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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Artes

Anderson Ladislau da Rocha

História do Cinema Mundial, de Flávia Cesarino Costa

Rio de Janeiro
2019
Anderson Ladislau da Rocha

História do Cinema Mundial, de Flávia Cesarino Costa

Trabalho apresentado à disciplina


de Estética e Teoria da Arte IV,
ministrada pelo Prof. Dr. Rodrigo
Gueron, do curso de Licenciatura
em Artes Visuais, da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro
2019
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No início do século XX, o cinema fazia parte de uma diversidade de formas


culturais, quando ainda não possuía um código próprio. O aparelho de projeção,
assim como o próprio cinema, era uma novidade não somente no espaço cultura e
social mas também no espaço acadêmico. Todos tinham curiosidade de saber como
aquele aparelho funcionava e qual era a sua "mágica".
A autora propõe uma exibição e discussão das transformações pelas quais
cinema passou na entre nas suas primeiras décadas até os anos 50, quais os
contextos em que os filmes eram produzidos e como eram feitos.
Inicialmente, o cinema foi inspirado numa tradição que surgiu no século XVII,
em que o apresentador mostrava o público, através do foco de luz gerado pela
chama de querosene, as imagens coloridas que, muitas vezes, eram também
apresentadas em fusão com outra imagem quando existia a manipulação dos
obturadores, além de poderem apagá-las e acendê-las. O cinema também foi
influenciado por outras práticas no século XIX, pelas práticas de representação
visual pictóricas, como os panoramas e dioramas, brinquedos ópticos como o
trauamatrópio, o fenaquistiscópio e o zootrópio.
Logo, uma série de descobertas e acontecimentos ao longo dos tempos
permitiu que o cinema se desenvolvesse até o final do século XIX e início do século
XX, com a sua forma mais tradicional, quando surgiram os cinemas mudos. Neste
processo de aperfeiçoamento técnico, a fotografia teve uma contribuição
extremamente considerável em função do seu próprio progresso técnico, assim
como o surgimento do celulóide e as técnicas mais aperfeiçoadas de maior precisão
nos aparatos de projeção.
Vale ressaltar a importante participação do empresário cientista Thomas
Edison quando, juntamente com sua equipe técnica, sob influência da construção da
câmera de Etìenne-Jules Marey, de Paris, construiu uma máquina capaz de produzir
imagens em movimento. Surgem, então, o quinetógrafo e o quinetoscópio, em 1891.
Edson e os irmãos Lumiére, numa disputa de aperfeiçoamento do aparelho de
projeção, contribuíram para o progresso técnico e, portanto a qualidade da projeção
das imagens. Enquanto o primeiro, embora apresentasse uma qualidade melhor de
imagem, havia uma grande barreira a popularização do seu equipamento pois
pesava cerca de quinhentos quilos e, com isto, a dificuldade de transportá-lo tornava
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difícil sua popularização. Já o segundo, sem a necessidade de alimentação elétrica


mas, comente com o uso de uma manivela, a praticidade de transportar e manusear
o aparelho conseguiu, finalmente, atrair as atenções daqueles que despertavam
interesse em utilizar os equipamentos para transformá-los em algo rentável.
Entretanto, a competitividade e o progresso técnico continuavam avançando:
"A Biograph e a Vitagraph eram os dois maiores concorrentes de Edison nesses
primeiros anos. Em 1898, dois empresários de valdevile, James Stuart Backton e
Albert Smith, fundaram a Vitagraph Company os Ameria, para produzir filmes que
pudesses ser exibidos em sua rede. Seus filmes eram feitos de modo inicialmente
inprovisado, em seu estpudio no telhado de um edifício em Nova York. Pouco antes,
em 1895, Willian K. L. Dicjson deixara a Edison COmpany e fundara com outros três
sócios a American Mutoscope and Biograph Company. Os nutoscópios, invenção de
Dickson, eram aparelhos que folheavam imagens fotográficas impressas em papel
que, mostradas num visor individual, produziam a ilusão de movimento semelhante à
do quinetoscópio. Sua empresa também aperfeiçoou um projeto para competir com
o vitascópio, o biograph, que mostrava filmes de 70mm, com imagens de melhor
qualidade. Os mutoscópios rapidamente dominaram o mercado e foram duramente
combatidos por Edison." (p. 21)
Estava competitividade também era muito presente na França. Entre os
produtores, além dos Lumière, temos o George Mèliès, com a sua produtora, a Star
Film, e a Companhia Pathè, de Charles Pathè que, mais tarde, comprou as patentes
de Lumière, que não resistiu à crise e fechou as suas portas.
Logo após os primeiros anos do surgimento da produção de imagens, uma
vez passado o tempo de discussões e descobertas técnicas e de aperfeiçoamento,
os produtores perceberam que havia a necessidade de transforma o cinema numa
linguagem própria, que o diferenciasse das demais formas de manifestação cultura e
de entretenimento como foram equiparados ao teatro, a lanterna mágica e o
valdevile, por exemplo.
Neste momento, surgem três personagens que contribuíram para a
construção dezta nova linguagem, que foram os historiadores Georges Sadoul,
Lewis Jacobs e Jean Mitry. Contudo, uma série de pesquisadores questionaram a
forma como foi desenvolvido a linguagem do cinema em que, segundo eles, o
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delineamento narrativo desenvolvido pelos historiadores, trazia um esquema


evolutivo limitando, assim, a potencialidade comunicativa e de linguagem do cinema.
Nos anos 50, em Washington, a Paper Print foi uma fonte de pesquisa
essencial para o avanço nas pesquisas dos materiais do cinema e que, diretamente,
contribuíram para o progresso da nova linguagem cinematográfica. Graças a
iniciativa de Edison, os fotogramas foram copiados e esta prática foi seguida por
outros produtores no início do século XX e registrados na Biblioteca do Congresso.
Com este vasto material à disposição dos pesquisadores, mesmo aqueles materiais
que se perderam com suas subtrações, ainda assim foram suficientes para que os
pesquisadores pudessesm se debruçar sobre este vasto material arquivado para que
pudessem encontrar uma nova maneira de construção da linguagem
cinematográfica diferentemente daquela existente no início do século, quando
utilizavam uma narrativa histórico-progressiva.
Dentre os pesquisadores, destacam-se Eillen Bowser, David Francis e Paul
Spehr. Estes e outros organizaram um encontro e, em 1978, surge a conferência
"Cinema 1900-1906" cujo patrocínio foi obtido pela Federação Internacional dos
Arquivos de Filmes (FIAF), na Inglaterra. Na ocasião, foram debatidos novos critérios
de datação, identificação e interpretação para os filmes de ficção.
De acordo com Noel Burch, um dos pesquisadores presente em Bringhton,
descreveu o que considerava serem traços de "um modo de representação primitivo"
nesses filmes: "composição frontal e não centralizada dos planos, posicionamento
da câmera distante da situação filmada, falta de linearidade e personagens pouco
desenvolvidos. Os planos abertos e cheios de detalhes, povoado por muitas
pessoas e várias ações simultâneas, são a marca desse tipo de representação, em
que a alteridade em relação ao cinema que conhecemos é a característica mais
forte. Ele argumentava que, em contraste com o "modo de representação
institucional" típico de Hollywood, o modo de representação primitivo denunciava a
linguagem do cinema como um produto histórico e não necessariamente natural."
(apud, p.16).
Segundo André Gaudreault, existem dois modos de comunicação de um
relato: a mostração e a narração. "A mostração envolve a encenação direta de
acontecimentos, ao passo que a narração envolve a manipulação desses
acontecimentos pela atividade do narrador." (p. 24). Para A. Gaudreault, o primeiro
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cinema está mais ligado a atividade de mostração do que a de narração,


principalmente nos filmes que possuíam apenas um plano, até 1904 (apud, p. 24).
Existia, também, outra leitura acerca do modo como o cinema era dirigido ao
espectador. Gunning chamava de "cinema de atrações". Para ele, o cinema tinha
como principal meta, espantar e maravilhar o espectador de forma exibicionista,
ficando em segundo plano, contar histórias. Já no período de transição, o cinema
busca um enredo auto-explicativo , com menos ação física e maior definição
psicológica nos personagens. Entre 1907 e 1913, o cinema apresenta-se em forma
de indústria e transforma-se na primeira mídia de massa da história.
A partir de 1909, o enquadramento é modificado e a câmera se aproxima
ainda mais do ator, cerca de 2,70m, com a finalidade de mostrar nitidamente a
expressão do ator em cena. Em 2017 sistematiza-se três maneiras de montagem: a
montagem alternada, a montagem analítica e a montagem e a montagem de
contiguidade: A primeira, alternada, mostra as cenas ocorrendo em locais distintos e
elas se alternam entre si de acordo com o enredo do filme; a segunda, a analítica,
quando se fraciona um espaço em vários enquadramentos diferentes; por fim, a
montagem de contiguidade, que é a transição para um espaço próximo ou ao lado.

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