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UNIFEV

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL


Disciplina: MECANICA DE SOLOS II- Prof Maisa Aguiar-2014/2

II E III- COMPRESSIBILIDADE E ADENSAMENTO


1-Conceito geral
As cargas de uma determinada estrutura ou, por exemplo, da construção de um aterro, são
transmitidas ao solo gerando uma redistribuição dos estados de tensão em cada ponto do
maciço (acréscimos de tensão), a qual irá provocar deformações em maior ou menor
intensidade, em toda área nas proximidades do carregamento, que por sua vez, resultarão em
recalques superficiais.
Definem-se então alguns conceitos importantes:
Compressão (ou expansão): É o processo pelo qual uma massa de solo, sob a ação de cargas,
varia de volume (“deforma”) mantendo sua forma.
Os processos de compressão podem ocorrer por compactação (redução de volume devido ao ar
contido nos vazios do solo) e pelo adensamento (redução do volume de água contido nos
vazios do solo).
Compressibilidade: Relação independente do tempo entre variação de volume (deformação) e
tensão efetiva. É a propriedade que os solos têm de serem suscetíveis à compressão.
Adensamento: Processo dependente do tempo de variação de volume (deformação) do solo
devido à drenagem da água dos poros.

Compressibilidade dos solos


O solo é um sistema particulado composto de partículas sólidas e espaços vazios, os quais
podem estar parcialmente ou total mente preenchidos com água. Os decréscimos de volume
(as deformações) dos solos podem ser atribuídos, de maneira genérica, a três causas principais:
· Compressão das partículas sólidas;
· Compressão dos espaços vazios do solo, com a conseqüente expulsão da água (no caso de solo
saturado);
· Compressão da água (ou do fluido) existente nos vazios do solo.
Para os níveis de tensões usuais aplicados na engenharia de solos, as deformações que ocorrem
na água e grãos sólidos são desprezadas (pois, são incompressíveis).
Calculam-se, portanto, as deformações volumétricas do solo a partir da variação do índice de
vazios (função da variação das tensões efetivas), segundo Marangon (UFJF).

2-INTRODUÇÃO (baseado em Denise Gerscovich, Ian Martins & Andre Lima- UERJ e Marangon,
M- UFJF)
Um dos aspectos mais importantes em projetos e obras associados à Engenharia Geotécnica é a
determinação das deformações (recalques) devidas a carregamentos verticais aplicados na
superfície do terreno ou em camadas próximas à superfície.
No caso de projetos de edificações (Figura 1.1) com fundações superficiais (sapatas, radiers) ou
de aterros construídos sobre os terrenos (barragens, aterros rodoviários, aterros de conquista),
é importante o cálculo destas deformações sob ação das cargas aplicadas. A magnitude destas
deformações deve ser avaliada e comparada com aquelas admissíveis para o bom
funcionamento da construção projetada, ao longo da sua vida útil.
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Figura 1.1
No caso dos solos, as deformações sob ação das cargas é muito mais complexo em comparação
a outros materiais:
 Podem ser causadas por deformação ou deslocamento das partículas sólidas, ou ainda, por
expulsão de ar ou água dos vazios;
 São comparativamente maiores que as dos materiais de construção (cerca de 0,005% a 2,5%
nos solos);
 Podem ser imediatas ou ocorrerem durante um período de tempo elevado após a aplicação
do carregamento (em linhas gerais: deformações em solos arenosos ou argilosos não saturados
são rápidas; nos solos argilosos saturados os recalques são lentos e estão associados à saída de
água dos vazios do solo);
 Podem não ser uniformes – o que pode acarretar em danos (trincas, rachaduras, etc.) as
estruturas assentes sobre o solo de fundação (deformações ou recalques diferenciais) e
inviabilizar à sua utilização.
Alguns dos exemplos da Engenharia Geotécnica, em que foram observados recalques de
fundação de grandes magnitudes são apresentados a seguir:

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i. Torre de Pisa (1173)
A construção ocorreu em três fases. Quatro andares foram construídos de 1173 a 1178. Depois
de uma interrupção de 100 anos mais três andares foram construídos entre 1272 e 1278. Mais
80 anos de intervalo e entre 1360 e 1370 a torre foi completada (Figura 1.3). A torre tem cerca
de 60m de altura 20 metros de diâmetro e seu peso é de cerca de 145 MN.
Apesar do trabalho de engenheiros e arquitetos, com o objetivo de estacionar ou pelo menos
reduzir o problema, a inclinação prosseguiu com uma média de 1,2 milímetros por ano. A
situação ficou mais delicada em meados do século XIX, quando foram feitas escavações ao
redor da torre em busca da base da coluna. Em poucos dias o ângulo aumentou quase um grau.
No início dos anos 30, o ditador fascista Benito Mussolini prometeu que a torre voltaria a ser
reta, fazendo de sua recuperação um de seus trunfos nacionalistas. Foram injetadas quase cem
toneladas de argamassa no solo e o que se viu foi uma inclinação ainda maior. Em 1989 foi feito
um estudo e verificado que em aproximadamente 20 anos a torre tombaria, com isso o governo
italiano contratou uma equipe internacional de especialistas e decidiu, em caráter de
emergência, interditar a torre e instalar contrapesos de concreto amarrados a cabos de aço na
face norte uma vez que ela pendia para o sudoeste.
Em 1990 os especialistas descobriram que poderiam corrigir o problema escavando a terra das
fundações instáveis e colocando pesos (peças de chumbo) na face oposta da torre para evitar
desabamentos. Depois veio a fase de extração de solo: 41 brocas perfuraram o chão e retiraram
60 toneladas de terra. A remoção de terra criou um espaço vazio no solo, no lado oposto ao
inclinado. Com isso, o próprio peso da torre fez com que ela se reacomodasse no buraco e
retornasse em meio grau. Antes do trabalho de restauração, realizado entre 1990 e 2001 a
torre estava inclinada com um ângulo de 5,5 graus, estando agora a torre inclinada em cerca de
3,99 graus. Isto significa que o topo da torre está a uma distância de 3,9 m de onde ele estaria
se a torre estivesse perfeitamente na vertical.

CURIOSIDADES:
Durante a Segunda Guerra Mundial os Aliados descobriram que os nazistas estavam
usando a torre como um posto de observação. Logo o destino da torre foi confiado
ao sargento do Exército dos Estados Unidos, mas sua decisão de não recorrer a um
ataque de artilharia salvou assim a torre da destruição.

Após uma década de reconstrução corretiva e esforços de estabilização, a torre foi


reaberta ao público em 15 de dezembro de 2001, e foi declarada estável por pelo
menos mais 300 anos.17
Em maio de 2008, após a remoção de mais 70 toneladas de terra, os engenheiros
anunciaram que a torre tinha sido estabilizada em tal ordem que havia parado de se
mover pela primeira vez em sua história. Eles declararam que seria estável durante
pelo menos 200 anos. 18
Duas igrejas alemãs têm desafiado o estatuto da Torre Pisa, como a maior edifício
inclinado do mundo: a Torre Inclinada de Suurhusen, do século XV e a torre sineira do
século XIV, nas proximidades da cidade de Bad Frankenhausen19 . O Guinness World
Records mediu a Torre Pisa e a Torre de Suurhusen, encontrando um declive de 3,97
grau
Fonte: wikipedia 3
Figura 1.2.

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Figura 1.3

ii. Catedral Metropolitana da Cidade do México e o Sagrário (igreja anexa):


Construída em diversas etapas entre 1573 e 1813, a Catedral Metropolitana da Cidade do
México e o Sagrário, igreja anexa, sofriam com recalques diferenciados, chegando a 2,42m
entre a torre Oeste e a região do altar mor (Figura 1.4).
O motivo não era o sistema de fundação em si, mas as condições do solo, composto por
camadas espessas de argila mole que se acomodam de forma desuniforme.
Essa diferença de comportamento foi acentuada pelo fato de uma parte da catedral ter sido
erguida sobre uma antiga pirâmide asteca que comprimiu o terreno em mais de 10m. Após a
análise do solo, os técnicos concluíram que seria necessário afundar a região do altar mor de
80 a 95 cm em um movimento que não comprometesse a integridade da edificação, além de
induzir uma rotação complementar nas paredes laterais e afundar o lado norte do Sagrário em
30cm com extração de solo.
Minimizado o problema de irregularidade, foi feito injeção de jet grouting para reduzir a
compressibilidade do solo. A porcentagem varia de acordo com a condição em cada trecho do
terreno. No total, foram injetados 5,2 mil m³ de cimento na camada superior de argila (Figura
1.5).
A solução diminuiu os recalques da edificação, apesar de não eliminar os efeitos de recalques
regionais, comuns na capital mexicana.

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Figura 1.4
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iii. Palácio de Belas Artes, Cidade do México:
Construído entre o período de 1932 e 1934, o palácio é um caso clássico de recalques de
fundação. Após a sua construção, sob camada de solos argilosos altamente compressíveis
(w=281% e e=6,90), foram observados recalques diferenciais da ordem de 2m, entre a rua e a
área construída, o que acarretou em adaptações no acesso a edificação (Figura 1.5).

Figura 1.5

iv. Edifícios da orla de Santos (SP) (ref. Massad, 2005):


A construção de obras civis e industriais na região da Baixada Santista constitui-se, de há muito
tempo, num desafio para a Engenharia Geotécnica, face à existência de extensas e profundas
camadas de argilas marinhas muito compressíveis, por vezes aflorantes, dificultando a sua
travessia por estradas, e, outras vezes, subjacentes a estratos arenosos, onde soem apoiar-se as
fundações diretas de edifícios, como é o caso na Cidade de Santos (Massad, 2005).
Com seus mais de 600.000 habitantes, Santos viveu no período de 1940-1970 uma grande
expansão imobiliária, com a construção de edifícios ao longo da orla praiana, com até 18
pavimentos, apoiados em sapatas ou “radiers”, assentes numa camada de areia medianamente
a muito compacta, sobrejacente a mais de 30m de argila mole a média, às vezes rija. Em geral,
o recalque máximo situou-se entre 40 e 120 cm (Teixeira, 1994), em alguns casos com uma
inesperada dispersão de valores: recalques diferentes, na proporção de até 3:1, em edifícios de
mesmo porte, apoiados em camadas de argila mole de praticamente a mesma espessura. Além
disso, mais de 100 edifícios são inclinados; num caso extremo e muito conhecido, o Edifício
Núncio Malzoni inclinou-se 2,2o e foi reaprumado com o emprego de fundação profunda
(Maffei et al., 2001).
As causas dos desaprumos (Figura 1.6) têm sido atribuídas quer à forma da área carregada (“T”
e “L” tidas como as mais problemáticas); quer a carregamentos não uniformes; quer ainda à
posterior construção de edifícios lindeiros, distantes 4 a 10 m (Teixeira, 1994). Também neste
aspecto têm ocorrido anomalias: edifícios que se inclinaram sem uma explicação racional
(Teixeira, 1994).

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Figura 1.6. Praia do Boqueirão, Santos (Set 2011).

3. COMPRESSIBILIDADE E ADENSAMENTO
Assim, quando se executa uma obra de engenharia, impõe-se no solo uma variação no estado
de tensão que acarreta em deformações, as quais dependem não só da carga aplicada, mas
principalmente da Compressibilidade do Solo.
A Compressibilidade (propriedade que os solos têm de serem suscetíveis à compressão) e o
Adensamento (processo dependente do tempo de variação de volume (deformação) do solo
devido à drenagem da água dos poros) são processos que respondem por recalque diferenciais
do solo. Esses recalques podem não ser prejudiciais ao solo propriamente dito mas
comprometer as estruturas que assentam sobre ele; assim, esses recalques se tornam
comprometedores à própria estabilidade da construção.
Em relação as deformações sofridas pelos materiais elas podem ser subdivididas em três
categorias:
- Elásticas: quando estas são proporcionais ao estado de tensões imposto. Para os solos que
apresentam um comportamento elástico, a proporcionalidade entre as tensões (σ) e
deformações () é dada pela Lei de Hooke -σ = E.  onde E = módulo de Elasticidade ou módulo
de Young; constante e característico do material). As deformações elásticas estão associadas a
variações volumétricas totalmente recuperadas após a remoção do carregamento;
- Plásticas: associadas a variações volumétricas permanentes sem a restituição do índice de
vazios inicial do solo, após o descarregamento;
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- Viscosas: também chamadas de fluência, são aquelas evoluem com o tempo sob um estado de
tensões constante.

Figura 2.1 - Curva tensão x deformação

Considerando-se que o solo é um sistema trifásico, composto de partículas sólidas (minerais), ar


e água nos seus vazios, as deformações que ocorrem no elemento podem estar associadas à:
- deformação dos grãos individuais;
- compressão da água presente nos vazios (solo saturado);
- variação do volume de vazios, devido ao deslocamento relativo entre partículas
Do ponto de vista de Engenharia Civil, a magnitude dos carregamentos aplicados às camadas de
solo não são suficientes para promover deformações das partículas sólidas. A água, por sua vez
é considerada como incompressível. Assim sendo, as deformações no solo ocorrem
basicamente pela variação de volume dos vazios.
Somente para casos em que os níveis de tensão são muito elevados, a deformação total do solo
pode ser acrescida da variação de volume dos grãos.
Para Caputo (1990,v. 1) o problema de calculo de recalques é também do interesse do
engenheiro de estruturas, que necessita conhecer esses recalques para poder avaliar sua
repercussão sobre a obra.
Interessa ao engenheiro quando projeta uma construção, prever os recalques a que esta estará
sujeita, para daí decidir com acerto sobre o tipo de fundação e até mesmo sobre o sistema
estrutural a ser adotado.
Para a estimativa da ordem de grandeza dos recalques por adensamento, além do
reconhecimento do subsolo, que nos dará a conhecer a espessura, posição e natureza das
camadas que o constituem, bem como os níveis de água, necessita-se conhecer:
a) A distribuição das pressões produzidas em cada um dos pontos do terreno, pela carga
da obra;
b) As propriedades dos solos que interessam ao problema em exame, cuja caracterização
será abordada adiante

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Sempre que se projeta uma estrutura sobre solos compressíveis (deformáveis) é fundamental
prever as deformações (recalques) e sua evolução com o tempo submetidos, a fim de avaliar a
sua repercussão sobre a estrutura e decidir com acerto sobre o tipo de fundação a ser adotada.
Muitas vezes as condições de fundação são tão desfavoráveis que resultam na necessidade de
emprego de soluções de custo mais elevado; por exemplo, fundações profundas.

3.1. PROCESSO DE ADENSAMENTO


Segundo Caputo (1990, v 1) a fim de explicar em que consiste o mecanismo do processo de
adensamento, consideramos o caso representado por uma fundação que distribui sua carga a
uma camada de argila saturada, limitada por camada de areia e por um leito rochoso
impermeável.

NA-4m

Argila saturada

Rocha

Figura 2.2.
Em um ponto M qualquer da camada compressível da argila saturada, admite-se que a pressão
transmitida pela fundação seja po.
Ora, parte desta pressão u vai ser transmitida à água, que enche os vazios do solo; e a outra
parte p às suas partículas sólidas, de modo a ter:
P0= p+u
A pressão p tem o nome de pressão efetiva ou pressão grão a grão e ao acréscimo de pressão
neutra u denomina-se sobrepressão hidrostática.
A água (admitida incompressível) que está presa nos poros do solo, sofrendo essa
sobrepressao, começa a escolar em direção vertical, no sentido da camada drenante de areia,
no caso de argila, como a sua permeabilidade é muito baixa, o escoamento se faz muito
lentamente.
Dessa forma, a pressão u vai diminuindo até anular-se e p vai aumentando, uma vez que p0 é
constante.

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Assim, no momento da aplicação da carga: u= po e p=0 e, no final,quando cessa a transferência
de pressões de u para p, praticamente u=0 e p=p0. Em uma fase intermediária qualquer
teremos
P0= p + u, uma vez que u e p são funções do temp.
A lei que rege o adensamento é uma das mais importantes da Mecânica dos Solos.

2.1.1 Analogia mecânica de Terzaghi


Compreende-se facilmente esse mecanismo de transferência de pressões utilizando a analogia
mecânica de Terzaghi onde as molas representam o “esqueleto sólido” do solo e os furos
capilares nos êmbolos, os seus vazios. A pressão nas molas (isto é, no esqueleto sólido)
aumenta a medida que a água escapa pelos furos (ou através dos poros do material (solo)).

Figura 2.2.- Analogia mecânica de Terzaghi


Escapando a água intersticial da camada compressível considerada, o volume de seus vazios
vai diminuindo e conseqüentemente, o seu volume total. Como a camada está confinada
lateralmente, a diminuição do volume se dará por diminuição da sua altura. Essa diminuição de
altura é que se denomina recalque por adensamento.

Observações (in Caputo, 1990)


O adensamento de uma camada de solo se dá, a rigor, através de um processo tridimensional
de escoamento d´agua, com conseqüentes variações das dimensões da massa de solo em
todas as direções. Entretanto, pra um material com relação carga-deformação tão complexa
quanto o solo, tal analise não seria possível, e por isso sua analise é simplificada.
O objeto do estudo, porém, é aquele em que uma camada de argila se encontra limitada, em
uma ou duas faces, por uma camada drenante.

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Neste caso, que é o comum, e por isso de interesse prático, podemos considerar o processo
como essencialmente unidirecional.
- Compressibilidade de terrenos permeáveis (areia e pedregulho)
Em se tratando de terrenos muito permeáveis, como as areias e pedregulhos, o processo de
adensamento não ocorre como se acaba de expor; pois a pressão efetiva é praticamente igual
a pressão aplicada e conseqüentemente, as deformações se produzem de maneira muito
rápida. Tais deformações se explicam simplesmente como um reajuste de posição das
partículas do solo, daí serem, em muito maior grau que nas argilas, irreversíveis as
deformações em terrenos permeáveis.
- Compressibilidade dos terrenos pouco permeáveis (argila)
No caso de camada de argila e de acordo com o mecanismo anteriormente descrito, a sua
variação na altura que se denomina compressão primária ou adensamento propriamente dito,
representa apenas uma fase partícular da compressão. Além desta, considera-se ainda a
compressão inicial ou imediata- a qual se atribui a uma deformação da estrutura da argila ante
a aplicação brusca de carga e à compressão instantânea da fase gasosa, quando esta existir- e a
compressão secundária ou secular, também chamada de efeito secundário do adensamento,
explicado como uma compressão do esqueleto sólidos formado pelas partículas do solo.
Desses três tipos de compressão, apenas o primeiro tem importância especial, dados os seus
efeitos sobre as construções.
Tanto os efeitos devidos à compressão inicial como os ocasionados pela compressão
secundária, são em geral negligenciados na pratica; os primeiros em virtude de seu pequeno
valor; os outros por serem muito atenuados pela extrema lentidão com que as deformações
ocorrem, muito embora a compressão secundária seja, as vezes, responsável por uma
apreciável fração do recalque total.
TEORIA DO ADENSAMENTO (livro)
2.2 AVALIAÇÃO DA COMPRESSIBILIDADE
Todos os materiais existentes na natureza se deformam, quando submetidos a esforços. A
estrutura multifásica característica dos solos confere-lhe um comportamento próprio, tensão-
deformação, o qual normalmente depende do tempo.
Um esforço de compressão aplicado a um solo fará com que ele varie seu volume, o qual
poderá ser devido a uma compressão da fase sólida, a uma compressão da fase fluida ou a uma
drenagem da fase fluida dos vazios.
Ante a grandeza dos esforços aplicados na prática, e admitindo-se o solo saturado tem-se que
tanto a compressibilidade da fase sólida como a da fase fluida serão quase desprezíveis e a
única razão, para que ocorra uma variação de volume, será uma redução dos vazios do solo
com a conseqüente expulsão da água intersticial.
Evidentemente, a saída dessa água dependerá da permeabilidade do solo: no caso das areias,
em que a permeabilidade é alta, a água poderá drenar com bastante facilidade e rapidamente;
nas argilas, porém essa expulsão de água dos vazios necessitara de algum tempo, até que se
conduza o solo a um novo estado de equilíbrio, sob as tensões aplicadas.

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Segundo Pinto (2006) as deformações podem ser de 02 tipos: as que ocorrem rapidamente
após a construção e as que se desenvolvem lentamente após a aplicação das cargas. Como já
foi dito, os solos arenosos ou argilosos não saturados sofrem deformações mais rápidas,
enquanto solos argilosos saturados apresentam recalques mais lentos, pois é necessária a
saida da água dos vazios do solos.
Essas variações volumétricas que se processam nos solos finos, ao longo do tempo, constituem
o fenômeno de adensamento, e são as responsáveis pelos recalques a que estão sujeitas
estruturas apoiadas sobre esses solos.
O comportamento dos solos perante os carregamentos depende da sua constituição e do
estado em que o solo se encontra e pode ser expresso por parâmetros obtidos através de
ensaios ou através de correlações estabelecidas entre esses parâmetros e as diversas
classificações.

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