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Comida de rua e intervenção:

TEMAS LIVRES FREE THEMES


estratégias e propostas para o mundo em desenvolvimento

Street food and intervention:


strategies and proposals to the developing world

Ryzia de Cassia Vieira Cardoso 1


Sandra Maria Chaves dos Santos 2
Edleuza Oliveira Silva 3

Abstract The objective of this study is to analyze the Resumo Este trabalho tem por objetivo abordar
intervention strategies presented for the street food estratégias de intervenção apresentadas para o seg-
segment, based on national and international stud- mento de comida de rua, com base em estudos e rela-
ies and reports. According to the literature, it is ob- tos nacionais e internacionais. Segundo a literatura,
served a broad character of these intervention strat- verifica-se um caráter abrangente das estratégias de
egies, including actions directed to sellers, consum- intervenção, contemplando ações voltadas para ven-
ers, public human resources and to the development dedores, consumidores, recursos humanos da admi-
of appropriate technologies. In relation to the ven- nistração pública e para o desenvolvimento de tec-
dors, the strategies highlight the necessity of the ac- nologias apropriadas. Em relação aos vendedores, as
tivity regulation, the establishment of sanitary reg- estratégias evidenciam a necessidade de regulação da
ulations, guidelines or codes to the activity as well as atividade, do estabelecimento de normas, diretrizes
training of food handlers and vendors. To consum- ou códigos sanitários para a atividade e do treina-
ers, the actions comprise mainly the implementa- mento para manipuladores e vendedores. Para os
tion of educational programs. At public administra- consumidores, as ações compreendem principalmente
tion sphere the strategies turn to human resources o desenvolvimento de programas educativos. Na es-
capacitating. Considering the appropriate technol- fera da administração pública, as estratégias voltam-
ogies two possibilities are identified: the construc- se para a capacitação de recursos humanos. Quanto
tion of specialized street food centers and the im- às tecnologias apropriadas, são identificadas duas
provement of existing stalls. One can conclude that possibilidades: a construção de centros especializa-
given the increase in sales of street food and the po- dos para venda da comida de rua e a melhoria dos
tential sanitary risks inherent to this sector, studies pontos de venda já existentes. Conclui-se que, diante
point to strategies to organize this segment, which da expansão do comércio de comida de rua e do po-
1
Departamento de Ciências
can subsidize the development of social policies for tencial de risco sanitário inerente, a literatura aponta
dos Alimentos, Escola de
Nutrição, UFBA. Rua this area in Brazil. estratégias para organização do setor, que podem sub-
Araújo Pinho 32, Canela. Key words Street food, Legal intervention, Food sidiar o desenvolvimento de políticas sociais para o
40110-150 Salvador BA.
security, Health surveillance segmento no Brasil.
ryzia@ufba.br
2
Departamento de Ciências Palavras-chave Alimentos de rua, Intervenção le-
da Nutrição, Escola de gal, Segurança alimentar e nutricional, Vigilância
Nutrição, UFBA.
3
Vigilância Sanitária,
sanitária
Secretaria Municipal de
Saúde de Salvador.
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Cardoso RCV et al.

Introdução de Orçamento Familiar11, 24,05% das despesas com


alimentos são destinadas a alimentos fora de casa;
O termo “comida de rua” tem sido utilizado para entretanto, não há registros sobre quanto repre-
designar alimentos e bebidas vendidos em vias senta a despesa específica com a comida de rua.
públicas, destinados ao consumo imediato ou pos- Nessa perspectiva, ainda que a utilização da
terior, porém que não necessitam de etapas adicio- comida de rua seja histórica no país, remontando
nais de processamento1. à época do escravagismo12, verifica-se na atualida-
Ao longo dos tempos, a venda de alimentos de de, além do comércio de produtos típicos, a incor-
rua tem se configurado como uma atividade de poração de novas práticas alimentares, resultantes
importância social, econômica, sanitária e nutrici- do que vem sendo denominado de “mundializa-
onal. Principalmente nos países em desenvolvimen- ção da cultura”, facilitada pelo caráter permeável
to, este comércio constitui relevante fonte de ren- da cultura brasileira e evidenciada pela aquisição
da, sendo favorecido pelos elevados índices de de- de alimentos característicos de outras culturas,
semprego, escassez de postos de trabalhos formais, como a americana e a européia7.
baixo poder aquisitivo da população, acesso limi- Em muitos casos e para diferentes faixas etá-
tado à educação e ao mercado de trabalho formal, rias, estes alimentos têm substituído refeições re-
além das migrações da zona rural para a urbana, gulares dos consumidores, cumprindo as funções
em virtude da degradação das condições de vida de atendimento aos requerimentos de energia e nu-
no campo2,3. trientes, para que os indivíduos possam realizar as
No Brasil, de acordo com estatísticas do Insti- suas atividades diárias13-15.
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística4, em 2003, No entanto, sob a ótica da segurança alimen-
o mercado de trabalho vem apresentando um au- tar e nutricional, entendida como a realização do
mento da informalidade em áreas urbanas, com a direito de todos ao acesso regular e permanente a
inserção de quase 14 milhões de pessoas no setor. alimentos de qualidade, em quantidade suficiente,
Não foram localizados dados específicos sobre a sem comprometer o acesso a outras necessidades es-
dimensão do segmento de comida de rua, mas se- senciais, tendo como base práticas alimentares pro-
gundo levantamentos realizados em países da motoras de saúde, que respeitem a diversidade cul-
América Latina, a renda obtida na atividade com a tural e que sejam social, econômica e ambiental-
venda de alimentos de rua chega a ser de três a dez mente sustentáveis16, o comércio de alimentos de
vezes superior ao salário mínimo vigente nos dife- rua apresenta faces contraditórias: ao mesmo tem-
rentes países2,5, o que contribui para a redução da po em que pode permitir às parcelas da população
pobreza. Contudo, é observada ainda uma associ- acesso ao trabalho, renda e melhor qualidade de
ação entre informalidade, menor renda e pior si- vida, também pode torná-las vulneráveis e vítimas
tuação de saúde3,6. do próprio desconhecimento quanto aos cuida-
Em relação ao aspecto nutricional, a comida dos higiênicos com os alimentos, passíveis de trans-
de rua também constitui um reflexo da condição mitirem diversos patógenos17-19.
econômica e social do país, na medida em que de- De acordo com estudos desenvolvidos em vá-
lineia uma alternativa alimentar e nutricional de rios países, a contaminação microbiana destes pro-
fácil aquisição, tanto pela acessibilidade física como dutos é fato incontestável, sendo identificada a vei-
social, devido ao seu menor custo. culação de microrganismos como Escherichia coli,
Como resposta ao modo de vida urbano con- Staphylococcus aureus, Clostridium perfringens,
temporâneo, caracterizado pela escassez de tempo Salmonella spp, Vibrio cholerae, entre outros2,17-20.
para preparo e consumo de alimentos, pelo desloca- Neste contexto, diferentes aspectos são consi-
mento das refeições de casa para alimentação fora derados, incluindo a higiene dos pontos de venda,
deste ambiente, pelo uso de alimentos prontos e a procedência da água para limpeza dos utensílios
diversificados para o consumo e, ainda, pela flexibi- e para preparação dos alimentos, os cuidados ado-
lização nos horários das refeições7, a comida de rua tados nos núcleos de preparo dos alimentos, a for-
compreende a opção mais viável para grande parte ma de conservação, proteção contra vetores e o
da população. Para Tinker8,9, o segmento de comi- modo como são descartados os resíduos sólidos e
da de rua substitui as cadeias de fast-food em mui- líquidos resultantes da atividade13,21.
tos países do terceiro mundo, com atendimento No Brasil, esta prática encontra-se estabelecida
destacado para grupos de menor poder aquisitivo. nas mais distintas regiões, com o comércio de pro-
Segundo estimativas, cerca de 2,5 bilhões de dutos industrializados e manufaturados, destacan-
pessoas em todo o mundo consomem diariamen- do-se preparações da culinária regional e local, que
te comida de rua10. No Brasil, segundo a Pesquisa ocupam as ruas das grandes cidades brasileiras; como
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exemplos, o tacacá paraense, a tapioca potiguar, o gistram estudos diagnósticos e o estabelecimento
queijo de coalho pernambucano, o acarajé baiano, o de programas de intervenção para o segmento de
espetinho carioca e o cachorro quente paulista. comida de rua. Estas estratégias, que visam à segu-
Embora este comércio esteja sujeito à regula- rança alimentar pela produção e comercialização
ção em países desenvolvidos, registra-se uma la- de alimentos seguros, com qualidade nutritiva e pelo
cuna normativa em diversos países tropicais. De fomento à economia, geralmente são implementa-
acordo com levantamentos apresentados pela Or- das pela colaboração entre órgãos locais e organis-
ganização das Nações Unidas para Agricultura e mos internacionais de assistência2,15,27-29.
Alimentação (FAO), na América Latina, a norma- Nesse contexto, questões sobre a estrutura,
lização ainda está em evolução; alguns países, como organização e medidas de caráter público emer-
a Bolívia, Colômbia, Peru e Equador, contam com gem, tais como: que órgão é responsável pelo setor
resoluções específicas, considerando os principais de comida de rua nos municípios e como (e se) são
aspectos do comércio ambulante de alimentos2. aprovisionadas licenças; que legislação tem sido
No Brasil, até 2004, não havia legislação fede- elaborada e revisada para assegurar a sua regula-
ral para a atividade. Ao mesmo tempo, com a im- ção; que programas de inspeção e amostragem têm
plantação do Sistema Único de Saúde e a descen- sido implementados; que programas de treina-
tralização das suas ações, o controle sanitário des- mento para vendedores e inspetores têm sido esta-
te segmento passou a ser responsabilidade dos belecidos e com qual efetividade e, por último, que
municípios. Desta forma, enquanto alguns muni- mecanismos de interação são conduzidos entre os
cípios avançaram na elaboração de normas pró- diferentes departamentos municipais que atuam
prias, como Curitiba, Natal e São Paulo, muitos no setor29.
sequer alcançaram a organização dos seus servi- Paralelamente, considerando o grande núme-
ços de Vigilância Sanitária5,22. ro de consumidores urbanos que contam com a
Nesse contexto, nas mais diversas esferas da comida de rua como parte da sua refeição diária e
administração pública brasileira, observa-se a au- tendo em vista a natureza perecível de muitos ali-
sência de ações ou movimentos tímidos em relação mentos, além do fato destes se encontrarem em
a iniciativas de apoio ao comércio de comida de um estado pronto para consumo, sem que o usu-
rua, sendo o Programa Alimentos Seguros (PAS), ário utilize qualquer tratamento que sirva para re-
um marco23. Como exemplo, na Bahia, em 2002, o duzir os níveis de contaminação, torna-se impera-
PAS conduziu o Programa Acarajé 10, que incluía tivo o controle pelos órgãos oficiais para proteger
desde a realização de cursos de boas práticas na a saúde coletiva29.
produção de alimentos até a certificação profissio- Tomando por base a comida de rua como um
nal, e contou com a participação de 109 baianas24. segmento da cadeia de suprimento de alimentos
No ano de 2005, a partir da ocorrência de um para populações urbanas e as projeções de cresci-
surto de doença de Chagas associado à venda de mento populacional para as cidades de médio e
caldo de cana, em Santa Catarina, no qual 31 pes- grande porte no Brasil30, as questões ambientais e
soas foram acometidas e cinco foram a óbito25, a de saúde pública relativas a este comércio tendem
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVI- a piorar, na ausência de planejamentos efetivos29.
SA)/Ministério da Saúde editou, após Consulta Mediante a consolidação deste segmento e o
Pública, a primeira norma relativa à comercializa- interesse de organismos como a Organização Mun-
ção de alimentos de rua, a RDC 218/200526. Essa dial de Saúde (OMS), a Organização Pan-Ameri-
legislação, embora signifique um avanço no senti- cana de Saúde (OPAS) e a FAO em estabelecer pro-
do do reconhecimento e da preocupação do poder gramas e recomendações para o alcance de melho-
público para a questão, exibe limitações, posto que res níveis de saúde para populações, pela prática
corresponde a um modelo reativo de ação em saú- da alimentação saudável, prioritário se faz assegu-
de. À época, a combinação dos fatores pressão so- rar a formulação, implementação e avaliação de
bre órgãos oficiais da área de saúde e insuficiência políticas públicas que visem à aquisição e consu-
de informações sistematizadas sobre o setor, que mo de alimentos seguros.
subsidiassem a reflexão e proposição de um docu- Ressalta-se que o enfoque prioritário conferi-
mento mais coerente à realidade brasileira, resul- do para a questão da segurança dos alimentos pelo
tou na obtenção de um conteúdo normativo restri- governo e autoridades locais constitui fator crítico
to, tendo em vista a natureza complexa que o seg- para o sucesso de qualquer programa de interven-
mento de comida de rua descreve em todo o país. ção, na medida em que há a exigência de recursos
De forma inversa à situação brasileira, países significativos e de suporte técnico e político desde o
africanos, asiáticos ou ainda da América Latina re- nível central de governo28. Neste sentido, o Brasil
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experimenta um cenário político extremamente nutricional e de segurança, atentando para a po-


favorável para a produção de conhecimentos e de pulação beneficiada por este comércio.
tecnologias de intervenção neste campo, uma vez Estratégias de intervenção para melhoria da
que a segurança alimentar ocupa na atualidade o qualidade da comida de rua, além de requererem o
topo da agenda nacional. conhecimento prévio da atividade, abarcam os se-
Desta forma, este trabalho busca abordar pro- guintes pressupostos15,29,32:
postas e estratégias de intervenção para o fenômeno - primeiro, que a intervenção não deve ocorrer
social da comida de rua, relatadas a partir de estu- concomitante à etapa de diagnóstico do estudo, de
dos e experiências conduzidas em países do mundo modo a evitar erros de tendência;
em desenvolvimento, contemplando uma descrição - segundo, que o fenômeno da comida de rua
quanto aos diferentes elementos envolvidos. deve ser reconhecido pelas autoridades governa-
mentais, representando um espaço legítimo nas
cidades, sob diversos aspectos, pois somente a par-
Procedimentos metodológicos tir deste reconhecimento tornam-se possíveis mu-
danças de atitude e o estabelecimento de políticas e
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, com estratégias de intervenção, bem como a redução de
tema na área de segurança alimentar (food safety), medidas repressivas sobre os vendedores;
mais especificamente voltado para a questão da - terceiro, que a temática da comida de rua deve
comida de rua, na dimensão das estratégias de in- estar efetivamente inserida em uma política em ní-
tervenção. vel central, para que haja apoio contínuo e que as
Foram selecionadas publicações divulgadas a ações propostas tenham sustentabilidade e efetivi-
partir de 1994, identificadas nas bases de dados dade;
SciELO, LILACS, MEDLINE e EPINet, complemen- - quarto, que há a necessidade de ações interse-
tadas com referências da FAO, OMS e de outras toriais, envolvendo diferentes esferas da adminis-
organizações de assistência internacional, bem tração pública relacionadas ao segmento, de modo
como de órgãos e institutos no Brasil. a abranger todos os elementos que o integram,
As palavras-chave, com os respectivos termos como exemplo, setores referentes às áreas social,
em inglês ou espanhol, utilizadas para a revisão econômica, de saúde e de ordenamento e uso do
compreenderam: comida ou alimentos de rua (stre- espaço público urbano.
et food/alimentos callejeros), segurança alimentar Segundo Clarke29, tomando por base uma vi-
(food safety), alimentos (food), doenças transmiti- são holística para organização e melhoria do seg-
das por alimentos (foodborne disease), higiene (hy- mento da comida rua, propostas de intervenção
giene), qualidade (quality/calidad), estratégias (stra- devem observar um conjunto de aspectos, que in-
tegy/estrategias) e melhoria (improvement/mejora). clui: a necessidade dos habitantes urbanos de dis-
porem de alimentos acessíveis e de baixo custo; o
estilo de vida de setores vulneráveis da população
Propostas de intervenção que fazem uso da comida de rua; os recursos re-
queridos para a efetiva regulação do setor; os cus-
Propostas de intervenção para o segmento de co- tos estimados para a adequada provisão de servi-
mida de rua, relatadas com base na experiência de ços; o uso competente dos recursos e o impacto
diferentes países em cooperação com organismos total para a comunidade, em virtude da inadequa-
internacionais de assistência, têm orientado o pla- da regulação do setor.
nejamento de ações para o setor a partir de dados
diagnósticos2,28,31.
Assim, concebendo o segmento do comércio Objetos de intervenção
informal de alimentos de rua como uma temática
em que a escassez de dados expressa o pouco co- Considerando a relação de compra e venda e o uso
nhecimento da realidade, pretende-se, com esta do espaço público, para a manutenção do segmen-
avaliação de situação, obter informações para fa- to de comida de rua, identificam-se, na literatura,
cilitar decisões políticas e o planejamento estraté- estratégias de intervenção com programas direci-
gico para o setor29. Paralelamente, espera-se que as onados tanto para vendedores e consumidores
informações possam contribuir para avaliar o quanto para servidores públicos que atuam nesta
impacto das medidas a serem tomadas e os seus área 2,15,28,29,32,33.
desdobramentos, nas dimensões socioeconômica,
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Metodologias de intervenção Levantamentos sobre regulação em países com
para vendedores experiências de intervenção evidenciam leis distin-
tas, em estruturas variadas e com diferentes impac-
Regulação tos33. Contudo, grande ênfase tem sido colocada no
cuidado para não haver uma regulação excessiva e
A regulação da venda de comida nas ruas se repressão desta alternativa alimentar, tendo em vis-
configura como um dos maiores avanços entre as ta os riscos destas medidas aumentarem os índices
estratégias propostas para o setor, tanto no que se de desnutrição e de fome15,34. Ao mesmo tempo, o
refere ao uso ordenado do espaço público quanto aumento do rigor no cumprimento da lei e a apre-
no que trata do controle sanitário, tendo em vista ensão de produtos e estruturas de venda apresen-
a complexidade dos aspectos relacionados à con- tam resultados insatisfatórios, visto que este comér-
formação e à continuidade do segmento. cio logo se restabelece, com o apoio da população33.
Embora a decisão de regulação (se expede ou Observando a diversidade de produtos e pre-
não licenças, para que tipo de produto e como isto parações neste segmento, bem como a dificuldade
se dá) constitua uma das questões mais difíceis no de regulação, comitês assessores da FAO, OMS e
delineamento do processo de intervenção, repre- OPAS têm sistematicamente sugerido o uso de um
senta também uma base legal para o reordena- código de práticas de higiene e segurança para co-
mento do comércio de comida de rua e um apoio mida de rua, em substituição às leis e normas tra-
ao processo de descentralização de ações em saúde dicionais. Este código, geralmente recomendado
pública, gerando ou consolidando regulamentos por autoridades nacionais em segurança de alimen-
municipais com base em normas nacionais2,31. tos, pode sofrer modificações por autoridades lo-
De acordo com análises de situações e conside- cais, quando necessário, para o atendimento de
rando a relação custo/efetividade, experiências necessidades específicas31.
apontam para o princípio de permitir a atividade Documentos fornecendo orientações quanto à
para o segmento, mas controlar as condições sob conformação e conteúdo para este código, inclu-
as quais ele funciona. Assim, sob o aspecto regula- indo a adoção de princípios do sistema de Análise
tório, as licenças podem trazer especificações, como: de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC),
alimento(s) para qual(is) o documento é válido, são apresentados nas publicações Essential safety
local em que será preparado e comercializado e requirements for street-vended foods1 e Revised code
prazo de vigência15,31. of hygienic practice for the preparation and sale of
A regulação significa também colocar a comi- street food (Regional code – Latin America and the
da de rua sob parâmetros específicos, podendo Caribean)35.
estabelecer restrições locais onde os alimentos po-
deriam ser preparados e vendidos ou uma delimi- Treinamento para vendedores
tação de centros de venda ou centrais de higieniza- e manipuladores
ção. Neste contexto, espaços próprios devem ser
planejados e oferecidos, atendendo requisitos de A capacitação de vendedores e manipuladores
funcionamento como o suprimento de água e ener- de alimentos de rua tem se constituído em um su-
gia, infra-estrutura e instalações sanitárias e servi- porte imprescindível para alcançar mudanças de
ço de coleta de lixo31. atitude e melhoria das condições de preparo e ven-
No intuito de assegurar maior exequibilidade e da destes alimentos, pois somente por meio deste
efetividade para as decisões, reforça-se a necessi- treinamento e subsequente monitoramento da si-
dade de participação essencial de representantes tuação é que vendedores poderiam ser integrados
dos vendedores e de consumidores e de transpa- e considerados como uma parte responsável pelo
rência no processo31. sistema de suprimento alimentar da cidade2.
No entanto, em virtude da natureza transitó-
Elaboração de normas, ria de alguns vendedores, das longas horas de ati-
diretrizes e códigos sanitários vidade e da limitação de recursos financeiros para
promover mudanças e assegurar a sanidade dos
Associada ao processo de regulação, a inter- alimentos, este trabalho, muitas vezes, representa
venção requer o estabelecimento de normas, dire- um desafio33.
trizes ou códigos sanitários para orientar as práti- Vendedores e manipuladores necessitam ser
cas inerentes à produção e comercialização de ali- treinados em cursos e durante visitas às suas ins-
mentos de rua, bem como respaldar o processo de talações. As estratégias de treinamento têm incluí-
controle e inspeção15. do lições ao ar livre, exposições, cartazes, represen-
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tações na rua, projeções de vídeos, debates, cursos Desta forma, alguns países têm desenvolvido
para formação de multiplicadores, sessões orien- campanhas para sensibilizar os consumidores so-
tadas individualmente e programas educacionais bre a importância da sua participação para me-
públicos com uso da mídia de massa. Adicional- lhorar a qualidade dos alimentos de rua. Com base
mente, a utilização de folhetos ilustrados, eviden- em características e percepções dos consumidores
ciando práticas aceitáveis, fixados próximos a ven- quanto à higiene de alimentos, as campanhas di-
dedores e consumidores, contribui para que am- vulgam mensagens educativas utilizando veículos
bos possam estar atentos2,33,36. de mídia, principalmente televisão, rádio e meios
Neste contexto, tanto os cursos quanto os impressos; outros instrumentos de educação com-
materiais desenvolvidos têm considerado as idios- preendem cartazes e folders, que são afixados e dis-
sincrasias dos vendedores, suas características so- tribuídos em diversos pontos das cidades2,31.
cioculturais e seus valores e conceitos em relação à Empreendendo uma postura mais arrojada,
higiene dos alimentos e têm promovido a sua pró- associações regionais de consumidores e organi-
pria revalorização em relação ao papel que repre- zações não governamentais têm assumido o pro-
sentam para a sociedade2. pósito de desenvolver ações para orientar a popu-
O desenvolvimento de treinamentos em coope- lação e promover a inocuidade e a qualidade dos
ração com associações comerciais de vendedores, alimentos em geral, destacadamente dos que são
quando elas existem, ou mesmo com a participação vendidos nas ruas2.
de organizações não governamentais e do setor pri- Considerando, ainda, o grande nível de desin-
vado facilitam esta tentativa e estimulam esta ação31,33. formação em educação sanitária da população, o
Estudos conduzidos no Peru e na Colômbia desconhecimento da associação entre a contami-
têm demonstrado que vendedores de comida de nação de alimentos e a ocorrência de doenças vei-
rua desejam e estão dispostos a aceitar o treina- culadas por alimentos e o amplo uso da comida de
mento em higiene, com o propósito de produzi- rua por indivíduos em diversas faixas etárias, pre-
rem alimentos melhores e mais seguros. Nestes coniza-se, de modo prioritário, a integração de
países, materiais de treinamento têm sido elabora- conteúdos de higiene de alimentos em programas
dos e utilizados; contudo, poucos países da Améri- de educação dos níveis fundamental e médio2,23,31,33.
ca Latina desenvolveram ações neste sentido, ha-
vendo muito a ser realizado33.
Metodologia de intervenção para recursos
humanos da administração pública
Metodologias de intervenção
para consumidores Na complexa questão da comida de rua, estratégi-
as de intervenção devem ser dirigidas para os dife-
Com o seu poder de compra, o consumidor for- rentes níveis hierárquicos da administração públi-
nece, talvez, a mais forte motivação para modifi- ca, envolvendo desde coordenadores da área de
car práticas de manipulação de alimentos, pois, de controle de alimentos até funcionários em níveis
fato, é ele que faz a escolha do que consome, do operacionais2.
lugar onde vai adquirir o produto e que sofre as Com relação aos programas para coordena-
consequências caso o alimento seja inseguro. dores, a capacitação orienta-se para a gestão de
Assim, na medida em que a qualidade de servi- programas integrais de controle sanitário de ali-
ços e produtos fornecidos reflete o nível de exigên- mentos, para o papel do gestor de alimentos, as-
cia dos seus consumidores, torna-se essencial ori- sim como enfoca mecanismos de programação e
entar consumidores de comida de rua para exerce- avaliação de ações e a inclusão do controle dos
rem um papel mais atuante, com vistas ao alcance alimentos de rua nesses programas2.
e manutenção da prestação de serviços com me- Em referência aos inspetores e funcionários que
lhor qualidade. lidam com o segmento, deve-se buscar, a priori,
Neste cenário, programas educativos para sen- uma mudança de atitude, em relação aos vendedo-
sibilizar consumidores constituem um comple- res e aos consumidores. Neste sentido, espera-se
mento ao treinamento dos vendedores, pois, na que os funcionários, principalmente os inspetores,
medida em que os primeiros tornam-se cientes da passem a agir como aconselhadores na promoção
sua responsabilidade pela qualidade demandada, de uma mudança de comportamento dos vende-
convertem-se em um dos principais aliados das dores e consumidores, em vez de se perceberem
autoridades de saúde reguladoras e agente essenci- meramente como oficiais exercendo funções repres-
al para mudanças de atitudes dos vendedores32. sivas15,32. Assim, o treinamento representa uma es-
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tratégia essencial para aprimorar as atividades dos Sob o aspecto de preparo dos alimentos nas
funcionários na prática com a comida de rua. ruas, a infra-estrutura adotada pelos vendedores
O treinamento deve ser realizado contemplan- corresponde, em geral, a três situações: alimentos
do diferentes aspectos, como: princípios de micro- preparados em casa, alimentos preparados na rua
biologia de alimentos e segurança alimentar, peri- e alimentos que são semipreparados em casa e com
gos microbiológicos e suas soluções, tecnologias preparo final nos pontos21.
para alimentos processados, pontos críticos de Quase sempre, contudo, a improvisação tem
controle (PCCs), critérios e procedimentos de caracterizado as diversas formas dos pontos de
monitoramento e ações a serem tomadas quando venda e desconsiderado requisitos sanitários mí-
PCCs estão fora de controle, com destaque para nimos para o preparo e a comercialização de ali-
estudos especiais conduzidos sobre alimentos de mentos nas ruas21. Neste contexto, ressalta-se que
alto risco e elevado consumo2,28,33. o setor de comida de rua envolve muito trabalho
Este treinamento, desenvolvido em uma siste- informal, baixo nível de tecnologia, investimento
mática de capacitação de multiplicadores, deve es- mínimo de capital e limitado conhecimento sobre
tar apoiado em instrumentos técnicos como códi- higiene, existindo para muitos vendedores a sim-
gos de práticas, manuais básicos, formulários de ples transferência do preparo doméstico de alimen-
inspeção e de avaliação das mudanças ocorridas e tos para o preparo em espaços públicos31.
outros tipos de recursos educacionais2,31-33. Assim, a incorporação de tecnologias apropri-
Limitações de práticas correntes enfatizando adas para o preparo e a venda dos alimentos cons-
perigos microbiológicos e não aspectos estéticos, titui uma das principais linhas de ação nos proje-
reações defensivas diversas, ensino de técnicas de tos desenvolvidos para melhorar a qualidade sani-
abordagem e comunicação e o estímulo de traine- tária e agregar valor aos produtos, promovendo o
es para a tomada de decisão também devem ser setor.
abordados2,33. Trabalhos visando à busca de tecnologias me-
Em alguns países latinos, ainda, foi verificada a lhoradas têm considerado aspectos críticos do co-
necessidade da capacitação de recursos humanos mércio de alimentos nas ruas, incluindo: o supri-
de laboratórios, enfocando a identificação de mi- mento de água potável; os utensílios e equipamen-
croorganismos indicadores para os alimentos e a tos utilizados para cocção, estocagem e venda; mei-
sua interpretação, a revisão de metodologias para os de aquecimento e resfriamento e fontes de ener-
amostragem e o controle de qualidade para estes gia; o desenho das instalações; os invólucros e as
serviços2. embalagens utilizadas para os alimentos; a forma
Na Índia, por outro lado, oficiais de polícia de servir; procedimentos de limpeza e de disposição
foram sensibilizados sobre a sua responsabilidade do lixo e a provisão de instalações sanitárias21,31.
em relação à comida de rua de Calcutá, em uma Paralelamente, apesar da amplitude das demandas
mobilização com outras instituições, criando con- apontadas, constitui fato reconhecido que mesmo
dições para a adoção de uma política relativa aos pequenas melhorias, para qualquer um dos aspec-
alimentos de rua da cidade36. tos apresentados, contribuiria para melhorar o ser-
Como forma de dar direção à atividade de se- viço de atendimento às necessidades de milhões de
gurança alimentar, se recomenda, ainda, que le- pessoas que dependem da comida de rua, benefici-
vantamentos de doenças veiculadas por alimentos ando vendedores e consumidores31.
sejam promovidos e utilizados33. Avanços quanto à adoção de tecnologias me-
lhoradas são observados em algumas localidades
da Índia, pela prática da transferência ou da con-
Desenvolvimento de tecnologias apropriadas centração de vendedores em centros especialmente
desenhados, dotados de fornecimento de água
Os pontos de venda de alimentos de rua compre- potável e eletricidade, serviços de disposição e cole-
endem uma ampla diversidade de formas, dimen- ta de lixo e de instalações sanitárias, havendo, ain-
sões e materiais, que incluem desde simples sacos, da, a descrição de centros que dispõem de facilida-
caixas e mesas até instalações mais organizadas, des de aquecimento e congelamento para alimen-
contando com estrutura de metal, fornecimento tos de alto risco, sob supervisão de autoridade sa-
de energia, água e refrigeração. Entre estes extre- nitária. Este modelo, contudo, em virtude do cus-
mos, estão diferentes modelos que respondem pe- to dos centros e da transferência dos vendedores,
los valores étnicos e culturais locais, expectativas não são viáveis para muitos municípios31.
dos consumidores e disponibilidade financeira dos Na América Latina, a adoção de tecnologias
vendedores21. apropriadas é concebida sob duas formas: solu-
1222
Cardoso RCV et al.

ções integrais de todos os problemas, substituin- de rua, o relato de organismos internacionais de


do o ponto de venda, ou a modificação parcial dos assistência desvenda um caráter abrangente das
pontos já existentes, aos quais se agregam gradati- estratégias de intervenção dirigidas para o segmen-
vamente as soluções para cada aspecto deficiente, to, contemplando vendedores, consumidores, re-
seguindo uma ordem de prioridade e de acordo cursos humanos da administração pública e o de-
com as possibilidades econômicas do vendedor. senvolvimento de tecnologias apropriadas.
Em ambos os casos, se torna necessário o respal- Em relação aos vendedores, as estratégias apon-
do de uma instituição de crédito, que financie em tam a necessidade de regulação da atividade, en-
condições favoráveis e acessíveis à maioria dos ven- tendida como um avanço no processo de interven-
dedores, tendo as instituições técnicas de coopera- ção e um apoio na sistemática de descentralização
ção e as organizações não governamentais um pa- das ações de saúde, com o estabelecimento de nor-
pel-chave nesta área21. mas, diretrizes ou códigos sanitários que possam
A busca de soluções integrais tem conduzido orientar vendedores e inspetores e o treinamento
ao desenvolvimento de diversos modelos de pon- para manipuladores e vendedores. São destacadas
tos de venda. Construídos em metal, utilizando a preocupação quanto à possibilidade de superre-
aço inoxidável para a superfície de trabalho e poli- gulação, com desdobramentos desfavoráveis ao
vinil ou fibra de vidro para os depósitos de água, próprio segmento e à população atendida, a orien-
representam, em geral, estruturas muito caras. No tação quanto à adoção de princípios do sistema
caso das soluções parciais, a dotação de água foi APPCC na elaboração dos códigos sanitários, e a
uma das prioridades, sendo desenvolvidos dife- essencialidade do treinamento, observando caracte-
rentes modelos de depósitos, sendo o mais popu- rísticas locais, o potencial de uso dos recursos di-
lar um modelo de 40 litros que se adéqua à reco- dáticos e a articulação com associações de vende-
mendação do código de práticas higiênicas do Co- dores e organizações não governamentais.
dex Alimentarius21. Para os consumidores, as ações compreendem
A opção de adoção entre a solução integral ou principalmente programas educativos em higiene
parcial está relacionada com o tamanho do negó- de alimentos, utilizando diferentes veículos de co-
cio, evidenciando que os esforços para melhora- municação e a rede de educação formal, buscando
mento da estrutura tendem a ter êxito na medida uma sensibilização para o desenvolvimento de uma
em que a atividade seja rentável. Os vendedores postura mais exigente quanto à qualidade do ser-
aceitam investir em melhorias, principalmente viço prestado.
quando constatam que resultam em benefícios Na esfera da administração pública, as estraté-
para as suas vendas. Deste modo, a maior limita- gias voltam-se para a capacitação de recursos hu-
ção para a adoção de tecnologias apropriadas nos manos nos diferentes níveis hierárquicos e setores
pontos de venda parece ser de ordem econômica, que lidam com o segmento. Nesse âmbito, são des-
o que pode ser superado quando se dispõe de opor- tacados o papel dos gestores, enquanto controla-
tunidades de crédito para o seu financiamento21. dores da qualidade dos alimentos, e a capacitação
teórica e de conduta de inspetores, nas suas rotinas
com a comida de rua, buscando realizar práticas
Conclusões de aconselhamento com vistas à mudança de ati-
tudes de vendedores e de consumidores.
Abordar estratégias de intervenção para o segmen- Em referência ao desenvolvimento de tecnolo-
to de comida de rua constituiu a proposta deste gias apropriadas, relatos de experiências em dife-
trabalho. Nesse sentido, parte-se de uma caracte- rentes continentes evidenciam fundamentalmente
rização do objeto, na qual são evidenciados aspec- duas possibilidades: a construção de centros espe-
tos positivos e negativos, na perspectiva da segu- cializados para venda da comida de rua e a melho-
rança alimentar e nutricional, e são colocadas sob ria dos pontos de venda já existentes, compreen-
reflexão questões anteriores à própria intervenção, dendo benfeitorias parciais ou mesmo a substitui-
a saber: a necessidade de estudos diagnósticos e a ção integral da estrutura de venda. Para qualquer
decisão política do poder público, em nível central, uma das soluções apresentadas, é ressaltada a bai-
de reconhecer o segmento e de apoiar o desenvol- xa acessibilidade econômica dos vendedores às
vimento de ações intersetoriais sustentáveis, visan- novas tecnologias, sendo importante a participa-
do à efetividade das estratégias de intervenção e ção de instituições técnicas de cooperação e orga-
melhoria deste comércio. nizações não governamentais neste processo.
Considerando as diferentes dimensões e ele- Na medida em que se observa a consolidação
mentos que compreendem o fenômeno da comida da comida de rua, o potencial de risco sanitário
1223

Ciência & Saúde Coletiva, 14(4):1215-1224, 2009


associado a este comércio, bem como a insuficiên-
cia de trabalhos nesta área, no Brasil, espera-se que
novos estudos possam ser apresentados, de modo
a contribuir para a discussão e orientação de estra-
tégias a serem futuramente adotadas no país.

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Artigo apresentado em 24/08/2006


Aprovado em 25/06/2007
Versão final apresentada em 14/08/2007

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