Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Intensivo MP\RJ
Boa tarde. Eu estava refletindo sobre a aula, tentando lembrar que a gente tinha
combinado alguma coisa, e eu não me lembro se eu perguntei a vocês, ninguém soube me
dizer, então eu vou seguir a minha orientação. No meio da aula é que começaram a
aprender um monte de sugestões e tal, acerca de temas e eu não me lembro se eu combinei
com vocês, eu não me lembro se eu combinei com vocês algum tema, ou se o caso seria de
seguir o que a gente estava vendo. Pelo visto vocês também não se lembram. Quem tem o
material da aula passada, para eu saber o que eu estava falando, para eu recomeçar do
ponto. A gente falou da anterioridade. A gente finalizou falando da anterioridade.
isentar. Já no caso da imunidade não é um favor da entidade tributante. Por quê? Porque a
imunidade suprime a própria competência tributária, o próprio poder de tributar. Entenderam
o motivo pelo qual a imunidade estará sempre na CR e a isenção na lei?
Pergunta: Inaudível.
Resposta: Claro. A isenção pode ser setorial, pode ser regional, pode ser pessoal,
certo? A isenção tem que ser interpretada como uma norma excepcional. A regra é que
ocorrido o fato gerador, nascida a obrigação, seja o contribuinte chamado a recolher o
tributo. Excepcionalmente, ocorrido o fato gerador, o contribuinte não é chamado a recolher
o tributo, por força da norma isencional, que é portanto excepcional. A exceção pode ou não
se justificar, em função dos critérios eleitos pelo legislador. Esses critérios formam o
chamado discriminem, que é o critério de discriminação eleito pelo legislador para beneficiar
determinada categoria de contribuintes.
Então, é evidente que sendo norma excepcional, vai alcançar apenas uma fração do
número de contribuintes. Ora, saber que fração é essa, é identificar o discriminem, os
critérios de discriminação. Pode ser a localização, pode ser a atividade profissional, pode ser
uma condição de saúde, pode ser a renda auferida por cada um deles. Então vários são os
critérios que podem ser eleitos. O importante é que se verifique uma compatibilidade entre o
critério de discriminação e a finalidade da norma que o tenha eleito. Se houver uma
compatibilidade entre o critério de discriminação e a finalidade da norma, naturalmente o
benefício será válido. Se houver uma incompatibilidade, é porque o benefício é odioso. É
porque se trata de um benefício que viola o princípio da igualdade, da isonomia, e portanto
será excepcionado.
Pergunta: Inaudível.
Resposta: diz ela que caiu no MP se a Constituição Estadual pode prever a imunidade?
O que vocês acham? Vejam, a Constituição Estadual, é norma organizacional do Estado,
correto? O Estado pode se comprometer a não tributar determinadas situações, através da
sua Constituição. Agora, essa norma terá natureza de imunidade, natureza jurídica de
imunidade? Eu entendo que não. por quê? Repito, imunidade é norma materialmente
constitucional. Quando a gente fala em norma materialmente constitucional, porque integra
a estrutura fundamental do Estado, a gente está se referindo a CRFB. Do ponto de vista
prático, pode o Estado se comprometer a não tributar determinadas situações, embora na
minha visão, seja imprópria a inclusão dessa norma na Constituição. Por quê?
Porque o texto constitucional, da CR, ao tratar da isenção no art.150 &6º, exige que
ela seja veiculada por lei específica. O art.150 &6º da nossa CR estabelece como exigência
para a concessão de isenção, a sua previsão em lei específica, e a Constituição Estadual não
é lei específica.
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
Resposta: Veja bem, você está voltando para a questão da imunidade? Veja bem, a
simetria pressupõe determinadas previsões contidas na CRFB relacionadas à União, e que
podem ser atribuídas também a Estados e Municípios, nas correlatas normas organizacionais,
Constituição e Leis Orgânicas. Exemplo, a medida provisória. A medida provisória é deferida
ao Presidente da República na CR. Por simetria, o STF admite que a Constituição Estadual
também permita que os Governadores editem medidas provisórias e as leis orgânicas dos
Municípios também autorizem os prefeitos a editarem as medidas provisórias, porque a CR
tratou apenas do chefe do Executivo Federal, do Presidente. Certo?
Pois bem, a entidade federativa é mais ou menos isso. Você cria uma entidade, e
torna-a dependente de repasses alheios para sobreviver, ela não tem efetiva autonomia. Por
isso é que eu digo, o poder de tributar repartido, que é na verdade competência tributária, é
instituto de CR, necessariamente. Não pode a CR criar uma federação, dizer que está criando
uma federação, e se negar a repartir o poder de tributar, porque a federação é caracterizada
pela descentralização política. A imunidade segue essa trilha, porque ela excepciona as
regras de competência, muitas vezes em função de direitos fundamentais, como a imunidade
dos templos, que protege a liberdade de credo, a imunidade recíproca que protege a própria
autonomia dos entes da federação, de maneira que é norma materialmente constitucional.
Não há como conceber que o Estado, na sua norma organizacional possa ampliar o conteúdo
da imunidade. Até porque muitas dessas imunidades são cláusulas pétreas, porque
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
Agora, não me pergunte qual foi a resposta da banca examinadora, porque eu não sei.
Pergunta: Inaudível.
Resposta: que não são taxativas? É, mas aí são garantias implícitas, tipo o princípio da
tipicidade, segurança jurídica. Aquelas que dependem especificamente de norma
reconhecendo, me parece que em termos de imunidade, não poderiam ser criadas. O que
pode haver, repito, é uma garantia que não tenha natureza de imunidade. Então veja bem,
eu não nego a eficácia da disposição da Constituição Estadual, eu nego a natureza jurídica de
imunidade. Entendeu?
Agora, isso me leva a dizer uma coisa para vocês, imunidade não é um termo que o
constituinte usa. Isso é mais um problema para essa resposta. Você não vai encontrar na CR
esse termo, imunidade. Imunidade é terminologia doutrinária. E para agravar ainda mais
essa resposta, há autores como o Ricardo Lobo Torres que defendem que essa expressão
imunidade está necessariamente reservada às intributabilidades relacionadas a direitos
humanos. Intributabilidades estabelecidas na CR, mas com propósitos exclusivamente de
desenvolvimento econômico, conjunturais, não teriam, não mereciam o termo imunidades.
Seriam meras não incidências qualificadas pela CR.
Então vejam, ele defende que imunidade você só pode usar, por exemplo, para
qualificar a intributabilidade dos templos, a intributabilidade dos livros, jornal, periódico, ou
papel destinado a sua impressão, a intributabilidade das entidades da federação, se bem que
ali está mais relacionado ao pacto federativo, nesse último caso. Enfim, aquelas que tenham
por escopo tutelar um direito fundamental do cidadão. Na verdade é uma visão humanística
do direito tributário. Talvez, uma visão histórica mostrando que o termo imunidade foi
concebido após, no pós- revolução francesa, para tutelar esse tipo de liberdade individual. E
portanto, não seria propriamente imunidade a previsão constitucional que afasta a incidência
de IPI nas exportações de produtos industrializados de investimento para o exterior. Por
quê? Porque quando a União, quando a Constituição impede a União de cobrar IPI sobre o
produto industrializado de exportação, ela não está tutelando nenhum direito fundamental.
Ela está simplesmente tutelando uma opção econômica, porque interessa ao país que o
produto exportado chegue lá fora com um preço competitivo. É uma espécie de subsídio à
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
exportação. Deixa de ser exigido o IPI para desonerar o industrial que vai exportar a sua
produção, de maneira que o produto brasileiro ganhe competitividade, e com isso o capital
internacional não especulativo ingresse com o equilíbrio da balança comercial brasileiro. Não
seria isso uma imunidade porque não é nenhum direito fundamental relacionado a essa
garantia, simplesmente uma opção econômica. Então, seria uma não incidência qualificada
pela CR, pura e simplesmente. E a pergunta ainda falava em imunidade né. Ora, direito
fundamental é tutelado na CR.
Agora, olha aqui, essa doutrina que restringe o termo imunidade a essas
intributabilidades relacionadas a direitos humanos não foi acolhida pelo STF, embora
também isso não tenha sido prático né. O STF dá o nome de imunidade nos seus votos, os
ministros, nas ementas, a qualquer limitação de competência estabelecida no texto
constitucional, qualquer que seja ela, seja por opção econômica, seja para tutelar direitos
fundamentais, o STF trata como imunidade.
Pergunta: Inaudível.
Resposta: Perfeito. Veja bem, eu até concordo com você, mas essa repetição é
despicienda, absolutamente desnecessária. Ela é feita. Se você abrir a Constituição Estadual,
estão repetidas lá as imunidades previstas na CR, apenas para fins didáticos. Para não ter
que abrir as duas Constituições, quando for tratar de direito tributário, você abre só a
Constituição Estadual, e está repetida. Mas não é essa a pergunta, porque pela pergunta, é
para criar novas imunidades. Entendeu? Porque para repetir ela não está criando nada, ela
está só repetindo. Aliás, se você abrir um regulamento por exemplo do IPTU, do ISS, está
tudo repetido também, e o regulamento não está criando imunidade, ele está só
reproduzindo toda a base normativa, e esmiuçando essa base para evitar de você ter que
trabalhar com o regulamento, com a lei e com a CR. Trabalha só com o regulamento, que
está tudo repetido ali. Certo?
Agora quando a CR diz que não incidirá IPI sobre produtos industrializados de
exportação, destinados à exportação, é uma imunidade específica ou extravagante, porque
específica para o campo de incidência do IPI. Nós vamos ver quais são elas todas aí, a parir
de agora.
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
Para finalizar, fechar essa introdução, detalhe: A CR ao tratar da imunidade, não usa a
expressão imunidade, como nós já vimos. Por outro lado, não usa uma expressão única. A
CR coloca barreiras à incidência de tributos de diversas formas, com diversas terminologias,
com diversas expressões. Eu vou exemplificar algumas para vocês do próprio texto
constitucional. Quando trata das imunidades genéricas, que são as mais importantes, no
art.150, VI, a CR diz que é vedado instituir impostos sobre. Então, ele está excepcionando a
competência das entidades tributantes com essa frase, “é vedado instituir impostos sobre”. E
a gente extrai daí a imunidade. No entanto, naquele caso do IPI, lá no art.153 &3º, III, a
expressão já é outra. Art.153 &3º, III. O imposto previsto no inciso IV, que é o IPI, não
incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. Não incidirá. É vedado
instituir impostos e agora o não incidirá. Outra imunidade vazada em diferentes termos.
Mais uma, art.195 &7º. São isentas de contribuição para a seguridade social, as
entidades beneficentes de assistência social que atendam as exigências estabelecidas em lei.
São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes. Isso é
imunidade. “Ah, mas a CR diz que são isentas”. Mas a CR diz que são isentas sem nenhuma
preocupação com o sentido técnico da expressão isenta. Até porque a CR não é feita para o
jurista, é feita para o povo. Quando ela diz que são isentas, ela está dizendo que são livres,
desoneradas, não incidirá contribuição quando o contribuinte for uma entidade beneficente
de assistência social. Entenderam? Então são isentas, leia-se, são imunes, não incidirá- é
uma outra expressão. Agora, para finalizar, um último exemplo. Art.5º, LXXVII da CR.
Olha o que está lá, são gratuitas as ações de HC e Habeas Data. São gratuitas as
ações de HC e HD. São gratuitas quer dizer o que? Que quem ingressar com HC ou com HD,
não pode ser obrigado a pagar nada por isso. Ora, o que se paga normalmente quando se
ingressa com uma ação judicial? Taxa judiciária. “São gratuitas” significa imunidade às
taxas. Haverá imunidade quanto às taxas, no caso de HC e HD. Entenderam? Na expressão
“são gratuitas”, você encontra implícita aí a previsão da imunidade.
Vamos então conhecer as imunidades genéricas, que são as mais importantes. Abram
o inciso VI do art.150 da CR.
Pergunta: Você pode repetir por que não é válido a classificação que leva em conta a
materialidade?
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
Pergunta: Inaudível.
Resposta: Vamos lá no art.13. Olha, veja bem, quando se tratar , se o serviço for
concedido, ele não se qualifica como público. Mas o problema não é esse. O problema é que
quando o serviço é concedido, muda o prestador. O prestador passa a ser quem? Uma outra
entidade que não a entidade imune. A imunidade aqui é pessoal, é da Fazenda Pública. O
problema do serviço não é bem esse, o problema do serviço é a contraprestação. É o que
está no &3º do art.150, que afasta a imunidade dos serviços remunerados por
contraprestação pelo usuário. Eu vou falar isso com vocês daqui a pouco então. Guarda essa
sua dúvida, que eu vou tentar solucioná-la no &3º do art.150.
A imunidade recíproca só pode ser invocada pela Fazenda Pública quando ela seja a
indicada como sujeito passivo tributário. Não pode a Fazenda Pública pretender estender a
imunidade ao produtor ou comerciante no caso de IPI e ICMS, para evitar a incidência do
imposto sobre operação em que ela adquire bens. Não entenderam nada né?
Eu vou explicar melhor para vocês. Quando a Fazenda é a proprietária dos bens, não
pode recair imposto sobre esses bens. Quando ela presta serviço, não pode recair imposto
sobre o serviço. Quando ela aufere renda, não pode recair imposto sobre a renda. Mas e
quando ela adquire mercadoria? E quando ela é a compradora de uma mercadoria? Pode
incidir ICMS sobre essa operação? Pode. Por quê? Porque nesse caso, ela não é contribuinte.
Contribuinte é o comerciante. Qual é o interesse da Fazenda? Estender a imunidade dela ao
comerciante para que sobre aquela operação não recaia o tributo e assim, ela possa comprar
um produto mais barato. Porque a gente sabe que esses impostos são indiretos, se agregam
ao preço. Mas a União, quando compra produtos, quando compra mercadorias, é adquirente
como qualquer outra pessoa. Não há imunidade nessa operação. Por que não há imunidade
nessa operação? Porque nesse caso, ela não pode pretender estender uma imunidade que é
pessoal dela, para o comerciante ou produtor, para que ela sofra o efeito econômico dessa
imunidade. Isso está expresso na Súmula 591 do STF. A imunidade do comprador não se
estende ao produtor, contribuinte do IPI. Somente haveria imunidade se a União fosse a
produtora. Como a União não é a produtora (no caso não é a União, vamos dizer o Estado,
porque a União é o próprio ente tributante aqui), como o Estado não é o produtor, ele é o
comprador, ele não pode pretender que a sua imunidade se estenda ao produtor para que
naquela operação, haja um desconto de tributo. Entenderam?
O STF na Súmula 591 veda essa pretensão. Então só quem pode invocar a imunidade
é o contribuinte. Terceiro não pode estender ao contribuinte essa imunidade. Por outro lado,
vamos ver agora o outro lado da moeda, quando a entidade pública é proprietária de um
bem, esse bem não pode sofrer a incidência de IPTU. Vamos imaginar um imóvel, um imóvel
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
urbano, a União é proprietária de um imóvel. Não pode recair IPTU sobre esse imóvel.
Correto? Muito bem. No entanto o Município do RJ tem na sua legislação a previsão segundo
a qual no caso em que a União alugue um imóvel para um particular, pode recair IPTU sobre
o imóvel, cobrado do particular. Aqui é o outro lado da moeda. O Município quer retirar a
imunidade do bem, uma vez que ele está alugado a um particular, para poder cobrar o
tributo do particular. Também não é possível isso. Quando o bem é público, goza de
imunidade. Estando alugado a um particular, não perde a imunidade, até porque o particular
não é contribuinte de IPTU. Locatário não é contribuinte de IPTU. Então não pode o Município
transferir a responsabilidade do ente imune para o ente não imune com o único propósito de
arrecadar. Se o imóvel é da União, não importa que esteja alugado a um particular, continua
imune.
Pergunta: Inaudível.
Resposta: Não, aí é autarquia, a gente vai chegar lá. Eu estou falando de entidade
federativa.
Muito bem. Pessoa jurídica de direito privado pode gozar de imunidade, essa
imunidade recíproca? O STF entende que sim, no caso das estatais e prestadoras de serviços
públicos. O STF por exemplo, estendeu a imunidade a INFRAERO que é uma empresa pública
federal. O que entendeu o STF? Que a empresa pública que presta serviço não se confunde
com a empresa pública que exerce atividade econômica. A esta última se aplica aquela
previsão constitucional que veda que as estatais tenham benesses fiscais não extensíveis as
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
demais empresas do setor privado, porque como são estatais que exercem atividade
econômica, hão de se submeter ao princípio da livre concorrência. E por isso não podem ter
benesses porque teriam custo diminuído e assim acabariam apresentando, acabariam se
beneficiando com o monopólio disfarçado. Agora, no caso de estatal de serviço público, o STF
entende que tem que gozar de benefício porque reverte em prol da própria sociedade. E
sendo estatal de serviço público, e dependendo do serviço, sequer se submete a
concorrência. Por exemplo, a INFRAERO tem concorrência? Existe alguma outra empresa que
faça a administração da infra-estrutura dos aeroportos? Não. Então se você não der
imunidade, você vai acabar onerando a taxa que se paga a INFRAERO para embarque,
desembarque, a taxa que nós pagamos quando nos valemos do serviço do aeroporto, a taxa
que as empresas áreas pagam.
Pergunta: Inaudível.
Resposta: Não, o fundamento principal está naquele antigo julgado em que ele
distinguiu a atividade econômica do serviço público, referente aos correios. Em relação ao
serviço postal. Hoje em dia, na agencia do correio você compra até banana. Nos correios,
você paga conta de banco, tem uma série de atividades ali que não são monopolizadas. Até
porque aquilo é franquia. Agora, o serviço postal propriamente dito é monopolizado. Então, o
STF tem estendido a imunidade inclusive, porque sabe o que o STF entende? Que a opção
entre descentralizar a forma autárquica e criar uma estatal, decorre de fenômenos alheios ao
serviço que é prestado. A INFRAERO poderia ser uma autarquia. Não é porque o Governo
achou por bem criar uma empresa pública, para se livrar de algumas amarras do setor
público, por exemplo, regime estatutário dos servidores. Mas em síntese, isso não modifica o
serviço, a natureza do serviço prestado. De maneira que a INFRAERO faria jus então a
imunidade. Quer ver um julgado sobre a INFRAERO específico, é o RE 363.412. Quem tiver a
apostila, está inclusive transcrita ali, página 92 da apostila. E da ECT, RE 407.099. Agora, o
que parece o STF não ter observado, foi a disposição do &3º que excepciona a imunidade
recíproca e a extensão às autarquias e fundações.
Vamos ver os casos em que segundo o texto constitucional, não haveria imunidade.
&3º excepcionando portanto a imunidade recíproca e sua extensão as essas entidades.
controlada conservando a imunidade sobre tais bens. Evidentemente que ela perderá a
imunidade nesse caso específico, porque está submetendo o seu patrimônio a exploração de
atividade econômica, regida por normas aplicadas em empreendimentos privados. A regra
geral é que quando o Estado explora atividade econômica com finalidade lucrativa, é
submissão às mesmas regras da concorrência, da iniciativa privada. Então a CR está sendo
coerente com o art.173 &2º da CRFB, nesse particular.
Pergunta: Inaudível.
Resposta: Não, não é que esteja ligado, ele tem que ser interpretado à luz dessa
disposição.
Então eram cessões ao direito aquisitivo e o bem ficava por longos anos imune à
incidência de impostos, e já economicamente vinculado ao patrimônio do particular. Então,
agora está expresso. O bem público imóvel, no momento que seja objeto de promessa de
venda a particular, perde a imunidade e o promitente comprador, particular, passa a
responder pelo tributo. Entenderam?
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
Pergunta: Inaudível.
Resposta: Não, pode ser feita referencia para ilustrar, quer dizer, como acréscimo.
Além de tudo é monopólio, não concorre e tal. Mas é casuístico. Eu quero dizer o seguinte,
eu em uma prova eu colocaria, olha a INFRAERO e a ECT ganharam a imunidade por decisão
do STF, mas eu não estenderia de maneira indiscriminada não. E eu ainda diria, que essa
interpretação é uma interpretação do &3º, porque presta um serviço, pode até imunidade
sobre patrimônio, renda. Agora no serviço não, porque é remunerado pelo usuário.
Em relação aos templos, vigora a norma do &4º do art.150, que estende a imunidade
a patrimônio, renda e serviços, voltados as suas atividades essenciais. Então
pragmaticamente, vamos ver questões pontuais a respeito. Já se deu imunidade por
exemplo, aquelas atividades, vamos dizer, acessórias dos templos. Exemplo, venda de velas,
santinhos, bazar, feira de artesanato, feira da providencia, enfim. São atividades que não
estão diretamente relacionadas a religião, mas são indiretamente, porque produzem renda,
para que seja mantida a instituição religiosa. Lanchonete da igreja, até o estacionamento,
mesmo que cobre, a igreja pelo estacionamento. Cobra porque tem que manter um seguro
lá dos veículos, tem que pagar um vigia, mas quando se prova que a exploração do
estacionamento é apenas para viabilizar o acesso dos fieis, não há incidência, nem sobre o
imóvel, nem que se realize o estacionamento quando não é o mesmo imóvel da igreja, nem
sobre o serviço prestado. Agora, terceiriza o estacionamento, não há imunidade porque o
contribuinte passa a ser quem? A empresa que explora a atividade. Aí o contribuinte do ISS
é a empresa prestadora. Quando é a própria igreja, não há a incidência do ISS.
Pergunta: Inaudível.
Resposta: Sim, mas aquela rede só veicula isso ou... a rede Globo também transmite
isso, e não quer dizer que ela tenha imunidade. Não, não tem não. aí é uma atividade
pública que ela presta, mas isso não confere imunidade a ela.
Pode haver imunidade a instituição religiosa alugar horário na grade, para veicular
informação religiosa e que vamos dizer, auferir renda de anunciante, por exemplo, nesse
período. É discutível, mas se a atividade religiosa, se a renda é exclusivamente para custear
o que se paga, um valor alto inclusive, para alugar espaço, aí me parece razoável que essa
publicidade já seja utilizada exclusivamente para o aluguel do horário, dos equipamentos que
permitam a transmissão. Mas são casos excepcionais, específicos.
Muito bem. Agora, a imunidade da alínea c, dos partidos políticos. Partidos políticos e
fundações, sindicatos de trabalhadores, instituições de educação, e de assistência social,
sem fins lucrativos.
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
Pergunta: Inaudível.
Atenção, entidades sindicais de trabalhadores, quem abrir a CLT vai ver, existem 3
níveis. Na base são os sindicatos, depois você tem as federações, que são reuniões de
sindicatos, e as confederações, que são reunião de federações. Nesses três níveis as
entidades gozam de imunidade. E aí se aplica também aquele &4º do art.150, patrimônio,
renda ou serviços voltados à atividades essenciais. Recentemente, alguém aí tem a apostila
da 1ª edição? Quem tiver a apostila da 1ª edição, pegue a atualização gratuitamente, ela já
está na 2ª edição, e já foi incorporada essa inovação. A Lei. 11.648\08, alçou à categoria de
entidades sindicais de trabalhadores as centrais sindicais, como a CUT e a força sindical. As
centrais sindicais eram vistas como meras associações civis, não integravam o movimento
sindical formalmente, embora comandassem, como comandam, o movimento sindical
brasileiro.
Por isso até que havia uma divergência, porque alguns entendiam que elas gozavam
de imunidade, porque se as entidades componentes delas que eram os sindicatos gozavam,
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
por que elas não gozariam? A tese era de que o todo seguiria a sorte das partes que o
compõem. Agora, isso não se discute mais porque foi alterada a CLT pela Lei. 11.648\08 e
alçou as centrais sindicais ao movimento sindical formal brasileiro. Então as centrais sindicais
gozam de imunidade tributária.
O que é uma instituição sem fins lucrativos? Uma instituição sem fins lucrativos é
aquela que não distribui qualquer parcela do seu patrimônio ou de suas rendas a qualquer
título, inciso I do art.14. Inciso II, aplica integralmente no país os seus recursos na
manutenção dos seus objetivos institucionais, inciso II; e mantém escrituração em livros
formais, em formalidades capazes de assegurar sua exatidão. Operam no plano estritamente
formal.
Então, instituição sem fim lucrativo não é que não dá lucro, ela pode dar um lucro
altíssimo. Pode inclusive cobrar pelo serviço prestado, como cobram vários colégios aí de
padres, São Bento, Santo Agostinho, São Vicente. São todas instituição de educação sem
fins lucrativos. Cobram? Cobram. O problema não é cobrar. Não se exige que seja gracioso o
serviço, o que se exige é que não haja distribuição e que seja reaplicado no país os recursos
na manutenção dos seus objetivos institucionais. O sócio de uma empresa privada dessa,
não pode receber dividendos, não pode fazer retiradas, agora evidentemente se ele dá aula,
ele pode receber pela aula. Não pode haver distribuição disfarçada de lucro. Você vai pagar
um salário de professor normal para ele, média de mercado. Pagar muito acima do normal,
fica caracterizado a distribuição disfarçada e perde o caráter de entidades sem fins
lucrativos.
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
Vamos fazer um intervalinho e a gente volta com algumas questões atinentes a essa
imunidade.
Intervalo.
Bem, essa imunidade das entidades de educação e assistência social sem fins
lucrativos, tem por objetivo estimular a criação e a manutenção dessas instituições, porque
elas auxiliam o Estado num campo em que as prestações, elas são notoriamente
beneficentes, que é o campo da saúde, assistência e educação em geral. Então estimula-se a
iniciativa privada, auxilia o Estado desde que sem finalidade lucrativa. Eu selecionei aqui na
apostila alguns julgados do STF marcantes acerca da extensão da delimitação dessas
imunidades. Então, eu vou ler para vocês aqui, porque a jurisprudência em relação a
imunidade é fundamental em concurso. É sempre muito questionado.
Imóveis alugados, desde que a renda de aluguel reverta para atividade fim, é a
Súmula 724 do STF. E olha só que extensão interessante. A entidade aqui de assistência
social sem fins lucrativos, adquiriu o imóvel, para oferecê-lo a locação, para que a renda de
alugueis fosse aplicada na sua atividade essencial. Nessa aquisição do imóvel, o STF não
permitiu a incidência de ITBI, dizendo que ele estava adquirindo o imóvel, para com esse
imóvel produzir renda, que iria reverter para sua entidade. Então, não deixou recair ITBI
sobre essa aquisição. RE 235.737.
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
SÚMULA Nº 730
Então está sumulado e o que está sumulado para vocês é igual a lei. Tem que estar na
cabeça de vocês. Tudo bem?
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
Lista telefônica. Bom, lista telefônica não tem nada a ver com tutela de cultura,
informação, realmente não; mas o STF entendeu que a lista telefônica é veiculo de utilidade
pública e goza de imunidade. Então coloca aí, lista telefônica e imunidade. É o RE 101.441.
Que tal as tiras plásticas utilizadas para amarrar os jornais? Os jornais são distribuídos
amarrados em tiras plásticas. Não deu imunidade as tiras plásticas. RE.208.638.
Álbum de figurinhas. Deu imunidade dizendo, não cabe formular juízo subjetivo acerca
da qualidade cultural ou do valor pedagógico de publicação destinado ao público infanto-
juvenil. RE. 221. 239. E com razão, porque olha aqui, nesse caso específico, sabe qual era o
objeto do álbum de figurinhas? Novela da globo. Aí disseram, não, isso aí não tem nenhum
valor cultural, pedagógico. Realmente não tem nenhum. Mas o STF entendeu que você não
pode formular esse juízo subjetivo de valor, até porque você abre um precedente perigoso.
Isso nos leva a discussão da revista pornográfica. Se goza ou não goza de imunidade. A
pornografia seria um lixo cultural. Quer dizer, você teria a cultura erótica e a pornografia.
Cultura erótica é uma expressão cultural aceitável e tal, e gozaria a revista de imunidade,
mas a pornografia não. Claro, como você vai precisar uma linha divisória entre a cultura
erótica e a pornografia? Aliás, mesmo que você chame a pornografia de lixo cultural, nada
mais é do que a cultura do trash, que é inclusive disseminada e tem vários adeptos aí. Então
você não pode começar a formular esses juízos subjetivos, porque você acaba descamando
para a censura. Não, eu não vou tirar a imunidade porque eu discordo do valor cultural do
seu veiculo. Entenderam?
Então, até porque, por que a pornografia não gozaria de imunidade e o voyerismo,
como é o voyerismo explícito ou no caso da revista Caras, e similares gozariam. Que tipo de
informação cultural relevante a mais, do que a revista pornográfica ou a revista Caras
divulgariam? Eu inclusive a esse respeito eu sempre daquele filme o povo versus Lerry Flynt.
É um filme super interessante, o Lerry Flynt era, e é até hoje, ele está vivo, ele é o criador
da revista Hustler, que é uma revista que surgiu nos EUA como um contra-ponto a Playboy.
A Playboy fazia um nu, supostamente artístico, a mulher ficava de ladinho, e a Hustler
colocava o nu frontal, escandalizando a sociedade, principalmente a sociedade americana,
que na verdade vive a base de um falso moralismo, uma hipocrisia total. Então, os falsos
moralistas americanos levaram as barras do Tribunal o Lerry Flynt, querendo que o Tribunal,
que a justiça, proibisse a publicação dele. E o livro conta a vida dele e a saga dele perante a
justiça americana para viabilizar a venda da sua revista. E ele acaba chegando a Suprema
Corte Americana. E a Suprema Corte Americana dá ganho de causa a ele, porque não
consegue precisar exatamente essa linha divisória entre a pornografia e a cultura erótica. E o
americano tem o lado bom porque ele é muito ligado ferrenhamente ligado aquela cláusula
constitucional dele da liberdade de expressão. Então, embora tenha esse lado do falso
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
moralismo, eles também se orgulham de ser o país das liberdades. E acaba prevalecendo a
liberdade do Lerry Flynt.
E isso vale também para efeitos de imunidade, está certo? Porque o que não interessa
a você, interessa ao seu vizinho. Você não pode pretender tributar como forma de censura,
evidente.
Pergunta: Inaudível.
Resposta: Que eu saiba sim. Que eu saiba, não goza de imunidade revista com
natureza propagantistica. A revista do shop time, e outras revistas apenas catálogos de
dinheiro. Aí não goza de imunidade porque aí evidentemente o intuito é exclusivamente
lucrativo, vender o produto. “Ah, mas elas contem receitas”, sim aquilo é só para você não
se sentir mal lendo, porque todo mundo lê, todo mundo gosta de ler. Eu gosto muito de ver
essas novidades tecnológicas. A gente não usa, não precisa daquilo, mas fica com vontade
de comprar e aquelas coisas. A máquina de fazer suco, imagina o dinheiro que você vai
ganhar em frutas usando essa maquina de fazer suco, você coloca uma maça inteira ali. Mas
você quer tomar um suco, coloca três maças ali dentro e toma um copo de suco, e aí
acabaram as maças. Você em dois sucos, acabou com as maças, tem que comprar mais
maças, não compensa, não vale à pena. Gasta muito dinheiro com fruta.
Tinta. Tinta não goza de imunidade. Nós já vimos, a tinta é insumo mas a CR não
estendeu à tinta. RE 265.025.
Pergunta: Inaudível.
Pergunta: Inaudível.
Resposta: Não, porque na verdade não é brinde. Ele está invertendo ali os valores.
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
Pergunta: E se for efetivamente um brinde? Veja bem, não vai incidir ICMS porque o
valor é zero. Certo? Mas nas operações anteriores, porque a empresa tem que comprar o
faqueiro, a Caras tem que comprar a faca. Incide. Diferente do papel usado na impressão.
certo? Tem que incidir. No caso do DVD, é uma fraude, porque você está comprando o DVD.
O Lobão disse que brigou com as gravadoras e vendeu efetivamente os CD’s dele nas bancas
de jornal. Olha, o que está por trás disso, a par da briga com a gravadora? A imunidade que
ele quis estampar. Então, ele não queria efetivamente o CD, ele queria uma revista, enrolou
o CD nessa revista, e vendeu a revista, supostamente com o CD como brinde. Entenderam a
malandragem? Para que? Para não haver incidência de ICMS sobre a venda do CD, o que na
verdade é uma fraude. Tem que incidir. Basta que você descaracterize a venda da revista,
venda do DVD, venda do CD. Diferente do faqueiro de Caras. Você não está comprando o
faqueiro, você está comprando a Caras e por acaso vem a faca. Mas pode ser até um brinde
ali. Mas nas operações anteriores, foi tributado, tinha que ter sido.
Agora, diferente é o caso do fascículo do curso de línguas, porque aí vem com o CD,
com uma fita cassete antigamente. Ali é parte integrante do material. Você não vai aprender
língua sem ouvir a pronúncia. Não há como aprender língua, sem ouvir a pronúncia. Então,
ali sim faz sentido você estender a imunidade ao CD, ou ao DVD, ou ao Pen Drive, ou cartão
de memória, enfim, o que quer que seja, porque aí sim aquele item, tem plena relação com
o objetivo cultural da publicação. Entenderam?
Para finalizar, a questão relacionada ao livro eletrônico. O livro eletrônico é aquele que
não está estabelecido na mídia, papel, é uma mídia alternativa de armazenamento de dados.
Pode ser uma mídia, como CD room, pode ser um cartãozinho de memória, pode inclusive
não se materializar, quando você compra pela internet e faz o ________________ do micro.
E aí, há imunidade ou não há? A receita federal entende que não, só o micro de papel. Mas
essa é uma tese absurda. “Ah, a CR ao falar no papel destinado a sua impressão, só garante
a imunidade ao livro em papel, agora?”. Em 1998, não havia outra mídia, vamos dizer,
vulgar, popular, de armazenamento de dados, de livros e jornais que não o papel.
O e-book player hoje é tão bom quanto o livro, com uma vantagem, você não precisa
carregar, ele é carregável(?). E ele tem uma memória que você joga lá, três mil livros,
dentro da memória dele. Inclusive o e-book player tem uma tela que imita o papel, imita a
luminosidade do papel, para não cansar a sua vista e você vai apertando o botão, e vai
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
passando as folhas. Já criaram a tela maleável, e o jornal do futuro vai ser assim, uma tela
maleável em que você vai ligar no seu computador, no seu celular, e vai baixar o jornal do
dia. Olha, esse é um futuro não muito remoto, é um futuro aproximado. Ninguém duvida, a
tecnologia está correndo muito mais do que a gente pode imaginar. Por que você vai negar a
imunidade ao livro eletrônico, ao jornal eletrônico? Então é o que a doutrina entende, mas
não há manifestação ainda do STF sobre isso.
Muito bem. Falemos agora então das imunidades específicas, porque as imunidades
genéricas são essas. Vamos ver as imunidades específicas, aquelas que atuam no campo de
incidência de determinados impostos. Eu vou basicamente citar para vocês quais são. Se
tiver alguma controvérsia eu explico.
Aquela do IPI. A 1ª, art.153, &3º, III. É aquela que afasta a incidência de IPI na
exportação de produto industrializado. Vocês já sabem o porquê.
Agora, sobre o ITR. Imposto que onera a propriedade territorial rural. Art.153, &4º, II.
Cuidado porque houve alteração pela EC 42. Vou explicar para vocês. Atualmente o art.153
&4º, II, afasta a incidência de ITR sobre pequenas glebas rurais definidas em lei, quando as
explorem o proprietário que não possua outro imóvel. A redação original antes da EC 42 era
“quando as explore só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel”. Essa
expressão “só ou com sua família”, foi abolida, e muito justamente, por quê? Porque todo
mundo sabe que no interior é muito comum o sujeito ter que contratar empregados para
momentos de colheita, nos momentos de plantio. São chamados volantes ou bóias-frias. Eles
trabalham só num determinado período rapidamente, para ajudar na colheita do plantio. E
essa contratação, já inviabilizava a imunidade. Então, o cara tinha que fazer muito filho para
ajudá-lo, porque falava “só ou com sua família”. Filho é família.
Então, o cara fazia 10 filhos para não precisar contratar ninguém, e aí ele gozava de
imunidade. Já o outro que não podia ter filhos, não tinha família, era só ele ou só a mulher,
tinha que contratar, perdia a imunidade. Então essa expressão “só ou com sua família”, foi
abolida. Pode até contratar empregados. O importante é que seja pequena gleba rural, e que
o sujeito só tenha o que ele explore- a terra, e que ele só tenha um imóvel, dele. Aí você vai
dizer, “só um imóvel rural, mas ele pode ter outro urbano?”, não, ele não pode ter nenhum
outro. Só o imóvel rural, porque essa imunidade protege o mínimo existencial. O sujeito tem
uma pequena gleba rural e vive da terra, retira o seu sustento da terra, e só tenha aquele
imóvel.
Bom, o que é pequena gleba rural? Está definida na Lei. 9.393\96, art.2º. Se o imóvel
tiver na Amazônia Ocidental ou no Pantanal Mato Grossense, no sul Mato Grossense, 100
hectares, até 100 hectares é pequena gleba rural. Se tiver no polígono das Secas ou na
Amazônia Oriental, até 50 hectares é pequena gleba rural. E se tiver em qualquer outro
município do Brasil, até 30 hectares. Então varia a pequena gleba rural, a definição, de
região para região, 30, 50 e 100.
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
Você vai dizer assim, “mas vem cá, pode a lei ordinária regulamentar uma
imunidade?”. Em tese não, porque imunidade é limitação ao poder de tributar, incide o
art.146, II da CR, que reserva à LC esse papel. Então você vai dizer, então como é que se
aceita que a lei ordinária faça isso? Aceita-se por quê?
Nesses casos o STF, diz que o autor é carecedor de ação, mesmo em se tratando de
ação direta, por falta de interesse. Quando ele alega a inconstitucionalidade de uma lei, mas
lei essa que revogou uma anterior que padecia do mesmo vício, e é o caso, é anterior a Lei
Ordinária. Então mesmo reconhecendo o vício, o STF extingue o processo sem exame de
mérito, porque a lei anterior também estava com o mesmo vício e não teria sido invocada na
ação direta.
Mutatis mutandis é o que ele fez aqui. É lei ordinária? É. Mas primeiro, se eu declarar
a sua inconstitucionalidade, eu restauro uma outra lei que também era lei ordinária. É o
mesmo vício. E se eu declarar a inconstitucionalidade de todas elas, eu suprimo a imunidade,
porque ela não é auto-aplicável. Por isso é que a gente convive com normas provenientes de
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
Bom, quanto ao ICMS (atenção que o ICMS é importante para o MP), nós temos 4
alíneas a, b, c e d, do inciso X do parágrafo 2º do art.155. Vamos ver, alínea a, não incidirá:
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços
prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do
montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
incide. Entenderam? Então, a imunidade só não incide, eu vou ler até o que o STF disse aqui.
Não se aplica aos consumidores finais, localizados nos Estados não produtores.
Então, quando essa operação pelo qual o combustível sai de um Estado e vai para
outro, não é operação final, ele vai continuar circulando, não incide. Aí aplica-se a
imunidade. Agora, quando é operação final, porque o destinatário situado em outro Estado,
vai consumir ali a energia, o combustível, aí incide. Entenderam? Leiam então o RE.
198.088.
Alínea c. Não incide ICMS sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art.153, &5º.
Aqui não é bem uma imunidade. Por quê? Porque o ouro pode sofrer incidência de
ICMS ou do IOF. Depende. O que a CR está dizendo é o seguinte, quando o ouro seja
encarado como ativo financeiro, sofre a incidência exclusiva do IOF. Quando o ouro seja
mercadoria, sofre a incidência do ICMS. Quando você vai a H Stern e compra a aliança mais
cara para o seu amado ou para a sua amada, de ouro puro, você está comprando ouro, o
ouro está circulando como mercadoria. Certo? Está circulando como mercadoria. Então é
evidente que sofre a incidência do ICMS, o ouro posto à venda na joalheria. Certo?
Então, é a incidência do IOF, desde a extração lá na mina. Já está sendo extraído com
a autorização do Banco Central, para funcionar como ativo financeiro ou instrumento
cambial. Ele vai circular como ativo financeiro, a incidência de IOF. Entenderam? Então não
esqueçam, ativo financeiro-IOF, mercadoria-ICMS. Então não é bem uma imunidade, é
apenas a qualificação do ouro com um ou outra coisa.
E finalmente a alínea d, segundo a qual não incide ICMS nas prestações de serviço de
comunicação, nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens, de recepção
livre e gratuita.
recebendo o sinal, não são tributáveis porque não são onerosas. Isso já era orientação da
jurisprudência e da doutrina. Só que o constituinte derivado, através da EC 42, acrescentou
a alínea d, para deixar claro a não incidência do ICMS em relação a esse serviço, de
recepção livre e gratuita. Então, a última imunidade atinente aí ao ICMS.
Agora, a imunidade quanto ao ITBI. Como vocês sabem o ITBI onera a transmissão
onerosa de bens imóveis e direitos a eles relativos, bem como a cessão de direitos a sua
aquisição. Diz o art.156, &2º, I: O imposto previsto no inciso II, que é o ITBI:
Muito bem. Quando você monta uma empresa, você tem que integralizar o capital
social da empresa. Se você transfere imóveis ao capital da empresa, com esse intuito, você
transfere imóvel do seu patrimônio para o patrimônio da empresa. Não há incidência de ITBI,
imunidade. Certo? Da mesma maneira, quando as empresas se fundem e criam uma 3ª
empresa, ou quando há incorporação, cisão, também há mudança de propriedade imobiliária.
Os imóveis, o patrimônio de uma empresa vão para o patrimônio de outra, também não há
incidência. É para não estorvarem economicamente essas atividades empresariais. Na
extinção da empresa, não haverá incidência de ITBI, desde que o imóvel, volte para o
patrimônio do seu antigo proprietário, aquele que utilizou para integralizar a sua parte no
capital social, para evitar fraude. Então, se faria uma coisa muito simples, você quer comprar
um imóvel de alguém, não quer pagar ITBI. Você monta uma empresa com esse alguém,
você entra com o dinheiro e esse alguém entra com o imóvel. Tempos depois, você extingue
a empresa, e você sai com o imóvel e esse alguém sai com o dinheiro. Seria uma fraude aos
interesses fazendários. Então somente quando o imóvel retorna ao patrimônio daquele que o
tenha utilizado para integralizar a sua parte no capital da empresa, a imunidade estará
presente. Tanto na ida quanto na volta. Entenderam?
Mas uma imunidade atinente ao ITBI, embora também possa ser atinente ao ITD é do
art.184 &5º. Vamos interpretá-lo. Art.184 &5º. Leiam comigo, &5º.
Pergunta: Inaudível.
Resposta: Para fins tributários não. Mas se ele vendesse, incidiria o ITBI, não vai
incidir. Se ele doasse, incidiria o ITD. Não vai, nenhum dos dois por quê? Por força do &5º.
Entendeu? Faz diferença por força do título jurídico, mas para fins tributários, o que a CR
quis afastar foi essas transferências, essas transmissões, de imóveis desapropriados para
fins de reforma agrária.
Vamos falar agora de imunidades quanto às taxas. Abram o art.5º da CR, começando
com inciso XXXIV, alíneas a e d. Ele prevê que são a todos assegurados, independentemente
do pagamento de taxas, o direito de petição e a obtenção de certidões. Independentemente
do pagamento de taxas é expressão que confere imunidade às taxas judiciárias, no caso de
obtenção de certidões e direito de petição. Aí você vai dizer, “ah, mas eu cansei de pagar
taxa para obter certidão”, pagou indevidamente, as pessoas pagam porque o valor é
pequeno. A justiça federal durante muito tempo cobrou, R$0,41 centavos por certidão
negativa do distribuidor. Isso dá prejuízo em reclamá-los. Tinha gente que dizia, tipo
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
administrador, com uma visão estreita né, “não, tem que cobrar alguma coisa para o pessoal
não pedir sem precisar”. Quem é que vai entrar numa fila, pedir uma certidão só porque é de
graça, sem precisar. Quem vai fazer isso? O cara tem que estar muito desocupado, sem ter o
que fazer para se submeter a uma situação dessa. Então, isso acabou. Tanto que hoje você
pede pela internet, você pede não, você imprime direto da internet a certidão. É de graça
como tem que ser.
Pergunta: Inaudível.
b) a certidão de óbito;
Pergunta: Inaudível.
Inciso LXXIII. Ação popular. No final diz assim, “ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e ônus da sucumbência”. Isento de custas. Tradução
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
técnico-jurídico, imune à taxa judiciária, porque as custas tem natureza de taxa judiciária.
Imune à taxa. Então, a ação popular, salvo má-fé do autor, é imune à taxa judiciária.
Agora, outra imunidade quanto a taxa judiciária, só que agora genérica, do inciso
LXXIV, que é a famosa JG, justiça gratuita, que protege os hipossuficientes, os miseráveis
juridicamente. Fala em assistência jurídica integral e gratuita. A imunidade está na
expressão gratuita. Quer dizer, o Estado tem que oferecer advogado e não pode cobrar taxa
judiciária para prestar o serviço judiciário. Inciso LXXIV do art.5º da CR. Também imunidade
quanto a taxa judiciária. Regulamentado aqui no caso pela Lei. 1.060\50, que fala que tem
que assinar declaração de pobreza, e tal. Agora, para pessoa jurídica, não basta assinar
declaração de pobreza, tem que provar que não tem recursos. A pessoa jurídica tem direito a
essa imunidade, mas tem que provar a insuficiência de recursos. Não basta a declaração de
hipossuficiencia nesse sentido. A pessoa física basta assinar, mas têm muitos juízes exigindo
que a pessoa física prove, por que isso? Eles são instruídos pelo Tribunal, principalmente
aqui no RJ. Sabe por quê? Porque a taxa judiciária vai direto para os cofres do Tribunal. O
fundo do Tribunalç, é o judiciário que administra.
Durante anos atrás, o Tribunal estava oferecendo dinheiro para Rosinha para pagar
13º salário do servidor público, lembra? O Tribunal é cheio de dinheiro. A Justiça do RJ é a
justiça mais avançada do Brasil, porque eles conseguiram administrar o fundo do judiciário.
Então o Presidente, a direção do Tribunal fica exortando os juízes a indeferirem pedido de
assistência judiciária que considerem infundadas, mesmo contra a jurisprudência, por quê?
Porque quem perde com isso é o próprio Tribunal que administra essa verba. Certo? E de
uma maneira geral é bem administrada, porque a justiça fluminense é tida como uma das
mais avançadas do país. O Tribunal de Justiça do Estado do RJ é um dos mais rápidos, senão
o mais rápido do país. E estão sempre expandido com novos fóruns, novas lâminas, o serviço
está melhorando sempre mais, mais e mais. Isso é bom também. Tem um lado bom da
coisa.
Habeas corpus e Habeas Data, que nós já tínhamos dito, inciso LXXVII. E atos
necessários ao exercício da cidadania também, emissão de título de eleitor e tal. Agora,
cuidado, nem todas as ações constitucionais estão relacionadas a imunidade quanto às
taxas. A gente falou de habeas corpus, habeas data, ação popular salvo má-fé, mas não
falamos de mandado de injunção e mandado de segurança. Não há imunidade específica no
caso de mandado de injunção e mandado de segurança. Então mandado de segurança e
mandado de injunção se submetem a taxa judiciária.
O problema não é a incidência do tributo, porque ela é possível, já que nós já vimos
que não há imunidade tributária. O problema é outra imunidade, a imunidade de jurisdição.
Não a jurisdição do processo de conhecimento, porque o STF já disse que ela não é absoluta.
Então se for ato de gestão, pode ser discutido, e pode inclusive a entidade renunciar a sua
imunidade submetendo-se a jurisdição brasileira, em se tratando de processo de
conhecimento. Agora, em se tratando de processo de execução, a imunidade, a jurisdição
brasileira é absoluta, no organismo internacional.
Então, você vai dizer o seguinte, “ah, mas como é que fica, se o tributo validamente
incide, e o Estado Estrangeiro não paga e não pode ser executado, fica como?”. Fica num
constrangimento internacional, fica um mal estar entre as nações. Vem cá, você não vai
pagar o tributo devido não? não, eu não vou pagar. E aí? Então é um constrangimento. Está
certo? Pode gerar retaliação internacional, o que não pode gerar é execução, porque o STF
consagra absoluta do Estado Estrangeiro à jurisdição de execução, no Brasil.
Então vejam, não é imunidade tributária. Eles não têm imunidade tributária. A CR não
prevê essa imunidade. O que há em certos casos são isenções, em certos casos. Fora desses
Aula 39. Tributário. Mauro Lopes. 301008. Intensivo MP\RJ
casos, o tributo incide, tem que ser pago pelo organismo internacional, mas se não for, não
cabe execução, embora gere, repito, constrangimento internacional. Então é impróprio falar
em imunidade tributária de Estado Estrangeiro. O que há é imunidade à jurisdição de
execução. Mas o tributo pode ser exigido na via administrativa, validamente. Você pode
mandar o carnê lá para a entidade pagar, embora não possa haver a exigência em juízo.
Entenderam?
Então eu acho que a gente deu, claro nós fomos em pormenores, mas na apostila
vocês têm todos os pormenores, todos os julgados, todos os números que vejam a ser
pesquisados pelo MPE e MPU, mas a gente deu um apanhado geral na aula de hoje sobre as
imunidades tributárias.
Fim.