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º 21 Setembro de 2019
Ercílio de Azevedo | p 34
Nesta edição •
• A Toxinformação | p 7
Na altura em que despoletaram as preocupações globais sobre o ocupar as encostas mais declivosas; os vales devem ser aproveitados
ambiente, numa alusão clara, catastrófica ou apocalíptica, ao “dia para a agricultura local; e os solos planálticos devem ser reservados
zero”, retrato de uma emergência pela ameaça de um quarto da para uma agricultura tipo vinha ou olival. Os matos devem, por sua
população mundial poder, em breve, deixar de ter acesso à água vez, ser aproveitados também para a pecuária, bem como a
potável, principal fonte da vida, continuamos a reforçar a ideia produção do mel, aguardente de medronho e, ainda, para as plantas
que tudo isto é um caso político. Nacional e globalmente aromáticas, que podem dar lugar a uma indústria de perfumes –
político. citamos, contrariando assim todos aqueles “marginais” que
haviam pago ao povo português para cortar as suas vinhas;
Vários factores têm contribuído para esta desorientação total, a
abater as cabeças de gado para produzir menos leite; e, deixar
começar pelos incêndios, com fuga aos corredores das secas,
crescer mato em campos de cultivo, em detrimento da
fruto da falta de planeamento do território, do aproveitamento
biodinâmica.
dos recursos naturais, dos incentivos à economia rural – que
muito bem poderia passar pela limpeza e conservação das matas Sem dúvida que a falta de ordenamento do território é da
–, contrastando com a preocupação economicista de responsabilidade dos políticos, do regime e da desmesurada
pagamentos do déficit e das balanças económicas impostas por subserviência aos interesses economicistas, globais.
quem cresce à custa das desgraças alheias.
Por este andar, ou por esta inércia, de pouco valem as
Apesar de todos sofrerem com as alterações climáticas, a inércia preocupações ecológicas chegarem aos laboratórios, onde dizem
política daqueles que nos vão enganando de barriga cheia, em preocuparem-se com o impacto ambiental, mas,
deficiente alimentação e de costas viradas às reais circunstancialmente, produzem também toneladas de resíduos,
potencialidades económicas do país, pondo em perigo a própria que passam por pontas de pipetas de plástico e respectivos
democracia, potenciam a política de subserviência aos interesses invólucros, embalagens isotérmicas, contas de electricidade
económicos de outros, principalmente daqueles que se estão gigantescas, congeladores especiais para conservar o material
“borrifando” para a produção leiteira, florestal ou mesmo das experiências, ventilação de alta tecnologia para manter a
industrial dos portugueses. atmosfera interior limpa, equipamentos de esterilização, etc. –
aglomeração de “contraindicações” para o ambiente, que
O ambiente sempre foi uma preocupação dos monárquicos,
inquietam muitas universidades e outras instituições científicas.
ponto de referência (não de “fuga objectiva”) nossa, assente no
modelo defendido pelo arquitecto Ribeiro Teles, onde a floresta Haja decoro e vontade política, por forma a ultrapassarmos
ideal, por exemplo, deveria ser uma mata completamente estes indicadores preocupantes. Nacional e globalmente!
integrada no sistema agrícola: Todas estas regiões que são hoje
pinhal e eucaliptal, que têm aldeias e pessoas a viver dentro, não
devem continuar a ser exclusivamente uma floresta (…) A mata deve
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Reis Sem Cerimónia
Miguel Villas-Boas
Abstract ‘La Reine le vault’, foi esta a fórmula, num arcaico anglo-
Queen Elizabeth II had no alternative but to give the Royal normando, pelo qual foi dado o Assentimento Real pela Rainha
Assent to the UK PM's proposal to suspend the British Elizabeth II à proposta de suspensão do Parlamento britânico que
Parliament. This is no longer a monarchy but a crowned o actual Primeiro-Ministro do Reino Unido apresentou a Sua
republic. For Portugal we want a Constitutional Monarchy Majestade. Na realidade a Rainha não quis nada, pois não tinha
over the form of government of a Parliamentary alternativa, uma vez que o parlamentarismo - que esvaziou ao
Monarchy, but with a different political system from the
extremo os poderes reais - obrigava Sua Majestade a aceitar o
present one; The Monarch will be the fount of executive
conselho do líder do governo; um conselho que era ilegítimo,
poder, but the institutions that would effectively exercise
political power would gain their legitimacy through the induziu a Rainha em erro e como tal nulo, conforme estabeleceu
elections: the Parliament by direct and universal suffrage, o Acórdão do Supremo Tribunal Real Britânico, que por
the municipal representatives by direct election. Thus, unanimidade dos 11 Lordes Juízes Supremos declarou a
originally, the power would reside in the People, but suspensão do Parlamento britânico ilegal.
would be exercised in the form of monarchical
government. Ora uma Monarquia assim não é Monarquia, mas uma
desventurada República Coroada, em que o Monarca embora
Key words: Constitutional Monarchy; new regime;
personifique e represente a Nação, em questões políticas fica
Monarch with power
Résumé
La reine Elizabeth II n'avait d'autre choix que de donner la
sanction royale à la proposition du Premier ministre
britannique de suspendre le Parlement britannique. Ce
n'est plus une monarchie mais une république couronnée.
Pour le Portugal, nous voulons une monarchie
constitutionnelle sur la forme de gouvernement d'une
monarchie parlementaire, mais avec un système politique
différent de celui qui existe actuellement; le Monarch sera
la fonte du pouvoir executive, mais les organes qui
exerceraient effectivement le pouvoir politique
gagneraient en légitimité à travers les élections: le
Parlement au suffrage direct et universel, les
représentants municipaux aux élections directes. Ainsi, à
l’origine, le pouvoir appartiendrait au peuple mais serait
exercé sous la forme d’un gouvernement monarchique.
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refém da vontade de políticos que podem ser duvidosos. finalidade nem aspirações, em que só a sua figura se destaca
envolta num halo ensanguentado de martírio.
Existem vários modelos de Monarquia, a Orgânica ou
Tradicional e pelo menos dois tipos diferentes de Monarquias
Constitucionais no mundo contemporâneo: Executiva e
Cerimonial e dentro desta última o Monarca pode ter funções
estritamente cerimoniais ou possuir poderes de reserva, o
chamado Poder Moderador. A Monarquia britânica é, pois,
estritamente Cerimonial, consequência dessa malnascida
fórmula de Adolphe Tiers ‘Na Inglaterra o rei reina, não
governa’, e que se converteu num slogan clássico da Monarquia
parlamentar: ‘O Rei reina e não governa!’ Mas, um Rei ou
Rainha que não governe e ainda por cima reine muito pouco é
tudo o que não precisamos numa hipotética restauração da
Monarquia em Portugal.
Tal não acontece com outro Chefe de Estado que não seja um
Monarca, uma vez que há a grande vantagem do Rei enquanto
entidade real independente, não eleito, não representar
qualquer partido político e seus sectários e com tal não amparar
qualquer agenda política, podendo assim com o seu Poder
Moderador assegurar a pluralidade político-social do país,
A Comunidade na Monarquia Portuguesa obstando a que a política possa adulterar-se. Acima de tramas
partidárias, independente de um calendário político, de
promessas eleitorais, sem relações suspeitas com oligarquias,
Depois o Rei deteria privatisticamente o Poder Moderador e
sem solidariedade activa com políticos – pois o Rei não tem
isso habilitá-lo-ia no dia-a-dia a negar poder a quem dele
partido -, sem atenções a favor de clientelas eleitorais e
pudesse abusar ou usá-lo mal! É necessário que o exercício do
financiadores de campanhas que esperam obter benefícios e
poder deixe de ser equívoco e passe a ser realizado de acordo,
dividendos do seu ‘investimento’, o Rei terá a tranquilidade e a
não só com o mínimo ético, mas, ainda mais além, que se
legitimidade para actuar como moderador entre as várias
identifique com a moral. Não se deve separar nem opor Moral e
facções políticas ou demais grupos da sociedade civil e interpor-
Política. É necessário apagar a diferença que existe actualmente
se como cautela da democracia. Um Monarca assim jamais se
entre as duas. Não pode subsistir o Poder pelo Poder, com a
reduzirá a um patrono de uma legislatura e a um corta-fitas.
frustração da Moral, mas sim unir-se os dois conceitos, para se
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A Toxinformação
Susana Cunha Cerqueira
Key Words: information, excess, fast news. É esta a emulsão relipidizante que somos e em que vivemos.
Contudo, possivelmente, sempre tal aconteceu, e não será nada
de novo, ou Eça não se teria deslumbrado com a sociedade
Resumé: portuguesa.
Dévaluation de l'information excéssive, rapide, et mise en
forme de la personne humaine. A toxinformação acontece em diferentes áreas, por exemplo, nos
media (e.g. pluralidade de informação apelativa e lasciva com
Mots-clés: informacion, excés, fast news. vontades de vender para que a informação seja consumida sem
qualquer crítica por parte do ouvinte); nas redes sociais (e.g.
exposição desmedida, grande parte das vezes, com dentes
sorridentes com facetas ou laminados), nas organizações laborais
(e.g. com e-mails em cascata com e sem interesse com informação
redundante); nas escolas (e.g. através de programas académicos
longos ou selfies para serem postadas de imediato ou de chamadas
excessivas entre alunos e encarregados de educação, em cada
intervalo, quebrando-se o desenvolvimento da autonomia e o
controlo das emoções), nos tribunais (e.g. a era da "turbo
legislação", contrariamente à existência de vazios legais em
determinadas áreas, havendo necessidade do decorrer do tempo);
nas relações com particulares (e.g. as mensagens, os contactos
imediatos, as chamadas a todo o momento); na medicina (e.g. a
existência de inúmeras medicinas paralelas e alternativas à clássica:
iridologia ayurveda, homeopatia, naturopatia, medicina tradicional
chinesa, por exemplo).
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A informação excessiva, poderá tornar-se um problema futuro,
tendo de existir tratamento especial por parte de quem gere o
capital humano. Terá de haver uma preocupação em
reorganizar, mapear, os fluxos constantes e imediatos da
informação de modo a controlar e filtrar a mesma.
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A Crise da
Memória, Hoje
Carlos Aguiar Gomes
“Para ser moderno, há quem acredite que é necessário separar- se das raízes. E essa é a ruína, porque as
raízes, a tradição, são a garantia do futuro. Não é um museu, é a verdadeira tradição, e as raízes são a
tradição que levam a seiva para fazer crescer a árvore, florescer, frutificar. Nunca se separar das raízes
para ser moderno! Isso é um suicídio”. (Papa Francisco aos Agostinhos Descalços, 12.IX.2019)
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que ao longo dos séculos levaram Cristo e o Seu Evangelho, a comunidade humana pode viver muito tempo sem a sua
promoção e o desenvolvimento humanos a tantas latitudes? memória, tal como a árvore a quem, um dia, alguém cortou as
Quantos sabem que fomos, em caravelas frágeis como casca de suas raízes. A seiva que alimenta o caule, as folhas e os frutos
noz por todo o mundo levando o Evangelho? Quantos de nós deixa de circular e a árvore morre. Isto é o que está a
tem tido esta preocupação? acontecer, hoje, nesta sociedade amnésica, ou melhor, que os
“desconstrutores” da nossa história conseguiram fazer
Quantos de nós já pensou um pouquinho nas enormes cortando-lhe as raízes, sem nunca se fatigarem nem desistirem,
dificuldades que passaram e passam os missionários em terras face à abulia de tantos de nós. Por isso, as “árvores” que
distantes e diferentes? somos, sem raízes, estão a ser derrubadas e levadas por ventos
ideológicos que estão a destruir a nossa cultura. Uma Cultura
E sem esta memória cristã missionária, como podemos pedir
da Vida que se está tornar aceleradamente, uma Cultura de
mais e melhor oração pelas vocações missionárias, se nada
Morte.
sabemos sobre o trabalho que os “levadores de Evangelho”
desenvolvem por esse mundo? … Ter memória, cultivá-la e transmiti-la não é saudosismo! Ter
memória é preparar o Futuro. Ter memória não é nem pode
Não podemos viver no Passado, mas não podemos viver sem o
ser para conservadores. Os conservadores são os que
Passado. Sem a nossa memória familiar e social. Como referia o
estão cristalizados e parados no tempo. E a vida é
Papa aos monges agostinhos, “as raízes são a tradição que levam
dinâmica. Ter memória e transmiti-la é para preparar o Futuro
a seiva para fazer crescer a árvore, florescer, frutificar. Nunca se
e ambicionar o Progresso, onde hoje se podam os “ramos”
separar das raízes para ser moderno! Isso é um suicídio”. Que
estéreis da árvore para tornar aquele equilibrado e justo.
acontece às árvores a quem cortam as suas raízes?
Parafraseando o Papa Francisco (in Christus Vivit, nº200), as
Neste mês, vamos fazer um esforço para que cada um de nós
raízes não podem, porém, ser vistas como âncoras que
saiba, possa e queira ser um transmissor da memória familiar,
imobilizam, mas como estabilizadores que captam nutrientes e
religiosa e social. Assim, contribuiremos para que a ruína
água, que alimentam toda a árvore. Sem esses “estabilizadores”,
familiar, religiosa e social aconteçam! Um desafio que o Papa
as raízes, a planta seria facilmente arrastada e morreria
nos lança. Um desafio contra a fortíssima crise da Esperança em
rapidamente à seca.
que mergulhou (ou nos mergulharam?) o nosso tempo.
Caro leitor, peço-lhe que medite bem e muitas vezes na frase
Sem Esperança não há Futuro e o Presente fica sem alicerces
do Papa Francisco, com que encimo este artigo.
por lhe terem sonegado a memória, as raízes. As nossas raízes
dão-nos força para ir em frente. Ninguém nem nenhuma
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António Amadeu de
Souza-Cardoso
Um Monárquico de Fortes
Convicções!
António de Souza-Cardoso
Abstract
The first time I saw him and heard of monarchy I realized the
consistency of reasoning, the abundance of knowledge, the
argumentative coherence, and the intellectual honesty that
cannot be confused with a humility that he did not really have.
God, the Fatherland, and the King, were part of their dogmas,
and were therefore inescapable presuppositions of the
construction of any narrative around monarchical political
thought. He was a passionate integralist (integralista),
recognizing in the larger figure of António Sardinha, seconded
by Jose Pequito Rebelo and Luís Almeida Braga, the leaders of
a generational movement that built a political ideology,
vigorous, courageous and, I would even say, progressive.
Resumé
La première fois que je l'ai vu et que je l'ai entendu parler de
la monarchie, j'ai compris la cohérence du raisonnement,
l'abondance du savoir, la cohérence argumentative et
l'honnêteté intellectuelle qui est impossible de confondre avec
l' humilité qu'il, vraiment, n'en avait pas. Dieu, la patrie et le
roi faisaient partie de leurs dogmes et constituaient donc des
présupposés incontournables de la construction de tout récit
autour de la pensée politique monarchique. C'était un
integraliste (integralista). On parle de la grande figure de
António Sardinha, secondé par Jose Pequito Rebelo et par
Luis Almeida Braga, les précurseurs d'un mouvement
générationnel, avec une idéologie politique vigoureuse,
courageuse et, je dirais même, progressive.
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José Aníbal Marinho Gomes, para além da lealdade, da coerência Meu Pai nunca construiu um pensamento político, simplesmente
e da amizade, é a infinita persistência e determinação que põe à volta da Instituição Real. Entendeu sempre que o Rei era o
nas coisas em que acredita. E a verdade é que, uma vez mais, corolário sublime de uma construção política, baseada na
acabei por sucumbir à Sua insistência e ao argumento final de Família, na responsabilidade e na continuidade das elites, no
que estando a Real Gazeta a revisitar as grandes figuras do mérito e no serviço entendidos como pressupostos da
Movimento Monárquico da geração anterior, poucos, como eu, organização de uma sociedade e no compromisso orgânico que,
tinham acompanhado tão de perto o percurso de meu Pai. dessa forma, a Nação mantinha continuadamente com o Estado.
Seria, pois, uma injustiça para com Ele não dar o testemunho
que poucos estariam em condições de prestar nas condições A reunião temporal das Famílias em comunidades maiores,
privilegiadas que sempre tive de seu filho mas também de seu permitia que o primeiro nível de decisão, compromisso e
atento correligionário. responsabilidade se alargasse a uma região determinada e que a
reunião harmoniosa e diversificada das regiões constituísse o
E, no entanto, eu como filho terceiro de um homem que casou princípio de agregação do Estado e de organização e afirmação
aos 33 anos, nada presenciei da participação de meu pai no das elites. O Comunalismo (que hoje poderia ser lido como
Movimento monárquico até aos alvores da Revolução de Abril. Municipalismo) que discutia entusiasticamente com João
Camossa e a Teoria da Nobreza na dinâmica da primeira
estruturação feita pelo Visconde de Santarém, constituíam dois
pilares que sustentavam o edifício político de uma sociedade
que atingia a felicidade e o bem-estar, pela participação activa e
responsável do indivíduo na coisa pública.
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que, agora, nos segurava ainda na preguiça amorável de fragilidade da forma, eu admirava a densidade e a certeza das
estarmos juntos, mas, também, no bulício que sempre fazíamos Ideias.
ao redor das ideias que o Pai estimulava. Mas nem nessa
Passaram este ano, dez anos da Sua morte e, para além da
qualidade baixava a guarda ou deixava que a última palavra
contrita e imensa saudade do Pai, fica uma admiração que
pudesse deixar de ser a dele.
cresceu em mim com a sua ausência e que hoje é profunda e
Tive, com Ele, muitos momentos de contraditório que, por incondicional.
higiene mental, revisito habitualmente com emoção. Sempre
Fico, ainda, muito admirado quando muitos da minha geração se
assumi que existia entre os dois uma inultrapassável diferença
confessam monárquicos porque um dia tropeçaram na palavra
geracional e um pragmatismo que meu Pai nunca aceitou
ou no convívio de meu Pai. Entre os tantos que agora recordo
assumir como, por exemplo, a cedência a modelos “roialistas” destaco o meu querido amigo Tomás Moreira, com quem estive
em que não acreditava. em tantas lutas, que me recorda amiúde a influência decisiva que
meu Pai teve na sua formação monárquica.
Estivemos muito juntos na Liga Popular Monárquica e lembro-
me bem da minha primeira intervenção pública a seu lado, à Num mundo que, hoje, é vago, evasivo e disperso, aprendemos
frente da Juventude Popular Monárquica, com Aníbal Pinto de a admirar o carácter, o compromisso e a coerência que existiam
Castro e Henrique Barrilaro Ruas - dois monstros intemporais de uma forma rara e profunda na pessoa de meu Pai.
do pensamento político monárquico. O fervor apaixonado da
minha intervenção logrou conquistar a plateia, mas não meu Pai Talvez seja o “sopro da lisura e da amplidão” de que fala Sofia de
que gostava pouco de trocadilhos e não entendia sequer os Mello Breyner que quero hoje homenagear. Obrigado Pai!
meandros perigosos da inteligência emocional. As ideias tinham
uma forma e uma ordem que a bem do rigor e da clareza
expositiva deveriam ser expendidas com simplicidade e sem
excessos, sofismas ou sofisticações.
Sem prejuízo das diferenças, claro que reconheço hoje que era
ele quem me influenciava e me estimulava a regressar a Ortega y
Gasset, a São Tomás de Aquino e à sua Summa Theológica, ou
aos incondicionais sermões de Padre António Vieira. Mas eu, ia
teimando no refúgio em Raymond Aron ou Alexis de Tockeville
que me aguçavam o espírito para além do império e do mundo
Português.
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Congresso Eletivo da JMP para o triénio 2019-2022
No dia 6 de Julho de 2019 decorreu em Santarém a XI Assembleia- prévia concertação com S.A.R. o Príncipe da Beira.
geral da JMP, que elegeu a Lista A - A Mudança Acontece Quando
Menos Esperas, lista única, no mesmo local onde a associação foi Seguiu-se um arraial no salão paroquial de São Nicolau, de entrada
fundada. gratuita, com muita música e comida vária, que se estendeu pela
noite dentro, em grande animação.
A lista candidata organizou um congresso muito participado e
diversificado. Nele foram distinguidos quatro associados, Carlos Nos dias seguintes, a direção viu publicadas várias peças
Galante, Vicente Cardoso, Tiago Matias e Nuno Gaspar, que em jornalísticas sobre o evento. Agradecemos a todos os amigos da
razão da idade se despediram da JMP, mas em razão do mérito JMP que tornaram este dia único possível!
ficaram na sua história como associados honorários. Findos os
trabalhos, foi feita uma homenagem a Pedro Álvares Cabral, na
qual foram lidas umas palavras pelo novo Secretário-Geral, em
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Symposium "The future of young people’s political participation: questions,
challenges and opportunities"
Após uma cuidadosa seleção por parte da Youth Partnership, procuraram desenvolver uma visão a ser apresentada aos
parceria criada entre o Conselho da Europa e a Comissão decisores políticos europeus nas áreas da juventude. Quando
Europeia, a recém-eleita Presidente da JMP, Carmo Pinheiro não estavam previstos trabalhos, desenvolveu relações com
Torres, foi selecionada, enquanto dirigente e investigadora dirigentes de associações, ONGs, partidos políticos e
académica, para participar num Simpósio sobre Participação instituições europeias de toda a Europa.
Política Jovem com a duração de 4 dias, de 18 a 20 de
Setembro, na belíssima cidade de Estrasburgo. Foi uma experiência muito enriquecedora que colocou a JMP
no mapa das organizações de juventude em Portugal.
Em conjunto com outros 119 jovens, frequentou as mais
diversas palestras e workshops sobre associativismo, Nota: Uma vez incumbida de relatar três dos momentos do
participação tradicional e digital, liderança de equipas, evento, a JMP divulgará o relatório final quando publicado no
publicidade e media, entre muitos outros assuntos de interesse. site do evento.
Além destes, integrou os vários grupos de trabalho que
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Uivar dos Lobos na
Serra d’Arga
Gonçalo Sampaio e Melo
Resumé
Comme la plupart des montagnes du nord au Portugal, Serra
de Arga est issue d’affleurements granitiques et tous les
rochers de la région sont directement dérivés de cette roche O nome dele era Aginha e o povo simplifica e diz Santó(a)ginha.
magnatique plutonique. Les montagnes offrent un paysage qui Popularmente estão os dois bem. De facto, é Santo Aginha, i.e.,
nous permet d´atteindre la mer, les rivières Lima et Minho, “santo feito à pressa”.
ainsi que les villages espagnols aux allentours. Parmis cette
montagne coule la rivière Ancora. Ce lieu est magique; le Vivia em cabanas rústicas ou grutas subterrâneas, o que não é para
chemin au cours de ce paradis dès les temps immémoriaux admirar pois, nos tempos antigos, eram lugar de recolhimento e
que, en les traversant, la ‘montagne sacrée’, nous font revivre de isolamento para anacoretas e eremitas.
toutes les histoires et les légendes qui y font référence. C’est
une longue route qui traverse une région très accidentée. Este seria o seu nome de batismo, ou foi-lhe posto depois?
L’histoire populaire de Saint Aginha, décrite ci-dessus, fait
partie de la culture de son peuple et, dont la célébration dans Era um ladrão, salteador da montanha na Serra d' Arga que
une chapelle au nord de la montagne, remonte au XIVème roubava nos caminhos de Santiago, na ligação de Ponte de Lima
siècle. Cette histoire est l’une des plus caractéristiques vécue para Caminha e vice-versa. Depenava ainda a povoação autóctone
à Alto Minho, avec une forte vivance de la population composta por gente simples, trabalhadora, queimada pelo sol e
environnante. Non seulement pour sa biodiversité, mais curada pelo frio de Inverno, arranhada pela urze comum nesta
plutôt par la préservation de l’identité du Minho, il faut la “Montanha Sagrada” que, em tempos imemoriais, serviria de berço
protéger de toute exploitation de lithium. a diversos animais ferozes.
Mots Clés: Serra de Arga, Alto-Minho, exploitation du É esta gente simples, mas hospitaleira, numa terra tão rude,
lithium carregada de granito pré-câmbrico e xisto que fala bem deste
Aginha que certo dia, quis roubar um frade beneditino. Um pobre
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frade que não levava um real de seu e, não houve palavras que o
convencessem de que o frade se não lhe dava era porque não
tinha.
O monge não sabia o que fazer, pois tinha muitas vezes ouvido
falar no salteador que ganhara a fama sinistra entre todos os pois ainda hoje se conserva em S. João d’Arga a fonte dos frades
povos da serra. e a capela que tem características de arquitetura medieval, um
lavrador com um carro carregado de milho a caminho do porto
Além disso a lei canónica não deixa absolver sem penitência. de Caminha.
Seria injusto, de um momento para o outro, perdoar aquele
filho pródigo que se afundara durante tantos anos nos negros Mas sabe-se o que são estes carreiros de rocha, árduos
caminhos do ácido pecado? Mas quem pode julgar? caminhos de cabras, o rodado atolou-se numa cova profunda, o
eixo partiu-se e o desesperado lavrador não sabia o que fazer.
Aqueles olhos ansiosos, aquele farrapo agreste de gente a
soluçar diante dele podiam ser condenados? O monge sentiu O salteador foi ajuda-lo. Acocorou-se, pôs o ombro sob o
nesse instante com clareza o que não tinha até então estrado do carro, retesou os músculos para poder erguer a
compreendido: ninguém é juiz de ninguém, só nós nos podemos enorme carga.
julgar. Assim sendo pronunciou a penitência: - ‘Até agora só
Contudo o lavrador conhecera-o. Sabia que era o bandido
tens feito mal, e só tu podes saber todo o mal que fizeste.
abominável e não acreditava em generosidades súbitas e
Pois ficarás por aqui a ajudar quem precisa, como os peregrinos desinteressadas.
a Santiago e outros viajantes, até que o prato de bem pese tanto
Pensava, como bom minhoto, aquele o homem sob a aparência
como o do mal. Só teu coração poderá dizer quando acabar a
de ajuda, preparava-se para lhe roubar o carro, os bois, o milho
penitência’.
e certamente a vida, para se não poder ir queixar da atrocidade
Assim foi; o bandido recolheu ao fojo, o frade seguiu caminho a do crime. Quando o outro estava dobrado debaixo do carro,
dar graças a Deus. certo de que fazia justiça, ergueu a enxada ao alto e como uma
pancada certeira desfez-lhe os ossos do crânio.
O homem mau espreitava as veredas da serra e as nascentes de
água deliciosa. Em tempos não muito longínquos era vulgar a Entretanto os lobos uivavam na serra sacra até que a fama
gente de Caminha ir às fontes da Urze e das Águas Férreas tenebrosa do malfeitor correra de monte em monte chegará a
buscar esta água medicinal para tratar dos males digestivos. O corte de D. João I.
salteador esperava agora a prática do bem que poderia fazer,
O rei mandou arautos a prometer tentadoras recompensas a
não da maldade passada.
quem matasse o bandido e restituísse a paz quer nos locais
Logo surge a oportunidade ao ver num caminho para o quer nos peregrinos que atravessavam aquelas serranias.
convento dos monges beneditinos, e disto não restam dúvidas
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Para provar foi à serra só duvidoso de que depois de tantos verdadeiro santo porque o povo minhoto é o que por
meses, os lobos ainda tivessem deixado algum despojo do aclamação canoniza os santos.
cadáver que tinha deixado no caminho para aquele convento
(alguns querem dizer até que fora fundado em 623 de Jesus No missal bracarense tinha o seu dia litúrgico a 14 de Fevereiro.
Cristo, conforme se encontra na padieira duma porta). Constou, pois, do santoral do rito bracarense e, o povo dizia
D. Fernando de Leão, na sua divisão dos condados, em 1026, ser o padroeiro dos ladrões.
fala que o “Monastério Máximo”, situado no alto Monte d’Arga A sua canonização acabou apenas popular e a sua imagem
se destinava a albergar frades castigados. continuamente venerada na Igreja Paroquial de Arga de S. João.
Porém o corpo estava intacto. Á volta haviam crescido lírios A toda esta tradição junte-se a devoção que existe a S. Paulo
brancos com moitas de açucenas! Eremita, do século IV, que se venera em capela própria, na
O homem tinha os olhos abertos e toda a alegria do céu freguesia de Arga de Cima, assim como Santo Antão, outro
resplandecia nas orbitas profundas. Os carvalhos reclinavam os eremita do deserto do Egipto.
seus ramos e um coro de rouxinóis fazia ali a música mais doce É ali na singeleza bruta daquele rincão de terra alto-minhota
que a música dos órgãos das igrejas beneditinas. conhecida dos povos das cercanias que sobretudo um santo
Sobre o lugar havia um grande sentimento de céu, um destes não pode morrer.
inconfundível aroma de paraíso que constituem valores e contra Nessa serra lendária conhecida pela ‘Montanha Santa’, a quem
-valores nesta região serrana encravada entre o Lima e o Minho. os romanos chamaram de Monte Medúlio, existem povoações
Não era um bandido era um santo! dispersas por entre o fraguedo, fincadas aos vales atravessadas
sempre por mais um riacho de água cristalina, nascida nos
Angustiado, o lavrador pedia a Deus perdão pelo que agora píncaros dos montes e chãs, e tendo muito mais do que
compreendia ter sido um crime. mineração de Lítio para oferecer à gente do mundo.
Ele não sabia que é tão pequena a diferença que separa o céu do
inferno, o santo do malfeitor.
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Poetas Monárquicos
Portugueses
Anrique Paço d'Arcos
José Aníbal Marinho Gomes
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Era ainda da terra e já do céu!...
No seu último livro “Voz Nua e Descoberta”, publicado em 1981,
sob o título “Era Uma Vez um Poeta”, Anrique Paço d’Arcos
mostra-nos a génese da sua poesia:
Em 2015 foi doada a sua biblioteca à Câmara Municipal de E Deus sorriu, ao ver-te sem os véus
Cascais – Fundação D. Luís I, após o que foi criado o Auditório- Das terrenas vaidades, e tiveste,
Biblioteca Anrique Paço d’Arcos na Quinta de Santa Clara em
Lá no fulgor da Jerusalém Celeste,
Cascais.
A acolher-te na Luz, todos os teus.
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Os teus já partiram, porque a nós,
Os que somos ainda aqui dispersos,
Quiseste um bem deixar que nos conforte:
Mors-Amor (1928)
21
Conferência sobre
o Recontro de
Valdevez
22
Entrevista
Entrevista da Real Gazeta do Alto Minho ao Exmo.
Senhor Dr. António Moniz, Barão de Palme
“Na verdade, racionalmente, a
Monarquia é a única forma de Chefia
de Estado que pode garantir a
Independência, a Liberdade e o
Progresso da Colectividade
Portuguesa.”
Mais que não seja, já dizia Frei Amador Arrais: “Não há maior RGAM.- Quer-nos falar um pouco das funções que
tristeza do que aquele que dos seus Avós apenas tem a exerceu enquanto Deputado e de como teve sempre
nobreza”. presente e vivo o espírito de correligionário
monárquico?
Após o 25 de Abril, foi uma luta titânica travada pelo PPM, para
demonstrar ao público que os monárquicos são gente comum, AMP. – Comecei as minhas actividades de militante
do melhor que existe na colectividade em matéria de trabalho, monárquico, em Coimbra, na Universidade, fazendo
competência e solidariedade pelo próximo, iniciando uma luta propaganda política com outros jovens monárquicos junto da
pela defesa do ambiente e do mar, bem como dos interesses da colectividade estudantil, chegando a ser constituído um activo
agricultura., quer pertencessem a uma família com pergaminhos grupo de centenas de jovens monárquicos. Trabalho destruído,
quer não, como se costuma dizer. Aliás, os pergaminhos nada quando a Causa Monárquica resolveu apoiar abusivamente uma
interessam para a actividade política e para a instauração da lista da União Nacional, nas eleições legislativas para a
Monarquia desejada. Assembleia da República. Quando me formei e fui trabalhar
para o Porto, a Causa Monárquica estava completamente
Devo dizer que trabalhei na C.P. desde antes do 25 A. Sempre enfeudada ao Regime da Segunda República e sem qualquer
que aparecia um administrador, nos vários postos de possibilidade de actuação. Com outros monárquicos, iniciámos
trabalho, apareciam os ferroviários todos engravatados da um movimento político para derrubar Marcelo Caetano. Mas, o
cabeça aos pés., para lhes agradar, com o risco de chefe de fila, por nós muito mal escolhido para chefiar uma
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revolta monárquica no Norte, resolveu retirar-se a meio do área da sua circunscrição, através de magistrados eleitos,
percurso. Enfim, fomos traídos, acabando muitos saneados dos nomeadamente de Juízes Letrados de Vara Branca. Aliás,
lugares públicos que ocupavam. Após o 25 de Abril, continuei a Alexandre Herculano, dizia que a Liberdade Municipal era a
defender o meu ideal monárquico através do PPM., cujo única possível, tanto outrora como no seu tempo. Contudo, o
programa me encantou, apesar de ter consciência que, num regime político, que sucedeu o Absolutismo, não foi melhor
pequeno partido, nunca poderia aspirar a ser ministro da para as populações locais, pois, o Liberalismo transformou os
Agricultura, para fazer a revolução agrária necessária, como me municípios em meras circunscrições administrativas gigantes,
dizia o meu querido amigo Francisco Lucas Pires. Mas não sem alma e sem imediação entre governantes e governados.
desisti. No Parlamento, cheguei a ser eleito Vice-Presidente da Esclareço melhor, o sobredimensionamento dos municípios,
Bancada do PPM. Como o nosso grupo parlamentar era determinado pela política de Mouzinho da Silveira, acabou com a
reduzido, tinha que intervir praticamente todos os dias. Mal antiga Liberdade Municipal. Durante as Primeira República e a
tinha tempo para dormir. Valia serem excepcionais os meus Segunda República do Estado Novo a situação manteve-se, não
companheiros do velho PPM, de onde acabei por sair. Recordo estando os Municípios ao serviço das populações. Pelo
Barrilaro Ruas, Gonçalo Ribeiro Telles, António Borges de contrário, estas é que estavam ao serviço do Poder Central,
Carvalho, Augusto Ferreira do Amaral, Luís Coimbra, Portugal constituindo autênticas antenas governamentais, pois limitavam-
da Silveira e Campos Gondim entre Outros. Fiz intervenções se a cobrar impostos para o Estado, a proceder ao
sobre a necessária alteração da política agrícola e do recrutamento dos mancebos residentes na sua área de
ordenamento do território, sobre a defesa do nosso Mar e da competência e a organizar localmente os actos eleitorais
nossa Zona Económica Exclusiva, sobre a navegabilidade do Rio marcados centralmente. Com o 25 de Abril, nova perversão
Douro e a recuperação das suas margens, sobre a defesa dos teve início, embora os órgãos municipais passassem a ser eleitos.
leitos dos rios do Norte e o fim da extracção abusiva de areia Perante o natural desejo de obras públicas locais, os municípios
transformaram-se bem cedo em simples centrais de obras
públicas, reduzindo a bem pouco a sua actividade na defesa dos
interesses das camadas urbanas da população, e ficando as
populações rurais completamente afastados do circuito dos
benefícios implantados. Ora, um dos motivos porque sou
monárquico, foi acreditar no exemplo e no virtuosismo do
Municipalismo na Monarquia Tradicional.
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subordinação do poder judicial aos interesses partidários e até Liberdade, como está a acontecer nesta república miserável.
às ordens de seitas, o Poder Moderador revela-se
imprescindível numa monarquia moderna.
O Poder Moderados estava já previsto na Carta Constitucional, RGAM.- Com as abdicações, que prometem continuar
dada por D. Pedro IV aos portugueses, a par da consagração do em 2020, assiste-se à subida ao trono de novos reis
Direito à Assistência e à Instrução Primária gratuita. A Carta desde tenra idade preparados para reinar. Mas estarão
Constitucional era um diploma inspirado na então recente eles preparados para os desafios destes tempos
Constituição Brasileira que, por sua vez, se inspirava na disruptivos em que vivemos?
Francesa de 1814.
AMP. – Por pior que tivesse sido a preparação dos príncipes
Acredito na instauração da monarquia, se os monárquicos, sem herdeiros, até D. Manuel II, alguma preparação tiveram. E hoje
medo, explicarem ao Povo que um Rei Moderno proíbe a em dia, os monarcas reinantes têm grande preocupação com a
corrupção e as misturas vergonhosas entre os poderes dos preparação dos seus sucessores, criando em cada um, um
órgãos executivo e judicial, como aconteceu no tempo do variado leque de qualidades e competências que lhes permitam
malfadado Conselho da Revolução. Como o Rei é independente adaptar-se às situações novas que ininterruptamente vêm
dos partidos, tem as mãos livres, para defender a independência alterar o equilíbrio de cada momento, nos diferentes sectores
dos cidadãos, metendo na ordem os corruptos e os elementos do país.
que se mostrem inimigos do Povo, dos seus interesses
económicos e patrimoniais e da sua Liberdade, factor
imprescindível a uma verdadeira Democracia, como refere o RGAM.- Neste estado das coisas republicano, ‘sem rei
grande teorizador político Fareed Zakaria. Para Ele, uma nem roque’, como desconstruir toda a poluição
Democracia sem regulação, mina a Liberdade e o Estado de antimonárquica da imprensa do regime e mostrar ao
Direito. A existência de uma maioria democrática, não permite povo que, efectivamente, uma Monarquia é uma
que sejam destruídas as momentâneas minorias, tirando-lhes a garantia maior para uma sociedade realmente evoluída,
porque verdadeiramente democrática, justa e
harmónica?
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os falsos monárquicos que não querem a monarquia e os uma legitimidade que é a independência face ao poder
membros de vários partidos que estão ao serviço, não do político que nenhum outro chefe de Estado possui?
partido respectivo, mas de interesses particulares ilegítimos e
cumprindo as ordens de seitas que vivem à margem das regras AMP. – Um Rei, devido à sua independência em relação aos
constitucionais. São essas criaturas que temos que combater de partidos, situação bem diferente de um presidente da república,
frente, sem medo, pois escravizam o Povo. E é dessa gente que tem mais facilidade em acabar com a pouca vergonha imanente
pode surgir uma nova ditadura. Como sabemos, a ditadura já na política actual, em que existe uma promiscuidade aflitiva na
acção dos diversos poderes do Estado, e uma subordinação dos
interesses do País em relação a grupos económicos, com
actuações fora do contexto, e que nos têm destruído. Somos
um dos países mais pobres da Europa. E não éramos.
Muito Obrigado!
Na sede do Porto da Associação dos Antigos Estudantes de
Coimbra, acompanhando o cantor e ministro Almeida Santos, Entrevista realizada por Miguel Villas-Boas para a Real Gazeta do
acompanhado à guitarra pelos monárquicos Arménio Assis e Santos Alto Minho da Real Associação de Viana do Castelo
e António Moniz Palme, e à viola pelos monárquicos Mário Araújo
Ribeiro e Manuel Meireles Campo Costa.
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Jornal do PPM “Monarquia Popular”, director Guilherme Figueiredo, então presidente da Juventude no Porto e
actual bastonário da Ordem dos Advogados
Capa do Jornal com uma caricatura de António Moniz Palme parodiando o facto de, num comício do CDS, na
Praça de Touros da Póvoa de Varzim, Freitas do Amaral ter lido, como se fosse da sua autoria ou do seu partido,
uma série de páginas da Reforma Agrária de Gonçalo Ribeiro Telles do PPM. A nova versão do “Muleta Negtra”,
destinatário da caricatura, não gostou do desenho nem do contundente artigo que comentava esta obra de arte.!!!
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Reis de Portugal
D. João IV Viçosa, 21 de Janeiro de 1635).
D. Joana (Vila Viçosa, 16 de Setembro de 1636 – Lisboa, 17 de
Nascimento –19 de Março de 1604, Vila Viçosa. Novembro de 1653), Infante de Portugal, Princesa da Beira.
D. Catarina de Portugal (Vila Viçosa, 25 de Novembro de
Morte – Lisboa, 6 de Novembro de 1656. Está sepultado no 1638 – Lisboa, 31 de Dezembro de 1705), Princesa da Beira,
Panteão da Dinastia de Bragança, Igreja de São Vicente de rainha consorte de Inglaterra, Escócia e Irlanda pelo seu
Fora, Lisboa. casamento com o rei Carlos II da Casa de Stuart.
D. Manuel de Bragança (Vila Viçosa, 6 de Setembro de 1640 –
Vila Viçosa, 6 de Setembro de 1640).
Reinado - 1 de Dezembro de 1640 a 6 de Novembro de
1656. D. Afonso VI de Portugal (Lisboa, 21 de Agosto de 1643 –
Sintra, 12 de Setembro de 1683) Rei de Portugal.
D. Pedro II de Portugal (Lisboa, 26 de Abril de 1648 – Lisboa,
Consorte – D. Luísa de Gusmão 9 de Dezembro de 1706) Rei de Portugal.
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«de meãa estatura, muito gentil-homem antes das bexigas, que
lhe mudáraõ o primeiro semblante; o cabello era louro, os olhos
azues, alegres, e agradaveis, a barba mais clara que o cabello, o
corpo grosso, mas taõ robusto, que se a desordem com que o
alimentava o naõ descompuzera, promettia muito mayor
duraçaõ» (Ericeira, II, pp. 532-533)
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III Maratona Nocturna
Portugal Real 100% Alto Minho
Circuito Interno Mazda - Clube de Ténis de Viana
Hugo Araújo
Presidente da Direcção do Clube de Ténis de Viana
Decorreu no Clube de Ténis de Viana, a III Maratona final, que se iniciou às 09 horas da manhã e terminou às 11horas,
Nocturna Portugal Real 100% Alto Minho. Mais de 40 Gonçalo Lima. Foi o culminar de uma grande maratona de
Atletas nos escalões Seniores (Masculinos e Femininos) e + 50 Ténis, mas que acima de tudo um grande convívio.
Anos Masculinos, aceitaram o desafio de participar neste
torneio.
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Ercílio de Azevedo
Um monárquico, cavaleiro andante do jornalismo
independente
António Moniz Palme
Abstract
One of the most brilliant and educated journalists in the north
of the country, whose elegant and impeccable prose
significantly dignified the level of intervention journalism,
especially monarchical indoctrination. During the
revolutionary phase, after April 25, he excelled in the struggle
for the uncompromising defense of Freedom and True
Democracy.
Independent writer, with solid, fresh ideas, not just making
simple reports, but framing what he saw and felt through a
fresh language understood by the population.
Persecuted by the Conselho da Revolução, and by mediocre
journalists who played the shameless and dirty game of the
“communist party”, who did not forgive its independence, its
deep political culture and the respect and admiration that was
sought by the population.
Résumé
Un des journalistes les plus brillants et les plus instruits du inevitáveis óculos bastante graduados, de onde espreitavam uns
nord du pays, dont la prose élégante et impeccable digne de expressivos olhos, vivos e trocistas. Chamava-se esta popular
manière significative du niveau du journalisme d'intervention, figura portuense, Ercílio de Azevedo.
en particulier de l'endoctrinement monarchique.
Fazia parte da própria cidade, pois considerava cada esquina a
Après la phase révolutionnaire, après le 25 avril, il a excellé
sua própria casa e em cada baiuca tinha um fiel amigo e
dans la lutte pour la défense sans compromis de la liberté et
admirador, fosse qual fosse a sua condição social. Respirava uma
de la démocratie véritable. simpatia contagiante, que transformava cada um num
Écrivain indépendant, avec des idées nouvelles et solides, ne incondicional aliado. Além do mais era, na verdade, um dos
se contentant pas de rédiger de simples rapports, il encadre jornalistas mais brilhantes e cultos do Norte do País, cuja prosa
ce qu’il a vu et ressenti à travers un nouveau langage compris elegante e impecável dignificou significativamente o nível do
par la population. jornalismo de intervenção, de onde saltava a permanente
Persécutés par le Conselho da Revolução et par des doutrinação monárquica. Na verdade, emprestou significativa
journalistes médiocres qui ont joué le jeu honteux et sale du animação e acento cultural à faceta do debate político, na
imprensa, durante a fase revolucionária, pós 25 de Abril, e na
“parti communiste”, qui n'ont pas pardonné à son
luta pela defesa intransigente da Liberdade e da Verdadeira
indépendance, à sa culture politique profonde, au respect et à
Democracia. O que é facto é que, vertiginosamente, na
l'admiration que le peuple a voté pour lui. sociedade portuguesa, progredia o real perigo de um novo
totalitarismo, apoiada por uma imprensa miseravelmente vendida
aos novos ditadores. Mais que não fosse, era uma singular figura
Mots-clés: Journaliste indépendant, monarchiste, démocrate.
de escritor independente, de ideias sólidas acabadas, não se
limitando a fazer simples reportagens, mas enquadrando o que
via e sentia, através de uma linguagem camiliana, fresca e
Na confusão revolucionária, pós 25 Abril, nomeadamente entendida pela população. No ambiente típico das terras e das
durante o Gonçalvismo, tive o privilégio de conhecer gente gentes do Porto, fazia transparecer, naquilo que escrevia, o
fora do vulgar que, numa situação de crise, mostrava possuir espírito ancestral próprio do indígena tripeiro, com todas as suas
qualidades e valores excepcionais. Recordo com saudade um virtudes e defeitos.
jornalista, tripeiro dos quatro costados, cujo nome apenas
conhecia pelas suas excelentes crónicas no “Comércio do Sobre a sua personalidade, quando faleceu, escrevi diversos
Porto” e noutras publicações nortenhas. Circulava por todo o apontamentos em diferentes publicações e, à sua simpática figura,
lado sempre dependurado num cigarro e armadilhado por uns dediquei umas páginas do meu livro “O Almofariz”.
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Conheci melhor a personalidade de
Ercílio de um modo inédito. Fazia eu
qualidades de cavaleiros andantes. As Nota:
cadeiras e os cabos das vassouras foram
parte da Comissão Política do PPM transformados em armas que rechaçaram A Direcção da Real Associação de Viana do
quando Ele apareceu, nas instalações
aquela abusiva investida nas nossas Castelo, com mandato para o triénio 2017-
deste partido, na Praça D. Filipa de
Lencastre, em plena era gonçalvista, para instalações, pondo em fuga aquele grupo 2020, cumprimenta V.Exas, desejando desde já
fazer uma entrevista aos seus que só atacava em cobardes bandos. a continuação de um bom ano de 2019.
responsáveis máximos. Desceram as escadas dos vários andares
até à rua, em tropel, para evitarem um A Real Associação de Viana do Castelo tem um
Porém, nesse dia, o inesperado plano de actividades e orçamento para 2019,
castigo mais severo pelo seu infame
aconteceu. Enquanto lá estava a trabalhar aprovado em Assembleia Geral, que inclui
comportamento. Pretendemos chamar
nas suas funções de jornalista, sem diversas iniciativas, que vão desde a organização
prontamente os elementos da Juventude
ninguém esperar, entrou, de rompante, de conferências à publicação da Real Gazeta do
e irmos fazer uma visita de retaliação à
um pequeno grupo de anarquistas, com as Alto Minho, órgão oficial de comunicação da
sede do referido partido, na Avenida, para
características boinas pretas adornadas Real Associação de Viana do Castelo, do qual
que nunca mais se atrevessem a meter-se
pelo fatal e emblemático “A”, arquejando muito nos orgulhamos, e que se pretende sejam
com filiados de outros partidos. Mas, a executadas com a participação de todos os
esbaforidos, com um ar aterrado. Alguns
gente mais sensata presente proibiu os associados, simpatizantes e entidades que
mesmo com a roupa rasgada e com
”Falcões” do partido de qualquer iniciativa entendam colaborar, com o intuito de
marcas de terem sido agredidos, trazendo
bélica. Ainda por cima, estava reunida a contribuir e ajudar a dinamizar o ideal
na sua cola, a umas dezenas de metros,
Direcção, onde se encontravam, pelo Monárquico que todos nós abraçamos
um numeroso grupo de pessoas, algumas
menos, os Arq. Mário Emílio de Azevedo, convictamente. Atendendo à necessidade
armadas com bastões, que os fugitivos
Eng.º António Sousa Cardoso, Eng.º D. imperiosa que temos em angariar recursos
identificaram como pertencentes a
José Paulo Lencastre, pintor António financeiros necessários ao normal
determinado agrupamento da extrema
Sampaio, Conde Paçô Vieira e Mário funcionamento da Real Associação, e tendo em
esquerda, com sede na Avenida dos
Dengucho. E o problema ficaria por ali, conta que uma das competências da Direcção é
Aliados. Os poucos filiados do PPM que
perante os protestos acalorados do Mário a cobrança de quotas, eu, em nome da
estavam a trabalhar na organização do Direcção e na qualidade de Vice-Presidente,
Dengucho. Entretanto, para tentar
partido, tiveram que se impor à força ao venho por este meio solicitar a V. Exas. a
ultrapassar o problema, quis apresentar
b a n d o q u e p r oc u r av a e n t r a r regularização da QUOTA DE ASSOCIADO
os anarquistas aos nossos dirigentes, com
ilegitimamente portas adentro de casa REFERENTE ao ano de 2019, no valor de 20,00
esperança que se comovessem perante as
alheia, com intenção de sovar os fugitivos, € (vinte euros), preferencialmente por
suas desgraças. Após terem entrado,
pois os anarquistas, pelos vistos, tinham transferência bancária, para:
acontece que o bebé de colo começou a
sido pelos mesmos proibidos de fazerem
chorar e a sua mãe, uma anarquista Titular da Conta: Real Associação de Viana do
propaganda na rua, utilizando modestas
escultural, começou a dar de mamar ao Castelo
bancas com material à venda, aliás,
filho, sem proteger o peito das vistas dos
bastante apelativo, diga-se de passagem.
presentes. Estavam todos os olhos fixados Entidade bancária: Caixa de Crédito Agrícola
Ofereciam a quem passava de tudo um
onde não deviam, como que hipnotizados.
pouco. E o público, mostrando interesse Agência: Ponte de Lima
Mas, meu Deus, o espectáculo era
em os conhecer, rodeava os anarquistas e
soberbo. Não é má língua, mas todos IBAN: PT 50 0045 1427 40026139242 47
a sua mercadoria. Esta era constituída
devem ter pensado que a visão daquela
pelo engraçado livrinho vermelho do Galo
tocante cena de leite, com um colo de Número de conta: 1427 40026139242
de Barcelos, pelo jornal “A Merda “, e
Vénus de Milo à mistura, própria de um
por várias publicações de propaganda SWIFT: CCCMPTPL
quadro de Murillo, faria tocar as
anarquista, nomeadamente “A Anarquia”
trombetas da solidariedade dentro de Caso seja possível, pede-se o favor de enviarem
de Pedro Kroporkine. Não será
cada um. E para alimentar as minhas por e-mail (real.associacao.viana@gmail.com e
despiciendo dizer que muitas ideias dos
suspeitas, não é que foi encontrada uma pedrogiestal@gmail.com) informação da
anarquistas não deviam andar muito
solução intermédia para o problema e que regularização da quota (ex: comprovativo), após
afastadas da doutrina do agrupamento da
contentou os “Falcões” presentes que já o que procederemos de imediato à emissão do
extrema esquerda em questão, se acaso o
ameaçavam abandonar o Partido!!!? recibo de liquidação.
mesmo tivesse algumas ideias que
alimentasse o ideário da sua estranha Foi então decidido que, no dia seguinte, Cordiais cumprimentos e saudações
actuação. Para cúmulo da nossa iria uma delegação do PPM levar uma monárquicas,
indignação pelo abuso daquela gente, sem carta à sede do Partido em questão, com
respeito pelas ideias dos outros, um veemente protesto pela ocorrência e
verificamos que um dos fugitivos era uma exigir que aquele tipo de agressões não Pedro Giestal
lindíssima rapariga com um bebé de mais ocorresse, sob pena de represálias Vice-Presidente da RAVC
meses ao colo. Assumimos logo a
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da nossa parte. «comunista. Não perdoavam a sua independência, a sua profunda
cultura política e o respeito e admiração que a população lhe
À hora aprazada, uma delegação composta por mim, pelo votava.
António Sampaio, pelo Luís Correia de Sá e por um elemento da
juventude que empunhava uma vistosa bandeira azul e branca, Mais tarde, já a viver em Famalicão, perdeu por dezenas de votos
subiu a avenida e fomos bater à porta do famigerado partido as eleições para Presidente da Câmara, apesar de não ter feito
perseguidor dos pobres anarquistas. Isto, perante o pasmo dos nenhuma propaganda. Deve ter respirado de alívio quando
passantes que logo se juntaram à nossa volta, espantados por ver soube o resultado. Igualmente, na Assembleia Municipal de
um pequeno grupo de bandeira monárquica desfraldada ao Famalicão, fez um discurso inesquecível, evocativo de Bernardino
vento, bater à porta de um partido bem diferente e cuja entrada Machado, Homem da Primeira República, discurso esse que ficou
estaria interdita para as nossas serenas pessoas, antevendo já retido na memória dos ouvintes pelo facto de Ercílio, como
uma escaramuça das grossas. O Jornalista Ercílio de Azevedo elogio ao antigo político da Terra, por mais nenhuma virtude
acompanhou-nos até lá e, para nosso espanto, pediu para entrar nele vislumbrar, o ter elogiado por apenas pertencer a um partido
connosco como elemento do PPM, pois não o deixariam entrar de cada vez…!!!. A crítica acertou em cheio, pois Bernardino
como jornalista. Machado era politicamente um troca-tintas, sempre a mudar de
camisola partidária, o que lhe valeu uma destruidora caricatura
Recebidos pelos donos da casa com cortesia, embora de uma de Arnaldo Ressano, no seu “Album das Glórias”, que o pôs a
frieza de cortar à faca, lavrámos o nosso protesto, deixando uma pedir perante o eleitorado.
carta escrita, onde exigíamos a não repetição daquele tipo de
graças e o respeito pelos nossos amigos anarquistas que o único Ficou célebre, na literatura revolucionária, um delicioso artigo
pecado que tinham praticado, era venderem as suas publicações. “As Tripas à Moda do Porto não agradaram ao General Otelo”,
Após alguma crispação na troca de palavras havida, aceitaram relatando o mau encontro de Otelo, de Corvacho e de Fabião,
assinar uma espécie de acta do encontro. Para nosso espanto, o com os portuenses em fúria, à saída do Restaurante Girassol, na
Ercílio também assinou esse estranho protocolo, não como baixa do Porto. Igualmente escreveu um livro “Porto 1934 – A
testemunha, mas como elemento de tão importante embaixada! Grande Exposição, que o revelou como um escritor e
Tal foi uma surpresa, como surpresa foi a multidão que nos investigador firme da história portuense..
esperava na rua e que se preparava já para assaltar a sede desse
grupo da extrema esquerda, pensando que estávamos Enfim, Ercílio de Azevedo foi fundamental na informação, no
requestados no interior. Afinal aquele ajuntamento não era pelos perigoso período do Gonçalvismo, batendo-se galhardamente
nossos lindos olhos, pois a referida sede foi assaltada dias depois com as armas que tinha, a escrita panfletária, lutando pelos
por uma multidão desaustinada e incontrolável. Todavia, a nossa direitos da sua Gente e divulgando profusamente o Ideal
coragem de monárquicos deu passagem à iniciativa da população Monárquico, que foi um ponto de referência fundamental na
e a companhia do popular Ercílio fez abrir os olhos do cidadão preservação da Liberdade. Pelo seu empenho, é um monárquico
comum que, no silêncio, defendia abertamente a Liberdade. que não mais poderá ser esquecido, pelos portugueses.
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Camarate dos Santos
Um agitador monárquico sem pinga de medo
António Moniz Palme
Abstract
Banker, monarchic, catholic and God-fearing, which made
him a dangerous contestant of the regime, during the dic-
tatorship of the republican Estado Novo!
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inteiro, nunca tolerou o regime republicano, declarando tal, administrassem convenientemente os interesses de cada
aberta e publicamente, e demonstrando que tudo faria, até uma província. A sala, onde foi realizada a sessão rebentava de
revolução se fosse possível, para alterar o sistema de chefia do público pelas costuras. O medo de alguns presentes era visível,
Estado que ele não considerava democrático, por nunca ter sido mas o que é certo é que ninguém arredou pé, cantando-se no
plebiscitado após o “5 de Outubro”. Apesar de tal aversão à final o Hino Nacional e gritando-se dentro e fora do Hotel,
república, era a pessoa mais afável que se pode imaginar, dando Abaixo a República, Viva o Rei.
a camisa a quem mal conhecia, tendo amigos de todas as cores
políticas e sendo estimado e respeitado pelos próprios Ficou célebre a sua prisão no dia da vinda de Marcelo Caetano
republicanos, na sua opinião, raça em extinção e que era ao Porto, quando durante uma enorme manifestação, feita ao
necessário proteger da própria Segunda República. então Presidente do Concelho, Camarate resolveu atirar do
cimo de um dos prédios da Avenida dos Aliados, julgo eu que
Liderava um numeroso grupo de monárquicos do Porto, do telhado do edifício do Montepio Geral, milhares de panfletos
pertencentes à Liga Popular Monárquica, divorciada da Causa contra a ditadura republicana. Para aumentar o aparato daquela
Monárquica, pois a sua actuação tinha sido sobeja e injustamente chuva de panfletos subversivos, um grupo dos mesmos não de
criticada, pelos seus responsáveis máximos, e pela imprensa desfez e foi cair em cima da cabeça de uma senhora gravidíssima
monárquica existente, que o causticava insistentemente pela que apanhou um grande susto e teve um desmaio momentâneo.
criação de células e secções de doutrinação, implantadas nas Felizmente, nada sofreu e, mais tarde, deu os parabéns ao Sr.
fábricas e nos estabelecimentos de ensino, bem como em Camarate pela sua valentia. Claro que veio a polícia que, num
diversos serviços públicos, tomando posições abertamente segundo, apanhou o autor daquela façanha panfletária. Lá
contra o regime, pois estava a preparar, como confessava, o apareceu o nosso amigo Camarate, no meio de dois guardas,
futuro levantamento anti-republicano. Claro está que os seus para espanto dos presentes que logo protestaram referindo
amargos de boca eram muitos e as complicações com a polícia haver tanto bandido à solta e foram logo prender um senhor de
política nunca mais acabavam. Contudo, a Pide usava a táctica respeito. Enfim, até eu fiquei espantado, diga-se de passagem!
cautelosa de não o prender, pois sabiam que Camarate era Ainda por cima, enquanto entrava para a viatura da polícia, na
muito mais perigoso preso do que em liberdade. Aliás, a prisão altura conhecidas por “Níveas” por serem da cor das latas desse
era o que Camarate pretendia para poder falar mais produto cosmético, o pacífico guerrilheiro Camarate, com os
abertamente, ainda por cima com mais audição, devido à sua óculos encavalitados na careca suada, dava vivas ao Rei e morras
situação de prisioneiro. à Ditadura, perante um misto de gozo e de angústia dos que
compunham o grupo de populares que assistia à detenção. Um
Era proprietário do jornalzinho “Consciência Nacional”, dos presentes que se lamentava pela sua sorte, era Porto
publicação aguerrida que chegava a todos os cantos do País e do Duarte, um dirigente portuense da PIDE, homem sério, cheio de
Ultramar Português, além de ser recebido pelos centros de problemas no desempenho das suas funções e que acabou por
imigrantes, espalhados por todo o Mundo. Tal publicação era ser corrido da instituição policial onde se encontrava, devido às
lida com interesse por pessoas de todas as cores políticas, discordâncias permanentes que começou a manifestar. Pelos
incluindo republicanos confessos que admiravam a pureza das vistos, a prisão do Sr. Camarate, foi a gota de água que esgotou
suas Ideias. Trabalhava na sede do seu jornal até às tantas da o necessário bom relacionamento com os seus superiores da
madrugada, com o árduo trabalho de escrever, compor, Polícia do Estado.
recolher artigos, dobrar jornais e fazer a respectiva distribuição,
tendo ainda a ingente e ingrata tarefa de bater à porta de cada Durante os agitados tempos do Gonçalvismo, acabou por ser
leitor para cobrar o quantitativo necessário para a edição preso e metido em Custóias, mas, apesar de encarcerado, nunca
seguinte. parou. Utilizando a célula monárquica que antes ali tinha
organizado, continuou a passar ordens para o exterior.
Tanto na anterior situação como após o 25 de Abril, o seu Conseguiu, com a ajuda de Guilherme Fontes e de Rui Moreira,
comportamento foi sempre o mesmo: não aceitava a ordem que os presos rezassem o terço alto, junto às grades das
estabelecida por ilegal. Na verdade, na sua perspectiva, pactuar respectivas celas, o que incomodava os elementos do MFA que
com uma República imposta por uma revolução que nunca foi ali davam ordens, comunistas de fresca data, a quererem
submetida à escolha livre da Nação, era trair a Liberdade do mostrar trabalho…! Contudo, obteve o apoio dos guardas
Povo Português. prisionais que não compreendiam qual a razão por que os
presos não podiam ter absoluta liberdade religiosa. Para não
Por outro lado, organizava sessões culturais sobre temas
deixar arrefecer a contestação na prisão, alterou a sua
políticos, por vezes bem polémicos, mas que atraiam sempre
estratégia, resolvendo passear-se completamente nu por todas
imensa gente. Recordo uma, realizada no Hotel do Porto, em
as instalações prisionais, com uma trouxa de roupa à cabeça,
Santa Catarina, muito antes do 25 de Abril, em que um
sendo-lhe então diagnosticada uma situação de loucura, pelos
advogado angolano, o monárquico Dr. Santos Silva defendeu
clínicos da prisão, e mandado para casa para ser tratado num
publicamente eleições livres nos territórios ultramarinos,
estabelecimento da especialidade. Todavia, mal se apanhou cá
único processo capaz de criar quadros locais que
fora, continuou a sua actividade política clandestina. Para o
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intimidarem, chegou a ser submetido a um simulacro de desembarque de armas para uma praia, perto de Pampelide, por
fuzilamento, perante a indignação dos próprios soldado que voluntários que nadavam até às embarcações que estavam ao
constituíam o pelotão de fuzilamento, não admitindo o que largo. Camarate pretendeu ser um dos que iria a nado até às
embarcações que vogavam atrás da rebentação, para buscar os
estava a ser feito contra um Homem íntegro e corajoso, que
braçados de armas que ali estavam. Como se desconfiasse que
antes da descarga feita com balas simuladas , em voz alta e não sabia nadar, foi proibido de colaborar naquela aventura,
serena, perdoou aos seus algozes, que choravam desesperados perante a sua enorme indignação. Na verdade, teria morrido
pelo que eram obrigados a fazer. afogado como ia acontecendo com bons nadadores que fizeram
o trabalho, pois Camarate nadava como um prego!!!.
Mais tarde e devido ao perdão dado, perante Francisco Sousa
Era a representação viva do espírito revolucionário do século
Tavares, negou-se a depor contra os autores militares das várias
passado, um combatente por Valores e nada mais, um anarquista
sevícias de que foi alvo, quando este o foi ouvir durante a que sobreviveu às novas técnicas massificadoras que matam à
elaboração do Relatório das Sevícias. distância milhares de seres humanos.
Nas vésperas do 25 de Novembro e quando já se preparava a Camarate era o exemplo da dádiva total às suas concepções de
defesa da Liberdade contra a Ditadura Comunista, que Justiça, de Liberdade e de Amor pelo seu Semelhante. Era um
governava ilegitimamente o País, em pleno Inverno, foi feito um Revolucionário dos Autênticos.
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Ficha Técnica
TÍTULO:
Real Gazeta do Alto Minho
PROPRIEDADE:
Real Associação de
Viana do Castelo
PERIODICIDADE:
Trimestral
DIRECTOR:
José Aníbal Marinho Gomes
REDACTOR:
Porfírio Silva
WEB:
www.realvcastelo.pt
E-MAIL:
real.associacao.viana@gmail.com
REAL ASSOCIAÇÃO DE
VIANA DO CASTELO
Casa de Santiago
Barrosa – Arcozelo
4990-253 PONTE DE LIMA
(morada para correspondência)
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