limitada, portanto que


depende de regulamentação. Se você disser que a norma é inconstitucional, você tira a
regulamentação e a norma constitucional, que prevê a imunidade, despe-se de eficácia,
resultado, o contribuinte perde, entenderam?

Alguns espertinhos alegaram a inconstitucionalidade formal da Lei. 9.393, sabe por


quê? Porque ela alterou uma outra lei que foi a Lei. 8.847\94 que prevê dimensões menores.
Então, a Lei.9.393 alargou essas dimensões. Você não pode declarar a inconstitucionalidade
de uma lei por vício formal, quando a lei que ela revoga, e que seria repristinada por essa
declaração, padece do mesmo vício.

Nesses casos o STF, diz que o autor é carecedor de ação, mesmo em se tratando de
ação direta, por falta de interesse. Quando ele alega a inconstitucionalidade de uma lei, mas
lei essa que revogou uma anterior que padecia do mesmo vício, e é o caso, é anterior a Lei
Ordinária. Então mesmo reconhecendo o vício, o STF extingue o processo sem exame de
mérito, porque a lei anterior também estava com o mesmo vício e não teria sido invocada na
ação direta.

Pode parecer surpreendente que o STF vislumbre a inconstitucionalidade, mas não a


declare, mas esse não é o único caso não. Quer ver um caso típico que o STF reconhece a
inconstitucionalidade, mas não a declara, por falta de interesse do postulante, é o caso do
salário mínimo. Quando o salário mínimo foi majorado de R$70 reais para R$100 reais se eu
não me engano, R$110, o PT entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade contra a
medida provisória, que majorou o salário mínimo, dizendo que essa medida provisória era
inconstitucional, porque segundo a CR, o salário mínimo tem que prover as necessidades de
educação, moradia, lazer e etc. O STF disse, realmente, R$110,00 reais é um valor aviltante
e que nem de longe garante ao trabalhador que o receba, o acesso a essas exigências do
mínimo existencial, habitação, moradia, alimentação, lazer. Agora, diz o STF, se eu declarar
a inconstitucionalidade dessa MP, o que acontece? Eu restauro a vigência daquela que foi
revogada e que fixada um valor inferior ainda. Então, o autor é carecedor do direito de ação,
porque ele não tem interesse, porque eu agravo a inconstitucionalidade com essa
declaração. Entenderam?

Mutatis mutandis é o que ele fez aqui. É lei ordinária? É. Mas primeiro, se eu declarar
a sua inconstitucionalidade, eu restauro uma outra lei que também era lei ordinária. É o
mesmo vício. E se eu declarar a inconstitucionalidade de todas elas, eu suprimo a imunidade,
porque ela não é auto-aplicável. Por isso é que a gente convive com normas provenientes de
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leis ordinárias regulamentando imunidades, paradoxalmente. E o STF não age corrigindo


esse vício.

Bom, quanto ao ICMS (atenção que o ICMS é importante para o MP), nós temos 4
alíneas a, b, c e d, do inciso X do parágrafo 2º do art.155. Vamos ver, alínea a, não incidirá:

X - não incidirá:

a) sobre operações que destinem ao exterior produtos industrializados, excluídos os


semi-elaborados definidos em lei complementar;

a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços
prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do
montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Exportação de mercadorias e serviços que o Estado tributa pelo ICMS. É o mesmo


motivo pelo qual o IPI não incide, o ICMS também não incide. Subsídio a exportação, para
chegar lá fora com competitividade.

Questão relevante na jurisprudência do STF a esse respeito. O STF entende que a


imunidade não se aplica às prestações e serviços de transporte de produtos industrializados
destinados à exportação. O transporte interestadual é tributado pelo ICMS. O produto
exportado não sofre a incidência de imposto na exportação, mas o transporte interno, por
exemplo, ele vem de MG para o RJ e do RJ é exportado. Esse transporte interno é tributado.
O STF decidiu no RE 340.855.

Então se cair na prova, incide ICMS, sobre serviços de transporte interestadual de


produto industrializado destinado à exportação? Você vai dizer sim, porque uma coisa é a
exportação, outra coisa é o transporte interno que a antecede. O STF entende que é
tributado. RE 340.885.

Olha, essas questões de prova, relacionadas às imunidades, invariavelmente estão na


jurisprudência. Estão respondidas na jurisprudência. Então, não tem jeito, tem que gravar.
Entender de preferência, o que não der, grava.

Alínea b. Sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive


lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;

Interpretação do STF. Só não incide ICMS nessas operações em que os combustíveis,


derivados de petróleo, energia elétrica saem de um Estado e vão para outro, quando o
adquirente, situado em um Estado, não seja um consumidor final. Um suposto posto de
gasolina compra um combustível que vem de outro Estado, nessa operação não incide ICMS.
Agora, se quem compra é a indústria que precisa do combustível, e é a destinatária final,
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incide. Entenderam? Então, a imunidade só não incide, eu vou ler até o que o STF disse aqui.
Não se aplica aos consumidores finais, localizados nos Estados não produtores.

Então, quando essa operação pelo qual o combustível sai de um Estado e vai para
outro, não é operação final, ele vai continuar circulando, não incide. Aí aplica-se a
imunidade. Agora, quando é operação final, porque o destinatário situado em outro Estado,
vai consumir ali a energia, o combustível, aí incide. Entenderam? Leiam então o RE.
198.088.

Alínea c. Não incide ICMS sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art.153, &5º.

Aqui não é bem uma imunidade. Por quê? Porque o ouro pode sofrer incidência de
ICMS ou do IOF. Depende. O que a CR está dizendo é o seguinte, quando o ouro seja
encarado como ativo financeiro, sofre a incidência exclusiva do IOF. Quando o ouro seja
mercadoria, sofre a incidência do ICMS. Quando você vai a H Stern e compra a aliança mais
cara para o seu amado ou para a sua amada, de ouro puro, você está comprando ouro, o
ouro está circulando como mercadoria. Certo? Está circulando como mercadoria. Então é
evidente que sofre a incidência do ICMS, o ouro posto à venda na joalheria. Certo?

O ouro como ativo financeiro é definido na Lei. 7.766\89, e diz no art.1º.

Art. 1º O ouro em qualquer estado de pureza, em bruto ou refinado, quando


destinado ao mercado financeiro ou à execução da política cambial do País, em operações
realizadas com a interveniência de instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional,
na forma e condições autorizadas pelo Banco Central do Brasil, será desde a extração,
inclusive, considerado ativo financeiro ou instrumento cambial.

Então, é a incidência do IOF, desde a extração lá na mina. Já está sendo extraído com
a autorização do Banco Central, para funcionar como ativo financeiro ou instrumento
cambial. Ele vai circular como ativo financeiro, a incidência de IOF. Entenderam? Então não
esqueçam, ativo financeiro-IOF, mercadoria-ICMS. Então não é bem uma imunidade, é
apenas a qualificação do ouro com um ou outra coisa.

E finalmente a alínea d, segundo a qual não incide ICMS nas prestações de serviço de
comunicação, nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens, de recepção
livre e gratuita.

O “S” do ICMS, vocês sabem, relaciona-se a dois serviços. Serviço de transporte


interestadual ou intermunicipal e de comunicação. Serviço de comunicação, para sofrer
incidência de ICMS, tem que ter o requisito da onerosidade. Exemplo, telefonia móvel de
celular, TV a cabo. Por isso é que está lá nas notas, nas faturas da Net, TVA, Sky, lá o ICMS,
da Oi, da Claro, da Vivo, Telemar, está lá. Isso é a margem do ICMS. Eles às vezes colocam,
o serviço prestado pelas redes de rádio e televisão abertas, isso é que é radiodifusão sonora
e de sons e imagens de recepção livre e gratuita, você pega uma antena, puxa, e já está
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recebendo o sinal, não são tributáveis porque não são onerosas. Isso já era orientação da
jurisprudência e da doutrina. Só que o constituinte derivado, através da EC 42, acrescentou
a alínea d, para deixar claro a não incidência do ICMS em relação a esse serviço, de
recepção livre e gratuita. Então, a última imunidade atinente aí ao ICMS.

Agora, a imunidade quanto ao ITBI. Como vocês sabem o ITBI onera a transmissão
onerosa de bens imóveis e direitos a eles relativos, bem como a cessão de direitos a sua
aquisição. Diz o art.156, &2º, I: O imposto previsto no inciso II, que é o ITBI:

I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de


pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos
decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses
casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou
direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;

Muito bem. Quando você monta uma empresa, você tem que integralizar o capital
social da empresa. Se você transfere imóveis ao capital da empresa, com esse intuito, você
transfere imóvel do seu patrimônio para o patrimônio da empresa. Não há incidência de ITBI,
imunidade. Certo? Da mesma maneira, quando as empresas se fundem e criam uma 3ª
empresa, ou quando há incorporação, cisão, também há mudança de propriedade imobiliária.
Os imóveis, o patrimônio de uma empresa vão para o patrimônio de outra, também não há
incidência. É para não estorvarem economicamente essas atividades empresariais. Na
extinção da empresa, não haverá incidência de ITBI, desde que o imóvel, volte para o
patrimônio do seu antigo proprietário, aquele que utilizou para integralizar a sua parte no
capital social, para evitar fraude. Então, se faria uma coisa muito simples, você quer comprar
um imóvel de alguém, não quer pagar ITBI. Você monta uma empresa com esse alguém,
você entra com o dinheiro e esse alguém entra com o imóvel. Tempos depois, você extingue
a empresa, e você sai com o imóvel e esse alguém sai com o dinheiro. Seria uma fraude aos
interesses fazendários. Então somente quando o imóvel retorna ao patrimônio daquele que o
tenha utilizado para integralizar a sua parte no capital da empresa, a imunidade estará
presente. Tanto na ida quanto na volta. Entenderam?

Bom, não haverá imunidade em qualquer caso se a atividade preponderante da


empresa for exatamente a exploração imobiliária, porque aí o objeto social da empresa se
confunde com a atividade de compra e venda de imóveis, já haveria uma promiscuidade e
uma tentativa, um campo fértil para a fraude. A disposição que regulamenta essa imunidade
é o art.36 e 37, e os parágrafos do art.37 estabelecem quando é que se considera
caracterizada atividade preponderante da empresa. É quando mais de 50% da sua receita,
nos dois antes e nos dois anos posteriores há incorporação imobiliária, sejam compostos de
receitas, de venda de imóveis, arrendamento mercantil e etc. Mais de 50% nesse período,
entre dois antes e dois anos depois da incorporação imobiliária. Não haverá imunidade nesse
caso porque a atividade preponderante é considerada mercado imobiliário. Tudo bem? Então
façam remissão aos artigos 36 e 37 do CTN, que regulamenta essa imunidade.
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Mas uma imunidade atinente ao ITBI, embora também possa ser atinente ao ITD é do
art.184 &5º. Vamos interpretá-lo. Art.184 &5º. Leiam comigo, &5º.

§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de


transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

Incide imposto na desapropriação? Não incide. Por quê? Porque a desapropriação é


modo originário de aquisição da propriedade. Não há sucessão, não há transmissão nos
modos originários de aquisição de propriedade. É como a arrematação, a hasta pública, não
há a incidência do imposto porque não há transmissão. Não há relação entre o novo
proprietário e o antigo, é aquisição originária. Então não é dessa operação que a CR está
tratando. Ela não vai imunizar um modo originário de aquisição da propriedade de imposto
que onera a transmissão, não há transmissão. Ela está tratando da operação seguinte, por
quê? Porque o poder público desapropria um latifúndio improdutivo e transfere a propriedade
desse latifúndio para o sem-terra. Essa sim, essa operação de transferência do imóvel
desapropriado para fins de reforma agrária ao sem-terra, é que não pode ser tributada. Se
essa for uma operação onerosa, se a União vende o imóvel ao sem-terra, não pode incidir o
ITBI. O sem-terra não está obrigado a pagar o ITBI, por força da imunidade. Agora, se a
União cede gratuitamente através de doação aos Sem-Terra, não incide o ITB, que é imposto
estadual que onera a transmissão, nem um, nem outro. Não há imposto federal possível,
embora a CR fale em impostos federais, estaduais e municipais, foi muito mais genérico do
que precisava, porque aqui a gente cogita do ITD e o ITBI. Entenderam qual é o foco?

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Não é para a desapropriação, é para operação seguinte. O poder público


desapropria, adquire originariamente a propriedade, e depois vende ou doa aos sem-terra.

Pergunta: Não faz diferença vender ou doar?

Resposta: Para fins tributários não. Mas se ele vendesse, incidiria o ITBI, não vai
incidir. Se ele doasse, incidiria o ITD. Não vai, nenhum dos dois por quê? Por força do &5º.
Entendeu? Faz diferença por força do título jurídico, mas para fins tributários, o que a CR
quis afastar foi essas transferências, essas transmissões, de imóveis desapropriados para
fins de reforma agrária.

Vamos falar agora de imunidades quanto às taxas. Abram o art.5º da CR, começando
com inciso XXXIV, alíneas a e d. Ele prevê que são a todos assegurados, independentemente
do pagamento de taxas, o direito de petição e a obtenção de certidões. Independentemente
do pagamento de taxas é expressão que confere imunidade às taxas judiciárias, no caso de
obtenção de certidões e direito de petição. Aí você vai dizer, “ah, mas eu cansei de pagar
taxa para obter certidão”, pagou indevidamente, as pessoas pagam porque o valor é
pequeno. A justiça federal durante muito tempo cobrou, R$0,41 centavos por certidão
negativa do distribuidor. Isso dá prejuízo em reclamá-los. Tinha gente que dizia, tipo
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administrador, com uma visão estreita né, “não, tem que cobrar alguma coisa para o pessoal
não pedir sem precisar”. Quem é que vai entrar numa fila, pedir uma certidão só porque é de
graça, sem precisar. Quem vai fazer isso? O cara tem que estar muito desocupado, sem ter o
que fazer para se submeter a uma situação dessa. Então, isso acabou. Tanto que hoje você
pede pela internet, você pede não, você imprime direto da internet a certidão. É de graça
como tem que ser.

Agora evidentemente tem muita gente que vive da burocracia, principalmente os


cartórios, e se você impedi-los de cobrar, você na verdade inviabiliza os cartórios. O fato é
que a CR consagra a imunidade, se a CR está sendo respeitada. A própria justiça estadual
ainda cobra certidão do distribuidor.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: Aí a gente está naquela imunidade do art.5º, inciso LXXVI, alíneas a e b. Dá


uma olhada lá.

LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito;

Para os reconhecidamente pobres, na forma da lei. Eu não sou reconhecidamente


pobre, e eu pedi o registro gratuitamente, no cartório lá no catete, para os meus dois filhos.
Eu levei lá o documento da maternidade, e eu perguntei, quanto é o registro? Não, é de
graça. Eu falei, de graça, você vai me dar um registro, de graça?”. Eu que dou aula de
Tributário, eu não sabia a prática qual era, mas pela CR, eu sabia, “para os
reconhecidamente pobres”. Bom, aí ela me veio com a certidão, sabe papel de pão, é pior.
Aquela impressora matricial fininha, que se bater uma claridade, a gente não consegue ler
nada. Eu olhei assim, é isso aqui? É, a certidão é essa, seu filho está registrado, toma. Tem
certidão melhor que essa? Tem, só que aí eu vou te cobrar.

Pergunta: Inaudível.

Resposta: eu não sei se é inconstitucional porque... (professor e aluno falando ao


mesmo tempo). Quando a lei fala em registro, eu entendo o seguinte, registro e a certidão
que é a prova do registro. E acabou. A 2ª via já seria desídia sua, você perdeu, está dando
um custo a mais para o cartório, que não precisaria ter dado. E aí eu acho razoável cobrar.
Eu não acho absurda essa interpretação não.

Inciso LXXIII. Ação popular. No final diz assim, “ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e ônus da sucumbência”. Isento de custas. Tradução
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técnico-jurídico, imune à taxa judiciária, porque as custas tem natureza de taxa judiciária.
Imune à taxa. Então, a ação popular, salvo má-fé do autor, é imune à taxa judiciária.

Agora, outra imunidade quanto a taxa judiciária, só que agora genérica, do inciso
LXXIV, que é a famosa JG, justiça gratuita, que protege os hipossuficientes, os miseráveis
juridicamente. Fala em assistência jurídica integral e gratuita. A imunidade está na
expressão gratuita. Quer dizer, o Estado tem que oferecer advogado e não pode cobrar taxa
judiciária para prestar o serviço judiciário. Inciso LXXIV do art.5º da CR. Também imunidade
quanto a taxa judiciária. Regulamentado aqui no caso pela Lei. 1.060\50, que fala que tem
que assinar declaração de pobreza, e tal. Agora, para pessoa jurídica, não basta assinar
declaração de pobreza, tem que provar que não tem recursos. A pessoa jurídica tem direito a
essa imunidade, mas tem que provar a insuficiência de recursos. Não basta a declaração de
hipossuficiencia nesse sentido. A pessoa física basta assinar, mas têm muitos juízes exigindo
que a pessoa física prove, por que isso? Eles são instruídos pelo Tribunal, principalmente
aqui no RJ. Sabe por quê? Porque a taxa judiciária vai direto para os cofres do Tribunal. O
fundo do Tribunalç, é o judiciário que administra.

Durante anos atrás, o Tribunal estava oferecendo dinheiro para Rosinha para pagar
13º salário do servidor público, lembra? O Tribunal é cheio de dinheiro. A Justiça do RJ é a
justiça mais avançada do Brasil, porque eles conseguiram administrar o fundo do judiciário.
Então o Presidente, a direção do Tribunal fica exortando os juízes a indeferirem pedido de
assistência judiciária que considerem infundadas, mesmo contra a jurisprudência, por quê?
Porque quem perde com isso é o próprio Tribunal que administra essa verba. Certo? E de
uma maneira geral é bem administrada, porque a justiça fluminense é tida como uma das
mais avançadas do país. O Tribunal de Justiça do Estado do RJ é um dos mais rápidos, senão
o mais rápido do país. E estão sempre expandido com novos fóruns, novas lâminas, o serviço
está melhorando sempre mais, mais e mais. Isso é bom também. Tem um lado bom da
coisa.

Habeas corpus e Habeas Data, que nós já tínhamos dito, inciso LXXVII. E atos
necessários ao exercício da cidadania também, emissão de título de eleitor e tal. Agora,
cuidado, nem todas as ações constitucionais estão relacionadas a imunidade quanto às
taxas. A gente falou de habeas corpus, habeas data, ação popular salvo má-fé, mas não
falamos de mandado de injunção e mandado de segurança. Não há imunidade específica no
caso de mandado de injunção e mandado de segurança. Então mandado de segurança e
mandado de injunção se submetem a taxa judiciária.

Finalmente imunidade quanto às contribuições para a seguridade social. Também nós


já adiantamos, art.195 &7º, que fala que as entidades beneficentes de assistência social, são
isentas de contribuições para a seguridade social. São imunes, no caso, tecnicamente
falando, desde que atenda os direitos estabelecidos em lei. Essa lei é a Lei. 8.212, no art.55.
Os requisitos são os seguintes, não precisa anotar não que está na lei, só para ouvir e
gravar, isso é importante se cair em prova. Tem que ser essas entidades reconhecidas como
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de utilidade pública federal, estadual ou do DF ou municipal. Então uma entidade federativa


tem que reconhecê-las como de utilidade pública, devem ser portadoras do registro e do
certificado de entidade beneficente fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social
renovada a cada 3 anos, não podem remunerar diretores, sócios, instituidores ou bem
feitores, tem que aplicar integralmente o resultado operacional na manutenção e
desenvolvimento dos objetivos institucionais, apresentando anualmente ao órgão do INSS
competente, relatório circunstanciado de suas atividades; tem que ter personalidade jurídica
própria, não podendo ser mantida por outra que esteja no gozo da imunidade; e não pode
possuir débitos em relação às contribuições. Aí, se ela preencher todos esses requisitos,
passa a gozar de imunidade em relação às contribuições para a seguridade social.

Para finalizar por hoje, eu queria falar da imunidade, da suposta imunidade em


repartições consulares e diplomáticas, porque elas não gozam de imunidade tributária. As
repartições consulares e diplomáticas, gozam muitas vezes de isenção proveniente de
tratado. Isenção no tocante a impostos locais sobre o patrimônio, o serviço, relacionadas às
suas atividades essenciais. Mas isenções provenientes de tratados. Essas isenções não são
absolutas. Se não for atividade tipicamente diplomática ou consular, ou se o patrimônio não
tiver afetado a essas atividades, o tributo pode validamente incidir. Certo?

O problema não é a incidência do tributo, porque ela é possível, já que nós já vimos
que não há imunidade tributária. O problema é outra imunidade, a imunidade de jurisdição.
Não a jurisdição do processo de conhecimento, porque o STF já disse que ela não é absoluta.
Então se for ato de gestão, pode ser discutido, e pode inclusive a entidade renunciar a sua
imunidade submetendo-se a jurisdição brasileira, em se tratando de processo de
conhecimento. Agora, em se tratando de processo de execução, a imunidade, a jurisdição
brasileira é absoluta, no organismo internacional.

Segundo o STF, não há sequer a necessidade de se indagar desse organismo


internacional, se aceita de submeter a jurisdição brasileira, porque a imunidade e a
jurisdição de execução é absoluta. E olha, a cobrança de créditos tributários faz via processo
de execução autônomo, execução extrajudicial, que é a execução fiscal. E não cabe execução
fiscal contra Estado Estrangeiro. O STF já reafirmou por maioria, recentemente, essa
orientação no AgRg na ACO 543.

Então, você vai dizer o seguinte, “ah, mas como é que fica, se o tributo validamente
incide, e o Estado Estrangeiro não paga e não pode ser executado, fica como?”. Fica num
constrangimento internacional, fica um mal estar entre as nações. Vem cá, você não vai
pagar o tributo devido não? não, eu não vou pagar. E aí? Então é um constrangimento. Está
certo? Pode gerar retaliação internacional, o que não pode gerar é execução, porque o STF
consagra absoluta do Estado Estrangeiro à jurisdição de execução, no Brasil.

Então vejam, não é imunidade tributária. Eles não têm imunidade tributária. A CR não
prevê essa imunidade. O que há em certos casos são isenções, em certos casos. Fora desses
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ

casos, o tributo incide, tem que ser pago pelo organismo internacional, mas se não for, não
cabe execução, embora gere, repito, constrangimento internacional. Então é impróprio falar
em imunidade tributária de Estado Estrangeiro. O que há é imunidade à jurisdição de
execução. Mas o tributo pode ser exigido na via administrativa, validamente. Você pode
mandar o carnê lá para a entidade pagar, embora não possa haver a exigência em juízo.
Entenderam?

Então eu acho que a gente deu, claro nós fomos em pormenores, mas na apostila
vocês têm todos os pormenores, todos os julgados, todos os números que vejam a ser
pesquisados pelo MPE e MPU, mas a gente deu um apanhado geral na aula de hoje sobre as
imunidades tributárias.

Na aula que vem, se vocês não se opuserem, eu estava pensando em falarmos em


decadência e prescrição tributárias.

Fim.

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