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l 2009 l ANO XV, Nº 59 l 333-342 INTEGRAÇÃO 333

A emergência de uma nova relação homem-trabalho


na sociedade atual
ANTÔNIO FERNANDO ALMEIDA GOMES*

Resumo l A sociedade atual elevou no campo corporativo uma relação bilateral – homem-organização –
ou a triangulação – homem-organização-sociedade emergente nos dias atuais. A retórica do paradigma
emergente nos recursos humanos destaca a importância da criação dessa relação “intersubjetiva”. Na
relação desenhada nos cenários corporativos, os trabalhadores são chamados a integrar essa dinâmica
capitalista para contribuir numa relação de trocas econômicas e sociais. O discurso da organização convoca
o trabalhador a apropriar-se da organização, embora a prática mostre que essa relação por parte do dono
do capital é unilateral. O panorama da administração de recursos humanos, como desde o nascimento
da visão tradicional até os dias atuais, aponta um nó entre o prescrito e as práticas na organização, nó
que impede os trabalhadores de construir relações de satisfação, de criar uma identidade que os valorize
no e pelo trabalho. Este artigo trata desta relação e de como a organização modela uma nova gramática
no campo das relações produtivas.
Palavras-chave l Relações homem-trabalho. Identidade. Recursos humanos

Title l The emergence of a new relationship between man and work in today's society
Abstract l Current society raised in the corporate field a bilateral relationship - man-organization - or
triangulation - man-organization-society emerging today. The rhetoric of the emerging paradigm in
human resources highlights the importance of establishing this "intersubjective" relationship. In relation
drawn in corporate settings, workers are required to integrate this dynamics capitalist contribute to a
relationship of economic and social exchanges. The discourse of the organization calls the employee to
take over the organization, although experience shows that this relationship by the owner of capital is
unilateral. The panorama of human resources management, as since the birth of the traditional view to
the present day, points to a node between the prescribed and the practices in the organization, which
prevents workers from building relationships with satisfaction, to create an identity that enhances in
and by work. This article deals with this relationship and how to organize a new grammar modeling in
the field of productive relations.
Keywords l Human-work relations. Identity. Human resources

1. apresentação inequívoca de sua sustentabilidade (Christensen;


Raynor, 2003).
O desenvolvimento da tecnologia de informação, Essa perseguição à competitividade provocou
as descobertas de novos materiais e as mudanças alterações significativas na relação homem-traba-
nas estruturas do mercado marcaram significati- lho. A base de tal sustentabilidade – marcada pela
vamente o nível de competitividade entre e nas acumulação cognitiva – é o conhecimento, sinô-
organizações em todo o mundo, daí advindo con- nimo aqui de inovação permanente, sobre a qual
sequências importantes para as organizações, se sustenta o processo de valorização nas relações
como a busca quase obsessiva, por parte destas, de subjetivas e intersubjetivas da criação do conhe-
maiores vantagens sobre a concorrência, marca cimento, ou seja, na relação entre o trabalho vivo
e o trabalho coletivo, neste século XXI de trans-
formações críticas no capitalismo industrial
(Jarzabkowski, 2003).
Data de recebimento: 22/06/2009. Uma nova solução, um novo software ou uma
Data de aceitação: 10/08/2009. peça inovadora eram sinônimo e garantia de van-
* Bacharel em Economia e Filosofia, mestre em Economia Política,
doutorando em Estudos e Pesquisas da Psicologia Social do tagem competitiva para o mundo corporativo. Ao
Trabalho, professor da graduação, coordenador e professor da
Pós-Graduação em Recursos Humanos e Negócios na USJT e
se darem conta de que inovar não se restringia,
Universidade Municipal de São Caetano do Sul. contudo, ao elemento técnico, mas estendia-se às
E-mail: prof_alves@uol.com.br.
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relações intra e interpessoais, ou seja, à cultura da mas incorporam de forma essencial aqueles que as
empresa, as organizações passaram a modificar operam – os trabalhadores. Vale dizer que o status
cultura e as estratégias de maximização e a procu- das empresas em termos competitivos e de valor de
rar incansavelmente novas formas de relacionar o mercado é resultado de um conjunto de variáveis,
capital e o trabalho. Existe, nas definições de capi- entre as quais o conhecimento tácito como ativo
tal e trabalho, uma discordância fundamental que intangível das relações capitalistas.
data dos primórdios da sociedade industrial: o Vivemos numa economia do conhecimento,
chamado conflito entre capital e trabalho, nascido num capitalismo cognitivo em que o trabalho ati-
de princípios e práticas que mostram o capitalista vo, social e abstrato dos indivíduos é fruto de uma
como “explorador” de quem lhe vende seu traba- energia intelectual e linguística capaz de produzir
lho, submetendo-o a uma total dependência, vizi- bens intangíveis (Nonaka; Takeuchi, 1997; Choo,
nha, no limite, do escravagismo. 2003; Hanashiro et al., 2006). Nessa capacidade
Nas primeiras décadas do século XX, trabalhar de produção, o insumo básico é a informação, ob-
em organizações industriais do Primeiro Mundo jeto da atribuição de valor nas relações entre capi-
era um ato realmente sacrificante. Jornadas de mais tal e trabalho, ou seja, nos arranjos produtivos e
de 12 horas (às vezes ininterruptas), absoluta falta na composição dos recursos das organizações,
de segurança e saúde no trabalho, salários baixos, isto é, o conhecimento, entendendo-se conheci-
nenhuma garantia de justiça e uma relação de mento como a informação processada ou sistema-
extrema competitividade entre os próprios traba- tizada pelo pensamento humano (Davenport,
lhadores: eis o panorama de que provêm as insa- 1998). Essa diferenciação do conhecimento é rela-
-tisfações históricas vivas, até hoje na memória tiva, ao passo que a mente processa tudo o que
dos trabalhadores. capta no meio externo. A mente, aqui, inclui a
Ao descrever esse cenário do século passado, as capacidade de aprender e usar símbolos na me-
condições não parecem distantes das atuais, como diação e inter-relação entre os indivíduos da or-
revelam fatos marcados da sociedade do trabalho. ganização, na construção da subjetividade.
Dizer que está emergindo uma nova relação Dessa forma, pode-se interpretar a prática da
homem-trabalho seria lançar suspeita de que atividade humana como a construção inteligente de
tempos sombrios se reapresentam sob novo dis- seres humanos, o que ultrapassa a mera utilização
farce? Não seriam essas “novas” relações aquelas de “manufaturas” com artefatos ou ferramentas e
já vistas no passado, agora agravadas pelo pro- inclui ações cognitivas, como ler, escrever, interpre-
gresso tecnológico? tar, refletir e falar (Hessen, 2003; Minayo, 2006).
Nos países em desenvolvimento, como é o caso Exposto a tais condições, altera-se “o protóti-
do nosso, essa realidade ainda persiste em muitas po do homem da modernidade, perseguindo ob-
organizações e nas relações do homem com o jetivos construídos por uma sociedade que ensina
trabalho. Por terem sido de extrema angústia e que ser é ter, que as relações afetivas são construí-
privação, tais experiências e memórias foram das sobre as bases de trocas” numa sociedade com
transmitidas geração após geração, fazendo cres- alicerces na prática individualista.
cer o abismo entre capital e trabalho e erguendo Sennett (2000) inova ao descrever categorica-
uma barreira real entre os interesses do capitalista mente a rua e o escritório como construção das
e os do trabalhador. identidades dos trabalhadores e ao afirmar que o
Apesar da distância entre capital e trabalho, as capitalismo alterou significativamente a experiên-
inovações tecnológicas pareciam facilmente repro- cia do trabalho das pessoas e o ambiente corpora-
duzíveis, por serem um produto comum a todos. tivo.
No entanto, não estavam tão acessíveis como apre-
goavam os defensores da sociedade moderna. “As empresas estão-se transformando de buro-
Importa considerar que as novas tecnologias não cracias piramidais densas e frequentemente rígi-
se reduzem a máquinas, equipamentos e processos, das para redes mais flexíveis em um constante
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estado de revisão interna. No capitalismo flexí- capitalismo: trabalho tornado produtivo em de-
vel, as pessoas trabalham em tarefas de curto corrência do valor que se atribui à mercadoria,
prazo e mudam com frequência de emprega- valor que, transformado em lucro, acumula-se
dor; o emprego vitalício em uma firma é coisa nas mãos do capitalista. Conceituado como tra-
do passado. Como resultado disso, as pessoas balhador produtivo por Braverman (1987), ele
não conseguem identificar-se com um determi- “representa as relações sociais entre o capital e o
nado trabalho ou com um único empregador.” trabalho, visto que esse trabalhador era o ‘meio
direto de criar mais-valia’”. Ora, os tempos são
Tal protótipo de homem na sociedade atual e na outros desde a construção da definição marxista,
relação com o ambiente produtivo é muitas vezes mas os problemas persistem, e as relações aconte-
fragmentado. A emergência de uma cultura ime- cem em condições de exploração capitalista. Num
diatista e efêmera, contextualizada pelas mudanças mundo de relações trabalhistas globalizadas devi-
trazidas pela globalização, produz consequências do às novas tecnologias, a relação homem-traba-
nas relações do trabalho, como exigências de horá- lho não poderia ter ficado incólume.
rios flexíveis, que interferem na rotina da convi- Nessa exigência de modificação, o binômio
vência familiar, distúrbios psicossomáticos que o homem-trabalho altera endógena e exogenamen-
prejudicam, irritabilidade e aceleração da ansie- te as relações produtivas. Endogenamente, em
dade pelas exigências das competências funcionais relação às mudanças provocadas nas organiza-
no ambiente de trabalho, entre outras, alterações ções e, consequentemente, no ambiente corpora-
provocadas pelas novas tecnologias, novas formas tivo, demandando desse homem moderno novos
da relação entre capital e trabalho e uma nova rela- comportamentos, posicionar-se e pensar em face
ção com o conhecimento. É fato incontestável e das mudanças e desafios corporativos; exogena-
indisfarçável que vivemos numa sociedade con- mente, nas relações que ele estabelece fora da
sumista, individualista e maniqueísta. organização, no ambiente familiar, cotidiano ou
O mundo separado pelo discurso econômico mesmo social.
– tendo, de um lado os detentores do poder eco- Tais exigências modificam a aplicação e a for-
nômico e de outro os sobreviventes do poder eco- mação da ética na relação social, alteram priori-
nômico – produziu uma gramática capaz de dades e comprimem espaços de convivência,
subverter a ordem das prioridades, minimizando modificando significativamente a formação da
a valorização do humano e maximizando as exi- subjetividade crítica e humana necessária à socie-
gências estruturais e financeiras. dade. Surge um homem de valores individuais,
É nesse cenário do capitalismo que o indivíduo imediatistas e simbolicamente baseados nas rela-
incorpora valores, invertendo a lógica da cons- ções de troca. Característica dos tempos moder-
trução da identidade, na busca por uma subjetivi- nos, a individualização devora a capacidade de
dade crítica e humana. Enquanto esta busca não construir o bem comum, o espaço comum de
atinge seu objetivo, o ser perde precedência para o convivência, tendendo invariavelmente ao singu-
ter, e as relações do homem com o trabalho estabe- lar, o particularismo das necessidades construídas
lecem-se numa cadência rigidamente artificial e em que os fins justificam os meios.
mecânica, que terminou por gestar a globalização. Santos (1996) discute a “ciência pós-moderna”
como o movimento de superação da crise do pa-
2. 0 trabalho no contexto da radigma científico dominante desde o século XVII,
cultura da fragmentação superação do modelo de racionalidade cartesia-
na, de separação do sujeito e do objeto, a busca da
A fragmentação do trabalho revela-se na emer- ordem, a separação dos elementos constituintes da
gência de uma cultura imediatista e efêmera. realidade. Esse movimento é fruto das crises gera-
Entenda-se aqui trabalho no sentido definido das com a evolução e a aplicação do conhecimen-
pelo que escreveu Marx (1975), no contexto do to científico, tais como os regimes totalitários, a
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exclusão do acesso ao conhecimento, o reforço ao trabalhador) provocou considerável aumento


das desigualdades socioeconômicas, a sofistica- de desemprego e restringiu seriamente a possibi-
ção dos instrumentos de dominação. Eis o cená- lidade de retornar em condições adequadas ao
rio em construção de uma nova ciência, mercado de trabalho.
formatada na evolução de uma nova economia. Vogt (2003) afirma que não é possível “conver-
ter tudo em valor econômico, num afã de utilita-
3. a relação homem-trabalho na rismo prático, pois não se pode perder de vista os
nova economia fundamentos éticos, estéticos e sociais sobre os
quais se assenta a própria possibilidade do conhe-
Em primeiro lugar, a nova economia deve estar cimento e de seus avanços”.
contextualizada pela transição do capitalismo de A dinâmica evolutiva da tecnologia é preocu-
base industrial para uma forma de capitalismo pação permanente dos estudiosos da relação ho-
classificada como “imaterial”, em que a principal mem-trabalho. Nilton Vargas (1983) descreve
força produtiva é o conhecimento. Os produtos com propriedade essa intervenção e modificação
da atividade do trabalho passam a ter como me- na relação entre homem e trabalho:
dida a quantidade de conhecimento utilizada em
sua produção. “a tecnologia passou a articular o conhecimento
É o conhecimento, não o trabalho, que se cris- científico com o conhecimento produtivo. Em
taliza no produto, e é ele que determina o valor a outros termos, a articular as leis da natureza
ser dado ao mesmo produto. com as leis do capital. Esse ‘novo trabalhador’,
Essa nova versão do capitalismo desloca a pro- fruto da racionalização do tempo, invade a dis-
dução industrial para a periferia do sistema e a cussão atual, sendo subordinado a esse fator”.
substitui pelo chamado setor de serviços, acompa-
nhado pelas relações humanas inerentes às práti- Se é essa a tônica atual, compreende-se o entu-
cas do trabalho. A produção capitalista permanece, siasmo tecnológico da sociedade pós-moderna,
mas o trabalho característico desse setor evidencia uma vez que – sob as mais diversas formas – a
muito mais um esforço intelectual-cognitivo do que tecnologia visa o trabalho e maximiza as limita-
propriamente físico. É nesses dois pressupostos ções humanas, acentuando a subordinação do
que a nova economia vem-se moldando e assegu- trabalhador no processo de acumulação capitalis-
rando a manutenção de transferência e ampliação ta, aumentando o conflito existente entre capital e
da riqueza mundial. trabalho na busca pela excelência no trabalho.
Os diversos atores sociais esforçam-se para Essa lógica reafirma o conceito de ciência e a na-
promover as adaptações exigidas por esses novos tureza do saber científico elaborados por Wersig
determinantes. Em tempos de fortes mudanças (1993), ao destacar que o papel da ciência pós-
tecnológicas, o debate sobre o trabalho e as rela- moderna é buscar a melhor funcionalidade da
ções que dele se originam ganha novo fôlego. ciência aplicada, pondo-a a serviço da resolução
Uma das questões debatidas é o rompimento entre dos problemas causados pelas ciências e tecnolo-
o tempo e espaço de aprendizagem e de trabalho. gias clássicas.
A ideia de que uma pessoa primeiro se forma em O conceito de pós-modernidade foi relativiza-
um ambiente educativo e depois se qualifica por do, porque deixa sem resposta plausível os pro-
meio do trabalho numa empresa ou organização faz blemas que criou – perdendo eficácia – e não
hoje bem pouco sentido, ou seja, o processo de for- explica tampouco os sobressaltos mais recentes da
mação do trabalhador é visto atualmente como con- sociedade contemporânea. A exposição bem ela-
tínuo e sistemático e deve estar em consonância com borada de Nicole Aubert (2006), ao substituir o
as constantes transformações do mundo. conceito de pós-modernidade pelo de hipermo-
Paradoxalmente, a evolução científica das di- dernidade, é primordial. Insistimos em que não
nâmicas tecnológicas em relação ao trabalho (e houve nova ruptura com os fundamentos da
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modernidade, mas exacerbação, radicalização da alimenta ao mesmo tempo esperança e decep-


modernidade. Esse aspecto ampliado da exacer- ção. O sofrimento é assim, antes de tudo, um
bação antevê no excesso, na superabundância de drama, no sentido que o psicólogo e filósofo
informações do mundo contemporâneo, a origem Politzer dá ao termo. O sofrimento, portanto,
da dificuldade de “pensar o tempo”, dado que esse impele o sujeito no mundo e no trabalho, em
tempo está sobrecarregado de fatos que atulham busca das condições de auto-realização”.
tanto o presente quanto o passado recente.
A cultura contemporânea faz emergir um in- O foco volta-se, portanto, para a organização.
divíduo, ou mesmo o trabalhador, que relativizou Particularmente, a gestão e o que se espera dos
a importância das relações familiares na constru- trabalhadores em termos de comportamento. Se
ção de sua personalidade. “Embebido” no prag- o foco é a gestão, pode-se afirmar que estão em
matismo, o trabalhador cultiva a busca pela jogo as relações nascidas da cultura que se dá en-
satisfação imediata, quase sempre em direção aos tre o capital e o trabalho, uma equação ainda não
valores absolutos do mercado, refletidos na eleva- de todo explicada ou compreendida.
ção do consumo, na busca pela satisfação imedia- Esse constructo da identidade foi “moldado”
ta, na troca e nos valores instantâneos. Seria a numa “trama” social em que se busca constante-
falsa urgência que Nicole Aubert menciona em Le mente entender, decifrar o conceito de pessoa e as
culte de l’urgence resultado da ideologia moderna relações que dela se originam e transformam a
que dissemina uma gramática do pragmatismo, sociedade. Numa “relação que se estabelece e se
alterando as relações sociais? transforma continuamente entre ambos de forma
dialética: indivíduo e mundo social não são estru-
4. com que óculos você vê o turas separadas, mas sim pólos extremos de um
mundo? as lentes da identidade mesmo elo de continuidade” (Ribeiro, 2004).
As inovações e mudanças no contexto das re-
Para manter-se sadio no jogo das relações capita- lações econômicas e sociais ganham espaço na
listas, é fundamental que o trabalhador construa medida em que se considera a convivência huma-
sua identidade, exposta inevitavelmente ao “caldo” na o ingrediente inerente da evolução social.
cultural da hipermodernidade, seja no mundo do Tornou-se importante levar em conta que os novos
trabalho ou fora dele, o sujeito que está sempre conhecimentos não se reduzem a máquinas, equi-
submetido às consequências dessas relações ou pamentos e processos, mas incorporam de forma
estruturas mal construídas. Não é raro que seja aco- essencial aqueles que as operam e diferenciam a
metido de desordens psicopatológicas capazes de sociedade atual: as pessoas. Reconstruindo a visão
comprometer sua saúde física e mental, levando- existencialista, a pessoa é sempre um vir-a-ser em
-o ao sofrimento, e, em muitos casos, implicando permanente superação, realçada por seu projeto,
algum transtorno mental ou social. como uma “bússola” para retomar o caminho: a
O sofrimento é parte integrante da relação pessoa é apenas o que ela projeta ser pelas opções
homem-trabalho. Dejours (1999) enfatiza que e escolhas dos caminhos a seguir (Ribeiro, 2004).
A palavra “pessoa”, do latim persona e do grego
“o sofrimento no trabalho é expectativa com prósopon, refere-se ao ator mascarado, anônimo,
relação à auto-realização, ou seja, para ultra- mas com características comuns a um grande
passar os obstáculos que nossos pais não conse- número de seres, razão por que se prende à ideia
guiram nos fazer transpor. O sofrimento de personalidade. O conceito de personalidade
antecipa o futuro, prefigurando um futuro es- definiu-se no momento histórico de grande im-
perado. Entretanto, o sofrimento, tensionado pulso do capitalismo industrial e, dessa forma,
entre o futuro e o passado, é vivido no presente. atende a uma demanda social de desestruturação
É no presente que se recapitulam o passado – o da condição precedente da pessoa, no Ocidente.
que deixa o sujeito enfermo – e o futuro – que Em seu sentido psicológico, é a consciência que o
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indivíduo desenvolve de si próprio como ser único, provisória, o homem está sujeito aos fenômenos
singular, embora integrante de um grupo no qual decorrentes das modificações nas estruturas
identifica características comuns às suas e em produtivas globais provocadas pelo avanço tecno-
constante evolução. lógico. A instabilidade da produção e da lucrativi-
A construção desse conceito de pessoa asseme- dade, o sistema financeiro ganancioso, os preços
lha-se à de um mosaico. Qual a analogia entre a irrazoáveis praticados nas relações comerciais,
pessoa e o mosaico? Pois bem, trata-se de mosaico tarefas insalubres ou não condizentes com a dig-
entendido no sentido da multiplicidade de peças nidade humana, entre outros, são fatores que estru-
e encaixes. turam e moldam a frágil identidade desse homem
O mosaico é plural e somente existe porque se e erguem barreiras à satisfação na trajetória de
constrói a partir do singular, do encaixe único e vida do indivíduo na sociedade individualista e
perfeito, sem que as peças percam por isso suas moderna (Bendassolli, 2007; Aubert, 1993;
formas e contornos, para compor a representação Dejours, 1999).
desejada. Não foram negadas ou danificadas, e Parafraseando Sennett, citado por Szwako
integram um todo, o que jamais conseguiriam (2006), “um local de trabalho flexível provavel-
sozinhas. Da mesma forma, as pessoas, dotadas mente não seria o lugar onde alguém deseja cons-
de subjetividade, completam o todo com base em truir um ninho”. Construída sobre “areia movediça”
suas singularidades e particularidades. Juntam-se no campo das relações de trabalho, a identidade
aos outros para compor o todo, mas sem perder a não subsiste em base tão frágil e efêmera, despro-
consciência de si mesmas. É instigante pensar as vida de ferramentas capazes de transpor o inespe-
relações. rado, de competências que separam as incoerências
Cada pessoa é tocada o tempo todo por outra da vida.
pessoa, e assim se constituem as relações, os en- Heidegger, discorrendo sobre a “morada do
contros e a reciprocidade na sociedade. ser”, conjectura que o homem não é sujeito nem
No cotidiano das relações entre homem e tra- objeto, mas projeto. As ciências biológicas e hu-
balho e das consequências que os envolvem dia- manas ainda tratam desse “projeto” de forma não
riamente, a subjetividade pode ser “arranhada” relacional, ou seja, áreas de estudo como filosofia,
em sua construção, ou, não raro, ser negada pela bioética e genômica discutem as implicações socio-
relação social. Isso costuma acontecer quando a culturais das transformações em andamento quase
satisfação da vida não é vivenciada pelos seres sem compartilhar os pressupostos que as emba-
humanos e acaba por desequilibrar a evolução sam. Oscila-se então entre a postura apocalíptica
social das espécies. Trata-se de perguntar ontolo- e a postura “integracionista” (ou a favor das gran-
gicamente: de onde viemos, e para onde vamos? des corporações da área médica), quando uma
A subjetividade, negada no mundo do traba- discussão crítica no espaço público deveria ser
lho, se fortalece pelo desrespeito à dignidade do firmada, como movimento democrático e partici-
trabalhador, obrigando-o a converter desejos em pativo. A construção da identidade por meio da
valores ou a sucumbir à estrutura dominante, e relação homem-trabalho perpassa essas temáticas
levando-o a tornar-se mecanismo de produção, e propõe a reflexão e o pensamento em estado
sendo desconsiderada sua condição de homem, (artístico) de criação e construção, sob a égide da
que merece benefícios e satisfações, acordados ou ética e do campo do humano (ou, quem sabe, já
mesmo conquistados. do pós-humano).
Nesse cenário de incertezas, de flexibilização
produtiva e trabalhista, em que se redefiniu o pa- 5. relações homem-trabalho:
pel do trabalho, a virtualização das economias e gerenciadas ou construídas?
suas intrínsecas valorizações econômicas, trans-
formou-se o homem em peça descartável do sis- Não é possível, entretanto, fugir da evidência de
tema produtivo e social. Definido de maneira que os trabalhadores sofrem influência de uma
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gramática corporativa difundida nos princípios Mas de que retórica se trata? Da que fornece a ide-
elencados pela organização. Tais gramáticas, sob ologia de legitimação, persuadindo a intensificar o
a inspiração de Recursos Humanos, visam a criar trabalho a fim de aumentar a “coisificação” (trans-
áreas-modelo que harmonizem pessoas e valorizem formação em matéria-prima) da mão de obra? O
o capital humano. Esses princípios organizacionais escravagismo que vigeu nos primórdios do capita-
revelam as expectativas das corporações em rela- lismo industrial ressurge dessa nova relação nova?
ção ao comportamento dos funcionários, a essa
altura transformados em colaboradores. Redesenhar 6. considerações finais
o sistema que modela a articulação entre o homem
e o trabalho nas esferas produtivas reproduz Entender a relação bilateral – homem-organização
resultados que determinam a condição evolutiva – ou a triangulação – homem-organização-socie-
de todos na sociedade. dade – que constitui esse sujeito no modelo emer-
Alcançar e compreender as relações no âmbito gente é fundamental. A retórica do paradigma
das organizações e a articulação com o surgimento emergente nos recursos humanos destaca a impor-
das práticas na administração de recursos huma- tância da criação dessa relação “intersubjetiva”. Na
nos a fim de manter a sustentabilidade no merca- relação desenhada nos cenários corporativos, os
do concorrencial e elevar os lucros da organização trabalhadores são chamados a integrar essa dinâ-
suscita discussões sobre o conhecimento no pro- mica capitalista para contribuir numa relação de
cesso de recursos humanos e sobre as relações trocas econômicas e sociais. O discurso da orga-
“ideais” de trabalho no ambiente corporativo. nização convoca o trabalhador a apropriar-se da
Nesse cenário corporativo mundial, o para- organização, embora a prática mostre que essa
digma emergente na administração de recursos relação por parte do dono do capital é unilateral.
humanos pressupõe necessariamente uma nova O panorama da administração de recursos huma-
relação homem-trabalho? Reproduz práticas clás- nos, como desde o nascimento da visão tradicio-
sicas do modelo taylorista-fordista? Neste ponto, nal até os dias atuais, aponta a existência de um
convém destacar os escritos de Walton (1985) e nó entre o prescrito e as práticas organizacionais,
Foulkes (1986, citado em Legge, 2005), que têm nó que impede os trabalhadores de construir rela-
ênfase na reciprocidade e no compromisso como ções de satisfação, de criar uma identidade que os
elemento fundante de melhoria dessas práticas de valorize no e pelo trabalho.
trabalho. Aquela visão otimista de melhorar as condições
Associados à estratégia geral da organização e oportunidades dos trabalhadores não é minima-
nessa relação homem-trabalho e principalmente mente contemplada, expondo a “máscara que en-
à prática dos objetivos propostos pela organiza- cobre a face menos aceitável da cultura empresarial”
ção na manutenção dessa articulação recíproca, (Legge, 1989; Keenoy, 1990; Anthony, 1992).
organização e trabalhador necessitam alinhar-se A relação conflituosa entre capital e trabalho
nos objetivos participativos a fim de construir um espelha o entendimento do homem com o traba-
futuro comum e sustentável. lho. Muito embora o foco da discussão se concen-
O modelo ora exposto da visão da administra- tre na relação homem-trabalho, a gestão deveria
ção de recursos humanos congrega os modelos soft absorver maior interesse de ambos – homem e
e hard estudados. Esses modelos elegem a comuni- organização – a fim de atenuar as distâncias e os
cação, a motivação e a liderança como pilares desse conflitos ora existentes.
framework conceitual que busca formar seres hu- As melhorias sugerem medidas de gestão
manos mais criativos. A retórica do paradigma participativa, um caminho a ser introduzido ou
emergente revela que a organização precisa refinar melhorado nas organizações. A tentativa nesse
a capacidade de “manipulação” dos recursos hu- caso consiste em minimizar o conflito clássico
manos ao mesmo tempo em que oferece um espa- entre capital e trabalho e incorporar as melhorias
ço de autonomia desse funcionário (Legge, 1989). advindas dessa prática menos impactante e nociva
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sobre a saúde e a integridade do homem na socie- assustadoras. Seu desenvolvimento profissional


dade do trabalho. deixa de ser possível à medida que as fragilida-
Não há certezas diante do conflito clássico que des da sociedade pós-moderna se introduzem
opõe homem e trabalho, cenário cotidiano de nas corporações e se assimilam à identidade dos
todos os que trabalham na organização e deixa homens por meio dos comportamentos.
perplexos os estudiosos da sociedade no mundo Deixou de ser possível o “eu” que se satisfaz
do trabalho. Importa preparar-se para lidar com a com sua história de vida. Satisfazer pela escolha
instabilidade, vale dizer, estar apto para tomar profissional passa agora forçosamente pela cons-
decisões, ressignificar conceitos, atitudes e com- trução de um “projeto (guia)” (Malvezzi, 1995;
portamentos. Apto a começar de novo e, talvez, Ribeiro, 2004) para a vida. Cada pessoa, a fim de
do zero. Eis a única certeza. Reportagens apon- superar a enorme fragmentação nas relações de
tam e discutem as grandes viradas individuais de trabalho e as consequências daí derivadas com o
executivos nessa crise. Por outro lado, excluem-se movimento do toyotismo na década de 80, as mo-
desse conjunto os que, por “excesso” de qualifica- dificações impostas ao capitalismo industrial pelo
ção e experiência, passaram a pesar no quadro de avanço tecnológico, os atributos e exigências das
funcionários, porque ganhavam demais, de acor- novas profissões, entre outros, procura construir
do com os princípios de uma empresa “enxuta” e alternativas que modelem sua satisfação e sua
focada na eficiência. Superqualificados, mas mal- realização oriunda da relação homem-trabalho.
sucedidos, tais trabalhadores passaram meses, às Assim, a busca pela satisfação no acontecimento
vezes anos, batendo de porta em porta, até se produtivo do cotidiano é um ir e vir constante, um
esfacelarem por completo. Fraqueza de caráter ou construir para desconstruir e reconstruir quase
algo em torno da ideia de qualificação, bem como instantaneamente. O gerenciamento é quase ine-
dos requisitos e exigências do mercado de traba- vitável, e nem sempre revela os anseios elencados.
lho, precisam tornar-se objeto de outro tipo de Não encontrando satisfação em sua trajetória
reflexão? Como desatar o nó e incluir os trabalha- de vida, cada indivíduo passa a orientar-se (e si-
dores no sistema capitalista? Eis o maior desafio multaneamente a tumultuar-se) por uma rede de
trabalhista dos últimos 200 anos, desde a segun- insatisfações e de sofrimentos: as psicopatologias
da Revolução Industrial. do mundo do trabalho (Dejours, 1999).
Alguns estudiosos, Lopes (2002) entre eles, Como é grande a insatisfação que os indiví-
apontam o fato de que o nó a ser desfeito duos manifestam nos momentos de crise rumo à
construção da subjetividade (a “subjetividade
“situa-se nas relações que vinculam a pessoa, o negada”), é lenta igualmente a resolução desses
indivíduo e/ou o sujeito aos movimentos que problemas, e os sinais de revitalização enviados
permitem apreender seus registros, como ma- pelas teorias do mundo do trabalho não dão mo-
nifestação de uma consciência de pertencimen- tivo para grandes esperanças.
to, de motivações racionais de ação, ou de Enfrentando crises cíclicas, o homem tenta
constituição de lugares do humano. [...] Do reconstruir-se pela dialética na relação estabeleci-
ponto de vista da Antropologia, em suas inter- da com a estrutura subjetiva e com a estrutura
locuções com a Psicologia, o problema parece social, articulando assim seu trabalho e incorpo-
assentar-se, ainda, na noção de pessoa e seus rando-o à sua trajetória profissional.
limites, pensados nas tendências à individuali- Retomar a questão do sentido do trabalho na
zação e racionalização, onde a pessoa confron- vida de cada homem-trabalhador parece ser o
ta-se com o indivíduo, como o ‘eu’, como ser de primeiro passo. A tentativa de negar a perda do
constrangimentos ou ser psicológico [...]”. “eu”, a ausência da noção de comunidade, de par-
tilha no sentido mais amplo da palavra “comuni-
Na relação homem-trabalho, as característi- tário”, constitui para alguns a razão da falência
cas inconstantes e flexíveis tomam proporções ou da perda da esperança deste trabalhador.
OUT. ⁄ NOV. ⁄ DEZ. l 2009 l ANO XV, Nº 59 l 333-342 INTEGRAÇÃO 341

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