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Marcus Granato
marcus@mast.br
Museu de Astronomia e Ciências Afins
Introdução
Este trabalho visa analisar comparativamente a cultura material relativa ao
ensino da física em duas instituições de ensino, Colégio Pedro II, localizado no Rio de
Janeiro e, o Ginásio Pernambucano, localizado no Recife. Esta análise enfoca os objetos
científicos e de ensino existentes, no início do século XX, nos laboratórios de física dos
referidos colégios e que, no caso do Colégio Pedro II, atualmente se constituem como
Patrimônio Cultural da Ciência e Tecnologia, que compreende o:
[...] legado tangível e intangível relacionado ao conhecimento
científico e tecnológico produzido pela humanidade, em todas as áreas
do conhecimento, que faz referência às dinâmicas científicas, de
desenvolvimento tecnológico e de ensino, e a memória e ação dos
indivíduos em espaços de produção de conhecimento cientifico. Estes
bens, em sua historicidade, podem se transformar e, de forma seletiva
lhe são atribuídos valores, significados e sentidos, possibilitando sua
emergência como bens de valor cultural (CARTA DO RIO DE
JANEIRO, 2017, p.2).
1
Desde a fundação do Colégio de Pedro II em 1838, sucessivos legisladores tentaram transformá-lo em
modelo, não apenas para as escolas do Rio de Janeiro, mas para todo o ensino secundário brasileiro.
Paulatinamente, a equiparação a essa instituição foi o mecanismo encontrado pelo governo para tornar
uniforme o ensino secundário em todo o país.
Durante todo esse período, o Ginásio Pernambucano, que manteve o nome de
Liceu Provincial até 1855, funcionou regularmente, mesmo tendo suas instalações e
grade curricular alteradas diversas vezes. Sua origem estava relacionada ao Seminário
Episcopal Nossa Senhora da Graça, o Seminário de Olinda,2 fundado ainda em tempos
de colônia, em 1800, dedicado tanto ao ensino religioso, quanto ao científico, que, após
a revolução de 1817, ao restringir-se ao ensino de Teologia, Dogmática e Cantochão,
deu espaço para seus (ex-)docentes idealizarem o Liceu (RAUL NETO; BARBOSA;
BERARDO, 2017, p. 5).
Em 1837, era decretada uma lei com as linhas gerais da instrução pública da
província. Ficavam as escolas de primeiras letras e de humanidades subordinadas ao
Liceu da capital, ensinando-se, neste estabelecimento, as seguintes disciplinas:
gramática latina; retórica; filosofia; aritmética e geometria; inglês; desenho; francês;
geografia e história; foromia; física; cálculo, e comércio (MOACYR, 1939, p 487). Tal
decreto aumentava e reforçava a importância do futuro Ginásio Pernambucano no
panorama do ensino da província, bem como demonstrava, a exceção das disciplinas de
cunho mais prático, alinhamento de pensamento com o currículo primeiro do Colégio
Pedro II, que, em seu decreto de estabelecimento, expedido no final do mesmo ano de
1837, apontava que lá seriam lecionadas: as línguas latina, grega, francesa e inglesa;
retórica e os princípios de geografia; história; filosofia; zoologia; mineralogia; botânica;
química; física; aritmética; álgebra; geometria, e astronomia (BENETI, 2014, p. 77).
A própria lei que mudou o nome da instituição, transformando o Liceu em
Ginásio Pernambucano, mudou-lhe, também, o currículo. Em 15 de maio de 1855,
sancionada a lei nº 369, a grade curricular do colégio passou a ser composta de 12
matérias no curso sistemático (além de haver o ensino de música, dança, ginástica,
natação e equitação), a saber: latim, em duas cadeiras; grego; francês; inglês; alemão;
desenho; história e geografia, em duas cadeiras; matemáticas; filosofia racional e moral;
ciências naturais, em duas cadeiras; língua e literatura nacional; eloquência, e poética.
Acentuava-se, assim, o caráter humanístico do ensino, e, ao mesmo tempo em que a
física era suprimida enquanto disciplina independente, as ciências naturais eram
inseridas em duas cadeiras.
2
Interessante ressaltar que foi neste Seminário que a química teve, pela primeira vez, seus saberes
ensinados em nível superior no Brasil, juntamente com a história natural e a física experimental, dentro da
cátedra de filosofia natural (FREITAS-REIS; FARIA, 2015, p. 2).
Um destaque a esta instituição se dá com o ingresso do professor responsável
pela cadeira de ciências naturais, ocupando-a de 1855 até 1863. Louis Jacques Brunet
criou em 1857 o “Museo do Gymnasio”, um museu de história natural com importante
coleção, ainda hoje existente e que contemporaneamente foi renomeado em homenagem
ao naturalista francês (GONZALES, 2016).
No mesmo ano da mudança de nome, também foi assentada a pedra fundamental
de um edifício próprio para a instituição, situado na rua da Aurora, bairro da Boa Vista,
em área de expansão urbana do Recife. Inaugurado em 1866, este viria a abrigar a sede
definitiva do Ginásio. Os equipamentos e as instalações, muito alterados com o tempo,
seja por perdas ou adições ao espólio, fruto de reformas educacionais ou esforços de
professores (SANTANA; RIBEIRO, 2016), dentro do contexto de Pernambuco entre
fins do século XIX e início do XX, eram de especial relevância (ao menos na região), a
ponto do ensino prático da Escola de Farmácia de Pernambuco, fundada em 1903, ser
realizado, nos primeiros anos de existência da instituição, nos gabinetes e laboratórios
do Ginásio Pernambucano – bem como da Escola de Engenharia e na farmácia do
Hospital Pedro II (VELLOSO, [s.d.]).
A chegada do regime republicano impôs novas mudanças de nomes e
curriculares. Após a reforma educacional nacional instituída por Benjamin Constant,
passou a chamar-se, em 1893, Instituto Benjamin Constant, retomando o nome de
Ginásio Pernambucano em 1899 e mantendo-o até 1935, quando foi renomeado Colégio
Estadual de Pernambuco, até, por fim, estabelecer-se definitivamente como Ginásio
Pernambucano, em 1975. Porém, de maior relevo dentro do contexto estudado, foram
momentos como a inauguração do novo gabinete de Física e Química, com
equipamentos majoritariamente importados de Paris, que ocorreu no contexto da
Reforma Benjamin Constant (BEZERRA, 2012, p. 243). Note-se, também, que, após
anos de seus exames serem considerados válidos em território nacional, foi somente
neste mesmo período, mais precisamente em 1894, que foi equiparado e teve suas
condições ajustadas ao Ginásio Nacional, como foi designado o colégio Pedro II no
interregno entre 1890 e o ano de 1909 (BEZERRA, 2012, p. 242).
As origens do Pedro II, por sua vez, remontam ao século XVIII, quando foi
criado o Abrigo de Órfãos de São Pedro. Em 1739, o Bispo D. Frei Antônio de
Guadalupe fundou o Colégio de Órfãos de São Pedro, para meninos órfãos de pais
pobres, sendo transformado depois em Seminário de São Joaquim, funcionando, a partir
de fins de 1766, na Rua Larga. Nesse momento, o Rio de Janeiro passava a abrigar dois
seminários, o de São Joaquim e o, também fundado pelo Bispo D. Frei Antônio de
Guadalupe, Seminário de São José. Com a vinda da Corte, em 1808, conflitos entre a
Coroa e o bispo levaram à reforma e posterior encerramento do Seminário de São
Joaquim, de modo que, em 1818, suas instalações eram cedidas a tropas portuguesas, e,
com isso, eram transferidos para o Seminário de São José aqueles alunos certos da
vocação eclesiástica, ao passo que os demais passavam a fazer parte do corpo de
artífices das tropas instaladas nas suas acomodações (DÓRIA, 1997).
Em 1821, após o retorno da Família Real a Portugal, atendendo ao clamor
popular, o Príncipe Regente D. Pedro restabeleceu o Seminário São Joaquim,
devolvendo a ele todos os seus bens. No entanto, mesmo após retornar às atividades, a
situação do Seminário não melhorou imediatamente. Sua posição de protagonista no
cenário educacional brasileiro retornaria apenas em 1837, quando Araújo Lima,
segundo Regente do Brasil Império, e o Ministro Bernardo de Vasconcellos, avaliando-
lhe a decadência, decidiram encampa-lo e “transformaram o seminário em
estabelecimento modelo de letras secundárias” (DÓRIA, 1997, p.23), criando, assim, o
Imperial Collegio de Pedro Segundo.
De acordo com Vera Lúcia Andrade, o Colégio Pedro II foi “agência oficial de
educação e cultura, co-criadora das elites condutoras do país, (...) criado para ser
modelo da instrução pública secundária do Município da Corte e demais províncias, das
aulas avulsas e dos estabelecimentos particulares existentes” (ANDRADE, 1999, p.12).
O modelo escolhido para esse projeto buscou seguir de perto planos de estudos de
instituições francesas, de modo que seus Estatutos, aprovados pelo Regulamento de nº 8
de janeiro de 1838, eram, em diversos pontos, “copiados dos regulamentos dos Collèges
da França; apenas foram modificadas nos aspectos necessários” (VECHIA; LORENZ,
2012, p. 35).
Os planos de estudos tinham caráter enciclopédico e apesar dessa inspiração no
ensino francês, que, desde as reformas napoleônicas, buscava balancear o ensino das
letras e das ciências, o viés humanístico era brutalmente acentuado, uma vez que uma
educação clássica era vista como meio de desenvolver as capacidades intelectuais e
morais daqueles destinados a exercer as mais altas funções da sociedade, da elite. De tal
modo, uma análise do plano de estudos originalmente pensado para o colégio Pedro II e
sua respectiva carga horária evidencia que “as Humanidades eram responsáveis por
62% da carga horária total [...], e desse total, 50% era atribuído ao estudo de Latim e
Grego, enquanto 9% e 12% foram dedicados aos de ciências e de matemática,
respectivamente, e 11% aos estudos sociais” (VECHIA; LORENZ, 2012, p. 36).
No período compreendido entre a fundação do Colégio e 1930 ocorreram
diversas reformas educacionais, nas quais o currículo do colégio foi reformulado em
termos de sua estrutura e composição, mais especificamente, no que se refere ao número
de séries e ao número e tipo de disciplinas distribuídas. Durante a maior parte deste
período, nova ênfase nas ciências não pareceu ser despendida até a reforma Rocha Vaz,
em 1925, última reforma antes do período Vargas, com aumento de carga horária nas
disciplinas científicas (separando o ensino de física e química e, consequentemente,
aumentado a carga de cada disciplina) e ênfase na experimentação (OLIVEIRA;
SANTOS, 2015).
As diretrizes da reforma permitiram que novo insuflo fosse direcionado para as
áreas práticas e materiais do ensino, de modo que Escragnolle Dória relata nas
memórias do colégio que “crédito de 150 contos votado pelo Congresso para os
gabinetes de ciências físicas e naturais permitiu em 1927, no Externato, aparelhar os
gabinetes de Física e Química” (DÓRIA, 1997, p. 235).
A preocupação com a existência desses locais e seu aparelhamento, se veio a ser
reforçada com o tempo, estava presente desde a promulgação dos Estatutos, que já
indicavam a necessidade da criação de gabinetes científicos. Apesar das primeiras
referências a gabinetes “de physica e chimica” do internato e do externato - como o
colégio se dividiu, durante um período -, constarem em um relatório apresentado pelo
diretor Dr. Carlos de Laet, apenas em 1919 (GRANATO et al., 2010, p. 133), já em
1839, a instituição fazia pedidos de empréstimos de objetos de física e ciências naturais
ao Museu Nacional (GRANATO, SANTOS, 2014, p. 236).
A reforma Francisco Campos, no período Vargas (1930), veio a expandir, mais
uma vez, a presença das ciências no currículo, agora, pela primeira vez, representadas
em todas as séries do ciclo fundamental, sendo, também, reforçado o papel da
experimentação (OLIVEIRA; SANTOS, 2015). Nesse contexto, se o colégio já possuía
um local “modesto e acanhado, embora bem cuidado” (ROXO apud OLIVEIRA;
SANTOS, 2015) para a realização das aulas práticas de química, o gabinete foi
amplamente reformando em 1932 (OLIVEIRA; SANTOS, 2015), porém, somente em
1938, um laboratório exclusivo para o ensino da disciplina foi criado, de acordo com a
própria placa existente em sua entrada (OLIVEIRA, 2014, p. 5).
Embora essa expansão das ciências tenha atingido limites com o passar do
tempo e o caráter experimental do ensino tenha, eventualmente, recaído em segundo
plano, o Colégio Pedro II permaneceu em crescente expansão. Hoje em dia, para além
da atual unidade Centro, espalha-se por vários campi, localizados em diversos bairros da
cidade do Rio de Janeiro, como São Cristóvão, Tijuca, Humaitá, Engenho Novo e
Realengo, além de ter unidades nos municípios vizinhos de Niterói e Duque de Caxias.
Podemos afirmar que o uso dos laboratórios ganhou destaque neste momento da
instituição, sendo incluídas atividades práticas nestes espaços. As observações feitas
pelo Professor Francisco Venancio Filho, no ano de 1927, evidenciam as mudanças
efetivadas no referido local.
tomadas de corrente contínua e alternada, de diferentes voltagens,
água, gaz e algumas ar comprimido e vácuo; lanterna de projeção,
para projetarem-se experiências para grande auditório, galvanômetro,
indispensável para todas as experiências de eletricidade, e muitas de
ótica e calor (FILHO, 1927, p. 209).
Tabela 01. Organização dos objetos por área de conhecimento nos laboratórios de Física do
CPII/RJ e GP/PE na década de 19304
COLÉGIO PEDRO II GINÁSIO PERNAMBUCANO
Mecânica e Barologia – armário 2 e 5 (155 Mecânica e Barologia (95 objetos de C&T)
objetos de C&T)
3
Levantamento realizado pelo Projeto valorização do Patrimônio Científico e Tecnológico realizado pelo
Museu de Astronomia e Ciências Afins -MAST. Disponível em:
<http://www.mast.br/projetovalorizacao/inicio.html> Acesso em: 21 Ago. 2018.
4
A tabela foi organizada a partir dos dados constantes nas seguintes fontes: Relatório concernente aos
anos letivos de 1927 a 1929: apresentado ao Exmo. Sr. Diretor Geral do Departamento Nacional do
Ensino pelo Prof. Euclides de Medeiros Guimarães Roxo. Relatório apresentado ao Exmo. SNR.
Secretário da Justiça, Educação e Interior pelo DR. Ricardo José da Costa Pinto Triênio (1931-1934),
Relatório de Atividades, referente ao Projeto Thesaurus de Acervos Científicos em Língua Portuguesa
(BRASIL, 2009).
5
Ressaltamos que os dados relativos à distribuição das áreas da Física no laboratório do CPII foram
inferidos a partir de relatório contemporâneo (BRASIL, 2009), o qual reproduz as áreas indicadas nos
existência dos objetos no Ginásio Pernambucano, podemos também considerar
equivalência entre os objetos encontrados nas duas instituições.
O número de objetos de C&T existentes no Colégio Pedro II variou no tempo e
algumas fontes primárias dão indícios da ampliação de seu conjunto e o investimento
nesse tipo de artefatos para a instrução dos alunos, como um inventário de 1930,
contendo aproximadamente 1500 objetos do laboratório de Física, e outro inventário de
1962, contendo 2.050 objetos do laboratório (GRANATO, SANTOS, 2014).
Atualmente, o Colégio Pedro II abriga uma coleção proveniente deste
laboratório de física, perfazendo um total de 971 objetos (GRANATO, SANTOS, 2014,
p.241), número bem inferior aos anteriormente apresentados nos inventários, resultado
provável do descarte de objetos desgastados pelo uso e pelas condições inadequadas de
guarda. Por outro lado, é um número ainda significativo e a qualidade dos artefatos
atesta a importância que a instituição atribuía ao ensino experimental. Devemos
salientar ainda que estes objetos acumulados reúnem uma multiplicidade de
temporalidades, formas de pensar, ensinar e construir conhecimento sobre a física.
Ao compararmos as duas instituições, guardando as devidas proporções
estruturais podemos considerar que as áreas da física representadas eram semelhantes,
demonstrando uma busca de homogeneização dos conteúdos e de práticas, visto que os
laboratórios refletiam essa preocupação e o conjunto de objetos observados na tabela
afirmam esse ideal. Vale salientar ainda que estes dados coincidem com o livro didático
tomado como referência para o ensino da física.
Pensando assim, mesmo com a atual inexistência dos objetos no Ginásio
Pernambucano, os documentos da instituição nos fornecem dados sobre a estrutura de
um laboratório de física e, consequentemente, um conjunto de atividades que envolviam
a organização do ensino da disciplina, a circulação de professores, equipamentos e
saberes.
Ao relacionarmos a lista de equipamentos do Ginásio Pernambucano com o livro
de Adolph Ganot e os objetos encontrados no Colégio Pedro II, encontramos um
conjunto representativo. Objetos como Plano inclinado (GANOT, 1860, p.40), aparelho
para demonstração de princípios de alavancas (GANOT, 1860, p.790), pêndulos
(GANOT, 1860, p.47), balança ordinária (GANOT, 1860, p.30), balança de Quintenz/
balança de Roberval (GANOT, 1860, p.36), máquina de Atwood (GANOT, 1860, p.41),
armários da instituição. De tal modo, se os objetos representados podem não constituir quantitativa ao que
existia no início dos anos 1930, reproduzem a divisão da época quanto as áreas da Física.
Anel de Gravesande (GANOT, 1860, p.213), dentre outros objetos, articulam diferentes
contextos e temporalidades propiciando a valoração dos objetos do ensino de física
enquanto patrimônio cultural.
A B
Figura 1 (a, b e c) – Anel Gravesande (GANOT, 1860, p.214); Anel Gravesande (PORTUGAL, 2013,
s/n); Trecho de relatório com listagem dos objetos do Ginásio Pernambucano (RELATÓRIO, 1931)
Considerações finais
A preservação dos conjuntos de instrumentos de ensino nas escolas secundárias
brasileiras está em processo. Poucas são as iniciativas que se dedicam a essa atividade.
Especialmente, no caso do Colégio Pedro II, destaca-se a importância de continuar os
estudos e ações em desenvolvimento, pela importância nacional que o Colégio possuiu
como referência de qualidade, e que mantém, de certa forma, até os dias de hoje. Além
disso, esses estudos contribuem para o reconhecimento do conjunto como patrimônio
cultural.
A coleção de instrumentos de ensino do Laboratório de Física pode ser
caracterizada como patrimônio por se enquadrar em quesitos de importância histórica,
educacional e cultural. Destaca-se nesta atribuição de valores o fato desta coleção
pertencer a uma das primeiras instituições de ensino secundário do Brasil - instituída
para servir de modelo educacional para o país. Assim, a materialidade associada às
práticas de ensino nessa instituição torna-se fonte documental e testemunho, incluindo
valores atribuídos tanto pelos alunos e professores da instituição, pesquisadores da
História da Educação, da Museologia e do Patrimônio. A perspectiva de preservação do
conjunto aponta inclusive para a socialização desse patrimônio em âmbito mais geral,
propiciando que outros setores da sociedade possam também vir a atribuir valores e
ampliar a potencialidade de comunicação do conjunto.
As pesquisas realizadas até o momento permitiram identificar a presença de
objetos do ensino de física provenientes da década de 1930 no Colégio Pedro II, mas é
necessário maior aprofundamento no sentido de minimizar as dúvidas. Acreditamos que
a realização de outros estudos poderá evidenciar uma relação mais ampla de
laboratórios de física do país, com objetos e práticas participando de um cenário
complexo de organização desta modalidade de ensino. Perceber as transformações,
processos da disciplina e seus objetos são passos essenciais para o reconhecimento
destes bens como patrimônio cultural.
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