Você está na página 1de 48

Presidenciais 2021 Dr.

Eduardo
Pim, Pam, Pum Teixeira:
do Séc. XXI "O papel
colaborante e
distinto do
Senhor Dom
Duarte, deveria
ter outra
relevância."

Real
Gazeta NESTA EDIÇÃO

do Alto
•Monárquico e por isso, avesso a nepotismos, clientelismos e
corrupções - Pág. 5
•O Re Cândido Acto - Pág. 11
•A ignorância da 2ª figura de estado da Rep. Portuguesa - Pág. 12
•Eleições Presidenciais 2021 - Pág. 15

Minho
•Monarquia ou República - Pág. 17
•O que fazer nas Presidenciais ? - Pág. 19
•Pim, Pam, Pum cada bola mata um - Pág. 20
•Entrevista ao Ex. Sr. Deputado, Dr. Eduardo Teixeira - Pág. 22
•Causa Maior - Pág. 27
•Cuidados de saúde em Portugal. E depois da Pandemia? - Pág. 28
•A treta do sufrágio - Pág. 31
•A epidemia Presidencial - Pág. 33
•Eleições Presidenciais: anacronismos da República - Pág. 35
DIRECTOR •A propósito da ideologia monárquica e da Republicana - Pág. 37
JOSÉ ANÍBAL MARINHO GOMES •Votar ou não votar nas Presidenciais - Pág. 40
•Cultura histórica e civismo: o “fecho de abóbada” - Pág. 43
REDACTOR
PORFÍRIO SILVA

Edição do Centro de Estudos Adriano Xavier Cordeiro | n.º 26

DEZEMBRO 2020
EDITORIAL
PORFÍRIO PEREIRA DA SILVA

Cento e dez anos depois do golpe sanguinário burgueses contra o clero e a nobreza.
que efectivou um regime, a coberto do slogan Cento e dez anos depois, mesmo pensando
da liberdade, da igualdade e da fraternidade, que o regime republicano tenta a todo o custo
conceitos tão complexos que será sempre esquivar-se à análise do que na realidade foi a
difícil caracterizar com clareza, pela sua primeira república, o ataque feroz ao
natureza tantas vezes vaga, aliado ao facto da sidonismo, e as consequências que daí
origem deste fenómeno ideológico advieram, continuam a desvalorizar o papel da
republicano esquivar-se à análise, na medida monarquia constitucional, rotulando-a, através
como se apresenta, enquanto reflexo, à época, de demagogias fundamentalistas, de regime
de uma aspiração contraditória de uma classe decrépito, medíocre, obstaculizador do
burguesa, por forma, e tão só, a superar o progresso, inoperante, ultrapassado,
compromisso institucionalizado pela saudosista, déspota e nepotista, sendo que,
monarquia constitucional (1820-1910). Para o como um dia escreveu Pedro Jordão, em
republicanismo, superar o compromisso artigo de opinião no jornal Público (2016.12.09)
institucionalizado pela monarquia que, apesar de se assumir como republicano,
constitucional, forçou de forma agressiva o “é também verdade que o início da República
parecer muito próprio de que tal foi sequestrado por políticos que adoravam a
institucionalização corrompia as virtudes narcisista vaidade de discursos pomposos,
liberais, assentes na liberdade, na igualdade e enquanto disputavam entre eles o poder e as
na fraternidade, quando na verdade o único respectivas benesses […] A população era
propósito era a institucionalização da largamente analfabeta e os analfabetos foram
liberdade burguesa republicana, acabando proibidos pela República de votar, assim se
por não promover a igualdade real dos restringindo a participação política a uma
cidadãos, o POVO. escassa minoria dirigista. Escandalosamente,
Cento e dez anos depois, a sombra da as mulheres foram proibidas de votar
monarquia constitucional continua a ser (curiosamente, seria o Estado Novo que lhes
motivo de preocupação para o daria esse direito). Essa República pouco teve
republicanismo utópico, com origem num de democrático e foi essencialmente uma
plano crematístico, apenas com o intuito de oligarquia controlada por uma minoria”, com
transferir o poder económico para os Afonso Costa à cabeça, diremos nós.
revolucionários burgueses da época. A coberto Cento e dez anos depois, quando ouvimos o
da trivialidade (liberdade, igualdade e actual Presidente da República afirmar-se
fraternidade), e por força do seu ímpeto, a
republicano por causa do nepotismo na
República deixava de ser uma instituição
monarquia é, por certo, tentar tapar o sol com
particular e circunscrita, para, segundo eles, se
uma peneira. A nível global, sem excluirmos
tornar [in]compreensivelmente numa
no nosso regime, os maiores tiranetes do
substância social e o símbolo visível da dita
nepotismo encontram-se nos regimes
revolução. O propósito revolucionário do
republicanismo ao apresentar-se como um republicanos. Daí, a nossa indignação para tão
projecto democratizante, ou seja, almejando ousada dissimulação de “ética republicana”,
um governo do povo pelo povo, quando na tanto em voga principalmente quando se
verdade dissimulava o único e/ou escabroso aproximam as eleições para o mais alto cargo
objectivo de abrir uma guerra aberta dos da Nação!
REAL GAZETA DO ALTO MINHO | 3

reis de Portugal

D. Maria I Como Rainha de Portugal, foi Grão-Mestre


das seguintes Ordens:
Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Nascimento – 17 de Dezembro de 1734, Lisboa. Ordem de São Bento de Avis.
Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem de
Morte – 20 de Março de 1816, Convento do Sant’Iago da Espada.
Carmo, Rio de Janeiro, Brasil. Está sepultada na
Antiga e Muito Nobre Ordem da Torre e
Basílica da Estrela, Lisboa.
Espada.
Reinado - 24 de Fevereiro de 1777 a 20 de Março
de 1816. Filhos
D. José (D. José Francisco Xavier de Paula
Consorte – D. Pedro de Bragança (D. Pedro III).
Domingos António Agostinho Anastácio de
Dinastia – Bragança. Bragança), 8.º Príncipe do Brasil, 2.º Príncipe da
Beira, 14.º Duque de Bragança, 8.º Duque de
Cognome – “A Piedosa”. Barcelos, 13.º Marquês de Vila Viçosa, 21.º Conde
de Barcelos, 18.º Conde de Ourém, 15.º Conde
Títulos, estilos e honrarias
de Arraiolos e 15.º Conde de Neiva (Lisboa, 21 de
“Sua Alteza Real, a Princesa da Beira, Duquesa
de Barcelos” (17 de Dezembro de 1734 – 31 de Agosto de 1761 — Lisboa, 11 de Setembro de
Julho de 1750). 1788). Casou com sua tia D. Maria Benedita
“Sua Alteza Real, a Princesa do Brasil, Duquesa (Maria Francisca Benedita Ana Isabel Josefa
de Bragança, etc.” (31 de Julho de 1750 – 24 de Antónia Lourença Inácia Teresa Gertrudes Rita
Fevereiro de 1777).
Joana Rosa).
“Sua Majestade Fidelíssima, a Rainha” (24 de
Fevereiro de 1777 – 20 de Março de 1816). D. João Francisco de Paula Domingos António
Carlos Cipriano de Bragança (16 de Setembro
O estilo oficial de D. Maria I como Rainha era: de 1763 – 10 de Outubro de 1763).
“D. Maria, pela Graça de Deus, Rainha de D. João VI.
Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar D. Mariana Vitória (D. Mariana Vitória Josefa
em África, Senhora da Guiné e da Conquista,
Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia Francisca Xavier de Paula Antonieta Joana
e Índia, etc.” Domingas Gabriela de Bragança), infanta da
Em 1815 após a criação do Reino Unido de Espanha (Queluz, 15 de Dezembro de 1768 —
Portugal, Brasil e Algarves, o seu estilo passou a Madrid, 2 de Novembro de 1788). Casou com
ser: “D. Maria, pela Graça de Deus, Rainha do Don Gabriel de Bourbon (Don Gabriel António
Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves,
d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhora da Francisco Xavier João Nepomuceno José
Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Serafim Pascoal Salvador de Bourbon e Saxe,
Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.” infante de Espanha.

DEZEMBRO 2020
4 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

D. Maria Clementina Francisca Xavier de Paula


Ana Josefa Antónia Domingas Feliciana Joana
Michaela Júlia de Bragança (9 de Junho de 1774
– 27 de Junho de 1776).
D. Maria Isabel de Bragança (12 de Dezembro
de 1776 – 14 de Janeiro de 1777).

Pai D. José I
Mãe D. Mariana Vitória de Bourbon

D. Maria em pessoa
«O principal traço do seu caracter era formado
por um pronunciadíssimo espírito de
superstição. Diz-se que ela tinha sido
profundamente impressionada com a
catástrofe do duque de Aveiro e dos seus
associados, dos quais se crê que lamentou a
sorte não merecida. Geralmente, foi atribuída às
suas reflexões sobre essas terríveis catástrofes,
fortalecidas pelas advertências e severidades do
seu confessor, a alienação do seu espírito. Era
mais alta e mais delgada que suas irmãs, pálida
de rosto, delicada, e parecendo propensa à
melancolia. Não tinham graça feminina as suas
pronunciadas feições. Na vida privada, a sua
conduta era exemplar. Casada com seu tio,
irmão único do rei, ambos foram modelos de
felicidade conjugal.» (Wraxall, p. 804)
«Entre os cabelos castanhos escuros, passa
discreto, um fio de enormes pérolas. A testa é
ampla, bela, como a representam os seus
retratistas; olhos pequenos mas de expressão
suave; nariz grande; a boca pouco bonita, talvez
dos Habsburgos, de quem, por três lados, era
neta […]. O pescoço muito alto, belo o seio, finos
os braços e as mãos.» (Beirão, pp. 53—56).

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO | 5

Monárquico E, Por Isso, Avesso A


Nepotismos, Clientelismos E
Corrupções
MIGUEL VILLAS-BOAS

Abstract Résumé
 
In Monarchies there is no nepotism. Of the 10 Dans les monarchies, il n'y a pas de népotisme. Sur
least corrupt countries in the world, 8 are les 10 pays les moins corrompus au monde, 8 sont
Monarchies: on the podium in 1st place are ‘Ex des monarchies: sur le podium à la 1ère place se
aequo’ Denmark and New Zealand. Sweden, trouvent le Danemark et la Nouvelle-Zélande «Ex
Norway, the Netherlands, Canada, Luxembourg aequo». La Suède, la Norvège, les Pays-Bas, le
Canada, le Luxembourg et le Royaume-Uni sont
and the United Kingdom are still in the Top 10.
toujours dans le Top 10. Au contraire, toutes les
On the contrary, all the most corrupt are
républiques les plus corrompues sont et avec
republics and with a lot of nepotism by the way. beaucoup de népotisme d'ailleurs.
Furthermore, the Royal Families are much De plus, les familles royales sont bien moins
cheaper than the Presidents: the budget of the chères que les présidents: le budget de la reine
Queen of England is 42 million euros, that of the d'Angleterre est de 42 millions d'euros, celui du
President of the Italian Republic is 228 million président de la République italienne de 228
euros. In 2020, the Presidency of the Portuguese millions d'euros. En 2020, la présidence de la
Republic had a budget allocation of République portugaise disposait d'une dotation
16,767,240.00 euros. The Belgian Monarchy costs budgétaire de 16 767 240,00 euros. La monarchie
13.7 million euros. Both the Monarchies of the belge coûte 13,7 millions d'euros. Les monarchies
du Royaume de Danemark et du Royaume de
Kingdom of Denmark and the Kingdom of
Suède ont chacune le même coût annuel de 12
Sweden each have the same annual cost of 12
millions d'euros et au Luxembourg la famille
million euros and in Luxembourg the Grand- grand-ducale coûte 8,7 millions d'euros. La Casa
Ducal Family is at the cost of 8.7 M €. Casa d’el d’el Rey en Espagne dispose d’un budget de 7,9 M
Rey in Spain has a budget of 7.9 M €, while the €, tandis que le Président de la République
President of the French Republic has an française dispose d’un budget de fonctionnement
operating budget of 103 million Euros. The de 103 millions d’euros. Le prince de Liechtenstein
Prince of Liechstenstein does not receive n'est pas rémunéré pour ses fonctions de chef de
payment for his duties as Head of State. l'Etat.

Key words: Monarchies; No Nepotism; Least Mots clés: Monarchies; Pas de Népotisme; Moins
Corrupt Corrompus

DEZEMBRO 2020
6 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

Sua Excelência O Senhor Presidente da República (Ago. – Nov.); Lopo Vaz de Sampayo e Mello, Ministro
Portuguesa Professor Doutor Marcelo Rebelo de e secretário de Estado dos Negócios da Fazenda;
Sousa, numa pastelaria em Belém, durante a General Caetano Pereira Sanches de Castro, Ministro
apresentação da sua recandidatura a Presidente da e secretário de Estado dos Negócios da Guerra; Júlio
República afirmou categoricamente: de Vilhena, Ministro e secretário de Estado dos
‘Sou assumidamente republicano e, por isso, avesso Negócios da Marinha e Ultramar; Miguel Dantas,
a nepotismos, clientelismos e corrupções.’ Ministro e secretário de Estado interino e não
Cada um é como cada qual, e assume-se como empossado dos Negócios Estrangeiros (Mar. – Abr.);
quiser, mas cabe-nos desfazer diversas imprecisões e Ernesto Hintze Ribeiro, Ministro e secretário de
do recandidato – e enquanto recandidato sujeito a Estado dos Negócios das Obras Públicas, Comércio
contraditório- quanto ao resto, talvez mal- e Indústria e Ministro e secretário de Estado interino
entendidos, mas que num caso ou noutro não são dos Negócios Estrangeiros (Abr. – Nov.).
oratórios indiscutíveis, porque inverosímeis.
Em primeiro lugar, não consta que no Reino da
Noruega, da Suécia, da Dinamarca ou mesmo no
Reino Unido existam quaisquer relações de
parentesco entre membros dos respetivos governos,
talvez por serem cada um o governo de Sua
Majestade e não o governo do Zé ou do António.
Mas fazendo um exercício de memória e pegando
apenas em dois (para não se tornar exaustivo)
governos dos bons tempos da Monarquia
Constitucional Portuguesa podemos constatar que
entre os seus membros inexistia parentela. Assim o
38.º Governo da Monarquia Constitucional
governava o Reino de Portugal e as Províncias
Ultramarinas, ou seja “Aqui e Além-Mar” com
apenas um Presidente do Conselho auxiliado por
um restrito número de apenas 6 Ministros-
secretários de Estado (Negócios Eclesiásticos e de
Justiça, Negócios da Fazenda, Negócios da Guerra,
Negócios da Marinha e Ultramar, Negócios
Estrangeiros e Negócios das Obras Públicas,
Comércio e Indústria e Ministro), ou seja muito
trabalho para pouca gente. O 38.º Governo da
Monarquia Constitucional, também, conhecido
como a primeira fase do 4.º governo do Rotativismo,
38.º Governo da Monarquia Constitucional
do 3.º governo do Fontismo e do 17.º desde a
Regeneração, foi nomeado a 25 de Março de 1881, O 55.º Governo da Monarquia Constitucional e 27.º
em resultado das eleições no qual o partido governo desde a Regeneração, Ministério presidido
Regenerador venceu com 89% dos votos, e por João Franco, foi nomeado por Sua Majestade
exonerado a 14 de Novembro do mesmo ano, e foi Fidelíssima El-Rei Dom Carlos I, em consequência da
presidido por António Rodrigues Sampaio. Neste vitória eleitoral do Partido Regenerador Liberal, a 19
governo, onde não existia qualquer relação familiar de Maio de 1906 e exonerado a 4 de Fevereiro de
entre os seus membros, a sua constituição era a 1908 (em consequência do Regicídio de 1908) por El-
seguinte: António Rodrigues Sampaio, Presidente Rei Dom Manuel II. A sua constituição era a seguinte:
do Conselho de Ministros e Ministro e secretário de Luís de Magalhães, Ministro e secretário de Estado
Estado dos Negócios do Reino; António José de dos Negócios Estrangeiros (Mai. 1906 – Mai. 1907);
Barros e Sá, Ministro e secretário de Estado dos José Malheiro Reimão, Ministro e secretário de
Negócios Eclesiásticos e de Justiça e ministro e Estado dos Negócios das Obras Públicas, Comércio
secretário de Estado interino da Fazenda e Indústria; António Carlos Coelho de Villas-Boas

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO | 7

Vasconcellos Porto, Ministro e secretário de Estado


dos Negócios da Guerra (Mai. 1906 – Fev. 1908) e
Ministro e secretário de Estado interino dos
Negócios da Marinha e Ultramar (Jun. – Set. 1907);
Ayres D’Ornellas, Ministro e secretário de Estado dos
Negócios da Marinha e Ultramar (Mai. 1906 – Jun.
1907 e Set. 1907 – Fev. 1908); José Novais, Ministro e
secretário de Estado dos Negócios Eclesiásticos e de
Justiça (Mai.1906 – Mai. 1907 sendo substituído por
António José Teixeira de Abreu, Ministro e secretário
de Estado dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça,
dessa data a Fev. 1908);
Ou seja um Presidente do Conselho auxiliado por
um diminuto número de apenas 6 Ministros-
secretários de Estado governavam um Reino e um 55.º Governo da Monarquia Constitucional

Império. Hoje em dia, em que tudo fica à distância


de um clique, e que obedecem a Bruxelas, no real independente, não eleito, não representar
governo republicano é necessário o rotundo qualquer partido político e seus sectários e com tal
número de 19 ministros e 50 secretários de Estado. não suster qualquer agenda política, podendo assim
Assim, reitera-se que entre os Conselheiros – assim com o seu Poder Moderador proteger a estabilidade
era o tratamento dedicado aos Ministros – não dentro da pluralidade politico-social do país,
existia qualquer laço familiar ou parentesco. obstando à perturbação causada pela política que
Deu-se estes dois a título de exemplos, assim como degenere. Acima de tramas partidárias,
se poderiam referir os anteriores e seguintes independente de um calendário político, de
Governos da Monarquia Constitucional Portuguesa. promessas eleitorais, sem necessidade de se manter
O Rei reinava – e tinha o seu herdeiro presuntivo -, o popular para ser reeleito, sem relações com
Governo – sem qualquer laço familiar com a Família oligarquias, sem solidariedade activa com políticos –
Real ou entre os seus membros – governava! Sim, é pois o Rei não tem partido -, sem suspeitas de
preciso soletrar os registos da história. Realmente, eventualmente favorecer de clientelas eleitorais e
uma Monarquia não é uma república! financiadores de campanhas, o Rei terá a
Quanto a clientelismo, vem no seguimento do tranquilidade e a legitimidade para actuar como
anterior e do próximo: é fácil apontar clientelismo moderador entre as várias facções políticas ou
nas repúblicas existentes e quase impossível demais grupos da sociedade civil e interpor-se como
encontrá-lo nas Monarquias Ocidentais. cautela da democracia e da ética. Um Monarca
A história está repleta de episódios em que a Coroa jamais se resumirá a um padrinho de uma
funcionou como um freio aos políticos eleitos que legislatura: é péssimo quando a opinião de um chefe
tentaram obter benefícios da sua posição e poderes de Estado coincide sempre com a vontade do chefe
maiores aos atribuídos pela Constituição e, assim, de governo; essa unanimidade é o primeiro passo
em último caso, a Monarquia é uma ressalva contra para uma ditadura ainda que com capa
a corrupção e o tráfico de influências, e em último democrática. Fica assim, um vazio democrático
caso contra a ditadura. Este contrapeso resulta de criado pelo mais alto cargo da Nação, deixando de
que uma coisa só é superada quando se actua de ser uma referência, a quem os cidadãos poderiam
modo a que tal coisa forme com o seu contrário socorrer-se pelos excessos da governação. É o mal
uma unidade: é a tese e a antítese de Hegel. Para do unanimismo.
haver uma anulação de uma força negativa política Nas Monarquias Ocidentais existem níveis mais
tem que haver uma força positiva capaz de a exigentes de igualdade entre as pessoas e maior
equilibrar. Ora só um Rei tem essa força e consegue transparência democrática das instituições e dos
de forma eficaz desempenhar essa função. políticos. Ao observar-se as diversas realidades das
Tal não acontece com outro Chefe de Estado Monarquias, tem-se constatado isso. Esses países
que não seja um Monarca, uma vez que há a seguem uma linha social e económica que leva à
grande vantagem do Rei enquanto entidade implementação de uma política social decisiva e

DEZEMBRO 2020
8 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

realista, que sem prevaricação nem nepotismos, A pesquisa de 2003 abrangeu 133 países, a pesquisa
premeia o mérito e prepara os meios e sistemas de 2019, 180. A maior pontuação significa menos
necessários para realizar uma distribuição (percepção de) corrupção. Os resultados mostram
proporcional e equitativa dos rendimentos segundo que sete de cada dez países (e nove de cada dez
funções, capacidade e desempenho de cada um, países em desenvolvimento) possuem um índice de
atribuindo assim a cada participante da menos de 5 pontos em 10.
comunidade nacional, a parcela atribuível de acordo Mais, o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da
com sua função ou posição social de titular, de Transparência Internacional coloca 8 Monarquias
técnico, profissional, trabalhador, indigente, dentro dos 10 países Com Menos Corrupção: no
deficiente, idoso e para que esta parcela seja para pódio no 1° lugar estão ‘Ex aequo’ a Dinamarca e a
cada família não inferior ao médio de vida Nova Zelândia. Suécia, Noruega, Países Baixos,
necessário. Canadá, Luxemburgo e Reino Unido fazem ainda
Depois que dos 10 países menos corruptos do parte do Top 10. A contrário todos os mais corruptos
Mundo, 8 são Monarquias! são repúblicas e com muito nepotismo por sinal.
Desde 1995, a “Transparência Internacional” publica Assinale-se, ainda, que das 135 repúblicas existentes
o relatório anual “Índice de Percepção de Corrupção no Mundo, apenas 53 são Democracias, isto é,
(IPC)” que ordena os países do mundo de acordo apenas 39,2%; e que das 44 Monarquias actuais, 68%
com "o grau em que a corrupção é percebida a são Democracias – sim pasme-se: república não é
existir entre os funcionários públicos e políticos". A sinónimo de democracia.
organização define a corrupção como "o abuso do
poder confiado para fins privados".

Índice de Democracia no Mundo

Além do mais, as Famílias Reais ficam muito mais


baratas do que os Presidentes: a dotação
orçamental da Rainha de Inglaterra é de 42 milhões
de euros, a do Presidente da República Italiana é de
228 milhões de euros, e no último caso, fora de Itália,
quase ninguém sabe quem ele é. A Presidência da
Índice de Percepção de Corrupção
República Portuguesa teve em 2020 uma dotação

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO | 9

orçamental de 16.767.240,00 euros. A Monarquia de euros; e em 2014 de 14.683.500 euros.


belga custa 13,7 milhões de euros ao erário A Casa do Rei de Espanha, em 2011, custou 8,43
público do país. Tanto as Monarquias do Reino milhões de euros. A gestão financeira da verba, de
da Dinamarca e do Reino da Suécia têm, cada acordo com a Constituição do Reino de Espanha,
uma, o mesmo custo anual de 12 milhões de incumbe directamente ao Rei, sendo que esses
euros e no Luxemburgo a Família Grão-Ducal fundos se destinam à legítima remuneração da
fica-se pelo custo de 8,7 milhões de euros Família Real para provir a sua subsistência, mas
anuais. A dotação orçamental da Casa d’el Rey também pela representação na vida pública oficial,
de Espanha é de 7,9 milhões de euros, já o
e, tal-qualmente, para financiar o funcionamento
Presidente da República Francesa tem um
da Casa Real e do pessoal. Assim, o orçamento real
orçamento de funcionamento de 103 milhões
serve para pagar os únicos salários da Família Real:
de Euros, ou seja custa 13 vezes mais que a
o do Rei e o da Rainha e as despesas salariais com
Família Real Espanhola. Ressalte-se que o
Príncipe do Liechstenstein não recebe dos os 300 funcionários que trabalham directamente
contribuintes ou do próprio Estado o com a Coroa e destina-se, também, a custear os
pagamento das suas funções como Chefe de gastos quotidianos do Palácio com alimentação,
Estado. O custo total dessa Monarquia, ao vestuário, as viagens, os carros oficiais que não
contrário dos chefes de estado das repúblicas e embarcam em excentricidades. Logo em 2010, a
de quase todas as outras monarquias, é coberto Casa Real não ficou alheia à crise económica, e, no
pelos fundos privados do Príncipe ou da Casa segundo semestre desse ano, determinou um
Principesca. corte no orçamento anual recebendo, em 2010, 8,9
Fazendo a acareação entre as dotações da Casa milhões de euros de verba. Ora como o pagamento
do Rei de Espanha e do orçamento de é trimestral, por iniciativa do Rei, houve uma
funcionamento da Presidência da República poupança de 1,7 milhões de euros relativamente ao
Portuguesa, também se demonstra facilmente ano anterior.
que a primeira fica mais barata. Em 2010, a Presidência da República Portuguesa
É facto comprovado pelos respectivos teve um custo de 17,464 milhões de euros.
Orçamentos de Funcionamento que a Casa
Esquadrinhando ao pormenor as contas da Família
Real Espanhola é sobejamente mais poupada
Real espanhola: em 2006, teve um orçamento de 8
que a presidência da república Portuguesa.
milhões de euros, enquanto o Orçamento da
Fazendo a confrontação dos respectivos
Presidência da República Portuguesa foi de 17,031
‘Orçamentos de Funcionamento 2009 - 2021’
não restam dúvidas sobre qual é o Orçamento milhões de Euros. O valor das atribuições para a
mais poupado e regrado: o da Casa Real Casa Real Espanhola subiu até 2009, alcançando, o
espanhola. tecto máximo de 8,9 milhões. Nesse ano,
Em 2016, o Orçamento de Funcionamento da lembremos, o Orçamento da presidência da
Casa Real Espanhola foi de 7, 7 milhões de euros república Portuguesa foi de 16,8 milhões de Euros.
enquanto o Orçamento de Funcionamento da Com o corte em 2011, a Casa Real espanhola teve
Presidência da república portuguesa foi de 16, um custo total de 8,43 milhões de euros enquanto
355 milhões de euros. Ora, enquanto El-Rey de a Presidência da R.P. custou 16,188 milhões de
nuestros hermanos se mantêm vincadamente Euros. Assim, nesse ano, a Monarquia custou a cada
poupado, já na presidência da república espanhol 19 cêntimos, enquanto a presidência da
Portuguesa o orçamento de funcionamento república teve um importo de 1,9 euros para cada
sobiu dos 14,7 milhões em 2015, para 16,355 cidadão português.
milhões de euros em 2016. Novamente, em 2012, o orçamento da Casa Real
Analisando a evolução do Orçamento de espanhola sofreu um corte de cerca de 5% e os
Funcionamento da presidência da república
todos os salários uma redução de 15%. A presidência
Portuguesa desde que as contas começaram a
da república portuguesa no mesmo exercício
ser públicas: em 2006 foi de 17.031.800 Euros;
orçamental custou 15.139.110 de euros.
em 2007 de 15.824.500 €; em 2008, 16,345
Em 2013, o orçamento da Casa Real Espanhola
milhões de euros; em 2009 foi de 16,8 milhões
de euros; em 2010 foi de 17,464 milhões; em 2011 encolheu 2%, passando para os 8,26 milhões €.
de 16.188.400 milhões; em 2012 foi de 15.139.100 Nesse ano, as Infantas Elena e Cristina deixaram de
milhões de euros; o de 2013 foi de 15,3 milhões receber gastos de representação.

DEZEMBRO 2020
10 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

Em 2013, a verba destinada para o Orçamento da A Presidência da República propôs ao Governo uma
PRP foi de 15,13 milhões de Euros, que, tem 500 dotação orçamental de 16.767.240,00 euros para
funcionários ao serviço, mais 200 que a Coroa 2021 - o exato valor que foi inscrito há um ano no
Espanhola e que a Casa Real Britânica. Orçamento do Estado para 2020, que por sua vez já
Em 2015, o Orçamento de Funcionamento da Casa era semelhante ao de 2019.
do Rei de Espanha foi congelado no mesmo valor do O território português tem uma área territorial de
deste ano de 7,6 milhões de euros. Em 2014 o 92.090 km2 com uma população de 10.487.289 de
orçamento da Casa Real de Espanha foi de 7,78 habitantes. Já o Reino de Espanha tem uma área de
milhões de euros – menos 2% relativamente ao 504.030 km2 e possui uma população de 47.265.321
exercício orçamental de 2013 e o montante mais habitantes. Mensurando essas variáveis e fazendo a
baixo desde 2007. Com a Abdicação do Rei Don acareação do custo da Casa Real Espanhola com a
Juan Carlos I e a Proclamação de S.M. El Rey Don Presidência da República Portuguesa, conclui-se: a
Filipe VI, mantiveram-se os cortes salariais e os novos presidência da república Portuguesa terá em 2020 e
monarcas passaram a auferir a verba destinada aos 2021 um custo por cada Português de 1,59 euros,
anteriores reis: 220 mil euros/ano o Rei e 130 mil enquanto a Casa Real espanhola teve uma
(45%/salário Rei) a Rainha Doña Letizia; a Princesa incidência sobre cada Espanhol de 0,17 euros. Assim,
Doña Leonor, Princesa das Astúrias só auferirá o PR custa ao erário público português o dobro que
salário a partir dos 18 anos. Em 2016, o Monarca a Família Real espanhola custa ao tesouro espanhol.
espanhol diminuiu em 20% o Seu salário e o Se mesmo assim se quiser acarear esse custo da
Orçamento de Funcionamento da Casa Real presidência da república portuguesa com o da Casa
Espanhola foi de 7, 7 milhões de euros. Real Britânica, é fazer as contas: o Reino Unido
Por cá, o Orçamento de Funcionamento da possui uma população de 63.181.775 habitantes para
Presidência da República Portuguesa para 2015 foi um Orçamento real de 42,5 milhões de euros, pelo
de 14,7 milhões de euros, subindo ligeiramente dos que a Monarquia Inglesa tem um custo para cada
anteriores 14.683.500,00 de 2014. E, como se súbdito de Sua Majestade de apenas 0,67 euros, ou
descreveu acima, em 2016 o Orçamento de seja, menos 0,72 € que o PRP.
Funcionamento da Presidência da república Além disso, é inaceitável que os ex-presidentes da
portuguesa foi de 16.355.000,00 de euros subindo república Portuguesa custem ao Erário Público
1.671.500,00 de euros. cerca de 1 milhão de euros por ano.
O Orçamento de Funcionamento da Presidência da Conclui-se portanto, que, o argumento financeiro é
República Portuguesa em 2017 foi de 15.982.000 de também um forte argumento pró Monarquia uma
euros (inclui: despesas representação, museu, vez que nas Monarquias há uma maior poupança,
gestão administrativa e encargos com ex- pois que o Rei procura dar o exemplo.
presidentes). Em 2017, o Orçamento de Assim, por isso e muito mais é que não tenho
Funcionamento da Casa do Rei de Espanha foi problemas declarar: Sou assumidamente
congelado no mesmo valor dos anos de 2016, 2015 e Monárquico e, por isso, avesso a nepotismos,
2014: 7,78 milhões de euros. Depois, 7,9 milhões de clientelismos e corrupções.
euros.

Acareação Orçamentos
Funcionamento Rei de Espanha e
PRP

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO |11

O re cândido acto
LAMAS PACHECO

Abstract O candidato Marcelo Rebelo de Sousa

The candidate for President of the Republic, still “Dom Quixote de La Mancha de Sousa, montado no
President of the Republic, admitted that in seu Rocinante institucional resolveu investir de lança
Portugal there is nepotism. He stressed that what
em punho[1] contra moinhos de vento.
moved him mainly to re-run was the fight he
wants to do. Whoever represents the country at Assarapantado, o seu fiel Sancho Pança Costa
the highest level of the nation, must have a tentou dissuadi-lo chamando à atenção que não
position above the policies of party interest, be a eram moinhos de vento, mas ministros e secretários
symbol of the nation, but President of the de estado acabados de serem nomeados. Dom
Republic is only a mere temporary representation.
Quixote de La Mancha de Sousa afirmou conhecer
Key words: Republic; Nepotism; Symbol; bem aqueles moinhos, ao que Sancho Pança Sousa,
Representation. no seu jumento,[2] enquanto iam a caminho de
uma tomada de posse, lhe garantiu que os conhecia
porque eram da área do governo; pais, filhos, genros,
Résumé
cunhados, etc.
Le candidat à la présidence de la République, Dom Quixote de La Mancha de Sousa ficou muito
toujours président de la République, a admis qu'au indignado, mas ambos abrigados debaixo do
Portugal il y a du népotisme. Il a souligné que ce mesmo guarda-chuva lá continuaram a colaborar.”
qui l'a principalement poussé à recommencer était Afinal se não houver nepotismo, como é que pode
le combat qu'il voulait mener. Quiconque ser combatido?
représente le pays au plus haut niveau de la nation,
doit avoir une position au-dessus des politiques Eis, senão quando surge, alegadamente, um igrejo
d'intérêt du parti, être un symbole de la nation, avô, admirado com tanta ética republicana. Isto já
mais le président de la République n'est qu'une não foi o passarinho, foi-me dito, por uma fonte. Era
simple représentation temporaire. o Luís Vaz, que com um só olho viu a apagada e vil
tristeza em que o país está, mais que outros,
Mots clés: République; Népotisme; Symbole;
politicamente corretos, com os dois olhos abertos.
Représentation.
Lendo, Luís Vaz, a segunda obra mais importante
Sua Excelência, o senhor Presidente da República, que afeta a vida dos portugueses, a primeira é a sua
enquanto candidato às próximas eleições que nos representa, assim disse:
- “Portugueses, ‘rápido e em força para…’ o
presidenciais, no discurso de anúncio da sua
Parlamento a pedir democracia”. E ao que a minha
recandidatura, salientou que o que o moveu
alegada fonte me disse explicou: “Porque os
principalmente foi o combate ao nepotismo, porque
símbolos nacionais não devem ser eleitos. Quem
é republicano. Ou seja, o candidato à Presidência da
representa o país ao mais alto nível da nação, deve
República, ainda Presidente da República, assim ter um cargo acima das políticas de interesse
uma espécie de ainda é e já vai ser, admitiu que em partidário, real e não verbalmente, de jure, e isso só é
Portugal há nepotismo. A República é nepotista. possível com um chefe de estado aceite, como
Como sou optimista, a exemplo de altos dignitários outros símbolos nacionais, já que Presidente da
de outras repúblicas, tive um passarinho que me República apenas representa”.
contou uma história que a ser verdadeira é E candidamente Luís Vaz retirou-se já sem
fantástica e que vou tentar reproduzir: optimismo.[3]

[1] Abraços institucionais.


[2] Americanices de fim de império: Mais vale burro velho que me leve, que elefante Ventura von Trump que me derrube.
[3] Voltair já estaria prever estes tempos?

DEZEMBRO 2020
12 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

A Ignorância da 2.ª figura de Estado


da República Portuguesa
JOSÉ ANÍBAL MARINHO GOMES

Abstract Résumé

In an article published on the 5th of October, on the Le président de l'Assemblée de la République


website of the Socialist Party, the President of the dans un article publié le 5 octobre sur le site du
Assembly of the Republic states that, from the 5th Parti socialiste déclare qu'à partir du 5 octobre
of October 1910 the Portuguese stopped being 1910 les Portugais ont cessé d'être sujets et sont
subjects and became citizens and that if Portugal devenus citoyens et que si le Portugal est
is, nowadays, a democratic sate, it owes it to the aujourd'hui un État droit démocratique, la
1910’s Revolution. Révolution de 1910 le doit.
However, nothing could be more false, as it Rien de plus faux, car il démontre une grande
demonstrates a great ignorance of the history of ignorance de l'histoire du Portugal et du
Portugal and of Portuguese constitutionalism, constitutionnalisme portugais, ignorant que sur le
ignoring that on the official website of the body site officiel de l'instance qu'il préside, il est dit que
which he presides, it is said that “In the Constitution «dans la Constitution de 1822 les principes liés aux
of 1822, the principles linked to the liberal ideals of idéaux libéraux de l'époque étaient consacrés:
the time were enshrined: democratic principle, démocratique, représentative, séparation des
representative, separation of powers and legal pouvoirs et égalité juridique et respect des droits
equality and respect for personal rights”. de la personne».
Ferro Rodrigues also forgot that the oldest and first Ferro Rodrigues a également oublié que le plus
Portuguese constitutional text is one of the most ancien et le premier texte constitutionnel
technically elaborated constitutions and a portugais est l'une des constitutions les plus
fundamental pillar of Portugal’s history regarding techniquement élaborées et un pilier
democracy. fondamental de l'histoire de la démocratie au
Portugal.
Key words: Constitution of 1822; Subjects; Citizens.
Mots clés: Constitution de 1822; Sujets; Citoyens.

Cortes constituintes de 1821 - Pintura de Veloso Salgado

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO |13

Num artigo intitulado “Implantação da República: 1910 - e a Constituição de 1911, a Constituição de 1933
de súbditos a cidadãos” (1), publicado esta segunda- e a Constituição de 1976.
feira (dia 5/10/2020), no site oficial do PS, o Dr. Ferro Na página oficial da Assembleia da República (2)
Rodrigues - Presidente da Assembleia da República regista-se que “Na Constituição de 1822 ficaram
e, portanto, 2.ª figura de Estado da República consagrados os princípios ligados aos ideais liberais
Portuguesa –, imbuído de um republicanismo da época: princípios democrático, representativo,
primário e à boa maneira jacobina, escreve muitas da separação de poderes e da igualdade jurídica e
inverdades. respeito pelos direitos pessoais”.
Se é de admirar que um deputado português – Igualmente nessa página oficial da Assembleia da
principalmente um que ocupa o lugar cimeiro do República se pode ler que a CONSTITUIÇÃO DE 1822
Parlamento nacional – desconheça a História de estabelece que a soberania reside na Nação e não
Portugal e o constitucionalismo português, mais pode ser exercitada “senão pelos seus
surpreendente é que ele se atreva a escrever sobre o representantes legalmente eleitos” ou seja, pelos
que não sabe e, muito pior, que ignore o que está deputados das Cortes, a quem cabe
publicado no site oficial do órgão de soberania a exclusivamente fazer a Constituição, sem
que preside!!!. dependência de sanção do Rei”.
No referido artigo o Dr. Ferro Rodrigues, - escreve A CONSTITUIÇÃO DE 1822 determinava ainda, no
que a partir do dia 5 de Outubro de 1910, “…cada art.º 27.º, que a Nação “é livre e independente e não
português deixou de ser um mero súbdito e se pode ser património de ninguém” e no art.º 21.º que
assumiu como cidadão do seu País, tomando nas “Todos os Portugueses são cidadãos, e gozam
suas mãos o destino da coisa pública…” e que “A desta qualidade”.
instituição de um regime republicano é, antes de Também se assinala, na página oficial da Assembleia
mais, o ato de emancipação de um povo. A da República que, na CONSTITUIÇÃO DE 1822, “Os
República não se compreende sem liberdade, sem três poderes políticos - legislativo, executivo e
democracia e sem respeito pelos direitos judicial - são rigorosamente independentes e o
humanos”, - e conclui da seguinte forma: “Se poder legislativo é atribuído às Cortes em exclusivo,
Portugal é, hoje, um Estado de direito democrático, embora sujeito à “sanção Real”, instituto
baseado na soberania popular, no pluralismo de semelhante ao da promulgação das leis”, que está
expressão e organização política democráticas, no previsto na actual Constituição de 1976.
respeito e na garantia de efetivação dos direitos e E o art.º 30.º da CONSTITUIÇÃO DE 1822, estatui que
liberdades fundamentais e na separação e “Cada um destes poderes é de tal maneira
interdependência de poderes, deve-o às sementes independente, que um não poderá arrogar a si as
lançadas na Revolução de 1910”. atribuições do outro”.

Alegoria à Constituição de 1822 - Domingos_Sequeira

Nada mais incorrecto e falso!!!!


Antes de mais, convém esclarecer que Portugal
teve, até hoje, 6 (seis) constituições: a Constituição
de 1822, a Carta Constitucional de 1826 e a Constituição Portuguesa de 1822
Constituição de 1838 - que são todas anteriores a

DEZEMBRO 2020
14 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

- a liberdade, que, segundo o art.º 2º, consiste em Diz assim Maria Antonieta Cruz (3):
os cidadãos “não serem obrigados a fazer o que a «Os eleitores portugueses foram, a partir de então
lei não manda, nem a deixar de fazer o que ela [da república], obrigados a comprovar a sua
não proíbe”; aptidão para a leitura e a escrita, e esta exigência
- o princípio da universalidade pois, nos termos do acarretou uma considerável diminuição
art.º 104.º, “A lei obriga os cidadãos sem quantitativa do eleitorado.
dependência da sua aceitação”; Preocupados em concederem direito de voto
- o princípio da igualdade, determinando, no art.º exclusivamente aos portugueses que eles
9º, que “A lei é igual para todos. Não se devem, consideravam esclarecidos e independentes, os
portanto, tolerar privilégios de foro nas causas republicanos reduziram a participação política a
cíveis ou crimes nem comissões especiais”; níveis incompatíveis com o ideário da revolução e
- a liberdade de expressão, estabelecendo, no art.º cavaram profundas arritmias entre o país urbano
7.º que “A livre comunicação dos pensamentos é (...) e o mundo rural...».
um dos mais preciosos direitos do homem. Todo o Extraordinárias sementes lançadas na Revolução
Português pode conseguintemente, sem de 1910!!!!
dependência de censura prévia, manifestar as
suas opiniões em qualquer matéria, contanto que
haja de responder pelo abuso desta liberdade nos
casos, e pela forma que a lei determinar”;
- a inviolabilidade do domicílio e da
correspondência prevendo, no art.º 5.º que “A casa
de todo o Português é para ele um asilo. Nenhum
oficial público poderá entrar nela sem ordem
escrita de competente Autoridade, salvo nos
casos, e pelo modo que a lei ordenar” e, no art.º
18.º, que “o segredo das Cartas é inviolável. A
Administração do Correio fica rigorosamente
responsável por qualquer infracção deste artigo”;
- a liberdade de acesso à função pública,
estatuindo, o art.º 12.º, que “Todos os Portugueses
podem ser admitidos aos cargos públicos, sem
outra distinção que não seja a dos seus talentos e
das suas virtudes”;
- o direito de petição, preceituando, no art.º 16.º, O rei D. Manuel II lendo o discurso da Coroa na
que “Todo o Português poderá apresentar por cerimónia de abertura das Cortes, na I Legislatura do
seu reinado em 1908
escrito às Cortes, ou ao poder executivo
reclamações, queixas ou petições, que deverão ser
examinadas”.
Esqueceu-se o Dr. Ferro Rodrigues que o mais
antigo e primeiro texto constitucional português é
uma das constituições tecnicamente mais bem
elaboradas e um esteio fundamental para a
história da democracia em Portugal.
A concluir, cito Maria Antonieta Cruz, da
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, (1) https://ps.pt/index.php/2020/10/05/implantacao-da-republica-de-subditos-
a-cidadaos-mensagem-de-ferro-rodrigues/
(2) https://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/monarquia.aspx,
que num artigo publicado, “Eleições da consultado a 6 de Outubro de 2020.
(3) CRUZ, Maria Antonieta, org. – “Eleições e sistemas eleitorais: perspectivas
Regeneração à República” (3), refere que a históricas e políticas”. Porto: Universidade do Porto, 2009. P. 92-93.

percentagem da população eleitoral em Portugal


era de 18.1%. em tempos da monarquia e em 1915
era 7.6%.

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO |15

Eleições Presidenciais 2021


GONÇALO PIMENTA DE CASTRO*

Abstract

Presidential Elections 2021: Republicans in e a liberdade, impedindo a ascensão das forças da


Portugal murdered a legitimate head of state and extrema-esquerda e do seu projecto totalitarista.
overthrew a democratically elected government
Possivelmente para alguns, não para mim,
to come to power. For this reason, no Portuguese
monarchist receives lessons in ethics or a sense of estaríamos a julgar todos os monárquicos que
state, especially from a republican elite serviram Portugal sob regime republicano, tais
entrenched in a paragraph of an article of the como: militares, diplomatas, membros do governo,
Portuguese Constitution.
deputados na assembleia, autarcas, membros de
What are they afraid of?
cargos públicos, funcionários públicos, membros do
Key words: Ethics; Legitimacy; Anti-democratic. sistema judicial e todos, os que de forma ou de
outra, colaboraram com o seu país e com o seu
Résumé
povo.
Les républicains au Portugal ont assassiné un chef Na minha opinião, e no que diz respeito a eleições
d’État légitime et renversé un gouvernement para a presidência da república, qualquer uma das
démocratiquement élu pour arriver au pouvoir. posições é legítima pois vivemos em liberdade e
Pour cette raison, aucun monarchiste portugais ne
democracia, somos parte integrante de um país que
reçoit de leçons d’éthique ou de sens de l’État,
surtout d’une élite républicaine ancrée dans un não acaba com a representação da chefia do Estado,
paragraphe d’un article de la Constitution mas é eterno no tempo e contínuo na dinâmica
portugaise. Humana.
De quoi ont-ils peur?
Voltando às eleições de 2021 e sendo eu uma pessoa
Mots clés: Ethique; Égitimité; Anti-démocratique. de direita, poderia explanar diversos motivos à acção
política de Marcelo Rebelo de Sousa, durante o
exercício do cargo de presidente da república
As eleições para a presidência da república em portuguesa nos últimos 5 anos, para que as pessoas
Portugal causam, sempre, entre os monárquicos de direita o julgassem, mas, não o farei, apenas
grande agitação. Uns defendem que não se deve defenderei a minha posição de monárquico. Assim,
votar em absoluto, outros, em contraponto votam; nunca poderia deixar passar em vão as declarações
uns defendem que não se deve tomar posição proferidas por este candidato, quando apresentou a
alguma, e dentro destes uns podem votar ou não sua candidatura a 07 de Dezembro de 2020, onde
votar; outros tomam posição pública em apoio a um diz o seguinte:
dos candidatos e até fazem campanha, quando em “…Assumidamente republicano e, por isso, avesso a
determinadas épocas algumas lutas ideológicas nepotismos, clientelismos e corrupções. …”
estão mais acesas e é necessário deferir bem os Como actual chefe de estado e como candidato à
campos políticos, sob pena de o equilíbrio de forças recondução no mesmo cargo, sendo o mais alto
entrar em ruptura. magistrado do estado e como tal, o primeiro
Neste último ponto, lembro-me das várias eleições defensor da constituição, começa com estas
presidenciais pós 25 de Abril de 1974 e como estas afirmações a violar princípios e direitos lá
foram sempre uma forma de manter a democracia consagrados, muito caros a um Estado de Direito

* este artigo de opinião tem por base a minha declaração de voto no Conselho Nacional do CDS-PP a 12 de Dezembro deste ano. O tema em análise era a
discussão e votação da posição do CDS-PP face às eleições Presidenciais de 2021. Tendo a direcção do partido apresentado uma proposta em relação a este
ponto, onde manifesta a sua intenção de apoiar a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à presidência da república, o meu sentido de voto foi contra.

DEZEMBRO 2020
16| REAL GAZETA DO ALTO MINHO

Aliás, se analisássemos a postura republicana em


UM TESTEMUNHO DE ADMIRAÇÃO
Portugal, falha muito na ética e democrática não é
certamente, pois se assim fosse, já tinham
consultado os portugueses sobre se querem o
regime republicano, uma vez que assassinaram um
legítimo chefe de estado e derrubaram um governo
democraticamente eleito para chegarem ao poder,
bloqueando essa consulta na constituição
portuguesa através da alínea b) no artigo 288,
limitando que alguma vez se possa rever a
constituição na forma republicana de governo.
Não poderia deste modo, em plena consciência dos
valores que fazem parte da minha escala e de um
modelo de sociedade tolerante pela qual luto, dar o
meu aval ao apoio de uma candidatura de uma
pessoa que choca, de forma tão evidente, com os
princípios mais elementares da sã convivência
democrática e respeito pela memória do país,
quando pelo cargo que ocupa e ao qual se está a
candidatar deveria ser o seu principal defensor.

Marcelo Rebelo de Sousa (1)

como Portugal é.
Esta afirmação de republicanismo básico realizada
pelo candidato e actual ocupante do cargo é muito
grave. Se juntarmos a esta situação, o facto de este
candidato ser um constitucionalista, a situação
torna-se muito pior.
A insinuação que fica implícita em tal afirmação, de
opção de modelo de chefia de estado, é a de que os
não-republicanos são tendencialmente mais
propensos a nepotismos, clientelismos e corrupções,
e isto é muito grave e manifestamente mentirosa
como todas as insinuações de natureza semelhante.
Acrescento que ainda tenho na memória, o seu
discurso no dia 05 de Outubro deste ano, quando
fala em ética republicana, como se só os
republicanos fossem providos dela e todos os outros
não.
Como dizia um senhor pelo qual tenho uma grande
estima e consideração, “ética é ética, não
adjectivem.”, ou a temos ou a não temos, e a ética
não exclusiva de uma ideologia.

(1) Caricatura de António Jorge Gonçalves in:


http://www.antoniojorgegoncalves.com/archives/tag/marcelo-rebelo-de-sousa

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO |17

MONARQUIA OU REPÚBLICA?
CARLOS AGUIAR GOMES

Abstract

The author, a defender of the Monarchy, despite Não, em república nunca se escolhe o melhor Chefe
the imperfections of mankind, believes that it will de Estado possível. Escolhe-se o que se “vendeu”
be better than the republic, a cheaper system and
melhor, o que se publicitou e deixou publicitar
where the risks of finding a poorly prepared
character are greater than in a Monarchy. melhor. Escolheu-se, como disse, aquele que
investiu mais no “marketing”. Aquele se preparou,
Key words: Presidential elections; Auction; com antecedência para ser “vendido” melhor, não o
Marketing.
que se preparou melhor para exercer a chefia do
Résumé Estado.
Portanto, em república, contrária e como
L`auteur, défenseur de la Monarchie, malgré les mentirosamente nos dizem, quando escolhemos o
imperfections de l`humanité, croit que celle-ci sera
Chefe de Estado, não se escolhe o melhor cidadão,
mieux que la république, système moins cher et où
les risques de trouver un personnage mal préparé mas, frequentemente (de forma mais ou menos
est plus grand qu`en Monarchie. velada) o que os partidos políticos nos “impingem”
como a “obra-prima” para a chefia o Estado.
Mots clés: Élections présidentielles; Enchères;
E em Monarquia, o Chefe de Estado, é o melhor,
Marketing.
mais prudente, isento, justo, equilibrado, perfeito ou
sábio? Não! O Rei também não é um “escrínio” de
2021. todas as virtudes. Às vezes, até, deixa muito a desejar.
Século XXI. Mas é o que tem a probabilidade de ser menos mau.
Está em curso o leilão para Chefe de Estado em Foi preparado durante décadas (e com o aumento
Portugal. da esperança de vida, cada vez mais décadas!) para
Quem dá mais ao povo? Quem promete o que um exercício isento, prudente, justo, equilibrado…
poderá ou não fazer? Quem dá mais? Quem dá
mais?...
Não há homens (homens e mulheres, obviamente,
pois a nossa língua é inclusiva!) perfeitos. A
imperfeição é humana.
Também nunca foi garantido que a república, ou
em república, se escolhe o melhor, o mais perfeito,
sábio, prudente, justo, equilibrado, isento… Quem
disser o contrário está a mentir e a manipular o povo
ingénuo e o sábio indiferente. Em todas as
repúblicas vigentes temos visto que o eleito (para as
“almas” sensíveis, quero afirmar que o português é
uma língua inclusiva!) nunca é o melhor, o mais
prudente, sábio, perfeito, justo, isento, equilibrado e
etc. (etc. são todas as virtudes que não estão aqui
incluídas para não me alongar).

D. Afonso de Santa Maria, Príncipe da Beira

DEZEMBRO 2020
18 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

da chefia do Estado. E se violar os atributos-funções Pátria são os mesmos: bandeira, hino e o Chefe de
que lhe estão atribuídos pela Constituição, também Estado. Este, porém, é o que representa a
esta prevê os mecanismos para o substituir, de perenidade da Pátria, no seu passado, no seu
forma ágil e barata. Não é preciso por a leilão o cargo presente e no seu futuro. Mais: o Rei é o elemento
de Chefe de Estado. representativo da Pátria com a sua família e esta,
Pessoalmente entendo que também, se se fizerem como todos sabemos, é a sociedade em que
bem as contas (e há muitos economistas que já o assentam as pátrias, terra dos nossos “pais” e é
fizeram, até porque são muito elementares) o Rei sai também a terra “mater”, a que nos deu origem
muito mais barato ao erário público. comum. Tinha razão António Sardinha ao afirmar
Além do que referi, o “produto do leilão” republicano, que “O Rei é a Pátria em figura humana”.
o presidente da república, não representa toda a Para terminar: entre república e Monarquia, escolho
Pátria. Representa os que nele “licitaram” e esta, apesar de tudo, sabendo que nunca será
ganharam, mas nunca os cidadãos que nos perfeita pois a humanidade está ferida desde
precederam ou vão suceder e nele nunca votaram. sempre pela imperfeição. E escolho a Monarquia
O leiloado representa um sector da Pátria: os que como forma menos má de chefia de Estado e
nele votaram, ainda que diga o contrário. (Aliás, se o NUNCA de Governo de um Estado, pois entendo
leiloado ganhador não for da minha coloração que essa função, a de governar, tal a sua labilidade,
política, não me sinto por ele representado). deve caber aos partidos políticos que se
Em república e em Monarquia há três símbolos que “despacham” mais ou menos quando queremos.
representam a Pátria: o hino Nacional, a bandeira e o … Daí a importância da formação integral do
Chefe de Estado. Em república, o mais frágil e herdeiro do trono que nunca, mas mesmo nunca,
mutante (irrelevante, por isso) é o Chefe de Estado. A pode ser deixada ao acaso ou à boa vontade de uns
bandeira permanece. O hino mantém-se. O Chefe quantos nefelibatas cuja preocupação maior é o
de Estado é descartável ao fim de algum tempo. A passado, que nunca regressa, construído, tantas
república centra-se no indivíduo e não numa família vezes, em sonhos e na imaginação própria de quem
(por isso não faz sentido nenhum falarmos em paira nas nuvens!
“primeira dama” ou “primeiro cavalheiro” !!!!). Estamos em 2021.
Na Monarquia os três símbolos que representam a No século XXI.

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO |19

O que fazer nas presidenciais?


TOMÁS A. MOREIRA

Abstract

How should the monarchists behave in a Como se devem comportar os monárquicos


presidential election? perante uma eleição presidencial?
Conheço três opções:
Key words: Presidential elections; Long live the
king; Monarchy is better. Muitos por princípio nunca votam; outros votam
branco ou nulo (riscando o boletim, escrevendo
Résumé “Viva o Rei”, “Monarquia é melhor” ou algo
equivalente); outros votam no candidato da sua
Quel doit être le comportement des royalistes dans
une élection présidentielle ? preferência.
Certamente estes últimos, como um dos critérios de
Mots clés: Élections présidentielles; Longue vie au escolha, avaliarão até que ponto a eleição dessa
roi; Monarchie est meilleure.
pessoa poderá favorecer ou prejudicar a causa da
Monarquia.
Pessoalmente já usei todas as três variantes, sempre
contrariado.
Ainda não sei o que farei este ano (mesmo que
soubesse, não o anunciaria), mas, seja qual for a
decisão, nunca poderei ter a certeza de que será a
mais eficaz.
Para qualquer uma das três opções de
comportamento existem seguramente inúmeros
argumentos válidos, a favor e contra. Não precisarei
de os relembrar aqui, pois são sobejamente
conhecidos.
Com humildade aceitemos que todas as opções são
legítimas e respeitemos os diferentes
comportamentos, sem lançar anátemas sobre
quem pensa diferente de nós.
Cada um, se quiser, anuncie e defenda a sua opção,
com calor se necessário, mas evitando radicalismos
e não permitindo que esta matéria contribua para
as tradicionais discussões, quezílias e insultos entre
correligionários.
Não deixemos que as eleições presidenciais, que
dividem os portugueses, dividam os monárquicos!

D. Duarte

DEZEMBRO 2020
20| REAL GAZETA DO ALTO MINHO

Pim, Pam, Pum, cada bola mata um


o jogo das eleições do Chefe de Estado Republicano. Uma
regra sagrada na escolha de um chefe de estado.
ANTÓNIO MONIZ PALME

Abstract O Chefe de Estado deve ser independente e não


pode dever favores a partidos, a grupos económicos
The Head of State must be independent and owe
ou a qualquer força de pressão que lhe tire a
no favors to political parties, economic groups or
any pressure group that takes away the freedom liberdade de movimentos na actuação política, isto
of movement in political action. However, é, a sua independência tem quer ser absoluta. Ora,
candidates for presidential elections represent basta olhar de soslaio para os candidatos que se
only the parties that support them.
perfilam à nossa frente, para verificarmos que sobre
Key words: Presidential elections; Independence; cada um está a sombra exigente de quem os apoia
Political parties. com as respectivas limitações impostas pelo pacto
estabelecido pelo partido e pelo candidato. Durante
Résumé
a Primeira e a Segunda República do Estado Novo, e
Le chef de l’État doit être indépendant et ne doit a Actual sempre houve a tentação da escolha de
aucune faveur aux partis politiques, aux groupes candidatos militares, que se pensava serem mais
économiques ou à tout groupe de pression qui independentes em relação às forças partidárias. Na
enlève la liberté de mouvement dans l’action
verdade, não estavam oficial e publicamente
politique. Mais les candidats aux élections
présidentielles ne représentent que les partis qui les inscritos em organizações partidárias, mas uma
soutiennent. coisa é o cenário visível e outra coisa são os escuros
bastidores em que cada um se move.
Mots clés: Élections présidentielles; Indépendance;
Partis politiques.

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO |21

E perante as eleições para uma chefia de estado Num destes últimos debates, o actual chefe de
republicana, estamos perante candidatos que estado lembrou-me, na sua decadente
apenas representam os partidos que os apoiam e peroração, as conversas em Família de
pouco mais. Talvez o Tino de Rans ainda seja o mais Marcelo Caetano, que revelavam claramente o
independente, escudado pela sua simplicidade e fim do regime, apesar de ter manifestações de
extrema inocência. Os Outros são testas de ferro de apoio com praças cheias, mas com a mesma
compromissos políticos e económicos. Cada gente que, passado um mês, batia palmas à
intenção de voto esbarra sempre e invariavelmente revolução do 25 A.
com um pino representativo de um grupo que quer Enfim, perguntam-me então que fazer? A
empalmar, à sua maneira, os interesses da pouca vergonha tem sido tanta que receio que
colectividade. Desse modo, nenhum dos candidatos qualquer dia, sem me pedirem autorização,
pode representar todos os portugueses, como seria haja mesmo uma revolução. Devo dizer que,
desejável. E se raciocinarmos, como no velho Jogo apesar de monárquico convicto, espero que o
do “Pim Pam Pum” da nossa Juventude, e Regime vá mudar democraticamente, pela
derrubarmos todos os pinos que dependem de vontade popular.
interesses partidários e económicos, nenhum ficará E agora que fazer? Bem, perante o panorama
em pé. Enfim, teremos insofismável e das actuais eleições, vou votar contra todos os
irremediavelmente chefes de estado vendidos, candidatos, ou melhor, vou actuar
sejam ou não sérios…! Aliás, os debates são sempre estrategicamente, procurando que o meu voto
elucidativos, procurando-se tapar a luz com uma contribua para melhorar dentro do possível, a
peneira para não se descobrir o que está no fim do actual situação.
túnel eleitoral.
E na sua vida política, os candidatos adoptam
um comportamento defensivo, com medo de
tudo e de todos, procurando não criar
problemas, passando ao largo de situações
consideradas melindrosas para o seu perfil. O
actual Presidente das República, apesar de
saber que a maioria esmagadora da
colectividade “é frontalmente contra o
famigerado” Acordo Ortográfico, que
ditatorialmente nos impuseram, que fez para
lhe por termo? Nada, Continuamos a gramar
essa excrescência cultural que tapa
certamente, tenho legitimidade de assim
pensar, proveitos ilegítimos de alguns, atitudes
de corrupção favorecendo um ou mais grupos
privados. Por outro lado, logo invocam a
urbanidade dos debates que deve prevalecer
em sociedade para se desculparem por não
terem tomado atitudes publicas contra
conhecidos que gravemente prejudicaram a
grei, o mesmo se passando com a aceitação
oficial de colaboradores, ilibados de acusações
graves de que foram alvo, mas que todos D. Duarte
sabem como as coisas se passaram …!

DEZEMBRO 2020
22 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

Entrevista da Real Gazeta do


Alto Minho ao Ex.mo. Senhor
Deputado, Dr. Eduardo
Teixeira

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|23

RGAM.- Traz Viana do Castelo no coração, pois associações, entre as quais a Real Associação de
destaca-se sempre na promoção e difusão das Viana do Castelo que faz bem a sua missão.
qualidades e tradições da Cidade Princesa do Lima.
Face ao centralismo que há mais de 150 anos RGAM.- Teve, portanto, oportunidade de privar em
“vigora” no País, quão difícil é, enquanto deputado diversas ocasiões com o Senhor Dom Duarte de
e, como tal, mandatário do povo vianense no Bragança. O que acha do papel e infatigável
Parlamento, essa representação? trabalho que o Senhor Dom Duarte tem
desenvolvido ao longo das últimas décadas junto
ET.- É enorme gosto, poder ter a possibilidade de dos portugueses e das comunidades portuguesas
representar em novo mandato, o Alto Minho e Viana na diáspora?
do Castelo, e faço com brio, chieira, dedicação,
proximidade e responsabilidade. O Alto Minho e ET.- Sim, aprecio muito a personalidade do Senhor
Viana do Castelo, tem um património cultural Dom Duarte e reconheço o enorme papel e trabalho
notável, e tradições que nos orgulham, e pela minha que tem efetuado junto das pessoas e um notável
mão, já tive a oportunidade de trazer ao Parlamento papel na diáspora, junto das comunidades
os Bordados e a Louça e Cerâmica de Viana, os Portuguesas espalhadas pelo mundo.
Vinhos de Ponte de Lima e Ponte da Barca, o
fumeiro de Melgaço ou os produtos gastronómicos RGAM.- A Monarquia hereditária sempre foi
do Cordeiro e da Lampreia, entre outros. O Alto símbolo da identidade nacional. Em Repúblicas
Minho não tem só problemas que temos de como a Roménia, a Bulgária, a Geórgia e até a
acompanhar e tentar resolver, tem também Rússia os representantes das Famílias Reais são
enormes potencialidades e oportunidades que nos chamados a incarnar uma vez mais esse papel. Já
dias que estou em Lisboa, tento potenciar e divulgar. em Portugal parece que as instituições
republicanas limitam-se a quase só convidar os
RGAM.- Sendo V. Exa. presença habitual em Duques de Bragança para os banquetes que o
eventos Monárquicos, designadamente os Estado oferece a Monarcas estrangeiros, em visita.
organizados pela Real Associação de Viana do Por que é assim?
Castelo, podemos concluir que não só é
Monárquico como que não tem qualquer problema ET.- Pois, de alguma forma incompreensível, o papel
em assumi-lo? colaborante e distinto do Senhor Dom Duarte,
deveria de facto ter outra relevância.
ET.- Simpatizo com a causa monárquica e
acompanho de perto o trabalho de várias

" SIMPATIZO ASSOCIAÇÕES,


COM A CAUSA ENTRE AS QUAIS
MONÁRQUICA E A REAL
ACOMPANHO DE ASSOCIAÇÃO DE
PERTO O VIANA DO
TRABALHO DE CASTELO QUE
VÁRIAS FAZ BEM A SUA
MISSÃO. "

DEZEMBRO 2020
24 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

RGAM. – O partido republicano português teve ET.- É uma perspectiva de análise da actual
como seu zénite eleitoral uns meros 9%, e isto, na realidade, tendo presente que na política como em
46ª e última eleição geral do Reino de Portugal, que tudo na vida há bons e maus exemplos. Sabendo
se realizou a 28 de Agosto de 1910. Ora se a que os maus são bem mais amplificados, carece no
Implantação da República Portuguesa não resultou momento que todos os bons sejam realçados.
de uma emanação popular, nem das urnas, como é
possível o regime tratar a república como um RGAM.- Como se pode reforçar a
oratório indiscutível? representatividade democrática e a transparência
das nossas instituições políticas?
ET.- Resulta também da nossa Constituição da
Republica Portuguesa, que é nesta matéria ET.- Muito trabalho há neste campo a fazer a nível
impeditiva, mas de qualquer forma, neste seculo já Nacional. Portugal precisa de melhor e mais serviço
por diversas vezes se falou sobre esta questão que público com transparência. Há demasiadas falhas de
reconheço não ser de fácil resolução. Estado, e é necessário efectuar reformas profundas
na justiça, no sistema eleitoral para revigorar a
RGAM.- Em Democracia democracia em crise.
não se pode limitar o
direito à escolha. Ora, a RGAM. – Por conta da
Constituição da Pandemia que o Mundo
República Portuguesa atravessa parece que direitos
ao consagrar na alínea que outrora se consideravam
b) do Artigo 288. º que lídimos e fundamentais estão
“as leis de revisão hoje a ser, muitas vezes sem
constitucional terão qualquer respaldo
de respeitar a forma constitucional, respeitados.
republicana de governo”, Será que mesmo depois da
com esta cláusula, erradicação do Coronavírus
digamos, Pétrea, impede da Síndrome Respiratória
os portugueses de optar, Aguda Grave 2 haverá um
através da realização de retorno ao genuíno Estado
um referendo nacional, sobre se desejam continuar de Direito ou há coisas que se perderam para
numa República ou regressar à Monarquia. sempre?
Enquanto Deputado, qual a sua posição sobre este
assunto? ET.- Claro que no pós-pandemia, e quando
conseguirmos sair desta crise sanitária, o papel do
ET.- É como referi, um travão a essa vossa Estado tem de ser muito mais actuante e proactivo,
revindicação e de alguma forma necessitando de corrigindo as desigualdades, prevalecendo os
qualquer revisão de uma maioria qualificada de 2/3 valores do Estado de Direito, num trabalho em que o
dos Deputados, ou seja mais de 155 Deputados, não Socialismo de Esquerda se esgotará e será (é
é de possível resolução pelo que se conhece do histórico) um trabalho que caberá ao centro direita
panorama político-partidário nacional. efectuar.

RGAM. – Assiste-se hoje a uma indemnidade e não


responsabilização política dos governantes com “POIS, DE ALGUMA FORMA
nunca antes se viu. Ora o Princípio de Tomás de INCOMPREENSÍVEL, O PAPEL
Kempis defende que ‘um costume mau é vencido
COLABORANTE E DISTINTO
por um costume bom’. Será que, com um Rei a dar
o bom exemplo, acautelando a coisa pública, isso
DO SENHOR DOM DUARTE,
refletir-se-ia nos demais agentes do Estado, e, DEVERIA DE FACTO TER
assim, uma Monarquia seria muito mais vantajosa OUTRA RELEVÂNCIA.”
para o País, também em termos éticos?

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|25

RGAM. – Quer deixar uma mensagem final aos Muito Obrigado!


Monárquicos?
Entrevista realizada por Miguel Villas-Boas para a
ET.- Uma palavra de muito apreço e de continuação Real Gazeta do Alto Minho da Real Associação de
do trabalho ético e fulcral para a democracia que Viana do Castelo.
tem efectuado nos últimos anos.

“ Portugal precisa de melhor e mais serviço público com transparência. Há demasiadas


falhas de Estado, e é necessário efectuar reformas profundas na justiça, no sistema
eleitoral para revigorar a democracia em crise. ”

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO

NOTA INFORMATIVA
A Direcção da Real Associação de Viana do Castelo, com mandato para o triénio
2020-2023, cumprimenta V. Exas, desejando desde já a continuação de um bom
ano de 2020.
A Real Associação de Viana do Castelo tem um plano de actividades e orçamento
para 2020, aprovado em Assembleia Geral, que inclui diversas iniciativas, que vão
desde a organização de conferências à publicação da Real Gazeta do Alto Minho,
órgão oficial de comunicação da Real Associação de Viana do Castelo, do qual
muito nos orgulhamos, e que se pretende sejam executadas com a participação
de todos os associados, simpatizantes e entidades que entendam colaborar, com
o intuito de contribuir e ajudar a dinamizar o ideal Monárquico que todos nós
abraçamos convictamente. Atendendo à necessidade imperiosa que temos em
angariar recursos financeiros necessários ao normal funcionamento da Real
Associação, e tendo em conta que uma das competências da Direcção é a
cobrança de quotas, eu, em nome da Direcção e na qualidade de Vice-Presidente,
venho por este meio solicitar a V. Exas. a regularização da QUOTA DE ASSOCIADO
REFERENTE ao ano de 2020, no valor de 20,00 € (vinte euros), preferencialmente
por transferência bancária, para:

Titular da Conta: Real Associação de Viana do Castelo


Entidade bancária: Caixa de Crédito Agrícola
Agência: Ponte de Lima
IBAN: PT 50 0045 1427 40026139242 47
Número de conta: 1427 40026139242
SWIFT: CCCMPTPL

Caso seja possível, pede-se o favor de enviarem por e-mail


(real.associacao.viana@gmail.com e amorim.afc@gmail.com) informação da
regularização da quota (ex: comprovativo), após o que procederemos de imediato
à emissão do recibo de liquidação.

Cordiais cumprimentos e saudações monárquicas,

Filipe Amorim
Tesoureiro da RAVC

FICHA TÉCNICA
TÍTULO: REAL GAZETA DO ALTO MINHO
PROPRIEDADE: REAL ASSOCIAÇÃO DE VIANA DO CASTELO
PERIODICIDADE: TRIMESTRAL
DIRECTOR: JOSÉ ANÍBAL MARINHO GOMES
REDACTOR: PORFÍRIO SILVA
WEB: WWW.REALVCASTELO.PT
EMAIL: REAL.ASSOCIACAO.VIANA@GMAIL.COM

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|27

causa maior
TERESA CÔRTE-REAL

Abstract

The Republic does not understand the


Portuguese soul, monarchical from the
beginning and in its heart. In the figure of the
King are we all, those of yesterday, those of
today and those of tomorrow.

Key words: Major Cause; Courage; Portuguese


soul; Democracy.

Résumé

La République ne comprend pas l'âme


portugaise, monarchique depuis l'origine et
dans son cœur. Dans la figure du Roi sommes-
nous tous, ceux d'hier, ceux d'aujourd'hui et
ceux de demain.

Mots clés: Cause majeure; courage; Âme


portugaise; Démocratie.

D. Duarte

A República não serve porque não compreende a


alma portuguesa. Não tem visão de comunidade, de país com Passado, Presente e Futuro. De quem olha
geração. Vive de conjuntura quando precisamos de o país real não como o seu eleitorado, mas como o
estrutura. Navega à vista e não pelas estrelas. Não povo a quem serve. Que defende o Estado de Direito
tem identidade, serve várias entidades. Vive o e a democracia parlamentar não com manobras
presente, mas pretende fazer desaparecer a história políticas de curto prazo, mas uma visão holística,
e tem muito pouco interesse em pensar o futuro. É o sem agenda que não a da causa comum. Que sabe
imediato versus o que é transgeracional; o particular ouvir e representar cada um dos portugueses
versus o bem comum, a dependência versus o porque sempre foi assim.
independente. Estamos numa fase de viragem de sociedade que
Importa assim e a bem de todos reforçar a mais valia provavelmente nunca pensámos viver. De incerteza,
que o sistema monárquico de chefia de Estado de desencontros, de falta de liderança. Mais do que
traria a Portugal neste tão complexo início de século nunca, é altura de trabalhar em conjunto, de dar o
XXI. Precisamos do seu capital simbólico, melhor de nós. É também por isso que defendemos
verdadeiramente livre e, por isso, independente que a Monarquia. De uma forma realista, corajosa,
nos leve a olhar para o que somos e até onde pragmática e de serviço ao país. É que acima de
queremos ir. Precisamos de quem ame Portugal a tudo está e estará sempre Portugal e os
quem serve sabendo que na sua figura há todo um portugueses. A Causa Maior de todos nós.

DEZEMBRO 2020
28 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

Cuidados de Saúde em Portugal.


E depois da pandemia?
MARIANA DE MAGALHÃES SANT’ANA

Abstract

On November 24th 2020, a webinar was held to


explore the Portuguese Healthcare System after
de COVID-19 pandemic. It included the
contribution of a former health minister and
Public Health specialist, the president of the
Portuguese Intensive Care Society, a Primary Care
specialist and the Director of a Nursing School.
Participants highlighted the challenges brought
by the outbreak but also the opportunities that
may arise, including the investment in intensive
care, distance education and telemedicine.

Key words: Pandemic; Health.

Résumé

Le 24 Novembre 2020 a eut lieu une conférence


virtuelle sur la santé au Portugal, après la Pandémie,
avec la participation de un ex-ministre et spécialiste
o Professor Doutor Paulo Santos, médico
en Santé Publique, le président de l´Association
Portugaise de Médicine Intensive, un spécialiste en especialista em Medicina Geral e Familiar e
Médicine Familier et la présidente d´une École de Professor na Faculdade de Medicina da
Santé du nord de Portugal. Universidade do Porto, e a Professora Doutora Maria
On a discuté le problème des conséquences de la
Pandémie et les défis des moyens pour la Aurora Pereira, enfermeira especialista em
combattre, à savoir l´investissement en soins Enfermagem Médico-Cirúrgica e professora na
intensifs, l´éducation digitale et la Télémédecine. Escola Superior de Saúde do IPVC.
Na abertura da sessão, houve uma pequena
Mots clés: Pandémie; Santé.
intervenção das entidades organizadoras: o Dr. José
Aníbal Marinho Gomes pela RAVC e Causa Real, o Sr.
No passado dia 24 de Novembro, decorreu, em Engenheiro Luís Ceia, presidente da CEVAL, e a Dra.
modelo “webinar”, a conferência “Cuidados de Ana Paula Vale, vice-presidente do IPVC.
Saúde em Portugal. E depois da Pandemia?”. A primeira parte foi protagonizada pelos
Tratou-se de uma organização conjunta entre a Real conferencistas, seguindo-se um momento de troca
Associação de Viana do Castelo (RAVC), a Causa de impressões e resposta a questões colocadas pelo
Real, a Confederação Empresarial do Alto Minho público.
(CEVAL) e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo
(IPVC).
Teve como conferencistas, o Professor Doutor
Adalberto Campos Fernandes, médico especialista O Professor Adalberto Campos Fernandes alertou
em Saúde Pública e ex-ministro da Saúde, o para o facto de falarmos pouco dos danos colaterais
Professor Doutor José Artur Paiva, médico da pandemia, nomeadamente nos demais utentes
especialista em Medicina Intensiva e director do cujo acesso aos Cuidados de Saúde tem sido
Serviço de Medicina Intensiva do Hospital de S. João, severamente condicionado. Contou que a Saúde é

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|29

vista pelos titulares de outras pastas dos Governos uma dotação adequada e bem distribuída em
como algo necessário mas que dá muita despesa. A Cuidados Intensivos.
crise pandémica trouxe como vantagem a O Professor Paulo Santos iniciou a sua intervenção
sensibilização global para a necessidade de ter dizendo que os Cuidados de Saúde Primários são a
dispositivos de saúde pública bem organizados e porta de entrada no sistema de saúde, satisfazendo
sistemas de prestação de saúde mais eficientes. 90% das necessidades dos utentes. Apresentando os
Considera também que no futuro se irão abrir novas últimos dados disponíveis, de Julho de 2020,
oportunidades. Vai haver um impulso grande à mostrou que nesse mês o número total de consultas
transformação digital na Saúde e a Ciência estará foi superior ao período homólogo do ano anterior,
mais próxima das pessoas. Salientou que a Europa mas que foram feitas, sobretudo, à base de
está a trazer a saúde para a decisão política actividade não presencial e à custa de uma
cooperativa, com impacto na economia, permitindo diminuição muito significativa das consultas no
que futuramente haja mais autonomia em cenários Centro de Saúde e no domicílio. Para além de esta
semelhantes. Terminou a intervenção manifestando mudança ir contra as expectativas dos doentes,
que só tem receio de que a memória seja fugaz e salientou a importância de rever as indicações para o
que não aprendamos o que devemos com esta uso da telemedicina, uma vez que esta não resolve a
pandemia. totalidade dos problemas dos utentes. Referiu que
são precisos melhores suportes digitais, e que o uso
de equipamentos de protecção e fardas passará a
ser uma realidade nos Cuidados de Saúde Primários.
Já o Professor José Artur Paiva começou por dizer Reforçou a importância de haver uma hierarquia
que a Pandemia veio mostrar ao cidadão comum o administrativa e clínica, de trabalhar em rede, e de
que é a Medicina Intensiva e a importância que tem. libertar os médicos e enfermeiros de tarefas de
Depois, apresentou alguns diapositivos com estudos natureza administrativa.
que demonstram que um bom índice de
acessibilidade a Medicina Intensiva determina uma
mais baixa taxa de mortalidade. Salientou ainda
como determinante da mortalidade por COVID-19, o A Professora Maria Aurora Pereira falou sobre o
balanço entre carga de trabalho e força de trabalho, ensino em saúde pós-pandemia. O confinamento
dado que, a partir de uma determinada carga de de Março levou ao encerramento das instituições de
trabalho, a qualidade diminui e a mortalidade ensino, obrigando a uma rápida transição do ensino
aumenta. As decisões políticas têm de ter estes dois presencial para o ensino à distância. Os cursos de
factores em conta. São precisas camas e saúde viram-se confrontados com o problema do
profissionais aptos para esta tarefa, sabendo que ensino prático, uma vez que este não pode ser
formar Intensivistas e Enfermeiros de Cuidados totalmente substituído pelo ensino não presencial.
intensivos demora tempo. No caso dos alunos de Enfermagem da Escola
Outra novidade que a Pandemia trouxe teve a ver Superior de Saúde do IPVC foram ensaiadas outras
com os mecanismos de gestão, usando o trabalho metodologias, como a discussão de casos clínicos e
em rede na gestão do doente crítico, e levando as a apresentação de projectos. O uso de ferramentas
lideranças a absorver ideias que imanam do dia-a- digitais permitiu facilitar a acessibilidade ao ensino.
dia. No entanto, o ensino em saúde, e em particular em
Terminou relatando que começámos a pandemia enfermagem, não pode ser substituído pelo ensino à
com um número baixo de camas de Medicina distância. É necessário formar novos profissionais de
Intensiva e com um número baixo de Intensivistas. saúde mas é preciso manter a qualidade do ensino.
O objectivo seria conseguir redesenhar e organizar O ideal seria conjugar o melhor destes dois mundos,
os serviços entre as duas ondas, trabalho este que foi o virtual e o real. É fundamental maior investimento
iniciado mas ficou incompleto. No entanto, constitui nas aulas práticas em laboratório, com recurso a
uma alavancagem para que Portugal passe a ter simuladores, o que permitirá adquirir competências

DEZEMBRO 2020
30 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

em condições seguras. Por fim, a Dra. Teresa Corte-Real encerrou a sessão


Seguiu-se a resposta a questões e alguma troca de resumindo-a com as três palavras-chave,
impressões entre os conferencistas, tendo-se complementaridade, comprometimento na causa
abordado, entre outros temas, o desafio do ensino pública e o compromisso em fazermos a nossa
em saúde, as limitações económicas à correcção dos parte pelo bem comum.
défices crónicos dos serviços de saúde e a
importância de separar a acção da técnica da acção
política.

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|31

A Treta do Sufrágio
ANTÓNIO DE SOUZA-CARDOSO

Abstract

The suffrage for the choice of the Head of State in Mas será mesmo assim? Será que a nossa escolha é
the Republic is a fallacy because we hand over the livre e não condicionada por o que quer que seja?
decision to nominate the President to the
combination, or the lack of it, that the two largest
Será que a democracia precisa para se qualificar que
parties arranged between themselves. Populisms o Chefe de Estado seja periodicamente eleito pelos
aside, the candidates will always say “The cidadãos?
President of all the portuguese”, and look away Na verdade, a maioria das coisas que caracterizam a
when it comes to their party past, in a clear
attempt to imitate the exempt and referential nossa identidade como pessoas – a Pátria, a Raça, a
figure of the King. Língua, a Família, não são escolhidas por nós. Mas
não deixam de estar no centro da nossa
Key words: President; King; Suffrage; Election; Party
idiossincrasia. E mesmo no que ao sistema político
system.
diz respeito, não podemos escolher múltiplas
Résumé funções do Estado e da governação que, essas sim,
não deviam escapar à nossa directa decisão. Assim
le suffrage pour le choix du chef de l'Etat dans la acontece com o Primeiro Ministro, que o diga Pedro
République est une erreur car nous remettons la
décision de nommer le président à la combinaison, Passos Coelho que apesar de ter sido o indigitado
ou non, que les deux grands partis opèrent entre pelos portugueses, viu António Costa e a geringonça
eux. Les candidats, bien sûr, populismes à part, fintarem a decisão do sufrágio que só nestas alturas
auront toujours tendance à dire «de tous les
parece não ser sacrossanta. Mas quem fala na falta
Portugais» et à siffler en l'air en ce qui concerne leur
passé de parti, dans une tentative claire d'imiter la de sufrágio no Primeiro Ministro fala de todo o
figure exempte et référentielle du roi. Governo no seu conjunto, do Presidente da
Assembleia da República, dos Presidentes dos
Mots clés: Président; Roi; Suffrage; Élection;
diferentes Tribunais, da Administração Central e
Système de parti.
Regional, etc., etc.
Sim, tudo isso será verdade, mas não tira, dirão, que
a República tem a superioridade de colocar na
As eleições Presidenciais só nos vão fazer gastar decisão do Povo a mais alta Chefia da Nação.
tempo e dinheiro. Dois bens escassos num País que Muito bem, esmiucemos como diria Ricardo Araujo
está mergulhado numa pandemia de efeitos Pereira.
devastadores. Quem e como escolhemos? Fazemo-lo de entre
Há muito que ouço este definitivo argumento da todos? Fazemo-lo em qualquer cidadão?
inevitabilidade de um democrata ter de ser Na verdade, o nosso sistema político está refém de
republicano. Como se as mais qualificadas um sistema partidário em profunda crise de valores.
democracias do mundo não fossem monarquias. E E um mero pensamento holístico desta realidade
as mais indizíveis ditaduras não fossem repúblicas. leva-nos a perceber que apenas podemos escolher
Ou a memória dos portugueses já tivesse esquecido entre dois dos nossos cerca de dez milhões de
a única ditadura que muitos de nós ainda vivemos. concidadãos. Os dois que, por acção ou omissão,
A do Estado Novo. Em República, claro! forem indicados pelos 2 maiores partidos. Para não
Mas a verdade é que o argumento persiste e faz dizer que não há escolha nenhuma quando estes
caminho. Ancorado no “sex-appeal” do sufrágio dois partidos decidem entre si apoiar, por acção ou
directo e universal na escolha do Chefe de Estado. omissão, o mesmo candidato.

DEZEMBRO 2020
32 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

E vaticinei uma outra coisa que, para este desiderato,


tem muitíssima relevância: Qualquer Presidente
da República teria maiorias reforçadas nas suas
recandidaturas. E que a essas maiorias
corresponderia quase sempre um aumento
significativo da abstenção.
Isto quer dizer que, na prática, os portugueses se
estão a borrifar para esta eleição e os que não estão,
vão votar segura e maioritariamente na
continuidade. Porque percebem que a figura do
Presidente é uma figura, referencial, próxima, de
exigente representação externa e de desejada
coesão interna.
Dão, em suma, um inequívoco valor à continuidade.
Pergunto se alguém acha, com honestidade, que
qualquer dos Presidentes eleitos na 3ª República
não seria permanentemente reeleito se não
houvesse limitação de mandatos? O que coloca
outra perversidade no sistema – a de os portugueses
não poderem, efectivamente, escolher o Presidente
que realmente querem.
Espero ter conseguido explicar que o sufrágio para a
escolha do Chefe de Estado em República é uma
falácia porque entregamos a decisão de indicação
do Presidente à combinação, ou à falta dela, que os
dois maiores partidos fizerem entre si. Os
candidatos, claro, populismos à parte, tenderão a
D. Duarte dizer-se sempre “de todos os portugueses” e a
assobiar para o ar no que ao seu passado partidário
Esta eleição presidencial, por exemplo, não tem diz respeito, numa tentativa clara de imitarem a
disputa porque o PS decidiu acolher Marcelo, depois figura isenta e referencial do Rei.
de, com o ar bonacheirão do costume, o próprio E estou certo que perceberam, também, porque
Primeiro Ministro, disso ter feito alarde aos considero esta eleição um desperdício. A verdade é
portugueses nos conhecidos “mimos da Auto- que todos os portugueses querem ficar com o
Europa”. Presidente que lá está.
E não havendo disputa não há direito de escolha. Então escolham um (aclamem-no!) e deixem que
Ponto final. ele represente o País em vez de representar o
Vaticinei há já muitos anos, depois da eleição do Partido que o escolheu e que inevitavelmente
General Ramalho Eanes que o Presidente da liderou. Se possível acreditem ou deem o benefício
República teria que ter sempre duas condicionantes da dúvida a alguém que não tendo emergido dos
de partida – ter mais de 35 anos e ter sido Presidente aparelhos partidários já representa, com isenção e
ou Secretário geral (é a mesma figura em “direitês” sentido de serviço, todos os portugueses.
ou “esquerdês”) do PSD ou do PS. Assim tem sido Eu, como já perceberam, não vou votar. E sei que
inexoravelmente. Os portugueses escolhem entre os Marcelo, depois de todo o tempo perdido nestas
dois, ou no candidato único, quando for o caso de as eleições, será o seu vencedor reforçado.
“comadres” se entenderem. Uma escolha que não é, Não devíamos perder tanto tempo a dividir os
no final, escolha nenhuma! portugueses e a escolher o que já está escolhido!

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|33

A EPIDEMIA PRESIDÊNCIAL
JOÃO AFONSO MACHADO

Abstract

The head of state chosen by electoral means will Vingou, todavia, a tese contrária, e a 24 de Janeiro
never be consensual. There will always be winners haverá feriado num possível confinamento. Todos
and losers, supporters and opponents, pleased
poderemos vir à rua, alegremente, votar e respirar
and eternally displeased.
Immune to the electoral virus, our Kings lived - um pouco de ar puro ou encharcar os pés na chuva
within the framework of the habits and customs e até, quem sabe?, à noite festejar nas ruas a vitória
and social values of the time of each one - for their
nas urnas do candidato da nossa preferência.
people.
The next elections are a useless paradigm. Or, Votos, candidatos, festejos... Para quê, de quê,
paradoxically, the illustration of what the porquê?
republican game is.
Os votos vão distribuidos por um considerável leque
Key words: Presidential elections; Candidates; de pessoas que entenderam querer e poder chegar
Winners; Losers. à chefia do Estado. Os festejos são a ruidosa
manifestação de quem os apoia e acredita neles,
Résumé
geralmente orientando-se apenas por puros
Le chef de l'Etat choisi par voie électorale ne sera critérios ideológicos e partidários. E tudo isto com a
jamais consensuel. Il y aura toujours des gagnants curta validade de cinco anos – se não houver
et des perdants, des partisans et des opposants,
heureux et éternellement mécontents. novidades... – após o que a rambóia recomeça. Com
Immunisés contre le virus électoral, nos Rois mais do mesmo...
vivaient - dans le cadre des us et coutumes et des Digo assim porque, na generalidade dos casos, os
valeurs sociales de l'époque de chacun - pour leur
peuple. candidatos sabem, à partida não possuirem
Les prochaines élections sont un paradigme inutile. quaisquer hipóteses de um seu triunfo eleitoral. A
Ou, paradoxalement, l'illustration de ce qu'est le jeu sua apresentação, a sua campanha, – todo esse
républicain.
aparato visa apenas vender um produto ideológico
Mots clés: Élections présidentielles; Candidats; ou torpedear a venda dos produtos ideológicos dos
Vainqueurs; Vaincus. seus adversários. Aconteceu já, à descarada,
candidatos desistirem da corrida à “boca das urnas”.
Tinham beneficiado do seu tempo de antena,
Foi, inclusivamente, tema aceso de discussão entre
tinham proclamado o que lhes ia na cabeça, -
os constitucionalistas da República: se a actual
missão cumprida, pois...
situação trágico-sanitária que o Mundo vive não
Em suma, a chefia do Estado escolhida nestes
seria, em Portugal, razão bastante para adiar as
moldes jamais poderá ser consensual. Haverá
eleições presidênciais. Bacelar de Vasconcelos, um
sempre vencedores e vencidos, apoiantes e
homem e um jurista da Esquerda decente, lembrou
que se fossemos vítimas de um novo terramoto, oponentes, agradados e eternos desagradados. Esta
como o 1755, ou de um tsunami, ou de uma invasão é a História única da República portuguesa, aliás do
estrangeira, este traste chamado Constituição – a espaço-Nação onde se apoderou do mando que
adjectivação é minha, não é de Bacelar de nunca deixou de exercer arbitrariamente.
Vasconcelos – que ficasse lá na sua redoma, porque A Monarquia, sabêmo-lo é a antítese do exposto.
o dia das eleições seria o dia de tratar dos feridos e Imunes ao vírus eleitoral, viviam os nossos Reis – no
enterrar os mortos. quadro dos usos e costumes e dos valores sociais da

DEZEMBRO 2020
34| REAL GAZETA DO ALTO MINHO

época de cada um – para o seu povo. Por quem


morreu El- Rei D. Pedro V, recusando deixar Lisboa
em tempo de epidemia, por quem se deixaram
matar o Senhor D. Carlos e o Princípe Real, que do
Cais das Colunas ao Paço não temeram viajar “a céu
aberto” e assim agradecerem os aplausos da
população; e, mesmo no exílio, D. Manuel II nunca
recusou colaborar com o regime republicano ante a
Coroa e a Administração britânicas, que a sério não
levavam a nossa assanhada jacobinagem.
As próximas eleições, como aludi, a 24 de Janeiro,
são ainda um paradigma de inutilidade. Ou,
paradoxalmente, a ilustração do que é o jogo
republicano, mormente no tocante à representação
do Estado:

- As eleições poderão dever ser adiadas,


conforme supra, por razões de segurança
sanitária;

- As eleições têm um vencedor antecipado;

- E, porque o têm, maior a sanha dos seus


concorrentes, que dos elogios de há uns meses
atrás, vivem agora coscuvilhando os seus passos
e as suas afirmações para o vituperarem. Natal de 2000

- Da parte dos candidatos da Esquerda, o


processo eleitoral vem servindo sobretudo para No mais, temos assistido, entrando-nos em casa
“venderem o seu habitual peixe” – a divinização pelas portas da televisão, a, essencialmente,
do SNS, as “questões sociais fracturantes”, a malcriação e insultos; também a algum
imperiosa revisão da legislação laboral... paternalismo e a um ambiente um tanto
professoral.
- Já à Direita surgem novos candidatos de novos O que sairá disto tudo? Provavelmente o mesmo
partidos, que assim fazem uso deste “cartão de que saiu das anteriores eleições: a reeleição do
visita” que é a eleição. presidente em funções (inequívoco sinal de que os
portugueses gostam de constância, apesar de tudo,
Vai uma palavra de simpatia para um único no sucedâneo republicano do símbolo da Nação); e
concorrente, um homem que põe de lado a um novo mandato, sempre mais polémico e
dicotomia esquerda-direita e se apresenta, na sua tendencioso. A luta partidária, entre a nossa
humildade, como... o calceteiro que é. Dotado de desgraçada gente, fez-se mesmo para ser lutada. E
uma imensa sabedoria popular, “fino como um assim poderíamos entrar no capítulo seguinte:
alho”, enfim, um puro. Uma figura como tantas gente de Portugal – abstenção? Não, essa resposta
outras que enchem as biografias dos nossos Reis de não serve os nossos designios políticos; voto branco?
episódios (recordem a predilecção do nosso D. – força com ele: já todos encararam a ideia de um
Pedro I pelos arraiais e outras festejos populares) Presidente eleito contra uma maioria de votos em
divertidos, generosos e carinhosos. ninguém?

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|35

Eleições Presidenciais:
anacronismos da república
ANTÓNIO BROCHADO PEDRAS

Abstract

Election after election, in an open and systematic supostamente deveriam servir para esclarecer os
way, political parties choose their own candidate os cidadãos, ajudando-os a formar um juízo claro e
or give formal guarantees of support to a
informado para o exercício cívico do direito de
candidate in their ideological area.
Of the 7 candidates in confrontation, five were escolha do titular do órgão de cúpula da República.
nominated by the parties in which they militate E entendo que devo insistir no tema, não tanto por
and another (re-candidate) had the support of his acreditar que a minha prosa tenha a veleidade de
party and the party that is ideologically closest to
him. It was important to promote a broad contribuir para mudar, a curto ou médio prazo, o
reflection and discussion on a constitutional regime eleitoral da chefia de Estado em Portugal,
revision that would allow the republican form of mas porque, enquanto cidadão preocupado com a
government to be removed from the material polis, sinto a obrigação de dar o meu contributo para
limits of the revision, in order to give citizens the
option of a monarchical head of state. a melhoria ou mudança do sistema político do meu
país.
Key words: Presidential elections; Political parties; Segundo a cartilha republicana vazada na
Election campaign; Monarchy. Constituição, a apresentação de candidaturas
Résumé presidenciais é feita directamente por cidadãos
independentes – e não por partidos –, com o intuito
Élection après élection, de manière ouverte et de conduzir a um entendimento popular que
systématique, les partis politiques choisissent leur privilegie a dimensão do poder moderador, arbitral e
propre candidat ou donnent des garanties
formelles de soutien à un candidat dans leur zone fiscalizador da função presidencial, garantindo-lhe a
idéologique. imprescindível independência.
Sur les 7 candidats à l'affrontement, cinq ont été Todavia, eleição após eleição, a realidade teima em
nommés par les partis dans lesquels ils militent et
esvaziar de sentido um dos traços mais significativos
un autre (re-candidat) avait le soutien de son parti
et du parti idéologiquement le plus proche de lui. da concepção constitucional do Presidente da
Il était important de promouvoir une large réflexion República (PR), já que, de uma forma aberta e
et discussion sur une révision constitutionnelle qui sistemática, os partidos representados na
permettrait de soustraire la forme républicaine de
Assembleia da República escolhem o seu próprio
gouvernement aux limites matérielles de la révision,
afin de donner aux citoyens le choix d'un chef candidato ou dão formais garantias de apoio a um
d'État monarchique. candidato da sua área ideológica.
Foi o que voltou a suceder nas eleições presidenciais
Mots clés: Élections présidentielles; Partis
que vão realizar-se no próximo dia 24: dos 7
politiques; Campagne électorale; Monarchie.
candidatos em confronto, cinco foram indicados
pelos partidos em que militam e em que exercem
Não é a primeira vez e não será certamente a última
cargos de relevo, outro (recandidato) teve o apoio do
que abordo nesta coluna as questões da
seu partido e do partido que ideologicamente lhe é
partidarização das candidaturas às eleições mais próximo e só uma outra candidatura não é
presidenciais e da fartura, inutilidade e nível dos oriunda da hoste a que pertence, embora tenha
debates que, de forma lenta mas inexorável, merecido o apoio duma facção dela e de duas
vêm inquinando as campanhas eleitorais que formações partidárias da sua área ideológica.

DEZEMBRO 2020
36 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

Assim, é por demais evidente que o propósito mudança do sistema político, as mais importantes
daquelas cinco candidaturas é tão só o de defender reformas estruturais de que o país carece, a defesa e
e alargar o seu espaço político-eleitoral e, no caso da a expansão da língua e cultura portuguesas, enfim,
última candidata, marcar terreno para a sua os grandes desafios de Portugal.
afirmação pessoal em futuras contendas políticas. Pelo que venho de dizer, julgo que seria muito útil
Estas influência e dependência partidárias para a democracia e para o aperfeiçoamento do
estendem-se, naturalmente, à organização e Estado de Direito, promover uma ampla reflexão e
financiamento das respectivas campanhas, à discussão sobre as questões que abordei e outras
composição das comissões políticas de apoio e à que lhes são conexas, com vista a uma revisão
elaboração de verdadeiros programas de acção constitucional que permita ultrapassar os problemas
governativa, o que inquina insanavelmente o elencados e alterar o estatuto eleitoral e funcional do
sistema de poder, pois é susceptível de PR e suprimir dos limites materiais da revisão a
comprometer no futuro a imagem do exercício forma republicana do governo, de modo a facultar
duma chefia de Estado que se pretende isenta, aos cidadãos a opção por uma chefia de Estado
independente e imparcial. monárquica.
Por outro lado, a baixa categoria de alguns
candidatos, a manifesta falta de perfil de outros e até
o carácter ridículo ou jocoso de uma delas, põe a nu
uma falha da nossa democracia – a inexistência de
um mecanismo de selecção dos melhores
candidatos.
Não se pretende com isto significar que se exijam
candidatos carismáticos, bem falantes, pomposos,
altivos ou com porte majestático. Mas homens ou
mulheres de carácter, pessoas de bem, com as
qualidades necessárias para o exercício de um
poder virtuoso e prudente, ao serviço do interesse
público da comunidade.
Com todo o respeito, não posso admitir que
candidatos à mais alta magistratura da nação
recorram à calúnia, à difamação e à recriminação
infamante nas pugnas com os seus adversários. Não
consigo tolerar que, com o maior descaramento,
assumam que, se vencessem as eleições – e
felizmente não as irão vencer –, não seriam
representantes de todos os seus concidadãos. Como
não posso aceitar que defendam a proibição de
partidos que foram admitidos pelo Tribunal
Constitucional ou que pretendam o silenciamento
de candidatos seus concorrentes. Também não
compreendo que, no debate de ideias e de
programas, se deixem de fora temas centrais que
hão-de ser objecto da agenda política do PR, tais
como a descentralização do Estado, a corrupção, os
fundos europeus, as crescentes desigualdades e a
pobreza, o envelhecimento e crescimento negativo
da população, a desertificação do interior do país, a
definição do conceito estratégico nacional, a D. Duarte

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|37

A Propósito da ideologia
Monárquica e da Republicana
ANTÓNIO PIMENTA DE CASTRO

Abstract

Finals of the Monarchy, the position of Trindade Também queremos recordar aqui o 5 de Outubro
Coelho and Guerra Junqueiro. The evolution of the de 1143 em que na cidade de Zamora ocorreu a tão
Republic and the various Portuguese Republics.
esquecida “Conferência de Zamora”, ou seja o
The current Monarchical Thought.
tratado de paz celebrado entre D. Afonso Henriques
Key words: Monarchy; Trindade Coelho; e D. Afonso VII de Leão, na presença do legado papal
Mogadouro; Guerra Junqueiro. Guido de Vico, depois do qual é reconhecido ao
infante português o título de Rei.
Résumé
Por vezes a História está mal contada, ou um pouco
Finales de la monarchie, la position de Trindade distorcida e, como diz o povo, “quem conta um
Coelho et Guerra Junqueiro. L'évolution de la conto, acrescenta um ponto”. É verdade que muitos
République et des différentes républiques
homens, conotados com os princípios republicanos,
portugaises. La pensée monarchique actuelle.
defenderam estas ideias, mas temos de ver a sua
Mots clés: Monarchie; Trindade Coelho; realidade, no seu tempo e analisar,
Mogadouro; Guerra Junqueiro. desinteressadamente o seu pensamento. A primeira
dessas figuras é Trindade Coelho que o rotularam de
É com muito gosto que hoje, em época de eleições quase radical republicano. Nos conturbados finais da
para a Presidência da República Portuguesa, vamos monarquia, quiseram fazer dele “candidato” por
refletir sobre os princípios dos homens da Rotunda Mogadouro (a sua terra natal) por um partido
(comparando-os, obviamente, com os valores dos republicano. Surpreendido, escreveu um livro
que defendiam a Monarquia Constitucional), não intitulado “A Minha Candidatura por Mogadouro”,
pelo seu partidarismo, mas antes pelos valores que em que ele esclarece a sua posição e desmente essa
diziam defender, isto é bem que se note! É a ética mentira de que o acusaram, por maldade, e dedica
que nos interessa acima de tudo. Esses valores em essa sua brochura…”A SUA MAGESTADE EL-REI”! No
favor da Coisa Pública ou Rés-Pública (como diriam prefácio que ele fez, afirma:
os nossos pais do Latio), são ainda hoje, se calhar “Na minha terra – Mogadouro, distrito de Bragança – eu não
mais do que nunca, válidos e atuais no triste tempo conheci, nunca um único republicano. É coisa, para dizer ao leitor
de pandemia e de crise, a todos os níveis, que os pontos da verdade, que por lá não há, - e nem me consta que
tenha havido; e se por lá se fala também em «república», porque
desgraçadamente vivemos.
enfim a palavra é portuguesa de lei, da mesma forma, todavia,
Como monárquico e professor de História, vou que o vocábulo designava na «gyria» de Coimbra do meu tempo,
dividir este meu artigo em duas partes: uma e ainda hoje designa, a «comunidade doméstica, sem chefe, de
primeira, em que trato de algumas figuras históricas dois ou mais estudantes», - na minha terra (e creio que em toda a
Província de Trás-os-Montes) ela designa apenas, «barulho» ou
e/ou literárias e uma segunda parte em que falo do «desordem», instituição ou família «sem Rei nem Roque», -
período das três Repúblicas, que o nosso triste país podendo esta significação, que afirmo e garanto que é
teve e tem. verdadeira, ser recolhida, por muito nossa e muito trivial, do

DEZEMBRO 2020
38 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

dicionário da língua. (…) A partir desse instante, eu ficava, não direi dedicando-se a ela um grupo de homens de
à contre coer, mas ao menos…inopinadamente, na «cena política»
vontade, fortes pela inteligência e pelo carácter e
da minha terra; - e o avisar-me alguém, em certa altura, de que
uma «conspiração» estava feita para me atribuírem, e aos meus visionava em Oliveira Martins o chefe perfeito, o
amigos, a votação que havia de sufragear em Mogadouro o homem de estado superior. A ilusão foi dupla[3] ”.
candidato republicano – isso veio explicar-me a «candidatura Cada vez mais desiludido com os políticos e com os
republicana» pela minha terra, que tanto me surpreendera, - e
partidos, Guerra Junqueiro, sempre irónico, tem esta
revelar-me, ao mesmo tempo, intenções de outrem…(…) Mas a
mim me quer parecer em todo o caso –a mim que tendo o frase extraordinária e bem atual…: “- Os partidos
critério jurídico da minha profissão, vejo, entre as provas cabem todos dentro das mesmas ideias: onde não
admitidas em direito, tanto civil como criminal, a presunção e os cabem é dentro da mesma casa de jantar…[4]”.
simples indícios, - a mim me quer parecer, digo, que seria muita
Quanto implantada a República, Guerra Junqueiro,
«importância junta» dos políticos da minha terra, inventarem,
anunciarem, propalarem, com foros de «coisa oficial» uma apresentou assim a sua proposta para a bandeira da
candidatura republicana por Mogadouro, contando só, de mais a República:
mais… - com os votos dos meus[1]!”

Como se pode ver, a História deve ser isenta e


objectiva. Outros intelectuais também foram um
pouco mal estudados… como, por exemplo, Guerra
Junqueiro, entre muitos outros. Concordo
plenamente com o escritor António Cândido Franco,
quando afirma que: “qualquer comentário a
Junqueiro tem de observar atentamente o
contexto histórico-político do período em que ele
escreveu [2]”. Bandeira Portuguesa - Guerra Junqueiro
Vejamos o que nos disse Guerra Junqueiro:
Em 1910, cerca de trinta anos depois, Guerra Escreveu o Poeta: «A bandeira azul e branca foi o
Junqueiro justificou assim, a sua filiação no Partido estandarte dos Bravos do Mindelo e eu fui sempre
Progressista: “Eu era monárquico, não por ideal, não liberal mais ainda do que republicano...»[5], e Lopes
por sentimento, mas porque uma forma mais D’Oliveira, acrescenta: “Logo após o Cinco de
elevada e democrática se não ajustava ainda às Outubro, a sua ardorosa campanha pela bandeira
circunstâncias do país. Os códigos representam ou azul e branca marca irrefragavelmente o seu fervor
devem representar a equação jurídica dos liberal. Desde 13 de Outubro de 1910, oito dias depois
costumes. Os direitos passam, não dos códigos para da vitória da República[6], ele opõe à bandeira
os costumes, mas dos costumes para as leis. Fazer triunfal da Rotunda a bandeira dos dias heroicos da
continuamente e evolutivamente essa equação, Terceira: diademou-a apenas, substituindo a coroa
cristalizar em leis progressivas todo o progresso que (com a esfera armilar) e com cinco estrelas (que
vai nascendo, eis a tarefa de quem governa. Quando representavam o 5 de Outubro) em que alternavam
o progresso se realiza nas almas pelo esforço as cores vermelha e verde. O estandarte nacional
individual e colectivo, e os governos não só o não desta campanha de Junqueiro (com as cores azul e
traduzem em leis, mas o perseguem e querem branco) era o próprio estandarte das campanhas da
aniquilar, a ordem e o bom equilíbrio da sociedade Liberdade[7] ”.
exigem logicamente a revolução. Ora eu acreditava A Primeira República prometeu estabilidade,
que dentro da monarquia de D. Luís se podia tentar melhor nível de vida, igualdade e fraternidade, nada
ainda uma obra fecunda de ressurgimento, disso aconteceu. Senão vejamos; "A História da I

[1] - Coelho, Trindade, “A Minha «A CANDITATURA» POR MOGADOURO – (Costumes Políticos em Portugal). Opúsculo editado pela Câmara
Municipal de Mogadouro. Trindade Coelho suicidou-se em Lisboa, em 1908.
[2] - António Cândido Franco, “O essencial sobre GUERRA JUNQUEIRO”, página 4, Imprensa Nacional- -Casa da Moeda, Lisboa, Março de 2001.
[3] - Guerra Junqueiro: “Horas de Luta”, página 137, Livraria Lello, Limitada Editores, Porto.
[4] - António Cabral, “O Talento e os desvarios de Guerra Junqueiro”, página 101, Editora Portugália, Lisboa, 1842.
[5] - Guerra Junqueiro, “Horas de Luta”, Livraria Lello, Porto
[6] - Quando se dá o 5 de Outubro de 1910, estava Guerra Junqueiro em Salamanca, com o seu amigo Miguel de Unamuno.
[7] - Lopes D’Oliveira, “Guerra Junqueiro – a sua vida e a sua obra”, Volume 2, página 373, Edições Excelsior e SOPCUL

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|39

República é trágica, ao longo de escassos 16 anos,


elege sete (7) Parlamentos, oito (8) Presidentes, e
conhece 45 governos além de vários de Ditadura («à
turca», sem Parlamento). Os executivos – ou
ministérios, como então eram designados – duram
em média três meses e alguns sobrevivem por uns
tantos dias. O Partido Republicano, cinde-se em três:
o Democrático, de Afonso Costa; o Evolucionista,
chefiado por António José de Almeida; e o Unionista,
de Brito Camacho – e em cada um germinam
grupos de interesses. O combate político entre as regime. Falta a autoridade Moral e Política de um Rei
várias facções republicanas assenta no ódio, na (ou Rainha), falta o “encarnar” a nossa História, não
violência, no terrorismo.[8]” gostamos de andar “ao Deus dará”, agradando a
Como escreveu José Manuel dos Santos, no jornal apoios (ou hipotéticos apoios, de vária ordem).
“Público”, para se ver a sua violência, lembra-se o Precisamos de uma pessoa, como um Rei, que não
assassinato do «herói da Rotunda», Machado Santos, dependa de chantagens, de compadrios, ou seja
foi um dos que marcou a “noite sangrenta” de desses “apoios”, o seu apoio é única e
Outubro de 1921, quando morreram as últimas exclusivamente a História de Portugal, e o seu povo.
ilusões: a república nunca seria “para todos os Vemos isso nos países mais evoluídos da Europa e
portugueses, antes continuaria a ser “a república não só. Precisamos que a República se transforme
para os republicanos”. em Rés-Pública, que sirva a causa e a “coisa do
E, no 28 de Maio de 1926, a Ditadura Militar que povo”, ou seja “coisa pública”, como diziam os
acabou com a Primeira República, seguida nos “velhos” mestres latinos.
princípios dos anos trinta com o chamado Estado Sim porque a “Rés Pública”, não tem donos, todos
Novo, ou Salazarismo[9], desde a aprovação da nós temos a obrigação de a construir e de a
Constituição de 1933, ou seja a Segunda República, defender. Como escreveu Paulo Ferreira da Cunha:
começa em 1926 e acabou com o 25 de Abril de 1974. “A República é uma democracia ética, não apenas
Com o 25 de Abril começa a Terceira República, uma democracia técnica. Não se trata somente da
onde nos encontramos. casca democrática, é o sumo da democracia que
Não pondo em questão os vários problemas que se está em causa. Não é meramente do ritual da
seguiram ao 25 de Abril (a mal feita votação, a eleição de representantes, etc. É que tudo
“Descolonização”, o “Verão Quente”, as ocupações isso tem um sentido, e tudo isso tem de ser feito no
de terras sobretudo no Sul do País, o espírito de interesse da comunidade – com vista ao Bem
quase guerra civil, e tantos, tantos outros problemas Comum. Assim como a governação tem de ser
de tensão latente que estamos vivemos, até ao 25 de estritamente votada ao interesse público, com tudo
Novembro), onde se entrou num regime o que isso implica.[10]”
democrático constitucional e verdadeiramente Neste aspecto, podemos até dizer que, nesta
europeu. Contudo não podemos dizer que, perspectiva da democracia e do institucionalismo, a
comparando com as Monarquias, sobretudo as nossa Monarquia Constitucional foi mais
europeias, a “nossa” Terceira República esteja a “republicana” que todas as Repúblicas Portuguesas.
correr muito bem. É que a democracia não pode ser Os verdadeiros e puros princípios da Rés-Pública
apenas anunciada, tem de ser vivida no dia-a-dia. A continuam atuais. Depois de, como diria Guerra
nossa juventude sofre muito com a falta de Junqueiro, «rajadas de liberdade», eis que o nosso
emprego, as situações ditas políticas não tem sido país se encontra mergulhado nesta «apagada e vil
bem acauteladas, a desconfiança é quase total, quer tristeza». Por isso, ao recordar a nossa História, temos
na “classe” política quer em muitos outros sectores de ter em mente que a caminhada não chegou ao
da vida financeira, e judicial, há muitos crimes fim, antes se anunciam muitas horas de luta e de
(sobretudo os financeiros), que passam quase determinação. Olhemos para a nossa gloriosa
impunes, o povo revolta-se com isso e descrê deste História Pátria de digamos: VIVA O REI!|

[8] - Castro, António Pimenta de, “Cadernos Vianenses””, Tomo 54, 228, Viana do Castelo, 2020.
[9] - António de Oliveira Salazar, governa de 1926 até 1968 e Marcello Caetano de 1968 até abril de 1974.
[10] Paulo Ferreira da Cunha na revista “Grémio Lusitano” n.º 16, 2º semestre de 2010.

DEZEMBRO 2020
40 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

Votar ou não votar nas


presidenciais
MIGUEL CASTELO-BRANCO

Abstract Résumé

The guarantor of freedoms and freedom are not Les garants des libertés et de la liberté ne sont pas
oligarchic republics, but monarchies, impartial, des républiques oligarchiques, mais des
non-bribable, indifferent to the interests of the monarchies, impartiales, non soudoyables,
moment and faithful interpreters of the collective indifférentes aux intérêts du moment et fidèles
interest, the interest of the State and national interprètes de l'intérêt collectif, de l'intérêt de l'Etat
unity. et de l'unité nationale.
We, monarchists, will only vote in the third round Nous, monarchistes, ne voterons qu'au troisième
of elections; that is, in those elections in which we tour des élections; c'est-à-dire dans ces élections
can freely choose between the republican and dans lesquelles nous pouvons librement choisir
monarchical forms of regime. entre les formes républicaine et monarchique de
régime.
Key words: Monarchies; King; Symbol of the nation;
Republic; Presidential elections. Mots clés: Monarchie; Roi; Symbole de la nation;
Républic; Élections présidentielles.

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|41

Pedem a mudança na república, mas tudo o que que passaram e das gerações que virão e reafirma o
defendem já foi experimentado e falhou: falhou no pacto da vontade popular e da identidade nacional
republicanismo parlamentar primo-republicano, que fizeram o Estado Português.
com uma chefia de Estado simbólica, falhou com o Os candidatos que se candidatem, os presidentes
cesarismo plebiscitário de Sidónio, falhou com a que presidam, mas que o façam sabendo que há
presidência submetida ao “presidencialismo do portugueses, muitos portugueses que neles não
Presidente do Conselho”, falhou com o semi- vêem o árbitro equidistante, o servidor da causa
presidencialismo de voto directo universal que ainda pública, o órgão de soberania independente. Votar é
temos. No fundo, a república é o passado e desse caucionar, colaborar, transigir com um sofisma, com
passado não se consegue libertar. Está, arrasta-se, uma impostura e com um insulto aos portugueses.
finge consenso. Não sendo detestada é, no mínimo, Eu, não voto e como não voto, não sei quantas caras,
desprezada. Viraram-lhe as costas, por ela não se caretas, carantonhas e gárgulas se apresentam a
interessam, não mobiliza corações nem sufrágio. Ficar em casa, abrir um bom livro, ouvir
inteligências. Refém das lutas partidárias, a chefia de música, estar com a família vale mil chapeladas da
Estado republicana passou a ser encarada como lotaria dita republicana. Como acreditamos na
pré-aposentamento para os locatários de Belém. República ̶ ou seja, na Política ̶ e como só há
Vai-se descendo em intervenção, subindo na Política quando a totalidade da Cidade se revê nas
hierarquia do Estado. O presidente é, hoje, um roi instituições, recusamos participar numa fraude.
fainéant, um falso rei constitucional, sem o prestígio Nós, monárquicos, só votaremos na terceira volta
de um monarca hereditário, sem a influência fáctica das eleições; ou seja, naquelas eleições em que
de que gozam os reis e com a tremenda e livremente pudermos escolher entre a forma
irreparável suspeita de continuar, por mais que o republicana e monárquica de regime.
negue, a depender do(s) partido(s) que o colocaram
na chefia do Estado. Os candidatos a presidente têm
esgotado o argumento “presidente de todos os
portugueses”. As repúblicas pressentem a
fragilidade de uma chefia de Estado a prazo,
macaqueando a permanência que quer dizer
monarquia, numa chefia de Estado dinástica,
hereditária e não submetida às flutuações
emocionais e irracionais, aos interesses económicos
e ao apetite de poder das elites [divididas] que entre
si se guerreiam.
Sabemos que o garante das liberdades e da
liberdade não são as repúblicas oligárquicas, mas as
monarquias, imparciais, não subornáveis,
indiferentes aos interesses do momento e fiéis
intérpretes do interesse colectivo, do interesse do
Estado e da unidade nacional, pelo que se pede
dieta rigorosa, desintoxicação radical, absoluta
privação de contacto visual e auditivo com os
candidatos ao sólio presidencial. Não ceder à
tentação de participar, não conceder a dúvida do
mal menor, não comparar nem tomar partido por
nenhum dos artistas em palco. O melhor voto é o
não voto. O melhor presidente da República é o Rei,
a melhor votação para a chefia do Estado aquela
que prescinde de eleições, de máquinas partidárias,
de confetis e outdoor's, mas aquela que se realiza
geração a geração, com o concurso das gerações

DEZEMBRO 2020
42 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

Nós, monárquicos, não fazemos favores nem mais rematada contradição. Os 700 ou 800 mil
amparamos ambições usurpadoras de uma chefia monárquicos de verdade [e não só de palavras] às
de Estado imparcial, independente, acima de urnas só acudirão empurrados pela falácia do mal
partidos e ideologias, longe de clientelas e adversa, menor. O mal menor é sempre mal, pelo que a
por instinto e natureza, às vaidades tolas e aos única maneira de não sujar as mãos e a consciência
carreirismos chupistas. colaborando algo que nos repugna ̶ que é mau
Nós, monárquicos, somos monárquicos porque não para Portugal ̶ é ficar em casa, não participar na
queremos esta república, pelo que votar naqueles encenação e não falar sobre, não comentar, não
que alimentam a ilusão republicana constituiu a exprimir a mais leve e inocente opinião sobre esta
eleição.

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|43

Cultura histórica e civismo:


o “fecho de abóbada”
PEDRO VILLAS-BOAS TAVARES

Abstract

In constitutional monarchies, sovereignty resides No seu quadro constitucional vigente, Portugal vai
in the Nation, which is the group of citizens under ter, dentro de pouco tempo, novas eleições
the same law and in legal equality, with all public,
social, economic, cultural and civic freedoms that
presidenciais. Não vale a pena qualquer
are the prerogative of Western pluralist consideração extra sobre a “farandulagem” política a
democracies. The legitimate hereditary head of que uma campanha deste tipo dá necessariamente
state is the expression of exclusive national lugar. Convenhamos apenas que parece ser a
sovereignty and a symbol of the unity of the state
and the community of nationals, his compatriots. Padroeira do Reino a permitir que, em conjunturas
Europe's most successful democracies are muito difíceis deste tipo, por muita poeira e dor
monarchies, and it is in the name of a greater estultamente levantadas, seja ainda, em certa
good that the citizens of these countries reserve
medida, o proverbial bom senso do Povo Português
the head of state for a living person and family,
whose hereditary succession is intertwined with a funcionar, distinguindo e escolhendo aquele que,
the country's history and its permanent interests. no cardápio eleitoral vigente, está conjunturalmente
melhor preparado para a titularidade da chefia do
Key words: King; Constitutional monarchy,
estado posta em disputa, e cujo desempenho
Sovereignty; Nation.
político conhecido, mais o aproxima de um perfil
Résumé monárquico de atuação…

Dans les monarchies constitutionnelles, la


souveraineté réside dans la Nation, qui est le groupe
de citoyens sous la même loi et dans l'égalité
juridique, avec toutes les libertés publiques,
sociales, économiques, culturelles et civiques qui
sont la prérogative des démocraties pluralistes
occidentales. Le chef de l'Etat héréditaire légitime
est l'expression d'une souveraineté nationale
exclusive et un symbole de l'unité de l'Etat et de la
communauté des nationaux, ses compatriotes. Les
démocraties les plus prospères d'Europe sont les
monarchies, et c'est au nom d'un plus grand bien
que les citoyens de ces pays réservent le chef de
l'Etat à une personne vivante et à une famille, dont
la succession héréditaire est liée à l'histoire du pays
et à ses intérêts permanents.

Mots clés: Roi; Monarchie constitutionnelle;


Souveraineté; Nation.

Domingos Sequeira - Portugal à beira do abismo, 1820

DEZEMBRO 2020
44 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

Durante demasiado tempo, com prolongamentos No campo institucional e político, em matéria de


de espantosa sobrevivência nos nossos dias, em órgãos de soberania e organização do estado,
dependência ideológica do espírito de “tábua rasa” prescindindo de todas as outras considerações,
da guinada republicana da Revolução Francesa, históricas, éticas e estéticas, o próprio
entendeu-se que a história pouco ou nada contaria desenvolvimento do pensamento intuicionista e de
na organização administrativa e política dos povos e valorização do símbolo nas representações culturais
estados. Os nóveis representantes do Povo de inícios do século XX se encarregou de contrariar o
Soberano, com poderes constituintes, em nome das reducionismo racionalista herdado do século
suas ideias abstratas, hauridas da vulgata do anterior, sobretudo de matriz jacobina,
enciclopedismo racionalista e materialista, teriam relativamente à valia da instituição real na chefia do
poder de refazer toda a realidade social e política, estado.
presente, pretérita e futura. Que importava, por Nas monarquias constitucionais, definitivamente
exemplo, a experiência multissecular de uma definida a soberania como residindo na Nação, e
descentralização e de um poder local em que as definida esta como o conjunto dos cidadãos debaixo
periferias contavam eficazmente nas decisões do da mesma lei e em igualdade jurídica perante ela,
poder central? Que importava se historicamente as com todas as liberdades públicas, sociais,
instituições, objeto de tempestivas reformas e económicas, culturais e cívicas que são apanágio das
adaptações ilustradas às necessidades de cada democracias pluralistas ocidentais, o chefe de
época, tinham créditos e resultados firmados? Na estado hereditário legítimo, ele próprio definido
mente do todo poderoso soberano legislador como expressão da exclusiva soberania nacional,
jacobino, a ideia abstrata da ideologia era tida como apesar dos seus reduzidos poderes constitucionais,
anterior e muito superior a uma qualquer realidade configura hoje, como outrora, na sua pessoa, um
“física” e objetiva, sempre negligenciável, por mais inultrapassável e visível símbolo da unidade do
evidente e fulgurante que pudesse ser, tal como estado e da comunidade dos nacionais, seus
negligenciáveis seriam as possíveis lições a colher da
experiência e da natureza histórica e funcional das
instituições…
Entre a ideia abstrata, com suas entidades
maiusculadas sacralizadas, e a realidade concreta,
com as suas exatas condições de aplicabilidade
social, a tradição ocidental iluminista do jacobinismo
republicano escolheu sempre a primeira. Hoje
mesmo, entre nós, verificamos frequentemente que,
quando uma teoria parece desmentida pela
realidade, se foge à análise dessa realidade para que
se salvem os pressupostos teóricos com ela
desconformes ou por ela desmentidos. Assim, de
audácia em audácia, de atentado em atentado,
numa dinâmica sempre anti-positiva e contra-
natura, admirará muito, do ponto de vista mental,
que esse soberano legislador que hoje nos caiu em
rifa, na “tábua rasa” do seu atrevido
experimentalismo, não considerando
evidentemente Pessoa e Família como anteriores ao
estado, se arrogue desta feita invenção de
alternativas de género e outras abstrusas
“construções” de “engenharia social” que a tirania de
Retrato de D. João VI com o livro das Cortes de 1821,
uma qualquer maioria parlamentar conjuntural e onde foram instituídas as bases da Constituição de
simples lei ordinária podem impor? 1822, Domingos António de Sequeira, 1821, (em
depósito no Palácio de São Bento)

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|45

compatriotas, bem como da dimensão histórica e ponto de união e de representação externa da


trans-histórica da realidade nacional. nação na sua totalidade indivisa. A realidade cria o
Prescindamos ainda e mais uma vez de grandes símbolo e o símbolo exprime e potencia a realidade.
teorizações perante o racionalismo cru ou doloso É em nome de um bem maior que os cidadãos
com que os nossos concidadãos, mesmo por alturas destes países reservam – sem querela – a chefia de
de pouco edificantes espetáculos de campanha estado para uma pessoa e uma família vivas, cuja
eleitoral para a chefia do estado, nos costumam a sucessão hereditária se confunde com a história do
nós monárquicos tentar atingir ou questionar. O país e seus interesses permanentes. É a maturidade
teste da realidade está feito: são monarquias as do civismo, e a Coroa é o “fecho da abóbada” dessa
democracias mais bem sucedidas da Europa. cultura cívica.
Claro que a radicalidade jacobina não desarma, Como seria desejável, neste domínio, termos a sorte
acantonada no dogma absoluto de que o direito de dessas democracias! Caminhando seguramente no
eleger e ser eleito para todo e qualquer cargo, e presente, ao lado do pavilhão nacional teríamos a
nomeadamente para a chefia do estado, se lhe bandeira viva, de carne e osso, “de casaco e
afigura decorrência indeclinável do princípio gravata”, do digno descendente e representante de
democrático. Enchamo-nos pela enésima vez de Afonso Henriques, D. João I, D. João IV, D. João VI, dos
muita paciência e recordemos-lhes verdades manos Pedro e Miguel congraçados no sangue de
simples, aceitando deles o viés racionalista. Duarte Pio…, de larga galeria de reis enfim, que, com
Ao puro racionalismo, responda-se com o Povo, a Igreja e as “Forças Armadas”, fizeram e
racionalismo puro: se do ponto de vista da realidade ilustraram Portugal!
positiva era / é para todos evidente que boa parte do
nosso ser e identidade é resultado de
condicionantes (físicas e morais) que transcendem a
nossa vontade (como os pais que temos ou o país
em que nascemos), e que, pelo facto de não serem
uma eleição pessoal, nem por isso são menos
importantes na vida de todos nós; se, grande parte
das nossas escolhas de vida (quase sempre as mais
decisivas) resultam de fatores não apenas racionais e
de deliberação lógico-dedutiva, é um pouco
estranho que no quadro de pressupostos
definidores do figurino político e administrativo de
uma nação, dos seus órgãos de soberania, só possa
contar, em cada momento, e de forma
avassaladoramente irrestrita e absoluta, o único e
exclusivo critério da escolha/eleição individual…
De qualquer modo, a permanente e reiterada
decisão ao longo do tempo, de não sujeitar a
suprema chefia do estado a disputa eleitoral, com os
conaturais jogos partidários, de lobying e de facção,
é ela mesma um sinal de exercício de plena
soberania por parte das respetivas comunidades
nacionais. Podendo em qualquer momento, por
referendo ou por outro método expeditamente
democrático, abolir as monarquias vigentes, os
cidadãos desses países e suas instituições
representativas conscientemente preferem manter
decorosamente a instituição real na suprema
magistratura do estado. Esse “vértice” torna-se o

DEZEMBRO 2020
46 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

CONCURSOS ESCOLARES
A IMPORTÂNCIA DO RECONTRO DE VALDEVEZ
PARA A FORMAÇÃO DE PORTUGAL

No seguimento do sucesso alcançado com os Um concurso para ti: A IMPORTÂNCIA DO


Concursos Escolares anteriores, que decorreram nos RECONTRO DE VALDEVEZ PARA A FORMAÇÃO DE
anos lectivos 2015/2016 e 2017-2018, a Real PORTUGAL – dirigido aos alunos do ensino básico
Associação de Viana do Castelo, procurando (do 3.º Ciclo do Ensino Básico, Ensino Secundário e
contribuir para a defesa da identidade nacional e Profissional) do distrito de Viana do Castelo para
para o reforço da fidelidade à matriz histórica de apresentação de trabalhos (individuais ou em
Portugal, através da consciencialização do grupo) sobre o tema.
património cultural português e da identidade
nacional, o Centro de Estudos Adriano Xavier
Cordeiro, criado pela Real Associação de Viana do Prémios:
Castelo propõe-se realizar, em colaboração com o 1.º Prémio, conta poupança no valor de 500,00€; 2.º
Grupo de Estudos do Património Arcuense (GEPA), Prémio, conta poupança no valor de 300,00€; 3.º
no ano lectivo 2020/2021 três Concursos, Prémio, conta poupança jovem no valor de 150,00€
abrangendo os alunos do ensino básico (1.º, 2.º e 3.º e Diploma de Participação.
Ciclos escolaridade), ensino secundário e profissional
do “Distrito de Viana do Castelo”.
Os concursos arrancarão oficialmente no dia 1 de Prémio Europeu de Excelência: A IMPORTÂNCIA
Janeiro de 2021, e o tema globalizador para o DO RECONTRO DE VALDEVEZ PARA A
próximo ano é “A importância do Recontro de FORMAÇÃO DE PORTUGAL – dirigido aos alunos do
Valdevez para a formação de Portugal”. ensino básico (do 3.º Ciclo do Ensino Básico, Ensino
Os trabalhos deverão ser entregues entre os dias 16 Secundário e Profissional) do distrito de Viana do
de Janeiro e 16 de abril de 2021, na Biblioteca da Castelo para apresentação de trabalhos (individuais
Escola, ao cuidado do professor responsável. ou em grupo) sobre o tema.

Prémio: Deslocação a Bruxelas e ao Parlamento


Viagem no Tempo… A IMPORTÂNCIA DO Europeu do(s) aluno(s) vencedor(es). Este Prémio,
RECONTRO DE VALDEVEZ PARA A FORMAÇÃO DE atribuído pelo Eurodeputado Nuno Melo, inclui a
PORTUGAL dirigido aos alunos do 1.º e 2.º Ciclo do deslocação, alojamento e refeições, extensivos ao(s)
Ensino Básico que terão de completar a frase “O professor(es) responsável(eis) pelo acolhimento do
Recontro de Valdevez foi importante para a concurso no estabelecimento de Ensino até ao
Formação de Portugal porque…” número máximo de dois docentes e Diploma de
Participação.

Prémios:
1.º Prémio, conta poupança no valor de 300,00€; 2.º
Prémio, conta poupança no valor de 200,00€; 3.º Para consultar o regulamento e os prémios dos
Prémio, conta poupança jovem no valor de 100,00€ concursos basta clicar em cima da imagem do
e Diploma de Participação. mesmo.

DEZEMBRO 2020
REAL GAZETA DO ALTO MINHO|47

DEZEMBRO 2020

Você também pode gostar