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SLIDE 1: capa

Falamos dos elementos de intuição narrativa e da


importância do início e do fim do filme para a criação de
expectativas, a unidade e a coerência.
Agora, na 3ª aula sobre narrativa, falaremos do conceito de
"narração".
SLIDE 2: NARRAÇÃO
É importante distinguir "narrativa" de "narração", pois são
dois conceitos bastante diferentes.
Eu trouxe o conceito textual do Bordwell e da Thompson,
para trabalharmos com uma exatidão maior: eles dizem que
SLIDE 3: CITAÇÃO

A narração é o modo que o enredo tem de distribuir as


informações da história com o objetivo de conseguir determinados
efeitos.
SLIDE 3: CONT.
Vemos então que o que determina esse modo de
distribuição das informações é a narrativa procura
provocar.
Há dois fatores importantes que precisam ser observados
na narração para compreendermos como uma narrativa
manipula as nossas expectativas e as nossas reações: a
quantidade e a profundidade de informações da história.
SLIDE 4: QUANTIDADE DE INFORMAÇÕES
A quantidade de informações da história diz respeito à hierarquia do
conhecimento narrativo. Nós devemos observar quem tem mais
informações a respeito do que está acontecendo e nos perguntar como
isso afeta a construção do filme.
Às vezes, o espectador sabe mais do que as personagens. Às vezes, as
personagens sabem mais do que o espectador. Dessa hierarquia de
conhecimento nascem algumas classificações, que também são
observadas na narração literária: a narração onisciente ou irrestrita, que
é aquela narração na qual o espectador tem acesso a muito mais
informações do que a personagem.
E a narração restrita, na qual geralmente o conhecimento do espectador
fica restrito à consciência de uma ou mais personagens.
SLIDE 5: NARRAÇÃO ONISCIENTE
A narração onisciente, como o próprio nome já diz, é quando
o espectador possui uma quantidade de informações muito
grande. Ele sabe muito mais do que todas as personagens e,
às vezes, tem acesso aos seus pensamentos e ideias.
Exemplo: grandes painéis com vários personagens.
Magnólia.
SLIDE 6: NARRAÇÃO RESTRITA
A narração restrita ocorre quando a quantidade de
informações que o espectador recebe a respeito da
narrativa fica quase que exclusivamente restrita ao ponto
de vista de uma ou mais personagens ou de um narrador.
É quando o nosso conhecimento da narrativa progride junto
com a da personagem. Aí, geralmente as personagens têm
mais conhecimento da narrativa do que o espectador e do
que a personagem pela qual a narração é estabelecida.
Ex.: O homem de palha
SLIDE 7: Citação Tarantino

Para termos uma ideia de como a consciência da distribuição


das informações é importante para criar grandes efeitos de
sentido.

Na primeira seção de Cães de Aluguel, até o Sr. Orange atirar no Sr. Blonde,
as personagens têm bem mais informações sobre o que está acontecendo
do que o público, e elas têm informações conflitantes. Então, a sequência do
Sr. Orange acontece e isso é um ótimo nivelador. Você começa a ficar
absorvido com o que está acontecendo e, na terceira parte, quando você
volta ao armazém para o clímax, você está completamente à frente de todo
mundo, você sabe mais do que qualquer uma das personagens.

Quentin Tarantino
SLIDE 8: Profundidade de informações da história

Essencial para a configuração do modo como as


informações são distribuídas na narrativa é a profundidade
de informações.
A profundidade de informações é determinada pelo modo
como a narrativa nos é apresentada, por isso precisamos
observarcomo as informações nos são mostradas.
Aqui, então, vamos observar elementos especificamente
formais, porque é o modo de construção das cenas, dos
quadros e dos planos que influencia a profundidade de
informações que o espectador possui.
SLIDE 9: Narração objetiva

A câmera assume uma posição distanciada, sem ser


influenciada pela subjetivade de nenhuma personagem.
Mesmo nas situações em que a câmera assume a visão
material das personagens (como no caso do tradicional
campo-contracampo das cenas de diálogo) o plano não é
considerado subjetivo porque não é motivado,
necessariamente, pela percepeção da personagem, mas por
uma convenção.

SLIDE 10: EXEMPLO


SLIDE 11: Plano ponto de vista

É quando o plano é construído a partir de uma percepção


subjetiva. É uma visão específica que motiv o modo como
aquele pedaço do universo de ficção nos é mostrado.

Vamos ver mais uma cena do Mad Max Fury Road para
compreender melhor.

DEPOIS: Nessa cena já está presente o terceiro fator da


profundidade de informações da narrativa: o recurso da
subjetividade mental.
SLIDE 12: Subjetividade mental

A subjetividade mental pode ser construída com elementos


diegéticos e extradiegéticos. Cont...

Essas classificações não são absolutas e, embora haja nas


narrativas mais tradicionais, principalmente no cinema clássico
de Hollywood, um certo equilíbrio entre narração objetiva,
planos pontos de vista e subjetividade mental, cada nova obra
propõe o seu próprio sistema formal.

Isso é muito importante: dizer que um filme funciona de uma


determinada maneira aprofunda a nossa compreensão, mas
isso não significa que todos os filmes devam funcionar do
mesmo modo. Para encerrar, eu trouxe uma citação do
Bordwell a respeito do funcionamento da narração:
SLIDE 13: Citação

A narração nunca é completamente irrestrita durante todo o filme. Existe


sempre algo que não nos é dito, mesmo que se trate apenas da forma como
a história acaba. [...]
De maneira parecida, uma narração completamente restrita não é comum.
Mesmo se o enredo for construído ao redor de uma única personagem, ele
geralmente inclui algumas cenas em que a personagem não está presente
para testemunhar.

Às vezes a narrativa apresenta um narrador, uma entidade ou uma


personagem que é responsável por contar a história.
SLIDE 14: Narrador

O narrador pode ser personagem ou não. Isso não importa


tanto no que diz respeito à quantidade das informações da
história. A narradores personagens que constroem uma
narrativa bastante irrestrita, e há outros que constroem uma
narrativa restrita, limitada. Novamente, precisamos observar
a relação entre a intenção e a função de cada escolha artística
dentro de cada sistema formal específico.
SLIDE 15: DESPEDIDA

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