Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Após a sua morte, Fernão Peres de Trava fixa-se na corte de Afonso VII e em 1131,
já reconciliado com D. Afonso Henriques, regressa a Portugal e vai a Coimbra
oferecer à Sé uma propriedade que possuía em S. Pedro do Sul, para assim sufragar
a alma da sua consorte(18). D. Teresa foi «...mãe de reis e avó de impérios... »(19)...e...
«de Ponte a bem dizer mãe e madrinha...» (20)
O nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao despontar da
nacionalidade(21).
Entre 1096 e 1187(22) surge o período áureo do municipalismo português que
principia com a outorga do foral de Guimarães e finda com a concessão do foral de
Bragança; pelo meio está o foral de Ponte de Lima.
Eram as necessidades públicas de povoamento, defesa, cultura da terra mas
também de administração do território, aproveitando as tendências associativas e
o espírito de autonomia local, que determinavam a outorga dos forais levando a
incluir neles certas isenções de deveres penosos a que o comum da plebe estava
sujeito, ou certas facilidades, favores ou liberdades que o vulgo não possuía – essas
isenções e prerrogativas, ligadas à fixidez das obrigações, constituíam o privilégio
da povoação detentora do foral(23). A povoação individualizava-se, ganhava
personalidade e, para garantia e defesa dos direitos comuns, carecia de órgãos
próprios: a assembleia dos vizinhos e os magistrados. De modo que o foral
arrastava consigo, mesmo que o não estabelecesse expressamente, a formação do
concelho.
O foral é uma das principais fontes de direito interno: é um documento escrito
(carta) outorgado unilateralmente pelo rei ou por entidade senhorial – nobre,
eclesiástico, etc. – que pudesse dispor de certa área de terra em benefício de um
grupo de pessoas; é considerado um pacto inviolável por qualquer das partes,
embora desse documento não constasse a aceitação dos destinatários; o seu
objecto principal é conceder a uma colectividade de indivíduos presentes e futuros
o domínio da área que eles irão povoar, cultivar e defender como homens livres,
sendo essa concessão da terra – normalmente em plena propriedade – efectuada
com encargos e a título perpétuo e hereditário.
Nesta carta fixava-se o regime das relações dos membros da comunidade entre si
mas especialmente os encargos ou obrigações que a colectividade (e os seus
membros) tinha para com o concedente, evitando o arbítrio ou o abuso nas
exigências e garantiam-se igualmente direitos, em geral sob a forma de privilégios,
que tornavam atraente a fixação na povoação considerada. Tal regulamentação de
direitos e obrigações individualizava essa colectividade e dela resultava uma
comunhão de interesses, a necessidade de os membros da colectividade se
concertarem acerca do cumprimento das obrigações colectivas e da fruição e
defesa dos direitos e privilégios assim como levava à reunião da assembleia dos
interessados (concilium) e à criação através dela de magistrados encarregados de
reger a comunidade(24).
Todavia o foral não contém todo o Direito municipal pois parte dele era
consuetudinário (25).
E o foral da vila de Ponte?
Em 1121 D. Urraca concentra os seus exércitos em Tui e invade Portugal, tendo
necessariamente de passar pela ponte do Lima, que, na época, abria o território de
Portucale, seguindo a estrada para Braga e Guimarães.
Não obstante o texto do foral ser omisso quanto à organização da vila de Ponte de
Lima(33) – que dependia, naturalmente, da sua situação geográfica, da sua
característica mais rural e também da missão que lhe era destinada (defesa militar
mas também comércio) – aqui existiria, possivelmente, a assembleia dos vizinhos
(concilium) ou concelho (34) propriamente dito, em que podiam tomar parte todos
os homens livres(35) que tivessem casa e morada habitual na povoação ou território
municipal(36) e que exercia importantes funções quanto à regulamentação da vida
colectiva - designadamente quanto aos problemas mais importantes de interesse
comum, à eleição de magistrados, ao testemunho de actos jurídicos, ao
julgamento de questões locais, etc.,-(37) mediante posturas(38) ou degredos e ainda
por funcionários, simples serviçais e soldados directamente dependentes do poder
central bem como magistrados, de eleição popular, denominados Juízes ou alvazis.
Seriam ainda concedidos aos habitantes do burgo – os burgueses – a igualdade de
direitos e deveres e a inviolabilidade do domicílio perante o meirinho, sendo-lhes
exigido, como sinal de submissão ao vínculo dominial, a entrega de um censo
anual, a prestação de serviços e o pagamento de outros direitos e de multas
judiciais ou coimas(39).
Tinha, pois, Ponte de Lima o estatuto de couto que se traduzia na autonomia
municipal, e, por conseguinte, na existência de órgãos de justiça e de
administração civil próprios e ainda num estatuto especial em relação às tarefas
militares. Mas o coutar como forma de combater a vindicta privada e estabelecer
uma paz especial para certo lugar significava também, por via de regra, a proibição
da perseguição e morte dos inimigos nos locais privilegiados e a punição mais
rigorosa dos crimes que aí se cometessem(40) e implicava, do mesmo modo, o direito
de asilo(41): os criminosos de outra terra que se refugiassem na vila de Ponte ficavam
protegidos pelo Direito local e aí não podiam ser perseguidos pelos seus
inimigos(42), sob pena de os perseguidores serem severamente punidos(43). O foral
da vila de Ponte delimitava ainda a zona até onde se estendia o couto(44) que era
mais vasta que a vila fortificada: «o município de Ponte de Lima... abrangia … o
território correspondente à actual freguesia de Santa Maria dos Anjos e . . . o da
freguesia de Arca », começando « na foz do Trovela» passando « entre a vila agrária
de Sendim (topónimo que hoje não se consegue identificar) e a Domez (Domez
situa-se na actual freguesia da Feitosa, a norte da Igreja paroquial, e abrangeria
também os actuais lugares da Igreja e de Santa Luzia da mesma paróquia; como
topónimo o seu uso está quase extinto, pois apenas designa um rego de água,
embora chegasse, noutros tempos, a ser o nome de toda a freguesia) isto é Feitosa.
Daí a demarcação levava até ao castro de Achaia, nome que subsistirá mudado no
de Gaia, que ainda hoje é um lugar da freguesia de Arca, no sopé do Monte das
Santas ou da Madalena. Do castro de Achaia descia à Portela de Arca: também há
no sopé da Madalena um lugar com este nome (Portela)...Prosseguia até
Mirancelhe, topónimo várias vezes referido em documentos antigos, como assento,
ainda não localizado, de um celeiro onde se recolhiam as contribuições em géneros
pagas à coroa. E terminava no rio Lima». Na «Toponímia de Ponte de Lima» de
António José Baptista, I-Levantamento Toponímico, Ed. do Arquivo de Ponte de
Lima, Ponte de Lima 2001, diz-se que a única referência encontrada a Sendim é na
freguesia da Seara, perto da Igreja (pág. 279) – o que nos parece demasiado distante
para poder integrar o concelho de Ponte de Lima no tempo de D. Teresa – e que
Mirancelhe na freguesia da Ribeira, talvez se trate do ribeiro de Alfanados, lugar de
Crasto (pág. 255). No foral de D. Teresa a zona de Ponte de Lima abrangida pelo
couto seria, em grande parte, delimitada por fronteiras naturais – a Norte o ribeiro
de Alfanados (Mirancelhe); a Sul a foz do Trovela; a Sudeste o curso de água na
Feitosa (Domez) e o sopé do Monte das Santas (o castro de Achaia) – além de outros
marcos – a Portela (que dá acesso ou passagem a) Arca e a Pedra Rodada (?)(45) .
Foi, portanto, de necessidades estratégicas, predominantemente de cariz militar,
que resultou a fundação da actual vila(46), surgida por graça da Rainha D. Teresa ao
pretender transformar o local numa praça fortificada(47) e estabelecer assim uma
povoação forte entre o noroeste do Condado Portucalense e a Galiza ocidental.
Mas Ponte de Lima era, de igual modo, um centro económico de certo relevo mercê
da ligação que estabelecia entre Santiago de Compostela, principal polo de
circulação monetária e mercantil da Hispânia Setentrional,(48) Braga e Porto,
facilitando não só a intensa actividade mercantil como a peregrinação jacobeia(49),
então um êxito(50). Por isso o foral de Ponte de Lima tem ainda outra importante
dimensão: ele atesta que a vila, para além de ser uma povoação de características
militares e agrícolas(51), tem igualmente um cariz comercial, sendo a sua feira a mais
antiga, documentada, em todo o território português(52).
É ainda no foral da vila de Ponte de Lima que, pela primeira vez, D. Afonso Henriques
aparece com o título de rei(69) - e não após 1140 com a batalha de Ourique – com a
particularidade de o mesmo ser dado por sua mãe – a rainha D. Teresa (70).
«...Porque foi belíssima D. Teresa nasceu belíssima, para sempre, a Vila de
Ponte.»(71)
Monumento à rainha D. Teresa, em Ponte de Lima
APÊNDICE GENEALÓGICO
I ROBERTO(72)
«o velho» n.c. 1011 † 1076, Duque da Borgonha em 1032, filho de Roberto II, «o
Piedoso», Rei de França e da Rainha D. Constança.
= 1.ª c. 1033 com Hélia de Semur 1016 † c. 1055, que foi repudiada em 1046.
= 2.ª em 1048 Irmengarda de Anjou, n. 1018 † 1079, filha de Folco III, Conde de
Anjou.
Tiveram:
1 (II) Henrique «o donzel de Borgonha», q.s.
2 (II) D. Constança n. 1046 † 1092/3.
= 1.ª Hugo II Conde de Châlon † c. 1079(73).
= 2 ª em 1081 com D. Afonso VI, Rei de Leão e Castela, † 1109, c.g. no § 1 N II.
II HENRIQUE
«o donzel de Borgonha» n. 1036 † c. 1070.
= c. 1056 com Sibila (?) de Barcelona, n.c.1035 † c. 1074 filha de Berengário
Raimundo I, Conde de Barcelona.
Tiveram:
1 (III) Hugo I, «o cego» n. 1057 † 28-8-1093, Duque da Borgonha entre 1076-9, já viúvo
foi abade de Cluny, foi venerado como Santo pela cristandade Ocidental, s.g.
2 (III) Eudo I Borel n. 1058 † 23-3-1103, Duque da Borgonha.
= em 1080 com Sibila de Borgonha, n. c. 1065 † c. 1103, filha de Guilherme I, Conde
da Borgonha.
3 (III) Roberto n.c.1059 † 8-9-1111, Bispo de Langres.
4 (III) Beatriz n.c. 1063 † 1110.
= c. 1082 com Guido, I Senhor de Vigary.
5 (III) Reinaldo n. 1065 † 1-10-1092, abade de Flavigny.
6 (III) D. Henrique, q.s.
III D. HENRIQUE
Passou à Espanha no ano de 1089, n. em Dijon em 1069/70 † Astorga 14-IV-1112 (74)
Conde Portugal (1096).
= em 1094/5 com D. Teresa de Leão e Castela, n. 1070 † Límia 1-XI-1130, filha de D.
Afonso VI, Rei de Leão e Castela, § 1 N II e de D. Ximena Moniz § 2 N II.
Tiveram:
1 (IV) D. Sancha Henriques, casou com o Conde D. Fernão Mendes, Senhor de
Bragança «o Bravo», c.g.
2 (IV) D. Teresa Henriques casou em 1122 com o D. Bermudo Peres de Trava, Conde
de Trava, filho de Pedro Froilaz, cfr. § 2 N III, c.g.
3 (IV) D. Urraca Henriques casou com Sancho Nunes «de Celanova»(75).
4 (IV) D. Afonso Henriques n. Guimarães ou Viseu em 1109 † Coimbra em 1185. 1.º
Rei de Portugal (1139).
= em 1146 com D. Mafalda de Saboia, † em 1187, filha de Amadeu II, Conde de
Saboia e Piemont, c.g.
§1
I D. FERNANDO I Magno
n. c. 1016 † 1065, Rei de Castela (1035), Rei de Leão e Conde de Portugal (1037),
Imperador. Filho de D. Sancho III Garcês, o Maior, Rei de Navarra, Conde de Aragão
e Castela, Imperador e de D. Munia Maior, Condessa de Castela.
= em 1032 com D. Sancha n. 1013 † 1067, herdeira de Leão, Galiza e Portugal, filha
do D. Afonso V, Rei de Leão e Galiza e de D. Elvira Mendes, Condessa Soberana de
Portugal (76) .
Tiveram:
1 (II) D. Sancho II o Forte, n. 1036, †1072; Rei de Castela em 1067, Rei da Galiza e
Conde de Portugal em 1071; Rei de Leão em 1072.
2 (II) D. Afonso VI, q.s.
3 (II) D. Garcia n. 1042 † 1090, Rei da Galiza e Conde de Portugal (1067-71).
II D. AFONSO VI(77)
n. 1040 † 29-6-1109, Rei de Leão entre 1065-72, Rei de Castela e da Galiza, Conde
de Portugal em 1072, Imperador. Casou cinco vezes:
= 1.ª vez em 1069 com Inês de Poitou, † 7-6-1078, filha de Guilherme VIII, duque de
Aquitânia e de D. Matilde de la Marche. S.g.
= 2.ª a 8-5-1080/1 D. Constança de Borgonha (n. 1046 † 1093) filha do Duque
Roberto de Borgonha (n.º 1 supra).
Tiveram:
1 (III) D. Urraca, n. 1081/2 † 8-3-1126, Rainha de Castela e Leão.
= 1.ª em 1087 com D. Raimundo, Conde de Amoux, e a partir de 1093 Conde da
Galiza. † 24-5-1107, filho de Guilherme I, Conde da Borgonha jurana(78).
Tiveram:
1 (IV) D. Afonso Raimundes, Rei da Galiza e mais tarde intitulado Imperador das
Espanhas - D. Afonso VII c.g.
= 2.ª em 1109 D. Afonso I o Batalhador, Rei de Aragão, †1134, s.g.
= 3.ª em finais de 1093 com D. Berta de Borgonha, † 1097/8, irmã de seu genro D.
Raimundo.
= 4.ª em 1098 com Zaida, princesa muçulmana, bapt.ª com o nome de Isabel, † 12-
9-1107, filha de Ibn Abbad (Barnabé), Rei de Sevilha.
Tiveram:
2 (III) D. (?)
3 (III) D. Sancho † a 30-5-1108, na batalha de Uclés, com dez anos de idade.
= 5.ª em 1108 com D. Beatriz † 1110.
§2
I MONIO MONIZ
n. c. 1030, † 1097, Conde Bierzo e Astorga, filho de Munio Rodrigues, Conde de
Bierzo, Senhor de Aldara, Deza e Gusmão e da Condessa D. Ximena Ordonhes.
= Condessa Muniadona, † 1063/72.
Tiveram:
1 (II) D. Gontrode Moniz, casou com Soeiro Mendes, «o Bom», senhor da Maia (1081,
† 1103-1108)(79). Governador de várias terras, senhor dos padroados de St.º Tirso,
Pigueiros e Soalhães (Famalicão). Filho de Mendo Gonçalves(80) e de D. Ledegúndia
Soares «Taínha», c.g.(81).
2 (II) D. Ximena Moniz, n. c. 1060 † 1128, tenente de Ulver. Foi concubina (1078-9)
do Rei D. Afonso VI de Leão, q. s.(82).
II D. XIMENA MONIZ
n. c. 1060 † 1128. Tenente de Ulver (1093-1109), Astorga (1095) e Bierzo (1099).
Concubina do Rei D. Afonso VI de Leão entre 1078-9(83).
Tiveram:
1 (III) D. Elvira Afonso, n.c. 1079 e † c. 1151.
= em 1094 com Raimundo IV de Saint Gilles, Conde de Toulouse n. † 28-2-1105(84),
um dos chefes da primeira Cruzada, que tomou Tripoli. c.g.
Tiveram:
1 (IV) – Afonso Jordão, n. 1102 na Palestina, onde foi baptizado no Rio Jordão,
envenenado em Cesareia a 16-4-1148.
2 (III) D. Teresa Afonso, q.s.
(1) Tenência – governo de uma das circunscrições maiores em que se dividia o reino para fins
de administração civil e militar. Era de nomeação régia e amovível, consoante as tradições
leonesas.
(2) Ao outro genro, o conde D. Raimundo de Borgonha (a), deu Afonso VI a Galiza e a mão de sua
filha Urraca.
(a) D. Raimundo e D. Henrique não eram primos como diz a historiografia tradicional, mas
apenas membros de duas famílias diferentes unidas pelo casamento) José Mattoso in História
de Portugal, 2.º Vol., pág. 24, Ed. Círculo de Leitores, 1993.
(3) Na chancelaria condal, os documentos são sempre expedidos em nome dos dois: «Ego
comite domno Henrico uno pariter cum uxore mea infante dona Tharasia...» (Eu Conde D.
Henrique por mim e igualmente com a Infanta D. Teresa...) Marcello Caetano, História do
Direito Português, Ed. Verbo, Vol. I, pág. 138/139.
(4) Num diploma de 27-VI-1100 D. Henrique é dito tenente de Portugal - território fronteira do
reino até aqui administrado por seu cunhado D. Raimundo de Borgonha - pro sua hereditas (in
Luiz de Mello Vaz de São Payo, A Ascendência de D. Afonso Henriques, in Raízes & Memórias,
Ed. Da Associação Portuguesa de Genealogia, Vol. VIII, pág. 34, 1992).
(5) Suserano – designação do soberano de um Estado a quem os chefes de outros Estados, que
gozam de aparente autonomia, prestam vassalagem e pagam tributo.
(8) Frederico Francisco de La Figanière, in Memórias das Rainhas de Portugal, Lisboa, 1859, pág.
35.
(9) Joel Serrão, Dicionário de História de Portugal, Vol. VI, pág. 157, Livraria Figueirinhas, 1992,
Porto.
(10) Luis de Mello Vaz de São Payo, op. cit. Vol. VIII, pág. 35.
(11) Os livros de linhagens atribuem a D. Teresa um segundo casamento com Bermudo Peres de
Trava e teria sido esta união ou tentativa que impediu, depois, um verdadeiro matrimónio com
Fernão Peres de Trava – irmão daquele – já que, segundo o direito canónico, uma união anterior
seria um impedimento a um casamento posterior com um consanguíneo próximo. José
Mattoso op. cit. pág. 48.
(12) Crespo, José Santiago. Blasones Y Linages de Galicia, Tomo I, pág. 355-356, Ed. Boreal,
1997, A Coruña.
(13) vide nota anterior e Luiz de Mello Vaz de São Payo, op. cit., Vol. VI, 1990, pág. 55 e 57 José
Mattoso, op. cit. pág. 52.
(14) Crespo, José Santiago. op. cit. T. IV, pág. 441; Luiz de Mello Vaz de São Payo, op. cit, Vol. VI,
pág. 55, 57.
(17) Em virtude do título de D. Teresa (de condessa) ser anterior ao do seu filho.
(20) João Marcos, in O Anunciador das Feiras Novas, Ed. A. E. de Ponte de Lima, 1999, pág. 55.
(21) António P. de Matos dos Reis. Fundação de Ponte de Lima, O Foral de D. Teresa-1125, Ed. do
Autor, Ponte Lima 1976, pág. 19.
(25) direito constituído por um conjunto de regras de uso ou costume, juridicamente relevantes.
Sobre o direito municipal veja-se Marcello Caetano, Manual de Direito Administrativo, T. I, 10ª
ed.; Liv. Almedina, Coimbra, 1990, pág. 318.
(26) Pinho Leal, Portugal Antigo e Moderno, Vol. II, Liv. Editora Tavares Cardoso & Irmão, Lisboa
1874, pág. 386/387. História Compostelana, L. 2, c. 85, citado por Alexandre Herculano in
História de Portugal, T. II, s.d., pág. 118. No mesmo sentido veja-se António Matos Reis, Ponte
de Lima no tempo e no espaço, ed. CMPL, 2000, págs. 30, 56/57.
(27) António Matos Reis, in Ponte de Lima no tempo e no espaço, pág. 60 a 61.
(28) Almeida Fernandes, Ponte de Lima na Alta Idade Média, págs. 98, 99 e 126.
(29) Vide no foral «Ego regina facio cautum ad ipsos homines qui ibi habitare uoluerint» (Eu,
rainha faço couto aos homens que aí quiserem habitar).
(30) ib idem «Et qui ibi habitauerint in ipsa uilla per singulos annos reddant singulos solidos de
suas casas et suas cortinas sine ratione habeant. Et qui in hac uilla habitauerint suas
hereditates quas fora terminum suum habuerint sedeant cautatas. Et de quando laborauerint
in terras ruptas dent terciam et de non ruptis quintam» (Os que habitarem na vila pagarão das
suas casas 1 soldo por ano, nada pagando das suas «cortinhas»; as herdades que os habitantes
desta vila tiverem fora do seu termo fiquem coutadas; do que colherem nas terras arroteadas
paguem 1/3 e das não arroteadas 1/5).
(31) ib idem, «Et si nullus homo uenerit qui hoc factum meum frangere temptauerit pariat sex
mille solidos et illos habitatores supra nominata uilla qui fora de suo cauto cauto malefecerit
parit quingentos solidos » (E se alguém tentar infringir o meu decreto, pague 6.000 soldos; e se
alguém fizer mal aos habitantes da supradita vila fora do seu couto, pague 500 soldos) e ainda
« Et homines qui de cunctis terris uenerint ad feiram et ad illos malefecerit tam eundo quam
redeundo pariat LXª solidos» (E se alguém fizer algum mal aos homens que de qualquer terra
vierem à feira, tanto na ida como na vinda, pague 60 soldos).
(33) Não tendo chegado até nós o original completo do foral, a leitura do que temos leva-nos a
pensar que o escriba de D. Afonso II - que redigiu o extracto - copiou apenas as passagens do
foral teresiano necessárias para o respectivo registo na Chancelaria pois os oficiais da
Chancelaria de D. Teresa sabiam perfeitamente que numa carta de foral era indispensável, para
além do tratamento de assuntos económicos e militares, a referência às magistraturas
judiciais e às penas impostas pelos crimes mais graves.
(34) Para o Prof. Marcello Caetano, História do Direito Português, Ed. Verbo, Vol. I, pág. 223 «é
mesmo a existência desta assembleia com autoridade própria que caracteriza o município
medieval».
(36) A tendência, porém, foi para se ir restringindo a participação nas reuniões ordinárias
apenas a certos vizinhos mais sisudos e experientes, com mais tempo disponível e mais
interesse pelas coisas públicas – os homens-bons. Marcello Caetano, ib idem, pág. 224.
(38) ainda hoje se designam por posturas os regulamentos locais, provindos dos corpos
administrativos.
(40) Essa paz poderia revestir diversas modalidades: a paz de el-rei que vedava as violências no
lugar onde o monarca se encontrasse e nos caminhos que percorresse; a paz do concelho, que
proibia as violências estando reunida a assembleia dos vizinhos formalmente convocada e
agravada a pena dos que as praticassem; a paz do mercado e de paz da igreja. Não se deve,
porém, confundir com a paz urbana, respeitante à ordem dentro da povoação, e que implicava
que os homicídios praticados dentro da povoação (in villa) eram castigados com multa muito
superior aos que ocorressem fora (extra villam, extra cautum, foras ville). Dentro da povoação
há ainda uma protecção jurídica particularmente forte dada à moradia do vizinho: é a paz da
casa (pax domestica). Esta inviolabilidade do domicílio determinava que se um criminoso se
conseguisse refugiar na sua casa ficava ao abrigo dos seus inimigos e ainda que se alguém
penetrasse numa casa, violentamente ou contra vontade do dono, praticava o crime de domus
disrupta ou casa derota (violação de domicílio), sempre severamente punido e com mais
gravidade ainda se os violadores fossem armados e, por fim, que se o dono da casa tivesse de
matar ou ferir aqueles que nela penetrassem contra a sua vontade não ficava sujeito a sanções
ou tinha uma responsabilidade atenuada. Vide Marcello Caetano, op. cit., pág.s 255 e 256.
(41) vide Foral «Et si nullus homo qui fora terminum suum calumpniam fecerit et ibi represatus
non fuerit sit liber» (Se alguém fizer alguma «coima» fora do seu couto e aí não for detido, seja
livre).
(43) Muito provavelmente a sanção geral prevista para «quem infringir o meu decreto» ou seja,
6.000 soldos.
(44) vide Foral «Et ipsum terminum parte per foz de Toruela et inde per inter uillam Sedim et
Domenz et inde per petram rodadam et postea ascende ad castro d Oaia et descende in portela
de Archa et fer Miranceli et inde ad Limia» (O seu termo parte por foz do Trovela e daí por entre
a vila Sendim e Domez e daí por Pedra Rodada, e depois sobe ao castro de Gaia (?) e desce à
Portela de Arca, e vai a Mirancelhe e daí ao Lima).
(45) António Matos Reis, in O termo do concelho de Ponte de Lima, ao findar a primeira dinastia,
pág. 65, O Anunciador das Feiras Novas, Ano XVIII – II Série – N.º VXIII
(46) A. de Almeida Fernandes, Ainda Ponte de Lima Altimediévica, ed. CMPL, V. do Castelo,
1963, pág. 120.
(47) Vide no foral «Placuit mihi ut faciam uillam supra nominato loco Ponte» (Aprouve-me fazer
vila o supra-nomeado lugar de Ponte), sendo que a expressão «..faciam uillam..» significa o acto
de fortificar uma povoação.
(48) José Mattoso, Identificação de um País, Ed. Esperança, Lisboa, Vol. II, 1986, pág. 31.
(49) São inúmeros os vestígios do caminho de Santiago, por todo o concelho de Ponte de Lima.
(50) José Mattoso, Identificação de um País, Ed. Esperança, 1985, Lisboa, vol. I, pág. 302.
(51) vide referências no foral ao acto de fortificar (faciam uillam...) e às «cortinhas» (cortinas),
herdades (hereditates) e colheitas das terras arroteadas (quando laborauerint in terras ruptas).
(52) A feira mais antiga da Península Ibérica é a de Belorado, que aparece documentada em
1116 in António Matos Reis, Origem dos Municípios Portugueses, pág. 92 e 103. Diga-se, ainda
que, em 1122 D. Teresa concedeu protecção aos moradores de Orense e ali criou um mercado
anual, in Joaquim Veríssimo Serrão, História de Portugal, Editorial Verbo, Vol. I, pág. 204, 205.
(54) Silva Cunha, História das Instituições, Ed. ULP, Vol. I, pág. 229 e 239.
55) designadamente os feirantes não podiam ser presos nem perseguidos por qualquer delito
durante o espaço de tempo que durava a paz da feira (com excepção dos que fossem cometidos
na própria feira), estavam isentos de penhora não só durante o prazo da feira, mas também
desde uns dias antes de a mesma principiar até alguns depois de ela terminar – 3, 5, 8 dias ou
mais consoante a importância ou o local da feira. vide Virgínia Rau, Feiras Medievais
Portuguesas, Biblioteca de Textos Universitários, Ed. Presença, 1982, pág. 41 a 45.
(57) vide supra nota n.º 35. O modelo da feira de Ponte de Lima, com os seus privilégios e
liberdades foi adoptado pelo rei D. Fernando na criação da feira de Abrantes, anterior a 1379, in
Joaquim Veríssimo Serrão, op. cit., pág. 354, 355.
(58) Avelino de Jesus da Costa, «La Chancellerie Royal Portugaise jusqu'au milieu du XIIIe
siécle», in R.P.H, t. XV, pág. 157.
(60) também no foral «comes Fernandus conf» (Conde Fernando confirmou) se atendermos ao
seu casamento com a rainha D. Teresa (vide notas 13, 14, 15 e 82). No mesmo sentido veja-se
Joaquim Veríssimo Serrão, op. cit. pág. 80, «a infanta foi ao ponto de assinar documentos
oficiais juntamente com o novo marido».
(61) ib idem «comes Gomizoni conf.; Pelagius Valasquis curie dapifer conf.; Sub manu regine
dominante Ripa Limia Sesnandus Ramiriz conf.; Et alii multi bene natorum hominum;
Archiepiscopus Pelagius in Bracara»
(67) A forma de escrita carolina vinha-se introduzindo desde a segunda metade do séc. XI e
ganhou maior importância com a chegada dos monges beneditinos de Clunny.
(68) Avelino de Jesus Costa, op. cit. e Marcello Caetano, op. cit., pág. 245.
(69) De acordo com o prof. A. H. Oliveira Marques, in História de Portugal, Ed. Pallas, Lisboa,
1977, Vol. I, pág. 65, D. Teresa era regina (rainha) porque era filha de rex (rei) embora não
governasse um regnum (reino). D. Afonso Henriques, porém, não tinha direito ao título de rei
porque seu pai fora conde e sua mãe não possuía reino nenhum.
(70) vide no foral «Ego regina Tharasia et filius meus Alfonsus rex...» (Eu, rainha Teresa, e meu
filho Afonso, rei).
(71) A. de Almeida Fernandes, Ponte de Lima na Alta Idade Média, separata do Arquivo do Alto
Minho, pág. 162, Viana do Castelo 1960.
(72) Luís de Mello Vaz de São Payo, op. cit. Vol. IV, pág. 43.
(75) Alguns autores dizem que esta D. Urraca é que foi casada com D. Bermudo e indicam como
mulher de Sancho Nunes «de Celanova» a outra irmã Teresa. Grande Enciclopédia Portuguesa
Brasileira, Vol. 33, pág. 544-545, José Santiago Crespo, op. cit. Vol. IV, pág. 440.
(76) Luis de Mello Vaz de São Payo, op. cit. Vol. VI, pág. 55; Vol. VII pág. 78.
(79) «...o mais poderoso e mais nobre de todos os portugueses...» in José Mattoso, Ricos-
Homens, Infanções e Cavaleiros. Guimarães Editores, Lisboa 1985, pág. 52.
(80) «...varão ilustre e de grande poder em todo o Portugal...» in José Mattoso, Ricos-Homens,
Infanções e Cavaleiros, pág. 51.
(81) Luís de Mello Vaz de São Payo, op. cit.,Vol. VII, pág. 50.
José Mattoso, A Nobreza Medieval Portuguesa, Editorial Estampa, Lisboa 1981, pág. 210-213.
(82) Luís de Mello Vaz de São Payo, op. cit. Vol. VIII pág. 35 e Vol. VI pág. 55.
(86) José Santiago Crespo, op. cit. Tomo IV, pág. 441.
(87) José Mattoso in História de Portugal, Vol. II pág. 59, diz que tinha apenas uma filha.
(88) José Santiago Crespo, op. cit. Tomo IV, pág. 442. José Luis López Sangil, La nobleza
altomedieval gallega – La Familia Froilaz-Traba, pág. 80, 134 e seg.
(89) José Santiago Crespo, op. cit. Tomo IV, pág. 442, 453. José Luis López Sangil, op. cit. pág. 80,
142 e seg.
(90) José Santiago Crespo, op. cit. Tomo IV, pág. 442, 453. José Luis López Sangil, op. cit. pág. 80,
149.
(91) José Luis López Sangil, op. cit. pág. 80, 149 e seg., atribui mais esta filha.
BIBLIOGRAFIA
Caetano, Marcello. História do Direito Português, Ed. Verbo, Vol. I; Manual de Direito
Administrativo, Tomo I, 10.ª Edição, Livraria Almedina, Coimbra 1990.
Costa, Avelino de Jesus da. La Chancellerie Royal Portugaise jusqu' au milieu du XIIIe siécle, in
R.P.H, t. XV.
Crespo, José Santiago. Blasones Y Linages de Galicia, Tomo I, IV, Ed. Boreal, 1997, A Coruña.
Cunha, Silva. História das Instituições, Ed. Universidade Livre Porto, Vol. I.
Fernandes, A. de Almeida. Ponte de Lima na Alta Idade Média (Como se fundou a Vila), separata
do Arquivo do Alto-Minho, V. do Castelo, 1960;
Ainda Ponte de Lima Altimediévica, Separata do Arquivo do Alto-Minho, Ed. Câmara Municipal
de Ponte de Lima, V. do Castelo, 1963.
La Figanière, Frederico Francisco de. Memórias das Rainhas de Portugal, Lisboa, 1859.
Leal, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho. Portugal Antigo e Moderno, Vol. II, Livraria
Editora Tavares Cardoso & Irmão, Lisboa 1874.
Mattoso, José. História de Portugal, 2.º Vol., Ed. Círculo de Leitores, 1993; Identificação de um
País, Ed. Esperança, 1985/1986, Lisboa, vol. I e II;
Rau, Virgínia. Feiras Medievais Portuguesas-Subsídios para o seu estudo. Biblioteca de Textos
Universitários, Editorial Presença, 1982.
Reis, António P. de Matos dos. Fundação de Ponte de Lima, O Foral de D. Teresa-1125, Ed. do
Autor, Ponte Lima 1976; Origem dos Municípios
Portugueses, Livros Horizonte, 1991; Ponte de Lima no tempo e no espaço, Ed. Câmara
Municipal de Ponte de Lima, Ponte de Lima 2000.
Sangil, José Luis López. La nobleza altomedieval gallega – La Familia Froilaz-Traba, Editorial
Toxosoutos, Serie Trivium, Noia (A Coruña) 2002.
São Payo. Luiz de Mello Vaz de. A Ascendência de D. Afonso Henriques, in Raízes & Memórias,
Ed. da Associação Portuguesa de Genealogia, Vol. IV, V, VI, VII e VIII 1988, 1989, 1990, 1991, 1992.
Serrão, Joel. Dicionário de História de Portugal, Vol. II, VI, Livraria Figueirinhas, 1992, Porto.
Serrão, Joaquim Veríssimo. História de Portugal, Vol. I, Editorial Verbo.
Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira, Vol. 33, Editorial Enciclopédia, Lda, Lisboa/Rio de
Janeiro.
«O Anunciador das Feiras Novas», Ano XVI- II Série- N.º XVI, 1999; Ano XVIII – II Série- N.º XVIII,
2001, Ed. Associação Empresarial de Ponte de Lima.